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Apostila de Patologia Geral

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PATOLOGIA GERAL 
Material didático do Professor Esp.Axell Donelli 
Apostila de Patologia Geral 
 
Roteiros teóricos 
 
 
 
 
Professor: AXELL DONELLI 
LEOPOLDINO LIMA 
 
 
 2 
PATOLOGIA 
 = estudo 
 = doença 
É uma área médica que aborda principalmente o mecanismo de formação das doenças e 
também as causas, as características macro e microscópicas e as conseqüências destas sobre 
o organismo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O QUE É DOENÇA ? 
 
Exemplos da aparente complexidade do tema Patologia: 
1. Os mesmos mecanismos que defendem o organismo de infecções podem, em 
determinadas ocasiões, causar graves lesões como a glomérulonefrite pós estreptocóccica; 
Estudo da doença 
 
Para o bom clínico, a patologia representa um meio de apoio 
e de confirmação de diagnósticos. 
 
Para o patologista (profissional treinado para reconhecer morfologicamente as lesões), a patologia é 
o estudo das lesões decorrentes das doenças. Mas para o bom patologista, mais que um objetivo, o grande 
desafio é entender a doença (saber como e por que determinadas lesões ocorrem em determinadas 
circunstâncias, e quais as suas conseqüências.). Isto explica por que muitas vezes um quadro patológico 
muito ruim (para o paciente) desperta nos patologistas exclamações com entusiasmo. 
 
Para os cursos da área médica, a patologia é um importante elo entre as disciplinas básicas 
(anatomia, histologia, embriologia, fisiologia, microbiologia, bioquímica, imunologia, biologia celular e 
parasitologia) e as profissionalizantes (clínicas, cirurgias, diagnósticos e tratamentos). 
 
 
O QUE É DOENÇA? 
 
É uma alteração orgânica geralmente constatada a partir de alterações na função [sintomas] de 
determinado órgão ou tecido, decorrentes de alterações bioquímicas e morfológicas causadas por alguma 
agressão, de tal maneira que se ultrapasse os limites de adaptação do organismo. 
 
 3 
2. Os mesmos fatores que determinarão a hemostasia [coagulação] poderão também 
determinar trombose; 
3. Uma célula endotelial lesada libera, ao mesmo tempo, tromboplastina [coaguladora] e 
ativadores do plasminogênio [anticoagulante]; 
4. Enzimas líticas [lizozimas] de macrófagos e de polimorfonucleares usadas na digestão de 
partículas agressoras fagocitadas, podem também ser liberadas e agredir os tecidos... Tudo 
dependerá da situação em que estiver envolvido o organismo... Mais uma vez, o estudo das 
doenças não deve ser encarado como o de uma ciência exata, precisa-se, como já dissemos, 
saber interpretar os fatos. 
Didaticamente, e para efeito de currículos escolares, a patologia é dividida em 2 
disciplinas: 
1. Patologia Geral - que estuda os fundamentos das doenças e objetiva a compreensão e a 
classificação das lesões básicas que determinam e que são determinadas pelas mesmas. 
2. Patologia Especial - que estuda as características de cada doença, de acordo com o órgão 
e sistema acometido. 
De acordo com a ênfase dado a determinado aspecto, a patologia pode ser 
subclassificada em: 
1. Etiologia - Parte da patologia que se atém às causas das lesões; 
2. Patogenia - Parte da patologia que se atém ao mecanismo de formação das lesões; 
3. Morfopatologia - que por sua vez se subdivide em : 
Anatomia Patológica - Parte da patologia que estuda as características macroscópicas das 
lesões; 
Histopatologia - Parte da patologia que estuda as características microscópicas das lesões. 
4. Fisiopatologia - Parte da patologia que se dedica ao estudo das alterações da função de 
órgãos lesados. 
 
 
 
 
 4 
OUTRAS DENOMINAÇÕES: 
Patologia médica; 
Patologia veterinária ou patologia animal; 
Patologia comparada (médica e veterinária); 
Patologia experimental; 
Patologia diagnóstica (morfopatologia); 
Patologia cirúrgica (estudo de biópsias); 
Patologia clínica (laboratório clínico); 
Patologia especializadas (com a virtual explosão das informações científicas - 
neuropatologia, dermatopatologia, imunopatologia, etc...). 
Observe que a nossa capacidade de entender a doença depende do nível de resolução no 
qual as informações importantes são captadas. 
Comprometimento 
causado pela 
agressão: 
molecular celular e 
subcelular 
tissular e 
celular 
orgânico 
e tissular 
sistêmico 
e 
orgânico 
Nível de resolução bioquímico ultraestrutural histopatológico anátomo 
patológico 
clínico 
Constatação por técnicas 
moleculares 
microscopia 
eletrônica 
microscopia 
óptica 
olho nú sintomas 
Newton já dizia: "A cada ação corresponde uma reação!" O organismo também obedece 
essa lei natural. Assim, a cada agressão, o organismo reage. Estas reações, no entanto, vão 
depender da intensidade e da persistência da agressão e da resistência do local agredido. 
 
 
 
 
 
 
 
 5 
O importante não é simplesmente olhar , mas sim enxergar! 
 
Reações às Agressões 
Adaptação  Alt. progressivas 
Necrose Alt. Regressivas (atrofia/degeneração) 
Alt. Inflamatórias 
Alt. Neoplásicas 
O QUE FAZ UM PATOLOGISTA ? 
Na verdade o patologista é apenas um profissional que procura reconhecer, interpretar e 
entender as lesões e as doenças, de modo a estabelecer racionalmente [sem empirismo!] o 
diagnóstico morfológico (às vezes também o diagnóstico etiológico provável) e o 
prognóstico. 
 
 
 
 
 
 6 
ASPECTOS CRONOLÓGICOS DE UMA DOENÇA 
 
 Causas 
 
 Período de incubação 
 
 Período prodrômico 
 
 Período de estado 
 
 Evolução 
 
o Cura 
 
o Cronificação 
 
o Complicações 
 
o Óbito 
 
MÉTODOS DE ESTUDO EM PATOLOGIA 
 
o Exames clínicos 
 
o Exames Anatomopatológicos 
 
o Análise Morfológica 
 
o Necropsia 
 
AGENTES AGRESSIVOS OU ETIOLÓGICOS: 
Qualquer agente que determine reações anormais na célula, podendo levar à perda da 
capacidade de compensação e gerar alterações bioquímicas, fisiológicas e morfológicas. 
A lesão bioquímica precede a lesão fisiológica que 
precede a lesão morfológica. 
 
 
 
 7 
Causas da lesão celular: 
Classificação: 
Modificações no genoma, na hereditariedade e na embriogênese; 
Erros metabólicos inatos; 
Disfunções imunológicas (autoimunidade; hipersensibilidades; imunossupressão, 
reação anafilática); 
Distúrbios circulatórios; 
Disendocrinias; 
Distúrbios nervosos e psíquicos; 
Envelhecimento; 
 
Hipóxia: 
Isquemia (aterosclerose); 
Insuficiênica cardiorrespiratória; 
Anemia; 
Envenenamento p/ monóxido de carbono; 
 
Agentes físicos: 
Traumas mecânicos; 
Queimaduras (frio, calor); 
Pressão atmosférica; 
Radiação; 
Sons e ultra-sons; 
Magnetismo, 
Agentes químicos: 
Produtos químicos; 
Poluentes ambientais; 
Inseticidas, herbicidas; 
Álcool, drogas narcóticas; 
Terapêuticas. 
 
 8 
Químicos: 
Exógenos Inorgânicos Ácidos, bases, metais pesados 
Orgânicos Toxinas, venenos, organo-sintéticos 
Endógenos Hormônios, catabólitos, enzimas, anticorpos, etc... 
Agentes Infecciosos: 
Agentes 
Acelulares 
Prions (<5 nm); viroides (<5 nm); virus (20-200 nm) 
Agentes 
Unicelulares 
Células procarióticas (200-2000 nm): clamídias, 
micoplasmas, rickettsias, bactérias 
Células eucarióticas (>2000 nm): fungos, protozoários 
Agentes 
Multicelulares 
Vermes 
Artrópodes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Homeostasia Estresses 
fisiológicos 
Estímulos 
patológicos 
Adaptações 
celulares: fisiológicos 
e ou morfológicosEstado novo 
Preservação da 
viabilidade celular 
 9 
LESÃO CELULAR 
 
Lesões celulares reversível e irreversível. 
 
