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Apostila 2 - Analise de Custos e Resultados: aspectos básicos - 2014

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Analise de Custos e Resultados: 
aspectos básicos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Texto para uso da disciplina 
CE 142 Métodos de Analise Econômica I 
 
(corresponde a parte II do programa) 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Miguel Juan Bacic 
 
 
 
 
Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas 
 
 
 
 
 
 
Março 2014 
 
 
 
 
 
Este texto deve ser complementado com as leituras adicionais indicadas e a realização de exercícios em 
aula. Parte do texto é de autoria do professor Luiz Antônio Teixeira Vasconcelos. 
 
 i 
 
ÍNDICE 
 
1. CUSTOS - INTRODUÇÃO......................................................................................... 03 
1.1 Consumo de recursos, custos e mercados...............................................................03 
 
2. CONCEITOS INICIAIS............................................................................................... 15 
2.1. Gasto, Custo, Despesa, Investimento e Desembolso............................................. 15 
2.2. Estrutura de Custos.................................................................................................16 
2.3. Conceitos Específicos.............................................................................................25 
2.3.1. Aspectos tributários........................................................................................25 
2.3.1.1. Sistemática fiscal: créditos e débitos..................................................... 25 
2.3.1.2. Determinação do preço de venda conhecendo o custo..........................29 
2.3.1.3. Qual o peso dos impostos no preço dos produtos?................................33 
2.3.2. Aspectos relativos aos encargos sociais e provisões sobre salários.............33 
2.3.2.1. Exemplos de aplicação da taxa de encargos sociais CLT......................36 
.3.2.2. Plano Brasil Maior a exclusão do INSS sobre folha de pagamento.........38 
2.3.3. Conceito de depreciação...............................................................................39 
 
3. CLASSIFICAÇÃO DE CUSTOS................................................................................ 42 
3.1. De Acordo com a Possibilidade de Identificação ao Objeto de Custos................... 42 
3.2. De Acordo com a Variação dos Custos Conforme o Nível de Atividades............... 42 
3.3. De Acordo com a Origem Funcional dos Custos.................................................... 44 
3.4. Custos que Representam Desembolso e Custos que são Imputados.................... 44 
3.5. Custos Operacionais e Não Operacionais.............................................................. 45 
3.6. Exemplo de Classificação....................................................................................... 45 
 
4. ANÁLISE ESTRUTURAL DE CUSTOS..................................................................... 53 
4.1. Apresentação das Informações.............................................................................. 53 
4.2. Análise Econômica de Custos: Custos, Volumes e Lucros.................................... 57 
4.2.1. Aspectos básicos da análise econômica de custos...................................... 57 
4.2.2. Grau de alavancagem operacional, financeira e combinada.............................. 58 
4.2.3. Ponto de nivelamento..........................................................................................64 
 
5. MÉTODOS PARA ANALISAR RESULTADOS DE PRODUTOS.............................. 73 
5.1. Analise por meio do Custeio Variável de Curto Prazo, Custeio Variável de 
Médio/Longo Prazo e Custeio Direto ........................................................................... 74 
 ii 
5.1.1. Margem de contribuição:................................................................................ 75 
5.1.2. O uso dos conceitos nas informações decisões gerenciais............................78 
5.1.2.1. Determinação de resultados por produtos e linha de produtos.............. 79 
5.1.2.2. Decisões sobre mix de produtos............................................................ 81 
5.1.2.3. Construção de modelos para análise de situações e tomada 
de decisões............................................................................................. 83 
 
BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................... 85 
 
EXERCÍCIOS ................................................................................................ ............ 86 
 
 3 
1. CUSTOS – INTRODUÇÃO 
 
1.1 Consumo de recursos, custos e mercados 
Qualquer organização, para dar início e desenvolver as suas atividades, seja ela 
industrial, comercial, agrícola ou na área de serviços, deve, necessariamente, usar 
certa quantidade de recursos. Assim, adquirirá máquinas, equipamentos, móveis e 
demais utensílios que serão instalados em um determinado local (próprio ou alugado); 
contratará funcionários, comprará insumos, contratará serviços diversos (eletricidade, 
telefone, água, limpeza, etc..). Esse conjunto de recursos será usado para 
desempenhar uma série de processos por meio dos quais serão obtidos os produtos ou 
serviços que a organização se propõe ofertar. 
Os recursos utilizados são avaliados e mensurados em moeda (R$). A 
organização deverá pagar seus fornecedores, seus empregados e os demais custos 
que surgem da utilização de recursos nos processos necessários para a fabricação e 
venda de seus produtos e serviços. Alguns custos surgem não dos processos, mas da 
necessidade de possuir uma estrutura na qual os processos são realizados (por 
exemplo, um prédio). Outros surgem por razões legais: impostos a pagar. Outros 
surgem da necessidade de financiamento: juros pagos. 
Pela aquisição e utilização do material a ser transformado, a empresa gera os 
custos dos insumos materiais; pelo seu ressarcimento, tem condições de repor esses 
materiais, mantendo em funcionamento a sua atividade produtiva. 
A utilização do trabalho humano origina os custos dos salários e dos encargos 
sociais. 
Os recursos aplicados na montagem e na utilização da estrutura administrativa 
da organização geram diversos conjuntos de gastos (denominados, genericamente, de 
cargas estruturais de custos), que vão desde as remunerações dos diretores e 
gerentes, até a depreciação de máquinas e equipamentos de escritório, incluindo 
gastos gerais com materiais, etc.. 
Pela utilização do trabalho de vendedores são gerados os custos com 
comissões. O esforço de vendas gera um conjunto variado de custos, incluindo 
treinamento da equipe de vendas, de representantes, realização de convenções, 
viagens, etc.; as ações de marketing geram custos também variados, que abrangem 
desde a propaganda até a assistência pós-venda, etc.. 
A utilização de máquinas e equipamentos, edificações e instalações gera os 
chamados custos de depreciação, um tipo especial de custo que, ao longo de 
determinado período (a vida útil ou econômica da máquina, ou o ciclo do padrão 
tecnológico, por exemplo), deve servir para acumular um montante de recursos 
financeiros que seja suficiente para a reposição ou renovação total ou parcial desses 
recursos produtivos. 
Finalmente, pela utilização dos recursos comunitários, são gerados custos de 
contrapartida que incluem impostos, de natureza geral e de abrangência estadual 
nacional - com alíquotas aplicadas sobre as receitas das vendas - bem como impostos 
e taxas de natureza específica e abrangência local - com alíquotas aplicadas sobre os 
valores dos imóveis. No primeiro abrange: ICMS (Imposto sobre a Circulação de 
Mercadorias e Serviços), IPI (Impostos sobre Produtos Industrializados), PIS 
(Programa de Integração Social), COFINS (Contribuição para Seguridade Social), etc.; 
 4no segundo grupo inclui-se, por exemplo, o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). 
O conceito de custos relaciona-se com a aquisição, utilização e reposição 
continuadas (com maior ou menor frequência) de recursos produtivos por parte de uma 
empresa. Os custos são gerados ao longo de todo o ciclo das atividades da 
organização (compra, transformação e vendas e distribuição) e, serão, espera-se, 
recuperados, na medida exata, no momento do recebimento do valor referente às 
vendas de seus produtos ou serviços. 
Toda organização, seja pública ou privada, com ou sem finalidade de lucro deve, 
para ser viável, manter um equilíbrio dinâmico (isso significa que pode haver 
desbalanceamentos temporários) entre o fluxo de entrada de recursos monetários 
(receitas obtidas se for uma empresa, recursos orçamentários se for uma entidade 
governamental, doações recebidas, se for uma entidade beneficente, financiamentos 
obtidos) e o fluxo de saídas (custos correntes, aquisição de ativos, pagamentos de 
financiamentos, etc..). 
No caso de empresas privadas, além do equilíbrio, busca-se obter lucro. Para 
que a empresa seja viável, o total de receitas obtidas num determinado período (ou a 
expectativa de obter as receitas) deve ser superior ao total de custos desse mesmo 
período (ou a expectativa dos custos necessários para obter um determinado montante 
esperado de receitas). No caso de uma empresa poliprodutora, que produz e vende 
uma variada gama de produtos, a receita obtida pela venda de cada um de seus n 
produtos, num determinado período, deve ser superior ao total de seus custos nesse 
mesmo período. Como regra geral, a empresa determinará os custos unitários de cada 
produto e tentará fixar um preço que dê cobertura aos custos de cada produto e que 
propicie uma margem de lucro. 
A determinação da margem, embora tenha como referência os custos, depende 
em larga medida do tipo de mercado e da particular forma de inserção da empresa no 
mercado em que atua. Podem ocorrer situações em que o preço de mercado seja 
inferior ao custo determinado. A empresa deverá decidir se continua ou não produzindo 
e/ou comercializando os produtos. Verificará também se há possibilidades de diminuir 
os custos do produto, melhorando a gestão dos processos, obtendo preços menores de 
compra de insumos e aumentando a produtividade. 
A margem de lucro unitária de dado produto ou serviço se define pela seguinte 
equação: 
m = ((p – c) /p) x 100 
onde: 
 
m = margem de lucro unitária de um dado produto ou serviço; 
p = preço de venda de um dado produto ou serviço; 
c = custo unitário de um dado produto ou serviço. 
 
Como normalmente as empresas produzem distintos produtos, e cada um deles 
pode ter margens unitárias de lucro diferente, é possível mensurar o resultado final das 
vendas dos n produtos ao longo de um dado período usando a seguinte expressão: 
 
M = ((R- C)/ R) x 100 ou M = (L/R) x 100 
 5 
 
onde: 
 
M = margem de lucro obtida em determinado período; 
R = Receitas do período; 
C = Custos do Período 
L = R- C = Lucro do período 
 
Por exemplo, no caso de uma empresa X temos as seguintes informações do 
produto P1: 
p = 10 
c = 8 
m = 20% 
 
A empresa X produz uma grande quantidade de produtos, P1, P2, P3, ...Pn, 
Cada um deles tem diferentes preços, custos e margens de lucro. Decorrente da 
venda desses produtos, a empresa X teve ao longo do último ano Receitas de R$ 
10.000.000 e Custos de R$ 9.500.000,00, Portanto o Lucro do Período, L, foi de R$ 
500.000 e a margem de lucro do período, M foi de 5%. 
 
