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MATERIAL DE ESTUDO DR. ROSSAL

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CPC - art. 119 a 138 - interven��o de terceiros.doc
O CPC “artigo por artigo” – Lei nº 13.105/2015
Prof. Francisco Rossal de Araújo
Desembargador Federal do Trabalho – TRT 4ª Região
Professor da UFRGS
TÍTULO III
DA INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
Comentário Geral.
Cássio Scarpinela - A nomeação a autoria foi eliminada. A possibilidade de correção da ilegitimidade passiva, a razão final deste antigo instituto, é aperfeiçoada no novo CPC, sendo disciplinada pelos artigos 338 e 339, sendo arguida em preliminar na contestação. O autor, diante da alegação do réu, poderá pleitear a substituição deste no polo passivo (art. 339, § 1º, CPC) ou seu prosseguimento em face deste e do indicado em litisconsórcio passivo (art. 339, § 2º).
São incluídas duas novas modalidades de intervenção de terceiros: incidente de desconsideração de personalidade jurídica (art 133 a 137)e amicus curiae.(art. 138).
A Oposição havia sido eliminada pelo projeto do Senado, foi reintroduzida nos artigos 682 a 686, entre os procedimentos especiais de jurisdição contenciosa.
Na Justiça do Trabalho, ainda permanece a questão especial de intervenção de terceiros com relação ao factum principis, prevista no art. 486, da CLT, onde o Estado seria o terceiro interveniente na condição de “chamamento à autoria” (sic).
CAPÍTULO I
DA ASSISTÊNCIA
Seção I
Disposições Comuns
Art. 119.  Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro juridicamente interessado em que a sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no processo para assisti-la.
Parágrafo único.  A assistência será admitida em qualquer procedimento e em todos os graus de jurisdição, recebendo o assistente o processo no estado em que se encontre.
Comentário 
HTJ – “Ocorre intervenção de terceiros quando alguém ingressa, como parte ou coadjuvante da parte, em processo pendente entre as partes.” 
Pode haver intervenção involuntária? Entende-se que não, pois a lei não pode obrigar que um terceiro ingresse no processo. Pode ocorrer, entretanto, que a parte tenha de citar terceiros para integrar a lide, pois, do contrário, o processo será trancado sem ela (ex. art 114, CPC).
Classificações: 
ad coadjuvandum – o terceiro é mais um (assistência, chamamento ao processo)
ad excludendum – o terceiro exclui a parte (oposição e antiga nomeação à autoria)
NN – Somente poderá intervir o terceiro que tiver interesse jurídico. Haverá interesse jurídico quando a relação jurídica da qual seja o terceiro titular seja reflexamente atingida pela sentença que vier a ser proferida. Interesse meramente econômico ou moral não permite assistência ou intervenção de terceiros.
Exemplos de interesse jurídico: a) do sublocatário em ações como renovatória de locação comercial ou ação de despejo; b) do funcionário público, em ação de indenização prposta contra a administração pública; c) de seguradora, na ação proposta contra segurado (art. 776, CC); 
Ingressa a qualquer tem, recebendo o processo no estado em que se encontre
Art. 120.  Não havendo impugnação no prazo de 15 (quinze) dias, o pedido do assistente será deferido, salvo se for caso de rejeição liminar.
Parágrafo único.  Se qualquer parte alegar que falta ao requerente interesse jurídico para intervir, o juiz decidirá o incidente, sem suspensão do processo.
Comentário 
Faz o pedido por simples petição. Se o Juiz não deferir, cabe Agravo de Instrumento, por ser decisão interlocutória (art. 203, § 2º e art. 1.015. IX, CPC). 
Faz o procedimento nos mesmos autos. Poderá facultar a produção de provas.
Na Justiça do Trabalho, a decisão é irrecorrível. Teria de lançar o protesto e renovar a questão em RO? Ou seria caso de Mandado de Segurança, por não ter recurso próprio?
Seção II
Da Assistência Simples
Art. 121.  O assistente simples atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que o assistido.
Parágrafo único.  Sendo revel ou, de qualquer outro modo, omisso o assistido, o assistente será considerado seu substituto processual.
Comentário 
O assistente simples tem os poderes e os ônus da parte assistida. Mas sua atividade processual é subordinada a do assistido, não podendo praticar atos contra a vontade do assistido. Ex.: Pode recorrer, se o assistido o fez, mas não pode recorrer, se o assistido não o fez ou desistiu do recurso.
Pode: a) arguir matéria de ordem pública; b) contestar a ação; c) alegar prescrição e decadência do autor, ainda que o réu não o tenha feito; d) arguir impedimento do juiz; e) arguir suspeição em relação a ele assistente; f) arguir inconstitucionalidade de ato normativo; g) praticar atos de andamento do processo; h) arguir falsidade de documento (art. 430, CPC); i) requerer e produzir provas em benefício da parte assistida; j) requerer diligências; k) participar ativamente de audiência de instrução e julgamento; l) interpor recursos, desde que o assistido não tenha renunciado ao direito de recorrer ou tenha desistido do recurso; m) interpor recurso adesivo; 
Não pode: a) desistir da ação; b) aditar a inicial ou contestação da parte assistida; c) propor pedido contraposto; d) modificar a causa de pedir; e) alterar o pedido; f) fazer pedido declaratório incidental; g) reconhecer juridicamente o pedido; h) renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação; i) transigir sobre o objeto litigioso; j) confessar; l) prestar depoimento pessoal; m) arguir incompetência, se o réu assistido não o fez no prazo de resposta.
No CPC de 73, o parágrafo único continha a expressão “gestor de negócios”. No atual, foi substituído pela expressão “substituto processual”. Na prática, se o assistido ingressa nos autos depois da revelia do assistido, sua intervenção elide os efeitos da revelia (art. 344, CPC).
Há jurisprudência no sentido de que o assistente pode recorrer, mesmo sem a anuência do assistido.
O assistente submete-se ao juízo por onde tramita a causa. Se a União intervier como assistente, desloca a competência para a Justiça Federal. 
Art. 122.  A assistência simples não obsta a que a parte principal reconheça a procedência do pedido, desista da ação, renuncie ao direito sobre o que se funda a ação ou transija sobre direitos controvertidos.
Comentário 
Ver artigo anterior
Art. 123.  Transitada em julgado a sentença no processo em que interveio o assistente, este não poderá, em processo posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar que:
I - pelo estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e pelos atos do assistido, foi impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença;
II - desconhecia a existência de alegações ou de provas das quais o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu.
Comentário 
Efeitos da sentença para o assistente simples. 
Seção III
Da Assistência Litisconsorcial
Art. 124.  Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente sempre que a sentença influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido.
Comentário 
NN – É uma espécie de litisconsórcio facultativo ulterior. Na prática, é quem poderia ter sido litisconsorte facultativo-unitário. 
Requisitos; a) processo pendente entre duas ou mais pessoas; b) o direito discutido em juízo deve dizer respeito ao assistente; c) possa o assistente ter sido litisconsorte facultativo da parte assistida desde o início do processo; d) haja relação jurídica entre o assistente e o adversário do assistido; e) a sentença deve influir diretamente ( e não por reflexo) nessa lide; f) ainda exista litispendência (não transitou em julgado).
Exemplos de assistência litisconsorcial: o coproprietário, na ação reivindicatória ajuizada por outro coproprietário; o usufrutuário, na ação reivindicatória movida pelo instituidor do usufruto; o coerdeiro, na ação que o executor do testamento
move a terceiro.
O assistente litisconsorcial é parte. Sua atividade não está subordinada ao assistido. Não precisa concordar com renúncia, confissão, transação, reconhecimento do pedido ou desistência do recurso efetuada pela parte a quem assiste. 
Não pode, porém, reconvir, alterar o pedido ou a causa de pedir, desistir da ação, renunciar ao direito ou reconhecer a procedência do pedido, porque estes atos seriam desprovidos de eficácia se a eles se opusesse o assistido. 
CAPÍTULO II
DA DENUNCIAÇÃO DA LIDE
Art. 125.  É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes:
I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam;
II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo.
§ 1o O direito regressivo será exercido por ação autônoma quando a denunciação da lide for indeferida, deixar de ser promovida ou não for permitida.
§ 2o Admite-se uma única denunciação sucessiva, promovida pelo denunciado, contra seu antecessor imediato na cadeia dominial ou quem seja responsável por indenizá-lo, não podendo o denunciado sucessivo promover nova denunciação, hipótese em que eventual direito de regresso será exercido por ação autônoma.
Comentário 
NN – A denunciação da lide é uma ação secundária, de natureza condenatória, ajuizada no curso de outra ação condenatória principal. São julgadas na mesma sentença (art. 129, CPC). São duas relações processuais, mas um só processo. Caso o denunciante venha a perder a demanda, o terceiro teria de indenizar. Há uma relação de eventualidade. 