A adaptação, lesão reversível, lesão irreversível e morte celular podem ser 
consideradas estados de intromissão progressiva na função e estrutura normais da célula. 
A morte celular é a maior conseqüência da isquemia, ou seja, ausência de fluxo 
sanguíneo. Necrose ou necrose de coagulação; é o tipo mais comum de morte celular após 
estímulos exógenos, ocorrendo após estresses como isquemia e lesão química. Tumefação 
intensa, ruptura da célula, desnaturação e coagulação das proteínas citoplasmáticas e 
degradação das organelas celulares. 
Já apoptose, quando a célula morre mediante a ativação de um programa de 
suicídio controlado internamente. 
As causas de lesões celular reversível –LCR e morte variam desde violência 
física externa de um acidente automobilístico a causas endógenas internas, como a carência 
genética sutil de uma enzima vital que compromete a função metabólica normal. Pode 
ocorre por: 
Privação de oxigênio- gerada por hipóxia, prejudicando a respiração oxidativa 
aeróbica ou isquemia onde o não suprimento do fluxo arterial ou da drenagem venosa em 
um tecido causa a falta de substratos metabólicos, incluindo a glicose . 
De acordo com a intensidade do estado hipóxico, as células podem se adaptar, 
sofrer lesão ou morrer. Os fatores que podem acarretar lesões nas células reversíveis ou 
irreversíveis, dependendo da intensidade do agente são; agentes físicos, agentes químicos, 
agentes infecciosos, reações imunológicas, anormalidades genética e desequilíbrio 
nutricionais. 
Os mecanismos bioquímicos responsáveis pela lesão celular reversível e pela a 
morte celular são complexos, porém, existem princípios bioquímicos relevantes à maioria 
das formas de lesão celular. 
 A resposta celular a estímulos nocivos dependem, do tipo de lesão, sua 
duração e sua intensidade. 
 As conseqüências da lesão celular dependem do tipo de lesão, estado e 
adaptabilidade da célula lesada. 
 Existem, ainda, sistemas intracelulares que são particularmente, vulneráreis, e 
deles depende a integridade da célula, entre esse sistemas temos, a respiração aeróbica, 
envolve a fosforilação oxidativa mitocontrial e produção de trifosfato de adenosina ATP, 
além da integridade do aparelho genético da célula. 
As alterações morfológicas da lesão celular tornam-se evidentes depois de algum 
sistema bioquímico crucial dentro da célula a ser atingido. Como seria esperado as 
manifestações morfológicas da lesão letal demoram mais tempo para desenvolver-se que as 
da lesão reversível. 
As alterações ultra- estrutural são visíveis mais cedo que as alterações a 
microscopia óptica. 
Em certos agentes nocivos, os locais bioquímicos de ataque estão bem definidos, 
muitas toxinas causam lesão celular ao interferir nas membranas internas mitocôndriais. 
Muitas toxinas causam lesão celular ao interferir nos substratos ou enzimas endógenos. Os 
 10 
principais são a glicose o ciclo do ácido nítrinico e a fosforilação oxidativa nas membranas 
internas mitocondriais. 
 
 Os temas bioquímicas comuns importantes na medicação da lesão e morte 
celular são os seguintes; 
 Depleção de ATP, e redução da síntese de ATP são conseqüências comuns da 
lesão isquêmica e tóxica. 
A morfologia da lesão reversível são dois padrões de lesão reversível ao 
microscópio óptico: tumefação celular e degeneração gordura. 
A tumefação celular aparece sempre que as células são incapazes de manter a 
homeostase iônica e hídrica; 
A degeneração gordurosa ocorre na lesão hipóxia e em várias formas de lesão 
tóxica ou metabólica. É manifestada pelo aparecimento de vacúolos lipídicos pequenos ou 
grandes no citoplasma e ocorre na hipóxia e em várias formas de lesão tóxica. 
As alterações ultra estruturais da LCR incluem alterações da membranas 
plasmática, como formação de bolhas , apagamento e distorção das microvilosidades; 
criação de figuras mielínicas; e afrouxamentos das fixações intercelulares alteração 
mitocôndrias, incluindo tumefação, rarefação e o aparecimento de pequenas densidades 
amorfas ricas em fosfolipídios; dilatação do retículo endoplasmático com desprendimento e 
desagregação dos elementos granulares e fibrilares. 
A lesão celular irreversível-LCI é um espectro de alterações morfológicas que sucedem 
a morte celular no tecido vivo, em grande parte resulta da ação degradativa progressiva de 
enzimas sobre a célula letalmente lesada. Sua manifestação mais comum é a necrose de 
coagulação, caracterizada por desnaturação proteínas citoplasmáticas, degradação das 
organelas celulares e tumefação celular. 
A LCI resulta de dois processos; (1) digestão enzimática da célula e (2) 
desnaturação de proteínas. Ocorre autólise e heterólise. 
As células necróticas mostram eosinofilia aumentada, atribuível, em parte, à perda 
da basofilia normal conferida pelo RNA no citoplasma e, em parte, à maior ligação de 
eosina às proteínas intracitoplasmáticas desnaturadas, podem ocorrer calcificação das 
células mortas. À microscopia eletrônica, as células necróticas caracterizam-se por 
descontinuidades francas nas membranas plasmáticas e organelas, dilatação acentuada das 
mitocôndrias com aparecimento de graves densidades amorfas, figuras de mielina 
intracitoplasmáticas restos osmiofilicos amorfos e agregados de material felpudo, 
provavelmente representados por proteína desnaturada. 
Alterações nucleares aparecem, a basofilia da cromatina pode esmaecer, uma 
alteração que, supostamente reflete a atividade DNAse. Um segundo padrão é a pinose, 
caracterizada por retração nuclear e aumento da basofilia. O DNA aparente se condensa em 
uma massa basofilia sólida e encolhida. 
 
Hipertrofia – Aumento do volume celular e do seu metabolismo 
Atrofia – Resposta adaptativa na qual há uma diminuição do tamanho e do funcionamento 
da célula. 
Sem adaptações => lesão celular 
Lesão celular reversível => até certo ponto. 
 11 
Lesão celular irreversível => Evolução p/ morte celular. 
Isquemia => Falta de fluxo sanguíneo. 
 
 Lesão isquêmica e hipóxica 
- A isquemia lesa o tecido mais rapidamente que a hipóxia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Padrões morfológicos de Morte celular 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Morte celular necrose 
apoptose 
+ comum: Necrose de coagulação => Estímulos exógenos provocam estresses, 
tais como isquemia e lesão química e manifesta-se por uma grave tumefação 
celular ou ruptura celular, desnaturação e coagulação de proteínas 
citoplasmáticas, bem como por degradação de organelas citoplasmáticas. 
 Agente nocivo (Ca
2+ 
)
 
 
 
 
Mitocôndria (Ca
2+
) Retículo endoplasmático (Ca
2+
) 
Aumento do (Ca
2+
) citosólico 
ATPase Fosfolipase Protease Endonuclease 
ATP 
reduzido 
Fosfolipídeos 
reduzidos 
Ruptura da 
membrana e 
proteínas 
esqueléticas 
Lesão na 
cromatina 
nuclear 
1,3mol (Ca2+) 
0,1mol (Ca2+) 
 12 
Conceitos em Patologia: 
 
a- Isquemia: Ocorre ausência total de afluxo sanguíneo em uma oxidação. Para as 
diminuições parciais do aporte sanguíneo, costuma-se empregar o termo oligoemia, usa-se 
anemia nos casos em que ha diminuição total do volume sanguíneo, sendo utilizada 
também como sinônima da isquemia e da oligoemia; nesse caso, é mais adequado utilizar 
anemia local. Déficit no fluxo sanguíneo tecidual, devido uma insuficiência localizada de 
irrigação sangüínea, provocado pela constriçãoou a obstrução arterial, e que pode ocorrer 
em maior ou menor grau. Ex: infarto branco ou isquêmico. 
 
b- Hipóxia: A hipóxia, uma causa extremamente comum e importante de lesão celular e 
morte celular, atua na respiração aeróbica oxidativa. A perda de suprimento sanguíneo 
(isquemia) que ocorre quando o fluxo arterial é impedido por arteriosclerose ou por 
trombos é a causa mais comum de hipóxia. Uma outra causa é a oxigenação inadequada de 
sangue devido a insuficiência cardio-respiratória. A perda da capacidade de transporte de 
oxigênio pelo sangue, como na anemia ou envenenamento por monóxido de carbono, e uma 
terceira e menos freqüente base de privação de oxigênio. Dependendo da gravidade do 
estado hipóxico, as células podem se adaptar, sofrer lesão reversível, irreversível e até 
mesmo progredir para uma necrose ou apoptose celular. 
 
c- Metaplasia: Corresponde a uma alteração da histoarquitetura normal de uma estrutura, 
caracterizada por reposição do parênquima destruído, por regeneração parcial desordenada 
deste, e do seu arcabouço original, por tecido conjuntivo fibroso (reparação cicatricial 
simples) como se verifica, por exemplo, nas cicatrizes, cirroses, nefroscleroses, 
arteriosclerose. A existência de uma organização normal do tecido é fundamental para o 
diagnóstico de uma heterotopia ou de uma metaplasia, desorganizações leves constituem as 
displasias enquanto que as grandes desorganizações, dimorfismo nuclear e mitoses atípicas 
são o selo das anaplasias. 
 
d- Hipertrofia: É o aumento do volume das células que conduz conseqüentemente 
aumento do volume dos órgãos como um todo, este volume celular é resultante de uma 
maior síntese protéica gerando uma produção de maior número de componentes estruturais 
e (por vezes) aumento de funcionalidade. Podendo ser Fisiológica ou Patológica. 
 
e- Atrofia: refere-se a uma diminuição no tamanho da célula e no tamanho do órgão, em 
conseqüência da perda de substância celular. Temos atrofiamento por infecções (ex. 
poliomielite), por fatores traumáticos (ex. pára ou tetraplégico, com atrofiamento dos 
membros), doenças degenerativas (ex. Alzeimer) e insuficiência de nutrição, que se 
exterioriza por desgaste ou diminuição de tamanho de célula, tecido, órgão ou estrutura do 
corpo. 
 
