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Analise de Custos e Resultados: aspectos básicos Texto para uso da disciplina CE 142 Métodos de Analise Econômica I (corresponde a parte II do programa) Prof. Miguel Juan Bacic Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas Março 2014 Este texto deve ser complementado com as leituras adicionais indicadas e a realização de exercícios em aula. Parte do texto é de autoria do professor Luiz Antônio Teixeira Vasconcelos. i ÍNDICE 1. CUSTOS - INTRODUÇÃO......................................................................................... 03 1.1 Consumo de recursos, custos e mercados...............................................................03 2. CONCEITOS INICIAIS............................................................................................... 15 2.1. Gasto, Custo, Despesa, Investimento e Desembolso............................................. 15 2.2. Estrutura de Custos.................................................................................................16 2.3. Conceitos Específicos.............................................................................................25 2.3.1. Aspectos tributários........................................................................................25 2.3.1.1. Sistemática fiscal: créditos e débitos..................................................... 25 2.3.1.2. Determinação do preço de venda conhecendo o custo..........................29 2.3.1.3. Qual o peso dos impostos no preço dos produtos?................................33 2.3.2. Aspectos relativos aos encargos sociais e provisões sobre salários.............33 2.3.2.1. Exemplos de aplicação da taxa de encargos sociais CLT......................36 .3.2.2. Plano Brasil Maior a exclusão do INSS sobre folha de pagamento.........38 2.3.3. Conceito de depreciação...............................................................................39 3. CLASSIFICAÇÃO DE CUSTOS................................................................................ 42 3.1. De Acordo com a Possibilidade de Identificação ao Objeto de Custos................... 42 3.2. De Acordo com a Variação dos Custos Conforme o Nível de Atividades............... 42 3.3. De Acordo com a Origem Funcional dos Custos.................................................... 44 3.4. Custos que Representam Desembolso e Custos que são Imputados.................... 44 3.5. Custos Operacionais e Não Operacionais.............................................................. 45 3.6. Exemplo de Classificação....................................................................................... 45 4. ANÁLISE ESTRUTURAL DE CUSTOS..................................................................... 53 4.1. Apresentação das Informações.............................................................................. 53 4.2. Análise Econômica de Custos: Custos, Volumes e Lucros.................................... 57 4.2.1. Aspectos básicos da análise econômica de custos...................................... 57 4.2.2. Grau de alavancagem operacional, financeira e combinada.............................. 58 4.2.3. Ponto de nivelamento..........................................................................................64 5. MÉTODOS PARA ANALISAR RESULTADOS DE PRODUTOS.............................. 73 5.1. Analise por meio do Custeio Variável de Curto Prazo, Custeio Variável de Médio/Longo Prazo e Custeio Direto ........................................................................... 74 ii 5.1.1. Margem de contribuição:................................................................................ 75 5.1.2. O uso dos conceitos nas informações decisões gerenciais............................78 5.1.2.1. Determinação de resultados por produtos e linha de produtos.............. 79 5.1.2.2. Decisões sobre mix de produtos............................................................ 81 5.1.2.3. Construção de modelos para análise de situações e tomada de decisões............................................................................................. 83 BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................... 85 EXERCÍCIOS ................................................................................................ ............ 86 3 1. CUSTOS – INTRODUÇÃO 1.1 Consumo de recursos, custos e mercados Qualquer organização, para dar início e desenvolver as suas atividades, seja ela industrial, comercial, agrícola ou na área de serviços, deve, necessariamente, usar certa quantidade de recursos. Assim, adquirirá máquinas, equipamentos, móveis e demais utensílios que serão instalados em um determinado local (próprio ou alugado); contratará funcionários, comprará insumos, contratará serviços diversos (eletricidade, telefone, água, limpeza, etc..). Esse conjunto de recursos será usado para desempenhar uma série de processos por meio dos quais serão obtidos os produtos ou serviços que a organização se propõe ofertar. Os recursos utilizados são avaliados e mensurados em moeda (R$). A organização deverá pagar seus fornecedores, seus empregados e os demais custos que surgem da utilização de recursos nos processos necessários para a fabricação e venda de seus produtos e serviços. Alguns custos surgem não dos processos, mas da necessidade de possuir uma estrutura na qual os processos são realizados (por exemplo, um prédio). Outros surgem por razões legais: impostos a pagar. Outros surgem da necessidade de financiamento: juros pagos. Pela aquisição e utilização do material a ser transformado, a empresa gera os custos dos insumos materiais; pelo seu ressarcimento, tem condições de repor esses materiais, mantendo em funcionamento a sua atividade produtiva. A utilização do trabalho humano origina os custos dos salários e dos encargos sociais. Os recursos aplicados na montagem e na utilização da estrutura administrativa da organização geram diversos conjuntos de gastos (denominados, genericamente, de cargas estruturais de custos), que vão desde as remunerações dos diretores e gerentes, até a depreciação de máquinas e equipamentos de escritório, incluindo gastos gerais com materiais, etc.. Pela utilização do trabalho de vendedores são gerados os custos com comissões. O esforço de vendas gera um conjunto variado de custos, incluindo treinamento da equipe de vendas, de representantes, realização de convenções, viagens, etc.; as ações de marketing geram custos também variados, que abrangem desde a propaganda até a assistência pós-venda, etc.. A utilização de máquinas e equipamentos, edificações e instalações gera os chamados custos de depreciação, um tipo especial de custo que, ao longo de determinado período (a vida útil ou econômica da máquina, ou o ciclo do padrão tecnológico, por exemplo), deve servir para acumular um montante de recursos financeiros que seja suficiente para a reposição ou renovação total ou parcial desses recursos produtivos. Finalmente, pela utilização dos recursos comunitários, são gerados custos de contrapartida que incluem impostos, de natureza geral e de abrangência estadual nacional - com alíquotas aplicadas sobre as receitas das vendas - bem como impostos e taxas de natureza específica e abrangência local - com alíquotas aplicadas sobre os valores dos imóveis. No primeiro abrange: ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços), IPI (Impostos sobre Produtos Industrializados), PIS (Programa de Integração Social), COFINS (Contribuição para Seguridade Social), etc.; 4no segundo grupo inclui-se, por exemplo, o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). O conceito de custos relaciona-se com a aquisição, utilização e reposição continuadas (com maior ou menor frequência) de recursos produtivos por parte de uma empresa. Os custos são gerados ao longo de todo o ciclo das atividades da organização (compra, transformação e vendas e distribuição) e, serão, espera-se, recuperados, na medida exata, no momento do recebimento do valor referente às vendas de seus produtos ou serviços. Toda organização, seja pública ou privada, com ou sem finalidade de lucro deve, para ser viável, manter um equilíbrio dinâmico (isso significa que pode haver desbalanceamentos temporários) entre o fluxo de entrada de recursos monetários (receitas obtidas se for uma empresa, recursos orçamentários se for uma entidade governamental, doações recebidas, se for uma entidade beneficente, financiamentos obtidos) e o fluxo de saídas (custos correntes, aquisição de ativos, pagamentos de financiamentos, etc..). No caso de empresas privadas, além do equilíbrio, busca-se obter lucro. Para que a empresa seja viável, o total de receitas obtidas num determinado período (ou a expectativa de obter as receitas) deve ser superior ao total de custos desse mesmo período (ou a expectativa dos custos necessários para obter um determinado montante esperado de receitas). No caso de uma empresa poliprodutora, que produz e vende uma variada gama de produtos, a receita obtida pela venda de cada um de seus n produtos, num determinado período, deve ser superior ao total de seus custos nesse mesmo período. Como regra geral, a empresa determinará os custos unitários de cada produto e tentará fixar um preço que dê cobertura aos custos de cada produto e que propicie uma margem de lucro. A determinação da margem, embora tenha como