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Profª Karoline Basquerote Karoline.basquerote@ipa.metodista.br Kbasquerote81@gmail.com DRIs - Dietary Reference Intakes Ingestões Dietéticas de Referência Ø Conjunto de valores de referência correspondentes às estimativas quantitativas da ingestão de nutrientes. Ø Estabelecidos para serem utilizadas no planejamento e avaliação das dietas de indivíduos saudáveis em um grupo (estágio de vida/gênero). DRIs = EAR + RDA + AI + UL Amaya-Farfan J et alRM. Rev Nutr,14(1):71-78, 2001 Fiberg RM et al, Rev Bras Nutr Clin, 18(2):81-86, 2003 Murphy SP; Poos MI. Public Health Nutrition, 5(6A): 843-849, 2002 EAR = Necessidade Média Estimada RDA = Ingestão Dietética Recomendada AI = Ingestão Adequada UL = Nível MáximoTolerável DRIs - Dietary Reference Intakes Ingestões Dietéticas de Referência Food and Nutrition Board, 1997 Considerações: • Balanço e metabolismo de nutrientes em diferentes faixas etárias; • Diminuição do risco de doenças crônicas não transmissíveis; • Biodisponibilidade dos nutrientes e erros associados aos métodos de avaliação; • Estruturada para atender as necessidades nutricionais da população norte americana e canadense. Ingestões Dietéticas de Referência EAR – Estimated Average Requeriment Necessidade Média Estimada Ø Valor médio da ingestão de 1 nutriente estimado para cobrir as necessidades de 50% dos indivíduos saudáveis de determinada faixa etária, estado fisiológico e gênero. Ø Avalia a adequação e o planejamento da ingestão dietética de grupos populacionais. Ø Base para estabelecer as RDAs. Função: avaliar a ADEQUAÇÃO do consumo EAR – Estimated Average Requeriment Necessidade Média Estimada Ingestões Dietéticas de Referência Ingestões Dietéticas de Referência RDA – Recommended Dietary Allowance Ingestão Diária Recomendada Ø É o nível de ingestão dietética médio suficiente para atender as necessidades de nutrientes de 97%-98% das pessoas saudáveis, conforme estágio de vida/gênero. GALISA, MS. Nutrição: conceitos e aplicação. São Paulo, M Books, 2008 Ingestões Dietéticas de Referência RDA – Recommended Dietary Allowance Ingestão Diária Recomendada Ø A ingestão dietética recomendada (RDA) é um valor a ser usado como meta de ingestão na prescrição da DIETA PARA INDIVÍDUOS SAUDÁVEIS, não devendo ser utilizada para avaliação da adequação da dieta e nem para o planejamento de cardápios de grupos populacionais. Ingestões Dietéticas de Referência RDA – Recommended Dietary Allowance Ingestão Diária Recomendada Função: META de ingestão para o indivíduo, PLANEJAMENTO. Ingestões Dietéticas de Referência AI – Adequat Intake Ingestão Adequada Ø É baseado na média do consumo de nutrientes observada ou experimentalmente determinada, por uma população definida ou um subgrupo, de indivíduos sadios. Indivíduos saudáveis com um consumo igual ou acima do AI podem ter um baixo risco de consumo inadequado para um estado de nutrição definido. Ingestões Dietéticas de Referência AI – Adequat Intake Ingestão Adequada Ø Utilizada quando não há dados suficientes para a determinação da RDA. Ø Pode-se dizer que é um valor prévio à RDA. Ex: cálcio (é um nutriente para o qual não foi possível obter a EAR e que, portanto não tem a RDA. Sua recomendação é baseada na AI). Amaya-Farfan J; Domene SMA; Padovani RM. Rev Nutr,14(1):71-78, 2001 Fiberg RM et al, Rev Bras Nutr Clin, 18(2):81-86, 2003 Murphy SP; Poos MI. Public Health Nutrition, 5(6A): 843-849, 2002 Função: META de ingestão para o indivíduo, PLANEJAMENTO. AI – Adequat Intake Ingestão Adequada Ingestões Dietéticas de Referência UL - Tolerable Upper Intake Level Limite Superior Tolerável de Ingestão O UL não é um nível de ingestão recomendadaØ . O estabelecimento do UL surgiu com o crescimento da prática de Ø fortificação de alimentos e do uso de suplementos alimentares. O UL ainda não está estabelecido para todos os nutrientes.