f- Necrose: O conjunto de alterações morfológicas, bioquímicos e funcionais que indicam 
morte celular após uma agressão, havendo incapacidade irreversível de retorno à 
integridade, a qual pode variar, em extensão, de algumas células a porção de órgão. 
Podemos também definir a necrose como a manifestação final de uma célula que sofreu 
 13 
lesões irreversíveis. Segundo Guidugli-Neto (1997), o conceito de morte somática envolve 
a "parada definitiva das funções orgânicas e dos processos reversíveis do metabolismo". A 
necrose é a morte celular ou tecidual acidental em um organismo ainda vivo, ou seja, que 
ainda conserva suas funções orgânicas. Vale dizer que é natural que a célula morra, para a 
manutenção do equilíbrio tecidual. Nesse caso, o mecanismo de morte é denominado de 
"apoptose" ou "morte programada". A etiologia da necrose envolve todos os fatores 
relacionados às agressões, podendo ser agrupadas em agentes físicos, agentes químicos e 
agentes biológicos. Outra definição, pode ser citado como o "ponto final" das alterações 
celulares, sendo uma conseqüência comum de inflamações, de processos degenerativos e 
infiltrativos e de muitas alterações circulatórias. É o resultado de uma injuria celular 
irreversível, quando o então "nível zero de habilidade homeostática" (ou "ponto de não 
retorno" ou ainda "ponto de morte celular") é ultrapassado, caracterizando a incapacidade 
de restauração do equilíbrio homeostático. 
 
g- Apoptose: Por definição, apoptose ou morte celular programada é um tipo de 
"autodestruição celular" que requer energia e síntese protéica para a sua execução. Está 
relacionado com a homeostase na regulação fisiológica do tamanho dos tecidos, exercendo 
um papel oposto ao da mitose. O termo é derivado do , que referia-se à queda das folhas das 
árvores no outono - um exemplo de morte programada fisiológica e apropriada que também 
implica em renovação. Fisiologicamente, esse suicídio celular ocorre no desenvolvimento 
embrionário, na organogênese, na renovação de células epiteliais e hematopoiéticas, na 
involução cíclica dos órgãos reprodutivos da mulher, na atrofia induzida pela remoção de 
fatores de crescimento ou hormônios, na involução de alguns órgãos e ainda na regressão 
de tumores. Portanto consiste em um tipo de morte programada, desejável e necessária que 
participa na formação dos órgãos e que persiste em alguns sistemas adultos como a pele e o 
sistema imunológico. A apoptose é um processo rápido, que se completa em 
aproximadamente 3 horas e não é sincronizado por todo o órgão, portanto diferentes 
estágios de apoptose coexistem em diversas secções dos tecidos. Devido à taxa rápida de 
destruição celular é necessário que apenas 2 a 3% das células estejam em apoptose em 
determinado momento para que se obtenha uma regressão substancial de tecido, atingindo 
mesmo a proporção de 25% por dia. Microscopicamente ocorre fragmentação nuclear e 
celular em vesículas apoptóticas. Diferente da necrose, não existe liberação do conteúdo 
celular para o interstício e portanto não se observa inflamação ao redor da célula morta. 
Outro fato importante é a fragmentação internucleossômica do DNA, sem nenhuma 
especificidade de seqüência, porém mais intensamente na cromatina em configuração 
aberta; conseqüência da atividade de uma endonuclease. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 14 
Ocorrência de apoptose fisiológica 
Apoptose Fisiológica 
Membranas interdigitais 
Desenvolvimento da mucosa intestinal 
Fusão do palato 
Involução normal de tecidos hormônio-
dependentes 
Atresia folicular ovariana 
Leucócitos 
Maturação linfóide e prevenção de autoimunidade 
Citotoxidade 
 
h- Neoplasia: (gr. "neo" + "plasis" = neoformação): Proliferação local de clones celulares 
atípicos, sem causa aparente, de crescimento excessivo, progressivo e ilimitado, 
incoordenado e autônomo (ainda que se nutra as custas do organismo, numa relação 
tipicamente parasitária), irreversível (persistente mesmo após a cessação dos estímulos que 
determinaram a alteração), e com tendência a perda de diferenciação celular. 
 
i- Tumefação celular: Sinonímia: "Hidropsia celular", Edema intracelular. Acúmulo 
intracelular de água (hiperhidratação celular), conseqüência de desequilíbrios no controle 
do gradiente osmótico à nível de membrana citoplasmática e nos mecanismos de absorção e 
eliminação de água e eletrólitos intracelulares. Também observamos a tumefação 
mitocondrial e cristólise (com diminuição da fosforilação oxidativa e da síntese de ATP), 
dilatação das cisternas e fragmentação do Retículo Endoplasmático e do Complexo de 
Golgi, lise do protoplasma ( citosol), perda das especializações superficiais da membrana 
celular (cílios, microvilosidades, desmossomos) e alteração nos contornos celulares, 
desagregação ribossomica do RER (com diminuição da síntese protéica), ruptura da 
membranas formando as "Figuras de Mielina" no citosol. Tumefação e ruptura lisossomica 
e / ou formação de autofagossomas. Temos como pincipaios causas a Hipóxia, infecções 
bacterianas e virais, hipertermia, intoxicações endógenas e exógenas, etc... 
 
j- Estase: Estagnação, no organismo, de matérias de consistência e de origem diversa, 
como sangue, urina, fezes, etc; 
 
 
 15 
Diferenças entre lesão celular reversível e irreversível 
 
a) lesão celular reversível: 
i. Diminuição da respiraçãoaeróbia = diminuição da fosforilação oxidativa. 
ii. Diminuição da atividade da bomba sódio-potássio ATPase ouabaína dependente = 
tumefação celular. 
iii. Aumento da glicólise anaeróbia devido a falta de oxigênio = aumento do ácido lático e 
fosfatos com acidose e diminuição do glicogênio. 
 16 
iv. Há desprendimento dos ribossomos do retículo endoplasmático rugoso com perda da 
síntese protéica. 
v. Se o processo continuar haverá formação de “bolhas” na superfície celular com 
desaparecimento das vilosidades = Degeneração Hidrópica. 
b) Lesão celular irreversível: os marcos morfológicos deste tipo de lesão incluem 
tumefação das mitocôndrias, dos lisossomos e lesão extensa da membrana plasmática. 
i. Há influxo maciço de cálcio para o interior da célula (principalmente se a região for 
reperfundida). 
ii. Os lisossomos rompem-se liberando enzimas que degradam a própria célula (RNAses e 
DNAses). 
iii. O núcleo celular sofre picnose – cariorréxis – cariólise. 
iv. Após a morte celular haverá degradação dos componentes celulares por hidrolases 
ácidas sendo fagocitados e resíduos de ácidos graxos são calcificados – Degeneração 
gordurosa = Esteatose. 
v. Importância clínica: neste processo de morte celular haverá liberação de enzimas 
intracelulares para o plasma – Por exemplo: o miocárdio infartado libera enzimas como 
transaminases, degeneração lática e creatinoquinases. 
 
Diferenças entre lesão isquêmica e distrófica 
 
Isquêmica: Insuficiência localizada de irrigação sangüínea, devida a constrição ou a 
obstrução arterial, e que pode ocorrer em maior ou menor grau. 
Distrófica: perturbação grave da nutrição, principalmente muscular 
 
04- Explique as alterações moleculares e estruturais envolvidas nas lesões reversíveis e 
irreversíveis. 
Lesão reversível: 
 
 Diminuição na concentração de O2 intracelular (hipóxia) 
 Diminuição de ATP 
 Aumento na glicólise citoplasmática 
 Diminuição do PH do citosol celular (aumento na basofolia citoplasmática) 
 Liberação dos ribossomos do RER 
 Aumento no influxo de Na+ e Ca+ no citosol 
 Diminuição na síntese protéica 
 17 
 Aumento do influxo de água 
 Aumento da tumefação celular (edema celular) 
 
Lesão irreversível: 
 
 Aumento na produção de proteases (degradação das proteínas) 
 Aumento na produção de lípases (degradação dos lipídios) 
 Aumento na produção de endonucleases (degradação do DNA) 
 Aumento na produção de superóxido de hidrogênio (H2O2) 
 Destruição do núcleo 
 Destruição de todo o arcabouço ultra estrutural celular 
 
 
Envelhecimento celular 
Diversas funções celulares declinam progressivamente com a idade. A fosforilação 
oxidativa por mitocôndrias é reduzida, bem como a síntese de ácidos nucléicos e de 
proteínas estruturais e enzimáticas, receptores celulares e fatores de transcrição. As células 
senescentes têm uma capacidade reduzida de captação de nutrientes e de reparo de lesão 
cromossômica. As alterações morfológicas nas células em envelhecimento incluem 
núcleos irregulares e com lobos anormais, mitocôndrias vacuolizadas pleomorfas, retículo 
endoplasmático reduzido e aparelho de Golgi distorcido. Ao mesmo tempo, há um acúmulo 
constante do pigmento lipofuscina, que representa um produto da peroxidação lipídica e 
 18 
uma evidência de lesão oxidativa; produtos finais da glicação avançada, que resultam da 
glicosilação não-enzimática e são capazes de realizar entrecruzamento de proteínas 
adjacentes, e proteínas anormalmente dobradas. Os produtos finais da glicação avançada 
são importantes, podem participar do envelhecimento. 
 