referência os custos, depende em larga medida do tipo de mercado e da particular forma de inserção da empresa no mercado em que atua. Podem ocorrer situações em que o preço de mercado seja inferior ao custo determinado. A empresa deverá decidir se continua ou não produzindo e/ou comercializando os produtos. Verificará também se há possibilidades de diminuir os custos do produto, melhorando a gestão dos processos, obtendo preços menores de compra de insumos e aumentando a produtividade. A margem de lucro unitária de dado produto ou serviço se define pela seguinte equação: m = ((p – c) /p) x 100 onde: m = margem de lucro unitária de um dado produto ou serviço; p = preço de venda de um dado produto ou serviço; c = custo unitário de um dado produto ou serviço. Como normalmente as empresas produzem distintos produtos, e cada um deles pode ter margens unitárias de lucro diferente, é possível mensurar o resultado final das vendas dos n produtos ao longo de um dado período usando a seguinte expressão: M = ((R- C)/ R) x 100 ou M = (L/R) x 100 5 onde: M = margem de lucro obtida em determinado período; R = Receitas do período; C = Custos do Período L = R- C = Lucro do período Por exemplo, no caso de uma empresa X temos as seguintes informações do produto P1: p = 10 c = 8 m = 20% A empresa X produz uma grande quantidade de produtos, P1, P2, P3, ...Pn, Cada um deles tem diferentes preços, custos e margens de lucro. Decorrente da venda desses produtos, a empresa X teve ao longo do último ano Receitas de R$ 10.000.000 e Custos de R$ 9.500.000,00, Portanto o Lucro do Período, L, foi de R$ 500.000 e a margem de lucro do período, M foi de 5%. IMPORTANTE Independentemente da situação de lucro individual de cada produto, a receita total, proveniente da venda de seus produtos e serviços, deve ser suficiente para dar cobertura ao total de custos provocados pelo desempenho de seus processos produtivos, administrativos, comerciais e daqueles oriundos da estrutura financeira (juros) e da incidência dos aspectos tributários. Se o total de custos for superior à receita, a organização passará a ter déficit e demandará recursos financeiros adicionais, passando a pagar juros adicionais, elevando o déficit. Se medidas de ajuste não são tomadas após certo período, o déficit acumulado crescerá explosivamente, tornando inviável a manutenção da organização que deverá ser liquidada. Numa empresa privada, os acionistas aplicam recursos financeiros em maquinários, instalações, estoques e capital de giro para pagar os salários das pessoas contratadas, as despesas de funcionamento (eletricidade, telefone, aluguel, seguros), o consumo de materiais e os impostos. Os acionistas esperam que a receita total, obtida com a venda dos n produtos e/ou serviços em determinado período, seja superior ao total de custos nesse mesmo período, de forma a ter uma dada taxa de retorno satisfatória, sobre o capital próprio investido em um dado período. O capital próprio denomina-se, na contabilidade, Patrimônio Líquido. A taxa de retorno sobre capital próprio (ou Patrimônio Líquido) deve ser correspondente a dado período (ano, semestre, mês) e se expressa pela seguinte fórmula: RsPL = (L/PL) x 100 onde: 6 RsPL: taxa de retorno sobre o Patrimônio Líquido, também denominada: taxa de retorno sobre o capital próprio ou taxa de lucro sobre capital próprio ou taxa de retorno sobre o investimento (RSI) L = lucro obtido em dado período. PL = Patrimônio Líquido ou capital próprio (Nota: esta fórmula é preliminar, a seguir veremos seu calculo correto) O cálculo desta taxa não é trivial e há que seguir uma seqüência lógica. O capital próprio é uma parte do capital total das empresas. Normalmente, as empresas têm necessidade de um volume de recursos superior ao que os acionistas podem aportar. Então, os acionistas levantam recursos de terceiros (p. ex. empréstimos) para financiar a diferença. Esses recursos constituem o capital de terceiros (que tem um custo, os juros). Capital de terceiros (K3º) = Capital Total (KT) – Capital Próprio (KP) Isto pode ser expresso na terminologia contábil assim: Passivo = Ativo – Patrimônio Líquido Graficamente podemos observar: Ativo (A) ou Capital Total ( KT) Passivo (P) ou Capital de Terceiros (K3º) Patrimônio Líquido (PL) ou Capital Próprio (KP) Há que observar que KP e K3º se constituem na fonte dos recursos da empresa que são aplicados nos diversos elementos que formam o KT (máquinas, equipamentos, estoques, créditos a receber de clientes, etc.). Ou seja Ativo Aplicação de recursos Passivo e Patrimônio Líquido Fontes ou origens dos recursos Os recursos aplicados no Ativo permitem a geração do lucro do período. Com esse lucro a empresa deve pagar em primeiro lugar o custo de utilizar Capital de Terceiros (que são os juros), em segundo lugar, pagar o Imposto de Renda sobre os 7 lucros do período e finalmente, o excedente é o lucro para os acionistas. É dizer, a empresa, com base nos recursos aplicados no Ativo, obtém Receitas. Para obter as Receitas incorre em custos de diversos tipos (de produção, administrativos, comerciais). O excedente entre as receitas e os custos se constitui no lucro ou resultado da operação (Lucro Operacional). Com esse lucro operacional deve pagar os juros decorrentes do uso do Capital de Terceiros (são as Despesas Financeiras). Deduzidas do Lucro Operacional as Despesas Financeiras, encontra o Resultado antes do Imposto de Renda (IR). Sobre esse resultado incidirá a alíquota do IR. O resultado final é o lucro disponível para os acionistas, que poderão decidir sua destinação, considerando diversos aspectos (legais, estratégicos, financeiros, interesses pessoais, etc.). Receitas - Custos de produção, administrativos, comerciais.=Lucro Operacional (LO ou LAJI ou EBIT) - Despesas Financeiras (Juros) = Lucro antes do Imposto de Renda (LAIR ou LAJI –J) - Imposto de Renda (IR) = Lucro depois do IR (disponível para os acionistas) (LAIR – IR)_ O Lucro Operacional (LO) é chamado muitas vezes de Lucro Antes de Juros e Impostos ((LAJI). A referencia ao “antes de impostos, ou seja, ao I do LAJI), corresponde ao Imposto de Renda (IR), que incide sobre o lucro. O LAJI também é conhecido como EBIT (em inglês, earnings before interest and taxes). Portanto LO = LAJI = EBIT Observamos que a obtenção de um dado montante de lucro depois do IR depende da capacidade de obter lucro operacional, do montante de juros pagos (ou seja o custo do Passivo) e da alíquota do IR. Caso relacionemos o Lucro Operacional de dado período (p. ex. um ano) com o Ativo, encontramos a taxa de lucro sobre o capital total ou taxa de retorno sobre ativo (RsA) RsA = (LO/A) x 100 RsA: taxa de retorno sobre Ativo, ou taxa de lucro sobre capital total ou taxa de retorno sobre o investimento total LO; lucro operacional A: Ativo ou Capital Total Essa taxa informa a capacidade que cada unidade aplicada em Ativo teve para gerar lucro para a empresa. É calculada antes dos juros (Despesas Financeiras) para mostrar quanto efetivamente o capital total rendeu, independentemente do custo que a empresa teve com sua escolha no uso de capitais de terceiros. 8 A taxa de retorno sobre Ativo (RsA) depende de dois fatores: a lucratividade sobre vendas (margem de lucro) e a eficiência do uso dos ativos que é mensurado pelo indicador de giro ou rotação do Ativo. Com o objetivo de excluir o impacto do custo das decisões de usar capital de terceiros e poder observar a lucratividade que provém da operação, a margem de lucro deve ser calculada com base no Lucro Operacional (LAJI), e não sobre o Lucro antes do IR. M = (LO/R) x 100 M; margem de lucro LO: Lucro operacional R: Receitas A rotação ou giro do capital investido (G) informa quantos R$ de Receitas (R) são obtidos com R$ 1 de capital total ou Ativo G = R/A (o resultado G se expressa com um número seguido de x e deve ser lido como vezes) A multiplicação de giro e margem determina a taxa de retorno: RsA = M x G RsA = ((LO/R) x 100) x R/A Essa equação mostra que é possível obter determinada RSA a partir de diferentes combinações de M e G, tal como pode ser visto no quadro abaixo: 9 Uma vez conhecido o RsA e seus determinantes (M e G) há que ver como o pagamento de juros impacta o RsPL. O RsPL é o resultado final para os proprietários (acionistas). Podemos calcular RsPL antes do IR e depois do IR. RsPL(antes de IR) = LAIR/PL RsPL (depois do IR) = (LAIR –IR)/PL RsPL: taxa de retorno sobre Patrimônio Líquido LAIR: Lucro antes do Imposto de Renda LAIR-IR: Lucro depois do IR PL: Patrimônio Líquido Até agora vimos os indicadores relativos à atividade operacional de empresa. E como as decisões de uso de Capital de Terceiros afetam seu resultado? Uma das principais decorrências dessas decisões diz respeito ao pagamento de juros, que afeta o resultado final para os proprietários (RsPL). 10 Como a taxa de juros e o grau de endividamento impactam o RsPL O RsPL depende do RsA, da taxa de juros média incidente sobre Passivo e do endividamento (P/PL) conforme é mostrado pela equação a seguir1, que é apresentada, inicialmente antes de considerar o impacto do IR e depois considerando o impacto do IR; P RsPL (antes IR) = RsA + (RsA - j) x. -- PL P RsPL (depois IR) = RsA + (RsA - j) x. -- x (1-ir) PL RsPL: taxa de retorno sobre Patrimônio Líquido RsA: taxa de retorno sobre Ativo j: taxa média de juros incidente sobre o Passivo P; Passivo ou Capital de Terceiros PL: Patrimônio Líquido ou Capital Próprio ir: alíquota de Imposto de Renda A relação P/PL mostra o grau de endividamento da empresa, ou seja, quanto de Capital de Terceiros ela utiliza para cada R$ 1 de Capital Próprio. Exemplificando, suponhamos que a empresa Econômica teve ao longo do ano de 21XX as seguintes Receitas e Custos: Econômica. Receitas e Custos. 