IMPORTANTE 
Independentemente da situação de lucro individual de cada produto, a receita total, proveniente 
da venda de seus produtos e serviços, deve ser suficiente para dar cobertura ao total de custos 
provocados pelo desempenho de seus processos produtivos, administrativos, comerciais e 
daqueles oriundos da estrutura financeira (juros) e da incidência dos aspectos tributários. Se o 
total de custos for superior à receita, a organização passará a ter déficit e demandará recursos 
financeiros adicionais, passando a pagar juros adicionais, elevando o déficit. Se medidas de 
ajuste não são tomadas após certo período, o déficit acumulado crescerá explosivamente, 
tornando inviável a manutenção da organização que deverá ser liquidada. 
 
Numa empresa privada, os acionistas aplicam recursos financeiros em 
maquinários, instalações, estoques e capital de giro para pagar os salários das 
pessoas contratadas, as despesas de funcionamento (eletricidade, telefone, aluguel, 
seguros), o consumo de materiais e os impostos. 
Os acionistas esperam que a receita total, obtida com a venda dos n produtos 
e/ou serviços em determinado período, seja superior ao total de custos nesse mesmo 
período, de forma a ter uma dada taxa de retorno satisfatória, sobre o capital próprio 
investido em um dado período. O capital próprio denomina-se, na contabilidade, 
Patrimônio Líquido. A taxa de retorno sobre capital próprio (ou Patrimônio Líquido) 
deve ser correspondente a dado período (ano, semestre, mês) e se expressa pela 
seguinte fórmula: 
 
RsPL = (L/PL) x 100 onde: 
 6 
 
RsPL: taxa de retorno sobre o Patrimônio Líquido, também denominada: taxa de retorno 
sobre o capital próprio ou taxa de lucro sobre capital próprio ou taxa de retorno sobre o 
investimento (RSI) 
L = lucro obtido em dado período. 
PL = Patrimônio Líquido ou capital próprio 
(Nota: esta fórmula é preliminar, a seguir veremos seu calculo correto) 
 
O cálculo desta taxa não é trivial e há que seguir uma seqüência lógica. 
O capital próprio é uma parte do capital total das empresas. Normalmente, as 
empresas têm necessidade de um volume de recursos superior ao que os acionistas 
podem aportar. Então, os acionistas levantam recursos de terceiros (p. ex. 
empréstimos) para financiar a diferença. Esses recursos constituem o capital de 
terceiros (que tem um custo, os juros). 
Capital de terceiros (K3º) = Capital Total (KT) – Capital Próprio (KP) 
Isto pode ser expresso na terminologia contábil assim: 
Passivo = Ativo – Patrimônio Líquido 
Graficamente podemos observar: 
 
Ativo (A) 
ou 
Capital Total ( KT) 
Passivo (P) 
ou 
Capital de Terceiros (K3º) 
Patrimônio Líquido (PL) 
ou 
Capital Próprio (KP) 
 
Há que observar que KP e K3º se constituem na fonte dos recursos da empresa 
que são aplicados nos diversos elementos que formam o KT (máquinas, equipamentos, 
estoques, créditos a receber de clientes, etc.). 
Ou seja 
Ativo Aplicação de recursos 
Passivo e Patrimônio Líquido Fontes ou origens dos recursos 
Os recursos aplicados no Ativo permitem a geração do lucro do período. Com 
esse lucro a empresa deve pagar em primeiro lugar o custo de utilizar Capital de 
Terceiros (que são os juros), em segundo lugar, pagar o Imposto de Renda sobre os 
 7 
lucros do período e finalmente, o excedente é o lucro para os acionistas. 
É dizer, a empresa, com base nos recursos aplicados no Ativo, obtém Receitas. 
Para obter as Receitas incorre em custos de diversos tipos (de produção, 
administrativos, comerciais). O excedente entre as receitas e os custos se constitui no 
lucro ou resultado da operação (Lucro Operacional). Com esse lucro operacional deve 
pagar os juros decorrentes do uso do Capital de Terceiros (são as Despesas 
Financeiras). Deduzidas do Lucro Operacional as Despesas Financeiras, encontra o 
Resultado antes do Imposto de Renda (IR). Sobre esse resultado incidirá a alíquota do 
IR. O resultado final é o lucro disponível para os acionistas, que poderão decidir sua 
destinação, considerando diversos aspectos (legais, estratégicos, financeiros, 
interesses pessoais, etc.). 
 
Receitas 
 - Custos de produção, administrativos, comerciais.=Lucro Operacional (LO ou LAJI ou EBIT) 
 - Despesas Financeiras (Juros) 
 = Lucro antes do Imposto de Renda (LAIR ou LAJI –J) 
 - Imposto de Renda (IR) 
 = Lucro depois do IR (disponível para os acionistas) (LAIR – IR)_ 
 
O Lucro Operacional (LO) é chamado muitas vezes de Lucro Antes de Juros e 
Impostos ((LAJI). A referencia ao “antes de impostos, ou seja, ao I do LAJI), 
corresponde ao Imposto de Renda (IR), que incide sobre o lucro. O LAJI também é 
conhecido como EBIT (em inglês, earnings before interest and taxes). 
Portanto LO = LAJI = EBIT 
Observamos que a obtenção de um dado montante de lucro depois do IR 
depende da capacidade de obter lucro operacional, do montante de juros pagos (ou 
seja o custo do Passivo) e da alíquota do IR. 
Caso relacionemos o Lucro Operacional de dado período (p. ex. um ano) com o 
Ativo, encontramos a taxa de lucro sobre o capital total ou taxa de retorno sobre ativo 
(RsA) 
 
RsA = (LO/A) x 100 
 
RsA: taxa de retorno sobre Ativo, ou taxa de lucro sobre capital total ou taxa de retorno 
sobre o investimento total 
LO; lucro operacional 
A: Ativo ou Capital Total 
 
Essa taxa informa a capacidade que cada unidade aplicada em Ativo teve para 
gerar lucro para a empresa. É calculada antes dos juros (Despesas Financeiras) para 
mostrar quanto efetivamente o capital total rendeu, independentemente do custo que a 
empresa teve com sua escolha no uso de capitais de terceiros. 
 8 
A taxa de retorno sobre Ativo (RsA) depende de dois fatores: a lucratividade 
sobre vendas (margem de lucro) e a eficiência do uso dos ativos que é mensurado pelo 
indicador de giro ou rotação do Ativo. 
Com o objetivo de excluir o impacto do custo das decisões de usar capital de 
terceiros e poder observar a lucratividade que provém da operação, a margem de lucro 
deve ser calculada com base no Lucro Operacional (LAJI), e não sobre o Lucro antes 
do IR. 
 
M = (LO/R) x 100 
M; margem de lucro 
LO: Lucro operacional 
R: Receitas 
 
A rotação ou giro do capital investido (G) informa quantos R$ de Receitas (R) 
são obtidos com R$ 1 de capital total ou Ativo 
 
G = R/A 
 (o resultado G se expressa com um número seguido de x e deve ser lido como vezes) 
 
A multiplicação de giro e margem determina a taxa de retorno: 
 
RsA = M x G 
RsA = ((LO/R) x 100) x R/A 
 
Essa equação mostra que é possível obter determinada RSA a partir de 
diferentes combinações de M e G, tal como pode ser visto no quadro abaixo: 
 9 
 
 
Uma vez conhecido o RsA e seus determinantes (M e G) há que ver como o 
pagamento de juros impacta o RsPL. O RsPL é o resultado final para os proprietários 
(acionistas). 
Podemos calcular RsPL antes do IR e depois do IR. 
 
RsPL(antes de IR) = LAIR/PL 
RsPL (depois do IR) = (LAIR –IR)/PL 
 
RsPL: taxa de retorno sobre Patrimônio Líquido 
LAIR: Lucro antes do Imposto de Renda 
LAIR-IR: Lucro depois do IR 
PL: Patrimônio Líquido 
 
 
Até agora vimos os indicadores relativos à atividade operacional de empresa. E 
como as decisões de uso de Capital de Terceiros afetam seu resultado? Uma das 
principais decorrências dessas decisões diz respeito ao pagamento de juros, que afeta 
o resultado final para os proprietários (RsPL). 
 
 10 
Como a taxa de juros e o grau de endividamento impactam o RsPL 
 
O RsPL depende do RsA, da taxa de juros média incidente sobre Passivo e 
do endividamento (P/PL) conforme é mostrado pela equação a seguir1, que 
é apresentada, inicialmente antes de considerar o impacto do IR e depois 
considerando o impacto do IR; 
 
 
 
 P 
RsPL (antes IR) = RsA + (RsA - j) x. -- 
 PL 
 
 
 
 P 
RsPL (depois IR) = RsA + (RsA - j) x. -- x (1-ir) 
 PL 
 
RsPL: taxa de retorno sobre Patrimônio Líquido 
RsA: taxa de retorno sobre Ativo 
j: taxa média de juros incidente sobre o Passivo 
P; Passivo ou Capital de Terceiros 
PL: Patrimônio Líquido ou Capital Próprio 
ir: alíquota de Imposto de Renda 
 
A relação P/PL mostra o grau de endividamento da empresa, ou seja, quanto 
de Capital de Terceiros ela utiliza para cada R$ 1 de Capital Próprio. 
 
Exemplificando, suponhamos que a empresa Econômica teve ao longo do ano 
de 21XX as seguintes Receitas e Custos: 
 
 Econômica. Receitas e Custos. 
1 Receitas 2.000.000 
2 - Custos de produção, adm, com. 1.500.000 
3 =Lucro Operacional 500.000 1-2 
4 - Despesas Financeiras (Juros) 60.000 
5 = Lucro antes do Imposto de Renda (IR) 440.000 3-5 
6 - Imposto de Renda (IR) 176.000 
7 = Lucro depois do IR 264.000 5-6 
As variáveis patrimoniais são: 
 
1
 Conforme MARTINS, E. (1979). Aspectos do Lucro e da Alavancagem Financeira, Tese de Livre 
Docência, Faculdade de Economia e Administração, Universidade de São Paulo. 
 