Evicção – art. 1251, CC. Atenção: o art. 456, caput, do CC foi revogado pelo novo CPC (art. 1070). Isto traz como consequência prática, que a denunciação da lide não é mais obrigatória para que o adquirente possa exercer o direito à evicção. Os casos de evicção estão no art. 457, CC. 
Discute-se se tem natureza obrigatória, mas há exceções envolvendo a questão da competência. Ex. Justiça comum x Justiça Federal x Justiça do Trabalho. Em linhas gerais, o novo CPC não relaciona o exercício do direito processual, a denunciação da lide, com o direito material. Em princípio, mesmo não ocorrendo a denunciação da lide, o direito persiste, mas terá de ser exercido em ação própria. 
Denunciação per saltum – só se admite a denunciação do responsável direto. Do contrário a cadeia seria interminável. Isso se reforça com a revogação do art. 456 do CC.
O direito de regresso exige garantia própria, isto é, relação direta prevista em lei ou em contrato. A casuística na Justiça Comum é enorme (alienação fiduciária em garantia, seguros, aval, fiança, mandato, etc...). 
Não cabe denunciação na ação monitória, nas execuções fiscais (lei 6830/80), nas ações de reparação de dano a consumidor (art. 88, CDC), nas ações de despejo (Lei do inquilinato Lei nº 8.245) e no Juizado Especial (art. 10, LJE).
Cabe denunciação da lide: nas ações fundadas em direito pessoal; nas consignações em pagamento (ver a Justiça do Trabalho); nas ações possessórias; nas ações de divisão; nas ações discriminatórias; nas ações de usucapião; nas ações ex emptio e nos embargos de terceiro. 
Na Justiça do Trabalho existe a questão da denunciação da lide da seguradora em acidentes de trabalho e com relação a antigos empregadores (quando a questão é de concausa anterior, como na perda de capacidade auditiva, por exemplo), com alguma divergência na Jurisprudência. Em geral, não se admite a denunciação ( OJ 227, SDI-I, TST), mas isso não prejudica o direito de regresso. 
Art. 126.  A citação do denunciado será requerida na petição inicial, se o denunciante for autor, ou na contestação, se o denunciante for réu, devendo ser realizada na forma e nos prazos previstos no art. 131.
Comentário 
Momento do pedido de denunciação da lide. Aplica-se a pretensões condenatórias. 
Ampliação do prazo de 10 para 30 dias (art. 131, CPC).
Como se trata de possibilidade de contestar, não é compatível a denunciação da lide com a execução.
Também não é compatível com o processo cautelar, pois este não tem natureza condenatória, e não se aplicaria o direito de regresso. 
Não é compatível com as Ações Civis Públicas (art. 19, Lei nº 7347/85), não há denunciação da lide, porque a condenação dispensa a análise de culpa. O eventual direito de regresso não será discutido nos mesmo autos. 
Na Justiça do Trabalho a grande questão é a da competência. Em geral, as lides trabalhistas envolvem um empregado e um empregador (decorrente de um contrato bilateral, intuitu personae e sinalagmático) o que cria uma relação de indenizar de responsabilidade direta e afasta eventual direito do regresso contra terceiro. No caso da terceirização, o instituto próprio é o chamamento ao processo, apropriado para casos de responsabilidade solidária e, por analogia, a caso de responsabilidade subsidiária (Sum 331, TST). 
Com as novas competências da Justiça do trabalho, trazidas pela EC 45/04, é possível pensar em tese a denunciação da lide para ações envolvendo relações de trabalho em sentido lato, como, por exemplo, empreitada de lavor e subempreiteiros. Também ações de representantes comercias pessoas físicas com substabelecimento de poderes. Embora sejam de escassa ocorrência na prática, em tese são possíveis novos casos de denunciação da lide. Se isto ocorrer, o procedimento deverá observar o procedimento ordinário trabalhista, sendo alegado na defesa, deverá ser marcada nova audiência, com interregno mínimo de cinco dias (observando-se o prazo do art. 841 ?, da CLT) desimpedidos para a realização da nova audiência, onde será apresentada a defesa do denunciado. 
Art. 127.  Feita a denunciação pelo autor, o denunciado poderá assumir a posição de litisconsorte do denunciante e acrescentar novos argumentos à petição inicial, procedendo-se em seguida à citação do réu.
Comentário 
Trata-se de um discussão teórica antiga, sobre a posição do denunciado como litisconsorte ou como assistente simples. O novo CPC assume uma posição mais funcional, admitindo a possibilidade de escolha. A questão de fundo é a existência, ou não, de uma relação de direito material entre o autor e o denunciado (terceiro). Na realidade, a relação de direito material é entre o autor e o réu. A questão é saber quais poderes processuais passam para o denunciado, como por exemplo, aditar a petição inicial ou a defesa, o que seria vedado ao assistente. 
NN defende a posição de assistente simples. 
Art. 128.  Feita a denunciação pelo réu:
I - se o denunciado contestar o pedido formulado pelo autor, o processo prosseguirá tendo, na ação principal, em litisconsórcio, denunciante e denunciado;
II - se o denunciado for revel, o denunciante pode deixar de prosseguir com sua defesa, eventualmente oferecida, e abster-se de recorrer, restringindo sua atuação à ação regressiva;
III - se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor na ação principal, o denunciante poderá prosseguir com sua defesa ou, aderindo a tal reconhecimento, pedir apenas a procedência da ação de regresso.
Parágrafo único.  Procedente o pedido da ação principal, pode o autor, se for o caso, requerer o cumprimento da sentença também contra o denunciado, nos limites da condenação deste na ação regressiva.
Comentário 
Posição do denunciado na ação principal. Posição de assistente simples. O máximo que a lei deseja é que ele auxilie o réu, senão terá de indenizar na ação regressiva. Como ele é reu na ação secundária de denunciação, não pode retirar-se da lide. Por essa razão, quando o denunciado é revel, o denunciante pode abster-se de recorrer e restringir sua atuação à ação regressiva (inciso II) ou, se houver confissão do denunciado, o denunciante poderá prosseguir com sua defesa, ou, aderir a tal reconhecimento
e pedir apenas a procedência da ação de regresso (inciso III). 
Se ação for procedente, o autor pode pedir o cumprimento da sentença também contra o denunciado, nos limites da condenação deste na ação regressiva (parágrafo único)
O denunciado pode alegar a prescrição, mesmo que o denunciante seja revel.
Art. 129.  Se o denunciante for vencido na ação principal, o juiz passará ao julgamento da denunciação da lide.
Parágrafo único.  Se o denunciante for vencedor, a ação de denunciação não terá o seu pedido examinado, sem prejuízo da condenação do denunciante ao pagamento das verbas de sucumbência em favor do denunciado.
Comentário 
Na mesma sentença o juiz julga as duas lides. O julgamento é sucessivo. É devido o pagamento das verbas decorrentes da sucumbência. Este artigo é mais claro que o art. 76 do CPC/73, adaptando-se à posição do STJ sobre a matéria. 
A condenação do denunciante e do denunciado não é solidária. 
Com relação à seguradora, entretanto, o CDC tem preceito expresso de solidariedade legal (art. 265, CC e art 101, II) entre segurado e a seguradora. 
A sentença que julga procedente a denunciação da lide constitui título executivo judicial em favor do denunciante (art. 515, I, CPC). Estão incluídas as seguintes situações; a) indeferimento liminar da denunciação; b) julgamento liminar da improcedência da denunciação (p. ex. prescrição); c) exclusão de um dos denunciados do processo; d) homologação da desistência da denunciação.
Se o juiz julgar a denunciação em separado, antes do julgamento da ação principal, embora não seja o que recomenda o CPC, esta será uma decisão interlocutória e, portanto, será atacada por agravo (art. 1015, IX, CPC) 
CAPÍTULO III
DO CHAMAMENTO AO PROCESSO
Art. 130.  É admissível o chamamento ao processo, requerido pelo réu:
I - do afiançado, na ação em que o fiador for réu;
II - dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles;
III - dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da dívida comum.
Comentário 
O chamamento ao processo é faculdade do réu. Não havia antes do CPC de 73.
NN – É uma modalidade de ação condenatória, exercida pelo devedor solidário que, acionado sozinho para responder pela totalidade da dívida, pretende acertar, na ação secundária de chamamento, a responsabilidade dos demais codevedores solidários, na proporção de suas cotas. Tem natureza de ação condenatória. 
Há doutrina no sentido de que se trata de ampliação subjetiva passiva da relação processual.
A consequência prática da distinção é a de que, se adotada a primeira posição, o autor pode se insurgir contra o chamamento ao processo, pois ele não é obrigado a demandar contra quem não interessa. Isso porque o chamamento ao processo pode tumultuar o processo e fornecer maior números de meios de defesa aos devedores. 
Se houver solidariedade entre os devedores, nada impede que, depois, movam-se as respectivas ações de regresso. A base material da solidariedade é o art. 275, CC.
