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Anotações de Direito Tributário I

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1 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
Anotações de Direito Tributário I 
Baseado em Curso ministrado em 2011.2 
Por Daniela de Andrade Borges 
Sobre a professora: 
• Ensina a matéria desde 2004. 
• Diz que nunca deixou de cumprir um programa de matéria todo. Ela 
gosta de seguir à risca o plano de curso. 
• E-mail: Daniela@andradeborges.com.br 
Bibliografia: 
• Sasha Calmon – Curso de Direito Tributário [Melhor livro] 
• Sasha Calmon e Aguiomar Baleeiro – Direito Tributário Brasileiro e 
Limitações Constitucionais ao poder de tributar. [São as obras mais 
profundas] 
• José Eduardo Soares de Mello 
• Paulo de Barros Carvalho [é muito bom também + trabalha muito com 
teoria da linguagem] 
• Luciano Amaro [é mais simples mas não chega a ser superficial] 
• Hugo de Brito Machado [é mais simples mas não chega a ser superficial] 
• Alfredo Augusto Beker [é um clássico, mas a atualização não é tão boa] 
• Bernardo Ribeiro de Moraes 
• Johnson -> Livro de professor da UFBA, é bom mas é um livro específico 
(sobre interpretação econômica). 
• Harada -> É melhor em financeiro do que em tributário 
• GERALDO ATALIBA – “Hipótese de Incidência Tributária” [é pequeno: tem 
umas 100 pag. Mas vale muito a pena ler] 
• Não é recomendado a leitura de “Sinopses”, somente são viáveis em caso 
de revisão. 
Avaliações: 
Serão 2 Provas DISCURSIVAS de aplicação da teoria em casos práticos, SEM 
CONSULTA AO CÓDIGO! 
1º Prova: 14/10 -> 2º Chamada: 21/10 
2º Prova: 09/12 -> 2º Chamada: 09/12 
 
 
 
2 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
Lógica Tributária: 
Para o estudioso de direito tributário fundamentar os seus argumentos ele deve 
seguir uma concatenação lógica das informações, que basicamente são: 
1. Identificar se é tributo ou não. Não sendo tributo, nada do que estudaremos 
aqui é válido. 
2. Se tratando de tributo, deve-se identificar qual é a espécie de tributo. 
3. Identificar se o Ente Federativo que o instituiu tinha competência para tal. Se 
ele não tinha competência para instituir tal tributo, o próprio tributo é 
inconstitucional. Se o fez com competência para tal se parte para o próximo 
passo. 
4. Identificar se o tributo respeita os princípios constitucionais de limitação ao 
poder de tributar. Não respeitando, o tributo é inconstitucional. Respeitando, 
passa-se ao próximo passo. 
5. Analisar se o tributo é legal segundo seus dispositivos normativos específicos. 
Ou seja, o que as leis e o que a Constituição fala a respeito desse tributo 
específico e visualizar se o tributo está seguindo tais pressupostos de 
aplicação. 
 
O que nós estudaremos de mais importante na disciplina é justamente o 
conteúdo teórico necessário para se conseguir ir avançando nesses passos da lógica tributária. 
Estudaremos o conceito de tributo, as espécies tributárias, as competências de tributar, os 
 
3 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
princípios constitucionais ao limite de tributar, as normas gerais a respeito das espécies 
tributárias etc. O que se estuda em Tributário II é muito mais o que se sabe a respeito de cada 
tributo em específico vigente no país. Então, note que para se estudar Tributário II é 
extremamente fundamental que se tenha domínio do conteúdo de Tributário I. 
Conteúdo: 
1. Atividade Financeira do Estado 
1.1. Necessidades (Individuais, Coletivas, Públicas) 
2. Tributo na Atividade Financeira do Estado 
3. Funções do Tributo 
3.1. Fiscalidade 
3.2. Extrafiscalidade 
3.3. Parafiscalidade 
Atividade Financeira do Estado 
A Atividade Financeira do Estado é a obtenção e aplicação de recursos financeiros. 
É uma atividade essencialmente instrumental e a sua importância é fundamental. 
 
O Tributo é uma das fontes de obtenção de receita. Cabe ressaltar que é a mais 
significante delas, pois é a de principal volume. 
Mas, por que cobrar tributos? 
Há três tipos de necessidades: 
Individuais, Coletivas e Públicas. 
As necessidades individuais são 
aquelas que são de interesse de um único 
indivíduo e ele, por si só, é capaz de satisfazê-
las. Ex.: necessidade de higiene. 
As necessidades coletivas são 
aquelas que são de interesse de mais de um indivíduo mas que não chegam a ser interesse de 
toda a sociedade. Ex.: construção de uma praça em um bairro específico (o morador do outro 
lado do município pode não estar “nem aí” pra construção dessa praça, mas ela é de interesse 
coletivo dos membros do bairro). 
As necessidades públicas são as que, por serem de interesse público, de todos, o 
Estado tomou para si a satisfação delas. Ex.: Educação Pública. 
A sociedade deve buscar meios de satisfação de suas próprias necessidades. Os 
homens têm necessidades individuais mas busca o coletivo para melhor satisfazê-las. Em 
Necessidades
Individuais
Coletivas
Públicas
 
4 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
sociedades menos complexas o homem pagava a fim da realização das necessidades coletivas 
com seu próprio trabalho. Isso não é viável em sociedades mais complexas, então a 
arrecadação passou a vir em pecúnia (dinheiro), com o objetivo de melhor viabilizar as 
atividades do Estado. O tributo está inserido no contexto de garantir o saneamento das 
necessidades. 
O tributo na Atividade Financeira do Estado 
O tributo é uma das formas de obtenção de receita. É só uma delas, não é a única. 
O Estado também pode obter receita, por exemplo, das suas empresas públicas; dos royalties 
de recursos naturais etc. 
Só que o tributo não é qualquer forma de obtenção de receita: é a PRINCIPAL 
FORMA DE OBTENÇÃO DE RECEITA nos Estados Modernos. Então o tributo tem um papel 
ímpar nos Estados Modernos, pois, sem ele, o Estado fica sem recursos suficientes para 
realizar sua atividade financeira. Inclusive, da forma em que muitos Estados são conduzidos, 
sem o tributo o Estado pode até entrar em colapso financeiro. 
Funções do Tributo 
Esse tópico é de EXTREMA IMPORTÂNCIA para que possa se nortear o 
conhecimento de toda a disciplina daqui pra frente. 
NA SUA ORIGEM O TRIBUTO TEM 
FUNÇÃO FISCAL!!! 
Falar em função de fiscalidade é falar que 
ele é meio de obtenção de dinheiro, é falar que o 
tributo é uma das formas de obtenção de receita para 
se conduzir as atividades estatais. É essa a função da 
maior parte dos tributos: FISCAL. Ele é criado e 
majorado a fim de se obter receita ao Erário e assim viabilizar a atividade financeira do Estado. 
Mas não é só a função fiscal que os tributos sem exceção exercem. Alguns tributos 
exercem também uma função Extrafiscal ou até Parafiscal. 
Na Função Extrafiscal a função do tributo está para além da arrecadação. A 
principal função não é se arrecadar, e sim estimular um determinado comportamento no 
contribuinte. 
Ex.: ITR (Imposto Territorial Rural): esse imposto aumenta em terras improdutivas. 
Note que a função do imposto aqui ao ser majorado é exercer uma função de desestímulo à 
manutenção de fazendas e plantações improdutivas, que fiquem lá paradas. Quando se fala 
que um tributo tem “Função extrafical” ao invés de se dizer que ele tem “Função Fiscal” é 
porque a sua função mesmo é outra, ou seja, o objetivo predominante do tributo é o estímulo 
ou desestímulo de certas condutas e não necessariamente a obtenção de receita. Mas há 
determinados impostos que a função não fica 100% delimitada. No IPI (Imposto sobre Produto 
Funções dos 
Tributos
Fiscal
Extrafiscal
Parafiscal
 