1 Receitas 2.000.000 2 - Custos de produção, adm, com. 1.500.000 3 =Lucro Operacional 500.000 1-2 4 - Despesas Financeiras (Juros) 60.000 5 = Lucro antes do Imposto de Renda (IR) 440.000 3-5 6 - Imposto de Renda (IR) 176.000 7 = Lucro depois do IR 264.000 5-6 As variáveis patrimoniais são: 1 Conforme MARTINS, E. (1979). Aspectos do Lucro e da Alavancagem Financeira, Tese de Livre Docência, Faculdade de Economia e Administração, Universidade de São Paulo. 11 Econômica. Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido. 8 Ativo (A) 1.000.000 9 Passivo (P) 300.000 10 Patrimônio Líquido (PL) 700.000 8-9 Os indicadores de margem, giro e retorno sobre ativo foram no ano 21XX:: 11 Margem de lucro (M) 25,00% 3/1 12 Giro (G) 2 1/8 13 Taxa de Retorno sobre Ativo (RsA) 50,00% 3/8 ou 11 x12 O retorno sobre Patrimônio Líquido foi: 14 Taxa de Juros (j) 20,00% 4/9 15 Taxa de Retorno sobre PL antes IR (RsPL antes IR) 62,86% 5/10 16 Taxa de Retorno sobre PL depois IR (RsPL depois IR) 37,71% 7/10 17 a Aliquota IR (ir) 40,00% 6/5 17 b ( 1 - ir) 60,00% Observar que RsPL (antes de IR) x (1 - ir) = RsPL (depois de IR) Podemos também entender como o RsPL foi originado a partir do RsA e da decisão de usar Capital de Terceiros (P) com seu custo específico (taxa de juros): 18 Endividamento (P/PL) 0,43 9/10 19 RsA - j 30,00% 13- 14 20 (RsA-j) x (P/PL) 12,86% 19 x 18 21 RsPL (antes do IR) = RsA + (RsA-j) x (P/PL) 62,86% 13+20 22 Rs PL (depois do IR) 37,71% 21 x 17b Qual a taxa de retorno sobre PL mínima para que os acionistas fiquem satisfeitos? Na expectativa dos acionistas, a taxa de retorno sobre o capital próprio investido (RsPL) deve ser superior ao retorno que obteriam em outras opções de aplicações. Assim, se é possível aplicar recursos no banco num fundo de investimento que oferece um retorno de 10% ao ano, a taxa de retorno esperada dos recursos na empresa deve ser superior a 10%. Esses 10% são o custo de oportunidade (em %) do capital. O custo de oportunidade reflete as opções de aplicação do capital e corresponde ao custo do capital próprio. Do ponto de vista do acionista, uma aplicação em uma empresa que retorne um valor inferior ao custo de oportunidade representa uma perda no valor de seu capital. Este ponto de vista não deve ser entendido numa perspectiva simplificadora ou de curto prazo. Um acionista com visão de longo prazo, poderá tolerar prejuízos ou RsPL inferiores ao custo de oportunidade, caso espere que em anos futuros o rendimento da empresa seja muito bom. Assim, uma empresa do setor médico, pode apresentar resultados pouco satisfatórios por alguns anos, porém espera-se que desenvolva um medicamento que cure a diabetes. O retorno dessa 12 inovação será enorme. O custo de oportunidade considera também o eventual risco da aplicação. Para comparar o RsPL com o custo de oportunidade (em %) é melhor usar o RsPL depois do IR dado que a maioria das aplicações financeiras tem seus rendimentos informados depois do cômputo do IR. Define-se o resultado econômico como a diferença entre o resultado contábil depois do IR e o custo de oportunidade em R$ (já deduzido o IR incidente). Na área financeira, é utilizado outro indicador, o EVA (Economic Value Added)com o mesmo sentido do resultado econômico. Nesse caso, costuma-se dizer que, quando o EVA é positivo, a empresa adicionou ou criou valor para os acionistas e, quando negativo, que a empresa destruiu valor. Receitas - Custos de produção, administrativos, comerciais. =Lucro Operacional - Despesas Financeiras (Juros) = Lucro antes do Imposto de Renda (IR) - Imposto de Renda (IR) = Lucro depois do IR (disponível para os acionistas) - Custo de oportunidade (deduzido seu IR) = Resultado econômico ou EVA (se + criação de valor, se – destruição de valor) Vejamos um exemplo. Duas empresas, nossas conhecidas, a Econômica e a Política atuam num mesmo mercado. As informações sobre seu capital, a taxa de juros paga sobre capital de terceiros, a alíquota de IR e a taxa de custo de oportunidade (descontado o IR) são as seguintes: ECONÔMICA POLÍTICA Ativo (A) 1.000.000 550.000 Passivo (P) 300.000 200.000 Patrimônio Líquido (PL) 700.000 350.000 P/PL 0,43 0,57 Taxa média de juros em % a.a. (j) 20% 20% Alíquota de IR (ir) 40% 40% Custo de oportunidade (% a.a) 14% 14% Observa-se que a Política está mais endividada que a Econômica (maior relação P/PL). O resultado do último ano é o seguinte: ECONÔMICA POLÍTICA 13 Receitas 2.000.000 1.050.000 - Custos de produção, adm, com. 1.500.000 775.000 =Lucro Operacional 500.000 275.000 - Despesas Financeiras (Juros) 60.000 40.000 = Lucro antes do Imposto de Renda (IR) 440.000 235.000 - Imposto de Renda (IR) 176.000 94.000 = Lucro depois do IR 264.000 141.000 Custo de oportunidade 98.000 49.000 Resultado econômico (EVA) 166.000 92.000 O valor de juros decorre da multiplicação do Passivo pela taxa de juros (20%) e o valor do custo de oportunidade da multiplicação do Patrimônio Líquido pela taxa de custo de oportunidade. Ambas as empresas apresentaram um resultado econômico positivo. Qual o retorno dos acionistas? ECONÔMICA POLÍTICA RsA 50% 50% Margem (M) 25% 26% Giro (G) 2 1,91 RsPL antes do IR 63% 67% RsPL depois do IR 38% 40% Vemos que as duas tiveram o mesmo RsA, porém a partir de combinações de margens e giros diferentes. Ambas apresentam um RsPL maior que o RsA, dado que RsA é maior que j o que provoca um efeito positivo no RsPL. A empresa Política se beneficiou mais por estar mais endividada (maior relação P/PL. Lembrando a equação Ambas as empresas tiveram aumento no RsA a partir do efeito positivo do acréscimo de (RsA-j), porém como a Política está mais endividada (maior relação P/PL) teve ganho maior. Como o RsPl depois do IR é superior ao custo de oportunidade depois do IR, o resultado econômico é positivo (houve geração de valor econômico na terminologia financeira). O lucro ou prejuízo, a geração ou não de valor econômico, dependem de um amplo conjunto de fatores: a situação do mercado, a estratégia da empresa, sua 14 capacidade de inovar, a oportunidade das decisões, a ação dos concorrentes, a política econômica e, especialmente, a qualidade da gestão. A qualidade da gestão determinará o montante de recursos necessários e, portanto, dos custos e despesas necessários para a execução dos processos produtivos, comerciais e administrativos. A qualidade da gestão tem impacto significativo nos custos da empresa, e, por conseqüência, no seu resultado contábil e econômico. Decisões sobre a alocação de recursos, bem como o montante adequado a ser aplicado representam um típico problema de gestão e depende das atividades da empresa, dos produtos e/ou serviços fabricados e vendidos, dos mercados onde a empresa atua e de outros aspectos por ela considerados e analisados quando do estabelecimento de sua estratégia global de atuação, tanto em nível de sua estrutura, quanto ao nível de seu funcionamento. À medida que os recursos vão sendo utilizados, se transformam e são consumidos nos produtos fabricados e vendidos pela empresa. Custos são os recursos consumidos pela empresa para a fabricação e venda de seus produtos e serviços. Numa definição mais ampla, custos são os recursos consumidos por uma organização para gerar seus outputs. É O MOMENTO DE SOLUCIONAR O EXERCÍCIO 1 15 2. CONCEITOS INICIAIS 2.1. Gasto, Custo, Despesa, Investimento e Desembolso A identificação de onde os recursos serão colocados, bem como o montante adequado a ser aplicado, dependem das atividades da empresa, dos produtos e serviços fabricados e vendidos, dos mercados onde a empresa atua e de outros aspectos por ela considerados e analisados, quando do estabelecimento de sua estratégia global de atuação, tanto no âmbito de sua estrutura, quanto no diz respeito ao seu funcionamento. A contabilidade tem uma terminologia particular, diferenciando gasto, investimento, custo e despesa. Gasto é o sacrifício financeiro que a entidade arca para a obtenção de um produto ou serviço. Este sacrifício é representado na forma de entrega (ou promessa de entrega) de ativos da empresa (geralmente dinheiro). O gasto existe no momento do reconhecimento contábil da dívida assumida (contas a pagar) ou da redução do ativo dado em pagamento (pagamento à vista). Assim, por exemplo, ao comprar material para o almoxarifado, mesmo que seja para pagar dentro de 90 dias, ocorre o gasto, pois a dívida é contabilmente reconhecida e há promessa de se entregar ativos (no caso dinheiro) no dia do vencimento da fatura do fornecedor. Existem três classes de gasto: custo, despesa e investimento À medida que os recursos vão sendo utilizados, transformam-se e são consumidos nos produtos fabricados e vendidos pela empresa. Custos são os recursos utilizados e consumidos pela empresa para a fabricação e venda de seus produtos e serviços. O custo é o gasto, relativo ao consumo de bens ou serviços, utilizado na produção de outros bens ou serviços. A despesa é o gasto de bens e serviços para administrar e para obter as receitas. Assim os gastos relacionados com a produção são denominados “custos” e aqueles relacionados com as outras funções da empresa, “despesas”. Segundo as convenções contábeis, os custos são ativáveis e as despesas não, devendo ser deduzidas do resultado do período. A distinção que a contabilidade efetua entre custo e despesa é de natureza convencional e objetiva organizar a técnica contábil. Como a diferenciação é de caráter convencional, pode-se denominar de custos, tanto os custos como as despesas, tal como foi realizado na parte anterior deste texto. O investimento é o gasto ativado. Esse gasto “estocado” como ativo gera, no caso de bens imobilizados, custos de depreciação (representando a parcela consumida do bem na atividade produtiva) ou despesa de depreciação (representando a parcela consumida do bem nas demais funções que não as de produção). No caso de bens não imobilizáveis, porém estocáveis, tal como matérias-primas, o gasto gera um investimento em estoque que ao ser consumido transforma-se em custo (consumo de matéria-prima). Outro conceito importante é o de desembolso. Desembolso é o pagamento resultante da aquisição de um bem ou serviço. O desembolso pode ocorrer de forma concomitante ou defasada do gasto. No caso da aquisição de uma matéria-prima, o gasto da compra transforma-se em desembolso quando efetuado o pagamento. A depreciação é um custo (ou despesa) que não gera desembolso. A maioria dos custos e despesas dá origem a desembolsos no curto prazo. A depreciação é um custo que não pode ser recuperado, pois a decisão que levou a compra do ativo ocorreu no 16 passado. A depreciação simplesmente reflete essa decisão do passado. É um custo afundado ou irrecuperável (sunk cost). Como a diferença entre custo e despesa éde natureza eminentemente convencional, custo e despesa podem ser vistos como sinônimos, dado que ambas as categorias de gasto têm a ver com o consumo de fatores para realizar a gestão. Por outro lado, é importante ter clareza quanto à diferença existente entre custos, investimentos e desembolsos, dado que são conceitualmente diferentes. Custos e despesas são conceitualmente distintos de desembolso. Desembolso significa saída de caixa. Uma empresa efetua desembolsos para pagar custos, despesas e investimentos. A distinção entre custos e despesas por um lado e desembolsos por outro provém da diferenciação entre os regimes de contabilização de competência e de caixa. Regime de competência e regime de caixa No regime de competência (ou econômico) a contabilização considera a utilização do recurso independentemente de quando for pago. Considera também o direito sobre a receita gerada independentemente de quando for efetivamente recebida. No regime de caixa (ou financeiro) a contabilização considera o momento de pagamento ou de recebimento. Toda organização, para manter seu funcionamento, deve repor por meio de suas receitas o total de seus custos. A recuperação dos custos é a condição básica para a sobrevivência. No caso de organizações que recuperam seus custos a partir das receitas auferidas pela venda de seus produtos e serviços, a determinação dos custos dos produtos e serviços orienta quanto à reposição do total de custos e informa ações que podem ser tomadas quanto à gestão dos processos e à estratégia de mercado. 2.2. Estrutura de Custos A estrutura de custos mostra a participação de cada elemento de custo no total dos gastos, correspondentes a um dado objeto de custos, num dado período. A análise estrutural de custos permite observar a importância dos diversos elementos dentro da estrutura total e sua evolução ao longo do tempo. O texto a seguir mostra a evolução estrutural dos gastos orçamentários da União: Estrutura dos gastos públicos No ano de 2005, conforme Luis Nassif (citando o jornal O Estado de São Paulo): “Recomendo a leitura dos gráficos que constam do trabalho da Unafisco-SP sobre os gastos orçamentários da União. Eles estão na página 11 do Caderno Nacional do “Estadão” de hoje. Não constam da edição digital. O gráfico principal fala por si. Em 1995, 47,2% do orçamento se destinavam à infraestrutura e área social; 34% para a Previdência Social; 18,8% para a dívida pública. 17 Em 1999, a dívida pública já consumia 38,9% do orçamento; infraestrutura e área social 33,2% e Previdência Social 27,8%. Em 2002, a dívida levava 45,3%, infraestrutura e social 26,6%, Previdência Social 28,1%. Em 2005, a dívida consumia 42,5%, infraestrutura e social 26,5% e Previdência Social 31,1%. De 1995 a 2005, gastos com saúde caem de 9,5% para 6% do orçamento; com educação de 5,8% para 2,7%; com segurança e defesa nacional de 5,5% para 3%; com transportes, de 1,6% para 1,11%. Esses números jamais constaram de uma palestra, de um trabalho dos nossos especialistas em contas públicas, Fábio Giambiagi, Raul Velloso, Armando Castellar. Ou de alguns “focalistas” que descobriram que a favela de Helíópolis é o trajeto mais curto para conseguirem chegar à Avenida Paulista. O principal item de despesa do orçamento jamais foi analisado pelos especialistas em despesa. O salto de 20 pontos percentuais da dívida, de 1995 a 1999, visou exclusivamente remunerar ativos em dólares, depois dos desequilíbrios intencionalmente provocados por Gustavo Franco, Edmar Bacha, Pedro Malan, Winston Fritsch e, principalmente, André Lara Rezende. Esse salto de 20 pontos se deu apesar de um volume expressivo de recursos captados com venda de estatais e que entraram no sorvedouro da dívida.(Retirado do Blog de Luis Nassif, http://luisnassif.blig.ig.com.br/ 24/10/2006 08:22 E a situação não melhorou em 2010 conforme divulgado pelo site http://www.divida- auditoriacidada.org.br/ Esses números, apesar de impressionantes, são enganadores e usados, seja por razões políticas, seja por ignorância de princípios e normas contábeis. Por causa de regras da Contabilidade Pública são misturadas dois tipos de informações: as decorrentes do pagamento de juros (que sim são custos) e a renovação de empréstimos (que não são custos). Exemplificando: caso uma empresa tome no banco um empréstimo de R$ 100.000,00 pelo prazo de um ano, com uma taxa anual de juros de 10%, o custo será de R$ 10,000,00. A devolução do empréstimo (amortização) não é custo. Se ao término do ano a empresa decidir amortizar a totalidade do empréstimo, devolverá ao banco R$ 110.000,00 (ou seja terá uma saída de caixa nesse valor, correspondente à devolução ou amortização do principal e o pagamento dos juros correspondentes). Caso a empresa não tenha 18 recursos no caixa (dinheiro) para devolver todo o empréstimo, pagará os juros e poderá rolar o valor do principal pagando os juros correspondentes. Assim, se decide amortizar metade do empréstimo, pagará os R$ 10.000 de juros e devolverá R$ 50,000,00. Caso a taxa de juros continue em 10% ao ano, terá pelo próximo período um custo de R$ 5.000,00 com juros. Não podemos, portanto somar juros com amortizações, para concluir algo sobre o custo dos empréstimos. O valor do custo é dado pelos juros. Pode-se ter uma visão mais clara ao analisar o projeto de Lei Orçamentária para 2011 (Ministério do Planejamento,Secretaria do Orçamento Federal, ministro Paulo Bernardo Silva, agosto de 2010). Observa-se que os juros correspondem a 8,75% do Orçamento Federal e que Amortizações correspondem a 40,4%. Eliminando-se o valor das amortizações, tem-se uma visão mais clara dos custos de Governo Federal. Para isso simplesmente dividimos a importância de cada item por (1- 0,404). Percebemos assim que os juros correspondem a 14,68% do total de custos (8,75/0,596), o que é um valor elevado e seria recomendável que seja diminuído, possibilitando um melhor uso dos recursos da sociedade. Por isso, a importância da diminuição da dívida pública e da taxa de juros. Podemos aprofundar o estudo da estrutura de custos do Governo Federal e olhar dentro de Despesas Discricionárias (correspondem a 17,5% do total de custos (10,43%/0,596). 19 A execução do orçamento e os orçamentos anuais são apresentados pela Secretaria do Orçamento Federal do Ministério do Planejamento num site dedicado; https://gestao.orcamentofederal.gov.br/. O acompanhamento do orçamento mostra a importância de cada item e a evolução dessa importância ao longo do tempo. A aplicação mais evidente do estudo da estrutura de custos encontra-se na situação na qual o objeto de custos escolhido é a empresa (no texto acima o objeto de custos é o orçamento da União). Para determinar o custo de qualquer objeto, é necessário ter como ponto de partida a estrutura de custos da empresa, para depois determinar a estrutura de custos correspondente ao objeto específico. Assumindo que o objeto de custos seja uma empresa, a estrutura de custos mostra a participação de cada elemento de custo no total dos gastos da empresa, num dado período. Estão aí registrados o quanto se "gastou" para fabricar os produtos da empresa, desde a aquisição de insumos materiais até sua entrega aos clientes. As estruturas de custo são específicas de cada empresa, refletindo sua estrutura administrativa, o padrão tecnológico empregado na produção, o número de pessoas ocupadas nas diferentes atividades (diretamente produtivas ou não), a estrutura comercial, a política de vendas praticada, e assim por diante. A estrutura de custos das empresas pode revelar diferenças significativas entre os diversos empreendimentos produtivos. Tais diferenças são reflexos da utilização dediferentes tipos e quantidades de recursos produtivos, de distintos portes dos empreendimentos e, até mesmo, em empresas semelhantes (do mesmo ramo, porte e padrão tecnológico), de diferentes formas ou estratégias utilizadas para a gestão dos recursos disponíveis. A partir da construção da estrutura de custos, é possível o acompanhamento da evolução da participação dos diferentes itens de custos no conjunto das atividades empresariais; a ordenação e a definição de estratégias específicas para a administração dos principais grupos; o nível estimado do resultado econômico obtido e, finalmente, informações acerca dos métodos mais adequados para a apropriação dos custos aos produtos fabricados e vendidos pela empresa. 