É possível nas ações de consumidores ( art. 101, II, CDC – Lei nº 8.078/90).
Nas locações de veículos – Súmula 492, STF – responsabilidade solidária entre o locatária e a empresa locadora de veículos, por acidente causado pelo locatário. 
Em situações excepcionais pode caber nas ações de tutela de urgência e evidência (posição controversa na doutrina).
Não cabe no processo de execução, pois seu objetivo é formar título executivo judicial contra os demais devedores (art. 132, CPC).
Não cabe na Reconvenção.
Não cabe nas ações cambiais (posição STF).
Não cabe em apelação. 
Não cabe na Ação Civil Pública, pelos mesmo motivos que não cabe a denunciação da lide (responsabilidade objetiva do réu). A doutrina é dividida, mas, mesmos os que admitem o chamamento ao processo nas ações civis públicas, concordam que, em alguns casos, isso faria com que o instituto perdesse sua eficácia, em face da natureza difusa dos direitos discutidos nessa ação. Há jurisprudência do STF não admitindo o chamamento ao processo da União em ações que pedem o fornecimento de medicamentos (min Luiz FUX AgRgRE 607381/2011).
Se o chamamento ao processo for julgado liminarmente, caberá Agravo (art. 1015, IX, CPC). Na Justiça do Trabalho, terá de ser lançado o protesto antipreclusivo e ser renovada a questão como preliminar de Recurso Ordinário. 
Na Justiça do Trabalho, a jurisprudência admite o chamamento ao processo (antigo art. 77, III, CPC/73), na hipótese de solidariedade dos devedores. Em face dos casos de terceirização (Súmula 331, TST) terem responsabilidade subsidiária, o cabimento do chamamento ao processo abrange a subsidiariedade, pois esta está contida na noção de solidariedade. Pelo mesmo motivo cabe nas subempreitadas e responsabilidade do dono da obra (art. 455, CLT e OJ 191, SDI-I, TST).
 
Art. 131.  A citação daqueles que devam figurar em litisconsórcio passivo será requerida pelo réu na contestação e deve ser promovida no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de ficar sem efeito o chamamento.
Parágrafo único.  Se o chamado residir em outra comarca, seção ou subseção judiciárias, ou em lugar incerto, o prazo será de 2 (dois) meses.
Comentário 
O requerimento do chamamento ao processo deve observar os requisitos dos artigos 320 e 321, CPC.
Em tese, pode chamamento sucessivo, contra outro devedor solidário. 
No CPC de 73, o chamamento ao processo suspensão do processo principal. Na atual sistemática, o processo não fica suspenso. O prazo de trinta dias refere-se à iniciativa do réu. Se o processo não andar nos trinta dias por culpa do cartório, não fica sem efeito o chamamento ao processo. 
Art. 132.  A sentença de procedência valerá como título executivo em favor do réu que satisfizer a dívida, a fim de que possa exigi-la, por inteiro, do devedor principal, ou, de cada um dos codevedores, a sua quota, na proporção que lhes tocar.
Comentário 
A sentença como título executivo judicial. 
CAPÍTULO IV
DO INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
Art. 133.  O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo.
§ 1o O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os pressupostos previstos em lei.
§ 2o Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da personalidade jurídica.
Comentário 
A personalidade jurídica. Questões metajurídicas. 
A personalidade jurídica não é uma realidade criada pelo Direito. É uma realidade da vida, com reflexos econômicos, que acaba sendo “convertida” em fenômeno jurídico. A divisão social do trabalho é uma característica dos grupos humanos. Para atingir mais facilmente os objetivos comuns dos grupos humanos, eles especificam e hierarquizam as funções dos indivíduos. Juntar esforços para atingir objetivos comuns é uma características de animais gregários, entre eles o ser humano. A família é um exemplo de divisão social do trabalho para atingir melhores níveis de sobrevivência e conforto material. Tribos, clãs e nações obedecem ao mesmo raciocínio visando a atingir objetivos comuns. Exércitos organizam-se pelo princípio de divisão social do trabalho. 
Isso ocorre com os objetivos econômicos. As primeiras empresa organizam-se em torno a grupos familiares (as protoempresas do direito romano e da Itália Renascentista). 
Mas são as empresas mercantilistas (as primeiras SAs) que vão jurisdicizar essas noções econômicas, pois elas trazem o caráter de permanência em abstrato, não obstante as viagens tenham terminado. Divide-se apenas o lucro e mantêm-se o investimento inicial para que sejam possíveis novas viagens. 
A regulação jurídica dessas companhias e, no final do século XIX, com o aparecimento das sociedades de responsabilidade limitada, cria uma série
de formalidades e responsabilidades mas, de outro lado, traz uma série de benefícios para os entes jurídicos. Entre os principais estão a isenção de certos impostos, o anonimato, o benefício de execução (executar primeiro os bens da sociedade e depois, se necessário, os bens dos sócios) e a limitação da responsabilidade com a consequente proteção do patrimônio particular. A doutrina do direito privado cria então a figura da pessoa jurídica que, como característica principal tem a autonomia patrimonial da pessoa jurídica em relação a seus sócios. 
Nas palavras de KELSEN, tanto a pessoa natural quanto a pessoa jurídica são entidade jurídicas que refletem a incidência de normas jurídicas sobre seu comportamento. A diferença está no fato de que, na pessoa natural, este impacto se dá na conduta do indivíduo considerado em si mesmo. Na pessoa jurídica, o impacto se dá na conduta de um grupo juridicamente considerado. A pessoa jurídica, para KELSEN, nada mais é do que a personificação de uma ordem que regula a conduta de vários indivíduos. É o ponto comum de interpretação para todos os atos humanos que são determinados por esta ordem. 
Existem várias teorias sobre a personalidade jurídica: teoria da ficção legal (SAVIGNY); teoria da equiparação (WIDSCHEID): teoria institucionalista (HAURIOU); teoria da realidade objetiva orgânica (GIERKE); teoria da realidade das instituições jurídicas.
Todas estas teorias são formas diferentes de ver o mesmo fenômeno. 
Esses benefícios só permanecem se a pessoa jurídica não for utilizada como instrumento de fraude ou se não for desviada de sua finalidade. Se isso ocorrer, incide a desconsideração da personalidade jurídica (disregard doctrine), que autoriza o Poder Judiciáriuo desconsiderar a autonomia patrimonial.
O problema das pessoas jurídicas é que, no fundo, ela é apenas o alter ego de seus controladores. Seus controladores podem leva-la a desvios de finalidade e confusão patrimonial. No direito privado brasileiro a teoria da desconsideração da personalidade jurídica aparece primeiro no CDC (art. 28), que tem uma redação mais ampla do que a redação do art. 50 do Código Civil. 
Para o CDC (art. 28), as hipóteses são : abuso de direito; excesso de poder; infração de lei, fato ou ato ilícito; falência; insolvência; violação dos estatutos ou do contrato social; má administração.
Para o CC (art. 50), as hipóteses são: desvio de finalidade e confusão patrimonial. 
Aplicando-se a teoria da desconsideração da personalidade jurídica, o patrimônio dos sócios é alcançado na reparação dos danos provocados pela sociedade, sem limitação e de forma solidária. Pelo CC, esta declaração deve ser feita a requerimento da parte ou do MP (art. 50) e deve determinadas em que medida os efeitos desta declaração devem afetar o patrimônio do sócio. 
Havia regulação no direito material, mas não havia a regulação no direito processual. A crítica era de que, muitas vezes, a declaração não respeitava o contraditório e a ampla defesa. 
O novo CPC também admite a desconsideração da personalidade jurídica inversa, ou seja, o sócio esvaziar completamente seu patrimônio e o integraliza na sociedade, que, no caso não é devedora, de3ixando seus credores sem acesso à garantia patrimonial (HTJ).
Na Justiça do Trabalho houve muita discussão com a antiga Súmula 205 do TST (cancelada em 2003), relativamente a grupos econômicos, mas que, de forma análoga, era utilizada com relação aos sócios e eventual pedido de desconsideração da personalidade jurídica. A Súmula exigia que o responsável solidário, integrante do grupo econômico, tivesse participado da relação processual na instrução para, posteriormente, poder ser executado. Em 2003 a Súmula foi cancelada e, por este motivo, abriu-se a possibilidade de se declarar incidentalmente a existência de grupo econômico (art. 2, § 2º, da CLT) na execução e, por analogia, também a desconsideração da personalidade jurídica. 
Em geral, os despachos na Justiça do Trabalho que autorizam a desconsideração da personalidade jurídica, dispensam maior fundamentação, satisfazendo-se com o indício de dissolução irregular ( “mudou-se sem deixar novo endereço”, “não mais funciona no local”). O novo procedimento, em princípio, é compatível com o Processo do trabalho, pois não há norma expressa sobre este tema e o CPC é subsidiariamente aplicável no caso de inexistência de previsão específica na CLT (art. 769, CLT). O problema a ser verificado na prática, é se o novo procedimento pode trazer ineficácia na constrição de bens, em face do retardamento de eventuais atos executórios de garantia, pois o prazo do CPC é de 15 dias (art. 135).