5 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
Industrializado), por exemplo, se busca arrecadar receita. Mas, é um imposto que incide com 
alíquota muito maior ao cigarro, por exemplo (parase desestimular o consumo). 
Há Função Parafiscal quando se envolve a possibilidade do tributo ser delegado a 
uma outra entidade que não o Estado. Parafiscalidade quer dizer que quem cria o tributo é o 
Estado, mas quem arrecada e fiscaliza não é o Estado. Aqui a arrecadação é destinada ao 
custeio de atividades paraestatais (como de fundações, por exemplo). Um caso é a atividade 
desenvolvida pelo SESC, SESI, SENAI, SEBRAE etc. 
SOBRE O DIREITO TRIBUTÁRIO 
1. Direito Tributário 
a. Conceito 
b. Objeto 
c. Relação com outras áreas 
Direito Tributário são as normas que regulam os tributos e seus 
desdobramentos. A ciência do Direito Tributário, por sua vez, é a ciência que estuda essas 
normas que regulam os tributos e seus desdobramentos. Por isso, deve-se tomar cuidado 
pois ao falar “Direito Tributário” pode estar se referindo ao próprio ordenamento tributário 
ou à ciência que o estuda. 
Conceito de Tributo 
Basicamente de modo material pode-se dizer que tributo é uma forma de 
obtenção de receita pública. Há várias formas de se obter receita pública, e, o tributo é só 
uma delas, apesar de ser a forma mais importante. Tanto que gerou um ramo do direito 
próprio, com normas próprias. Ao 
tributo só se aplicam as normas de 
Direito Tributário. 
Entretanto, há um 
conceito no ordenamento jurídico a 
respeito do tributo. Na realidade há 
dois conceitos de tributo: o 
conceito implícito na CF/88 e o 
explícito no Art. 3º do CTN (Código 
Tributário Nacional – L.5.172/66). 
O conceito implícito na CF/88, quando trata da disciplina financeira e tributária, 
onde das disposições constitucionais se consegue subentender uma idéia de tributo. 
Mas, há um conceito claro e expresso no CTN: 
Art. 3º Tributo é toda prestação¹ pecuniária² compulsória³, em moeda 
ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção4 de ato ilícito, 
instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente 
vinculada. 
2 Conceitos 
de Tributo
Implícito na 
Constituição Federal
Explícito no Art. 3º 
do CTN
 
6 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
Para ser tributo ele deve ter todos esses elementos marcados, além de um quinto: 
Sujeito Ativo5. 
 
 
Prestação 
 
Quer dizer que é uma RELAÇÃO JURÍDICA DE NATUREZA OBRIGACIONAL: há 
alguém obrigado a pagar o tributo. Quase sempre em um pólo há o Credor, que é 
o Estado, e, no outro pólo o devedor, que é o contribuinte. 
Quando o contribuinte morre e não há herdeiro disponível, e o Estado tinha o 
direito ao tributo, se recolhe o dinheiro mas não é tributo, porque o tributo está 
inserido numa relação obrigacional, e a relação obrigacional cessa com a morte. 
 
Pecuniária 
 
As obrigações podem ser de fazer, não fazer, de dar coisa certa, dar coisa incerta. 
A expressão “pecuniária” adjetivando a “prestação” no texto da lei quer dizer 
que não basta dizer que é uma prestação, e sim que é uma PRESTAÇÃO 
PECUNIÁRIA; ou seja, se quer dizer que o tributo é sempre uma relação 
obrigacional DE PAGAR QUANTIA EM DINHEIRO. 
 
 
 
O art. 3º do CTN ainda diz “em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir”. 
Unanimemente a doutrina pensa que é SÓ DINHEIRO (não pode ser cobrado o 
 
7 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
bem IN NATURA ou IN LABORE). O pagamento IN NATURA é o pago diretamente 
com o bem: “Ex.: 10 sacas de café”. Por outro lado, se for cobrado o valor de 10 
sacas de café é dinheiro portanto é aceito. 
Por outro lado, também não pode se aceitar o pagamento do tributo através de 
serviço eleitoral, militar, etc. Pois aí seria pagá-lo IN LABORE (através de 
trabalho). 
Obs.: vale ressaltar que uma minoria doutrinária acredita que seria sim possível 
pagar o tributo in labore, mas, esse não é o entendimento dominante. 
Esmagadoramente se pensa que só se pode pagar com dinheiro mesmo. 
 
 Art. 156. Extinguem o crédito tributário: 
 I - o pagamento; 
 II - a compensação; 
 III - a transação; 
 IV - remissão; 
 V - a prescrição e a decadência; 
 VI - a conversão de depósito em renda; 
 VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos 
termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º; 
 VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º 
do artigo 164; 
 IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a 
definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação 
anulatória; 
 X - a decisão judicial passada em julgado. 
 XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições 
estabelecidas em lei. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) 
O texto do inciso XI levou a várias confusões, por pensar que pelo fato da 
extinção do crédito poder vir através de dação em pagamento de bens se estaria 
tendo uma situação onde o imposto funcionava in natura. Vale ressaltar que A 
OBRIGAÇÃO de pagar imposto (Prestação) pode ser extinta de várias formas, 
citadas no artigo, inclusive com a dação. Mas, ela, para estar dentro do conceito 
de tributo deve NASCER COM A OBRIGAÇÃO DE PAGAMENTO EM DINHEIRO. O 
Tributo aí não surgiu já determinado que seria pago com a dação. A situação é 
aceita na forma e condições estabelecidas em lei. 
O elemento “pecuniário” do tributo quer dizer que ele deve NASCER como uma 
prestação a ser paga em dinheiro, mas, para ser EXTINTO, pode até ser de outra 
maneira (inclusive in natura). 
 
8 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
 
 
Compulsória 
 
O tributo é uma receita derivada, pois o Estado exerce sua soberania ao cobrá-lo. 
Ou seja, para ser tributo a obrigação não deve depender da vontade do 
contribuinte, ela é imposta, e, como se não bastasse ser imposta, ela deve, 
necessariamente, ser uma obrigação pecuniária IMPOSTA PELO ESTADO. É 
diferente de uma taxa de condomínio, por exemplo, que é uma prestação 
pecuniária compulsória, mas não é imposta pelo Estado (logo, taxa de 
condomínio não é tributo). 
 
Que não constitui sanção 
de ato ilícito 
 
Da Teoria do Direito nós sabemos: 
 
Se A deve ser B 
 
Na relação tributária A é ato lícito e B o tributo. 
Ex.: Se você tem carro (A), deve pagar IPVA (B –> Tributo). 
 
A deve ser sempre um ato lícito pois o ato que gera conseqüência de pagar 
tributo não pode ser ilícito, deve ser sempre um ato lícito. Não faz o mínimo 
sentido o Estado tributar condutas contrárias ao Direito, seria o mesmo que 
condescender aos ilícitos. 
 
Desse modo o tributo não pode ser nunca uma sanção por um ato ilícito, para 
esse caso específico geralmente se aplica MULTA, não tributo. 
 
Nem a multa do não-pagamento do próprio tributo é um tributo, pois é ilícito 
não pagar o tributo, e, por isso, é sanção de ato ilícito. 
 
Sujeito Ativo 
 
O dinheiro deve ir ao Estado ou a seus fins, pois ele é o SUJEITO ATIVO da 
relação. 
 
No CTN há todos os elementos, exceto o sujeito ativo, que é o ESTADO. Ou seja, a 
lei se faz incompleta, pois é necessário se delimitar ainda esse elemento, caso 
contrário não se abrange todos os casos. 
 
Por exemplo, ALIMENTOS (pensão alimentícia) é prestação pecuniária, 
compulsória, que não é sanção de ato ilícito. Seria Alimentos então tributo? Não, 
pois falta o último elemento: O sujeito ativo, que é o Estado. Nos alimentos a 
arrecadação vai a um particular, por isso não é tributo. 
 
Esse é o elemento mais polêmico e controvertido. Pois, há situações onde há 
pessoas jurídicas de direito privado arrecadando e gerenciando o tributo. 
Ex.: no D.Trabalho há uma previsão onde o pagamento de 1 dia do trabalho do 
mês de março do trabalho é revertido para o sindicato(é o que se ganha de 
salário em março dividido por 31). Esse valor é tributo? 
Há quem diga que é tributo (pelafinalidade pública de cobrá-lo) e há quem diga 
que não é tributo (por ser fruto de relação privado-privado/Trabalhador-
sindicato. 
 
9 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
No caso das anualidades da OAB e CREA, por serem entidades sui generis se 
entende que essas anualidades são tributo. Mas, é diferente da relação dos 
outros sindicatos. Então, esse é um ponto bastante polêmico e não há consenso. 
Mas, via-de-regra, o tributo é fruto de uma prestação onde o SUJEITO ATIVO 
(credor) é o ESTADO. 
Mas há quem defenda que o sujeito ativo só pode ser pessoa jurídica de direito 
público (ou seja, pode ser um ente que não o Estado diretamente, desde que seja 
um ente de direito público). Fazem isso muito baseado no art. 7º do CTN: 
 
Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição 
das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar 
leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria 
tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a 
outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição. 
[...] 
 