 
 19 
 
 
 20 
Esquema dos mecanismos envolvidos na lesão de membrana na isquemia 
 
 
Radicais livres 
Os radicais livres são espécies que tem único elétron não pareado em um orbital externo. 
Em tal estado, o radical é extremamente reativo e instável, e participa de reações com 
substancias químicas inorgânicas ou orgânicas, proteínas, lipídeos, carboidratos, 
particularmente com moléculas importantes nas membranas e ácidos nucléicos. Podem ter 
inicio dentro das células pela absorção de energia radiante ( ultra-violeta, raio X) , por 
reações endógenas, geralmente oxidativa, que ocorrem durante processos metabólicos 
normais, ou por metabolismo enzimático de substâncias químicas ou drogas exógenas. 
 
 
 
 
 21 
Exemplos de apoptose celular 
 Deleção celular em populações de células em proliferação 
 Involução dependente de hormônio no adulto 
 Lesão celular em certas doenças virais 
 
LESÕES REVERSSÍVEIS E IRREVERSSÍVEIS 
 
 
1- Conceito: ocorre quando o equilíbrio homeostático das células é rompido. 
 
“A DEGENERAÇÃO é um processo regressivo reversível, resultante de lesões não-
letais, em que são manifestadas alterações morfológicas e funcionais da célula”. 
 
a. Degeneração hidrópica: acúmulo de água no citoplasma celular. 
 
i. Etiologia: anoxia e hipóxia. 
ii. Patogenia: Na + 
iii. Histológico: células tumefeitas. 
 
b. Degeneração gordurosa ou Esteatose: acumulo lipidico nas células. 
 
i. Etiopatogenia: 
ii. Conseqüências: 
iii. Histológico: 
 
c. Degeneração hialina: metabolismo protéico alterado. 
 
i. Etiologia: 
 
d. Degeneração mucóide: 
 
e. Degeneração glicogênica: 
 
i. Etiologia: 
 
 
 
 
 
 
 22 
Comparação das características da necrose e da apotose 
 NECROSE APOPTOSE 
Estímulos Hipóxia , toxinas Fisiológicos e patológicos 
 
Histologia Tumefação celular Condensação de cromatina 
 Necrose de coagulação 
 Rompimento de 
 Organelas 
 
Mecanismo de Aleatórias, depleção Internucleossomal 
Degradação difusa de ATP Ativação gênica 
Do DNA Lesão membranosa Endonucleases 
 Danos por radicais livres 
 
Reação tissular Inflamação Sem inflamação 
 Fagocitose de corpos 
 apoptóticos 
 
Características morfológicas envolvidas no apoptose celular 
 Retração celular 
 Condensação da cromatina 
 Formação de bolhas citoplasmáticas e corpúsculos apoptóticos 
 Fagocitose das células ou corpúsculos apoptóticos 
 
MORTE CELULAR 
 
APOPTOSE: é um tipo de autodestruição celular que requer energia e 
síntese protéica para a sua execução. Está relacionada com a homeostase 
na regulação fisiológica do tamanho dos tecidos, exercendo um papel 
oposto ao da mitose. É um exemplo de morte programada e fisiológica, que 
implica em renovação celular. 
 
APOPTOSE 
 
 
 Responsável por eventos fisiológicos, adaptativos e patológicos: 
 Destruição programada de células durante a embriogênese 
 
 Involução dependente de hormônio 
 
 
 23 
 Deleção celular em populações de células em proliferação 
 
 Morte celular em tumores 
 
 Morte de neutrófilos 
 
 Morte de células imunes 
 
 Morte celular induzida por células T citotóxicas 
 
 Atrofia patológica 
 
 Lesão celular em certas doenças virais 
 
 Morte celular por estímulos nocivos 
 
 A necrose difere da apoptose por representar um fenômeno degenerativo 
irreversível, causado por um agressão intensa. Trata-se pois da degradação 
progressiva das estruturas celulares sempre que existam agressões ambientais 
severas. 
 NECROSE: 
 
ALTERAÇÕES NUCLEARES DA NECROSE: 
a) Picnose: 
b) Cariorrexe: 
c) Cariólise ou cromatólise: 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS NECROSES: 
 
a) Necrose por coagulação ou necroseisquêmica: 
 
b) Necrose Caseosa: 
 
c) Necrose Gomosa: 
 
d) Necrose do tecido adiposo ou necrose enzimática ou citoesteatonecrose: 
 
e) Necrose liquefativa: 
 
f) Necrose Hemorrágica: 
 
 
 24 
Causas da necrose 
 
1- Hipóxia: 
 
 É uma causa extremamente importante e freqüente da agressão e necrose 
tecidual. Os fatores que provocam a Isquemia que ocorre quando a corrente 
sanguínea arterial é interrompida como, por exemplo, na arteriosclerose obstrutiva 
ou nas tromboses ou tromboembolias, se constituem nas causas mais comuns de 
hipóxia. Uma outra causa de hipóxia é a oxigenação inadequada do sangue 
devido á insuficiência cardíaca e/ou respiratória. 
 
2- Agentes físicos: 
 
 Dentre os agentes físicos mais comuns, capazes de induzir agressão 
celular, estão os traumatismos mecânicos, as variações da temperatura, as 
variações repentinas da pressão atmosférica, as radiações ionizantes que 
produzem radicais livres e o choque elétrico. 
 
3- Agentes químicos: 
 
 São inúmeros os agentes químicos, incluindo aqui as drogas, que podem 
produzir lesões celulares. Agentes potentes como venenos, os sais mercuriais, o 
arsênico, são exemplos de substâncias que em pequenas doses podem destruir 
células em minutos. Até mesmo o oxigênio em altas concentrações é gravemente 
tóxico. Substâncias do dia-a-dia, como os poluentes ambientais, inseticidas, 
herbicidas, riscos ocupacionais, como a exposição à sílica e os estímulos sociais 
como o álcool, o fumo, as drogas, além de uma grande variedade de 
medicamentos, são causas de morte celular. 
 
4- Agentes biológicos: 
 
 Os agentes biológicos podem variar de vírus até os grandes vermes e entre 
eles se intercalando as Rickettsias, as bactérias, os protozoários e os fungos, que 
causam agressão celular pela via direta, com replicação no interior da célula como 
acontece com os vírus. 
 
5- Mecanismos imunes: 
 
 As reações imunes também podem ser letais, causando injúria celular por 
meio de fenômenos ligados à imunidade celular ou imunidade humoral. A reação 
anafilática a uma proteína estranha ou a uma droga ingerida é exemplo clássico 
de agressão. O organismo pode desenvolver anticorpos contra antígenos do 
próprio corpo, e assim desenvolver as chamadas enfermidades auto-imunes. 
 
 
 25 
6- Distúrbios genéticos: 
 
 Os distúrbios genéticos causam lesões celulares podendo produzir desde 
pequenos erros metabólicos até malformações congênitas, porque a célula é mal 
programada para seguir a sua diferenciação normal.Um exemplo clássico é a 
anemia falciforme, na qual um pequeno defeito genético causa anomalia na 
molécula da hemoglobina. 
 
7- Distúrbios nutricionais: 
 
 Os distúrbios nutricionais, nos países em desenvolvimento, continuam a ser 
causas importantes de lesões celulares. A deficiência de vitaminas específicas 
causa número elevado de mortes. O excesso de alimentos causa lesão celular. 
 
8- Envelhecimento: 
 
 O envelhecimento talvez seja uma forma programada geneticamente de 
morte celular. 
 
EVOLUÇÃO DAS NECROSES: 
 
GANGRENA: é a necrose em massa de uma parte, cuja cor é consistência são 
modificados pelo contato com agentes externos como: ar e bactérias. 
 
 
 A GANGRENA PODE SER: 
 
 Seca: É também chamada de "Mumificação" e está usualmente associada à 
necrose isquêmica de extremidades, quando esta se desenvolve lenta e 
gradualmente, possibilitando a perda de líquido através da insuficiência do 
fluxo de líquidos nutrientes, da drenagem e da evaporação dos mesmos no local 
afetado pela isquemia. 
o Etiologia: 
 Fisiológica no cordão umbilical; 
 Intoxicações com alcalóides do Ergot (produzidos pelo fungo 
Claviceps purpureum e Cl. paspali, parasitos do esporão de 
centeio e de outros cereais); 
 Intoxicações com Festuca arundinacea (gramínea comum no sul 
da América do Sul, com propriedades vasoconstrictoras); 
 Doença de Raynaud (espasmos vasculares); 
 
 26 
 Frio / Congelamento; 
 Gesso e bandagens muito apertadas; 
 
o Características macroscópicas: 
Ressecamento, endurecimento, esfriamento e "apergaminhamento" do 
órgão, com escurecimento (côr pode variar de amarelo esverdeado à 
pardo enegrecido, em decorrência da decomposição local da 
Hemoglobina). A reação inflamatória do tecido vivo adjacente é intensa 
e delimita uma linha de separação nítida entre o tecido sadio e a 
gangrena. Pode ocorrer também separação do tecido sadio do tecido 
necrótico por solução de continuidade e queda do segmento 
gangrenado.. 
Gangrena úmida ou pútrida: É também chamada de "Gangrena pútrida" e 
quando afeta a cavidade oral recebe a denominação especial de "Noma" 
(denotando a contaminação com Fusobacterium spp). Pode ocorrer tanto em 
extremidades (pele, membros apendiculares, glândula mamaria) quanto em 
vísceras internas (útero, pulmões, intestinos, etc...) O importante é que haja 
fácil acesso de bactérias ao tecido necrótico. 
 
