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1929 e o crack na economia mundial
Luis Henrique da Silva1.
1Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” - Faculdade de Ciências e Letras de Assis, Avenida Dom Antônio, 2100. 19806-900, Assis, SP, Brasil.
1. Introdução
	A Grande Depressão desencadeada pela “quebra” da Bolsa de Nova York desarticulou completamente o mercado mundial no processo histórico no qual está inserida, fazendo com que esta temática seja de imensa importância para compreender as nuances do período em questão. Esta “quebra” foi sem dúvidas um teste para o capitalismo que teve, como uma de suas consequências, a mudança das políticas econômicas vigentes antes de 1929 tanto em caráter interno como externo. 
O Brasil, sendo um país agroexportador, acabou por sofrer fortemente com o colapso econômico, procurando alterar a sua estrutura política e econômica no processo pós-Depressão. Desta forma, sua matriz econômica teve de ser reinventada e redistribuída de modo a absorver os impactos negativos da grave crise e minimizar as consequências internas. Assim sendo, estudar a forma como a grande imprensa brasileira abordou o crack na Bolsa de Nova York é de fundamental importância, visto que ajuda a compreensão de como este episódio repercutiu na América Latina e, sobretudo, no Brasil (FONSECA, 2012).
Para isto, o presente trabalho irá se focar em noticiários da imprensa paulista e santista do período, através de cinco recortes de jornais, pertencentes à: O Globo, A Tribuna a Respeito e O Estado de S. Paulo, de forma a problematizar e compreender o posicionamento destas em face ao período e aos acontecimentos que dele decorrem. 
Como base teórico-metodológica deste presente ensaio, foram utilizados cinco autores: Alan Nevins (1986), Rezende Filho (2008), Werner Baer (1996), Pedro Cezar Dutra Fonseca (2012) e Jeffry Frieden (2008).
2. Desenvolvimento
Com o final da Primeira grande guerra, a economia mundial já havia se transferido da Europa para os Estados Unidos. Desta forma, o modo como os encargos para a reparação dos danos causados pela Guerra impostos à Alemanha acabaram por marcar a trajetória econômica da década em questão (NEVINS, 1986).
As relações econômicas e financeiras não se configuraram nas mesmas linhas do pré-guerra. Nos Estados Unidos em 1920, entretanto, toda a prosperidade estava colocada sobre bases frágeis. Pode-se assinalar que a quebra da Bolsa de Valores foi resultado de uma década de desenvolvimento econômico, onde as curvas da oferta e da demanda se afastavam cada vez mais. Fabricava-se muito mais do que a própria população necessitava consumir.
Junto de grandes ondas especulativas no mercado de ações, o que foi facilitado pelo crédito ampliado, o agravante em questão era que muitos capitais europeus estavam migrando para a Bolsa de Nova York, o que era aumentado pelo fato do balanço de pagamentos positivo dos Estados Unidos implicar em pouca mutação no dólar em circulação no mercado mundial. Em consequência disto, o futuro impacto mundial do crack da Bolsa seria muito expressivo, pois, em 1929, os Estados Unidos representavam 50% da produção industrial mundial e 12% das importações também mundiais, além de terem sustentado empréstimos e investimentos de capital para a recuperação europeia da destruição causada pela Primeira Guerra Mundial (FONSECA, 2012)
Em 29 de outubro de 1929 veio o choque: a quebra da bolsa. Empresas com desvalorização catastróficas; perda de economias de toda uma vida para investidores. As somas chegaram a 40 bilhões de dólares, mas era apenas o começo da espiral da depressão: bancos falidos; empresas fechando suas portas; milhões de desempregados; milhões de despejados e muito mais neste processo (FONSECA, 2012).
Diante da perspectiva de crise, os acionistas fizeram o possível para vender suas ações, o que provocou um acelerado declínio, levando à queda nos investimentos, da produção e nos empregos norte-americanos. Interessante notar que os males não se isolaram apenas nos Estados Unidos. 
Figura 1. Estado de S. Paulo, 25 de outubro de 1929
Esta matéria (Figura 1) de 25 de outubro de 1929 do “Estado de S. Paulo” mostra a grandeza que este ocorrido teve no exterior, chegando ao Brasil com força necessária para abalar a economia do país. 