 
Quando o CTN diz “cobrada mediante atividade administrativa plenamente 
vinculada” se quer dizer que não há discricionariedade da administração. A cobrança é 
plenamente vinculada à lei. Mas, isso não é um elemento do conceito de tributo, e sim uma 
conseqüência dos seus elementos. 
Isso é muito importante pois, se o tributo for cobrado com discricionariedade, 
ele permanece sendo tributo, mas é ILEGAL e INCONSTITUCIONAL. Ex.: se o tributo for 
cobrado com uma alíquota majorada diferente da prevista em lei, esse tributo não deixa de ser 
tributo (pois o “plenamente vinculada” não é elemento, e sim conseqüência), apenas passa a 
ser um tributo contrário ao ordenamento. 
Outro ex.: se a Prefeitura disser que o Fiscal pode dizer o valor da alíquota do 
tributo de IPTU no caso concreto; tem-se aí um tributo, porém contrário à lei e à constituição. 
Deve-se sempre olhar todos os elementos. 
A taxa, por exemplo, é tributo. Mas, as pessoas vulgarmente falam TAXA DE 
CONDOMÍNIO quando é cobrado um valor para se usufruir de algo do condomínio, como do 
salão de festas, p.ex. Mas, isso, apesar de vulgarmente chamado de TAXA, NÃO É TRIBUTO 
(pois falta o elemento SUJEITO ATIVO: o Estado). Deve-se prender aos elementos, e não ao 
nome das coisas, pois, ainda que se tenha o nome “TAXA” pode não ser tributo. 
Agora que já tratamos do conceito de tributo, vale ressaltar que em TODO tributo 
estão presentes todos esses elementos, faltando um ou mais deles não é tributo e não incide 
todos os institutos que estudaremos em Direito Tributário. Assim, é fundamental se 
compreender o que é tributo e o que não é, pois, se isso não ficar claro poderá estar tentando 
aplicar os institutos jurídicos errados na situação, pois não irá incidir Direito Tributário ali. 
 
 
 
10 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS 
Esse assunto é um assunto-chave para tudo o que irá se estudar em Direito 
Tributário daqui para frente, pois, a depender da espécie tributária os institutos para aplicação 
do Direito Tributário podem variar. 
Nós estudaremos aqui primeiro como se identifica cada espécie, e, depois, em 
outra situação detalharemos cada uma delas, estudando-as individualmente. 
Toda vez que o Estado presta uma ação estatal específica relativa a um 
contribuinte específico é viável que se cobre somente desse contribuinte um tributo em 
virtude da ação (que é onerosa), senão todos acabariam pagando pelo serviço que só um 
contribuinte requisitou. 
Mas, há também determinadas atuações que são gerais e necessárias, e que não 
são a um específico contribuinte (saúde pública, por exemplo). Nesse caso, como se irá cobrá-
las? Irá se pegar o valor necessário para se realizá-las e dividir pelo número populacional, 
cobrando uma quantia igual a cada um? Não. O Estado não adota essa lógica, ele divide os 
valores distribuindo-os PROPORCIONALMENTE de acordo com a capacidade contributiva de 
cada um. 
Note que o raciocínio da lógica das duas situações descritas são totalmente 
diferentes entre si, e, por isso se demanda institutos próprios a cada uma delas. 
O raciocínio que deve ser feito para se identificar a espécie é o seguinte: 
QUAL O FATO QUE LEVA O CONTRIBUINTE A PAGAR O 
TRIBUTO? 
O fato que o leva a pagar (chamado pelo D.Tributário de FATO GERADOR) é um 
fato só desse contribuinte por ter requisitado uma ação onerosa estatal que só incide em um 
interesse próprio? Ou tem a ver com uma atuação estatal que incide a todos e não é vinculada 
a nenhum contribuinte em específico? 
 
 
11 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
A depender do fato gerador ser ou não vinculado a uma atuação estatal 
específica relativa ao contribuinte a espécie de tributo irá variar. 
Há concepções distintas: Bipartida (clássica, com 2 espécies), Tripartite (adotada 
pelo CTN), ou Pentapartite (adotada pela CF/88) 
Da equação de natureza deôntica sabemos: 
SE “A” DEVE SER “B” 
O “A” é o que a teoria do direito chamou de “Suporte Fático”, ou seja, é a 
ação/conduta/situação/etc. que gera a obrigação de “B”. No Direito Tributário deu-se um 
outro nome para “A”, que é “FATO GERADOR”, que gera a obrigação de pagar o tributo. Então 
no D.Tributário, se ficaria assim: 
SE “FATO GERADOR” DEVE SER “TRIBUTO” 
Ex.: Se “POSSUI CARRO” deve “PAGAR IPVA” 
Não se pode confundir o conceito de Fato gerador com o de Receita e de Causa de 
Instituição. 
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O Fato Gerador é o fato da realidade que faz necessária a obrigação de se pagar 
tributo. Já a Receita é o dinheiro que vai ao Erário. E, a Causa de Instituição, por sua vez, é o 
porquê do tributo ter sido criado. 
Assim, ao se falar em “Fato gerador” do tributo não se pode pensar que está se 
falando do fato que gera a criação do tributo (causa de instituição) nem que o fato gerador do 
tributo é o dinheiro (receita). 
Possuir carro, p.ex., é o fato gerador que gera a obrigação de pagar tributo. A 
lógica deve ser essa. Aí então deve-se olhar se esse fato gerador é vinculado ou não a uma 
atuação estatal específica relativa ao contribuinte para se chegar às espécies de tributo. No 
caso do carro, por exemplo, é o simples fato de ter carro que gera a obrigação de pagar 
tributo, e isso claramente não é vinculado a uma atuação estatal específica. Num exemplo de 
caso vinculado tem-se o tributo de LICENCIAMENTO de carro. O objetivo do licenciamento é 
ressarcer os cofres públicos pela atuação da fiscalização. Então, o licenciamento é cobrado 
pelo fato do carro poder ser fiscalizado, logo o fato gerador é a fiscalização de seu carro (note 
como é um caso vinculado a uma atuação estatal específica ao contribuinte: quem não tiver 
carro não vai ter fiscalização, e, portanto, não pagará esse tributo. 
 
12 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
 
 
Note-se que, até então, há três espécies de tributo: as TAXAS (quando o fato 
gerador é vinculado a uma atuação estatal específica oriunda do exercício de poder de polícia 
ou da prestação de um serviço público), as CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA (quanto o fato 
gerador é vinculado a uma obra pública do qual decorra valorização imobiliária) e os 
IMPOSTOS (cobrada quando o fato gerador é não-vinculado a uma atuação estatal específica). 
Então, para se identificar o tributo segue-se passos, e, pode-se construir um 
fluxograma a respeito: 
 
13 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
 
 Art. 4º CTN A natureza jurídica específica do tributo é 
determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes 
para qualificá-la:I - a denominação e demais características formais adotadas 
pela lei; 
 II - a destinação legal do produto da sua arrecadação. 
A natureza do tributo, portanto, é dada em virtude do FATO GERADOR, e, pouco 
importa o nome do Tributo (inciso I) ou para onde a receita do tributo irá (inciso II). Ainda que, 
hipoteticamente, um tributo seja chamado de “TVAM -> Taxa de Veículo Automotor”, cobrado 
a todo mundo que tem carro em virtude de tê-lo. Mesmo ele sendo chamado de taxa, sua 
espécie tributária é IMPOSTO, pois o fato gerador é não-vinculado a uma atuação estatal 
específica: é cobrado só por ter um carro. Não devemos nos prender ao nome nem para onde 
o tributo vai, e sim ao fato gerador, segundo o fluxograma apresentado. 
 
14 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
Art. 5º CTN Os tributos são impostos, taxas e contribuições de 
melhoria. 
O CTN adotou, no seu art. 5º, a escola tripartite.Na escola bipartite só há 2 
espécies tributárias: TAXA (quando o fato gerador é vinculado) e IMPOSTO (quando não é 
vinculado). Então, a Contribuição de Melhoria é uma adoção do CTN. A Constituição adota 
uma teoria pentapartite (com 5 espécies), mas, isso não é nosso objeto de estudo agora. 
Nota: a contribuição de melhoria é cobrada porque às vezes as reformas 
localizadas em certo local só valorizam os imóveis da região. O particular tem um ganho 
patrimonial em virtude da obra pública realizada, e, por isso, é justo se cobrar dele uma 
contribuição de melhoria. A fim de que o ganho patrimonial de um não venha a advir das 
custas de todos os contribuintes, inclusive dos não beneficiados. Nesse caso o fato gerador é 
vinculado pois o fato que faz pagar não é só do contribuinte, ele é vinculado a uma atuação 
estatal específica (a realização de obra pública), que valorizou o imóvel do particular. 
Como já demonstramos, o CTN no seu art. 5º traz três espécies tributárias, se 
filiando à escola tripartite. Mas, cabe notar que o CTN é uma lei anterior à CF/88 e que foi 
recepcionada pelo ordenamento jurídico pós-ditatorial. A CF traz algumas inovações em 
matéria tributária. 
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
poderão instituir os seguintes tributos: 
 I - impostos; 
 II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela 
utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, 
prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; 
 III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. 
Note que aqui a CF/88 recepcionou as espécies tributárias do CTN (no art. 5º), 
então, hoje, no direito brasileiro, tudo o que foi dito continuou valendo a partir da CF/88. A 
questão toda foi que a CF não usou somente essas espécies tributárias, vez que ela trouxe 
outras nos arts. 148 e 149. 
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir 
empréstimos compulsórios: 
 I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes 
de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; 
 II - no caso de investimento público de caráter urgente e de 
relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b". 
 Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de 
empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua 
instituição. 
 