20 Os passos para a elaboração da estrutura de custos estão descritos a seguir. É muito importante compatibilizar os custos de produção e as receitas no período de referência. Em primeiro lugar, o conceito de receita das vendas de um dado período - convencionalmente, um mês, a partir da freqüência usual de emissão dos principais instrumentos de informações contábeis -, refere-se ao valor das receitas geradas, ou seja, o valor originado de todas as entregas aos clientes, efetuadas ao longo do período, independente das vendas terem sido feitas para recebimento à vista, dentro do mês de referência, ou em qualquer prazo de recebimento, em função de eventuais financiamentos concedidos aos clientes. Em segundo lugar, os custos de produção devem ser os custos do volume vendido, ou seja, os custos de produção devem ser referidos ao mesmo conjunto de produtos que compõe a receita das vendas do período. Em terceiro lugar, os outros custos que não são de produção (denominados pela contabilidade como despesas) correspondem aos valores verificados durante o período para o qual está sendo levantada a estrutura de custos (mês, bimestre, semestre, ano, etc.). A estrutura de Custos reflete certa Estrutura de Receitas (ou composto de Vendas) do empreendimento, ou seja, o fato de a empresa vender (por opção própria ou obrigada pelo mercado) determinada quantidade de certos itens de sua (s) linha (s) a determinados preços, interfere diretamente na sua estrutura de custos, na medida em que obriga a um gasto determinado com matéria-prima, operário, supervisores, energia elétrica, máquinas, embalagens, vendedores, etc.. A Estrutura de Receitas indica quais produtos, em que quantidades e a que preço estão contribuindo para o faturamento total da empresa no período analisado, Assim, evidentemente, a estreita relação existente entre a Estrutura de Custos e a Estrutura de Receitas apresenta uma indicação clara de como se formou o Resultado da empresa no período, indicação essa de extrema importância, tanto para o controle (que itens foram produzidos e quanto custaram), quanto para decisões frente ao mercado da empresa (quanto produzir e quais itens para um melhor resultado). O Quadro 2.1 apresenta a estrutura de custos de uma empresa hipotética. Quadro 2.1. Empresa XXX, Custos Correspondente aos Meses de Janeiro a Junho do Ano 20XX Itens de Custos R$ % sobre Faturamento com IPI % sobre Custo Total Insumos Materiais sem ICMS e COFINS (matérias primas, componentes, materiais secundários, embalagens) 221.347,00 19,75 22,26 Fretes sobre compras de insumos 8.308,00 0,74 0,84 Energia elétrica 35.945,00 3,21 3,62 Salários e Encargos Sociais - operadores produção 35.834,00 3,20 3,60 Salários e Encargos Sociais - supervisores produção 16.900,00 1,51 1,70 21 Salários e Encargos Sociais - serviços gerais produção 19.750,00 1,76 1,99 Salários e Encargos Sociais - administração 17.065,00 1,52 1,72 Salários e Encargos Sociais - vendas 11.845,00 1,06 1,19 Pró-labore (remuneração dos sócios diretores) 12.000,00 1,07 1,21 Serviços produtivos de terceiros 29.043,00 2,59 2,92 Manutenção Máquinas e Equipamentos - produção 11.349,00 1,01 1,14 Manutenção Máquinas e Equipamentos - administração 1.753,00 0,16 0,18 Manutenção Máquinas e Equipamentos - vendas 875,00 0,08 0,09 Manutenção Máquinas e Equipamentos - distribuição 3.740,00 0,33 0,38 Manutenção veículos de distribuição 5.803,00 0,52 0,58 Depreciação Máquinas e Equipamentos - produção 12.943,00 1,15 1,30 Depreciação Máquinas e Equipamentos - administração 3.875,00 0,35 0,39 Depreciação Máquinas e Equipamentos - vendas 1.840,00 0,16 0,19 Depreciação Máquinas e Equipamentos - distribuição 3.929,00 0,35 0,40 Depreciação veículos - distribuição 4.268,00 0,38 0,43 Cursos e treinamento - operadores de produção 2.280,00 0,20 0,23 Cursos e treinamento - supervisores de produção 1.860,00 0,17 0,19 Cursos e treinamento - serviços Administrativos 900,00 0,08 0,09 Cursos e treinamento - televendas 2.498,00 0,22 0,25 Água 1.767,00 0,16 0,18 Ferramentas e matrizes 2.865,00 0,26 0,29 Alimentação – produção 6.953,00 0,62 0,70 Alimentação – administração 1.300,00 0,12 0,13 Alimentação – vendas 1.009,00 0,09 0,10 Assistência médica - produção 7.909,00 0,71 0,80 Assistência médica - administração 2.398,00 0,21 0,24 Assistência médica – vendas 1.990,00 0,18 0,20 Gastos gerais – produção 13.975,00 1,25 1,41 Gastos gerais - administração 1.904,00 0,17 0,19 Gastos gerais – vendas 2.597,00 0,23 0,26 Gastos gerais – distribuição 2.973,00 0,27 0,30 Aluguel - área fábrica 3.555,00 0,32 0,36 Aluguel - área escritórios 1.845,00 0,16 0,19 Telecomunicações / crédito e cobrança 1.765,00 0,16 0,18 Telecomunicações / Televendas 14.764,00 1,32 1,49 Telecomunicações / Administração 2.754,00 0,25 0,28 Materiais de escritório 2.100,00 0,19 0,21 Comissões sobre vendas 35.657,93 3,18 3,59 Fretes de entrega de produtos 21.027,00 1,88 2,11 22 Combustíveis para veículo de distribuição 6.700,00 0,60 0,67 Juros financiamento de capital de giro 19.076,00 1,70 1,92 ICMS (débito) 163.007,68 14,55 16,40 PIS 16.810,17 1,50 1,69 COFINS (débito) 77.428,65 6,91 7,79 IPI (débito) 101.879,80 9,09 10,25 Consultoria jurídica 3.000,00 0,27 0,30 Consultoria econômica e financeira 2.000,00 0,18 0,20 Auditoria contábil 1.950,00 0,17 0,20 Assistência técnica pós-venda 5.298,00 0,47 0,53 Total de custos 994.208,23 88,71 100,00 Faturamento com IPI 1.120.677,80 100,00 112,72 Resultado 126.469,58 11,29 12,72 Na estrutura de custos da empresa XXX, pode-se observar o resultado médio do período em análise e verificar quais custos são mais importantes, seja em relação ao custo total, seja em relação ao Faturamento (Receita). Para efeitos da gestão dos custos, interessa saber quais são os custos mais importantes. Pode-se aplicar duas regras, derivadas do princípio de Pareto, que afirma que poucas causas produzem a maior parte das conseqüências. A regra do 80/20 ou a regra ABC. A regra 80/20 recomenda focar aqueles elementos que tenham uma importância de 80% no total de causas. A regra ABC recomenda dividir as conseqüências em 3 grupos. O grupo A deve responder por 65% das conseqüências, o grupo B por 25% e o C por 10%. No caso da aplicação da regra 80/20, a gestão focaliza exclusivamente as causas identificadas dentro dos 80%. No caso da regra ABC, a gestão focaliza com muita atenção as causas A e com média atenção as B. As causas dentro dos 20% restantes ou consideradas como C (as 10% restantes) são gerida com menor preocupação, dado que seu impacto é pequeno dentro do total de conseqüências. Essas regras podem ser aplicadas em qualquer situação em que um fator tenda a ter importância desproporcional: concentração de renda, importância do consumo de recursos, importância de clientes no faturamento, importância de itens de estoque em relação ao consumo total, etc.. Assim, por exemplo, 20% das pessoas do mundo respondempelo consumo de 80% dos recursos do planeta (aplicação da regra 80/20). Aplicando-se as duas regras na estrutura de custos da empresa XXX, observamos que 7 itens de custo respondem por 65% do total de custos e que 21 itens por 90% do total. Adicionalmente, 13 elementos são responsáveis por 80% dos custos. 23 Quadro 2.2 Empresa XXX, Custos até 90% do Total - Meses de Janeiro a Junho do Ano 20XX Ordem Itens de Custos % sobre Custo Total % Acumulado sobre Custo Total 1 Insumos Materiais sem ICMS e COFINS (matérias primas, componentes, materiais secundários, embalagens) 22,26 22,26 2 ICMS (débito) 16,40 38,66 3 IPI (débito) 10,25 48,91 4 COFINS (débito) 7,79 56,70 5 Energia elétrica 3,62 60,32 6 Salários e Encargos Sociais - operadores produção 3,60 63,92 7 Comissões sobre vendas 3,59 67,51 8 Serviços produtivos de terceiros 2,92 70,43 9 Fretes de entrega de produtos 2,11 72,54 10 Salários e Encargos Sociais. - serviços gerais produção 1,99 74,53 11 Juros financiamento de capital de giro 1,92 76,45 12 Salários e Encargos Sociais. - administração 1,72 78,17 13 Salários e Encargos Sociais - supervisores produção 1,70 79,87 14 PIS 1,69 81,56 15 Telecomunicações / Televendas 1,49 83,05 16 Gastos gerais - produção 1,41 84,46 17 Depreciação Máquinas. e Equipamentos - produção 1,30 85,76 18 Pró-labore (remuneração dos sócios diretores) 1,21 86,97 19 Salários e Encargos Sociais - vendas 1,19 88,16 20 Manutenção Máquinas e Equipamentos - produção 1,14 89,30 21 Fretes sobre compras de insumos 0,84 90,14 Essa informação facilita a gestão, dado que mostra as contas mais importantes e para as quais é necessário redobrar a atenção. Um aspecto importante a ressaltar é que não é aconselhável nortear a gestão unicamente pelas informações do quadro estrutural de custos. Este quadro é um indicativo da importância