 11 
 
Econômica. Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido. 
8 Ativo (A) 1.000.000 
9 Passivo (P) 300.000 
10 Patrimônio Líquido (PL) 700.000 8-9 
 
Os indicadores de margem, giro e retorno sobre ativo foram no ano 21XX:: 
 
11 Margem de lucro (M) 25,00% 3/1 
12 Giro (G) 2 1/8 
13 Taxa de Retorno sobre Ativo (RsA) 50,00% 3/8 ou 11 x12 
 
O retorno sobre Patrimônio Líquido foi: 
 
14 Taxa de Juros (j) 20,00% 4/9 
15 Taxa de Retorno sobre PL antes IR (RsPL antes IR) 62,86% 5/10 
16 Taxa de Retorno sobre PL depois IR (RsPL depois IR) 37,71% 7/10 
17 a Aliquota IR (ir) 40,00% 6/5 
17 b ( 1 - ir) 60,00% 
Observar que RsPL (antes de IR) x (1 - ir) = RsPL (depois de IR) 
 
 Podemos também entender como o RsPL foi originado a partir do RsA e da 
decisão de usar Capital de Terceiros (P) com seu custo específico (taxa de juros): 
 
18 Endividamento (P/PL) 0,43 9/10 
19 RsA - j 30,00% 13- 14 
20 (RsA-j) x (P/PL) 12,86% 19 x 18 
21 RsPL (antes do IR) = RsA + (RsA-j) x (P/PL) 62,86% 13+20 
22 Rs PL (depois do IR) 37,71% 21 x 17b 
 
Qual a taxa de retorno sobre PL mínima para que os acionistas fiquem 
satisfeitos? Na expectativa dos acionistas, a taxa de retorno sobre o capital próprio 
investido (RsPL) deve ser superior ao retorno que obteriam em outras opções de 
aplicações. Assim, se é possível aplicar recursos no banco num fundo de investimento 
que oferece um retorno de 10% ao ano, a taxa de retorno esperada dos recursos na 
empresa deve ser superior a 10%. Esses 10% são o custo de oportunidade (em %) 
do capital. O custo de oportunidade reflete as opções de aplicação do capital e 
corresponde ao custo do capital próprio. Do ponto de vista do acionista, uma aplicação 
em uma empresa que retorne um valor inferior ao custo de oportunidade representa 
uma perda no valor de seu capital. Este ponto de vista não deve ser entendido numa 
perspectiva simplificadora ou de curto prazo. Um acionista com visão de longo prazo, 
poderá tolerar prejuízos ou RsPL inferiores ao custo de oportunidade, caso espere que 
em anos futuros o rendimento da empresa seja muito bom. Assim, uma empresa do 
setor médico, pode apresentar resultados pouco satisfatórios por alguns anos, porém 
espera-se que desenvolva um medicamento que cure a diabetes. O retorno dessa 
 12 
inovação será enorme. O custo de oportunidade considera também o eventual risco da 
aplicação. 
 
Para comparar o RsPL com o custo de oportunidade (em %) é melhor usar o 
RsPL depois do IR dado que a maioria das aplicações financeiras tem seus 
rendimentos informados depois do cômputo do IR. 
 
Define-se o resultado econômico como a diferença entre o resultado contábil 
depois do IR e o custo de oportunidade em R$ (já deduzido o IR incidente). Na área 
financeira, é utilizado outro indicador, o EVA (Economic Value Added)com o mesmo 
sentido do resultado econômico. Nesse caso, costuma-se dizer que, quando o EVA é 
positivo, a empresa adicionou ou criou valor para os acionistas e, quando negativo, que 
a empresa destruiu valor. 
 
Receitas 
 - Custos de produção, administrativos, comerciais. 
 =Lucro Operacional 
 - Despesas Financeiras (Juros) 
 = Lucro antes do Imposto de Renda (IR) 
 - Imposto de Renda (IR) 
 = Lucro depois do IR (disponível para os acionistas) 
- Custo de oportunidade (deduzido seu IR) 
= Resultado econômico ou EVA (se + criação de valor, se – destruição de valor) 
 
Vejamos um exemplo. Duas empresas, nossas conhecidas, a Econômica e a 
Política atuam num mesmo mercado. As informações sobre seu capital, a taxa de juros 
paga sobre capital de terceiros, a alíquota de IR e a taxa de custo de oportunidade 
(descontado o IR) são as seguintes: 
 
 ECONÔMICA POLÍTICA 
Ativo (A) 1.000.000 550.000 
Passivo (P) 300.000 200.000 
Patrimônio Líquido (PL) 700.000 350.000 
P/PL 0,43 0,57 
Taxa média de juros em % a.a. (j) 20% 20% 
Alíquota de IR (ir) 40% 40% 
Custo de oportunidade (% a.a) 14% 14% 
 
Observa-se que a Política está mais endividada que a Econômica (maior relação 
P/PL). 
 
O resultado do último ano é o seguinte: 
 ECONÔMICA POLÍTICA 
 13 
Receitas 2.000.000 1.050.000 
 - Custos de produção, adm, com. 1.500.000 775.000 
 =Lucro Operacional 500.000 275.000 
 - Despesas Financeiras (Juros) 60.000 40.000 
 = Lucro antes do Imposto de Renda (IR) 440.000 235.000 
 - Imposto de Renda (IR) 176.000 94.000 
 = Lucro depois do IR 264.000 141.000 
Custo de oportunidade 98.000 49.000 
Resultado econômico (EVA) 166.000 92.000 
 
 
O valor de juros decorre da multiplicação do Passivo pela taxa de juros (20%) e 
o valor do custo de oportunidade da multiplicação do Patrimônio Líquido pela taxa de 
custo de oportunidade. 
Ambas as empresas apresentaram um resultado econômico positivo. 
Qual o retorno dos acionistas? 
 ECONÔMICA POLÍTICA 
RsA 50% 50% 
Margem (M) 25% 26% 
Giro (G) 2 1,91 
RsPL antes do IR 63% 67% 
RsPL depois do IR 38% 40% 
 
Vemos que as duas tiveram o mesmo RsA, porém a partir de combinações de 
margens e giros diferentes. 
Ambas apresentam um RsPL maior que o RsA, dado que RsA é maior que j o 
que provoca um efeito positivo no RsPL. A empresa Política se beneficiou mais por 
estar mais endividada (maior relação P/PL. 
Lembrando a equação 
 
Ambas as empresas tiveram aumento no RsA a partir do efeito positivo do acréscimo 
de (RsA-j), porém como a Política está mais endividada (maior relação P/PL) teve 
ganho maior. 
 
Como o RsPl depois do IR é superior ao custo de oportunidade depois do IR, o 
resultado econômico é positivo (houve geração de valor econômico na terminologia 
financeira). 
O lucro ou prejuízo, a geração ou não de valor econômico, dependem de um 
amplo conjunto de fatores: a situação do mercado, a estratégia da empresa, sua 
 14 
capacidade de inovar, a oportunidade das decisões, a ação dos concorrentes, a política 
econômica e, especialmente, a qualidade da gestão. A qualidade da gestão 
determinará o montante de recursos necessários e, portanto, dos custos e despesas 
necessários para a execução dos processos produtivos, comerciais e administrativos. A 
qualidade da gestão tem impacto significativo nos custos da empresa, e, por 
conseqüência, no seu resultado contábil e econômico. 
Decisões sobre a alocação de recursos, bem como o montante adequado a ser 
aplicado representam um típico problema de gestão e depende das atividades da 
empresa, dos produtos e/ou serviços fabricados e vendidos, dos mercados onde a 
empresa atua e de outros aspectos por ela considerados e analisados quando do 
estabelecimento de sua estratégia global de atuação, tanto em nível de sua estrutura, 
quanto ao nível de seu funcionamento. 
À medida que os recursos vão sendo utilizados, se transformam e são 
consumidos nos produtos fabricados e vendidos pela empresa. Custos são os recursos 
consumidos pela empresa para a fabricação e venda de seus produtos e serviços. 
Numa definição mais ampla, custos são os recursos consumidos por uma organização 
para gerar seus outputs. 
 
É O MOMENTO DE SOLUCIONAR O EXERCÍCIO 1 
 15 
2. CONCEITOS INICIAIS 
 
2.1. Gasto, Custo, Despesa, Investimento e Desembolso 
 
A identificação de onde os recursos serão colocados, bem como o montante 
adequado a ser aplicado, dependem das atividades da empresa, dos produtos e 
serviços fabricados e vendidos, dos mercados onde a empresa atua e de outros 
aspectos por ela considerados e analisados, quando do estabelecimento de sua 
estratégia global de atuação, tanto no âmbito de sua estrutura, quanto no diz respeito 
ao seu funcionamento. 
A contabilidade tem uma terminologia particular, diferenciando gasto, 
investimento, custo e despesa. Gasto é o sacrifício financeiro que a entidade arca para 
a obtenção de um produto ou serviço. Este sacrifício é representado na forma de 
entrega (ou promessa de entrega) de ativos da empresa (geralmente dinheiro). O gasto 
existe no momento do reconhecimento contábil da dívida assumida (contas a pagar) ou 
da redução do ativo dado em pagamento (pagamento à vista). Assim, por exemplo, ao 
comprar material para o almoxarifado, mesmo que seja para pagar dentro de 90 dias, 
ocorre o gasto, pois a dívida é contabilmente reconhecida e há promessa de se 
entregar ativos (no caso dinheiro) no dia do vencimento da fatura do fornecedor. 
Existem três classes de gasto: custo, despesa e investimento 
À medida que os recursos vão sendo utilizados, transformam-se e são 
consumidos nos produtos fabricados e vendidos pela empresa. Custos são os recursos 
utilizados e consumidos pela empresa para a fabricação e venda de seus produtos e 
serviços. O custo é o gasto, relativo ao consumo de bens ou serviços, utilizado na 
produção de outros bens ou serviços. A despesa é o gasto de bens e serviços para 
administrar e para obter as receitas. Assim os gastos relacionados com a produção são 
denominados “custos” e aqueles relacionados com as outras funções da empresa, 
“despesas”. Segundo as convenções contábeis, os custos são ativáveis e as despesas 
não, devendo ser deduzidas do resultado do período. A distinção que a contabilidade 
efetua entre custo e despesa é de natureza convencional e objetiva organizar a técnica 
contábil. Como a diferenciação é de caráter convencional, pode-se denominar de 
custos, tanto os custos como as despesas, tal como foi realizado na parte anterior 
deste texto. 
O investimento é o gasto ativado. Esse gasto “estocado” como ativo gera, no 
caso de bens imobilizados, custos de depreciação (representando a parcela consumida 
do bem na atividade produtiva) ou despesa de depreciação (representando a parcela 
consumida do bem nas demais funções que não as de produção). No caso de bens 
não imobilizáveis, porém estocáveis, tal como matérias-primas, o gasto gera um 
investimento em estoque que ao ser consumido transforma-se em custo (consumo de 
matéria-prima). 
Outro conceito importante é o de desembolso. Desembolso é o pagamento 
resultante da aquisição de um bem ou serviço. O desembolso pode ocorrer de forma 
concomitante ou defasada do gasto. No caso da aquisição de uma matéria-prima, o 
gasto da compra transforma-se em desembolso quando efetuado o pagamento. A 
depreciação é um custo (ou despesa) que não gera desembolso. A maioria dos custos 
e despesas dá origem a desembolsos no curto prazo. A depreciação é um custo que 
não pode ser recuperado, pois a decisão que levou a compra do ativo ocorreu no 
 16 
passado. A depreciação simplesmente reflete essa decisão do passado. É um custo 
afundado ou irrecuperável (sunk cost). 
Como a diferença entre custo e despesa éde natureza eminentemente 
convencional, custo e despesa podem ser vistos como sinônimos, dado que ambas as 
categorias de gasto têm a ver com o consumo de fatores para realizar a gestão. Por 
outro lado, é importante ter clareza quanto à diferença existente entre custos, 
investimentos e desembolsos, dado que são conceitualmente diferentes. Custos e 
despesas são conceitualmente distintos de desembolso. Desembolso significa saída 
de caixa. Uma empresa efetua desembolsos para pagar custos, despesas e 
investimentos. 
A distinção entre custos e despesas por um lado e desembolsos por outro 
provém da diferenciação entre os regimes de contabilização de competência e de 
caixa. 
Regime de competência e regime de caixa 
No regime de competência (ou econômico) a contabilização considera a 
utilização do recurso independentemente de quando for pago. Considera também o 
direito sobre a receita gerada independentemente de quando for efetivamente 
recebida. 
No regime de caixa (ou financeiro) a contabilização considera o momento de 
pagamento ou de recebimento. 
 