15 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições 
sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias 
profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas 
respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem 
prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude 
o dispositivo. 
Espécies 
Tributárias
CTN Art. 5º
e CF/88 
Art. 145
CF/88 arts. 
148 e 149
Taxas
Impostos
Contribuições 
de Melhoria
Empréstimos 
Compulsórios
Contribuições 
Sociais
 
Então, note que a CF traz duas novas espécies tributárias. A priori, a doutrina 
tentou enquadrá-las ou como taxa ou como imposto, e, muitos ainda defendem que só são 3 
espécies. Eles vêm analisar o fato gerador dos empréstimos compulsórios e contribuições de 
melhoria não enquanto espécies próprias. Mas, outra parte da doutrina veio defender que 
essas duas espécies fossem espécies autônomas. O STF abraçou esse último entendimento, e, 
hoje em dia, portanto, há 3 espécies tributárias criadas pelo CTN e 2 criadas pela CF, 
totalizando 5 espécies: “ Taxas, Contribuições de Melhoria, Impostos, Empréstimos 
Compulsórios e Contribuições Sociais “. 
A primeira classificação dizia que a espécie tributária era definida a partir do fato 
gerador. E nós já dissemos que: 
���� ������� ≠ 	�
���� ≠ ��
�� �� ������
�çã� 
Com base nisso inclusive que há o princípio da Não-Vinculação de Receita no 
Direito Financeiro. A regra ao direito financeiro é que a receita arrecadada vá para a Conta 
Única do Tesouro. Então, a regra para receita de taxas e contribuições de melhoria é que elas 
não sejam vinculadas. Impostos também não podem ter receita vinculada (porque a lógica dos 
impostos é que eles sejam justamente uma espécie para recolhimento de receita para 
despesas gerais). A lógica é que não haja vinculação, mas isso não quer dizer que haja vedação 
de vinculação constitucional de receita para todos os casos. 
 
16 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
Mas, para a identificação das espécies, na escola tripartite, pouco importa essas 
questões. O que interessa é o fato gerador. Mas, veio a CF/88 e trouxe nos seus arts. 148 e 149 
espécies novas, e, inclusive disse nos seus institutos que a receita dessas espécies DEVE SER 
VINCULADA à sua causa de instituição! E não só isso, no empréstimo compulsório a CF ainda 
usou esse nome: “empréstimo compulsório”. Então, o que se entende com esse nome é que o 
Constituinte quis dizer que essa receita é colhida compulsoriamente (independentemente da 
vontade), mas, que ela tem que ser devolvida. 
Mas, como se pode dizer que um tributo que tem que ser devolvido depois e que 
tem a receita vinculada é igual a um outro que não tem que ser devolvido e que não tem a 
receita vinculada? A partir daí que se passou a defender que há uma nova espécie. 
Note que é diferente, é uma outra espécie, e inclusive a CF não fala nada do Fato 
Gerador dessa espécie. Só fala da Causa de Instituição (que seria a Guerra, a Calamidade 
Pública etc.). O critério é outro. 
Hoje em dia a doutrina diz que se trabalhar apenas com o Fato Gerador acaba 
tornando o estudo insuficiente; e, defendem que deve-se trabalhar agora também com a 
causa de instituição e com a receita na construção das espécies tributárias. E, a partir dessa 
consideração é possível se analisar as duas novas espécies tributárias que a CF/88 trouxe. 
Contribuições Especiais (Art. 149 da CF) 
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições 
sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias 
profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas 
respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem 
prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude 
o dispositivo. 
Note que não é, para a análise das contribuições especiais o Fato Gerador 
significativamente relevante. Aqui o importante é a CAUSA DE INSTITUIÇÃO. 
Esses também são tributos criados à finalidades específicas e vinculados às suas 
atividades. Aí, pensou-se nas contribuições especiais, p.ex., para serem criadas à finalidadesespecíficas; para esses serem realmente vinculados à questões específicas. 
Note que na contribuição especial o próprio tributo é um instrumento de atuação 
nas áreas a que ele se destina. 
Então, no paradigma da CF/88, agora, para se analisar as espécies tributárias 
deve-se olhar: 
1. Esse é um tributo finalístico? Aí, deve-se olhar se a finalidade do tributo é 
um dos previstos na CF. Se for é fácil; mas, se não, deve-se olhar o Fato 
Gerador. Se ele for finalístico (mas, se não tiver no rol, deve-se analisar 
segundo o fato gerador – nos pressupostos que já estudamos). 
Tudo bem até aí, mas vem o ADCT no art. 76 e traz o seguinte texto: 
 
17 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
Art. 76. É desvinculado de órgão, fundo ou despesa, até 31 de 
dezembro de 2011, 20% (vinte por cento) da arrecadação da União de impostos, 
contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico, já instituídos ou que 
vierem a ser criados até a referida data, seus adicionais e respectivos acréscimos 
legais. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 56, de 2007) 
Segundo a Professora isso é uma obscenidade. Pois se permite desvincular 20% da 
receita recolhida das contribuições sociais. 
As contribuições especiais (contribuições ‘sui generis’ ou “contribuições 
parafiscais”) se subdividem em outros tipos; mas, geralmente se supre os “especiais” e ficam 
os subtipos: “Contribuições Sociais” ou “Contribuições de intervenção no domínio econômico”. 
Se a contribuição social não é para saúde, previdência ou assistência ela é a 
Contribuição Social Lato Sensu. Já as contribuições para a seguridade social estão no art. 195 
da CF. 
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de 
forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos 
orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das 
seguintes contribuições sociais: [...] 
Nota: As contribuições sociais, e, sobretudo as da seguridade social que oneram 
tanto o contribuinte no Estado brasileiro. Elas são importantíssimas na prática tributária. 
Empréstimos Compulsórios 
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir 
empréstimos compulsórios: 
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de 
calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; 
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante 
interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b". 
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de 
empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua 
instituição. 
Também são tributos previstos pela CF que não são previstos no CTN. Eles 
também são finalísticos e têm a sua receita plenamente vinculada à sua causa de instituição. 
Eles possuem a característica especial de serem uma espécie de “empréstimo”, ou seja, eles 
devem depois serem devolvidos ao contribuinte. São apenas uma espécie de “empréstimo” 
que o Estado pega em situações de emergência para sanar situações caóticas e que após tudo 
deve ressarcer ao constituinte o valor tomado. 
Ou seja, nós temos no ordenamento jurídico brasileiro cinco espécies tributárias: 
Taxas, Contribuições de Melhoria, Impostos, Contribuições Especiais, Empréstimos 
Compulsórios. 
 
18 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
 
 
Estudaremos agora qual a competência de tributar cada um desses impostos, 
para, depois estudar detalhadamente as características específicas de cada uma das cinco 
espécies. 
Competências Tributárias 
1. Introdução 
 
19 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
a. Competência Tributária 
b. Federalismo 
c. Repartição de competências tributárias no federalismo brasileiro: 
cláusula pétrea? 
d. A CF/88 não cria nenhum tributo, apenas outorga competência aos 
entes federativos para criá-los. 
2. Características da repartição de competências na CF/88. 
a. Indelegabilidade: art. 7º CTN 
b. Facultatividade 
c. Incaducabilidade 
d. Inalterabilidade 
I. Competência Enumerada 
a. Municípios: art. 136, CF 
b. Estados: art. 155 
c. DF: art. 155, c/c 147 e 156, CF 
d. União: art. 153, CF 
II. Competência Residual: União – art. 154, I, CF 
III. Competência Extraordinária: União – art. 154, II, CF 
3. Empréstimos Compulsórios 
a. Competência Exclusiva da União, art. 149, CF 
i. Normas específicas sobre contribuições 
• Para Seguridade Social 
a. Art. 195, CF 
b. Art. 195, §4º, CF 
• Contribuições recepcionadas pela CF/88 em 
dispositivos esparsos 
Exceções à Exclusividade da União 
a. Contribuição previdenciária do servidor público: art. 149, §1º, CF 
i. Estados 
ii. DF 
iii. Municípios 
b. Contribuição para o custeio da iluminação pública: art. 149-A, CF 
i. Municípios 
ii. DF 
Nós estamos dentro do Estado Democrático de Direito, e, dentro desse Estado a 
competência de tributar deve estar na CF. Não é uma pessoa sozinha que define o Tributo. 
Todo o fundamento, todo o amparo dos tributos deve estar na Constituição. Não é o 
município, nem o Estado que chega e diz que chegará e criará um tributo. TODO O PODER DE 
TRIBUTAR DEVE ESTAR NA CONSTITUIÇÃO. 
Ao se falar de competência tributária está se falando justamente desse poder. 
Está se falando de todas essas atribuições que vão envolver essa possibilidade de 
criar/alterar/extinguir tudo relacionado ao tributo em si. Na verdade a competência 
 