de cada elemento de custo, mas se deve observar que os custos são reflexos de: 1) natureza dos processos e atividades, 2) condição de aquisição de insumos e outros recursos necessários e 3) decisões relacionadas ao planejamento a nível estrutural e ao nível da especificação de cada produto ou serviço produzido. Os processos são constituídos por um conjunto de atividades. A produtividade de cada um dos processos depende da tecnologia utilizada, das máquinas, equipamentos e sistemas de informação existentes, da maneira em que foi organizado cada um dos processos e do impacto de um processo em outro. Numa primeira visão, pode parecer que o importante no desempenho dos processos sejam unicamente a 24 tecnologia relacionada às máquinas e equipamentos e o desempenho das próprias máquinas e equipamentos. A importância destes elementos hard tem sido esvaziada pelo peso de elementos soft, elementos bem mais intangíveis, relacionados com o conhecimento e a informação. Isto causa dificuldades de análise para economistas, quando estudam variáveis acumuladas de natureza macro, seja setorial ou nacional. Níveis de investimento não são proporcionais a outputs ou a melhoria de produtividade. É possível, a partir da inteligente aplicação de elementos soft, por exemplo, alterar práticas de gestão para obter ganhos extremamente significativos de produção e de produtividade sem investir em máquinas e equipamentos. As práticas de manufatura enxuta (lean production) possibilitaram ganhos elevadíssimos de produtividade a muitas empresas sem investimentos em máquinas e equipamentos. Por exemplo, a planta produtiva de embreagens da Eaton, localizada em Mogi Mirim, conseguiu triplicar sua capacidade produtiva entre os anos de 2001 e 2005 sem investir em máquinas e contratar pessoal adicional. Para tanto, adotou os princípios da manufatura enxuta, que indicam a produção unitária e o abandono da produção por lotes. Os custos também dependem das condições de aquisição de insumos e demais recursos necessários. Um bom poder de barganha para negociar condições de aquisição mais favoráveis tende a auxiliar na obtenção de custos menores. As decisões tomadas quanto a itens estruturais, tais como, localização, tamanho da planta, mix de produtos a serem fabricados, tipo de equipamento e tecnologia, natureza de cada produto a ser fabricado (especificação técnica), natureza do serviço a ser prestado, afetam os custos unitários de cada produto e/ou serviço e também o total de custos que aparece no quadro estrutural de custos. Ou seja, a análise quanto à importância de cada elemento de custo mostrada no quadro estrutural deve ser mediada por questões sobre as relações do elemento de custos e os processos e as condições de aquisição. Os custos apresentados no quadro estrutural de custos podem ser ordenados em categorias específicas para melhor análise. Isto depende da classificação de custos, tema que será estudado futuramente. Os distintos critérios de classificação de custos auxiliam na análise e no controle dos custos. Estudamos o quadro estrutural de custos tomando como objeto de custos a empresa. Mas, para qualquer objeto a ser estudado, é necessário determinar seus custos incidentes, construindo seu quadro estrutural de custos. A informação proveniente do quadro estrutural de custos da empresa auxilia na determinação dos custos dos diversos objetos. Porém, para determinar os custos de distintos objetos, geralmente não são suficientes os dados que aparecem no quadro estrutural, portanto, estudos específicos devem ser realizados para cada objeto. Por exemplo, se na referida planta da Eaton, o objeto de custos é um determinado modelo de embreagem, será necessário determinar o consumo de insumos para uma peça, os tempos operacionais e as necessidades de mão-de-obra e máquinas dentro de cada processo, o custo decorrente desses tempos de salários, depreciação, manutenção, energia, etc.. Todos esses custos existem no quadro estrutural de custos da empresa, mas como aparecem de forma sintética, há necessidade de estudos mais detalhados para destacá-los. E qual a estrutura de custos da Unicamp? 25 Todo ano o orçamento da Unicamp é aprovado no Conselho Universitário (CONSU). A Assessoria de Economia e Planejamento (AEPLAN) mantém no seu site (http://www.aeplan.unicamp.br/ a versão do orçamento vigente e as anteriores. Há que procurar por “Proposta de Distribuição Orçamentária- UNICAMP”. É elaborado conforme o regime de caixa, o que poderia distorcer a analise, tal como visto no caso do orçamento federal. Porém, como a Unicamp não tem, praticamente, dívidas, as informações podem ser usadas para analise. Assim, pode ser vista a importância dos salários dentro do total de custos, das contas (luz, telefone, etc.). Pode-se ver o custo de cada unidade acadêmica e, como um pouco mais de esforço, pode se calcular o custo por aluno de cada curso, o salário médio por professor dentro de cada unidade acadêmica, etc.. 2.3. Conceitos Específicos No quadro estrutural apresentado aparece a menção a alguns itens específicos de custo e que serão abordados nesta parte. Estes itens são referentes aos seguintes aspectos: 1. Aspectos tributários 2. Aspectos relativos aos encargos sociais e provisões sobre salários 3. Conceito de depreciação. 2.3.1. Aspectos tributários 2.3.1.1. Sistemática fiscal: créditos e débitos Incidem sobre a nota fiscal, tributos (impostos e contribuições) “recuperáveis” e “não recuperáveis”. Os primeiros exigem um mecanismo de controle de impostos pagos ao comprar insumos (matérias-primas) e cobrados dos clientes ao vender os produtos finais. O montante de impostos pagos ao comprar os insumos gera um crédito fiscal. O montante dos impostos cobrados dos clientes gera um débito fiscal. Mensalmente apura-se a diferença entre o débito e o crédito e recolhe-sea diferença à esfera competente para a arrecadação (governo federal ou estadual). No caso dos tributos “não recuperáveis” não existe este mecanismo. A empresa cobra o imposto do cliente e transfere mensalmente o valor para o Estado. São tributos “recuperáveis” o ICMS (esfera estadual), o IPI, o PIS e o COFINS (esfera federal). E, em alguns casos, dependendo da legislação o PIS e o COFINS não são recuperáveis, tendo uma alíquota menor. A alíquota do ICMS é, na maioria das situações, de 18% para operações dentro do estado de São Paulo. Operações para outros estados têm alíquotas menores. A alíquota do COFINS é 7,60%, a alíquota do IPI depende do tipo de produto. O PIS pertence à esfera federal e tem alíquota de 1,65%. Nas situações em que o COFINS não é recuperável a alíquota é geralmente de 2%. 26 ICMS - Imposto sobre operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre prestações de Serviços de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação. COFINS - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social. IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados. PIS: Programa de Integração Social (contribuição). Neste texto serão abordados aspectos gerais que não dão conta de toda a complexidade da legislação tributária. É muito importante verificar qual a sistemática tributária à qual cada empresa está sujeita quando é realizado o estudo de custos. A forma de cálculo dos impostos segue regras previstas na legislação tributária, que podem ser resumidas pela seguinte equação: Vcimp = [Vsimp / (1 – (ICMS+COFINS+PIS))] * (1 + IPI), Onde, Vcimp = Valor com impostos. Vsimp = Valor sem impostos. ICMS = Valor absoluto da alíquota (%) do ICMS. COFINS = Valor absoluto da alíquota (%) do ICOFINS. PIS = Valor absoluto da alíquota (%) do PIS. IPI = Valor absoluto da alíquota (%) do IPI. No caso dos impostos “recuperáveis”, as empresas mantêm registros dos impostos incidentes em suas transações de compra e venda para apurar o valor devido ao governo. Suponhamos uma empresa que faz uma compra de R$ 10.000,00. Na nota fiscal figurará o valor correspondente ao IPI, COFINS, PIS e ICMS. Supondo uma alíquota de IPI de 8%, de ICMS de 18%, de PIS de 1,65% e de COFINS de 7,60%, o valor de cada imposto será (de acordo com a equação anterior): IPI = 10.000 – (10.000/1,08) = 740,74 O valor da compra sem o IPI é 10.000 - 740,74 = 9.259,26. Os outros impostos são calculados sobre o preço sem IPI, tal como pode ser visto no quadro a seguir: 27 VALOR SEM IPI 9.259,26 ICMS 18,00% 1.666,67 COFINS 7,60% 703,70 PIS 1,65% 152,78 VALOR SEM IMPOSTOS 6.736,11 Os valores pagos de IPI, ICMS, PIS e COFINS geram crédito fiscal. Supondo que a empresa faça uma venda de R$ 15.000 e que a alíquota do IPI seja 10%, a de ICMS de 18%, a do PIS de 1,65% e a do COFINS de 7,60%; a empresa cobrará o seguinte valor de impostos ao cliente: IPI = 15.000 – (15.000/1,10) = 1.363,64 O valor da venda sem IPI é 13.636,36. Os outros impostos calculados sobre o preço sem IPI são: VALOR SEM IPI 13.636,36 ICMS 18,00% 2.454,55 COFINS 7,60% 1.036,36 PIS 1,65% 225,00 VALOR SEM IMPOSTOS 9.920,45 Assumindo que essas sejam as únicas operações de compra e venda realizadas durante o mês, no final do mês a empresa procederá da seguinte forma para acertar suas contas com o governo: VALOR COBRADO NAS VENDAS (DÉBITO) VALOR PAGO NAS COMPRAS (CRÉDITO) VALOR A RECOLHER (DÉBITO – CRÉDITO) IPI 1.363,64 740,74 622,90 ICMS 2.454,55 1.666,67 787,88 COFINS 1.036,36 703,70 332,66 PIS 225,00 152,78 72,22 Observe-se que o custo total para a empresa corresponde ao Crédito + Valor a Recolher = Débito. Na estrutura de custos o valor das matérias-primas é mostrado sem o valor dos impostos recuperáveis (sem ICMS, PIS e COFINS e IPI). O valor destes impostos aparece como Débito (Imposto devido pelas vendas). 