Art. 134.  O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial.
§ 1o A instauração do incidente será imediatamente comunicada ao distribuidor para as anotações devidas.
§ 2o Dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração da personalidade jurídica for requerida na petição inicial, hipótese em que será citado o sócio ou a pessoa jurídica.
§ 3o A instauração do incidente suspenderá o processo, salvo na hipótese do § 2o.
§ 4o O requerimento deve demonstrar o preenchimento dos pressupostos legais específicos para desconsideração da personalidade jurídica.
Comentário 
Uma das principais discussões sobre a desconsideração da personalidade jurídica era o momento e a forma de declaração. O novo CPC permite que seja declarada, de forma incidental, em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento da sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial. 
Pode ser requerida na inicial ou no curso do processo. 
Necessidade de comunicação ao distribuidor (§ 1º). Reflexos na CNDT?
Efeito de suspensão do processo. 
Necessidade de fundamentação.
Art. 135.  Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias.
Comentário 
Se o procedimento for cabível no Processo do Trabalho, resta analisar se o prazo seria de 15 dias (úteis) ou de 8 dias (prazo de recursos) ou de cinco dias (prazo geral quando não há prazo a ser definido).
Na Justiça do Trabalho, e se houver bem penhorado? Antes da declaração de desconsideração de personalidade jurídica, a medida cabível seria embargos de terceiro, pois ainda não foi formalmente incluído no processo. Do contrário, seria embargos à execução, pois a execução já se volta contra a pessoa do sócio na condição de parte no processo. Esta tem sido a posição da Jurisprudência trabalhista.
Art. 136.  Concluída a instrução, se necessária, o incidente será resolvido por decisão interlocutória.
Parágrafo único.  Se a decisão for proferida pelo relator, cabe agravo interno.
Comentário 
Na Justiça comum, o recurso próprio a incidente é o Agravo de Instrumento (art. 1.015, IV). Se for pelo relator, o recurso é Agravo interno.
Na Justiça do Trabalho não há recurso próprio, em face da hipótese restritiva do art. 987, b, da CLT. Teria que lançar o protesto antipreclusivo e renovar a questão no Recurso Ordinário, se for decisão da fase de instrução. Se for na fase de execução, teria de esperar a garantia do juízo para opor embargos à execução. 
Art. 137.  Acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a oneração de bens, havida em fraude de execução, será ineficaz em relação ao requerente.
Comentário 
Ineficácia de alienação ou oneração posterior. 
Esse artigo representa uma espécie de garantia para os autores da ação no que diz respeito à ineficácia da decisão por esvaziamento do patrimônio dos devedores/réus. A lei não fica o momento, mas em tese, a ineficácia se dá no momento da sentença? No momento do pedido? No momento da realização dos atos fraudulentos? 
Ver a cautelar genérica do art. 799, VIII,
CPC (na propositura da execução).
CAPÍTULO V
DO AMICUS CURIAE
Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação.
§ 1o A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência nem autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de declaração e a hipótese do § 3o.
§ 2o Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a intervenção, definir os poderes do amicus curiae.
§ 3o O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas.
Comentário 
O amicus curiae ou “amigo do tribunal” atua em causas de relevância social, repercussão geral ou caso o juiz necessite de apoio técnico. 
Pode ser pessoa natural ou jurídica.
Não é parte no processo. Não defende seu interesse direto. Seu interesse é institucional. É uma figura do direito norte-americano, onde ocorre por convenção das partes ou por determinação da corte. No Brasil, foi adotada a segunda hipótese.
A questão principal é qual é a natureza jurídica do amicus curiae. É uma intervenção de terceiro anômala ou um colaborador da corte para questões técnicas. Mas nem sempre é fácil identificar a isenção do amicus curiae. Em uma sociedade democrática, é natural que existam interesses distintos em questões relevantes e que vão firmar um determinado precedente judicial. Por isso, também na figura do amicus curiae deve haver o equilíbrio entre os intervenientes, de forma a garantir a pluralidade de opiniões. 
Um exemplo é o papel do amicus curiae no julgamento, no STF, do processo sobre a terceirização, cujo relator é o ministro Luiz Fux. 
Na Justiça do Trabalho há uma recente referência a este instituto na Lei nº 13.015/2014, nos casos de repercussão geral. 
O prazo para manifestação é de 15 dias.
Não há um momento processual específico. No STF (ADI 4071/DF), pode ocorrer até a liberação do processo, pelo relator, para inclusão em pauta. 
Não recebe honorários. 
Não se desloca a competência por razão de sua atuação. 
CPC - art. 139 a 187 - O Juiz e os auxiliares da justi�a.doc
O CPC “artigo por artigo” – Lei nº 13.105/2015
Prof. Francisco Rossal de Araújo
Desembargador Federal do Trabalho – TRT 4ª Região
Professor da UFRGS
TÍTULO IV
DO JUIZ E DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA
CAPÍTULO I
DOS PODERES, DOS DEVERES E DA RESPONSABILIDADE DO JUIZ
Comentário Geral
HTJ - O Poder Judiciário Brasileiro é subdividido em Judiciário Federal (Justiça Federal, Justiça Militar, Justiça Eleitoral e Justiça do Trabalho) e Judiciário Estadual (art. 92, CF). 
O CNJ (EC 45/04) não é órgão jurisdicional (ART. 103, CF). Trata de matéria administrativa e disciplinar.
A jurisdição extraordinária é desempenhada pelo STJ, TST (controle de legalidade e unificação de jurisprudência) e STF (matéria constitucional).
Os tribunais gozam de autonomia administrativa e financeira. São eles que elaboram suas propostas orçamentárias, dentro dos limites estipulados com os demais poderes na LDO (art. 99, CF). Também devem escolher seus dirigentes, organizar os serviços de suas secretarias e dos juízos a eles vinculados e prover os cargos de juiz de carreira e os necessários à administração da justiça ( art. 96).
Requisitos da atuação do Juiz; a) Jurisdicionalidade – investido do poder da Jurisdição; b) competência – dentro da fração de poder que a lei lhe designa; c) imparcialidade – posição de terceiro em relação às partes interessadas; d) independência – sem subordinação jurídica, vinculando-se exclusivamente ao ordenamento jurídico; e) processualidade – observância ao devido processo legal.
Garantias da magistratura (art. 95, CF)
 a) vitaliciedade – não podem perder o cargo senão por processo judicial; Ver artigos 25, 26 e 27da LOMAN (Lei Complementar 35/79)
b) inamovibilidade – não podem ser removidos compulsoriamente, a não ser por interesse público, reconhecido por voto da maioria do respectivo tribunal ou do CNJ (95, III e 93, VIII, CF); Ver artigos 30 e 31 da LOMAN.
c) irredutibilidade de subsídio ( art. 95, CF). Ver art. 32 da LOMAN.
Outras prerrogativas do magistrado, ver art 33, da LOMAN
Vedações
Exercício de outro cargo ou função, ainda que em disponibilidade, salvo uma de magistério (art. 95, I, CF);
Receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo (art. 95, II, CF);
Dedicar-se à atividade político-partidária (art. 95, III, CF);
Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei (art. 95, IV, CF);
Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração (art. 95, V, CF)
Outros deveres do magistrado, ver artigos 35 e 36 da LOMAN. Penalidades, ver artigos 40 a 48 da LOMAN. Responsabilidade civil do Magistrado, ver art. 49 da LOMAN.
Na Justiça do Trabalho, os deveres do juiz estão nos art. 653 a 659 da CLT.
Art. 139.  O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:
I - assegurar às partes igualdade de tratamento;
II - velar pela duração razoável do processo;
III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e indeferir postulações meramente protelatórias;
IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária;
V - promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliadores e mediadores judiciais;
VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito;
VII - exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário, força policial, além da segurança interna dos fóruns e tribunais;
VIII - determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inquiri-las sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso;
IX - determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios processuais;
X - quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar o Ministério Público, a Defensoria Pública e, na medida do possível, outros legitimados a que se referem o art. 5o da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985, e o art. 82 da Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, para, se for o caso, promover a propositura da ação coletiva respectiva.
Parágrafo único.  A dilação de prazos prevista no inciso VI somente pode ser determinada antes de encerrado o prazo regular.
Comentário
Direção do processo.
Fiscalizar e controlar a sequência dos atos procedimentais e a relação processual entre as partes. Sempre com base nas normas jurídicas. 
O tratamento isonômico pode ter modulações, pois o juiz deve observar certas normas especiais para litigantes hipossuficientes ou em situações especiais (idosos, curador especial, defensor dativo, consumidor, entre outros).
A duração razoável do processo (inciso II) tem assento constitucional (art. 5º, LXXVIII, CF).