Ø À medida que a ingestão aumenta para além do UL o risco potencial de Ø efeitos adversos também aumenta. Ingestões Dietéticas de Referência ULsØ são baseados na ingestão total de um nutriente do alimento, água, e suplementos se o efeito adverso estiver associado com a ingestão total. UL se aplica a uso diário crônico.Ø UL - Tolerable Upper Intake Level Limite Superior Tolerável de Ingestão Ingestões Dietéticas de Referência Tipo de uso Individual Grupo Planejamento RDA – meta de ingestão EAR – utilizado em conjunto com a medida de variabilidade da ingestão do grupo para estabelecer metas para o consumo médio de uma população específica. AI – meta de ingestão UL – utilizado como um guia para limitar o consumo de nutrientes, uma vez que a ingestão crônica de quantidades elevadas pode aumentar o risco de efeitos adversos. Uso das ingestões dietéticas de referência (DRIS) para indivíduos e grupos saudáveis Uso das ingestões dietéticas de referência (DRIS) para indivíduos e grupos saudáveis Tipo de uso Individual Grupo Avaliação EAR – utilizado para verificar a possibilidade de inadequação do consumo; no entanto, a avaliação mais precisa do estado nutricional requer o uso de indicadores bioquímicos, clínicos e/ou antropométricos. EAR – utilizado para estimar a prevalência de inadequação em determinado grupo. AI – uma ingestão neste nível tem baixa probabilidade de inadequação. AI – uma ingestão média neste nível implica baixa frequência de inadequação. UL – utilizado para verificar a possibilidade de consumo excessivo; uma ingestão acima deste nível tem risco de efeitos adversos; no entanto, a avaliação mais precisa do estado nutricional requer o uso de indicadores bioquímicos, clínicos e/ou antropométricos UL – usada para estimar a frequência de níveis de ingestões sujeitos a risco de efeitos adversos. Uso das ingestões dietéticas de referência (DRIS) para indivíduos e grupos saudáveis RESUMINDO: Quando a ingestão média de um nutriente está abaixo da EAR, é certo que a ingestão do indivíduo tem que melhorar. Quando a ingestão estiver entre a EAR e a RDA, é provável que seja necessário modificar e melhorar a ingestão, mas são necessárias análises individuais dos fatores de risco existentes. Se a ingestão média de alguns inquéritos dietéticos apresentar-se acima da RDA, considera-se provável que a ingestão do indivíduo esteja adequada. Se a média da ingestão do indivíduo for igual ou maior que a AI , considera-se provável que a ingestão esteja adequada. Uso das ingestões dietéticas de referência (DRIS) para indivíduos e grupos saudáveis Avaliação com base na AI Ex: uma mulher de 30 anos cujo inquérito dietético de quatro dias mostrou média de 800mg de cálcio, a AI para essa idade é de 1.000mg. O que fazer? Devemos mudar a prática alimentar e incluir mais uma porção de alimento rico em cálcio, ou concluímos que essa ingestão atinge 80% da AI e, portanto, é bem provável que seja suficiente? Uso das ingestões dietéticas de referência (DRIS) para indivíduos e grupos saudáveis Nesse caso considerar os seguintes fatores: v Verificar a presença de familiares com osteoporose e fraturas; v Se a pessoa pratica atividade física regular; v Antecedentes de fraturas; v Se existe alto consumo de refrigerantes à base de cola ou de alimentos ricos em fósforo. *Essa análise irá determinar se essa ingestão de 800mg não oferece riscos para o paciente. VITOLO,2008 Ingestões Dietéticas de Referência AMDR – faixa de distribuição aceitável de macronutrientes • 45- 65% do VET - ingestão acentuada de carboidratos ou lipídios aumenta o risco de doenças cardiovasculares,obesidade e diabetes; • RDA- 130g/dia para adultos e crianças, baseado na quantidade MÍNIMA média de glicose utilizada pelo cérebro sem que haja necessidade de utilizar fontes alternativas de lipídio e proteína; • Ingestões medianas são de 200- 330g/dia para homens e de 180- 230g/dia para mulheres. Carboidratos IOM,2002 Ingestões Dietéticas de Referência AMDR – faixa de distribuição aceitável de macronutrientes Proteínas • 10-35% da ingestão energética de adultos, objetiva complementar as