Toda organização, para manter seu funcionamento, deve repor por meio de suas 
receitas o total de seus custos. A recuperação dos custos é a condição básica para a 
sobrevivência. No caso de organizações que recuperam seus custos a partir das 
receitas auferidas pela venda de seus produtos e serviços, a determinação dos custos 
dos produtos e serviços orienta quanto à reposição do total de custos e informa ações 
que podem ser tomadas quanto à gestão dos processos e à estratégia de mercado. 
 
2.2. Estrutura de Custos 
 
A estrutura de custos mostra a participação de cada elemento de custo no total 
dos gastos, correspondentes a um dado objeto de custos, num dado período. A 
análise estrutural de custos permite observar a importância dos diversos elementos 
dentro da estrutura total e sua evolução ao longo do tempo. O texto a seguir mostra a 
evolução estrutural dos gastos orçamentários da União: 
 
Estrutura dos gastos públicos 
 
No ano de 2005, conforme Luis Nassif (citando o jornal O Estado de São Paulo): 
“Recomendo a leitura dos gráficos que constam do trabalho da Unafisco-SP sobre os gastos orçamentários da 
União. Eles estão na página 11 do Caderno Nacional do “Estadão” de hoje. Não constam da edição digital. 
O gráfico principal fala por si. 
Em 1995, 47,2% do orçamento se destinavam à infraestrutura e área social; 34% para a Previdência Social; 
18,8% para a dívida pública. 
 17 
Em 1999, a dívida pública já consumia 38,9% do orçamento; infraestrutura e área social 33,2% e Previdência 
Social 27,8%. 
Em 2002, a dívida levava 45,3%, infraestrutura e social 26,6%, Previdência Social 28,1%. Em 2005, a dívida 
consumia 42,5%, infraestrutura e social 26,5% e Previdência Social 31,1%. 
De 1995 a 2005, gastos com saúde caem de 9,5% para 6% do orçamento; com educação de 5,8% para 2,7%; 
com segurança e defesa nacional de 5,5% para 3%; com transportes, de 1,6% para 1,11%. 
Esses números jamais constaram de uma palestra, de um trabalho dos nossos especialistas em contas 
públicas, Fábio Giambiagi, Raul Velloso, Armando Castellar. Ou de alguns “focalistas” que descobriram que a 
favela de Helíópolis é o trajeto mais curto para conseguirem chegar à Avenida Paulista. 
O principal item de despesa do orçamento jamais foi analisado pelos especialistas em despesa. 
O salto de 20 pontos percentuais da dívida, de 1995 a 1999, visou exclusivamente remunerar ativos em dólares, 
depois dos desequilíbrios intencionalmente provocados por Gustavo Franco, Edmar Bacha, Pedro Malan, 
Winston Fritsch e, principalmente, André Lara Rezende. Esse salto de 20 pontos se deu apesar de um volume 
expressivo de recursos captados com venda de estatais e que entraram no sorvedouro da dívida.(Retirado do 
Blog de Luis Nassif, http://luisnassif.blig.ig.com.br/ 24/10/2006 08:22 
E a situação não melhorou em 2010 conforme divulgado pelo site http://www.divida-
auditoriacidada.org.br/ 
 
 
Esses números, apesar de impressionantes, são enganadores e usados, seja por 
razões políticas, seja por ignorância de princípios e normas contábeis. 
Por causa de regras da Contabilidade Pública são misturadas dois tipos de 
informações: as decorrentes do pagamento de juros (que sim são custos) e a 
renovação de empréstimos (que não são custos). Exemplificando: caso uma 
empresa tome no banco um empréstimo de R$ 100.000,00 pelo prazo de um ano, 
com uma taxa anual de juros de 10%, o custo será de R$ 10,000,00. A devolução 
do empréstimo (amortização) não é custo. Se ao término do ano a empresa decidir 
amortizar a totalidade do empréstimo, devolverá ao banco R$ 110.000,00 (ou seja 
terá uma saída de caixa nesse valor, correspondente à devolução ou amortização 
do principal e o pagamento dos juros correspondentes). Caso a empresa não tenha 
 18 
recursos no caixa (dinheiro) para devolver todo o empréstimo, pagará os juros e 
poderá rolar o valor do principal pagando os juros correspondentes. Assim, se 
decide amortizar metade do empréstimo, pagará os R$ 10.000 de juros e devolverá 
R$ 50,000,00. Caso a taxa de juros continue em 10% ao ano, terá pelo próximo 
período um custo de R$ 5.000,00 com juros. 
Não podemos, portanto somar juros com amortizações, para concluir algo sobre o 
custo dos empréstimos. O valor do custo é dado pelos juros. 
Pode-se ter uma visão mais clara ao analisar o projeto de Lei Orçamentária para 
2011 (Ministério do Planejamento,Secretaria do Orçamento Federal, ministro Paulo 
Bernardo Silva, agosto de 2010). 
 
 
 
 
Observa-se que os juros correspondem a 8,75% do Orçamento Federal e que 
Amortizações correspondem a 40,4%. 
Eliminando-se o valor das amortizações, tem-se uma visão mais clara dos custos de 
Governo Federal. Para isso simplesmente dividimos a importância de cada item por 
(1- 0,404). Percebemos assim que os juros correspondem a 14,68% do total de 
custos (8,75/0,596), o que é um valor elevado e seria recomendável que seja 
diminuído, possibilitando um melhor uso dos recursos da sociedade. Por isso, a 
importância da diminuição da dívida pública e da taxa de juros. 
Podemos aprofundar o estudo da estrutura de custos do Governo Federal e olhar 
dentro de Despesas Discricionárias (correspondem a 17,5% do total de custos 
(10,43%/0,596). 
 19 
 
 
A execução do orçamento e os orçamentos anuais são apresentados pela 
Secretaria do Orçamento Federal do Ministério do Planejamento num site dedicado; 
https://gestao.orcamentofederal.gov.br/. 
O acompanhamento do orçamento mostra a importância de cada item e a 
evolução dessa importância ao longo do tempo. 
A aplicação mais evidente do estudo da estrutura de custos encontra-se na 
situação na qual o objeto de custos escolhido é a empresa (no texto acima o objeto de 
custos é o orçamento da União). Para determinar o custo de qualquer objeto, é 
necessário ter como ponto de partida a estrutura de custos da empresa, para depois 
determinar a estrutura de custos correspondente ao objeto específico. Assumindo que 
o objeto de custos seja uma empresa, a estrutura de custos mostra a participação de 
cada elemento de custo no total dos gastos da empresa, num dado período. Estão aí 
registrados o quanto se "gastou" para fabricar os produtos da empresa, desde a 
aquisição de insumos materiais até sua entrega aos clientes. 
As estruturas de custo são específicas de cada empresa, refletindo sua estrutura 
administrativa, o padrão tecnológico empregado na produção, o número de pessoas 
ocupadas nas diferentes atividades (diretamente produtivas ou não), a estrutura 
comercial, a política de vendas praticada, e assim por diante. 
A estrutura de custos das empresas pode revelar diferenças significativas entre 
os diversos empreendimentos produtivos. Tais diferenças são reflexos da utilização dediferentes tipos e quantidades de recursos produtivos, de distintos portes dos 
empreendimentos e, até mesmo, em empresas semelhantes (do mesmo ramo, porte e 
padrão tecnológico), de diferentes formas ou estratégias utilizadas para a gestão dos 
recursos disponíveis. 
A partir da construção da estrutura de custos, é possível o acompanhamento da 
evolução da participação dos diferentes itens de custos no conjunto das atividades 
empresariais; a ordenação e a definição de estratégias específicas para a 
administração dos principais grupos; o nível estimado do resultado econômico obtido e, 
finalmente, informações acerca dos métodos mais adequados para a apropriação dos 
custos aos produtos fabricados e vendidos pela empresa. 
 20 
Os passos para a elaboração da estrutura de custos estão descritos a seguir. É 
muito importante compatibilizar os custos de produção e as receitas no período de 
referência. 
Em primeiro lugar, o conceito de receita das vendas de um dado período - 
convencionalmente, um mês, a partir da freqüência usual de emissão dos principais 
instrumentos de informações contábeis -, refere-se ao valor das receitas geradas, ou 
seja, o valor originado de todas as entregas aos clientes, efetuadas ao longo do 
período, independente das vendas terem sido feitas para recebimento à vista, dentro 
do mês de referência, ou em qualquer prazo de recebimento, em função de eventuais 
financiamentos concedidos aos clientes. 
Em segundo lugar, os custos de produção devem ser os custos do volume 
vendido, ou seja, os custos de produção devem ser referidos ao mesmo conjunto de 
produtos que compõe a receita das vendas do período. 
Em terceiro lugar, os outros custos que não são de produção (denominados pela 
contabilidade como despesas) correspondem aos valores verificados durante o período 
para o qual está sendo levantada a estrutura de custos (mês, bimestre, semestre, ano, 
etc.). 
A estrutura de Custos reflete certa Estrutura de Receitas (ou composto de 
Vendas) do empreendimento, ou seja, o fato de a empresa vender (por opção própria 
ou obrigada pelo mercado) determinada quantidade de certos itens de sua (s) linha (s) 
a determinados preços, interfere diretamente na sua estrutura de custos, na medida em 
que obriga a um gasto determinado com matéria-prima, operário, supervisores, energia 
elétrica, máquinas, embalagens, vendedores, etc.. 
A Estrutura de Receitas indica quais produtos, em que quantidades e a que 
preço estão contribuindo para o faturamento total da empresa no período analisado, 
Assim, evidentemente, a estreita relação existente entre a Estrutura de Custos e 
a Estrutura de Receitas apresenta uma indicação clara de como se formou o Resultado 
da empresa no período, indicação essa de extrema importância, tanto para o controle 
(que itens foram produzidos e quanto custaram), quanto para decisões frente ao 
mercado da empresa (quanto produzir e quais itens para um melhor resultado). 
O Quadro 2.1 apresenta a estrutura de custos de uma empresa hipotética. 
 
