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Prova 2 de Brasileira 1 Felipe Simplício Ferreira

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Universidade Federal do Rio de Janeiro - Instituto de Economia 
Curso: Ciências Econômicas; Disciplina: Economia brasileira I 
Professor: Eduardo Costa Pinto
Aluno: Felipe Simplício Ferreira
1) Em novembro de 1937 foi instaurado no Brasil o período conhecido como “Estado Novo”, que perdurou até 1945. Apresente os principais fatos econômicos do período. Além disso, destaque o intenso debate a respeito dos rumos da economia brasileira (sintetizados no debate travado entre Simonsen X Gudin) e da forma de intervenção estatal, destacando o papel desempenhado pelas instituições (como o Conselho Nacional de Política Industrial e Comercial) criados no Estado Novo.
De acordo com Abreu, a chegada do Estado Novo em novembro de 1937 foi na verdade o clímax de algumas tendências vigentes na época, tais como: dada a ausência de estruturas partidárias nacionais, houve uma forte centralização do poder e criação de novas agências governamentais com objetivos reguladores. Busca de legitimidade através de políticas que beneficiaram os trabalhadores. A recessão norte-americana configura a necessidade de absorção do choque externo o que implica a reversão da política anterior quanto ao café e ao câmbio e também de como lidar com a dívida externa. 
Em relação à política cambial, até 1937 o objetivo era que a oferta de divisas fosse garantida como suficiente para a liquidação de compromissos financeiros, adotando regimes de controle cambial e de importações para obtenção de uma taxa de câmbio favorável. Em 1937, dada a escassez de divisas fruto da substancial elevação das importações (cerca de 40% entre 1936 e 1937), foi forçada a adoção de um monopólio cambial por parte do governo, abandonando a ideia de sustentação de preços através da desvalorização cambial.
As dificuldades relativas à escassez de divisas em 1939 geraram protestos por parte dos credores norte-americanos e o Tesouro dos Estados Unidos, não visando vantagens a curto prazo, esboçou planos de desenvolvimento econômico para o Brasil, possibilitando a Missão Aranha em 1939, dada a boa relação entre ambos os países.
A missão Aranha marca o início de um longo período de relações próximas entre Brasil e Estados Unidos. Sua agenda incluía questões relacionadas à defesa nacional, às relações comerciais, à dívida externa, ao tratamento dos investimentos diretos norte-americanos no Brasil, assuntos ligados à política cambial, criação de um banco central e planos de desenvolvimento de longo prazo. 
Como resultado acertou-se a concessão de 19 bilhões de dólares para descongelamento de atrasados, adoção de uma política cambial liberal, retomada do serviço da dívida pública e regulação dos Estados Unidos do comércio entre Brasil e Alemanha. Houve a oposição dos setores sociais brasileiros pois a retomada dos pagamentos da dívida interferiria negativamente nas importações.
Os compromissos foram honrados em grande parte, em destaque a flexibilização da política cambial, onde 70% das transações de exportação do país iria para o mercado “livre” de divisas e teriam que suprir as divisas para exportação. Os 30% restantes deveriam ser vendidos ao Banco do Brasil à taxa oficial de câmbio (mais favorável que a taxa livre) para ser usada no pagamento de compromissos especiais em moeda estrangeira.
A eclosão da Segunda Guerra Mundial ocasionou a perda dos mercados na Europa Central, principalmente após a ocupação de quase todo o continente pela Alemanha Nazista. Essa perda de mercados de exportação não foi compensada pelo aumento das exportações para as forças aliadas e neutras antes de 1941-1942, resultando em uma brusca diminuição do saldo da balança comercial, já que o Brasil tinha os compromissos financeiros decorrentes da missão Aranha. Essa queda não cessa até 1941 onde a expansão das exportações foi assegurada pelo efeito combinado de suprimento de materiais ao Estados Unidos e aumento da demanda por produtos brasileiros em mercados antes supridos pelo Reino Unido e pelos Estados Unidos.
