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Crimes contra a honra

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			 Título I 
	DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
			Capítulo V
	DOS CRIMES CONTRA A HONRA
Conceitos Básicos
HONRA - é o conjunto de atributos morais, físicos, intelectuais e demais dotes da pessoa, que a fazem merecedora de apreço no convívio social. (Heleno Fragoso)
 Segundo posicionamento majoritário na doutrina a honra pode dividir-se em:
	HONRA SUBJETIVA: pensamento que 	temos de nós mesmos.
	HONRA OBJETIVA: sentimento alheio que 	incide sobre nossos atributos. (Damásio de 	Jesus)	
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		Pessoa Jurídica pode ser 					detentora de honra?
Segue majoritariamente a doutrina o entendimento de Damásio de Jesus, que fala que as pessoas jurídicas podem ser sujeito passivo do crime de difamação, visto que possuem, inegavelmente, reputação, boa-fama (honra objetiva).
	“Tratando-se a vítima de pessoa jurídica, porém, 	pode ocorrer apenas o crime de difamação, em que 	se imputa fato ofensivo a sua reputação, mas não os 	de calúnia, porque não se pode imputar falsamente a 	prática de crime ou de injúria que ofende apenas a 	honra subjetiva, inexistente na pessoa coletiva. 	Nesse sentido se tem decidido” (RT 596 / 421)
NOVIDADE!!! - Devido a Legislação que versa sobre Crimes Ambientais já se fala que as pessoas jurídicas podem ser sujeito passivo do delito de calúnia, caso a imputação falsa verse sobre crimes ambientais
		
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		CALÚNIA (Art. 138, CP)
Art. 138 – Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime.
	Pena – detenção, de 6(seis) meses a 2(dois) 	anos, e 	multa
Aqui o agente imputa à vítima um fato que é:
	MENTIROSO – a imputação deve ser falsa e o agente 	ter consciência da falsidade.
	CONCRETO – o delito deve ser concretizado, ou seja 	na imputação devem ser descritas as minúcias. 	Exemplo: Foi “Fulano” que roubou meu 	carro.
	CRIMINOSO – isso é, definido como crime no 	Código 	Penal. 
 	Pode ser fato delituoso definido como contravenção 	penal?
	Não, se pudesse o Legislador falaria em imputação 	de Infração Penal.
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		CALÚNIA (Art. 138, CP)
É crime formal; onde há a presunção legal de que o resultado ocorre em conjunto com a ofensa imputada.
É crime: Instantâneo, simples, comum e comissivo. É unisubsistente (forma verbal)
	COMPORTA TENTATIVA?
		Sim, desde que tenha sido praticado de 			forma 	escrita, caso em que seria 				plurisubsistente.
CONSUMAÇÃO: Dá-se no momento em que terceiros tomam conhecimento da imputação.
	Observação: A falsa imputação pode versar 			sobre os fatos ou sobre a autoria dos fatos, 			no primeiro caso o fato não ocorreu, enquanto 		que no segundo o fato ocorreu mas o autor 			não é o imputado e quem caluniou sabe disso.
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 EXCEÇÃO DA VERDADE (Art. 138, §3°)
“Exceptio Veritatis”
Exceção da verdade: são os casos, admitidos em regra, ressalvado o estabelecido nos incisos I , II e III do art. 138 §3° do CP, onde o ofensor pode provar que o que disse é verdade, destruindo portanto o tipo e eximindo-se da responsabilidade 
			AÇÃO x EXCEÇÃO
 AÇÃO			 EXCEÇÃO
Autor: Ofendido	Excipiente: Ofensor (Réu da Ação)
Réu: Ofensor		Exceto: Ofendido (Autor da Ação)
Ação e exceção correm dentro do mesmo processo, caso o juiz julgue procedente a exceção o réu é absolvido da ação, mas se o juiz julga improcedente a exceção, seguir-se-à com o julgamento da ação.
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			CALÚNIA 
				X
 DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA (Art. 339)
Denunciação Caluniosa é a falsa imputação que faz com que seja instaurado Investigação Policial ou Processo Judicial, também tem sido chamada de calúnia qualificada.
Se ambos os delitos versarem sobre o mesmo fato a calúnia, como crime menor, é absorvida pela denunciação caluniosa que é crime mais grave.
AÇÃO PENAL
É crime de ação penal privada, ou seja, somente se procede mediante queixa.
 
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		DIFAMAÇÃO (Art. 139, CP)
Art. 139 – Difamar alguém imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação.
Pena – detenção, de 3(três) meses a 1(um) ano, e multa.