20 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
tributária também se diz respeito às funções, porque, se você dá a alguém o poder de legislar 
algo, você também o dá o poder de alterar ou extinguir. Então, a competência é esse feixe de 
possibilidades. 
Se nós estivéssemos em um Estado Unitário só haveria uma única esfera de poder 
que exerceria o poder de tributar; mas, nós estamos em uma federação, então, estudaremos a 
repartição dessas competências dentre os entes federativos. 
Então, deve-se partir do pressuposto que Estamos em um ESTADO FEDERADO 
DEMOCRÁTICO DE DIREITO. 
Então, se estamos numa Federação, como bem sabemos os entes possuem 
autonomia. E essa autonomia também é irradiada na esfera tributária e causa várias 
conseqüências na esfera financeira e tributária. A autonomia em geral, como bem sabemos, 
tem o lado de que os entes possuem AUTONOMIA FINANCEIRA. E, essa autonomia é limitada 
nos termos da CF/88. Note que é fundamental o texto Constitucional, que regula essa 
autonomia. 
No mundo capitalista qualquer atuação depende de dinheiro, e, um só ente 
controlar todo esse dinheiro prejudicaria a autonomia do federalismo, porque, por exemplo, 
de que adiantaria o município ter a competência no solo urbano se ele sempre dependesse de 
repasse de verbas da União ou do Estado? Essa autonomia não funcionaria direito, pois, essas 
verbas poderiam ser negadas como instrumento de barganha (“não, eu não quero esse 
projeto, faça outro”). Fica claro que somente as TRANSFERÊNCIAS de receita não são 
suficientes para se garantir a autonomia financeira. É necessário que os entes tenham fontes 
próprias de arrecadação (tributos próprios) e isso é garantido justamente na competência 
tributária. A CF/88 prevê que a União, os Estados e Municípios criem seus próprios tributos 
(alguns deles). Por exemplo: quem decide sobre o IPTU de Salvador é Salvador; quem decide 
sobre o IPVA da Bahia é o Estado da Bahia. Então, essa autonomia é fundamental para que o 
pacto federativo funcione da maneira correta (com os entes atuando com autonomia). Logo, 
algo decisivo ao Pacto Federativo é a Repartição das Competências de Tributar. Por conta 
disso, como já sabemos, já que o pacto federativo é Cláusula Pétrea, muitos autorestributários (mas não é consenso) vêm dizer também que AS COMPETÊNCIAS DE TRIBUTAR 
SÃO CLÁUSULAS PÉTREAS. Diz-se que não é possível se retirar um tributo da competência de 
um ente federativo (porque se reduz a autonomia dele, e, em conseqüência disso está se 
alterando o desenho do pacto federativo). Há muitos autores que dizem ser possível a 
alteração na competência para se acrescentar, mas, não se pode retirar (p.ex. retirar a 
competência de um e transferir para outro). Só que, cada vez menos esse entendimento é 
unânime. 
Nota: É claro que, na prática, há uma concentração de competências na União. E, 
é em virtude disso que há o instrumento das “Transferências”, estudado em direito financeiro, 
que surge para compensar essa concentração. 
Algo fundamental é que a Constituição não cria nenhum tributo, ela só reparte as 
competências para criá-los. Ou seja, nenhum ente pode cobrar um tributo só porque ele está 
 
21 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
na Constituição. Os entes devem CRIAR UMA LEI que crie o tributo e a partir dessa lei cobrar o 
tributo. A Constituição outorga a competência, mas, quem a exerce são os entes federativos. 
Nota: a competência tributária é uma coisa e as funções tributárias são outra 
coisa bastante distinta, mas, dentro da competência tributária, segundo entendimento da 
professora, estão compreendidas além das competências de criar/instituir/legislar/extinguir, 
também as funções de arrecadar e fiscalizar. Mas, em um concurso deve-se tomar muito 
cuidado com essa afirmação. Porque, para uma grande parcela há o entendimento de que a 
competência só abrange criar/instituir/legislar/extinguir, e que a questão da arrecadação e 
fiscalização está fora desse conceito. 
Características 
Elas são fundamentais para a compreensão da repartição de competências. 
Características 
das Competências
Indelegabilidade
Facultatividade
Incaducabilidade
Inalterabilidade
 
 
Indelegabilidade 
 
O art. 7º do CTN diz: 
 
Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição 
das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, 
serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida 
por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do 
artigo 18 da Constituição. 
 
As competências de criar/instituir/legislar/extinguir são INDELEGÁVEIS. Ou 
seja, quando se fala em criar/legislar/extinguir, o ente federativo não pode delegar a sua 
competência. 
Ex.: se a CF/88 diz que o município cria o imposto sobre território urbano 
somente o município pode criar tal imposto. Se o imposto não for instituído pelo 
município, ainda assim a União não pode tomar para si a competência de criá-lo. 
 
Por outro lado, a função de arrecadar e fiscalizar pode ser delegada. Essa é a 
delegação da capacidade de ser sujeito ativo nas prestações tributárias. 
 
22 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
 
Ex.: como bem sabemos do direito administrativo, as autarquias possuem 
personalidade própria, distinta do ente político. Num exemplo, a União criou as 
contribuições sociais da previdência; mas, a função de arrecadar e de fiscalizar essas 
contribuições foi delegada, no início, ao INSS (que é uma autarquia federal). Note que a 
União delegou tais funções a um ente com personalidade própria. O credor que cobrava o 
pagamento do tributo não era a União, e sim o INSS; mas, foi a União que criou o tributo, 
não o INSS (pois, em caso contrário a criação seria inconstitucional). Note que essa é uma 
situação de Parafiscalidade (porque o sujeito ativo não é a União, e sim o INSS). 
Notadamente, após certo tempo, a União revogou essa parafiscalidade, entregando-a à 
Receita Federal (que é um órgão, não uma autarquia). Hoje em dia a situação é essa. Mas 
esse movimento todo demonstra que é possível a delegação nesses casos (mas não para 
criar ou extinguir), assim como ela pode ser revogada pelo ente que criou. Vale ressaltar 
que essa delegação pode ser até para outros entes federativos. 
 
Art. 7º § 1º A atribuição compreende as garantias e os privilégios processuais 
que competem à pessoa jurídica de direito público que a conferir. 
 
Ex.: no caso do CREA, em caso de inadimplemento ele pode ir e mover uma execução fiscal 
e tem as mesmas garantias e prerrogativas do Estado. 
 
Art. 7º § 2º A atribuição pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato 
unilateral da pessoa jurídica de direito público que a tenha conferido. 
 
Aqui se demonstra o que já falamos a respeito da revogação de delegação. 
 
Art. 7º § 3º Não constitui delegação de competência o cometimento, a 
pessoas de direito privado, do encargo ou da função de arrecadar tributos 
 
Se traz aqui a idéia de que as pessoas de direito privado estão excluídas, mas, como já 
falamos ao analisar os elementos do tributo (no sujeito ativo) há uma discussão pesada 
acerca da participação das pessoas de direito privado. E, também, nós estudaremos isso 
mais à frente de modo mais detalhado. 
 
 
 
 
 
23 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
Facultatividade 
 
O exercício da competência é facultativo. Ou seja, o ente recebe a competência mas ele 
não é obrigado a exercê-la. 
 
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: 
 [...] 
 VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar. 
 
A União até hoje (em 2011) não criou o imposto sobre grandes fortunas, editando essa lei 
complementar. Essa competência foi outorgada e não foi exercida. 
 
Mas, o art. 11 da LRF diz algo distinto: 
[inserir] 
 
Por isso, muitos defendem que o art. 11 é inconstitucional, pois fere a autonomia dos 
entes; outros entendem que não, porque na verdade se quer dizer que o ente que não 
instituir/fiscalizar/arrecadar não recebe transferências voluntárias, porque, é como se ele 
não estivesse precisando receber tal receita (já que não está cobrando os tributos que 
poderia cobrar). 
 
Nota: nós sabemos que a União não recebe transferência voluntária de ninguém, em 
virtude disso, no ordenamento acaba acontecendo que essa faculdade é muito maior para 
a União do que para os outros entes federativos. 
 
Incaducabilidade 
 
Ela é conseqüência da facultatividade. Ela significa que o direito de exercer a 
facultatividade não caduca com o tempo pelo não exercício. 
 
Ex.: Pode passar o tempo que for da promulgação da CF/88, se a União quiser depois criar 
o imposto sobre grandes fortunas, ela poderá criar. 
 
Inalterabilidade 
 
Aqui se entra na discussão a respeito de se a competência dada pela CF/88 pode ou não 
ser alterada. Para muitos autores a competência tributária é cláusula pétrea, por estar 
diretamente relacionada à autonomia dos Estados, logo, relacionada ao pacto federativo. 
Para eles, e é o entendimento a que a professora se filia, as competências são inalteráveis. 
Entretanto, esse entendimento aos poucos está perdendo adeptos na doutrina nacional. 
Muitos autores vêm defendendo a alteração dessas competências, reduzindo a 
competência de certos entes federativos. 
O que vale ressaltar é que para todos, inclusive segundo entendimentos reiterados do STF, 
se entende que para se acrescentar as competências (ou seja, se ampliar a autonomia 
dos entes) é possível se alterar as competências, porém, para reduzi-las os dispositivos 
constitucionais são inalteráveis. 
 