o Etiologia: 
 Nas extremidades ocorre em conseqüência de isquemias graves, 
intensas e de rápida instalação, de maneira que o processo de 
necrose seja desencadeado sem que haja tempo para se 
desidratar o tecido em necrose. 
 Trombo-angeíte obliterante e trombose (também chamados de 
"Gangrena senil", determinando infartos de extremidades - 
conseqüências de ateromas e varizes, nos membros inferiores - 
Pode também evoluir para gangrena seca, dependendo da 
velocidade de instalação do processo) 
 Feridas traumáticas graves, infectadas (acidentes de transito, 
feridas de guerra, etc...) 
 Evolução de apendicites e colecistites graves; 
 Torções de alças intestinais e / ou trombose de artérias 
mesentéricas, produzindo necrose isquêmica de alças intestinais, 
 27 
liberando a proliferação descontrolada da flora bacteriana 
saprófita. 
 Evolução de Pneumonias por aspiração de corpos estranhos; 
 Evolução da metrite puerperal, se não tratada adequadamente 
 
o Características macroscópicas: 
 Aumento de volume (edema) e amolecimento progressivo 
(coliquação tecidual) com hemorragias e escurecimento 
(decomposição local da hemoglobina) do local. A ação das 
bactérias saprófitas determina também um odor extremamente 
fétido e a produção de grande quantidade de toxinas, o que 
determinara uma toxemia grave, geralmente fatal, chamada de 
"Sapremia", que se não tratada rapidamente (amputação ou 
exérese da área gangrenada) acabará por ocasionar a morte do 
paciente. 
 Gangrena gasosa: É também conhecida como "Gangrena enfizematosa", 
"gangrena crepitante" ou "gangrena bolhosa". Trata-se de um grupo de 
entidades nosológicas específicas ("Edema maligno" e "Carbúnculo 
sintomático"). São causadas por bactérias anaeróbicas produtoras de gás (H2, 
CO2, CH4, NH3, SH2), de ácido butírico (de onde o odor característico de 
manteiga rançosa) e de ácido acético. Enzimas proteolíticas produzidas 
degradam os tecidos tornando-os escuros, tumefeitos e crepitantes. 
 Etiologia: 
Bactérias do gênero Clostridium (Cl. perfringens; Cl. novyi; Cl. norsi; Cl. 
septicum; Cl. hystoliticum; Cl. feseri/chauvoei; Cl. bifermentans). 
 Obs: a permanência da parte gangrenosa é prejudicial ao organismo que passa a absorver 
substâncias tóxicas formadas pela desintegração dos tecidos. Por isso, se faz a amputação 
cirúrgica da parte necrótica. 
 
Heterofagia e autofagia celular 
 
Autofagia: As organelas intracelulares e partes do citosol são inicialmente seqüestradas do 
citoplasma em vacúolo autofágico formado de regiões livres de ribossomos do reticulo 
endoplasmático rugoso, que então se fundem com lisossomos primários preexistentes ou 
elementares de Golgi para formar um autofagolisossoma. 
 
 28 
Heterofagia: Neste fenômeno os materiais doambiente externo são captados pelo processo 
de endocnose. A captação de material particulado é conhecida como fagocitose, e o de 
macomoleculas menores solúveis como pinocitose. A heterofagia é mais comum nos 
fagócitos “profissionais”, tais como neutrófilos e macrófagos. Os exemplos de heterogafia 
incluem a captação e digestão de bactérias por leucócitos. 
 
 
Calcificação patológica 
 
A calcificação patológica significa o depósito anormal de sais de cálcio, juntamente 
com quantidades menores de ferro, magnésio e outros sais minerais. È um processo comum 
que ocorre em uma variedade de distúrbios patológicos. 
 
 É o depósito de sais de cálcio ou calcificação nos tecidos, ossos e cartilagens. 
 
 O cálcio nas células com patologia selam sua morte; ele acumula-se nas suas 
mitocôndrias inibindo as suas funções. 
 
 Tipos de calcificação: 
 
1- Calcificação distrófica: 
 
2- Calcificação metastática: 
 
3- Calcificação idiopática: 
 
Diferencie calcificação distrófica de metastática 
Calcificação metastática: A calcificação metastática é originada de uma hipercalcemia. 
Essa situação pode ser devida à remoção de cálcio dos ossos (comum em situações de 
cânceres e inflamações ósseas, imobilidade, hiperparatireoidismo) ou à dieta 
excessivamente rica desse íon. Aumentando os níveis de cálcio, imediatamente a relação 
desse íon e o fosfato é desequilibrada, o que contribui para a combinação de ambos e para a 
sua posterior precipitação nos tecidos que entram em contato com essas altas concentrações 
calcêmicas. 
Calcificação distrofica: A calcificação patológica constitui um processo mórbido de 
origem nas alterações metabólicas celulares. Essas alterações induzem a uma deposição 
anormal de sais de cálcio e outros sais minerais heterotopicamente, ou seja, em locais onde 
não é comum a sua deposição. Em outras palavras, a calcificação patológica é assim 
definida por se localizar fora do tecido ósseo ou dental, em situações de alteração da 
homeostase e da morfostase. 
 29 
 
 
Cicatrização e Reparo 
 
Reparo 
• Células do tecido conjuntivo 
– Fibroblastos 
– Miofibroblastos 
– Pericitos 
– Adipócitos 
– Leiomiócitos 
• Matriz conjuntiva (MEC) 
– Matriz intersticial (colágeno fibrilar e não-fibrilar, fibronectina e 
proteoglicanos) 
– MB (colágeno IV, laminina, glicoproteínas) 
• Reparo X Regeneração 
• Tecido de granulação 
• Reparo ocorre por: 
– Angiogênese 
– Fibrose 
– Remodelamento 
Angiogênese 
• Degradação proteolítica da MB 
• Migração de células endoteliais 
• Proliferação de células endoteliais 
• Maturação de células endoteliais e remodelamento em tubos 
• Recrutamento de células periendoteliais 
 
 30 
• Vasculogênese 
• Angiogênese 
Fibrose 
• Proliferação de fibroblastos induzida por fatores de crescimento, IL-1 e TNF-
alfa produzidas por cels. Inflamatórias, plaquetas, macrófagos 
• TGF-beta 
– Migração e proliferação de fibroblastos 
– Aumento da síntese de colágeno e fibronectina 
– Diminuição da degradação da MEC por metaloproteinases 
– Quimiotático para monócitos. 
• Síntese crescente de colágeno (TGF-b, PDGF e TNF) 
• Degradação do colágeno. 
Remodelagem Tecidual 
• Degradação do colágeno e de outras proteínas da MEC é realizada pelas 
metaloproteinases. São elas: 
– Colagenases intersticiais 
– Gelatinases 
– Estromelisinas 
– Metaloproteinases da matriz ligadas à membrana (MBMM) 
• Produzidas por macrófagos, fibroblastos, neutrófilos e algumas células 
epiteliais. 
• Induzidas por PDGF, FGF, IL-1, fagocitose, e estresse físico. 
• Inibidas por TGF-b e esteróides. 
• São produzidas em forma inativa e são ativadas por proteinases como a 
plasmina. 
• Ativadas vão degradar a MEC. 
• São inibidas pelos inibidores teciduais específicos das metaloproteinases (TIMP) 
Cicatrização de feridas 
• Por primeira intenção 
• Por segunda intenção 
• Fatores que influenciam a cicatrização 
• Aspectos patológicos do Reparo 
• Formação deficiente da cicatriz 
• Formação excessiva 
• Contratura 
 
 
 31 
 
Principais mediadores químicos e suas respectivas funções nos processos inflamatórios 
 
 
• Histamina: interagem com receptores específicos como H1, H2 e H3. Aumentam a 
permeabilidade venular pós-capilar, vasoconstrição pulmonar, aumento da secreção de 
muco, aumento de GMPc e AMPc, produção de prostaglandinas no pulmão. 
 
• PAF: liberado pelas plaquetas, neutrófilos e mastócitos, ativam a síntese de leucotrienos 
(LTC4) e prostaglandinas, ativam o sistema complemento, induz desgranulação de 
neutrófilos e eosinófilos. Causam eritema e edema de infiltrado leucocitário, 
broncoconstrição, hiper-reatividade e vasoconstrição (vasodilatação em concentrações 
muito baixas). 
 