Tem poderes de impor multas (má-fé) poderes de polícia (art. 78, CPC), como cassar a palavra e mandar riscar dos autos expressões injuriosas (inciso III). 
Tem poderes para a efetivação de decisões judiciais (inciso IV).
Deve propor a conciliação de
forma obrigatória (inciso V). Depois da resposta do réu, a qualquer tempo. Os conciliadores e mediadores ganharam disciplina expressa nos artigos 165 a 175 do CPC. 
Dilação dos prazos (inciso VI) somente se refere aos prazos dilatórios ou judiciais. Os prazos peremptórios não podem ser dilatados pelo juiz (art. 222, CPC). Os prazos peremptórios não podem ser dilatados, sob pena de insegurança jurídica. 
Com relação à alteração da ordem da oitiva de testemunhas (inciso VI) a previsão visa dar ao juiz maiores possibilidades de evitar ameaças ou possibilidades de suborno ou fraude. Trata-se de um poder de adequação ao caso concreto. Está dentro de um conceito mais amplo de flexibilidade de procedimento, como, por exemplo, o art 190, CPC, que permite às partes estipular o procedimento, em se tratando de direitos disponíveis.
O Poder de polícia (inciso VII) pode ser interno ou externo. Refere-se à segurança do serviço judiciário, para o exercício da atividade jurisdicional. Relaciona-se com o art. 360, do CPC, que é mais específico para a audiência.
O comparecimento das partes sem confissão (inciso VIII) está relacionado com o princípio da cooperação. Alguns cuidados devem ser tomados, como por exemplo, a não quebra do princípio isonômico e a não realização de procedimentos inúteis ou desnecessários.
O saneamento (inciso IX) é uma responsabilidade do juiz para não deixar que ocorram nulidades e zelar pelos pressupostos processuais. Relaciona-se com o art. 317 do CPC.
Diante de demandas repetitivas (inciso X) , deve oficiar ao MP, a Defensoria Pública e outros legitimados em matéria de direitos coletivos. Lembrar do veto à possibilidade de o próprio juiz converter em demanda coletiva. 
Art. 140.  O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico.
Parágrafo único.  O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.
Comentário
Relação com o art. 4º da LINDB. A lei segue sendo a fonte principal do ordenamento jurídico e, por consequência, a principal fonte do Direito Privado. As demais fontes são utilizadas apenas na falta de lei.
No Processo do Trabalho, ver art. 8º CLT.
Este artigo é muito interessante, pois conecta o sistema de direito material com o sistema processual, e mostra a importância da atuação conjunta e complementar de ambos. 
Para Aristóteles, equidade não é o legalmente justo, mas a correção da justiça legal. 
Também está relacionado com o dever de decidir atendendo aos fins sociais da lei, previsto no art. 6º do CPC e art. 5º da LINDB.
O tema tem muitas aberturas com temas polêmicos como o garantismo processual e o ativismo judicial, entre outros. No fundo, também se relaciona com a separação de poderes.
Na Justiça do Trabalho, o procedimento sumaríssimo apresenta uma norma peculiar, que aprece inverter essa ordem (art. 852-I, CLT).
Art. 141.  O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte.
Comentário
Fixação dos limites da lide. Princípio da congruência. Do que é pedido não se pode extrapolar. Deve haver correlação entre o que é pedido e a sentença.
Sentenças citra petita (aquém), extra petita (fora) ou ultra petita (além). A primeira, pode ser objeto de embargos de declaração. As duas últimas devem ser objeto de apelação.
As questões de interesse público devem ser decididas de ofício, independentemente de requerimento da parte. Com o sistema de cláusulas gerais no CC de 2002, a possibilidade de declaração de ofício cresceu muito, em especial pela redação do art. 166, CC.
Na Justiça do Trabalho há uma importante cláusula geral de nulidade, o art. 9º da CLT.
Art. 142.  Convencendo-se, pelas circunstâncias, de que autor e réu se serviram do processo para praticar ato simulado ou conseguir fim vedado por lei, o juiz proferirá decisão que impeça os objetivos das partes, aplicando, de ofício, as penalidades da litigância de má-fé.
Comentário
Colusão (art. 142, CPC) e Simulação (art. 167, CC).
A primeira é vício processual, como a lide simulada, por exemplo. A segunda, é nulidade de direito material (vício da vontade social).
A colusão é punida processualmente com a litigância de má-fé.
Art. 143.  O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos quando:
I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude;
II - recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício ou a requerimento da parte.
Parágrafo único.  As hipóteses previstas no inciso II somente serão verificadas depois que a parte requerer ao juiz que determine a providência e o requerimento não for apreciado no prazo de 10 (dez) dias.
Comentário
Necessidade de dolo ou fraude.
A responsabilidade do estado é objetiva (art. 37, § 6º, CF). Tem direito de regresso contra o magistrado por dolo ou fraude.
O CPC de 73 exigia prévia intimação. O novo CPC não traz expressa esta necessidade, o que dificulta saber quando começa a inconformidade da parte.
A sentença injusta, mas de boa-fé, não proporciona indenização.
CAPÍTULO II
DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO
Comentário geral
A Imparcialidade é garantia do estado Democrático de Direito e atributo necessário para que se possa julgar.
É um dos elementos do princípio do Juiz Natural (art. 5º, XXXVII e LIII, CF).
Não podem existir quaisquer dúvidas sobre os motivos de ordem pessoal que possam influir no ânimo do julgador. Não basta que o juiz alegue a imparcialidade na sua consciência. O CPC fixa causas objetivas de presunção absoluta (impedimentos) e de presunção relativa (suspeição) que impedem que o juiz atue em determinada causa. 
Aplicam-se os motivos legais de impedimentos e suspeições tanto a juízes singulares quanto a tribunais. São motivos interpretados em sentido estrito, não permitindo aplicação analógica ou interpretação extensiva, pois afetam o poder jurisdicional.
Aplicam-se aos procedimentos de jurisdição contenciosa e voluntária.
Na Justiça do Trabalho, há regra expressa sobre o tema: art. 801, CLT. Não se faz distinção entre impedimento e suspeição, referindo-se somente ao direito de recusar o Juiz. Os motivos para recusa são: Amizade íntima, inimizade pessoal, parentesco por consanguinidade ou afinidade até o terceiro grau e interesse particular na causa. 
O parágrafo único, acrescenta que “se o recusante houver praticado algum ato pelo qual haja consentido na pessoa do juiz, não mais poderá alegar a exceção de suspeição, salvo se sobrevindo novo motivo. A suspeição não será admitida se do processo constar que o recusante deixou de alega-la anteriormente, quando já a conhecia, ou que, depois de conhecida, aceitou o juiz recusado ou, finalmente, se procurou de propósito o motivo de que ela se originou”.
Art. 144.  Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo:
I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha;
II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão;
III - quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no processo;
VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes;
VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato
de prestação de serviços;
VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório;
IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado.
§ 1o Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quando o defensor público, o advogado ou o membro do Ministério Público já integrava o processo antes do início da atividade judicante do juiz.
§ 2o É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracterizar impedimento do juiz.
§ 3o O impedimento previsto no inciso III também se verifica no caso de mandato conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus quadros advogado que individualmente ostente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha diretamente no processo.
Comentário
Os casos de impedimento são objetivos. Não se indaga sobre a causa ou o motivo da atuação. Não há necessidade de poderes especiais para o advogado arguir o impedimento.
Atos proferidos por juiz impedido levam nulidade e podem ser atacados por ação rescisória (art. 966, II, CPC).
O juiz deve pronunciar o impedimento de ofício. Pode ser alegado o impedimento por petição simples (art. 146, CPC). Houve extinção do procedimento do CPC de 73, que tratava o caso como de exceção. Não há preclusão.
Há jurisprudência no sentido de que o juiz que apenas ordena a citação na primeira instância não está impedido de julgar a apelação. Se proferiu a decisão de saneamento, não pode julgar o processo em apelação.
Intervenção anterior (inciso I). Se fazia parte do MP, somente está impedido se participou de ato e exteriorizou sua opinião (em matéria penal, no mesmo sentido, Súmula 234, STJ).
Conhecimento em grau anterior de jurisdição (inciso II). Não se aplica se for no mesmo grau. Um juiz pode julgar causas semelhantes, desde que no mesmo grau. Também não se aplica este raciocínio para o cumprimento da sentença que julgou.
Este motivo não se aplica às ações anulatórias e ações rescisórias (art. 966, § 4º e art. 966, CPC) porque são ações autônomas de impugnação. Ver Súmula 252 do STF. Somente estará impedido para julgar a ação rescisória, se a ação rescindenda se baseou em impedimento do próprio juiz (art. 966, II, CPC). 
Parentesco com defensor público, advogado ou membro do MP (inciso III). Aplica-se a cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, na linha reta, até o terceiro grau.