 
Então, se um ente criar um tributo que ele não poderia criar se incorre em 
inconstitucionalidade. 
Nota: Cabe ressaltar que, como já comentamos, a lógica de análise tributária é 
interessante, que é a seguinte: 
 
24 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
1. Identificar se é tributo ou não. 
2. Identificar qual é a espécie de tributo. 
3. Identificar se o EnteFederativo que o instituiu tinha competência para tal (sob 
pena de inconstitucionalidade). 
4. Identificar se o tributo respeita os princípios constituintes de limitação ao 
poder de tributar. 
5. Checar se o tributo é legal segundo seus dispositivos normativos específicos. 
O tributarista deve realizar a análise desses pontos ao caso concreto para 
fundamentar o seu argumento. E, no presente momento, nós estudaremos o terceiro passo 
apresentado, que é a análise das 
competências. Ressaltando que se o 
ente federativo violar a competência 
ele estará incorrendo em 
inconstitucionalidade. 
Como bem sabemos do 
conceito de competência, ao se falar 
de competência privativa (ou 
exclusiva) estará se falando que a 
competência foi atribuída a uma 
única pessoa e essa, na maior parte das vezes não pode delegá-la. Já a competência comum é 
a que é atribuída a mais de uma pessoa. Outro conceito importante é o de competência 
enumerada e competência residual. A competência enumerada é a prevista expressamente na 
Constituição, e, a residual é a que não está numerada (ou seja, está além, é o que sobra). A 
competência extraordinária é a que só pode ser exercida em caráter extraordinário. 
É com base nesses conceitos que alguns doutrinadores fundamentam certos 
juízos. Por exemplo: “A competência de instituir taxas e contribuições de melhoria é comum”. 
Mas, deve-se tomar cuidado com isso, pois, não se pode exercer a competência de instituir 
uma taxa que não seja em virtude de fato gerador vinculado a serviço público ou poder de 
polícia. 
Então, por exemplo, o Município tem a competência comum junto com a União 
de criar taxas. Mas, só o município tem o poder de exercer o poder de polícia de um alvará 
para construção de uma edificação, por exemplo. Então, a União não pode resolver tributar 
uma taxa em virtude do poder de polícia de concessão de um alvará de construção, porque ela 
não tem o poder de exercer esse poder de polícia. Note que a análise das competências não 
morre na discussão de qual tributo tem competência comum ou privativa. Ou seja, não é 
porque a taxa, p.ex., tem competência comum que todos os entes têm a discricionariedade de 
instituir as taxas que quiserem. No exemplo supracitado, só se pode instituir uma taxa de 
poder de polícia se o ente também tiver competências para exercer esse poder de polícia. 
Na obra pública que gera valorização imobiliária, p.ex., também se tem uma 
situação de competência comum, mas só pode cobrar a contribuição de melhoria o ente que 
realizou a obra pública. Então, novamente se ressalta que a análise da competência de tributar 
 
25 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
não morre na discussão de qual a competência (comum ou privativa) dos entes que podem 
tributar. 
No art. 145 da CF se diz: 
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
poderão instituir os seguintes tributos: 
 I - impostos; 
 II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela 
utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, 
prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; 
 III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. 
Então, entre as taxas e as contribuições de melhoria, se tem uma competência 
comum entre os entes federativos, notando que para a Taxa o ente deve ser o que realiza a 
atuação estatal específica, e, na Contribuição de Melhoria é o ente que realizou a obra. Já nos 
impostos é um bem diferente pois não há uma atuação estatal específica. Então, a 
Constituição define de um modo TAXATIVO quais são os impostos que podem ser criados por 
cada ente. Há uma preocupação muito maior pela CF/88 em relação aos impostos, justamente 
para evitar uma arbitrariedade, criando impostos não cabíveis (como impostos pela altura, 
idade etc.). Então, não há um rol quanto às taxas e contribuições de melhoria, mas, há um rol 
taxativo quanto aos impostos que podem ser criados por cada ente. 
O ente competente para instituir e cobrar a taxa é aquele que 
presta o respectivo serviço ou que exerce o respectivo poder de polícia. Como 
os Estados têm competência material residual, podendo prestar os serviços 
públicos não atribuídos expressamente à União nem aos municípios (CF, art. 
25, §1º), a conseqüência é que, indiretamente, a Constituição Federal atribuiu 
a competência residual para a instituição de taxas aos Estados. Ricardo 
Alexandre. Direito Tributário Esquematizado. 4º Ed. 2010. 
Competência em Impostos 
Quanto aos impostos nós temos a competência numerada, e, à União foi entregue 
a competência residual. A competência numerada é justamente a prevista na Constituição. O 
art. 156 diz: 
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: 
 I - propriedade predial e 
territorial urbana; 
 II - transmissão "inter vivos", a 
qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, 
por natureza ou acessão física, e de direitos reais 
Competência de 
Impostos nos 
Municípios
IPTU 
(art. 156, I)
ITIV 
(art. 156, II)
ISS 
(art. 156, III)
 
26 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua 
aquisição; 
 III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 
155, II, definidos em lei complementar. (Redação dada pela Emenda Constitucional 
nº 3, de 1993) 
 IV - (Revogado pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) 
O município pode instituir impostos dessas matérias, através de Lei Própria. No 
Brasil os municípios só podem criar portanto, três impostos. Se um município quiser instituir 
outro imposto, já instituídos esses três ele será inconstitucional: ou porque ele fere a sua 
competência, tributando matéria que não pode ou porque está tributando matéria já 
tributada. Os municípios só podem instituir esses três impostos: IPTU, ITIV (ou ITBI), e ISS. 
O art. 155 trata dos impostos Estaduais: 
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir 
impostos sobre: 
 I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou 
direitos; 
 II - operações 
relativas à circulação de mercadorias 
e sobre prestações de serviços de 
transporte interestadual e 
intermunicipal e de comunicação, 
ainda que as operações e as 
prestações se iniciem no exterior; 
 III - propriedade de 
veículos automotores. 
Nota: No inciso primeiro ao se dizer “transmissão causa mortis” se quer dizer 
imposto sobre herança. 
Mas e quanto ao Distrito Federal? Ele não é exatamente nem Estado nem 
município. Quanto a esse tema se tem o 
art. 147. 
Art. 147. 
Competem à União, em 
Território Federal, os impostos 
estaduais e, se o Território 
não for dividido em 
Municípios, cumulativamente, 
os impostos municipais; ao 
Competência de 
Impostos nos 
Estados
ITV 
- ou ITCMD -
(art. 155, I)
ICMS 
(art. 155, II)
IPVA 
(art. 156, III)
Competência de 
Impostos no 
Distrito Federal
ITD 
- ou ITCMD -
(art. 155, I)
ICMS 
(art. 155, II)
IPVA 
(art. 156, III)
IPTU
(art. 156, I)
ITIV - ou ITBI-
(art. 156, II)
ISS 
(art. 156, III)
 
27 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
Distrito Federal cabem os impostos municipais. 
Ou seja, quanto ao Distrito Federal cabem os impostos municipais e estaduais. 
Ou seja, o Distrito Federal pode tributar os seguintes seis impostos: IPTU, ITIV (ou ITBI) e ISE ; 
ITV (ITCMD), ICMS, IPVA. 
Num Território Federal é a União que tem competência para criar os impostos 
Estaduais. Como sabemos os territórios federais são as supostas áreas dentro do Brasil que 
não fazem partede nenhum Estado-membro (Ex.: Fernando de Noronha antes da CF/88 fazia 
parte de um Território Federal). Nesse caso, não se deixa de cobrar os impostos estaduais, 
somente ocorre que a União passa a instituí-los. Então, nesses casos a União cumula as 
competências de legislar os impostos. 
Em relação à União se tem o art. 153, que diz: 
Art. 153. Compete à União 
instituir impostos sobre: 
 I - importação de 
produtos estrangeiros; 
 II - exportação, para o 
exterior, de produtos nacionais ou 
nacionalizados; 
 III - renda e proventos de 
qualquer natureza; 
 IV - produtos 
industrializados; 
 V - operações de crédito, 
câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou 
valores mobiliários; 
 VI - propriedade 
territorial rural; 
 VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar. 
 
