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Escravidão contemporanea X capitalismo

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Relação Escravidão contemporânea X Capitalismo
Após a posse de Michel Temer, vários foram as mudanças feitas por ele, sobretudo na CLT e nas características legais que configuram a condição análoga a de trabalho escravo. Mudanças essas que vieram a atender uma antiga reivindicação da bancada ruralista. 
Desde o início do ano de 2017 vimos vendo a implantação de diversas novas regras para a fiscalização do trabalho escravo, que, em suas práticas acabam dificultando o combate ao trabalho escravo no Brasil. Mudanças como as de que a caracterização de trabalho forçado, jornada exaustiva e condição degradante passam a depender da ocorrência da privação do direito de ir e vir. E transmissão da responsabilidade de inclusão dos nomes dos empregadores na lista suja, dos técnicos para o ministro do trabalho, o que expõe a lista a interesses políticos. 
Fiscais do trabalho de todo país condenaram as medidas tomada pelo atual governo, contudo, o Ministério do Trabalho afirmou em nota que a portaria “aprimora e da segurança jurídica á atuação do Estado Brasileiro” no combate ao trabalho escravo no país. Além das críticas recebidas do Ministério Público Federal (MPF) e do Ministério Público do Trabalho (MPT), se pronunciaram também órgãos internacionais como a Organização Internacional do Trabalho (OIT), esta declarou que o Brasil deixa de ser referência no combate ao trabalho escravo e vira exemplo negativo a nível mundial.
Ainda no que se refere a fiscalização, a partir dessas medidas todas as variáveis que configuram trabalho escravo devem estar presentes no local no momento da fiscalização. Há ainda uma lista de novos protocolos a serem seguidos pelos fiscais do trabalho, como cópias de todos os documentos que comprovem jornada exaustiva de trabalho, trabalho forçado, condições degradantes e ainda, há também a necessidade de registros fotográficos que evidenciem as violações, como seguranças armados impedimento do deslocamento. Outra medida que causou muito descontentamento por parte dos fiscais é a necessidade de um boletim de ocorrência lavrado pela autoridade policial que participou da fiscalização. O que acarretará na redução do número de operações, considerando a existência de um largo histórico de negativas da policia, alegando não possuir contingente necessário. Essas alterações escondem o fato de que se um trabalhador estiver submetido a condições degradantes e jornadas exaustivas, não havendo privação do direito de ir e vir, este não poderá ser caracterizado como um trabalhador escravo. 
As reformas na CLT também afetam o combate ao trabalho escravo, na medida em que a aplicação da terceirização, a contratação de autônomos de forma irrestrita e possibilidade do aumento da jornada de trabalho, dificultam o trabalho dos fiscais. Essa reforma dá condições legais para a banalização das condições de trabalho análogo ao escravo. Outro ponto seria os direitos que poderiam ser “negociados” entre patrões e empregados. Essas negociações permitem acordos sobre aumento de jornada de trabalho que reduzem e/ou extingue o tempo de descanso, aumentando ainda a jornada de trabalho em ambientes insalubres.
Neste momento de crise do capital, os onde os lucros estão em risco, os ataques aos direitos trabalhistas e o boicote nas bases do combate ao trabalho escravo, se tornam mais fortes por parte dos grupos político-empresariais. Essas mudanças nas leis trabalhistas e o desmonte do combate ao trabalho escravo no país deixam bem explicito quem serão os sujeitos que irão pagar por mais essa crise do capital. 
Vivemos um momento em que grande parte da população está desempregada, somado isso, a oferta de empregos com baixa remuneração e pesadas jornadas de trabalho, trazem novamente um modelo de exploração do trabalho totalmente desumano, onde trabalhadores não passam de objetos para os empregadores. E é em países da periferia do mundo, como o Brasil, que essas pulsões do capital mais forte batem. Além de fontes constantes de recursos naturais, esses países passam a ser também fontes mão-de-obra barata.