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Centro Nacional de Educação a Distância – CENED (http://www.cenedcursos.com.br) Curso Recuperação de Áreas Degradadas Módulo 2 - Políticas públicas e legislação ambiental Curso Recuperação de Áreas Degradadas Centro Nacional de Educação a Distância – CENED (http://www.cenedcursos.com.br) 2 Módulo 2 - Políticas públicas e legislação ambiental Políticas públicas para recuperação de áreas degradadas Recuperação e estética das áreas degradadas Normas e legislação brasileira Indicadores de áreas degradadas O material desse módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este programa de educação do CENED. É proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos na bibliografia consultada. Tutor: Prof. Amarildo R. Ferrari Curso Recuperação de Áreas Degradadas Centro Nacional de Educação a Distância – CENED (http://www.cenedcursos.com.br) 3 Módulo 2 - Políticas públicas e legislação ambiental Neste módulo iremos tratar das políticas que devem ser oficiadas para atingir a recuperação de áreas degradadas e buscar a penalização dos degradadores, evitando assim que fatos se repitam em outros locais pelos mesmos motivos ou condutor. 1. POLÍTICAS PÚBLICAS PARA RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS Constituição Federal de 1988, artigo 225, parágrafo terceiro (Machado, 1995) "As condutas e atividades lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, às sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados" Em 1999, a partir da promulgação da Lei nº 9.605 de 12 de fevereiro de 1998, os danos causados ao meio ambiente passaram a ser qualificados como crimes ambientais. Esta legislação, conhecida como "Lei de Crimes Ambientais" "dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências". Existem três tipos de dispositivos legais, à disposição da sociedade, para interferir nas atividades de empreendimentos causadores de problemas ambientais (Barros & Monticelli, 1998): Ação Civil Pública: é uma ação de responsabilidade por danos ao meio ambiente, instituída pela Lei nº 7.347/85, que criou um instrumento processual permitindo que as pessoas (mesmo aquelas que não sofreram um dano ambiental direto), possam propôr uma Ação Civil Pública, ou seja, possam ingressar em juízo contra terceiros (causadores do dano ambiental). Podem mover uma Ação Civil Pública o Ministério Público, a União, Estados, Municípios, autarquias, empresas públicas, fundações, sociedades de Curso Recuperação de Áreas Degradadas Centro Nacional de Educação a Distância – CENED (http://www.cenedcursos.com.br) 4 economia mista ou associações legalmente constituídas e em funcionamento há pelo menos 1 ano, que apresentam em suas finalidades a proteção ao meio ambiente. Ação Popular: regulamentada pela Lei nº 4.717/65, que estabelece que qualquer cidadão (eleitor) pode ser parte legítima em uma ação judicial para conseguir a invalidação de atos administrativos lesivos ao meio ambiente. Mandado de Segurança: regulamentado pela Lei nº1.533/51, que permite que pessoas físicas ou jurídicas, ou entidades com capacidade processual, entrem com ações para proteger o direito individual ou coletivo. 1.1. Acontecimentos históricos mais marcantes relacionados a Estudos Ambientais. DÉCADA 60 Vários países industrializados passam a contemplar, de maneira sistemática, o equacionamento de problemas ambientais em políticas públicas. DÉCADA 70 Os países em desenvolvimento, à semelhança dos desenvolvidos, passam a incorporar o tema em seus programas e planos de ação. 1973: no Brasil foi criada a Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA), que instituiu o Conselho Consultivo do Meio Ambiente, sendo extinto posteriormente (Machado, 1995). DÉCADA 80 O tema adquiriu expressão mundial, passando a ser contemplado em estruturas gerenciais públicas e privadas. Várias exigências ambientais são estabelecidas. A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) foi introduzida no Brasil como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, por meio da Lei Curso Recuperação de Áreas Degradadas Centro Nacional de Educação a Distância – CENED (http://www.cenedcursos.com.br) 5 Federal nº 6.938/81, regulamentada pelo Decreto nº 88.351/83. Estes dispositivos legais fundamentaram-se no quadro jurídico de outros países, tais como EUA, Canadá, França. A partir da promulgação da lei tornou-se obrigatória a realização de estudos prévios com a finalidade de fornecer parâmetros a respeito do Licenciamento Ambiental de atividades modificadoras do meio ambiente. 