Quadro 2.1. 
Empresa XXX, Custos Correspondente aos Meses de Janeiro a Junho do Ano 
20XX 
Itens de Custos R$ 
% sobre 
Faturamento 
com IPI 
% sobre 
Custo 
Total 
Insumos Materiais sem ICMS e COFINS (matérias primas, 
componentes, materiais secundários, embalagens) 
221.347,00 19,75 22,26 
Fretes sobre compras de insumos 8.308,00 0,74 0,84 
Energia elétrica 35.945,00 3,21 3,62 
Salários e Encargos Sociais - operadores produção 35.834,00 3,20 3,60 
Salários e Encargos Sociais - supervisores produção 16.900,00 1,51 1,70 
 21 
Salários e Encargos Sociais - serviços gerais produção 19.750,00 1,76 1,99 
Salários e Encargos Sociais - administração 17.065,00 1,52 1,72 
Salários e Encargos Sociais - vendas 11.845,00 1,06 1,19 
Pró-labore (remuneração dos sócios diretores) 12.000,00 1,07 1,21 
Serviços produtivos de terceiros 29.043,00 2,59 2,92 
Manutenção Máquinas e Equipamentos - produção 11.349,00 1,01 1,14 
Manutenção Máquinas e Equipamentos - administração 1.753,00 0,16 0,18 
Manutenção Máquinas e Equipamentos - vendas 875,00 0,08 0,09 
Manutenção Máquinas e Equipamentos - distribuição 3.740,00 0,33 0,38 
Manutenção veículos de distribuição 5.803,00 0,52 0,58 
Depreciação Máquinas e Equipamentos - produção 12.943,00 1,15 1,30 
Depreciação Máquinas e Equipamentos - administração 3.875,00 0,35 0,39 
Depreciação Máquinas e Equipamentos - vendas 1.840,00 0,16 0,19 
Depreciação Máquinas e Equipamentos - distribuição 3.929,00 0,35 0,40 
Depreciação veículos - distribuição 4.268,00 0,38 0,43 
Cursos e treinamento - operadores de produção 2.280,00 0,20 0,23 
Cursos e treinamento - supervisores de produção 1.860,00 0,17 0,19 
Cursos e treinamento - serviços Administrativos 900,00 0,08 0,09 
Cursos e treinamento - televendas 2.498,00 0,22 0,25 
Água 1.767,00 0,16 0,18 
Ferramentas e matrizes 2.865,00 0,26 0,29 
Alimentação – produção 6.953,00 0,62 0,70 
Alimentação – administração 1.300,00 0,12 0,13 
Alimentação – vendas 1.009,00 0,09 0,10 
Assistência médica - produção 7.909,00 0,71 0,80 
Assistência médica - administração 2.398,00 0,21 0,24 
Assistência médica – vendas 1.990,00 0,18 0,20 
Gastos gerais – produção 13.975,00 1,25 1,41 
Gastos gerais - administração 1.904,00 0,17 0,19 
Gastos gerais – vendas 2.597,00 0,23 0,26 
Gastos gerais – distribuição 2.973,00 0,27 0,30 
Aluguel - área fábrica 3.555,00 0,32 0,36 
Aluguel - área escritórios 1.845,00 0,16 0,19 
Telecomunicações / crédito e cobrança 1.765,00 0,16 0,18 
Telecomunicações / Televendas 14.764,00 1,32 1,49 
Telecomunicações / Administração 2.754,00 0,25 0,28 
Materiais de escritório 2.100,00 0,19 0,21 
Comissões sobre vendas 35.657,93 3,18 3,59 
Fretes de entrega de produtos 21.027,00 1,88 2,11 
 22 
Combustíveis para veículo de distribuição 6.700,00 0,60 0,67 
Juros financiamento de capital de giro 19.076,00 1,70 1,92 
ICMS (débito) 163.007,68 14,55 16,40 
PIS 16.810,17 1,50 1,69 
COFINS (débito) 77.428,65 6,91 7,79 
IPI (débito) 101.879,80 9,09 10,25 
Consultoria jurídica 3.000,00 0,27 0,30 
Consultoria econômica e financeira 2.000,00 0,18 0,20 
Auditoria contábil 1.950,00 0,17 0,20 
Assistência técnica pós-venda 5.298,00 0,47 0,53 
Total de custos 994.208,23 88,71 100,00 
Faturamento com IPI 1.120.677,80 100,00 112,72 
Resultado 126.469,58 11,29 12,72 
 
Na estrutura de custos da empresa XXX, pode-se observar o resultado médio do 
período em análise e verificar quais custos são mais importantes, seja em relação ao 
custo total, seja em relação ao Faturamento (Receita). 
Para efeitos da gestão dos custos, interessa saber quais são os custos mais 
importantes. Pode-se aplicar duas regras, derivadas do princípio de Pareto, que afirma 
que poucas causas produzem a maior parte das conseqüências. A regra do 80/20 ou a 
regra ABC. A regra 80/20 recomenda focar aqueles elementos que tenham uma 
importância de 80% no total de causas. A regra ABC recomenda dividir as 
conseqüências em 3 grupos. O grupo A deve responder por 65% das conseqüências, o 
grupo B por 25% e o C por 10%. No caso da aplicação da regra 80/20, a gestão 
focaliza exclusivamente as causas identificadas dentro dos 80%. No caso da regra 
ABC, a gestão focaliza com muita atenção as causas A e com média atenção as B. As 
causas dentro dos 20% restantes ou consideradas como C (as 10% restantes) são 
gerida com menor preocupação, dado que seu impacto é pequeno dentro do total de 
conseqüências. Essas regras podem ser aplicadas em qualquer situação em que um 
fator tenda a ter importância desproporcional: concentração de renda, importância do 
consumo de recursos, importância de clientes no faturamento, importância de itens de 
estoque em relação ao consumo total, etc.. Assim, por exemplo, 20% das pessoas do 
mundo respondempelo consumo de 80% dos recursos do planeta (aplicação da regra 
80/20). 
Aplicando-se as duas regras na estrutura de custos da empresa XXX, 
observamos que 7 itens de custo respondem por 65% do total de custos e que 21 itens 
por 90% do total. Adicionalmente, 13 elementos são responsáveis por 80% dos custos. 
 23 
 
Quadro 2.2 
Empresa XXX, Custos até 90% do Total - Meses de Janeiro a Junho do Ano 20XX 
Ordem Itens de Custos 
% sobre 
Custo Total 
% Acumulado 
sobre Custo 
Total 
1 
Insumos Materiais sem ICMS e COFINS (matérias primas, 
componentes, materiais secundários, embalagens) 
22,26 22,26 
2 ICMS (débito) 16,40 38,66 
3 IPI (débito) 10,25 48,91 
4 COFINS (débito) 7,79 56,70 
5 Energia elétrica 3,62 60,32 
6 Salários e Encargos Sociais - operadores produção 3,60 63,92 
7 Comissões sobre vendas 3,59 67,51 
8 Serviços produtivos de terceiros 2,92 70,43 
9 Fretes de entrega de produtos 2,11 72,54 
10 Salários e Encargos Sociais. - serviços gerais produção 1,99 74,53 
11 Juros financiamento de capital de giro 1,92 76,45 
12 Salários e Encargos Sociais. - administração 1,72 78,17 
13 Salários e Encargos Sociais - supervisores produção 1,70 79,87 
14 PIS 1,69 81,56 
15 Telecomunicações / Televendas 1,49 83,05 
16 Gastos gerais - produção 1,41 84,46 
17 Depreciação Máquinas. e Equipamentos - produção 1,30 85,76 
18 Pró-labore (remuneração dos sócios diretores) 1,21 86,97 
19 Salários e Encargos Sociais - vendas 1,19 88,16 
20 Manutenção Máquinas e Equipamentos - produção 1,14 89,30 
21 Fretes sobre compras de insumos 0,84 90,14 
 