Aqui o fato imputado não é crime e não é obrigatoriamente falso, pode ser fato que apesar de verdadeiro não deveria ser dito. Visa- se atingir a honra objetiva, que é imagem que o sujeito passivo detém no contexto social.
Sujeito Ativo: Crime Comum.
	Observação: Se cometido pelos meios de comunicação, 	aplica-se o disposto na Lei de Imprensa.
Sujeito Passivo: Pessoa Física, inclui-se os incapazes e Pessoa Jurídica
Elemento Objetivo: Não é necessário descrever minúcias, é a atribuição de fato concreto, desonroso, mentiroso ou não.
Elemento Subjetivo: Vontade de imputar fato desonroso a alguém, verdadeiro ou não, “animus diffamandi”.
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		DIFAMAÇÃO (Art. 139, CP)
CONSUMAÇÃO: Dá-se consumado o delito, quando terceiros tomam conhecimento da imputação.
TENTATIVA: É admissível quando o delito não é praticado oralmente, mas por meio de carta ou bilhete que venha a ser interceptado pelo sujeito passivo, ou seja antes de que terceiros tomem conhecimento.
EXCEÇÃO DA VERDADE: A lei a permite, excepcionalmente, quando o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativas às suas atribuições. (Art. 139, Parágrafo Único).
CONCURSO: Nada impede o concurso entre os crimes de calúnia e difamação.
AÇÃO PENAL: É crime de ação penal privada, “somente se procede mediante queixa” 
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INJÚRIA (Art. 140, CP)
Art. 140 – Injuriar alguém ofendendo-lhe a dignidade ou decoro.
	Pena – detenção de 1(um) a 6(seis) meses, ou 	multa.
Injúria é a ofensa a dignidade ou a decoro de outrem, é atribuir-se ao sujeito passivo uma qualidade negativa que não se concretiza, isto é um fato vago.
Objetividade Jurídica: busca-se proteger a integridade moral do ofendido. Em oposição aos crimes de calúnia e difamação onde se tutela a honra objetiva, na injúria o que está sendo tutelado é a HONRA SUBJETIVA, o que não significa dizer que na injúria a honra objetiva não esteja sendo afetada, isso apenas não interfere na caracterização do tipo.
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INJÚRIA (Art. 140, CP)
Sujeito Ativo: Crime Comum
Sujeito Passivo: Qualquer Pessoa
Observação: Não se pune a auto-injúria, mas se ela se estender a terceiro esse pode vir a ser sujeito passivo.
Elemento Objetivo: Injuriar alguém ofendendo sua honra subjetiva.
Elemento Subjetivo: O dolo da injúria o “animus infamandi” ou “animus injuriand”. 
Consumação: Reputa-se consumado o delito quando o sujeito passivo tomar conhecimento da ofensa, o que difere da calúnia e da difamação, nesses delitos a consumação se dá quando a ofensa chega ao conhecimento de terceiros.
Tentativa: Afirma-se possível em si tratando de injúria feita por escrito.
Exceção da Verdade: Não é admitida.
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Art. 140 §1° - PROVOCAÇÃO E RETORSÃO
Uma observação importante que se faz com relação ao crime de injúria, é o fato de ser um CRIME DOLOSO que ADMITE a aplicação do PERDÃO JUDICIAL, nos seguintes casos:
Art. 140 §1° - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
	I – quando o ofendido de forma reprovável, provocou 	diretamente a injúria.
Aqui o legislador quis se referir ao fato reprovável da vítima de injúria ter provocado o ofensor, antes da injúria, podendo essa provocação constituir-se ou não de um ato ilícito.
	II – no caso de retorsão imediata que consista em outra 	injúria.
Aqui o Perdão Judicial é dado a vítima da primeira injúria que responder de imediato a esta com outra injúria, mas isso deve acontecer imediatamente após ter sido ofendido, ocorrendo portanto, uma reciprocidade de crimes.
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FORMAS QUALIFICADAS DE INJÚRIA 
(ART. 140 §2° E §3°)
INJÚRIA REAL
§ 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes
Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
violência: agressão da qual decorra lesão corporal; 
aviltantes: causa vergonha, desonra 
	ex.: esbofetear, levantar a saia, rasgar a roupa, 	atirar 	sujeira, cerveja, um bolo;
O agente responderá pela “injúria real” e também
pelas lesões corporais eventualmente provocadas, somando-se as penas; as “vias de fato” ficam absorvidas pela “injúria real”.
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FORMAS QUALIFICADAS DE INJÚRIA 
(ART. 140 §2° E §3°)
INJÚRIA POR PRECONCEITO 
§ 3º - Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião ou origem, ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência.