Parentes consanguíneos: pais, avós, bisavós, trisavós, filhos, netos, bisnetos, trinetos. Inclui-se a adoção para esta finalidade (art. 1626, CC). Parentesco por consanguinidade em linha reta não sofre limitação de graus. Parentesco em linha reta por afinidade limita-se aos filhos e pais do cônjuge ou companheiro (art. 1595, § 1º, CC).
Os graus contam-se na forma do art. 1594 do CC.
Parentes afins: sogro, genro, nora, padrasto, madrasta, enteado.
Juiz como parte (inciso IV). No conceito de parte incluem-se os terceiros.
Juiz como sócio ou membro de pessoa jurídica em cargo de administração ou direção (inciso V). Ver art. 36 da LOMAN. Para associações e fundações, tem de ser membro da direção. Para sociedades, basta ser sócio.
Herdeiro presuntivo, donatário ou empregador (inciso VI). Era causa de suspeição e tornou-se causa de impedimento. Herdeiro pode ser necessário, legatário, testamentário ou beneficiário de encargo.
Relação de emprego com instituição de ensino (inciso VII). Novidade do CPC, motivada pela grande quantidade de juízes envolvidos com o magistério.
Cliente de escritório de advocacia de seu cônjuge ou parente (inciso VIII).
Quando mover ação contra a parte ou advogado (inciso X).
A manipulação dos motivos de impedimento leva à litigância de má-fé.
Sobre os ministros do STF e TSE, ver súmula 72 do STF. Não há impedimento.
Art. 145.  Há suspeição do juiz:
I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados;
II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar meios para atender às despesas do litígio;
III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive;
IV - interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes.
§ 1o Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessidade de declarar suas razões.
§ 2o Será ilegítima a alegação de suspeição quando:
I - houver sido provocada por quem a alega;
II - a parte que a alega houver praticado ato que signifique manifesta aceitação do arguido.
Comentário
A suspeição gera nulidade relativa do processo. Por essa razão, preclui. O prazo conta-se do art. 146 (15 dias do conhecimento do fato), o que pode ser bem complicado de aferir no caso concreto.
Sentença prolatada por juiz suspeito não impugnado é válida e não cabe ação rescisória. A suspeição não é pressuposto processual.
Partes e MP podem arguir a suspeição. O polo passivo é a pessoa do juiz.
Não é admitida a assistência em suspeição, pois a questão é restrita à parte.
Não é necessária procuração com poderes especiais para arguir a suspeição do juiz.
Amigo íntimo ou inimigo das partes ou de seu advogado (inciso I). São conceitos jurídicos indeterminados que devem ser demonstrados no processo. O Juiz pode declarar sua suspeição por motivo de foro íntimo, sem necessidade de expor suas razões (art. 145, § 1º, CPC). A antipatia não gera inimizade. Nem o fato do pai do juiz ser inimigo de um das partes e vice-versa.
Presentes ou aconselhamento (inciso II). Devem ter valor significativo. Doação tem carga patrimonial. Os conselhos devem ser dados de forma particular e direcionada. Não se confundem com esclarecimentos de dúvidas em meios de comunicação ou no exercício do magistério. Referir a questão de doações para o foro da comarca, com autorização do Tribunal.
Parte credora ou devedora (inciso III). O juiz não pode julgar a causa tendo interesse no pagamento de sua dívida. 
Interessado na causa (inciso IV). O interesse deve ser próprio e direto, que possa transformá-lo em verdadeira parte processual. Pode ser de natureza econômica ou jurídica em sentido estrito.
No fundo, a questão de interesse transforma este inciso em um conceito jurídico indeterminado, que deve ser demonstrado no caso concreto. Uma questão relacionada é o prejulgamento. Evidentemente que o juiz pode fazer considerações sobre o processo, principalmente quando ele não é novidade e já tem algum posicionamento na jurisprudência. Isso não o torna suspeito. Tampouco o juízo de opinião emitido na tutela de urgência ou de evidência, porque é da própria natureza da cognição sumária.
Também a questão das opiniões doutrinárias expressas em publicações, teses acadêmicas, livros de doutrina e de comentários à jurisprudência, palestras, conferências e entrevistas aos meios de comunicação não constituem motivo de suspeição, desde que formuladas em abstrato. Está dentro do espaço de cidadania do juiz.
Na suspeição por foro íntimo, o juiz não precisa declinar os motivos. 
Ação idêntica movida pelo próprio juiz é caso de suspeição por interesse.
Art. 146.  No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conhecimento do fato, a parte alegará o impedimento ou a suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do processo, na qual indicará o fundamento da recusa, podendo instruí-la com documentos em que se fundar a alegação e com rol de testemunhas.
§ 1o Se reconhecer o impedimento ou a suspeição ao receber a petição, o juiz ordenará imediatamente a remessa dos autos a seu substituto legal, caso contrário, determinará a autuação em apartado da petição e, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentará
suas razões, acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se houver, ordenando a remessa do incidente ao tribunal.
§ 2o Distribuído o incidente, o relator deverá declarar os seus efeitos, sendo que, se o incidente for recebido:
I - sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr;
II - com efeito suspensivo, o processo permanecerá suspenso até o julgamento do incidente.
§ 3o Enquanto não for declarado o efeito em que é recebido o incidente ou quando este for recebido com efeito suspensivo, a tutela de urgência será requerida ao substituto legal.
§ 4o Verificando que a alegação de impedimento ou de suspeição é improcedente, o tribunal rejeitá-la-á.
§ 5o Acolhida a alegação, tratando-se de impedimento ou de manifesta suspeição, o tribunal condenará o juiz nas custas e remeterá os autos ao seu substituto legal, podendo o juiz recorrer da decisão.
§ 6o Reconhecido o impedimento ou a suspeição, o tribunal fixará o momento a partir do qual o juiz não poderia ter atuado.
§ 7o O tribunal decretará a nulidade dos atos do juiz, se praticados quando já presente o motivo de impedimento ou de suspeição.
Comentário
Este é o caso de capacidade postulatória do juiz, que apresentar é suas razões. Quem julga o incidente é o tribunal, no caso de o juiz não acolher as razões de impedimento ou suspeição.
Na Justiça do Trabalho, o art. 801 da CLT disciplina a exceção de suspeição. Entretanto, no primeiro grau, guardava a sistemática de julgamento pelos demais membros da Junta, o que não existe mais desde a EC 28. Assim, a exceção deverá ser encaminhada à Corregedoria, que designará um juiz para instruir e julgar a exceção. No procedimento sumaríssimo, todas as exceções são julgadas de plano (art. 852 – G, CLT). Se o juiz recusar a exceção, a parte deverá lançar o protesto antipreclusivo para poder renovar as questões em Recurso Ordinário.
Art. 147.  Quando 2 (dois) ou mais juízes forem parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, o primeiro que conhecer do processo impede que o outro nele atue, caso em que o segundo se escusará, remetendo os autos ao seu substituto legal.
Comentário
Caso especial de impedimento nos tribunais
Art. 148.  Aplicam-se os motivos de impedimento e de suspeição:
I - ao membro do Ministério Público;
II - aos auxiliares da justiça;
III - aos demais sujeitos imparciais do processo.
§ 1o A parte interessada deverá arguir o impedimento ou a suspeição, em petição fundamentada e devidamente instruída, na primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos.
§ 2o O juiz mandará processar o incidente em separado e sem suspensão do processo, ouvindo o arguido no prazo de 15 (quinze) dias e facultando a produção de prova, quando necessária.
§ 3o Nos tribunais, a arguição a que se refere o § 1o será disciplinada pelo regimento interno.
§ 4o O disposto nos §§ 1o e 2o não se aplica à arguição de impedimento ou de suspeição de testemunha.
Comentário
Adota-se, no que couber, o mesmo procedimento adotado para o Juiz. Quem julga o incidente é o Juiz.
Não suspende o processo.
CAPÍTULO III
DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA
Art. 149.  São auxiliares da Justiça, além de outros cujas atribuições sejam determinadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão, o chefe de secretaria, o oficial de justiça, o perito, o depositário, o administrador, o intérprete, o tradutor, o mediador, o conciliador judicial, o partidor, o distribuidor, o contabilista e o regulador de avarias.
Comentário
Responsáveis pelo andamento das unidades judiciária e serviços auxiliares. 
Podem ser permanente ou eventuais.
Seção I
Do Escrivão, do Chefe de Secretaria e do Oficial de Justiça
Art. 150.  Em cada juízo haverá um ou mais ofícios de justiça, cujas atribuições serão determinadas pelas normas de organização judiciária.
Art. 151.  Em cada comarca, seção ou subseção judiciária haverá, no mínimo, tantos oficiais de justiça quantos sejam os juízos.