Algumas patologias com processos inflamatórios 
 
a- SII: A SII pode estar relacionada a fenômenos psicológicos e alterações de 
comportamento, tais como: alto grau de ansiedade, variação de humor, tristeza, perfil 
depressivo e distúrbios do sono. Aumento da sensibilidade à dor. Na SII existe uma 
sensibilidade exagerada aos estímulos dolorosos na região abdominal, ou seja, um mesmo 
estímulo, que não tem intensidade suficiente para causar dor abdominal em pessoas 
saudáveis, é capaz de causar dor nos pacientes com SII. É possível que infecções intestinais 
sejam responsáveis pelo aparecimento da SII em algumas pessoas. 
 
b- Sinusite: O fluxo da secreção mucosa dos seios da face é permanente e imperceptível. 
Alterações anatômicas, que impedem a drenagem da secreção, e processos infecciosos ou 
 32 
alérgicos, que provocam inflamação das mucosas e facilitam a instalação de germes 
oportunistas, são fatores que predispõem à sinusite. 
 
c- Enxaqueca Uma das teorias da causa da cefaléia da enxaqueca é que emoção ou tensão 
prolongadas provocam vasoespasmo reflexo de algumas das artérias da cabeça, inclusive 
daquelas que suprem o cérebro. O vasoespasmo teoricamente produz isquemia de porções 
do cérebro que seria responsável pelos sintomas podrômicos. Então, como resultado da 
isquemia intensa, alguma coisa acontece com a parede vascular, talvez a exaustão da 
contração do músculo liso, que lhe permite tornar-se flácida e incapaz de manter o tônus 
muscular por 24 a 48 horas. A pressão sanguínea nos vasos faz com que estes se dilatem e 
pulsem intensamente, e foi postulado que o estiramento excessivo das paredes das artérias – 
inclusive de algumas artérias extracranianas como a Temporal – causa a dor verdadeira das 
cefaléias da enxaqueca. 
 
d- Labirintite Parece que a labirintite é causada por um vírus, mas ela também pode 
ocorrer devido à infecção por bactéria, lesão na cabeça, alergia ou reação a um determinado 
medicamento. Tanto a labirintite viral como bacteriana pode causar perda de audição 
permanente, embora isso seja raro. 
 
e- Otite A otite média aguda é uma infecção por bactérias e vírus que provoca inflamação 
e/ou obstruções que se não for tratada pode levar à perda total da audição. Costuma ocorrer 
durante ou logo após gripes, resfriados, infecções na garganta ou respiratórias. É um tipo de 
otite comum em crianças, mas pode ocorrer em pessoas de qualquer idade. 
 
f- Faringite A faringite é geralmente causada por infecção viral (95%) ou bacteriana (5%). 
A infecção causada por estreptococo do grupo A é denominada de infecção de garganta por 
estreptococos. A forma crônica pode ser causada por infecções prolongadas dos seios 
nasais, pulmões e boca e pela irritação prolongada da mucosa por tabagismo, inalação de ar 
altamente poluído e consumo de bebidas alcoólicas ou de substâncias que podem escaldar, 
corroer ou escoriar a garganta. 
Diferenças entre inflamação aguda deinflamação crônica 
 
Inflamação aguda: 
- Duração curta; 
- Exsudação de líquido e de proteínas plasmáticas (edema); 
- Emigração de leucócitos (predominantemente de neutrófilos); 
 
Inflamação crônica: 
- Duração maior; 
- Presença de linfócitos e macrófagos; 
- Proliferação de vasos sanguíneos e de tecidos conjuntivos; 
 
 
 
 
 33 
Esquema dos eventos moleculares e celulares envolvidos no processo de ativação 
leucocitária até a transmigração no processo inflamatório 
 
 
 
A medida em que a estase se desenvolve observa-se uma orientação periférica do leucócitos 
(principalmente neutrófilos), ao longo do endotélio vascular, marginação leucocitária. 
Os leucócitos aderem e pouco depois migram através da parede vascular do interstício. 
Após migrarem para fora do vaso os leucócitos são atraídos para o campo inflamatório por 
um mecanismo de quimiotaxia. No campo inflamatório os leucócitos neutrofilos iniciam o 
processo de fagocitose, auxiliados pelos macrófagos dos tecidos. 
 
Três componentes básicos da inflamação aguda 
1) alterações do calibre vascular, que acarretam um aumento no fluxo sanguíneo 
2) alterações estruturais da microvasculatura, que permitem que as proteínas; plasmáticas e 
leucócitos deixem a circulação; 
3) emigração dos leucócitos da micro circulação e seu acúmulo no foco da lesão. 
 
Diferenças entre exsudato e transutado 
 
Exsudato: È um líquido extravascular inflamatório que tem uma alta concentração de 
proteína, muitos restos celulares e uma densidade acima de 1,020. Traduz uma alteração 
significativa da permeabilidade normal dos pequenos vasos sanguíneos na área da lesão. 
 34 
Transudato: È um líquido com baixo nível de proteína (a maior parte da qual é albumina) e 
uma densidade é inferior a 1,012. È essencialmente um ultra filtrado do plasma sanguíneo e 
resulta de desequilíbrio hidrostático através do endotélio vascular. 
 
Os processos vasculares, pressões intravasculares e coloidosmóticas envolvidas na 
inflamação aguda (edema) 
As alterações do fluxo e calibre vasculares começam pouco após a lesão e desenvolvem-se 
em velocidades variáveis, de acordo com a intensidade da lesão. 
A perda da proteína do plasma reduz a pressão osmótica do líquido intersticial, juntamente 
com a pressão hidrostática elevada devido a vasodilatação, isto acarreta um efluxo 
acentuado de líquido e seu acúmulo no tecido intersticial. Esse aumento final do líquido 
extra vascular denomina-se edema. A troca líquida normal e a permeabilidade micro 
vascular depende criticamente de um endotélio intacto. 
 
Ação da selectina, integrinas, envolvidas na quimiotaxia e diapedese leucocitária 
Selectinas: são assim chamadas porque se caracterizam por um domínio N-terminal 
extracelular relacionados a lectinas mamíferas que se ligam a açúcares, abrangem a E-
selectina que é confinada ao endotélio; 
Integrinas: são glicoproteínas heterodiméricas aderentes transmembrana, constituídas de 
cadeias α e β, que também funcionam como receptores da matriz extracelular. 
 
Os pontos cardeais do processo da inflamação 
 
Dor, rubor, edema e calor. 
 
Inflamação crônica 
A inflamação crônica dura semanas, meses ou anos, enquanto a inflamação aguda tem 
curta duração, horas ou dias. 
A inflamação aguda é caracterizada pelos fenômenos vasculares e exsudativos enquanto 
a inflamação crônica é caracterizada pelos fenômenos proliferativos, com formação de 
fibrose. 
As possiveis evoluções da inflamação aguda são: 
 Resolução 
 Cura por fibrose 
 Progressão para inflamação crônica 
 35 
 
Figura 1: Evolução da inflamação aguda (do livro Robbins and Cotran Pathologic Basis of 
Disease - Kumar, Abbas and Fausto (eds) 7th Edition - International Edition) 
Ocorre resolução quando o processo inflamatório agudo é bem sucedido, atingindo o seu 
objetivo de conter, diluir e destruir o agente agressor, ocorrendo pouca destruição 
tecidual. Neste caso o edema e as proteínas são drenados pelos vasos linfáticos; os 
leucócitos polimorfonucleares neutrófilos do foco inflamatório sofrem apoptose e são 
fagocitados pelos macrófagos juntamente com os restos necróticos. Depois disso o tecido 
inflamado volta ao normal. 
Ocorre cura por fibrose quando o dano tecidual é maior e não é possível restabelecer a 
estrutura normal do órgão ou tecido lesado, sendo a área necrótica substituída por uma 
cicatriz fibrosa. Neste caso ocorrem fenômenos semelhantes aos da resolução porém há 
proliferação vascular e de fibroblastos que se encarregam de produzir e depositar colágeno 
no interstício. 
Quando o agente agressor não é destruído prontamente ou o material necrótico não é 
reabsorvido ou eliminado (abscessos por exemplo), ocorre a inflamação crônica. 
A inflamação crônica ocorre nas seguintes situações: 
 36 
1. Infecção persistente por certas bactérias como por exemplo o bacilo da tuberculose 
2. Exposição prolongada a determinadas substâncias irritantes tais como a sílica 
3. Reações autoimunes como por exemplo no lupus eritematoso sistêmico 
 Características morfológicas 
1. Infiltrado inflamatório por células mononucleares (macrófagos, linfócitos e 
plasmócitos) 
2. Destruição tecidual que é produzida pela persistência do agente agressor ou pelas 
células inflamatórias 
3. Tentativa de reparo que produz tecido conjuntivo. 
 
 37 
Figura 2: Os papéis dos macrófagos na inflamação crônica (do livro Robbins and Cotran 
Pathologic Basis of Disease - Kumar, Abbas and Fausto (eds) 7th Edition - International 
Edition) 
Os macrófagos são as principais células da inflamação crônica e acumulam-se no foco 
inflamatório por três mecanismos: 
1. Quimiotaxia 
2. Proliferação de macrófagos no foco inflamatório 
3. Liberação no foco inflamatório de um fator de inibição da migração de 
macrófagos, que os impede de abandonar o foco inflamatório 
 
 38 
Figura 3: Mecanismos de acumulação de macrófagos nos tecidos (do livro Robbins and 
Cotran Pathologic Basis of Disease - Kumar, Abbas and Fausto (eds) 7th Edition - 
International Edition) 
Outras células importantes na inflamação crônica são: 
1. Linfócitos - mobilizados em reações imunes (T e B) e não imunes. Interagem com 
os macrófagos. 
2. Eosinófilos – são particularmente abundantes nas reações imunes mediadas por IgE 
e nas parasitoses 
3. Mastócitos – são células abundantes no tecido conjuntivo e que podem liberar 
histamina, particularmente nas reações anafiláticas a drogas, venenos de insetos e 
reações a alimentos 
4. Leucócitos polimorfonucleares – embora sejam mais característicos das inflamações 
agudas, podem ser encontrados também nas inflamações crônicas. 
As inflamações crônicas podem ser divididas, sob o ponto de vista anátomo-patológico, em 
inflamações crônicas específicas (granulomatosas) e inespecíficas. 
As inflamações específicas são caracterizadas pelos granulomas, que são acúmulos 
localizados de macrófagos e macrófagos modificados, (células epitelióides e células 
gigantes inflamatórias). Os granulomas podem ainda apresentar outras células tais como 
linfócitos, eosinófilos e fibroblastos, além de necrose e do próprio agente agressor. 
 
