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Aula 05 - Natureza do Capital de Giro e Financiamento Capital de Giro O capital de giro corresponde aos recursos aplicados no ativo circulante, formado basicamente pelos estoques, contas a receber e disponibilidades. Uma abordagem mais ampla contempla também os passivos circulantes. A administração do capital de giro está relacionada com os problemas de gestão dos ativos e passivos circulantes e com as inter-relações entre esses grupos patrimoniais. A administração do capital de giro está relacionada com os problemas de gestão dos ativos e passivos circulantes e com as inter-relações entre esses grupos patrimoniais. Outro elemento fundamental é o capital circulante líquido que corresponde à parcela dos recursos permanentes ou de longo prazo (próprios e de terceiros) aplicada no ativo circulante. Ativo Circulante As atividades industriais transformam os estoques de matérias-primas em estoques de produtos em elaboração e, posteriormente, em estoques de produtos acabados. As vendas a prazo convertem os produtos estocados em duplicatas a receber, sendo que estas somente se transformarão em caixa após a concretização da cobrança, podendo nesta fase ocorrer atrasos e perdas por falta de pagamento. Passivo Circulante Os passivos circulantes podem ser classificados em duas categorias: passivos de funciona mento e passivos de financiamento. Os passivos de funcionamento são constituídos por fontes não onerosas de recursos geradas espontaneamente pelas atividades operacionais, tais como: salários a pagar, encargos sociais e impostos a recolher, obrigações provisionadas etc. Os passivos de financiamento são fontes onerosas de recursos por envolverem encargos financeiros. Exemplos: empréstimos bancários e duplicatas descontadas (aqui reclassificadas do AC para o PC). Capital Circulante Líquido Enquanto há exata determinação das épocas em que deverão ser efetuados os pagamentos relativos aos passivos circulantes, o mesmo não ocorre com as entradas de caixa provenientes das atividades de produção, vendas e cobrança. A falta de instantaneidade e sincronização entre essas três atividades básicas implica imprecisão e riscos na conversão dos estoques em duplicatas a receber e destas em numerário. O descompasso entre os fluxos de pagamentos e de recebimentos deverá ser coberto pelo capital circulante líquido (CCl), também conhecido por capital de giro líquido. O capital circulante líquido pode ser visto tanto do lado do ativo como do passivo Conforme tabela pode-se afirmar que CCL’ = CCL’’, portanto: CCL’ = AC – PC → AC = PC + CCL’’ Como o ativo circulante é financiado pelo passivo circulante: CCL’’ = (ELP + PL) – (RLP + AP) ELP = Exigível a Longo Prazo: Conta do ativo que representa os direitos realizáveis após o término do exercício seguinte. RLP = Realizável a Longo Prazo: Obrigações da empresa que vencem no exercício seguinte. CCL’’ = (ELP + PL) – (RLP + AP) A equação acima demonstra que o capital circulante líquido é constituído pelo excedente dos recursos de longo prazo e permanentes sobre os ativos não circulantes. Logo, pode-se afirmar que o CCL" é constituído por uma parcela dos empréstimos e financiamentos a longo prazo e por uma parcela do patrimônio líquido. CCL x Liquidez CCL‘ = (AC - PC), o capital circulante líquido constitui uma medida estática da folga financeira que a empresa apresenta para liquidar seus compromissos de curto prazo. É de se supor que, quanto maior for o CCL', menor será o risco de insolvência da empresa. Todavia, deve-se atentar para a composição do ativo circulante, pois um CCL' baixo nem sempre implica em dificuldades financeiras. Salvo exceções, um CCL' elevado constitui indicador de boa liquidez da empresa. CCL x Rentabilidade Um capital circulante líquido elevado prejudica a rentabilidade da empresa, pois: O excesso de ativos circulantes poderia indicar ineficiência no uso dos recursos financeiros; Com exceção dos estoques, os demais ativos circulantes estão expostos aos efeitos da inflação que corrói o poder aquisitivo dos valores a receber ou mantidos sob a forma de disponibilidades; Os