Art. 152.  Incumbe ao escrivão ou ao chefe de secretaria:
I - redigir, na forma legal, os ofícios, os mandados, as cartas precatórias e os demais atos que pertençam ao seu ofício;
II - efetivar as ordens judiciais, realizar citações e intimações, bem como praticar todos os demais atos que lhe forem atribuídos pelas normas de organização judiciária;
III - comparecer às audiências ou, não podendo fazê-lo, designar servidor para substituí-lo;
IV - manter sob sua guarda e responsabilidade os autos, não permitindo que saiam do cartório, exceto:
a) quando tenham de seguir à conclusão do juiz;
b) com vista a procurador, à Defensoria Pública, ao Ministério Público ou à Fazenda Pública;
c) quando devam ser remetidos ao contabilista ou ao partidor;
d) quando forem remetidos a outro juízo em razão da modificação da competência;
V - fornecer certidão de qualquer ato ou termo do processo, independentemente de despacho, observadas as disposições referentes ao segredo de justiça;
VI - praticar, de ofício, os atos meramente ordinatórios.
§ 1o  O juiz titular editará ato a fim de regulamentar a atribuição prevista no inciso VI.
§ 2o No impedimento do escrivão ou chefe de secretaria, o juiz convocará substituto e, não o havendo, nomeará pessoa idônea para o ato.
Comentário
Para a função de escrivão, exige-se curso superior completo, preferencialmente curso de Direito (Res. 58/08, CNJ).
O direito de certidão está na CF, art. 5º, XXXIV.
Atos de escrivão e oficial de justiça tem fé pública.
Na Justiça do Trabalho, os atos da Secretaria e do Chefe de Secretaria estão nos artigos 711 e 712 da CLT.
Art. 153.  O escrivão ou chefe de secretaria deverá obedecer à ordem cronológica de recebimento para publicação e efetivação dos pronunciamentos judiciais.
§ 1o A lista de processos recebidos deverá ser disponibilizada, de forma permanente, para consulta pública.
§ 2o Estão excluídos da regra do caput:
I - os atos urgentes, assim reconhecidos pelo juiz no pronunciamento judicial a ser efetivado;
II - as preferências legais.
§ 3o Após elaboração de lista própria, respeitar-se-ão a ordem cronológica de recebimento entre os atos urgentes e as preferências legais.
§ 4o A parte que se considerar preterida na ordem cronológica poderá reclamar, nos próprios autos, ao juiz do processo, que requisitará informações ao servidor, a serem prestadas no prazo de 2 (dois) dias.
§ 5o Constatada a preterição, o juiz determinará o imediato cumprimento do ato e a instauração de processo administrativo disciplinar contra o servidor.
Comentário
Ordem cronológica dos atos processuais. Não havia no CPC/73. Relaciona-se com o art. 12 do CPC. O art. 153 não menciona, mas se for seguida a forma do art. 12, a publicidade deve ser pela internet.
Art. 154.  Incumbe ao oficial de justiça:
I - fazer pessoalmente citações, prisões, penhoras, arrestos e demais diligências próprias do seu ofício, sempre que possível na presença de 2 (duas) testemunhas, certificando no mandado o ocorrido, com menção ao lugar, ao dia e à hora;
II - executar as ordens do juiz a que estiver subordinado;
III - entregar o mandado em cartório após seu cumprimento;
IV - auxiliar o juiz na manutenção da ordem;
V - efetuar avaliações, quando for o caso;
VI - certificar, em mandado, proposta de autocomposição apresentada por qualquer das partes, na ocasião de realização de ato de comunicação que lhe couber.
Parágrafo único.  Certificada a proposta de autocomposição prevista no inciso VI, o juiz ordenará a intimação da parte contrária para manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sem prejuízo do andamento regular do processo, entendendo-se o silêncio como recusa.
Comentário
O oficial de justiça cumpre os atos de comunicação e os atos de execução material, pelo meio de ordens
e mandados.
Tem fé pública.
Para o novo CPC foi acrescida a tarefa de certificar propostas de autocomposição.
Na Justiça do Trabalho, ver art. 721 da CLT.
Art. 155.  O escrivão, o chefe de secretaria e o oficial de justiça são responsáveis, civil e regressivamente, quando:
I - sem justo motivo, se recusarem a cumprir no prazo os atos impostos pela lei ou pelo juiz a que estão subordinados;
II - praticarem ato nulo com dolo ou culpa.
Comentário
Responsabilidade civil. Mais abrangente que a do Juiz. Dolo ou culpa.
Ver art. 37, § 6º (pretensão indenizatória em face do poder público) e art. 235 (instauração do processo) do CPC.
A ação é autônoma e corre em separado do processo em que houve a falta.
Seção II
Do Perito
Art. 156.  O juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico.
§ 1o Os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente habilitados e os órgãos técnicos ou científicos devidamente inscritos em cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado.
§ 2o Para formação do cadastro, os tribunais devem realizar consulta pública, por meio de divulgação na rede mundial de computadores ou em jornais de grande circulação, além de consulta direta a universidades, a conselhos de classe, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à Ordem dos Advogados do Brasil, para a indicação de profissionais ou de órgãos técnicos interessados.
§ 3o Os tribunais realizarão avaliações e reavaliações periódicas para manutenção do cadastro, considerando a formação profissional, a atualização do conhecimento e a experiência dos peritos interessados.
§ 4o Para verificação de eventual impedimento ou motivo de suspeição, nos termos dos arts. 148 e 467, o órgão técnico ou científico nomeado para realização da perícia informará ao juiz os nomes e os dados de qualificação dos profissionais que participarão da atividade.
§ 5o Na localidade onde não houver inscrito no cadastro disponibilizado pelo tribunal, a nomeação do perito é de livre escolha pelo juiz e deverá recair sobre profissional ou órgão técnico ou científico comprovadamente detentor do conhecimento necessário à realização da perícia.
Comentário
O perito detém conhecimento técnico de outra área. É um auxiliar eventual do juiz.
Para perícias médicas, deve ter inclusão no CRM.
Para perícia contábil, deve ser Contador. Não pode ser técnico em contabilidade. 
A lei não diz expressamente que precisa de curso superior. Deixa em aberto para casos em que o juiz não disponha de profissional qualificado. Exige, porém, comprovação do conhecimento técnico.
Avaliação de bens imóveis não é privativa de engenheiro, podendo ser realizada por corretor de imóveis.
O juiz tem liberdade na escolha do perito. A prova pericial não é absoluta. Permite o contraditório e, inclusive, prova pericial em sentido contrário.
Cadastro mantido pelo tribunal.
Na Justiça do Trabalho, o art. 195 da CLT determina que as perícias de insalubridade e periculosidade devam ser realizadas por Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho.
Art. 157.  O perito tem o dever de cumprir o ofício no prazo que lhe designar o juiz, empregando toda sua diligência, podendo escusar-se do encargo alegando motivo legítimo.
§ 1o A escusa será apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação, da suspeição ou do impedimento supervenientes, sob pena de renúncia ao direito a alegá-la.
§ 2o Será organizada lista de peritos na vara ou na secretaria, com disponibilização dos documentos exigidos para habilitação à consulta de interessados, para que a nomeação seja distribuída de modo equitativo, observadas a capacidade técnica e a área de conhecimento.
Comentário
Escusa e motivo legítimo.
Art. 158. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas responderá pelos prejuízos que causar à parte e ficará inabilitado para atuar em outras perícias no prazo de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, independentemente das demais sanções previstas em lei, devendo o juiz comunicar o fato ao respectivo órgão de classe para adoção das medidas que entender cabíveis.
Comentário
Responsabilidade por dolo ou culpa, inabilitação de dois a cinco anos. O assistente técnico não se enquadra nesta penalidade. Está dispensado de prestar compromisso (art. 466, CPC).
Crime de falsa perícia (art. 342, CP).
A penalidade é fixada pelo juiz, na sentença. Se transitar em julgado a penalidade e o profissional fizer outra perícia, incorre na pena do art. 359, CP.
Seção III
Do Depositário e do Administrador
Art. 159.  A guarda e a conservação de bens penhorados, arrestados, sequestrados ou arrecadados serão confiadas a depositário ou a administrador, não dispondo a lei de outro modo.
Art. 160.  Por seu trabalho o depositário ou o administrador perceberá remuneração que o juiz fixará levando em conta a situação dos bens, ao tempo do serviço e às dificuldades de sua execução.
Parágrafo único.  O juiz poderá nomear um ou mais prepostos por indicação do depositário ou do administrador.
Art. 161.  O depositário ou o administrador responde pelos prejuízos que, por dolo ou culpa, causar à parte, perdendo a remuneração que lhe foi arbitrada, mas tem o direito a haver o que legitimamente despendeu no exercício do encargo.
Parágrafo único.  O depositário infiel responde civilmente pelos prejuízos causados, sem prejuízo de sua responsabilidade penal e da imposição de sanção por ato atentatório à dignidade da justiça.
Comentário
Administrador é o depositário com poderes de gestão da coisa.
O encargo de depositário ou de administrador tem remuneração ficada pelo juiz.
A ligação dos prepostos é com o depositário. Não são auxiliares do juiz.