AMDR de gordura e carboidratos; • RDA para homens e mulheres acima de 18 anos de idade é de 0,8g/kg/dia de proteína de boa qualidade. IOM,2002 Ingestões Dietéticas de Referência AMDR – faixa de distribuição aceitável de macronutrientes Lipídios • 20- 35% do VET; • Baseado em evidencias de que alta ou baixa ingestão de lipídios podem acarretar doenças cardiovasculares; • Não foram estabelecidas AI, RDA, ou UL. IOM,2002 Ingestões Dietéticas de Referência AMDR – faixa de distribuição aceitável de macronutrientes Lipídios • 5 a 10% de ácido linoléico (ômega 6); • 0,6 a 1,2% de ácido alfalinolênico (ômega 3) • Não foram estabelecidas AI, RDA, ou UL. IOM,2002 Ingestões Dietéticas de Referência Fibras Totais O consumo de fibras na dieta tem impacto positivo sobre: • O peso corpóreo; • A normalização das concentrações de lipídios sanguíneos; • A redução dos índices glicêmicos; • O aumento do bolo fecal; • A melhora do trânsito intestinal, entre outras; O excesso pode interferir no metabolismo e reduzir a biodisponibilidade de alguns minerais. * não tem UL estabelecida* IOM,2002 Ingestões Dietéticas de Referência Fibras Totais Idade (anos) Ingestão adequada (AI) g/dia Homens 19 a 50 51 ou mais 38 30 Mulheres 19 a 50 51 ou mais 25 21 Gestante 14 ou mais 28 Nutriz 14 ou mais 29 IOM,2002 Biodisponibilidade Proporção do nutriente que é realmente utilizado pelo organismo. A simples presença do nutriente no alimento ou dieta não garante a sua utilização pelo organismo. Fatores que influenciam a utilização: v Forma química do nutriente; v Quantidade ingerida; v Presença de outros nutrientes; v Mecanismos que regulam a absorção de nutrientes. Biodisponibilidade Risco de interação nutriente X nutriente: Há aumento do risco quando há desequilíbrio na ingestão de 2 ou mais nutrientes. Por exemplo: Interação positiva entre nutrientes→ podem promover aumento da • biodisponibilidade de alguns minerais e elementos traços. Zinco e Vit. A• Vit. • D e Cálcio Vit. C e Ferro• Cozzolino SMF; Colli C. Uso e aplicações das DRIs: Novas recomendações de nutrientes e interpretação e utilização. 4-15p, 2001 Biodisponibilidade Risco de interação nutriente X nutriente: Interações negativas entre nutrientes→ podem ser depressores da biodisponibilidade • Fitatos, fosfatos e taninos • Proteína e Cálcio • Cafeína e Cálcio • Ferro e Cálcio Cozzolino SMF; Colli C. Uso e aplicações das DRIs: Novas recomendações de nutrientes e interpretação e utilização. 4-15p, 2001 Philippi, Sonia Tucunduva. Dietética: Princípios Planejamento de uma aliment. Saudável. Manole, 2015 Biodisponibilidade Risco de interação nutriente X nutriente: Para a maioria dos estágios da vida houve diminuição da quantidade de fósforo recomendada, com o objetivo de melhorar a biodisponibilidade de cálcio, em relação às recomendacões anteriores. Houve aumento considerável da vitamin C em função dos maiores requerimentos observados nos tempos atuais, em função do estresse e da poluição ambiental. Ex: indivíduos fumantes necessitam de 35mg de vitamin C a mais do que o valor de RDA. VITOLO, 2008 Biodisponibilidade Outros fatores: Ø Estado nutricional do indivíduo (absorção, distribuição e biotransformação); Ø Interação fármaco – nutriente; Ø Alteração no efeito da excreção (proteína, fósforo, sódio e cloreto → excreção do cálcio); Ø Forma de ingestão (por ex: vit. lipossolúveis). Cozzolino SMF; Colli C. Uso e aplicações das DRIs: Novas recomendações de nutrientes e interpretação e utilização. 4-15p, 2001 Aplicação da DRIs Dwyer J. Nutrition, 16(7/8):488-492, 2000 Sachs A. Uso e aplicações das DRIs: O que mudou das recomendações de nutrientes. 