recursos próprios e de terceiros a longo prazo que compõem o CCL" envolvem custos elevados. Financiamento do Ativo Circulante Se a produção e as vendas ocorressem uniformemente ao longo de todo o ano, a gestão do capital de giro nas empresas industriais seria bastante facilitada porque haveria fluxos regulares de entradas e de saídas de caixa. Ocorre que muitas empresas estão sujeitas a fatores sazonais que afetam suas atividades, provocando expansão e contração nos ativos circulantes. Por outro lado, sempre existirá um nível mínimo de estoques, duplicatas a receber e disponibilidades a ser mantido independentemente das flutuações sazonais das atividades. Essa parcela fixa dos ativos circulantes deve ser financiada com recursos próprios e de longo prazo. Resta investigar como poderia ser financiada a parcela sazonal do ativo circulante. Surgem agora as seguintes indagações relacionadas com as alternativas de financiamento: Deveríamos adotar uma postura agressiva financiando as necessidades sazonais integralmente com passivos circulantes? Neste caso estaríamos minimizando o CCL, o que seria bom para a rentabilidade da empresa, mas perigoso para sua liquidez. Deveríamos ser conservadores utilizando recursos permanentes para financiar a totalidade das necessidades de fundos? Aí estaríamos com excelente liquidez, porém prejudicaríamos a rentabilidade, uma vez que haveria recursos ociosos durante certos meses do ano. Deveríamos encontrar uma posição intermediária entre as duas anteriores? Alternativa Agressiva A empresa mantém recursos permanentes na medida exata para financiar suas necessidades permanentes que correspondem a $ 22.000 conforme coluna D. Logo, o CCL é de $ 2.000. As necessidades sazonais são financiadas com recursos temporários e a média mensal destes recursos adicionais corresponde a $ 2.792 Alternativa Intermediária Os recursos permanentes serão suficientes para financiar as necessidades permanentes e mais uma parte das necessidades sazonais. Observando a coluna C verificamos que as necessidades totais de recursos apresentam dois extremos: em abril o menor nível ($ 22.000) e em setembro o nível mais elevado ($ 27.000) . Admitimos que os recursos permanentes corresponderam à média desses dois valores: $ 24.500 = ($ 22.000 + $ 27.000) /2. Os recursos adicionais necessários corresponderiam à diferença entre as necessidades totais (coluna C) e os $ 24.500. Portanto: o CCL dessa alternativa seria de $ 4.500 (= $ 24.500 - $ 20.000). Alternativa Conservadora A empresa mantém recursos permanentes no valor correspondente ao pico das necessidades totais ($ 27.000 em setembro, conforme coluna C) Não são utilizados recursos temporários e haveria sobra em todos os meses, exceto em setembro. O CCL seria de $ 7.000, resultante da diferença entre os $ 27.000 e os $ 20.000 aplicados nos ativos permanentes. Considerando o aspecto da liquidez da empresa, verificaremos que a situação se inverte: quanto menor for o CCL, maior será o risco de insolvência. Vejamos quais são os argumentos que sustentam esta afirmativa. Na alternativa agressiva temos o CCL restrito ao nível mínimo atingido pelos ativos circulantes durante o ano. Deste modo, as flutuações sazonais teriam de ser integralmente financiadas com passivos circulantes. Trata-se de uma política de financiamento muito arriscada porque a empresa teria de contar com uma resposta positiva instantânea dos seus fornecedores e emprestadores de recursos de curto prazo. Como vimos anteriormente, existem limites para a expansão dos passivos circulantes e o reduzido CCL colocaria os credores atuais e potenciais de sobreaviso sobre as condições de solvência da empresa. Na alternativa conservadora a empresa não estaria utilizando o seu potencial de crédito, com a agravante de prejudicar a rentabilidade das operações em face dos elevados custos dos recursospermanentes. A maior parte das empresas optará por operar com esquemas semelhantes à alternativa intermediária, equilibrando os aspectos relativos à liquidez e à rentabilidade. Dúvida: Leitura cap. 03 Braga
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