O desempenho do PIB não foi tão bom, com queda de 3,5% entre 1937-1939 e crescimento de 0,4% entre 1939-1941. A recuperação só vem após 1942 com a entrada de capitais estadunidenses, que aliadas a uma série de políticas fiscais, monetárias e creditícias proporcionaram grande crescimento industrial.
Até 1941 o financiamento do déficit público se dá através da emissão de títulos, a partir de 1942, o governo passa a acumular de déficits via emissão de moeda. Embora essas políticas tenham aumentado a liquidez da economia, geraram uma pressão inflacionária, mantendo-se entre 15% e 20% ao ano.
As restrições comerciais impostas ao Brasil aumentaram a dependência em relação aos Estados Unidos. Estima-se que entre 1942-1943 eles tenham sido responsáveis por pelo menos 60% das exportações brasileiras. Quanto mais a guerra se aproximava do fim, mais as políticas estadunidenses com relação ao Brasil eram restritivas. Essa situação só acaba com o fim da guerra e a volta dos países europeus ao mercado.
O Estado Novo foi um momento de crise política onde a ordem internacional passava por mudanças e o papel do Estado na economia, a relação com o capital estrangeiro, questão do livre comércio, financiamento do desenvolvimento e planejamento econômico foram intensamente debatidas. Segundo Corsi, embora seja correta a importância do papel estatal como agente modernizador, centralizando as transformações sociais, políticas e econômicas apontada por muitos autores da época, as classes sociais também participaram ativamente desse processo, contribuindo com a existência de diferentes projetos para a economia brasileira. O palco principal desse movimento foram os diversos congressos e conferência organizados pelos setores dominantes no período, tendo a seus expoentes nas figuras de Roberto Simonsen pelo lado dos setores industriais e Eugênio Gudin pelos liberais.
Ambos os setores estavam descontentes com a política econômica adotada por Vargas até então pois viam um parque industrial obsoleto fruto de um setor financeiro pouco desenvolvido, o que prejudicava com os financiamentos para investimentos industriais e causava resultados abaixo do esperado. Além disso, a infraestrutura era defasada. Em especial, os liberais criticavam o excesso intervenção do Estado e a adoção de políticas fiscais e monetárias expansionistas que causariam inflação alta, também visando uma maior participação na formulação de políticas econômicas.
O primeiro grande momento de debate foi organizado no primeiro congresso de economia, realizado no Rio de Janeiro com o objetivo de discutir o futuro da economia brasileira e qual seria a política econômica mais adequada para o país. Foi dominado por setores industriais e comerciais, especialmente na pessoa Roberto Simonsen e Euvaldo Lodi. O Discurso inaugural do presidente da associação comercial do Rio de Janeiro, João Dault D’Oliveira, já deixa clara a ideia geral era que só seria possível alcançar o progresso por meio da industrialização.
O predomínio desses setores já deixou clara as propostas que foram discutidas, tais como: proteção da indústria nacional via políticas tarifárias protecionistas, criação de um banco para financiar investimentos industriais, políticas monetárias e fiscal que não causassem recessão criação de indústrias de base, desenvolvimento da infraestrutura, atração de capitais estrangeiros e melhoria na qualidade da força de trabalho.
Existia uma falta de consenso em como seria a relação com o capital estrangeiro e a atuação do Estado. A maior parte dos presentes defendia uma limitação no campo de atuação do Estado no desenvolvimento, suplementando a iniciativa privada indiretamente via concessão de crédito, isenções fiscais e protecionismo. No entanto, uma participação direta do Estado seria necessária em casos de interesse nacional, onde a iniciativa privada fosse incapaz de atuar de maneira satisfatória.
Em relação aos capitais estrangeiros, até pela carência de capitais nacionais, deveriam ser atraídos. No entanto, existiam setores quedefendiam a limitação da participação do capital estrangeiro nesse processo, o que fica claro no debate quanto à exploração dos recursos minerais no congresso. Os participantes se dividem em três posições distintas: uma a favor da liberdade total para o capital estrangeiro no setor, pois as barreiras existentes limitavam o seu desenvolvimento, outra que defendia a manutenção das restrições ao capital externo, por uma questão de soberania nacional, e uma terceira, que defendia a participação do capital externo, mas de forma minoritária. A proposta vencedora foi a de limitação da participação do capital estrangeiro, que teria seus espaços para atuação bem definidos, com garantia de controle para o capital nacional.