1981: Criado o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) com o objetivo de "assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida" (Machado, 1995). 1986: O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) institui a obrigatoriedade do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) para o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente (Resolução 01/86 do Conama). 1988: A obrigatoriedade de realização prévia do EIA/RIMA é incluída na Constituição da Republica Federativa do Brasil (Artigo 225 da Constituição Brasileira de 1988). 1989: Criado o Fundo Nacional do Meio Ambiente com o "objetivo de desenvolver projetos que visem o uso racional e sustentável de recursos naturais, incluindo a manutenção, melhoria ou recuperação da qualidade ambiental no sentido de elevar a qualidade de vida da população" (Machado, 1995). 1989: Criado o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, com a finalidade "de assessorar o Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia Legal na formulação e coordenação da política nacional do meio ambiente e da preservação, conservação e uso racional dos recursos naturais" (Machado, 1995). Curso Recuperação de Áreas Degradadas Centro Nacional de Educação a Distância – CENED (http://www.cenedcursos.com.br) 6 1989 e 1990: A obrigatoriedade de realização prévia do EIA/RIMA é incorporada em Constituições Estaduais (1989) e Leis Orgânicas Municipais (1990). DÉCADA 90 Utilização de instrumentos de gerenciamento ambiental (sistematização de procedimentos técnicos e administrativos, voltados ao contínuo aprimoramento do desempenho ambiental), visando a obtenção de reconhecimento de conformidade das ações adotadas. 1995: O Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia Legal foi transformado no Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, que tem as seguintes competências: "a) planejamento, coordenação, supervisão e controle das ações relativas ao meio ambiente e aos recursos hídricos; b) formulação e execução da política nacional do meio ambiente e dos recursos hídricos; c) preservação, conservação e uso racional dos recursos naturais renováveis; d) implementação de acordos internacionaisna área ambiental. 1995: Estabelecimento da ISO 14.000 (Qualidade Ambiental), pela Internacional Organization for Standardization, que é representada no Brasil pela ABNT. 1998: Regulamentação da Lei Federal nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, também denominada de Lei de Crimes Ambientais. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. 2. RECUPERAÇÃO E ESTÉTICA DAS ÁREAS DEGRADADAS Atividades antrópicas, sejam elas de produção agropecuária, imobiliária, ou mineração, que utilizam direta ou indiretamente os recursos naturais, causam aumento da vulnerabilidade do ambiente aos fatores como incêndios florestais, exploração florestal entre outras atividades que podem levar à degradação do ambiente. Curso Recuperação de Áreas Degradadas Centro Nacional de Educação a Distância – CENED (http://www.cenedcursos.com.br) 7 Entende-se por degradação a destruição e/ou remoção da vegetação, fauna e camada superficial do solo, bem como alterações da qualidade e regime de vazão do sistema hidrológico (IBAMA, 1990). Portanto uma área degradada é aquela que, após distúrbios, tem eliminado sua resiliência (capacidade de retorno ao estado anterior) ou a mesma ser extremamente lenta, sendo a ação antrópica necessária (Carpanezzi et al., 1990). Para entender o processo de degradação de áreas é preciso conhecer alguns conceitos básicos sobre o tema, a seguir descrevem-se conceitos necessários para interpretar laudos e diagnósticos e promover ações e projetos necessários para a recuperação das áreas degradadas DEGRADAÇÃO "Conjunto de processos resultantes de danos no meio ambiente, pelos quais se perdem ou se reduzem algumas de suas propriedades, tais como, a qualidade ou capacidade produtiva dos recursos ambientais" (Decreto Federal 97.632/89). áreas degradadas são geradas por intervenções significativas nos processos do meio físico degradação ambiental = impacto ambiental negativo DEGRADAÇÃO DO SOLO "Alterações adversas das características do solo em relação aos seus diversos usos possíveis, tanto estabelecidos em planejamento quanto os potenciais" (ABNT, 1989). RESTAURAÇÃO ("restoration") Reprodução das condições exatas do local, tais como eram antes de serem alteradas pela intervenção. RECUPERAÇÃO ("reclamation") Local alterado é trabalhado de modo que as condições ambientais acabem se situando próximas às condições anteriores à intervenção; ou seja, trata-se de Curso Recuperação de Áreas Degradadas Centro Nacional de Educação a Distância – CENED (http://www.cenedcursos.com.br) 8 devolver ao local o equilíbrio e a estabilidade dos processos atuantes. REABILITAÇÃO ("reabilitation") Local alterado destinado a uma dada forma de uso de solo, de acordo com projeto prévio e em condições compatíveis com a ocupação circunvizinha, ou seja, trata-se de reaproveitar a área para outra finalidade. REMEDIAÇÃO ("remediation") Ações e tecnologias que visam eliminar, neutralizar ou transformar contaminantes presentes em subsuperfície (solo e águas subterrâneas). Refere-se a áreas contaminadas. (Box, 1976 e ABNT, 1989 apud Bitar & Braga, 1995). O termo RECUPERAÇÃO é amplamente utilizado, por incorporar os sentidos de restauração e reabilitação (Modificado de Bitar & Braga, 1995) Curso Recuperação de Áreas Degradadas Centro Nacional de Educação a Distância – CENED (http://www.cenedcursos.com.br) 9 3. NORMAS E LEGISLAÇÃO BRASILEIRA A Legislação Ambiental Brasileira é considerada uma das mais bem elaboradas do mundo, sendo seu texto bastante exigente no que se refere à recuperação de áreas degradadas. Os estados e muitos municípios apresentam procedimentos e legislações próprias para atividades potencialmente poluidoras, desta forma torna-se mais eficiente limitar as ações degradadoras sintetizando a realidade local perante a legislação com a intenção de proteger os recursos naturais e tornar claro, a obrigação do degradador. Para elaboração de programas de recuperação de áreas degradadas os empreendimentos devem ter licença própria do órgão responsável. Portanto, os profissionais devem conhecer as exigências (normas e dispositivos legais) que o estado e o município fazem para o licenciamento do empreendimento em questão. A seguir são apresentadas algumas medidas de recuperação do meio físico em diferentes tipos de empreendimentos (Bitar & Braga, 1995). "Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma de lei" (Constituição Brasileira, 1988). "Aquele que explorar recursos naturais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, ..." (Constituição do Estado de São Paulo, 1989). Curso Recuperação de Áreas Degradadas Centro Nacional de Educação a Distância – CENED (http://www.cenedcursos.com.br) 10 TIPO DE ÁREA DEGRADADA PRINCIPAIS PROCESSOS DE DEGRADAÇÃO (MEIO FÍSICO) ALGUMAS MEDIDAS CORRETIVAS (MEIO FÍSICO) Mineração Abandonada em Regiões Urbanas - Escoamento das águas superficiais; - Erosão por sulcos e ravinas; - Escorregamentos; - Deposição de sedimentos e partículas. - Revegetação; - Captação e condução das águas superficias; - Estabilização de taludes e blocos. Depósito de Resíduos Industriais e Urbanos - Interações físico-químicas no solo (poluição do solo); - Escoamento das águas superficiais; - Movimentação das águas de subsuperfície. - Prospecção do depósito; - Remoção total ou parcial, transporte e disposição dos resíduos; - Tratamento "in situ" do solo; - Descontaminação ou remediação do solo. Ocupação Habitacional de Encostas em Situações de Risco - Escorregamentos; - Escoamento das águas em superfície. - Captação e condução das águas superficiais; - Estabilização da encosta (com ou sem estruturas de contenção); - Revegetação. Boçorocas Urbanas ou Rurais - Erosão por boçorocas; - Movimentação das águas de subsuperfície. - Controle do uso e ocupação; - Captação e condução das águas superficiais; - Drenagem das águas de subsuperfície/fundo; - Estabilização dos taludes da boçoroca ou aterramento. Ocupação Agrícola Irrigada - Adensamento e compactação do solo; - Controle da irrigação; Curso Recuperação de Áreas Degradadas Centro Nacional de Educação a Distância – CENED (http://www.cenedcursos.com.br) 11 - Acidificação do solo por lixiviação. - Aragem profunda do solo; - Correção da acidez do solo. Cursos e Corpos d´água Assoreados - Deposição de sedimentos e partículas; - Enchentes e inundações. - Controle da erosão a montante; - Dragagem dos sedimentos; - Obras hidráulicas. 