Buscar

GABARITO AP1 TEORIA DA LITERATURA II 01.2017

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

AP1 – 01-2017 
GABARITO 
1. Comente a concepção do romantismo alemão sobre a poesia, 
diferenciando-a do racionalismo, a partir do que você estudou sobre o 
conceito de "mimesis", em Platão e sobre o conceito de “juizo estético”, 
em Kant. 
O movimento romântico surge numa reação contra a onda de racionalismo, 
promovida pelo Pensamento Ilustrado, o qual defende a racionalidade como 
paradigma de avanço social e progresso humano em todas as áreas, ao 
mesmo tempo em que se afasta da religiosidade, da relação do homem com a 
fé, com o transcendente. O romantismo procura colocar em pé de igualdade a 
razão e a sensibilidade, e no lugar de regras universais da criação, como na 
poética clássica, ou de juízo estético (como na proposta de Kant), destacam a 
individualidade do artista, do poeta. Para os românticos, o gênio não se 
submete a regras, mas cria ou inaugura uma regra. A expressão da 
subjetividade implica “a liberdade de criação individual”. Como consequência 
dessa afirmação de liberdade, vai-se produzir uma mudança radical: no lugar 
da universalidade das regras da arte, o Romantismo institui um senso de 
historicidade da arte. A concepção do belo será, consequentemente, de 
natureza histórica e sentimental para o Romantismo, ao contrário da 
concepção clássica que o considera universal e ideal. 
Os poetas românticos consideram que a poesia não pode responder a regras 
a-históricas. Desse modo, o movimento rompe com os ideais clássicos 
produzindo um grau de liberdade e, portanto, de mudanças históricas no 
conceito de literatura. Diante das rígidas separações de gêneros das poéticas 
clássicas, eles propõem a mistura: poesia transcendental é uma mistura de 
filosofia e poesia. 
A concepção romântica se afasta da versão platônica de mímese, que é uma 
representação sensível afastada e rebaixada com relação às ideias racionais, 
que seriam as únicas verdades absolutas, de ordem universal. Para Platão, só 
é possível atingir a verdade racionalmente, e a poesia é tida como uma forma 
de “engodo" ou mentira, uma vez que apela, de acordo com este filósofo, não à 
racionalidade e sim à sensibilidade, sendo que os sentidos são, para ele, 
enganosos. Por sua vez, os românticos alemães defendem uma poesia 
universal progressiva capaz de não só “reunificar todos os gêneros separados 
da poesia e pôr a poesia em contato com filosofia e retórica” (frag. 116) mas 
também de fundir situações e formas de existir das mais variadas sem, no 
entanto, ser “esgotado por nenhuma teoria”. Nesse sentido, Schlegel em seu 
fragmento, afirma que “a poesia romântica é, entre as artes, aquilo que o chiste 
é para a filosofia, e sociedade, relacionamento, amizade e amor são na vida.” 
2- A partir da seguinte citação de Alfredo Bosi, comente a posição de Hegel 
sobre a poesia: 
"O curso da História no Ocidente tem resultado de um esforço cumulativo para 
apartar o homem do mundo-da-vida, graças à crescente divisão das tarefas e à 
supremacia do valor-de-troca e das suas máscaras políticas sobre o trato 
primordial e afetivo com as pessoas e a Natureza. Nesse sentido, os nossos 
tempos são, como já observavam, com filosofias opostas, Leopardi e Hegel, 
hostis à poesia, que só se tolera como atividade ilhada, abstraída da prática 
social corrente e, daí, reificada.” (Alfredo Bosi, O ser e o tempo da poesia. São 
Paulo: Cultrix, 1977. p. 112). 
Diante de tempos hostis à poesia, porque já não correspondem com o lugar do 
poeta e de sua arte, Hegel diz que a poesia encarna a contradição de existir 
sem as condições possíveis para a sua existência, num mundo sem ideal. As 
transformações demográficas, culturais e sociais deveriam implicar a sua 
ausência, mas ao contrário disso, poeta e poesia acabam existindo mesmo 
sem essa condição. 
Dentro da dialética hegeliana, “O poeta e a poesia existem contra a condição 
de possibilidade”, porque sua existência é contra o mundo em que estão 
inseridos, onde tudo se transforma em mercadoria. Daí que essa oposição vai 
marcar a sua maneira de ver este mundo e também de se ver diante dele. É 
preciso que haja o poeta e a poesia para que estes sejam recusados, há aí a 
ambiguidade marcada pela presença do artista e da arte, porque vivem no 
âmbito da contradição, uma vez que a sua existência se faz sem a 
possibilidade mesma de existir. 
Isso porque, para Hegel, a poesia figura como uma das artes mais elevadas 
que se situa entre a materialidade e a espiritualidade, entre a racionalidade e a 
sensibilidade, sendo considerada a forma de atingir a “reconciliação" ou uma 
das formas de atingir o espírito Absoluto. Desse modo, a poesia é “a verdadeira 
e absoluta obra do espírito e sua manifestação como espírito”, e como arte que 
tem origem no espírito, vai ser produzida por uma atividade subjetiva. A essa 
atividade criadora, Hegel dá o nome de fantasia poética a qual consiste na 
“capacidade artística” que pode “possibilitar ao espírito fixar as ‘mais diversas 
imagens do dado’. 
A fantasia poética é capaz de apreender tanto a interioridade subjetiva quanto 
o “particular da existência exterior”, sob a forma de uma interioridade 
objetivada. A fantasia corresponde a um meio-termo entre a individualidade do 
sensível e a universalidade do racional. 
Sobre a fantasia poética, Hegel observa que o conteúdo desta ocupa um lugar 
intermediário “entre a universalidade abstrata do pensamento e a corporeidade 
sensível e concreta” das outras artes particulares (arquitetura, escultura, 
pintura e música), porque o poeta não apenas tem de constituir um “mundo 
interior do ânimo e da representação consciente de si ”, mas também tem de 
encontrar, para este interior, um fenômeno exterior que lhe corresponda. 
 A concepção de fantasia de Hegel se aproxima da visão romântica da poesia, 
segundo a qual esta seria uma síntese entre razão e sensibilidade, filosofia e 
poesia.

Outros materiais