Também havia um temor relacionado a inserção do Brasil no novo cenário econômico internacional no contexto de liberalização e desregulamentação comercial que vigoraria em Bretton Woods no pós-guerra, que segundo alguns congressistas mais próximos a indústria, se preocuparia apenas à estabilidade financeira e ao livre comércio, não dando importância ao desenvolvimento econômico.
As discussões forma acirradas por nem todos concordarem com essa avaliação. Por fim, pensaram que a política deve ser adotada em favor dos interesses nacionais, relacionados ao desenvolvimento industrial, com protecionismo, já que a liberalização das importações permitiria uma enxurrada de bens importados, o que poderia esmagar a indústria nacional.
Não foi feita nenhuma discussão visando melhorar o nível de vida e a distribuição de renda. Porém, para os empresários, a população se beneficiaria com o aumento da oferta de empregos e da produtividade média da economia por conta da industrialização, resolvendo o problema da pobreza.
As Ideias apresentadas servem como um norte para a criação do Conselho Nacional de Política Industrial e Comercial (CNPIC), criado ainda no governo Vargas em 1943, por pressões de setores da burguesia comercial e industrial.
Simonsen, principal articulador da CNPIC, defendia a planificação global da economia como única forma de desenvolver o país em um curto espaço de tempo, culpando a base fundamentalmente agrária como causa da pobreza. Destaca também a importância da participação dos empresários no controle da política econômica no âmbito do CNPIC e do capital estrangeiro no financiamento dos projetos via empréstimos de governo a governo.
Outro ponto que Simonsen destaca é a necessidade de uma rígida política protecionista para que se completasse o processo de industrialização sem que a mesma fosse perturbada pela concorrência antes de estar consolidada.
A polêmica entre Simonsen e Gudin começa quando Vargas não aprova a proposta da CNPIC e a envia para a Comissão de Planejamento Econômico (CPE), liderada pelo Gudin que vai criticar a proposta de Simonsen, defendendo a adoção de uma política econômica liberal como forma de levar o país ao desenvolvimento.
Gudin defendia que o Estado deveria orientar a aplicação de capitais e fomentar o desenvolvimento sem entrar na esfera de competência da iniciativa privada. Ele também era contra a ideia do desenvolvimento industrial como fonte de progresso econômico, baseado na teoria de vantagens comparativas, segundo a qual seria possível um país se tornar rico com uma agricultura de alta produtividade. Sua resposta dá origem a um debate entre os dois economistas, principalmente acerca do papel do Estado na economia e da participação do capital estrangeiro.
Outros debates tiveram seus expoentes no I Congresso Brasileiro da Indústria e na Conferência de Teresópolis. O primeiro, com predominância de ideias mais próximas às de Gudin, como o controle da inflação por meio de políticas macroeconômicas contracionistas e do tratamento equitativo entre capital estrangeiro e nacional e o segundo, mais ligado à ideia de desenvolvimento industrial, com planejamento econômico, protecionismo e limitação do campo de atuação do capital estrangeiro.
 2) O governo Dutra representou uma atenuação da intervenção estatal na vida econômica brasileira, ao passo que o governo Vargas II reforçou a atuação do estado em sua estratégia de substituição de importações e construindo novas institucionalidades voltadas à industrialização. Apresente as principais características desses dois governos, destacando o papel desempenhado pelas políticas econômicas e pelas mudanças institucionais levando em conta os efeitos das mudanças na conjuntural internacional (sobretudo da política externa dos Estados Unidos).
De acordo com Besserman e Villela, a política econômica no governo Dutra, possui dois momentos importantes: o primeiro na mudança de política de comércio exterior com o fim do mercado livre de câmbio e adoção do sistema de restrição de importações, entre 1947-1948; e o segundo com o afastamento do ministro da fazenda, Correa e Castro em 1949 passando para uma política econômica anteriormente ortodoxa e contracionista para uma mais flexível nas metas fiscais e monetárias.