4. INDICADORES DE ÁREAS DEGRADADAS 4.1. Papel da geologia Identificação e previsão do comportamento dos fenômenos atuantes no meio físico degradado; Proposição de medidas para ações corretivas necessárias 4.2. Técnica de recuperação Revegetação: desde a fixação localizada de espécies vegetais (herbáceas ou arbóreas), até reflorestamentos extensivos; Tecnologias Geotécnicas: execução de obras de engenharia (com ou sem estruturas de contenção e retenção), incluindo as hidráulicas, que visam a estabilidade física do ambiente; Remediação: execução de métodos de tratamentos predominantemente químicos (ou biológicos) destinadosa eliminar, neutralizar, imobilizar, confinar ou transformar elementos ou substâncias contaminantes presentes, atingindo a estabilidade química do ambiente. EXEMPLOS DE LOCAIS PROBLEMÁTICOS Mineração Boçorocas urbanas e rurais Disposição de resíduos Agricultura irrigada Curso Recuperação de Áreas Degradadas Centro Nacional de Educação a Distância – CENED (http://www.cenedcursos.com.br) 12 Ocupação de encostas Cursos e corpos d’água assoreados 4.3. Solos degradados Para a recuperação de solos degradados necessita-se: Correção da degradação, no sentido de estabelecer o equilíbrio dos processos do meio físico; Trabalhos de manutenção, de modo a evitar a reativação destes processos e a conseqüente anulação das medidas corretivas. Características de indicadores geológicos – geotécnicos Feições erosivas de pequeno e grande portes; Evidências de colmatação do solo; Feições de massa em movimentação; Grau de compactação do solo; Posicionamento do nível freático; Grau de umidade do solo; Dimensão do assoreamento; Variações no pH da água Alcance da poluição do solo; (Bitar & Braga, 1995) A recuperação florestal de áreas degradadas, embora seja hoje uma prática bem difundida, é relativamente recente (2 ou 3 décadas). Antes disto, a palavra de ordem era desmatamento visando à expansão da fronteira agrícola e “desenvolvimento a qualquer custo”. Apesar do meio ambiente ser entendido hoje como o conjunto dos recursos naturais e suas inter-relações com os seres vivos, é comum verificar que este conceito seja associado apenas ao “verde” da paisagem, à natureza ou à vida. Isto, de certa forma, tem deixado de considerar os recursos hídricos e questões relativas à poluição do ar, relegando, muitas vezes, a um segundo plano, o meio ambiente urbano, que nada mais é que um ecossistema criado pelo homem do qual somos parte integrante e ativa, ou seja, acabamos por esquecer o meio ambiente em que vivemos. Para se ter uma idéia, apenas Curso Recuperação de Áreas Degradadas Centro Nacional de Educação a Distância – CENED (http://www.cenedcursos.com.br) 13 recentemente foram incluídos os princípios ambientais na Constituição Federal Brasileira (1988), onde Direito Ambiental é considerado como sendo um bem coletivo. Em 2006 completamos 35 anos de política ambiental no Brasil, sendo possível destacar alguns marcos importantes sobre esta questão em nosso país: Em 1973 - Criação do SEMA (Secretaria Especial de Meio Ambiente) vinculada ao então Ministério do Interior; Em 1981 instituiu-se a Política Nacional de Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81) que criou o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA (em resposta às denúncias de poluição industrial e rural). A instalação do CONAMA representou um grande avanço por reunir segmentos representativos dos poderes públicos em seus diferentes níveis, juntamente com delegados de instituições da sociedade civil, para o exercício de funções deliberativas e consultivas em matéria de política ambiental. O final do século passado, mais precisamente os anos 90 podem ser vistos como o período de institucionalização das questões ambientais. A Conferência de Meio Ambiente do Rio de Janeiro (Rio-92) estimulou a criação de novos instrumentos legais como a “Lei de Crimes Ambientais” e o “Sistema Nacional de Unidade de Conservação” (SNUC), além de ter desencadeado uma importante onda de conscientização ecológica apoiada pela globalização, muito facilitada pela telefonia celular e a internet, entre outros veículos de comunicação. Com a aprovação da Agenda 21, em 1992, foram lançadas as bases para as ações ambientais no Brasil e no mundo. A conservação da biodiversidade, as mudanças climáticas e, sobretudo, o novo modelo de desenvolvimento sustentável foram fundamentais para o reconhecimento da importância e urgência com que devem ser observadas as questões ambientais. A adoção de energias renováveis em todo o planeta, considerando legítimo que os blocos regionais de países estabelecessem