 39 
Figura 4: Granuloma constituido por células epitelióides, contendo célula gigante central e 
halo linfocitário. (fotomicrografia , médio aumento, HE) 
Há dois tipos de granulomas: granulomas tipo corpo estranho e granulomas imunes. 
Os granulomas tipo corpo estranho são provocados por corpos estranhos (fios de sutura 
por exemplo) relativamente inertes e que não provocam resposta imune. O exame 
histológico destes granulomas permite ver o corpo estranho no seu interior. 
Já osgranulomas imunes são causados por agentes, insolúveis ou de digestão difícil, 
capazes de provocar uma resposta imune celular. 
Neste tipo de resposta, os macrófagos ingerem o material estranho e apresentam-no aos 
linfócitos T, que são então ativados, produzindo citocinas, ativando outras células T e 
outros macrófagos. 
O estudo histológico dos granulomas é importante pois algumas doenças tais como a 
tuberculose, esquistossomose e a blastomicose podem ser diagnosticadas quando os seus 
agentes etiológicos são encontrados no granuloma. 
 
Figura 5: Granuloma da esquistossomose. Observar fragmentos da casca do ovo 
de S. mansoni ((fotomicrografia , médio aumento, HE) 
 
Os vasos linfáticos e os linfonodos drenam e filtram o material existente no 
interstício e são de importância fundamental no processo inflamatório. 
 40 
Os vasos linfáticos, por não apresentarem membrana basal, são capazes de 
reabsorver facilmente o líquido de edema e as proteínas do interstício. Válvulas 
no seu interior impedem o refluxo da linfa. 
Chegando aos linfonodos, a linfa é exposta aos macrófagos fixos aí contidos 
(histiócitos sinusoidais) que fagocitam agentes agressores e outras partículas. 
Durante este processo pode ocorrer inflamação na parede do vaso linfático 
(linfangite), e muitas vezes este pode ser visto como uma linha vermelha no seu 
trajeto sob a pele em direção ao linfonodo de drenagem. 
Quando o processo inflamatório alcança os linfonodos (linfadenite) estes 
aumentam de tamanho por causa da hipertrofia e hiperplasia dos folículos linfóides 
e das células sinusoidais e tornam-se dolorosos. 
Efeitos sistêmicos da inflamação: 
 Febre - é produzida como resposta a substâncias (pirógenos) que 
provocam a liberação de mediadores que agem no hipotálamo, 
desencadeando a liberação de neurotransmissores que reprogramam o 
nosso termostato corporal para uma temperatura mais alta. É um 
mecanismo de defesa. 
 Proteinas da fase aguda - proteina C reativa, fibrinogênio, proteina 
amilóide A sérica são produzidas pelo fígado e aumentam nas infecções, 
podendo ser dosadas ou indiretamente estimadas para diagnóstico. Em 
infecções crônicas, a produção continuada de proteína amilóide A sérica 
pode levar à amiloidose secundária. 
 Leucocitose- ocorre por causa do aumento da liberação de 
leucócitos pela medula óssea (estimulada por citocinas), inclusive 
leucócitos ainda imaturos (desvio para a esquerda). 
 Sepsis - em infecções bacterianas graves, a grande quantidade de 
bactérias ou de lipopolissacarideos bacterianos (LPS ou endotoxinas) 
presentes na circulação provocam a produção de grande quantidade de 
citocinas que por sua vez desencadeiam coagulação intravascular 
disseminada, consumo de fatores da coagulação e hemorragias. Citocinas 
podem causar lesões hepáticas e prejudicam a sua função e 
consequentemente hipoglicemia por baixa da gliconeogenese. Aumento 
da produção de óxido nítrico leva a falência cardíaca aguda e choque. Esta 
tríade (coagulação intravascular disseminada, hipoglicemia e insuficiência 
cardíaca aguda é conhecida como choque séptico. A inflamação e as 
tromboses percebidas em diversos órgãos podem ocasionar falência d 
múltiplos órgãos tais como os pulmões (síndrome da angustia respiratória 
do adulto - SARA), os rins (insuficiência renal aguda - IRA) e os intestinos. 
 Outras manifestações - taquicardia, tremores, calafrios, anorexia, 
sonolência, palidez. 
 41 
Características macroscópicas, microscópicas e as possíveis causas e evoluções para a 
esteatose hepática 
 
 
 Características macroscópicas: 
a. As modificações no volume e coloração do órgão afetado dependerão da causa da 
esteatose e da quantidade de lípide acumulado. 
b. Geralmente ocorre Ý de volume,ß consistência (órgão mais pastoso), Ý 
friabilidade e amarelamento, além da presença de gorduras emulsionadas na faca ao 
corte. 
c. No fígado: Ý de volume e peso (às vezes de 1,5 para 3 a 6 Kg, no ser humano) 
com bordas abauladas e consistência amolecida, coloração amarelada, superfície 
externa lisa e brilhante, e superfície de corte untuosa, sem marcação lobular. 
d. No coração: afeta principalmente os músculos papilares, determinando o 
aparecimento de listas amareladas ("tipo coração tigrado") quando focal. Todo 
amarelado e flácido quando difusa. 
e. Nos rins: Ý de volume, palidez e amarelamento. 
 Características microscópicas: 
a. Ocorre vacuolização citoplasmática que deve ser diferenciada da Degeneração 
hidrópica - vacuolar e da Infiltração glicogênica através de colorações especiais. 
b. Nos hepatócitos: Vacúolos pequenos e múltiplos (fase mais precoce) que podem 
se coalescer formando um único e volumoso, deslocando o núcleo para a periferia 
("Célula em anel de sinete"), as vezes levando inclusive à ruptura celular formando 
os "Cistos gordurosos". Quando afetando a região periportal e justasinusoidal, não 
tem significado ou está associado à tóxicos; quando periacinar ("centrolobular") 
decorre geralmente de hipóxia e quando panlobular é causada principalmente pela 
diabete canina e acetonemia bovina. 
 42 
c. No epitélio dos túbulos renais (basalmente) e nas fibras do miocárdio (entre 
miofibrilas): geralmente pequenos e múltiplos. 
d. No processamento de rotina (e utilizando-se de HE), o álcool e o xilol dissolvem 
os lípides tornando o lipossomo um vacúolo vazio (espaço claro = imagem negativa 
do lípide). Para confirmação do lípide intracelular o melhor é usar microtomia de 
congelação e corantes lipossolúveis como: 
Sudam III - laranja avermelhado; 
Sudam IV - Vermelho escarlate; 
Ácido ósmico - negro; 
Sulfato azul do Nilo - Violeta azulado (predomínio de ácidos graxos) ou violeta 
avermelhado (predomínio de gordura neutra). 
Características morfológicas das necroses 
 
a- necrose fibrose: o tecido necrótico adquire uma, acidofílico, semelhante a fibrina. Pode 
aparecer na ateroesclerose, na úlcera péptica etc. 
 
b- fibrose caseosa: tecidos esbranquiçados, granulosos, amolecidos, com aspecto de 
“queijo friável". Microscopicamente, o tecido exibe uma massa amorfa composta 
predominantemente por proteínas. É comum de ser observada na tuberculose, em 
neoplasias malignas e em alguns tipos de infarto. Na sífilis, por ter consistência 
borrachóide, é denominada de necrose gomosa. 
 
c- necrose coagulativa: Necrose por coagulação (= isquêmica): causada por isquemia do 
local. É freqüentemente observada nos infartos isquêmicos. Há perda da nitidez dos 
elementos nucleares e manutenção do contorno celular devido à permanência de proteínas 
coaguladas no citoplasma, sem haver rompimento da membrana celular. 
 
d- necrose enzimática gordurosa: ocorre quando há liberação de enzimas nos tecidos; a 
forma mais observada é a do tipo gordurosa, principalmente no pâncreas, quando pode 
ocorrer liberação de lipases, as quais desintegram a gordura neutra dos adipócitos desse 
órgão. 
 
 
 
 
 
 43 
Alterações celulares reversíveis 
 
As alterações celulares reversíveis são assim chamadas pois permitem que a célula lesada 
volte a ter aspecto e função normais quando o estímulo agressor é retirado. 
 
Ocorrem sob diversas formas, dependendo do tipo, duração e intensidade da agressão e do 
tipo de célula lesada e do seu estado metabólico. Os dois principais tipos de lesão celular 
reversível são o edema celular e a esteatose. 
 