As perspectivas econômicas eram que ao final da Segunda Guerra Mundial haveria um rápido reequilíbrio norteado pelos princípios liberais após Bretton Woods, com a eliminação de barreiras comerciais, o que não aconteceu, já que não havia equilíbrio possível nas condições do imediato pós-guerra, com as populações da Europa e do Japão dizimadas, suas economias desarticuladas e seus parques industriais destruídos. Imaginava-se o Brasil em uma situação confortável devido a um cenário de elevada liquidez onde colocava-se o país como credor dos Estados Unidos pela colaboração oferecida durante a guerra e também se acreditava que uma política liberal de câmbio atrairia fluxos de investimento direto estrangeiro, o que também depois se viu como ilusório.
Confiando em um bom ambiente externo, o governo Dutra mirou em um objetivo interno para melhorar sua situação: atacar a elevada inflação, causada pelos déficits orçamentários acumulados. Para tal, aplicou políticas fiscal e monetária contracionistas.
Foi adotada uma política cambial de liberalização dos fluxos cambiais e de capitais, à luz da ilusão de divisas que culminou na manutenção do câmbio na paridade de 1939. Como os preços aumentaram muito mais no Brasil do que nos Estados Unidos entre 1937 e 1945, evidentemente essa taxa era sobrevalorizada. Entre os objetivos dessa política, temos: atender a demanda contida de matérias-primas e de bens de capital para reequipamento da indústria depois da guerra, forçar a baixa de preços industriais, mediante o aumento da oferta de produtos estrangeiros e estimular o ingresso de capitais.
Logo evidenciou-se que a situação das reservas internacionais não era tão confortável, já que boa parte das reservas era em ouro e era considerada estratégica, ou seja, deveria ser preservada e uma parte estava bloqueada, sobrando apesar um baixo número para troca com países de moeda conversível. O problema fundamental do balanço de pagamentos brasileiro era o acúmulo de superávits em moeda inconversível enquanto acumulava déficits crescentes com os Estados Unidos e outros países de moeda forte.
Parte importante desse desequilíbrio pode ser explicada pela própria dinâmica do pós-guerra, onde era difícil conseguir mercadorias da Europa e cada vez mais o fornecimento vinha dos Estados Unidos, que forneciam cerca de 60% das importações brasileiras e era destino de somente 40% das exportações brasileiras em 1946-1947. Além disso, a economia internacional vivia um momento de escassez de dólares, pois os Estado Unidos estavam com superávits perante o mundo.
Apesar da deterioração das reservas internacionais, esse sistema acabou sendo de grande importância para o desenvolvimento da indústria no pós-guerra, já que a taxa de câmbio sobrevalorizada aliada ao controle de importações gerou três efeitos distintos, como: um efeito subsídio, que barateava a compra de bens de capital; um efeito protecionista, pela restrição da importação de bens estrangeiros que pudessem competir com os nacionais; e um efeito de alteração das rentabilidadesrelativas, no sentido de estimular a produção para o mercado doméstico ao invés da exportação.
Até 1949, a política econômica era marcadamente ortodoxa, como já mostrado anteriormente. Foi quando a substituição de Correa e Castro por Guilherme da Silveira no Ministério da Fazenda alterou os rumos da economia, que passou a uma política monetária mais frouxa. É possível apontar pelo menos três motivações para essa reversão: em primeiro lugar, a proximidade das eleições presidenciais que provocavam forte apelo para o aumento dos gastos estatais; em segundo, na medida que a indústria se desenvolvia, aumentava a força e a demanda do setor industrial, que foi acompanhada pelo governo com uma forte disponibilidade de crédito; em terceiro lugar, a desvalorização da libra esterlina e de várias outras moedas indicava que o movimento em direção à livre conversão (indispensável para um movimento de capitais privados mais intensos) seria lento.
Até 1949, a política americana para com o Brasil era negligente, ficando cada vez mais claro que o foco era a Ásia e a Europa, implicando em uma baixa disponibilidade de capitais para o Brasil. Após o discurso de posse de Truman em 1949, onde ele estabeleceu o ponto IV de cooperação técnica internacional e a Guerra de Coreia em 1950, o governo americano começa a olhar com atenção e apoiar mais regiões antes esquecidas, como a América Latina. 