tecnologias, metas e prazos para a implantação do desenvolvimento sustentável, foi um passo importante para a conservação ambiental. Proteger o meio ambiente não significa impedir o desenvolvimento. O que se faz necessário é promover o desenvolvimento em harmonia com o meio Curso Recuperação de Áreas Degradadas Centro Nacional de Educação a Distância – CENED (http://www.cenedcursos.com.br) 14 ambiente. Daí a idéia de “desenvolvimento sustentável”, que tomou corpo nas últimas décadas e norteia a ação dos órgãos públicos encarregados da defesa do meio ambiente, no mundo todo. Em São Paulo, o Conselho Estadual do Meio Ambiente (CONSEMA) é um importante instrumento para discutir e deliberar sobre as questões ambientais. Uma das tarefas cotidianas da Secretaria do Meio Ambiente é a condução do processo de licenciamento ambiental. É por isso que esta secretaria tem centenas de técnicos e uma empresa de tecnologia e saneamento ambiental (CETESB), com reconhecidos laboratórios, além de contar com a polícia ambiental, para fins de controle e fiscalização. A atual proposta da Secretaria do Meio Ambiente é o desenvolvimento de políticas públicas, procurando atender às necessidades de revisões nas normas e procedimentos adotados para o licenciamento de empreendimentos, nas suas diversas áreas de atuação. As Resoluções SMA 47, de 29/11/2003 e SMA 48 de 21/09/2004, que orienta reflorestamentos heterogêneos no estado de São Paulo e que relaciona as espécies ameaçadas em extinção no estado, respectivamente, são ações que podem exemplificar a participação dos institutos de pesquisa nos processos decisórios quanto às políticas públicas adotadas pela Secretaria do Meio Ambiente. A situação das áreas degradadas nas diferentes formações florestais é especialmente preocupante. Estudos estimam a existência de mais de hum milhão e trezentos mil hectares de áreas marginais a cursos d’água sem vegetação ciliar, só no estado de SÃO PAULO. Esta projeção, que ainda é fruto de uma avaliação preliminar, já indica a expressiva necessidade de recuperação. Apenas a recuperação das matas ciliares na faixa mínima exigida para Área de Preservação Permanente APP (30 mts.) implicaria na produção de mais de dois bilhões de mudas de espécies arbóreas nativas para plantio nestas áreas. Considerando que as matas ciliares são fundamentais para o equilíbrio ambiental, a sua recuperação pode trazer benefícios muito significativos sob vários aspectos. Em escala local e regional, as matas ciliares protegem a água e o solo, proporcionam abrigo e sustento para a fauna e funcionam como barreiras, reduzindo a propagação de pragas e doenças em culturas agrícolas. Curso Recuperação de Áreas Degradadas Centro Nacional de Educação a Distância – CENED (http://www.cenedcursos.com.br) 15 Também, em escala global, é possível afirmar que as florestas em crescimento fixam carbono, contribuindo para a redução dos gases do efeito estufa. Por esta razão, a formulação de um programa estadual de recuperação de matas ciliares foi assumida como tarefa prioritária pela Secretaria do Meio Ambiente. Neste contexto, está em andamento o “projeto de recuperação de matas ciliares” que foi elaborado a partir da constituição de um grupo de trabalho criado pela Resolução SMA 11, de 25/04/2002. Foram envolvidos em sua preparação vários técnicos e pesquisadores das diferentes unidades da Secretaria do Meio Ambiente e da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, além de outros atores sociais, contando com recursos do Global EnvironmentFacility – GEF, através do acordo de doação firmado entre o governo do estado de São Paulo e o Banco Mundial. O projeto teve como “linha de base” as pesquisas realizadas pelo Instituto de Botânica de São Paulo, através de projetos de políticas públicas, desenvolvidos com apoio da FAPESP. Contou-se inclusive com um referencial normativo adequado, a Resolução SMA 47/03 que, segundo os estudos, assegura que, para a escolha adequada das espécies para a recuperação de matas ciliares, sejam adotados critérios relacionados à ocorrência regional e à manutenção de níveis mínimos de diversidade entre as espécies arbóreas. Neste módulo verificamos as políticas existentes e um pequeno histórico sobre como ocorreu este processo de inserção da recuperação de áreas degradadas nas políticas públicas que beneficiem a qualidade ambiental de um sistema natural.
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