28 GAZETA MERCANTIL — TERÇA-FEIRA, 6 DE ABRIL DE 1999 - Página A-10 LEGISLAÇÃO - Empresas evitam impostos criando novos produtos Deo-colônia e xampu-condicionador apresentam carga tributária menor; o que beneficiou o crescimento dessas alternativas no mercado. Marta Watanabe de São Paulo A carga tributária está deixando cada vez mais de ser um item com o qual as companhias só se preocupam na hora de recolher impostos. Empresas e tributaristas evitam falar no assunto, mas hoje o planejamento tributário marca presença forte na hora de definir novos produtos. Alguns deles, aliás, são criações exclusivamente brasileiras que derivaram, como o próprio setor define, da criatividade das empresas na busca da menor carga tributária. O melhor exemplo é o desodorante colônia, mais conhecido como deo-colônia, que representa 95% dos US$ 500 milhões faturados anualmente no mercado brasileiro de perfumaria. A deo-colônia, definida pelo setor como "desodorante com alta concentração de perfume", nasceu pura e simplesmente porque traz uma vantagem tributária considerável. Criada como alternativa ao perfume, a deo-colônia paga 10% de Imposto sobre Produtos Industrializados.(IPI). Caso fosse classificada como perfume, o produto recolheria 40%. Como se trata de uma mistura de desodorante com perfume, o produto assume a alíquota mais baixa, do desodorante, que é a de 10%. Embora o consumidor em geral não perceba, é como deo-colônia que estão classificadas várias marcas oferecidas por empresas do setor, como Natura e Água de Cheiro. Entre as fragrâncias famosas estão "Tarot", "Shiraz", "Biografia", "Absinto" e "Fifteen Years". "Se o Fisco não fosse tão ganancioso com a cobrança de 40% de IPI sobre perfumes, esse mercado cresceria muito mais", diz João Carlos Basílio da Silva, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec). "Embora não sejam exclusividades brasileiras, outros produtos do setor mantiveram espaço no mercado em função do enquadramento fiscal mais favorável", diz Silva. É o caso do xampu-condicionador, tributado antes a 10% de IPI em vez dos 30% cobrados dos condicionadores. Hoje, explica Silva, as normas de IPI igualaram a carga tributária dos dois produtos, mas as diferenças ainda existem em relação ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) cobrado pelos estados. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, por exemplo, o condicionador paga 25% de ICMS e o xampu 18%, diz Silva. O mix de xampu-condicionador que dá origem aos consagrados "dois em um" paga a alíquota menor, de 18%. A diferença, explica o advogado Gilson Rasador, sócio da Pactum Consultoria Empresarial, é geralmente baseada na essencialidade das mercadorias. A deo-colônia, mistura de desodorante e colônia, paga 10% de IPI, enquanto os perfumes recolhem 40% de Imposto.Por isso, o xampu, considerado produto de higiene, costuma ter alíquota inferior ao do condicionador, classificado como cosmético. A deo-colônia e o xampu-condicionador são exemplos das alternativas encontradas pelas empresas na hora de criar produtos e classificá-los em algum item das extensas tabelas de IPI e ICMS. "O planejamento é essencial porque define a viabilidade da mercadoria e seu preço", diz o advogado Allan Moraes, da ASPR Assercon. A medida, explicam os tributaristas, é usada em todos os setores. "Dependendo do produto, há necessidade de trabalhos conjuntos com especialistas técnicos que justifiquem a classificação defendida pela empresa". Segundo Moraes, em alguns casos os tributaristas até recomendam a contratação de laudos de institutos especializados. Quando a classificação fiscal não interfere no conteúdo, ela pode determinar o formato. É o que acontece entre os fabricantes de rações para cães e gatos. Até algum tempo atrás,quem tinha um bicho de estimação encontrava nos supermercados e nos "pet shops" embalagens inusitadas de 10,5 ou 10,1 quilogramas. O motivo é simples. Para embalagens de até 10 kg, o IPI era de 30%. Acima disso, era zero. Hoje a norma não está mais em vigor, informa Bernard Divry, diretor de alimentos para animais de estimação da Associação Nacional dos Fabricantes de Rações (Anfar). Atualmente, a alíquota de 10% é uniforme para todas as embalagens. A mudança das normas deu origem a uma reformulação do formato dos pacotes de ração. Coincidência ou não, a Purina, fabricante das marcas "Bonzo" e "Papita", oferecia antes as rações em pacotes de 10,1 quilogramas e 20 quilogramas. Hoje, a empresa usa embalagens de 8 quilogramas e 16 quilogramas. Em razão da diferença brutal na tributação, a classificação fiscal das embalagens de ração, chegou a ser alvo de disputa da Purina e da Cargill no Supremo Tribunal Federal. Hoje, há outras disputas significativas no Judiciário. Uma delas é a da classificação fiscal para sacos, vasilhames, garrafas e outras embalagens plásticas para produtos alimentícios. Com base em normas mundiais de classificação e na regra da essencialidade, as empresas defendem que essas embalagens sejam beneficiadas com alíquota zero de IPI. A Receita Federal argumenta que, independentemente do seu destino, as embalagens plásticas pagam 15% de imposto. "O assunto, que ainda não chegou aos tribunais superiores, é significativo porque afeta o custo" de todos os produtos embalados em plástico, diz Rasador. 2.3.1.2. Determinação do preço de venda conhecendo o custo Em função da sistemática tributária da determinação do Preço de Venda de um 29 produto, conhecendo o seu custo, deve-se seguir a seguinte fórmula (caso as comissões e o lucro sejam calculadas sobre o PV sem IPI, tal como é comum): Fórmula do PV = {Custo unitário do produto/ [(1-(% Lucro + % Comissões+ % ICMS + % PIS+ % COFINS)]}* (1+IPI) Deve ser observado que, para aplicar a fórmula, os insumos (matéria-prima e materiais auxiliares) devem ser computados sem o valor dos respectivos créditos de ICMS, IPI,PIS e COFINS, dentro do custo unitário do produto, dado que estes impostos são creditáveis ou recuperáveis. Um cuidado a tomar é observar quais impostos podem ser recuperados a partir da sistemática do crédito fiscal. Assim, se uma empresa compra um produto pelo qual paga IPI, mas o produto que ele transforma e vende é isento de IPI, ela não tem como recuperar o IPI. Nesse caso o IPI deve fazer parte do custo da matéria-prima (ou seja, não deve se computar o crédito fiscal). Isto ocorre, p. ex., no setor de confecções, que compra tecidos que estão sujeitos a IPI, mas vende roupas, que são isentas de IPI. Nesse setor o valor do IPI deve fazer parte do custo do tecido. Assim, por exemplo, se uma empresa de confecções compra um tecido que custa R$ 10,00 o metro + 10% de IPI, ou seja, o custo total é R$ 11,00, o custo do tecido a computar será: Valor de compra sem IPI: R$10,00 - ICMS (18%) R$ 1,80 - COFINS (7,60%) R$ 0,76 - PIS (1,65%)....................................R$ 0,16 = Custo sem impostos creditáveis R$ 7,28 + IPI R$ 1,00 = Custo do tecido R$ 8,28 Esta situação ocorre normalmente no comércio, que, ao ser isento de IPI, não tem como se recuperar do crédito fiscal. Portanto, no caso do setor comercial é necessário acrescentar ao custo de compra dos produtos o valor do IPI. 30 Exemplo: formação de preço de venda Dado o custo determinado de uma unidade de produto: R$ 100,00. Sendo as seguintes alíquotas incidentes sobre o preço de venda: ICMS 18,00% COFINS 7,60% PIS 1,65% COMISSÔES 3,00% IPI 15,00% Sendo a margem de lucro desejada sobre o PV de 8,00%. O preço de venda é determinado assim: Passo 1: Somar incidências "por dentro do preço" ICMS 18,00% COFINS 7,60% PIS 1,65% COMISSÕES 3,00% MARGEM DE LUCRO 8,00% SOMA INCIDÊNCIAS 38,25% Passo 2: Calcular o divisor Divisor = (100-38,25)/100 = 0,6175 Passo 3: Determinar o PV com ICMS e sem IPI PV com ICMS e sem IPI = Custo/Divisor = R$ 100,00/ 0,6175 = R$ 161,94 31 Passo 4: Determinar o valor do IPI IPI = alíquota IPI x PV com ICMS e sem IPI IPI = R$ 161,94 x 0,15 = R$ 24,29 Passo 5: Determinar o PV com IPI PV com IPI = PV com ICMS e sem IPI + IPI = R$ 161,94 + R$ 24,29 = R$ 186,23 Passo 6: Calcular os valores em R$ de ICMS, PIS/COFINS, COMISSÕES, LUCRO e IPI incidentes sobre o preço de venda CUSTO R$ 100,00 ICMS 18,00% R$ 29,15 COFINS 7,60% R$ 12,31 PIS 1,65% R$ 2,67 INCIDÊNCIA SOBRE COMISSÕES 3,00% R$ 4,86 PV COM ICMS E SEM IPI LUCRO 8,00% R$ 12,96 PV COM ICMS E SEM IPI R$ 161,94 BASE PARA CÁLCULO IPI 15,00% R$ 24,29 INCIDE SOBRE PV COM ICMS E SEM IPI PV COM ICMS E COM IPI R$ 186,23 Uma questão que surge é quanto ao porquê de dada margem de lucro ter sido fixada, no exemplo 8%. A capacidade de determinar a margem de lucro depende da autonomia que a empresa tem em relação aos fatores que determinam a concorrência no mercado. Nos mercados de natureza oligopólica (mercados fix), a autonomia é bem maior que no caso dos mercados flex. Supondo uma empresa que tenha uma certa autonomia no seu processo de planejamento para um próximo período, considerará as taxa de retorno mínimo sobre seu capital próprio, (esta taxa tem como piso o custo de oportunidade, mas pode ser fixada além deste patamar), o custo do financiamento do capital de terceiros utilizado e as vendas previstas. A partir destes parâmetros, se estabelece o máximo de custos (antes dos custos financeiros para carregar o capital de terceiros). O processo de gestão deve ao longo do período cuidar de não exceder o total de custos e atingir o nível de vendas previsto. Deve-se lembrar que a empresa não é um autômato que se ajusta ao mercado e sim um organismo que elabora estratégias, tem planejamento e tenta atingir objetivos (ver Penrose, 1959, caps 1 e 2). 