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Aula 5. Natureza do Capital de Giro e Financiamento Professora Waleska Monteiro 1 Capital de Giro O capital de giro corresponde aos recursos aplicados no ativo circulante, formado basicamente pelos estoques, contas a receber e disponibilidades. Uma abordagem mais ampla contempla também os passivos circulantes. A administração do capital de giro está relacionada com os problemas de gestão dos ativos e passivos circulantes e com as inter-relações entre esses grupos patrimoniais. a administração do capital de giro está relacionada com os problemas de gestão dos ativos e passivos circulantes e com as inter-relações entre esses grupos patrimoniais. Outro elemento fundamental é o capital circulante líquido que corresponde à parcela dos recursos permanentes ou de longo prazo (próprios e de terceiros) aplicada no ativo circulante. 2 3 As atividades industriais transformam os estoques de matérias-primas em estoques de produtos em elaboração e, posteriormente, em estoques de produtos acabados. As vendas a prazo convertem os produtos estocados em duplicatas a receber, sendo que estas somente se transformarão em caixa após a concretização da cobrança, podendo nesta fase ocorrer atrasos e perdas por falta de pagamento. Ativo Circulante 4 Os passivos circulantes podem ser classificados em duas categorias: passivos de funciona mento e passivos de financiamento. Os passivos de funcionamento são constituídos por fontes não onerosas de recursos geradas espontaneamente pelas atividades operacionais, tais como: salários a pagar, encargos sociais e impostos a recolher, obrigações provisionadas etc. Os passivos de financiamento são fontes onerosas de recursos por envolverem encargos financeiros. Exemplos: empréstimos bancários e duplicatas descontadas (aqui reclassificadas do AC para o PC). Passivo Circulante 5 Enquanto há exata determinação das épocas em que deverão ser efetuados os pagamentos relativos aos passivos circulantes, o mesmo não ocorre com as entradas de caixa provenientes das atividades de produção, vendas e cobrança. A falta de instantaneidade e sincronização entre essas três atividades básicas implica imprecisão e riscos na conversão dos estoques em duplicatas a receber e destas em numerário. Capital Circulante Líquido O descompasso entre os fluxos de pagamentos e de recebimentos deverá ser coberto pelo capital circulante líquido (CCl), também conhecido por capital de giro líquido. O capital circulante líquido pode ser visto tanto do lado do ativo como do passivo 6 Capital Circulante Líquido Ativo Passivo Ativo Circulante PassivoCirculante CCL’ CCL” Ativo não Circulante (RLP +AP) Recursosde Longo Prazo e Permanentes (ELP + PL) 7 Capital Circulante Líquido Conforme tabela pode-se afirmar que CCL’=CCL’’, portanto: CCL’ = AC – PC AC = PC + CCL’’ Como o ativo circulante é financiado pelo passivo circulante: CCL’’ = (ELP + PL) – (RLP + AP) ELP = Exigível a Longo Prazo: Conta do ativo que representa os direitos realizáveis após o término do exercício seguinte. RLP = Realizável a Longo Prazo: Obrigações da empresa que vencem no exercício seguinte. 8 Capital Circulante Líquido CCL’’ = (ELP + PL) – (RLP + AP) A equação acima demonstra que o capital circulante líquido é constituído pelo excedente dos recursos de longo prazo e permanentes sobre os ativos não circulantes. Logo, pode-se afirmar que o CCL" é constituído por uma parcela dos empréstimos e financiamentos a longo prazo e por uma parcela do patrimônio líquido. 9 CCL‘ = (AC - PC), o capital circulante líquido constitui uma medida estática da folga financeira que a empresa apresenta para liquidar seus compromissos de curto prazo. É de se supor que, quanto maior for o CCL', menor será o risco de insolvência da empresa. Todavia, deve-se atentar para a composição do ativo circulante, pois um CCL' baixo nem sempre implica em dificuldades financeiras. Salvo exceções, um CCL' elevado constitui indicador de boa liquidez da empresa. CCL x Liquidez Um capital circulante líquido elevado prejudica a rentabilidade da empresa, pois : O excesso de ativos circulantes poderia indicar ineficiência no uso dos recursos financeiros; Com exceção dos estoques, os demais ativos circulantes estão expostos aos efeitos da inflação que corrói o poder aquisitivo dos valores a receber ou mantidos sob a forma de disponibilidades; Os recursos próprios e de terceiros a longo prazo que compõem o CCL" envolvem custos elevados. 