Essa informação facilita a gestão, dado que mostra as contas mais importantes 
e para as quais é necessário redobrar a atenção. Um aspecto importante a ressaltar é 
que não é aconselhável nortear a gestão unicamente pelas informações do quadro 
estrutural de custos. Este quadro é um indicativo da importância de cada elemento de 
custo, mas se deve observar que os custos são reflexos de: 1) natureza dos processos 
e atividades, 2) condição de aquisição de insumos e outros recursos necessários e 3) 
decisões relacionadas ao planejamento a nível estrutural e ao nível da especificação de 
cada produto ou serviço produzido. 
Os processos são constituídos por um conjunto de atividades. A produtividade 
de cada um dos processos depende da tecnologia utilizada, das máquinas, 
equipamentos e sistemas de informação existentes, da maneira em que foi organizado 
cada um dos processos e do impacto de um processo em outro. Numa primeira visão, 
pode parecer que o importante no desempenho dos processos sejam unicamente a 
 24 
tecnologia relacionada às máquinas e equipamentos e o desempenho das próprias 
máquinas e equipamentos. A importância destes elementos hard tem sido esvaziada 
pelo peso de elementos soft, elementos bem mais intangíveis, relacionados com o 
conhecimento e a informação. Isto causa dificuldades de análise para economistas, 
quando estudam variáveis acumuladas de natureza macro, seja setorial ou nacional. 
Níveis de investimento não são proporcionais a outputs ou a melhoria de produtividade. 
É possível, a partir da inteligente aplicação de elementos soft, por exemplo, alterar 
práticas de gestão para obter ganhos extremamente significativos de produção e de 
produtividade sem investir em máquinas e equipamentos. As práticas de manufatura 
enxuta (lean production) possibilitaram ganhos elevadíssimos de produtividade a 
muitas empresas sem investimentos em máquinas e equipamentos. Por exemplo, a 
planta produtiva de embreagens da Eaton, localizada em Mogi Mirim, conseguiu 
triplicar sua capacidade produtiva entre os anos de 2001 e 2005 sem investir em 
máquinas e contratar pessoal adicional. Para tanto, adotou os princípios da manufatura 
enxuta, que indicam a produção unitária e o abandono da produção por lotes. 
Os custos também dependem das condições de aquisição de insumos e demais 
recursos necessários. Um bom poder de barganha para negociar condições de 
aquisição mais favoráveis tende a auxiliar na obtenção de custos menores. 
As decisões tomadas quanto a itens estruturais, tais como, localização, tamanho 
da planta, mix de produtos a serem fabricados, tipo de equipamento e tecnologia, 
natureza de cada produto a ser fabricado (especificação técnica), natureza do serviço a 
ser prestado, afetam os custos unitários de cada produto e/ou serviço e também o total 
de custos que aparece no quadro estrutural de custos. 
Ou seja, a análise quanto à importância de cada elemento de custo mostrada no 
quadro estrutural deve ser mediada por questões sobre as relações do elemento de 
custos e os processos e as condições de aquisição. 
Os custos apresentados no quadro estrutural de custos podem ser ordenados 
em categorias específicas para melhor análise. Isto depende da classificação de 
custos, tema que será estudado futuramente. Os distintos critérios de classificação de 
custos auxiliam na análise e no controle dos custos. 
Estudamos o quadro estrutural de custos tomando como objeto de custos a 
empresa. Mas, para qualquer objeto a ser estudado, é necessário determinar seus 
custos incidentes, construindo seu quadro estrutural de custos. A informação 
proveniente do quadro estrutural de custos da empresa auxilia na determinação dos 
custos dos diversos objetos. Porém, para determinar os custos de distintos objetos, 
geralmente não são suficientes os dados que aparecem no quadro estrutural, portanto, 
estudos específicos devem ser realizados para cada objeto. Por exemplo, se na 
referida planta da Eaton, o objeto de custos é um determinado modelo de embreagem, 
será necessário determinar o consumo de insumos para uma peça, os tempos 
operacionais e as necessidades de mão-de-obra e máquinas dentro de cada processo, 
o custo decorrente desses tempos de salários, depreciação, manutenção, energia, etc.. 
Todos esses custos existem no quadro estrutural de custos da empresa, mas como 
aparecem de forma sintética, há necessidade de estudos mais detalhados para 
destacá-los. 
 
 
E qual a estrutura de custos da Unicamp? 
 25 
Todo ano o orçamento da Unicamp é aprovado no Conselho Universitário (CONSU). 
A Assessoria de Economia e Planejamento (AEPLAN) mantém no seu site 
(http://www.aeplan.unicamp.br/ a versão do orçamento vigente e as anteriores. Há que 
procurar por “Proposta de Distribuição Orçamentária- UNICAMP”. É elaborado 
conforme o regime de caixa, o que poderia distorcer a analise, tal como visto no caso 
do orçamento federal. Porém, como a Unicamp não tem, praticamente, dívidas, as 
informações podem ser usadas para analise. Assim, pode ser vista a importância dos 
salários dentro do total de custos, das contas (luz, telefone, etc.). Pode-se ver o custo 
de cada unidade acadêmica e, como um pouco mais de esforço, pode se calcular o 
custo por aluno de cada curso, o salário médio por professor dentro de cada unidade 
acadêmica, etc.. 
 
2.3. Conceitos Específicos 
 
No quadro estrutural apresentado aparece a menção a alguns itens específicos 
de custo e que serão abordados nesta parte. Estes itens são referentes aos seguintes 
aspectos: 
 
1. Aspectos tributários 
2. Aspectos relativos aos encargos sociais e provisões sobre salários 
3. Conceito de depreciação. 
 
2.3.1. Aspectos tributários 
 
2.3.1.1. Sistemática fiscal: créditos e débitos 
Incidem sobre a nota fiscal, tributos (impostos e contribuições) “recuperáveis” e 
“não recuperáveis”. Os primeiros exigem um mecanismo de controle de impostos 
pagos ao comprar insumos (matérias-primas) e cobrados dos clientes ao vender os 
produtos finais. O montante de impostos pagos ao comprar os insumos gera um crédito 
fiscal. O montante dos impostos cobrados dos clientes gera um débito fiscal. 
Mensalmente apura-se a diferença entre o débito e o crédito e recolhe-sea diferença à 
esfera competente para a arrecadação (governo federal ou estadual). 
No caso dos tributos “não recuperáveis” não existe este mecanismo. A empresa 
cobra o imposto do cliente e transfere mensalmente o valor para o Estado. 
São tributos “recuperáveis” o ICMS (esfera estadual), o IPI, o PIS e o COFINS 
(esfera federal). E, em alguns casos, dependendo da legislação o PIS e o COFINS não 
são recuperáveis, tendo uma alíquota menor. A alíquota do ICMS é, na maioria das 
situações, de 18% para operações dentro do estado de São Paulo. Operações para 
outros estados têm alíquotas menores. A alíquota do COFINS é 7,60%, a alíquota do 
IPI depende do tipo de produto. 
O PIS pertence à esfera federal e tem alíquota de 1,65%. Nas situações em que 
o COFINS não é recuperável a alíquota é geralmente de 2%. 
 
 26 
ICMS - Imposto sobre operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre 
prestações de Serviços de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação. 
COFINS - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social. 
IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados. 
PIS: Programa de Integração Social (contribuição). 
 
Neste texto serão abordados aspectos gerais que não dão conta de toda a 
complexidade da legislação tributária. É muito importante verificar qual a sistemática 
tributária à qual cada empresa está sujeita quando é realizado o estudo de custos. 
A forma de cálculo dos impostos segue regras previstas na legislação tributária, 
que podem ser resumidas pela seguinte equação: 
 
Vcimp = [Vsimp / (1 – (ICMS+COFINS+PIS))] * (1 + IPI), 
Onde, 
Vcimp = Valor com impostos. 
Vsimp = Valor sem impostos. 
ICMS = Valor absoluto da alíquota (%) do ICMS. 
COFINS = Valor absoluto da alíquota (%) do ICOFINS. 
PIS = Valor absoluto da alíquota (%) do PIS. 
IPI = Valor absoluto da alíquota (%) do IPI. 
 
No caso dos impostos “recuperáveis”, as empresas mantêm registros dos 
impostos incidentes em suas transações de compra e venda para apurar o valor devido 
ao governo. 
Suponhamos uma empresa que faz uma compra de R$ 10.000,00. Na nota fiscal 
figurará o valor correspondente ao IPI, COFINS, PIS e ICMS. Supondo uma alíquota de 
IPI de 8%, de ICMS de 18%, de PIS de 1,65% e de COFINS de 7,60%, o valor de cada 
imposto será (de acordo com a equação anterior): 
 
IPI = 10.000 – (10.000/1,08) = 740,74 
 
O valor da compra sem o IPI é 10.000 - 740,74 = 9.259,26. 
Os outros impostos são calculados sobre o preço sem IPI, tal como pode ser 
visto no quadro a seguir: 
 
 27 
VALOR SEM IPI 9.259,26 
ICMS 18,00% 1.666,67 
COFINS 7,60% 703,70 
PIS 1,65% 152,78 
VALOR SEM IMPOSTOS 6.736,11 
 
Os valores pagos de IPI, ICMS, PIS e COFINS geram crédito fiscal. 
Supondo que a empresa faça uma venda de R$ 15.000 e que a alíquota do IPI 
seja 10%, a de ICMS de 18%, a do PIS de 1,65% e a do COFINS de 7,60%; a empresa 
cobrará o seguinte valor de impostos ao cliente: 
 
IPI = 15.000 – (15.000/1,10) = 1.363,64 
 
O valor da venda sem IPI é 13.636,36. Os outros impostos calculados sobre o 
preço sem IPI são: 
 
VALOR SEM IPI 13.636,36 
ICMS 18,00% 2.454,55 
COFINS 7,60% 1.036,36 
PIS 1,65% 225,00 
VALOR SEM IMPOSTOS 9.920,45 
 
Assumindo que essas sejam as únicas operações de compra e venda realizadas 
durante o mês, no final do mês a empresa procederá da seguinte forma para acertar 
suas contas com o governo: 
 
 
VALOR COBRADO 
NAS VENDAS 
(DÉBITO) 
VALOR PAGO 
NAS COMPRAS 
(CRÉDITO) 
VALOR A RECOLHER 
(DÉBITO – CRÉDITO) 
IPI 1.363,64 740,74 622,90 
ICMS 2.454,55 1.666,67 787,88 
COFINS 1.036,36 703,70 332,66 
PIS 225,00 152,78 72,22 
 