Ou seja, a União tem competência para criar sete impostos expressos. Mas, deve-
se tomar cuidado, porque, além desses sete impostos, a União também tem competência 
para criar os impostos de caráter residual (ou seja, os outros impostos que não os 
enumerados, segundo o art.154, I) e os extraordinários. 
O Art. 154 da CF diz: 
Art. 154. A União poderá instituir: 
II
(Art. 153, I)
IE 
(art. 153, II)
IR
(art. 153, III)
ITR
(art. 153, VI)
IOF
(art. 153, V)
IPI
(art. 153, IV)
IGF
(Art. 153, VII)
Competência de 
Impostos na União
Não foi criadoCaráter
Residual
 
28 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
 I - mediante lei complementar, impostos não previstos no 
artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou 
base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição; 
 II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos 
extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais 
serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação. 
Então, para a União criar um imposto residual deve: 
1. Ser instituído mediante Lei Complementar. 
2. Ele não pode ser cumulativo (imposto sobre imposto). 
3. Não pode ter fato gerador e base de cálculo já discriminada na Constituição 
(ex.: não se pode criar imposto sobre propriedade predial ou territorial 
urbana; porque esse fato gerador já está discriminado na Constituição para 
outro ente – que é o município; assim como não pode criar imposto sobre 
renda – porque já há um para isso: o imposto de renda). 
Além disso a Constituição pode instituir os impostos extraordinários, que são 
criados nas situações específicas elencadas no rol taxativo da Constituição. E, esses 
extraordinários podem estar dentro das suas competências ou não. Então, a União, por 
exemplo pode instituir impostos extraordinários de guerra sob propriedade territorial urbana. 
Mas, ao fim da guerra ou iminência de guerra e de seus efeitos recentes esse imposto não 
pode ser mantido. 
Competência em empréstimos compulsórios e contribuições especiais 
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir 
empréstimos compulsórios: 
 I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes 
de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; 
 II - no caso de investimento público de caráter urgente e de 
relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b". 
 Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo 
compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. 
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições 
sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias 
profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas 
respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem 
prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude 
o dispositivo. 
 Eles são de competência exclusiva da União. 
 
29 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
O município ou o Estado pode estar debaixo d’água, pode estar em calamidade 
total mas ele não pode instituir empréstimo compulsório, SOMENTE A UNIÃO PODE INSTITUIR 
EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO E CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS. Mas, há duas situações 
específicas de exceção: como por exemplo, o caso em que o ente federativo pode criar 
previdência pública própria ao seu funcionário público. 
Art. 149 § 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão 
contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do 
regime previdenciário de que trata o art. 40, cuja alíquota não será inferior à da 
contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União. 
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de 
ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os 
direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. 
Esse artigo define o que é seguridade social. 
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de 
forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos 
orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das 
seguintes contribuições sociais: [...] 
Ele não tem dizendo que a União que vai criar esse tributo, mas é a União que tem 
competência, segundo o art. 149. 
 § 4º - A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a 
manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I 
O §4º é bastante claro porque diz que a União pode criar outras contribuições 
para a seguridade social, desde que observado os requisitos do art. 154, I (ou seja, ser por Lei 
Complementar e já não ter fato gerador ou base de cálculo já discriminada na Constituição). 
Então, no campo da seguridade social há uma competência numerada no art. 
195 e existe uma competência residual regulada no Art. 195, §4º. 
Agora que já estudamos a respeito da competência, estudaremos cada uma das 
espécies tributárias e suas características... 
TAXAS 
1. Conceito 
2. Previsão 
a. Art. 145, II, e §2º da CF/88 
b. Arts. 77 a 80 do CTN 
3. Requisitos Gerais 
a. Taxas não podem ter base de cálculo própria de impostos (Art. 145, 
§2º da CF e 77, §único do CTN) 
 
30 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
b. O ente tem que ter competência constitucional administrativa para 
prestar o serviço e exercer o poder de polícia (Art. 80, CTN) 
4. Requisitos Específicos 
a. Taxas em razão do exercício do poder de polícia 
I. Poder de Polícia: art. 78 do CTN 
II. Exercício Regular: art. 78, §único do CTN 
III. Posicionamento dos tribunais 
b. Taxa em razão da prestação de serviços públicos 
I. Serviços Públicos 
i. Específicos e divisíveis (Art. 79, I e III do CTN) 
II. Efetivo ou Potencial (Art. 79, I do CTN) 
III. Taxas X Preços Públicos 
Depois de achar a espécie tributária, o próximo passo na lógica tributar é olhar a 
constitucionalidade da espécie tributária e se ela é legal ou não. 
Conceito de Taxa 
Taxa é um tributo cujo fato gerador é vinculado a uma atuação estatal específica 
ao contribuinte, onde a atuação é prestação de serviço público ou exercício do poder de 
polícia. 
Previsão Normativa das Taxas 
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
poderão instituir os seguintes tributos: 
[...] 
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, 
efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao 
contribuinte ou postos a sua disposição; 
[...] 
§ 2º - As taxas não poderão ter basede cálculo própria de impostos. 
 
Requisitos Normativos das Taxas 
Há dois requisitos gerais pois as taxas são instituídas ou pelo exercício do poder 
de polícia ou pela prestação de um serviço público. 
Além disso, segundo o Art. 145, §2º da CF e o art. 77 do CTN as taxas não podem 
ter a base de cálculo dos impostos. 
Art. 145 § 2º CF - As taxas não poderão ter base de cálculo própria 
de impostos. 
 
31 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
Art. 77 CTN. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo 
Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, 
têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, 
efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao 
contribuinte ou posto à sua disposição. 
§único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos 
aos que correspondam a imposto nem ser calculada em função do capital 
das empresas. 
Base de Cálculo é a base que será usada no cálculo do tributo. A lei nunca diz o 
valor da base de cálculo, mas sim o critério para se mensurá-la. 
Nota: Como se calcula o tributo? 
A fórmula básica para cálculo do tributo é: 
������� = �	
� �� 
���� � �����	 
Se tomarmos como referencial a CIDE dos Combustíveis ficaria: 
������� = �	
� �� 
���� � �����	 
��� = �� � 8,60 
��� = 8,60 .�³ 
Note que a base de cálculo é a quantidade em metros cúbicos de combustíveis 
consumidos. 
Nós sabemos que nos impostos o fato gerador é não vinculado a uma atuação 
estatal específica ao contribuinte. Pela lógica dos impostos vê-se que o fato presumidamente 
demonstra capacidade contributiva; assim, a base de cálculo dos impostos é a CAPACIDADE 
CONTRIBUTIVA. Ex.: A base de cálculo do IPTU é o valor do imóvel (pois ele demonstra a 
capacidade contributiva); já a base de cálculo do IPVA é o valor do automóvel, se o carro tem 
um valor de 100 mil quer dizer que o contribuinte tem capacidade de pagar um tributo maior 
do que aquele que tem um carro de 20 mil. 
AS TAXAS NÃO PODEM TER SUA BASE DE CÁLCULO NA CAPACIDADE 
CONTRIBUTIVA . 
Então, por exemplo, se no IPVA (Imposto) a base de cálculo é o valor do carro; na 
Taxa de Licenciamento, que é uma taxa o que é imposta não é o valor do veículo, e sim única 
para todos pois o objetivo é ressarcer os cofres públicos pelo serviço público prestado 
(fiscalização dos veículos) que é igual a todos independente do carro. 
Ex.: TCFA (Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental) – ela é cobrada em virtude 
do exercício do poder de polícia. Todas as empresas que poluem devem pagar o valor da taxa. 
Além disso, o Art. 80 do CTN diz: 
 
32 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
Art. 80. Para efeito de instituição e cobrança de taxas, consideram-
se compreendidas no âmbito das atribuições da União, dos Estados, do Distrito 
Federal ou dos Municípios, aquelas que, segundo a Constituição Federal, 
as Constituições dos Estados, as Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos 
Municípios e a legislação com elas compatível, competem a cada uma dessas 
pessoas de direito público. 
Ou seja, todos os entes federativos têm competência para instituir taxas; mas, 
devem ter competência administrativa para tal. Ou seja, é aquilo que já discutimos ao debater 
acerca das competências. As competências administrativas limitam a liberdade para criar 
taxas, pois só pode tributar taxas aqueles que exercerão a atuação estatal específica 
relacionada ao fato gerador. Dessa maneira, os entes não podem tributar taxas às coisas que 
eles não tem competência para exercer poder de polícia ou prestar o serviço público. 
Taxas relativas ao poder de polícia 
Nota: o maior número de taxas cobradas é em razão do poder de polícia. 
Os nossos direitos são limitados e o Estado pode usar do exercício do poder de 
polícia para fiscalizar e controlar tais direitos. 
O art. 78 do CTN define o poder de polícia (onde se realiza ele pelo interesse 
público). 
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração 
pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a 
prática de ato ou a abstenção de fato, em razão de interesse público concernente 
à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do 
mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou 
autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à 
propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. (Redação dada pelo Ato 
Complementar nº 31, de 28.12.1966) 
O único ponto controvertido ao poder de polícia é que começou-se a tributar 
independente de se a fiscalização iria ocorrer ou não. O STF diz que para se cobrar a taxa 
deve-se ter pelo menos um órgão competente permanente em pleno funcionamento. Ou 
seja, a taxa pode ser cobrada mesmo sem fiscalização regular, apenas por haver o órgão que 
fiscaliza. 
Art. 78, §único Considera-se regular o exercício do poder de polícia 
quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com 
observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha 
como discricionária, sem abuso ou desvio de poder. 
Note que nesse caso o fato gerador é o exercício regular, ainda que não haja 
fiscalização. 
Taxas em relação à prestação de serviços públicos 
 
33 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
Quando se fala em taxas em razão dos serviços públicos, vale ressaltar que elas 
devem ser cobradas por serviços que são realmente públicos. Ex.: iluminação pública, 
tratamento de esgoto etc. 
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�� 
Vale ressaltar que se o valor é cobrado no regime público por conta de um serviço 
público está se tratando de uma TAXA, mas, por outro lado, se está no regime privado o nome 
dado é PREÇO PÚBLICO (ex.: valor arrecadado no transporte dos ônibus). 
A taxa de serviço público precisa ser específica (dividida em unidades 
autônomas de prestação) e divisível (deve-se poder individualizá-las. Ou seja, ser utilizada 
separadamente a cada um dos contribuintes). 
 