16-21p, 2001 Contemplam: Ø Avaliação e planejamento de dietas para grupos e indivíduos; Ø Rotulagem de alimentos; Ø Programas de avaliação alimentar; Ø Desenvolvimento de novos produtos; Limitações do uso das DRIs •Não é possível determinar exatamente se a ingestão supre as necessidades do indivíduo, visto que cada pessoa pode apresentar uma necessidade diferente. No entanto, a média de ingestão individual durante um longo período de tempo pode garantir a ingestão adequada a longo prazo. Logo, usando as • recomendações propostas pelas DRIs, determina-se a probabilidade da ingestão do micronutriente estar adequada. Dietary Reference Intakes: Guiding Principles for Nutrition Labeling and Fortification, 2003. Os valores mostrados baseiam• -se nas necessidades da população dos Estados Unidos e Canadá. •Não há registros ou bancos de dados atualizados de inquéritos dietéticos da população brasileira, logo, não é possível conhecer a variabilidade na ingestão dos nutrientes. Limitações do uso das DRIs Dietary Reference Intakes: Guiding Principles for Nutrition Labeling and Fortification, 2003. 1) passar as medidas caseiras para gramas; 2) Fazer regra de 3 para encontrar o valor de cada nutriente de acordo com a porção (nas tabelas de composição de alimentos os valores são baseados em 100g ou ml). 3) Colocar os dados na tabela; 4) Multiplicar ao final do recordatório as gramas de HC, Ptn e lipídio (4 x 4 x 9) para encontrar o valor correspondente em Kcal para poder montar o QAVE. Obs: o ideal é fazer o QAVE depois de calcular a dieta para verificar se conseguiu colocar os nutrientes exatamente como o desejado. Também podemos fazer antes para verificar onde está a inadequação da dieta usual. Passo a passo para o cálculo Exemplo de como montar as tabelas Paciente do sexo masculino, 40 anos, com IMC: 25,78kg/m² VET: 1900kcal QAVE – Quadro de análises de valores encontrado Nutriente % Kcal Grama g/kg de peso Carboidrato 54,46 1025 256,49 2,6 Proteína 20,63 388,64 97,16 1,2 Lipídio 24,91 469,34 52,1 0,5 Total 100 1883 QAVD - Quadro de análises de valores desejado Nutriente % Kcal Grama g/kg de peso Carboidrato 55 1045 261,25 2,7 Proteína 20 380 95 1,0 Lipídio 25 475 52 0,5 Total 100 1900 Alimento Qtd Kcal Glic Prot Lip Ca Fe Na Fos Fibras Café da manhã: Leite desnatado 150 86,64 7,23 5,32 0,26 184,6 0,19 122,40 147,9 Mamão papaia 120 74,10 9,20 0,6 0,34 22,0 0,39 36,08 6,0 1,78 Pão integral de trigo 50 126,50 24,95 4,70 1,85 66,00 1,50 253,00 2,32 Queijo-de-minas 50 194,40 0,90 12,20 6,53 548,0 0,32 217,28 169,5 Margarina veg s/sal 10 57,60 0,05 0,03 3,80 1,60 0,00 32,84 Colação: Iogurte desnatado 150 82,00 7,20 0,95 0,60 210,0 0,00 92,00 Maça 120 130 17,77 0,42 0,60 7,12 0,80 8,40 10,80 2,57 Almoço: Carne gado magra 100 - 1,02 4,90 12,46 3,22 216,5 Arroz branco 90 72,00 2,70 21,60 93,60 1,80 Alface 25 0,23 0,31 0,9 20,2 0,39 Cenoura cozida 80 27,20 10,13 1,02 0,13 18,40 0,16 0,00 43,59 3,00 Abóbora/moranga 70 117 1,58 1,97 0,9 22,03 1,10 20,02 1,57 Couve chinesa 70 1,78 1,02 0,90 31,35 1,56 Abacaxi 100 52,00 11,0 0,80 0,82 18,00 0,50 10,60 9,64 1,43 Óleo de canola 10 99,90 0,00 0,00 99,9 0,00 0,00 0,00 Lanche: Banana 100 111 25,7 1,39 0,20 15,55 0,95 - 25,35 5,01 Jantar: Carne gado magra 100 - 21,25 4,90 12,46 3,22 216,5 Batata cozida 200 188,80 22,24 3,00 3,04 60,80 1,44 369,60 5,98 Chuchu 120 27,20 9,24 1,08 0,2418,40 0,16 0,00 36 1,38 abóbora 100 117 10,18 0,97 0,13 22,03 1,10 20,02 1,57 laranja 240 93,60 12,74 0,86 0,36 24,00 1,44 0,00 28.80 1,68 Óleo de canola 10 100 0,00 0,00 100,00 0,00 0,00 0,00 Azeite de oliva 5,0 0,00 0,00 5,00 0,00 0,00 0,00 Ceia: Leite desnatado 200 86,64 9,64 7,10 0,34 184,6 0,19 122,40 147,9 Aveia em flocos 45 166,05 16,24 4,95 2,64 13,50 6,77 0,00 2,81 256,49 97,16 52,1 1483,15 23,45 1264,6 1243,7 34,85 X4 X4 X9 Total 1883 1025 388,64 469,34 TABELA brasileira de composição de alimentos. 2. ed. Campinas: [s.n.], 2006. VITOLO, Márcia R. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. Rio de Janeiro: Rubio, 2008. PHILIPPI, ST. Tabela de composição dos alimentos: suporte para decisão nutricional. 5. ed. Barueri, SP. 2016. PADOVANI, Renata Maria et al . Dietary reference intakes: aplicabilidade das tabelas em estudos nutricionais. Rev. Nutr., Campinas , v. 19, n. 6, p. 741- 760, Dec. 2006 . Bibliografia
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