32 Suponhamos uma empresa que tem um Capital Total (ativo) de R$ 140 mil, financiado por R$ 100 mil de Capital Próprio (Patrimônio Líquido) e R$ 40 mil de Capital de Terceiros (Passivo). Os acionistas desejam obter uma taxa de retorno de 20% ao ano sobre o Capital Próprio. O custo do Capital de Terceiros é de 25% ao ano. As vendas previstas (sem IPI) para o próximo ano são de R$ 375 mil. Qual é a margem de lucro necessária? Quais são os custos máximos que a empresa pode ter ao longo do próximo período? No próximo quadro é possível ver o processo de cálculo que relaciona margem de lucro com taxa de retorno sobre o Capital Próprio:~ Variáveis R$/Taxas Capital Próprio (Patrimônio Líquido) a 100.000,00 Capital de Terceiros (Passivo) b 40.000,00 Capital Total (Ativo) c = a+ b 140.000,00 Taxa de Retorno mínimo capital próprio (ao ano) d 20,0% Lucro necessário e = d x a 20.000,00 Custo do capital de terceiros (taxa de juros ao ano) f 25,0% Juro a ser pago g = f x b 10.000,00 Lucro + Juro a ser obtido no ano h =e + g 30.000,00 Vendas previstas no ano (sem IPI) i 375.000,00 Margem de lucro sobre vendas necessário j = h /i 8% Custos máximos aceitáveis (sem considerar g) k = i - h 345.000,00 Observa-se que a margem necessária é 8% a ser aplicada sobre as vendas (antes do IPI) e os custos máximos aceitáveis de R$ 345 mil ao longo doano. O processo para acrescentar os 8% à margem foi exemplificado anteriormente neste item. Cabe ressaltar que, neste exemplo, partiu-se da hipótese de que o capital de terceiros é constante e que exige uma dada taxa de juros. Em muitas situações, uma parcela importante do capital de terceiros relaciona-se com o volume de crédito concedido aos clientes. Nesse caso, em vez de acrescentar o montante de juros à massa de lucro necessário, pode-se calcular o juro correspondente a cada operação realizada e cobrar o valor diretamente dos clientes. Assim, p, ex. para uma venda a 60 dias calcula-se o juro correspondente a esse prazo e acrescenta-se ao preço de venda. 2.3.1.3. Qual o peso dos impostos no preço dos produtos? 33 O seguinte quadro divulgado pela Secretaria de Fazenda mostra o peso dos impostos em diversos produtos (observar que ICMS é impostos estadual e os demais são federais): Fonte: http://www.receita.fazenda.gov.br/publico/EducacaoFiscal/PrimeiroSeminario/22CARGATRIBUTARIAPRODUTOSDECONSUMOPOPULAR.pdf Há uma discussão sobre a justiça desta carga. Alguns setores da sociedade defendem sua diminuição (por exemplo o IBPT que disponibiliza a Calculadora de Impostos no seu site: http://www.ibpt.com.br/home/). Outros setores defendem a necessidade de manter a atual carga tributária de forma a que o governo possa ter recursos para os programas sociais (educação, saúde, previdência). 2.3.2. Aspectos relativos aos encargos sociais e provisões sobre salários A problemática da importância dos encargos sociais tem sido objeto de animadas discussões no Brasil. Vasconcelos e Volpato (2000) sintetizam o debate ocorrido entre Pastore e empresários, por um lado, e Pochmann e Santos, por outro, ao longo da década dos 90 (ver também Pastore 1994 a, b , Pochmann 1997 a, b , Santos, 1996). O debate se origina das particularidades da lei trabalhista regida pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) que induz à existência de duas perspectivas. 34 Na ótica do empresário, encargo social sobre salário é todo valor adicional que deve ser pago ao tempo em que o trabalhador está na empresa. Incidem nesta perspectiva tanto acréscimos relativos a contribuições, como o valor devido ao INSS, o pagamento de férias e décimo-terceiro salário. Na ótica do trabalhador, férias e décimo-terceiro salário são parte de seu salário, e não são encargos sociais. Dependendo da perspectiva adotada, a importância dos encargos sociais será maior ou menor. O correto é diferenciar a incidência dos encargos específicos daqueles que são simplesmente remuneração salarial. Assim, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) em seus estudos comparativos sobre o peso dos encargos em diversos países, adota o critério de considerar a remuneração anual do trabalho como base, incluindo, portanto, dentro desta base, as férias, o décimo-terceiro salário e outras remunerações obtidas pelo trabalhador. Este debate não tem maior relevância no que se refere à determinação de custos. Para os objetivos da determinação de custos, tendo-se como base a informação do salário mensal, para determinar o custo total é necessário calcular o custo das contribuições sociais obrigatórias (Guia de recolhimento ao INSS) e efetuar uma provisão da remuneração que o trabalhador tem direito de forma diferida; décimo- terceiro salário, férias, abono férias e valores pagos a título de indenização. Ou seja, a taxa calculada não mostra o custo dos encargos sociais e sim o custo dos encargos mais provisões salariais. Portanto, é incorreto usar a informação desta taxa para compará-la com as taxas de encargos sociais de outros países, tal como realizado por Pastore. Lamentavelmente, no Brasil, usa-se o conceito da taxa de encargos sociais e de provisões de forma não rigorosa, confundindo sua aplicação para comparações internacionais com a taxa usada para determinação de custos. Para os objetivos da determinação de custos, para simplificar o cálculo do custo salarial, é possível determinar uma taxa média que informe o valor dos encargos e provisões a ser aplicada sobre o salário mensal; Imaginemos uma empresa que contrata no final de dezembro, para iniciar no dia 2 de janeiro um funcionário, o Sr. Ruberildo, por R$ 1.000,00 por mês. Esse é o salário em carteira. Além desse salário devera pagar: 1 mês de férias 1/3 de abono férias Décimo Terceiro Salário; Ou seja, ao longo de um ano o empregado trabalhará 11 meses e receberá mais 13,33 salários. Além disso, todo mês a empresa recolherá 27,8% correspondente a Guia do INSS (20% para o INSS e 7,8% Terceiros, que são outras instituições, tais como SENAI, SESI, SESC, SEBRAE, Incra) e depositará 8% na conta individual do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) do empregado. Quando o empregado é demitido deve receber a indenização correspondente ao aviso prévio e a empresa recolhe 50% de multa sobre o saldo acumulado do FGTS (destes 50%, 40% são creditados para o empregado e 10 % são recolhidos para o governo federal). O aviso prévio, conforme a Lei 12.506 de 11/10/2011 (que complementa o 35 Capítulo VI do Título IV da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo Decreto-Lei 5452, de 1º de maio de 1943,), corresponde a um mês de salário adicionado de três dias por ano de serviço até o máximo de sessenta dias, perfazendo assim um total te 90 dias. O quadro a seguir mostra o fluxo de pagamentos e encargos, supondo que após 24 meses o Sr. Ruberildo seja demitido: Quadro 2.3.a Fluxo de pagamentos e encargos. Sr. Ruberildo (o aviso prévio corresponde a um mês de salário mais seis dias) O quadro abaixo mostra a remuneração total recebida pelo contrato de trabalho pelo Sr. Ruberildo e o custo total para a empresa: 36 Quadro 2.3.b1 Distribuição do custo total salarial Item R$ % Salários 22.000,00 56,5% Férias 2.000,00 5,1% Décimo - terceiro salário 2.000,00 5,1% Abono Férias 666,00 1,7% Aviso Prévio 1.200,00 3,1% FGTS 2.229,28 5,7% Multa FGTS (40%) 891,71 2,3% Sub total empregado 30.986,99 79,5% Multa FGTS (10%) 222,93 0,6% Guia INSS 7.746,75 19,9% Sub total encargos 7.969,68 20,5% Total 38.956,67 100,0% Observa-se que do custo total, 79,5% foram destinados para o empregado e 20,5% para o governo (INSS e demais instituições). Assim, sob essa ótica, o encargo adicional à remuneração do trabalho é (100%/79,5%) -1 = 25, 72%. Porém, na ótica da empresa, ela dispõe somente do tempo quando o Sr. Ruberildo está trabalhando para formar uma provisão que vise dar cobertura ao custo total de seu trabalho. Para tanto, deve provisionar tanto os encargos adicionais a remuneração do trabalho, como os demais elementos que compõem a remuneração do trabalho que não o salário, quando ele estiver trabalhando. Ou seja, tomando o salário como base, a taxa de encargos a aplicar para poder formar essa provisão é 77,08%%. Quadro 2.3.b2 Taxa de provisões salariais sobre salários Base = Salário 22.000,00 100,00% Demais custos 16.956,67 77,08% Total 38.956,67 177,08% Dada a natureza simplificada deste exemplo, não foram mencionados alguns encargos adicionais (licença maternidade, licença paternidade, auxílio enfermidade, o peso das diversas alíquotas do seguro de acidente de trabalho) o que faz elevar essa taxa para valores em torno de 78% a 80%. 2.3.2.1. Exemplos de aplicação da taxa de encargos sociais CLT 1. Uma empresa contratou uma pessoa por R$ 1;000 mensais. Qual é seu custo mensal? (taxa aplicável 79%) Aplicando-se a taxa, seu custo é de R$ 1.000 x 1,79 = R$ 1.790 2. Uma empresa que tem uma jornada de trabalho de 170 horas mensais, contratou um operador de máquinas
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