O final do governo Dutra pode ser caracterizado pela retomada do crescimento, do processo inflacionário e pela recorrência do desequilíbrio financeiro do setor público. 
Com a vitória de Vargas nas eleições de 1950, o panorama externo ficou mais favorável, com a aceleração da disposição americana em colaborar com a expansão dos setores de infraestrutura básica. Em dezembro de 1950, é criada a Comissão Mista Brasil-Estados Unidos (CMBEU), para elaboração de projetos.
A CMBEU foi fundamental para os desejos de desenvolvimento do novo governo, pois asseguraria o financiamento de projetos para eliminação de gargalos na estrutura produtiva e também poderia aumentar os fluxos de capitais dirigidos ao Brasil.
O ambiente favorável levou o governo a definir um projeto que envolvia a estabilização da economia, via equilíbrio das finanças públicas e política monetária recessiva de forma a reduzir a inflação para facilitar o caminho dos empreendimentos.
Dentre as realizações do segundo governo Vargas, destaca-se a criação de duas empresas estatais que viriam a se tornar de grande importância: o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico (BNDE) e a Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras).
A política de comércio exterior dos dois primeiros anos do governo manteve a taxa de câmbio fixa e sobrevalorizada e o regime de concessão de licenças para importar, que foi bastante afrouxado até que os déficits começaram a ficar evidentes e graves desequilíbrios na balança comercial acabaram por impor um maior controle. Entretanto, com o esgotamento das reservas internacionais, houve uma crise cambial.
No início de 1953, com o colapso cambial, o projeto da estabilização da economia foi abalado. As dificuldades aumentariam com a subida de Eisenhower ao poder nos Estados Unidos, derrotando os democratas depois de duas décadas no poder, que logo mudou a política americana em relação à América Latina, já com os desdobramentos da Guerra Fria: o combate ao comunismo foi colocado em posição prioritária e também foi abandonada a política do ponto IV de Truman e logo ficou claro que os financiamentos para projetos da CMBEU não seriam mantidos e logo ela foi finalizada.
Em junho de 1953, Vargas propôs uma vasta reforma ministerial para reorientar a política do governo, colocando Osvaldo Aranha como Ministro da Fazenda.
Aranha continuou com a ideia de estabilização da economia por um modo mais ortodoxo, focando em dois problemas centrais: a situação cambial e o financiamento do déficit público sem emissão de moeda e a expansão de crédito. Meses antes, o governo criou um sistema de taxas de câmbio múltiplas através da Lei do Mercado Livre de 17/01/1953, com o objetivo de aumentar as exportações e desestimular as importações não essenciais.
Em outubro de 1953 o governo atacou os problemas cambial e fiscal ao baixar a instrução 70 da Sumoc, onde foi reestabelecido o monopólio cambial do Banco do Brasil, a extinção do controle quantitativo das importações e a instituição de leilões de câmbio e substituição das taxas mistas por um sistema de bonificações incidentes sobre a taxa oficial.
No início de 1954, o problema do setor externo sofreu uma reversão e os esforços do governo voltaram-se para o controle da inflação. As grandes dificuldades do momento situavam-se na política de valorização do salário mínimo, que enfrentou bastante tensão política, e nos problemas com o café, com altos preços no mercado internacional que fizeram com que as exportações caíssem abruptamente e causando a possibilidade de uma nova crise cambial.
Ainda em 1954, com setores conservadores da sociedade (como a UDN) eram contra o governo Vargas, que cada vez mais foi ficando isolado politicamente sem apoio popular, ainda mais depois do episódio da rua Toneleiro onde o deputado Carlos Lacerda, crítico do regime, seu acompanhante e o major da aeronáutica Rubens Vaz foram mortos e assessores próximos a Vargas estavam envolvidos. Vargas acaba por suicidar-se e assume Café Filho com a prioridade mais imediata de enfrentar a grave situação cambial, fruto da queda dos preços do café e do vencimento de créditos de curto prazo.

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