Utilização 
Efetiva Potencial 
 
Se a pessoa realmente usa o serviço. 
 
 
Potencial é a cobrança da pessoa pela simples 
potencialidade de poder vir a utilizar desse serviço, 
independente se realmente utilizou dele ou não. 
 
 
Se diz respeito ao uso do contribuinte, que pode ser efetivo ou potencial. Assim, potencial é se o serviço é prestado a 
todos, independente se ele usa ou não. Como, por exemplo, na taxa de esgoto (independente se você estava viajando e 
não usou o serviço a taxa é cobrada). Mas, se você depende do serviço (como é no caso da expedição de uma certidão), 
se trata de uma efetividade, já que é efetiva pelo pedido da certidão. 
 
Serviço Público 
Específico Divisível 
 
Por exemplo, no caso das certidões, a cada certidão 
específica que é entregue pelo Estado, há uma cobrança 
ao contribuinte antes ou na hora da emissão da certidão. 
 
 
A divisibilidade diz respeito à possibilidade de se dividir a 
cada pessoa. Ex.: se individualizar a cobrança à pessoa que 
pede a certidão, p.ex. 
 
 
A limpeza urbana, por exemplo, não tem nem especificidade nem divisibilidade. 
 
 
 
34 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
Um serviço reúne as características da especificidade e da 
divisibilidade, podendo ser remunerado por taxa, quando para ele é possível, tanto 
ao Estado quanto ao contribuinte, a utilização da frase: “Eu te vejo e tu me vês”. O 
contribuinte “vê” o Estado prestando o serviço, pois sabe exatamente por qual 
serviço está pagando (especificidadeatendida) e o Estado “vê” o contribuinte, 
uma vez que consegue precisamente identificar os usuários (divisibilidade 
presente). Alexandre, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 4º Ed. 2010. 
 
CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA 
1. Conceito 
2. Previsão 
a. Art.145, III da CF/88 
b. Art.81 e 82 do CTN 
3. Requisitos (Art. 81 do CTN) 
a. Obra Pública 
b. Valorização Imobiliária 
c. Relação de Causalidade 
d. Limites 
i. Global: custo da obra 
ii. Individual: valorização 
e. Requisitos Formais: Art. 82 do CTN 
 
A contribuição de melhoria é um tributo cujo fato gerador é vinculado a uma 
atuação estatal específica ao contribuinte, qual seja: a valorização imobiliária obtida no 
patrimônio do contribuinte em virtude de uma obra pública. 
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
poderão instituir os seguintes tributos: 
I - impostos; 
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, 
efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao 
contribuinte ou postos a sua disposição; 
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. 
A CF/88 fala somente de Obra Pública, mas o CTN amarra também a questão a 
uma valorização imobiliária. 
Requisitos das Contribuições de Melhoria 
Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos 
Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas 
 
35 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras 
públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a 
despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra 
resultar para cada imóvel beneficiado. 
Primeiramente, para poder se cobrar uma contribuição de melhoria deve haver 
uma Obra Pública (se for particular não vale), uma valorização imobiliária, e, o imóvel deve 
ter sido valorizado em virtude dessa obra pública (ou seja, deve haver relação de 
causalidade). 
Além disso, o ente não pode arrecadar mais do que o que custou a obra (limite 
global); mas, também ninguém pode ser chamado a pagar mais do que o que se tirou de 
valorização do imóvel. 
Os requisitos Formais estão previstos no art. 82 do CTN. 
Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os 
seguintes requisitos mínimos: 
I - publicação prévia dos seguintes elementos: 
a) memorial descritivo do projeto; 
b) orçamento do custo da obra; 
c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela 
contribuição; 
d) delimitação da zona beneficiada; 
e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização 
para toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas; 
II - fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para 
impugnação pelos interessados, de qualquer dos elementos referidos no inciso 
anterior; 
III - regulamentação do processo administrativo de instrução e 
julgamento da impugnação a que se refere o inciso anterior, sem prejuízo da sua 
apreciação judicial. 
II – Os interessados podem impugnar o orçamento, por exemplo (se 
ele tiver superfaturado). Mas isso se faz administrativamente (mas também, é 
claro, pode-se recorrer ao judiciário). 
E ainda pode-se impugnar a própria cobrança. 
Como se calculam as Contribuições de Melhoria? 
Art. 82 § 1º A contribuição relativa a cada imóvel será determinada 
pelo rateio da parcela do custo da obra a que se refere a alínea c, do inciso I, 
 
36 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
pelos imóveis situados na zona beneficiada em função dos respectivos fatores 
individuais de valorização 
Nesse caso, se a obra custa 1 milhão de reais e 500 mil desses serão custeados 
pela contribuição de melhoria. Aí se divide os R$ 500.000 entre o número de beneficiados, que 
é proporcional ao coeficiente (fator) de valorização que o poder público dá. Mas, você não 
pode pagar mais do que o tanto que a obra valorizou seu patrimônio. 
Impostos 
1. Conceito 
2. Previsão 
a. Arts. 145, I c/c 153-156 da CF 
b. Arts. 16-76 do CTN 
3. Requisitos 
a. Em regra é vedado vincular a receita de impostos a qualquer fundo, 
órgão ou despesa (art. 167, IV da CF). 
b. Capacidade Contributiva: art. 145, §1º da CF. 
Imposto é um tributo cujo fato gerador não é vinculado a uma atuação estatal 
específica. O Fato Gerador é algo do contribuinte que presumidamente pressupõe a 
capacidade contributiva. 
Conforme já sabemos, há um rol taxativo de impostos, e, os entes só podem criar 
esses impostos, sob pena de inconstitucionalidade. 
O rol está previsto dos arts. 153 ao 156 da CF. 
Nota: Mas cada um desses impostos é estudado especificamente em Tributário II. 
O que nos cabe estudar aqui são os requisitos importantes que são gerais, ou seja, que cabem 
a qualquer imposto. 
Nota: Os impostos tributam fato específico ao contribuinte , o que se causa um 
perigo maior. Imagina só se o ente federativo resolve tributar o contribuinte segundo sua 
altura? 
A regra é que os impostos são criados para custear despesas gerais, então, em 
virtude disso os impostos não podem ter receita vinculada (art. 167, IV da CF). 
Art. 167. São vedados: [...] 
 IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou 
despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que 
se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços 
públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para 
realização de atividades da administração tributária, como determinado, 
respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII , e a prestação de 
garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 
 
37 
Anotações de Direito Tributário I 
Thiago Teles 
165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo; (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
Em outras palavras: o dinheiro do imposto entra na Conta Única do Tesouro e 
serve para cumprir o orçamento estatal, ou seja, para pagar as atividades do Estado. É 
VEDADA A VINCULAÇÃO DA RECEITA DOS IMPOSTOS, mas há várias exceções a isso. Dentre 
elas: 
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos 
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá 
aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência 
e, também, ao seguinte: [...] 
XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funcionamento do 
Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, terão recursos 
prioritários para a realização de suas atividades e atuarão de forma integrada, 
inclusive com o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, na forma 
da lei ou convênio 
Essa receita vai de recurso à Fazenda. 
Outra exceção: para servir como garantia ao empréstimo por antecipação de 
receita (a CF/88 prevê que é possível). 
Outra exceção: No caso de transferência entre os entes. Como exemplo nós 
temos o caso do IPVA, onde 50% do IPVA de cada carro arrecadado pelo Estado-membro está 
vinculado a ser entregue ao município em que o carro está matriculado. 
Art. 145, §1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter 
pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, 
facultado à administração tributária, especialmente para conferir 
efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos 
termos da lei, o patrimônio, os rendimentos

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