O subtítulo da matéria diz que “Em poucas horas foram vendidos cerca de quatorze milhões de títulos, com prejuízo total de quatro biliões de dollares”, fazendo com que o objetivo central fique bastante claro: mostrar o “formidável” desastre financeiro ocorrido nos Estados Unidos, e que este desastre afetaria o Brasil. Em seguida, lê-se a frase: “os prejuízos totaes atingem a quatro milhões de dollares”, exemplificando o mal sofrido em números, dizendo novamente sobre o imenso prejuízo sofrida na quebra da bolsa.
Figura 2. O Globo, 1929
Outro exemplo também interessante deste período fica a cargo da matéria da “O Globo” de 1929 (Figura 2), que diferentemente da matéria anterior que elucida a grandeza do ocorrido com números reais, esta exprime com palavras: “Bolsa de Nova York quebra e o mundo inteiro treme”. Fica clara a intenção de chocar sobre a real ameaça dentro do Brasil, onde o título não brinca com palavras ou frases e logo elucida a real necessidade de atenção imediata. Nesta mesma matéria uma imagem é posta para mostrar o estardalhaço em Nova York, a qual não nos ateremos.
	É sabido que as economias mundiais já haviam passado por outras crises cíclicas, porém, nenhuma com a mesma proporção da crise de 1929. Cyro Rezende (2008) aponta as seguintes consequências imediatas à crise: falências, desemprego, declínio de salários, declínios nos preços dos produtos (deflação), pobreza que gera subalimentação, construção de favelas ao redor dos centros industriais, agitação social, recuo da produção, do comércio e das finanças em nível mundial. 
	Uma vez ocorrida a crise, os empréstimos efetuados pelos Estado Unidos ao Brasil foram cessados, assim como uma diminuição drástica no volume de importações. As medidas protecionistas norte-americanas, adotadas já em 1930, que fizera um bloqueio em torno do mercado interno deste país destruiu o maior negócio do mundo, ou seja, o comércio (BAER, 1996).
Figura 3. A Tribuna a Respeito, 30 de outubro de 1929
Nesta matéria (Figura 3) se nota a promoção da informação pelo governo brasileiro numa área junto ao porto santista. O jornal santista em questão é o jornal “A Tribuna a Respeito”, sendo esta uma pequena nota na primeira página da edição de terça-feira, 30 de outubro de 1929.
Nesta nota percebe-se novamente o emprego de informações “quentes” sobre o ocorrido, demonstrando sua grandeza em detalhes sobre os ocorridos naquele mesmo instante nos Estados Unidos: “A Bolsa de Títulos experimentou hoje o peor dia de que há memoria, desde a sua existência”.
No dia seguinte, quarta-feira, 31 de outubro de 1929, fora publicado no mesmo jornal uma matéria sobre repercussões exteriores ao crack, onde esta mesma matéria teria caído para a terceira página e não mais ficando na primeira.
Figura 4. A Tribuna a Respeito, 31 de outubro de 1929
No recorte da Figura 4 é apresentada uma matéria bastante importante. Escancara aqui que os males na economia são realmente mundiais, afetando a Bolsa Holandesa neste processo: “AMSTERDAM, 30 - Registraram-se, ontem, na Bolsa desta cidade, grandes prejuízos, tendo quase todas as ações experimentado uma baixa de 50 pontos”.
Fica nítido a intencionalidade de exemplificar fatos ocorridos mundialmente após a quebra da Bolsa de Nova York, e onde antes talvez houvessem questionamentos sobre se esta quebra poderia ou não afetar o Brasil, agora já não existiam dúvidas.
A situação da economia brasileira neste período já passava por declínios desde 1920 com problemas relacionados ao seu principal produto de exportação, o café. Com a diminuição das exportações e a queda no preço do grão, chegou à ordem de centenas as empresas levadas a registrar falências naquele ano (FRIEDEN, 2008).
Será com a quebra da bolsa norte americana que este quadrose tornará ainda mais grave no Brasil. Em primeiro lugar, o preço do grão caiu 200 pontos em dois dias na Bolsa de Café e Açúcar de Nova York: de 19,25 dólares passou a 16,65. Para completar este cenário, o crack na Bolsa de Valores inviabilizou o empréstimo de 50 milhões de dólares que a Casa Branca planejava ceder ao governo brasileiro para ajudar os fazendeiros via Instituto do Café.
Os bons tempos de ouro estavam mais distantes do que nunca. O Brasil não tinha mais para onde escoar sua enorme produção que devia chegar naquele ano a mais de 21 milhões de sacas, superando e muito as previsões iniciais, que falavam em 13 milhões. A diminuição massiva da venda do café desencadeou um rombo na economia brasileira, onde baseava três quartos de sua exportação neste grão (FONSECA, 2012).