Observe-se que o custo total para a empresa corresponde ao Crédito + Valor a 
Recolher = Débito. 
Na estrutura de custos o valor das matérias-primas é mostrado sem o valor dos 
impostos recuperáveis (sem ICMS, PIS e COFINS e IPI). O valor destes impostos 
aparece como Débito (Imposto devido pelas vendas). 
 28 
GAZETA MERCANTIL — TERÇA-FEIRA, 6 DE ABRIL DE 1999 - Página A-10 
LEGISLAÇÃO - Empresas evitam impostos criando novos produtos 
Deo-colônia e xampu-condicionador apresentam carga tributária menor; o que beneficiou o crescimento 
dessas alternativas no mercado. 
Marta Watanabe de São Paulo 
A carga tributária está deixando cada vez mais de ser um item com o qual as companhias só se preocupam na hora de 
recolher impostos. Empresas e tributaristas evitam falar no assunto, mas hoje o planejamento tributário marca presença 
forte na hora de definir novos produtos. Alguns deles, aliás, são criações exclusivamente brasileiras que derivaram, como 
o próprio setor define, da criatividade das empresas na busca da menor carga tributária. O melhor exemplo é o 
desodorante colônia, mais conhecido como deo-colônia, que representa 95% dos US$ 500 milhões faturados anualmente 
no mercado brasileiro de perfumaria. 
A deo-colônia, definida pelo setor como "desodorante com alta concentração de perfume", nasceu pura e simplesmente 
porque traz uma vantagem tributária considerável. Criada como alternativa ao perfume, a deo-colônia paga 10% de 
Imposto sobre Produtos Industrializados.(IPI). Caso fosse classificada como perfume, o produto recolheria 40%. Como se 
trata de uma mistura de desodorante com perfume, o produto assume a alíquota mais baixa, do desodorante, que é a de 
10%. Embora o consumidor em geral não perceba, é como deo-colônia que estão classificadas várias marcas oferecidas 
por empresas do setor, como Natura e Água de Cheiro. Entre as fragrâncias famosas estão "Tarot", "Shiraz", "Biografia", 
"Absinto" e "Fifteen Years". "Se o Fisco não fosse tão ganancioso com a cobrança de 40% de IPI sobre perfumes, esse 
mercado cresceria muito mais", diz João Carlos Basílio da Silva, presidente da Associação Brasileira da Indústria de 
Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec). 
"Embora não sejam exclusividades brasileiras, outros produtos do setor mantiveram espaço no mercado em função do 
enquadramento fiscal mais favorável", diz Silva. É o caso do xampu-condicionador, tributado antes a 10% de IPI em vez 
dos 30% cobrados dos condicionadores. Hoje, explica Silva, as normas de IPI igualaram a carga tributária dos dois 
produtos, mas as diferenças ainda existem em relação ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) 
cobrado pelos estados. 
Em São Paulo e no Rio de Janeiro, por exemplo, o condicionador paga 25% de ICMS e o xampu 18%, diz Silva. O mix 
de xampu-condicionador que dá origem aos consagrados "dois em um" paga a alíquota menor, de 18%. A diferença, 
explica o advogado Gilson Rasador, sócio da Pactum Consultoria Empresarial, é geralmente baseada na essencialidade 
das mercadorias. 
A deo-colônia, mistura de desodorante e colônia, paga 10% de IPI, enquanto os perfumes recolhem 40% de Imposto.Por 
isso, o xampu, considerado produto de higiene, costuma ter alíquota inferior ao do condicionador, classificado como 
cosmético. A deo-colônia e o xampu-condicionador são exemplos das alternativas encontradas pelas empresas na hora 
de criar produtos e classificá-los em algum item das extensas tabelas de IPI e ICMS. 
"O planejamento é essencial porque define a viabilidade da mercadoria e seu preço", diz o advogado Allan Moraes, da 
ASPR Assercon. A medida, explicam os tributaristas, é usada em todos os setores. "Dependendo do produto, há 
necessidade de trabalhos conjuntos com especialistas técnicos que justifiquem a classificação defendida pela empresa". 
Segundo Moraes, em alguns casos os tributaristas até recomendam a contratação de laudos de institutos especializados. 
Quando a classificação fiscal não interfere no conteúdo, ela pode determinar o formato. É o que acontece entre os 
fabricantes de rações para cães e gatos. Até algum tempo atrás,quem tinha um bicho de estimação encontrava nos 
supermercados e nos "pet shops" embalagens inusitadas de 10,5 ou 10,1 quilogramas. O motivo é simples. Para 
embalagens de até 10 kg, o IPI era de 30%. Acima disso, era zero. Hoje a norma não está mais em vigor, informa 
Bernard Divry, diretor de alimentos para animais de estimação da Associação Nacional dos Fabricantes de Rações 
(Anfar). 
Atualmente, a alíquota de 10% é uniforme para todas as embalagens. A mudança das normas deu origem a uma 
reformulação do formato dos pacotes de ração. Coincidência ou não, a Purina, fabricante das marcas "Bonzo" e "Papita", 
oferecia antes as rações em pacotes de 10,1 quilogramas e 20 quilogramas. Hoje, a empresa usa embalagens de 8 
quilogramas e 16 quilogramas. Em razão da diferença brutal na tributação, a classificação fiscal das embalagens de 
ração, chegou a ser alvo de disputa da Purina e da Cargill no Supremo Tribunal Federal. 
Hoje, há outras disputas significativas no Judiciário. Uma delas é a da classificação fiscal para sacos, vasilhames, 
garrafas e outras embalagens plásticas para produtos alimentícios. Com base em normas mundiais de classificação e na 
regra da essencialidade, as empresas defendem que essas embalagens sejam beneficiadas com alíquota zero de IPI. 
A Receita Federal argumenta que, independentemente do seu destino, as embalagens plásticas pagam 15% de imposto. 
"O assunto, que ainda não chegou aos tribunais superiores, é significativo porque afeta o custo" de todos os produtos 
embalados em plástico, diz Rasador. 
 
2.3.1.2. Determinação do preço de venda conhecendo o custo 
Em função da sistemática tributária da determinação do Preço de Venda de um 
 29 
produto, conhecendo o seu custo, deve-se seguir a seguinte fórmula (caso as 
comissões e o lucro sejam calculadas sobre o PV sem IPI, tal como é comum): 
 
Fórmula do PV = {Custo unitário do produto/ [(1-(% Lucro + % Comissões+ % ICMS + 
% PIS+ % COFINS)]}* (1+IPI) 
 
Deve ser observado que, para aplicar a fórmula, os insumos (matéria-prima e 
materiais auxiliares) devem ser computados sem o valor dos respectivos créditos de 
ICMS, IPI,PIS e COFINS, dentro do custo unitário do produto, dado que estes impostos 
são creditáveis ou recuperáveis. 
Um cuidado a tomar é observar quais impostos podem ser recuperados a partir 
da sistemática do crédito fiscal. Assim, se uma empresa compra um produto pelo qual 
paga IPI, mas o produto que ele transforma e vende é isento de IPI, ela não tem como 
recuperar o IPI. Nesse caso o IPI deve fazer parte do custo da matéria-prima (ou seja, 
não deve se computar o crédito fiscal). Isto ocorre, p. ex., no setor de confecções, que 
compra tecidos que estão sujeitos a IPI, mas vende roupas, que são isentas de IPI. 
Nesse setor o valor do IPI deve fazer parte do custo do tecido. Assim, por exemplo, se 
uma empresa de confecções compra um tecido que custa R$ 10,00 o metro + 10% de 
IPI, ou seja, o custo total é R$ 11,00, o custo do tecido a computar será: 
 
Valor de compra sem IPI: R$10,00 
- ICMS (18%) R$ 1,80 
- COFINS (7,60%) R$ 0,76 
- PIS (1,65%)....................................R$ 0,16 
= Custo sem impostos creditáveis R$ 7,28 
+ IPI R$ 1,00 
= Custo do tecido R$ 8,28 
 
Esta situação ocorre normalmente no comércio, que, ao ser isento de IPI, não 
tem como se recuperar do crédito fiscal. Portanto, no caso do setor comercial é 
necessário acrescentar ao custo de compra dos produtos o valor do IPI. 
 
 
 
 30 
Exemplo: formação de preço de venda 
 
Dado o custo determinado de uma unidade de produto: R$ 100,00. Sendo as 
seguintes alíquotas incidentes sobre o preço de venda: 
 
ICMS 18,00% 
COFINS 7,60% 
PIS 1,65% 
COMISSÔES 3,00% 
IPI 15,00% 
 
Sendo a margem de lucro desejada sobre o PV de 8,00%. 
 
O preço de venda é determinado assim: 
 
Passo 1: Somar incidências "por dentro do preço" 
 
ICMS 18,00% 
COFINS 7,60% 
PIS 1,65% 
COMISSÕES 3,00% 
MARGEM DE LUCRO 8,00% 
SOMA INCIDÊNCIAS 38,25% 
 
Passo 2: Calcular o divisor 
 
Divisor = (100-38,25)/100 = 0,6175 
 
Passo 3: Determinar o PV com ICMS e sem IPI 
 
PV com ICMS e sem IPI = Custo/Divisor = R$ 100,00/ 0,6175 = R$ 161,94 
 
 31 
Passo 4: Determinar o valor do IPI 
 
IPI = alíquota IPI x PV com ICMS e sem IPI 
 
IPI = R$ 161,94 x 0,15 = R$ 24,29 
 
Passo 5: Determinar o PV com IPI 
 
PV com IPI = PV com ICMS e sem IPI + IPI 
= R$ 161,94 + R$ 24,29 = R$ 186,23 
 
Passo 6: Calcular os valores em R$ de ICMS, PIS/COFINS, COMISSÕES, 
LUCRO e IPI incidentes sobre o preço de venda 
 
 
CUSTO R$ 100,00 
ICMS 18,00% R$ 29,15 
COFINS 7,60% R$ 12,31 
PIS 1,65% R$ 2,67 INCIDÊNCIA SOBRE 
COMISSÕES 3,00% R$ 4,86 PV COM ICMS E SEM IPI 
LUCRO 8,00% R$ 12,96 
PV COM ICMS E SEM IPI R$ 161,94 BASE PARA CÁLCULO 
IPI 15,00% R$ 24,29 INCIDE SOBRE PV COM ICMS E SEM 
IPI 
PV COM ICMS E COM IPI R$ 186,23 
 