Responde por dolo ou culpa.
A prisão do depositário infiel não é mais possível, por ser inconstitucional (STF, SV 25 e Súmula 419 do STJ).
Seção IV
Do Intérprete e do Tradutor
Art. 162.  O juiz nomeará intérprete ou tradutor quando necessário para:
I - traduzir documento redigido em língua estrangeira;
II - verter para o português as declarações das partes e das testemunhas que não conhecerem o idioma nacional;
III - realizar a interpretação simultânea dos depoimentos das partes e testemunhas com deficiência auditiva que se comuniquem por meio da Língua Brasileira de Sinais, ou equivalente, quando assim for solicitado.
Art. 163.  Não pode ser intérprete ou tradutor quem:
I - não tiver a livre administração de seus bens;
II - for arrolado como testemunha ou atuar como perito no processo;
III - estiver inabilitado para o exercício da profissão por sentença penal condenatória, enquanto durarem seus efeitos.
Art. 164.  O intérprete ou tradutor, oficial ou não, é obrigado a desempenhar seu ofício, aplicando-se-lhe o disposto nos arts. 157 e 158.
Comentário
É o profissional que auxilia na compreensão. Tem função análoga a dos peritos.
Documentos de procedência estrangeira devem ser registrados no cartório de títulos e documentos, acompanhados das respectivas traduções, para produzirem efeitos junto às repartições públicas ou em qualquer instância, tribunal ou perante terceiros (LRP, art. 129 e 148).
As traduções são protegidas como direito autoral (LDA, art. 7º, XI).
A regulamentação da profissão de tradutor público está no Decreto nº 13609/43 e 20256/45.
Seção V
Dos Conciliadores e Mediadores Judiciais
Art. 165.  Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição.
§ 1o A composição e a organização dos centros serão definidas pelo respectivo tribunal, observadas as normas do Conselho Nacional de Justiça.
§
2o O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem.
§ 3o O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos.
Comentário
O novo CPC alçou os conciliadores à estatura de auxiliares da Justiça.
A Transação está no art. 840, CC. Era causa de extinção de obrigações e, no CC/2002 foi levada para uma forma de solução de demandas judiciais. Implica concessões mútuas em litígios de caráter privado de direitos patrimoniais. É interpretada restritivamente (art. 843, CC).
Resolução 125/10 do CNJ sobre conciliação. Normas sobre administração de justiça.
Na Justiça do Trabalho vigora o princípio da conciliação judicial (art. 764, CLT).
Art. 166.  A conciliação e a mediação são informadas pelos princípios da independência, da imparcialidade, da autonomia da vontade, da confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da decisão informada.
§ 1o A confidencialidade estende-se a todas as informações produzidas no curso do procedimento, cujo teor não poderá ser utilizado para fim diverso daquele previsto por expressa deliberação das partes.
§ 2o Em razão do dever de sigilo, inerente às suas funções, o conciliador e o mediador, assim como os membros de suas equipes, não poderão divulgar ou depor acerca de fatos ou elementos oriundos da conciliação ou da mediação.
§ 3o Admite-se a aplicação de técnicas negociais, com o objetivo de proporcionar ambiente favorável à autocomposição.
§ 4o A mediação e a conciliação serão regidas conforme a livre autonomia dos interessados, inclusive no que diz respeito à definição das regras procedimentais.
Comentário
Princípios da conciliação. Razões éticas.
Ver Resolução 125/10 do CNJ.
Art. 167.  Os conciliadores, os mediadores e as câmaras privadas de conciliação e mediação serão inscritos em cadastro nacional e em cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal, que manterá registro de profissionais habilitados, com indicação de sua área profissional.
§ 1o Preenchendo o requisito da capacitação mínima, por meio de curso realizado por entidade credenciada, conforme parâmetro curricular definido pelo Conselho Nacional de Justiça em conjunto com o Ministério da Justiça, o conciliador ou o mediador, com o respectivo certificado, poderá requerer sua inscrição no cadastro nacional e no cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal.
§ 2o Efetivado o registro, que poderá ser precedido de concurso público, o tribunal remeterá ao diretor do foro da comarca, seção ou subseção judiciária onde atuará o conciliador ou o mediador os dados necessários para que seu nome passe a constar da respectiva lista, a ser observada na distribuição alternada e aleatória, respeitado o princípio da igualdade dentro da mesma área de atuação profissional.
§ 3o Do credenciamento das câmaras e do cadastro de conciliadores e mediadores constarão todos os dados relevantes para a sua atuação, tais como o número de processos de que participou, o sucesso ou insucesso da atividade, a matéria sobre a qual versou a controvérsia, bem como outros dados que o tribunal julgar relevantes.
§ 4o Os dados colhidos na forma do § 3o serão classificados sistematicamente pelo tribunal, que os publicará, ao menos anualmente, para conhecimento da população e para fins estatísticos e de avaliação da conciliação, da mediação, das câmaras privadas de conciliação e de mediação, dos conciliadores e dos mediadores.
§ 5o Os conciliadores e mediadores judiciais cadastrados na forma do caput, se advogados, estarão impedidos de exercer a advocacia nos juízos em que desempenhem suas funções.
§ 6o O tribunal poderá optar pela criação de quadro próprio de conciliadores e mediadores, a ser preenchido por concurso público de provas e títulos, observadas as disposições deste Capítulo.
Comentário
Norma programática.
Para ser conciliador, não precisa ser bacharel em direito. Terá de fazer curso a ser regulamentado pelo CNJ/Ministério da Justiça. Se for advogado, não poderá exercer a advocacia no Juízo onde atua.
Poderão ser concursados.
Art. 168.  As partes podem escolher, de comum acordo, o conciliador, o mediador ou a câmara privada de conciliação e de mediação.
§ 1o O conciliador ou mediador escolhido pelas partes poderá ou não estar cadastrado no tribunal.
§ 2o Inexistindo acordo quanto à escolha do mediador ou conciliador, haverá distribuição entre aqueles cadastrados no registro do tribunal, observada a respectiva formação.
§ 3o Sempre que recomendável, haverá a designação de mais de um mediador ou conciliador.
Comentário
Ver lei de Arbitragem, art. 13 e 14, sobre os critérios de escolha.
As artes podem optar por conciliador que não esteja cadastrado.
Art. 169.  Ressalvada a hipótese do art. 167, § 6o, o conciliador e o mediador receberão pelo seu trabalho remuneração prevista em tabela fixada pelo tribunal, conforme parâmetros estabelecidos pelo Conselho Nacional de Justiça.
§ 1o A mediação e a conciliação podem ser realizadas como trabalho voluntário, observada a legislação pertinente e a regulamentação do tribunal.
§ 2o Os tribunais determinarão o percentual de audiências não remuneradas que deverão ser suportadas pelas câmaras privadas de conciliação e mediação, com o fim de atender aos processos em que deferida gratuidade da justiça, como contrapartida de seu credenciamento.
Comentário
Remuneração dos conciliadores e mediadores.
Art. 170.  No caso de impedimento, o conciliador ou mediador o comunicará imediatamente, de preferência por meio eletrônico, e devolverá os autos ao juiz do processo ou ao coordenador do centro judiciário de solução de conflitos, devendo este realizar nova distribuição.
Parágrafo único.  Se a causa de impedimento for apurada quando já iniciado o procedimento, a atividade será interrompida, lavrando-se ata com relatório do ocorrido e solicitação de distribuição para novo conciliador ou mediador.
Art. 171.  No caso de impossibilidade temporária do exercício da função, o conciliador ou mediador informará o fato ao centro, preferencialmente por meio eletrônico, para que, durante o período em que perdurar a impossibilidade, não haja novas distribuições
Art. 172.  O conciliador e o mediador ficam impedidos, pelo prazo de 1 (um) ano, contado do término da última audiência em que atuaram, de assessorar, representar ou patrocinar qualquer das partes.
Art. 173.  Será excluído do cadastro de conciliadores e mediadores aquele que:
I - agir com dolo ou culpa na condução da conciliação ou da mediação sob sua responsabilidade ou violar qualquer dos deveres decorrentes do art. 166, §§ 1o e 2o;
II - atuar em procedimento de mediação ou conciliação, apesar de impedido ou suspeito.
§ 1o Os casos previstos neste artigo serão apurados em processo administrativo.
§ 2o O juiz do processo ou o juiz coordenador do centro de conciliação e mediação, se houver, verificando atuação inadequada do mediador ou conciliador, poderá afastá-lo de suas atividades por até 180 (cento e oitenta) dias, por decisão fundamentada, informando o fato imediatamente ao tribunal para instauração do respectivo processo administrativo.
Comentário
Casos de impedimento e suspeição.
Impossibilidade temporária. 
Código de ética, ver Resolução 125/CNJ.
Art. 174.  A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarão câmaras de mediação e conciliação, com atribuições relacionadas à solução consensual de conflitos no âmbito administrativo,

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