As repercussões da depressão Norte Americanas em território brasileiro tomaram seu ápice com a queima de toneladas do café excedente em junho de 1931, para que assim parte deste problema pudesse ser “solucionado”.
Figura 5. A Tribuna a Respeito, 08 de junho de 1931
Esta notícia (Figura 5) se refere ao episódio em questão, que foi publicada em 08 de junho de 1931, na segunda página.
Quando no recorte se diz que: “Aquela instituição, empenhada em reduzir o volumoso estoque de que dispõe o mercado atualmente, deliberou inutilizar uma parte do café retido nos armazéns locais, dando, assim, cumprimento ao plano traçado no intuito de melhorar a situação do nosso mercado”, é bastante satisfatório o grau de informação transferido para a população brasileira de seu período, levando em consideração que “A Tribuna” tinha grande saída.
Quanto a duração dos efeitos do crack em território norte americano, as mesmas foram as mais duradoras possíveis. Não era mais três ou quatro anos, como em crises anteriores. Os efeitos foram sentidos diretamente por mais de uma década em seu território e em todo o restante do mundo, e suas consequências indiretas por ainda mais tempo. Para minimizar tudo isto, os governos nacionais dos EUA decidiram intervir, porém com ações paliativas para não deixar a população mais miserável “morrer de fome”. Tais ações, obviamente, não surtiram o efeito esperado e, em pouco tempo, mais de 12 milhões de americanos estavam desempregados gerando um ambiente propício para uma revolução e/ou revoltas. Porém, devido a sua não característica revolucionária, os americanos ficaram esperançosos por outros meios: uma liderança diferente. É assim que, com maioria esmagadora de votos, os Democratas vencem a eleição e em 1932 Franklin D. Roosevelt adentra a Casa Branca (NEVINS, 1986).
Um homem com experiência e conhecimento suficientes que o habilitavam para o maior cargo norte-americano, além de sua trajetória de vida, Franklin Roosevelt tinha os dois principais elementos para o período: a devoção aos princípios progressistas e, sobretudo, a confiança do povo. E suas principais tarefas, em um país em caos social, político e econômico, era o de alívio da pobreza e da fome, à restauração do equilíbrio entre agricultura e indústria, a supervisão aos bancos, o realinhamento das relações internacionais e uma política de boa vizinhança. Essa era a base do New Deal – Novo Pacto, que a longo prazo iria melhorar e muito a situação dos Estados Unidos, consequentemente auxiliando no alavancamento do restante do mundo (NEVINS, 1986).
3. Conclusão
Pelo conteúdo das notícias trazidas no decorrer do trabalho, observa-se que os jornais possuíam a visão de que o crack da Bolsa de Nova York representava sim uma crise de repercussão mundial. Dentre os três jornais trabalhados, é nítida a preocupação pelo Brasil, sempre deixando claro para a população leitora a gravidade dos ocorridos no exterior. Tanto “O Globo” quanto “A Tribuna a Respeito” e “O Estado de S. Paulo” exemplificavam com bastante clareza o crack, utilizando de grande riqueza de detalhes fossem eles escritos em palavras ou em números, sempre condizentes com a realidade.
Inegável fora o poder representado pelos Estados Unidos em território Brasileiro, onde toda a economia brasileira foi afetada de maneiras bastante diretas por este processo e que o “reerguer” norte americano resultou em um consequente levantamento em nossa própria economia.
4. Referências bibliográficas
BAER, Werner. A Economia brasileira, Nobel, São Paulo, 1996
FONSECA, Pedro Cezar Dutra. Instituições e política econômica: crise e crescimento econômico do Brasil na década de 1930. In.: BASTOS, Pedro Paulo Z. e FONSECA, Pedro CEZAR, D (Orgs.). A Era Vargas: desenvolvimento, economia e sociedade. São Paulo: Editora Unesp, 2012
FRIEDEN, Jeffry A. Capitalismo Global: história econômica e política do século XX. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008
NEVINS, Alan; COMMAGER, Henry. “Franklin D. Roosevelt e o New Deal”. In Breve História dos Estados Unidos, SP, Alfa-Omega, 1986, p. 443 – 474.
REZENDE FILHO, Cyro de Barros. História econômica geral. 9º ed. São Paulo: Contexto, 2008.

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