Uma questão que surge é quanto ao porquê de dada margem de lucro ter sido 
fixada, no exemplo 8%. A capacidade de determinar a margem de lucro depende da 
autonomia que a empresa tem em relação aos fatores que determinam a concorrência 
no mercado. Nos mercados de natureza oligopólica (mercados fix), a autonomia é bem 
maior que no caso dos mercados flex. Supondo uma empresa que tenha uma certa 
autonomia no seu processo de planejamento para um próximo período, considerará as 
taxa de retorno mínimo sobre seu capital próprio, (esta taxa tem como piso o custo de 
oportunidade, mas pode ser fixada além deste patamar), o custo do financiamento do 
capital de terceiros utilizado e as vendas previstas. A partir destes parâmetros, se 
estabelece o máximo de custos (antes dos custos financeiros para carregar o capital de 
terceiros). O processo de gestão deve ao longo do período cuidar de não exceder o 
total de custos e atingir o nível de vendas previsto. Deve-se lembrar que a empresa 
não é um autômato que se ajusta ao mercado e sim um organismo que elabora 
estratégias, tem planejamento e tenta atingir objetivos (ver Penrose, 1959, caps 1 e 2). 
 32 
Suponhamos uma empresa que tem um Capital Total (ativo) de R$ 140 mil, 
financiado por R$ 100 mil de Capital Próprio (Patrimônio Líquido) e R$ 40 mil de 
Capital de Terceiros (Passivo). Os acionistas desejam obter uma taxa de retorno de 
20% ao ano sobre o Capital Próprio. O custo do Capital de Terceiros é de 25% ao ano. 
As vendas previstas (sem IPI) para o próximo ano são de R$ 375 mil. Qual é a margem 
de lucro necessária? Quais são os custos máximos que a empresa pode ter ao longo 
do próximo período? No próximo quadro é possível ver o processo de cálculo que 
relaciona margem de lucro com taxa de retorno sobre o Capital Próprio:~ 
 
Variáveis R$/Taxas 
Capital Próprio (Patrimônio Líquido) a 100.000,00 
Capital de Terceiros (Passivo) b 40.000,00 
Capital Total (Ativo) c = a+ b 140.000,00 
 
Taxa de Retorno mínimo capital próprio (ao ano) d 20,0% 
Lucro necessário e = d x a 20.000,00 
Custo do capital de terceiros (taxa de juros ao ano) f 25,0% 
Juro a ser pago g = f x b 10.000,00 
 
Lucro + Juro a ser obtido no ano h =e + g 30.000,00 
 
Vendas previstas no ano (sem IPI) i 375.000,00 
Margem de lucro sobre vendas necessário j = h /i 8% 
Custos máximos aceitáveis (sem considerar g) k = i - h 345.000,00 
 
Observa-se que a margem necessária é 8% a ser aplicada sobre as vendas 
(antes do IPI) e os custos máximos aceitáveis de R$ 345 mil ao longo doano. O 
processo para acrescentar os 8% à margem foi exemplificado anteriormente neste 
item. Cabe ressaltar que, neste exemplo, partiu-se da hipótese de que o capital de 
terceiros é constante e que exige uma dada taxa de juros. Em muitas situações, uma 
parcela importante do capital de terceiros relaciona-se com o volume de crédito 
concedido aos clientes. Nesse caso, em vez de acrescentar o montante de juros à 
massa de lucro necessário, pode-se calcular o juro correspondente a cada operação 
realizada e cobrar o valor diretamente dos clientes. Assim, p, ex. para uma venda a 60 
dias calcula-se o juro correspondente a esse prazo e acrescenta-se ao preço de venda. 
 
 
 
 
2.3.1.3. Qual o peso dos impostos no preço dos produtos? 
 
 33 
O seguinte quadro divulgado pela Secretaria de Fazenda mostra o peso dos 
impostos em diversos produtos (observar que ICMS é impostos estadual e os demais 
são federais): 
 
Fonte: 
http://www.receita.fazenda.gov.br/publico/EducacaoFiscal/PrimeiroSeminario/22CARGATRIBUTARIAPRODUTOSDECONSUMOPOPULAR.pdf 
 
Há uma discussão sobre a justiça desta carga. Alguns setores da sociedade 
defendem sua diminuição (por exemplo o IBPT que disponibiliza a Calculadora de 
Impostos no seu site: http://www.ibpt.com.br/home/). Outros setores defendem a 
necessidade de manter a atual carga tributária de forma a que o governo possa ter 
recursos para os programas sociais (educação, saúde, previdência). 
 
2.3.2. Aspectos relativos aos encargos sociais e provisões sobre salários 
 
A problemática da importância dos encargos sociais tem sido objeto de 
animadas discussões no Brasil. Vasconcelos e Volpato (2000) sintetizam o debate 
ocorrido entre Pastore e empresários, por um lado, e Pochmann e Santos, por outro, ao 
longo da década dos 90 (ver também Pastore 1994 a, b , Pochmann 1997 a, b , 
Santos, 1996). 
O debate se origina das particularidades da lei trabalhista regida pela 
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) que induz à existência de duas perspectivas. 
 34 
Na ótica do empresário, encargo social sobre salário é todo valor adicional que deve 
ser pago ao tempo em que o trabalhador está na empresa. Incidem nesta perspectiva 
tanto acréscimos relativos a contribuições, como o valor devido ao INSS, o pagamento 
de férias e décimo-terceiro salário. Na ótica do trabalhador, férias e décimo-terceiro 
salário são parte de seu salário, e não são encargos sociais. Dependendo da 
perspectiva adotada, a importância dos encargos sociais será maior ou menor. 
O correto é diferenciar a incidência dos encargos específicos daqueles que são 
simplesmente remuneração salarial. Assim, a Organização Internacional do Trabalho 
(OIT) em seus estudos comparativos sobre o peso dos encargos em diversos países, 
adota o critério de considerar a remuneração anual do trabalho como base, incluindo, 
portanto, dentro desta base, as férias, o décimo-terceiro salário e outras remunerações 
obtidas pelo trabalhador. 
Este debate não tem maior relevância no que se refere à determinação de 
custos. Para os objetivos da determinação de custos, tendo-se como base a 
informação do salário mensal, para determinar o custo total é necessário calcular o 
custo das contribuições sociais obrigatórias (Guia de recolhimento ao INSS) e efetuar 
uma provisão da remuneração que o trabalhador tem direito de forma diferida; décimo-
terceiro salário, férias, abono férias e valores pagos a título de indenização. Ou seja, a 
taxa calculada não mostra o custo dos encargos sociais e sim o custo dos encargos 
mais provisões salariais. Portanto, é incorreto usar a informação desta taxa para 
compará-la com as taxas de encargos sociais de outros países, tal como realizado por 
Pastore. Lamentavelmente, no Brasil, usa-se o conceito da taxa de encargos sociais e 
de provisões de forma não rigorosa, confundindo sua aplicação para comparações 
internacionais com a taxa usada para determinação de custos. 
Para os objetivos da determinação de custos, para simplificar o cálculo do custo 
salarial, é possível determinar uma taxa média que informe o valor dos encargos e 
provisões a ser aplicada sobre o salário mensal; 
Imaginemos uma empresa que contrata no final de dezembro, para iniciar no dia 
2 de janeiro um funcionário, o Sr. Ruberildo, por R$ 1.000,00 por mês. Esse é o salário 
em carteira. 
Além desse salário devera pagar: 
 1 mês de férias 
 1/3 de abono férias 
 Décimo Terceiro Salário; 
Ou seja, ao longo de um ano o empregado trabalhará 11 meses e receberá mais 
13,33 salários. 
Além disso, todo mês a empresa recolherá 27,8% correspondente a Guia do 
INSS (20% para o INSS e 7,8% Terceiros, que são outras instituições, tais como 
SENAI, SESI, SESC, SEBRAE, Incra) e depositará 8% na conta individual do Fundo de 
Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) do empregado. 
Quando o empregado é demitido deve receber a indenização correspondente ao 
aviso prévio e a empresa recolhe 50% de multa sobre o saldo acumulado do FGTS 
(destes 50%, 40% são creditados para o empregado e 10 % são recolhidos para o 
governo federal). 
O aviso prévio, conforme a Lei 12.506 de 11/10/2011 (que complementa o 
 35 
Capítulo VI do Título IV da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo 
Decreto-Lei 5452, de 1º de maio de 1943,), corresponde a um mês de salário 
adicionado de três dias por ano de serviço até o máximo de sessenta dias, perfazendo 
assim um total te 90 dias. 
 
O quadro a seguir mostra o fluxo de pagamentos e encargos, supondo que após 
24 meses o Sr. Ruberildo seja demitido: 
 
Quadro 2.3.a Fluxo de pagamentos e encargos. Sr. Ruberildo 
 
(o aviso prévio corresponde a um mês de salário mais seis dias) 
O quadro abaixo mostra a remuneração total recebida pelo contrato de 
trabalho pelo Sr. Ruberildo e o custo total para a empresa: 
 
 36 
Quadro 2.3.b1 Distribuição do custo total salarial 
Item R$ % 
Salários 22.000,00 56,5% 
Férias 2.000,00 5,1% 
Décimo - terceiro salário 2.000,00 5,1% 
Abono Férias 666,00 1,7% 
Aviso Prévio 1.200,00 3,1% 
FGTS 2.229,28 5,7% 
Multa FGTS (40%) 891,71 2,3% 
Sub total empregado 30.986,99 79,5% 
Multa FGTS (10%) 222,93 0,6% 
Guia INSS 7.746,75 19,9% 
Sub total encargos 7.969,68 20,5% 
Total 38.956,67 100,0% 
 
Observa-se que do custo total, 79,5% foram destinados para o empregado e 
20,5% para o governo (INSS e demais instituições). Assim, sob essa ótica, o encargo 
adicional à remuneração do trabalho é (100%/79,5%) -1 = 25, 72%. 
Porém, na ótica da empresa, ela dispõe somente do tempo quando o Sr. 
Ruberildo está trabalhando para formar uma provisão que vise dar cobertura ao custo 
total de seu trabalho. Para tanto, deve provisionar tanto os encargos adicionais a 
remuneração do trabalho, como os demais elementos que compõem a remuneração do 
trabalho que não o salário, quando ele estiver trabalhando. Ou seja, tomando o salário 
como base, a taxa de encargos a aplicar para poder formar essa provisão é 77,08%%. 
Quadro 2.3.b2 Taxa de provisões salariais sobre salários 
Base = Salário 22.000,00 100,00% 
Demais custos 16.956,67 77,08% 
Total 38.956,67 177,08% 
 
Dada a natureza simplificada deste exemplo, não foram mencionados alguns 
encargos adicionais (licença maternidade, licença paternidade, auxílio enfermidade, o 
peso das diversas alíquotas do seguro de acidente de trabalho) o que faz elevar essa 
taxa para valores em torno de 78% a 80%. 
 
2.3.2.1. Exemplos de aplicação da taxa de encargos sociais CLT 
1. Uma empresa contratou uma pessoa por R$ 1;000 mensais. Qual é seu custo 
mensal? (taxa aplicável 79%) 
 
Aplicando-se a taxa, seu custo é de R$ 1.000 x 1,79 = R$ 1.790 
 
2. Uma empresa que tem uma jornada de trabalho de 170 horas mensais, 
contratou um operador de máquinas

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