10 CCL x Rentabilidade Se a produção e as vendas ocorressem uniformemente ao longo de todo o ano, a gestão do capital de giro nas empresas industriais seria bastante facilitada porque haveria fluxos regulares de entradas e de saídas de caixa. Ocorre que muitas empresas estão sujeitas a fatores sazonais que afetam suas atividades, provocando expansão e contração nos ativos circulantes. Por outro lado, sempre existirá um nível mínimo de estoques, duplicatas a receber e disponibilidades a ser mantido independentemente das flutuações sazonais das atividades. 11 Financiamento do Ativo Circulante 12 Essa parcela fixa dos ativos circulantes deve ser financiada com recursos próprios e de longo prazo. Resta investigar como poderia ser financiada a parcela sazonal do ativo circu lante. Financiamento do Ativo Circulante 13 Financiamento do Ativo Circulante Ativo Permanente Ativo Circulante TotalAtivo Necessidade de Recursos Permanentes Sazonais A B C =A + B D E = C - D Jan 20.000 5.000 25.000 22.000 3.000 Fev 20.000 4.500 24.500 22.000 2.500 Mar 20.000 2.500 22.500 22.000 500 Abr 20.000 2.000 22.000 22.000 0 Mai 20.000 2.500 22.500 22.000 500 Jun 20.000 4.000 24.000 22.000 2.000 Jul 20.000 5.500 25.500 22.000 3.500 Ago 20.000 6.500 26.500 22.000 4.500 Set 20.000 7.000 27.000 22.000 5.000 Out 20.000 6.500 26.500 22.000 4.500 Nov 20.000 6.000 26.000 22.000 4.000 Dez 20.000 5.500 25.500 22.000 3.500 Média 20.000 4.792 24.792 22.000 2.792 13 14 Surgem agora as seguintes indagações relacionadas com as alternativas de financiamento: 1º) Deveríamos adotar uma postura agressiva financiando as necessidades sazonais integralmente com passivos circulantes? Neste caso estaríamos minimizando o CCL, o que seria bom para a rentabilidade da empresa, mas perigoso para sua liquidez. 2º) Deveríamos ser conservadores utilizando recursos permanentes para financiar a totalidade das necessidades de fundos? Aí estaríamos com excelente liquidez, porém prejudicaríamos a rentabilidade, uma vez que haveria recursos ociosos durante certos meses do ano. 3º) Deveríamos encontrar uma posição intermediária entre as duas anteriores? Financiamento do Ativo Circulante 15 Alternativa Agressiva A empresa mantém recursos permanentes na medida exata para financiar suas necessidades permanentes que correspondem a $ 22.000 conforme coluna D. Logo , o CCL é de $ 2.000. As necessidades sazonais são financiadas com recursos temporários e a média mensal destes recursos adicionais corresponde a $ 2.792 Financiamento do Ativo Circulante 16 Alternativa Intermediária Os recursos permanentes serão suficientes para financiar as necessidades permanentes e mais uma parte das necessidades sazonais. Observando a coluna C verificamos que as necessidades totais de recursos apresentam dois extremos: em abril o menor nível ($ 22.000) e em setembro o nível mais elevado ($ 27.000) . Admitimos que os recursos permanentes corresponderam à média desses dois valores: $ 24.500 = ($ 22.000 + $ 27.000) /2. Financiamento do Ativo Circulante 17 Os recursos adicionais necessários corresponderiam à diferença entre as necessidades totais(coluna C) e os $ 24.500. Portanto: o CCL dessa alternativa seria de $ 4.500 (= $ 24.500 - $ 20.000). Alternativa Conservadora A empresa mantém recursos permanentes no valor correspondente ao pico das necessidades totais ($ 27.000 em setembro, conforme coluna C) Financiamento do Ativo Circulante 18 Não são utilizados recursos temporários e haveria sobra em todos os meses, exceto em setembro. O CCL seria de $ 7.000, resultante da diferença entre os $ 27.000 e os $ 20.000 aplicados nos ativos permanentes. Financiamento do Ativo Circulante 19 Considerando o aspecto da liquidez da empresa, verificaremos que a situação se inverte: quanto menor for o CCL, maior será o risco de insolvência. Vejamos quais são os argumentos que sustentam esta afirmativa. Na alternativa agressiva temos o CCL restrito ao nível mínimo atingido pelos ativos circulantes durante o ano. Deste modo, as flutuações sazonais teriam de ser integralmente financiadas com passivos circulantes. Trata-se de uma política de financiamento muito arriscada porque a empresa teria de contar com uma resposta positiva instantânea dos seus fornecedores e emprestadores de recursos de curto prazo. Como vimos anteriormente, existem limites para a expansão dos passivos circulantes e o reduzido CCL colocaria os credores atuais e potenciais de sobreaviso sobre as condições de solvência da empresa. Financiamento do Ativo Circulante 20 Na alternativa conservadora a empresa não estaria utilizando o seu potencial de crédito, com a agravante de prejudicar a rentabilidade das operações em face dos elevados custos dos recursos permanentes. A maior parte das empresas optará por operar com esquemas semelhantes à alternativa intermediária, equilibrando os aspectos relativos à liquidez e à rentabilidade. Financiamento do Ativo Circulante 21 Leitura cap. 03 Braga
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