	Pena - reclusão de 1 a 3 anos e multa. 
Os xingamentos referentes a raça ou cor da vítima constituem o crime de “injúria qualificada” e não crime de “racismo” (Lei n° 7.716/89), pois os crimes dessa natureza pressupõem sempre uma espécie de segregação em função da raça ou da cor como, por exemplo, a proibição de fazer matrícula em escola, de entrar em estabelecimento comercial, de se tornar sócio de um clube desportivo etc.
Lembrar da recente modificação provocada pelo Estatuto do Idoso, passando a ser tutelada também nesse delito, a pessoa idosa e os portadores de deficiência. 
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DISPOSIÇÕES COMUNS (Art. 141, CP)
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de 1/3, se qualquer dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
A importância e a honradez desses cargos, justificam a necessidade de se resguardar intactos o prestígio e autoridade de quem representa a soberania de um país.
Se for “calúnia” ou “injúria” contra o Presidente da República, havendo motivação política e lesão real ou potencial a bens inerentes à Segurança Nacional, haverá “crime contra a Segurança Nacional” (arts. 1° e 2° da Lei n° 7.170/83).
II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
O dispositivo tutela o respeito devido a função e não a pessoa do funcionário, devendo haver uma relação de causa e efeito entre a ofensa e a função, não bastando que ela ocorra por ocasião do exercício de funções públicas.
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DISPOSIÇÕES COMUNS (Art. 141, CP)
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.
Ao se falar na presença de várias pessoas, presume-se que sejam mais de duas. Aqui trata-se dos casos onde os danos resultantes da prática do delito serão maiores, mas esse resultado mais grave não é exigido para que se verifique a qualificadora.
Aqui ao se falar dos meios que facilitem a divulgação excluem-se os meios de comunicação , como rádio, televisão, jornal, etc, pois estes fatos são regidos pela Lei de imprensa e pelo Código de Telecomunicações. 
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)
Trata-se de mais uma alteração resultante do Estatuto do Idoso. Excetua-se esse aumento de pena na injúria por ela já tutelar essas pessoas na sua forma qualificada. (Art. 141, §3°.) 
Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.
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EXCLUSÃO DO CRIME (Art. 142, CP)
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
Lembrar que essas excludentes não se dirigem ao crime de Calúnia. 
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;
Essa exceção se justifica no sentido de que os direitos que se pretendem garantir em juízo, não fiquem restringidos pelo temor de se responder na esfera penal acerca do que ali foi dito. 
“o advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora, sem prejuízo das sanções disciplinares junto a OAB” (art. 7°, § 2°, do Estatuto da OAB).
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício.
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade 
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RETRATAÇÃO (ART. 143)
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.
É admitida na Calúnia e na difamação, o único caso em que se admite retratação na injúria é quando se trata do disposto na Lei de Imprensa.
Mesmo sendo admitida na calúnia e na difamação só pode ser feita quando a ação penal for PRIVADA, não cabendo nas exceções que dizem ser a Ação Penal Pública nesses delitos. (Caso do Funcionário Público No exercício de suas funções.
Independe de aceitação do ofendido.
Não requer publicidade, a não ser a dos autos da Ação Penal.
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PEDIDO DE EXPLICAÇÕES (Art. 144)
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa.
É uma interpelação, onde o suposto ofensor vai ter que demonstrar, através de suas explicações se quis ou não ofender.
É medida preparatória e facultativa para o oferecimento da Queixa- Crime, nos casos em que a manifestação do autor (da ofensa) gere dúvidas, não sendo evidente a intenção de caluniar, difamar ou injuriar.
Caso o autor da suposta ofensa se negue a prestar informações, ele deverá responder pela ofensa. 
VEJA BEM : Ele deverá responder, não significa que será condenado, pois a todos está resguardado o contraditório e a ampla defesa, ou seja, o devido processo legal.
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AÇÃO PENAL (Art. 145)
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
A regra é a da Ação Penal Privada, excetuando-se o caso da INJÚRIA REAL, onde a ação penal é pública condicionada a representação do ofendido.
Parágrafo único - Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do n.º I do art. 141 e mediante representação do ofendido, no caso do n.º II do mesmo artigo.
Caso do art. 141, I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro – AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA A REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA. 
Caso do art. 141, II - contra funcionário público, em razão de suas funções – AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA A REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO.
DISCUSSÃO DOUTRINÁRIA: Alguns doutrinadores caracterizam a ação penal nesse caso como sendo alternativa, ou seja podendo ser pública condicionada ou privada, tendo já o STF decidido acerca disso

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