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O psicólogo nas varas de família Márcia Candelaria Quem é a família da qual falamos? De qual família estamos falando quando nos referimos às varas de família? Qual o conceito de família para o direito? Qual o conceito de família para a psicologia? Conceito pluriforme. Vários arranjos e configurações. Conceituar se torna um desafio! Ligações socioafetivas para além das relações biológicas ou adotivas. O texto legislativo não consegue nomear os diversos laços existentes no que se refere à família. Esses laços não podem ser desprezados – a justiça é chamada a responder constantemente. Demandas originais. Barrigas de aluguel, banco de espermas, relações homoafetivas, adoção... Independente da aceitação legal, as relações sociais continuam se estabelecer. Sem dúvida, a realidade é muito mais dinâmica do que a capacidade legislativa humana. Positivismo jurídico – reduz-se à lei escrita. Família - célula básica da sociedade e responsável pela socialização pelo pleno desenvolvimento de seus membros. Decisões a serem tomadas baseadas no “melhor interesse da criança” ou na “dignidade da pessoa humana”. Resultados da pesquisa de doutorado – família é um grupo cultural, o fator biológico nem sempre regulou o conceito de família, não há uma predeterminação natural para ser mãe ou pai, funções maternas e paternas, o que importa é o afeto. O laço que se forma pelo afeto influencia a forma de ser e estar no mundo. Não há diferenças entre as crianças criadas por casais homossexuais ou heterossexuais. A orientação sexual não influencia em nada a ocupação do espaço psicoparental da criança. Compartilhar memórias e experiências têm muito mais influência na formação da fratria do que o mero acidente biológico de possuírem ascendentes em comum. Ser pais, mãe ou irmão, vai muito além da consanguinidade e envolve tempo, disponibilidade e afeto. Sugestão de definição: grupo de pessoas a quem o indivíduo é vinculado por laços afetivos e sentimento de pertencimento, que lhe servem de referência primeira na construção de sua personalidade, e a quem se pressupõe que ele possa recorrer, em caso de necessidade material ou emocional. Decisões baseadas no vínculo psicosocioafetivo entre os membros da família e no melhor interesse da criança. “Aquele que conhece só o Direito, não conhece nem o Direito!” (Caio Mário). Fazer interseções com outras áreas do saber amplia a capacidade de apaziguar conflitos sociais. A ausência ou a lacuna da lei, não deve significar também ausência de direitos. Alienação parental Envolve uma ação intencionada disfarçada pelo sentimento de amor e cuidados parentais. Termo foi criando na década de 1980 – ganhou visibilidade pelo trabalho de Richard Gardner (psiquiatra infantil). Se refere a uma perturbação que acontece após a separação conjugal, que consiste em um genitor programar de forma consciente ou inconsciente a criança para que rejeite e odeie o outro genitor sem justificativa, objetivando o afastamento e o desenvolvimento de afetos negativos da criança para com o outro genitor. Três estágio da alienação parental: leve, médio, grave. Quando a alienação parental está instalada em nível médio ou grave, a própria criança passa a contribuir para a campanha de desmoralização do genitor alienado. Sintomas como ódio sem ambivalências (formação reativa). Constituição psíquica – alienação/separação (Lacan). Ausência do sentimento de culpa por parte da criança. Relação simbiótica com o genitor guardião. Casos em que realmente ocorreram maus tratos ou negligência. Fatores relacionados: genitor alienador é emocionalmente frágil e superprotetor, não aceita a separação, sente-se rejeitado ou traído p elo ex-cônjuge e move-se por um sentimento de vingança pela suposta rejeição sofrida, o que o leva a desejar punir o ex-companheiro, privando-o de manter uma relação de afeto e amor com o filho. O alienador esquece suas próprias funções, usa a criança como objeto de vingança. A invenção de situações de abuso são acusações graves que comprometem o psiquismo da criança (falsas memórias). Sejam as acusações falsas ou verdadeiras, a criança já é vítima de abuso! Situações de abuso – suspensão imediata das visitas. Visitas monitoradas. Ausência da figura parental – insegurança futura na vida da criança. A criança que vivencia a alienação parental tem seus direitos garantidos violados de acordo com a constituição e o ECA. Conceito de violência doméstica: todo ato ou omissão, praticado por pais, parentes ou responsáveis contra crianças e/ou adolescentes que – sendo capaz de causar danos físicos, sexual e/ou psicológico à vítima – implica, de uma lado transgressão de poder/dever de proteção do adulto e, de outro, coisificação da infância. Diferentes formas de violência doméstica contra crianças e adolescentes. Consequências psicológicas da violência doméstica. O campo jurídico pode funcionar como uma metáfora paterna – ordenador da lei simbólica. Perícia psicossocial. O diagnóstico de alienação parental parte da psicologia ou da psiquiatria. Justiça deve reconhecer suas limitações e dar credibilidade à perícia psicossocial para basear suas decisões de modo mais seguro e preciso. Lei da alienação parental, n. 12.318/2010 Lei da alienação parental, n. 12.318/2010 – estabelece que a perícia psicológica ou biopsicossocial determinada pelo juiz deverá ser realizada por profissional ou equipe multidisciplinar habilitada em diagnosticar a alienação parental, com habilitação comprovada por histórico profissional ou acadêmico.
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