O edema celular (anteriormente conhecido como tumefação turva e degeneração 
hidrópica) ocorre quando a célula agredida acumula água no seu citoplasma. 
Macroscopicamente o órgão acometido por este distúrbio geralmente aumenta de peso e 
tamanho, torna-se pálido e mais túrgido. 
Microscopicamente observamosaumento de volume das células, que se apresentam menos 
coradas (mais pálidas) e ocasionalmente apresentam vacúolos nos seus citoplasmas. 
O edema celular é mais frequentemente visto nas células tubulares renais e nas células 
musculares cardíacas de pacientes com distúrbios hidro-eletrolíticos. 
 
Quando há acúmulo de gordura no citoplasma das células parenquimatosas de um órgão, 
ocorre a esteatose. 
Macroscopicamente o órgão apresenta-se amarelado, mole, com volume aumentado. 
 
 
 
 
 44 
Microscopicamente observamos vacúolos não corados no interior das células acometidas. 
Isto ocorre porque durante o processamento laboratorial para confecção das lâminas o 
tecido é exposto a substâncias que são solventes das gorduras, que é portanto retirada. Caso 
haja necessidade de corar as gorduras, é necessário um processamento especial que 
conserva as gorduras e a utilização de corante especifico das gorduras. 
 
A esteatose é mais comum no fígado e no musculo cardíaco. No fígado pode assumir o 
aspecto microvacuolar (quando se formam muitas gotículas pequenas) e macrovacuolar 
(quando se forma um vacúolo volumoso). 
 45 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 46 
CÂNCER 
 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO: 
Câncer sempre foi palavra assustadora para todos, mesmo para os médicos. Quando 
recebem este diagnóstico, muitos têm a reação de quem acabou de ser condenado à morte. 
Apesar das informações dos grandes avanços terapêuticos obtidos na área nos últimos anos, 
a primeira reação é de desespero. 
Existem, no entanto, muitas idéias erradas em nosso meio sobre o câncer. Hoje, no 
Brasil, é possível fazer diagnósticos precisos, tratamentos apropriados, obter qualquer tipo 
de informação. E isto tudo, quando acompanhado de um bom suporte emocional, pode 
curar ou controlar o tumor e ainda oferecer uma boa qualidade de vida aos pacientes. 
Estude sobre o câncer! 
 
 
 
 
 47 
 CÂNCER 
 
 
 
 
2. Definição 
 
As células dos diversos órgãos do nosso corpo estão constantemente se 
reproduzindo, isto é, uma célula adulta divide-se em duas, e por este processo, chamado 
mitose, vai havendo o crescimento e a renovação das células durante os anos. A mitose é 
realizada controladamente dentro das necessidades do organismo. Porém, em determinadas 
ocasiões e por razões ainda desconhecidas, certas células reproduzem-se com uma 
velocidade maior, desencadeando o aparecimento de massas celulares denominadas 
neoplasias ou, mais comumente, tumores. 
 
Nas neoplasias malignas o crescimento é mais rápido, desordenado e infiltrativo; as 
células não guardam semelhança com as que lhes deram origem e têm capacidade de se 
desenvolver em outras partes do corpo, fenômeno este denominado metástase, que é a 
característica principal dos tumores malignos. 
Por outro lado, um tumor benigno significa simplesmente uma massa localizada de 
células que se multiplicam vagarosamente e se assemelham ao seu tecido original, 
raramente constituindo um risco de vida. 
Os diferentes tipos de câncer correspondem aos vários tipos de células do corpo. Por 
exemplo, existem diversos tipos de câncer de pele porque a pele é formada de mais de um 
tipo de célula. Se o câncer tem início em tecidos epiteliais como pele ou mucosas ele é 
denominado carcinoma. Se começa em tecidos conjuntivos como osso, músculo ou 
cartilagem é chamado de sarcoma. 
Outras características que diferenciam os diversos tipos de câncer entre si são a 
velocidade de multiplicação das células e a capacidade de invadir tecidos e órgãos vizinhos 
ou distantes (metástases). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 48 
3. O que é o câncer? 
 
1.Uma ervilha 
No começo, as células cancerosas se multiplicam até atingir o 
tamanho de uma ervilha. Para crescer, além disso, o tumor 
precisa de muito sangue. 
 
 
2. Adubo maligno 
Para obter sangue, o tecido doente solta proteínas que funcionam 
como fertilizante. Elas promovem a angiogênese, isto é, o 
surgimento de novos vasos, criando uma rede de irrigação 
exclusiva. 
 
3. Comer e crescer 
Por esse sistema, o tumor absorve nutrientes e o oxigênio e 
aproveita a corrente sangüínea para espalhar células doentes 
pelo corpo. 
 
 
4. O que Causa o Câncer? 
 
As causas de câncer são variadas, podendo ser externas ou internas ao organismo, 
estando ambas inter-relacionadas. As causas externas relacionam-se ao meio ambiente e aos 
hábitos ou costumes próprios de um ambiente social e cultural. As causas internas são, na 
maioria das vezes, geneticamente pré-determinadas, estão ligadas à capacidade do 
organismo de se defender das agressões externas. Esses fatores causais podem interagir de 
várias formas, aumentando a probabilidade de transformações malignas nas células 
normais. 
 49 
De todos os casos, 80% a 90% dos cânceres estão associados a fatores ambientais. 
Alguns deles são bem conhecidos: o cigarro pode causar câncer de pulmão, a exposição 
excessiva ao sol pode causar câncer de pele, e alguns vírus podem causar leucemia. Outros 
estão em estudo, tais como alguns componentes dos alimentos que ingerimos, e muitos são 
ainda completamente desconhecidos. 
O envelhecimento traz mudanças nas células que aumentam a sua suscetibilidade à 
transformação maligna. Isso, somado ao fato de as células das pessoas idosas terem sido 
expostas por mais tempo aos diferentes fatores de risco para câncer, explica em parte o 
porquê de o câncer ser mais freqüente nesses indivíduos. Os fatores de risco ambientais de 
câncer são denominados cancerígenos ou carcinógenos. Esses fatores atuam alterando a 
estrutura genética (DNA) das células. 
O surgimento do câncer depende da intensidade e duração da exposição das células 
aos agentes causadores de câncer. Por exemplo, o risco de uma pessoa desenvolver câncer 
de pulmão é diretamente proporcional ao número de cigarros fumados por dia e ao número 
de anos que ela vem fumando. 
 
 
 
 O gráfico acima mostra que oito em cada dez casos de câncer são disparados 
por fatores que poderiam ser evitados. Só 10% dos tumores são hereditários. 
 1 
 
5. Como Surge o Câncer? 
 
 
 
 
As células que constituem os animais são formadas por três partes: a membrana celular, que é a parte 
mais externa da célula; o citoplasma, que constitui o corpo da célula; e o núcleo, que contem os cromossomas 
que por sua vez são compostos de genes. Os genes são arquivos que guardam e fornecem instruções para a 
organização das estruturas, formas e atividades das células no no organismo. Toda a informação genética 
encontra-se inscrita nos genes, numa "memória química" - o ácido desoxirribonucleico (DNA). É através do 
DNA que os cromossomas passam as informações para o funcionamento da célula. 
Uma célula normal pode sofrer alterações no DNA dos genes. É o que chamamos mutação genética. 
As células cujo material genético foi alterado passam a receber instruções erradas para as suas atividades. As 
alterações podem ocorrer em genes especiais, denominados protooncogenes, que a princípio são inativos em 
células normais. Quando ativados, os protooncogenes transformam-se em oncogenes, responsáveis pela 
malignização (cancerização) das células normais. Essas células diferentes são denominadas cancerosas. 
 2 
 
 
6. Como se Comportam as Células Cancerosas ? 
 
As células alteradas passam então a se comportar de forma anormal. 
  Multiplicam-se de maneira descontrolada, mais rapidamente do que as células normais do tecido à 
sua volta, invadindo-o. Geralmente, têm capacidade para formar novos vasos sanguíneos queas 
nutrirão e manterão as atividades de crescimento descontrolado. O acúmulo dessas células forma os 
tumores malignos. 
  Adquirem a capacidade de se desprender do tumor e de migrar. Invadem inicialmente os tecidos 
vizinhos, podendo chegar ao interior de um vaso sangüíneo ou linfático e, através desses, disseminar-
se, chegando a órgãos distantes do local onde o tumor se iniciou, formando as metástases. Dependendo 
do tipo da célula do tumor, alguns dão metástases mais rápido e mais precocemente, outros o fazem 
bem lentamente ou até não o fazem. 
  As células cancerosas são, geralmente, menos especializadas nas suas funções do que as suas 
correspondentes normais. Conforme as células cancerosas vão substituindo as normais, os tecidos 
invadidos vão perdendo suas funções. Por exemplo, a invasão dos pulmões gera alterações 
respiratórias, a invasão do cérebro pode gerar dores de cabeça, convulsões, alterações da consciência 
etc. 
 
7. Como é o Processo de Carcinogênese 
 
O processo de carcinogênese, ou seja, de formação de câncer, em geral se dá lentamente, podendo 
levar vários anos para que uma célula cancerosa prolifere e dê origem a um tumor visível. Esse processo passa 
por vários estágios antes de chegar ao tumor. São eles: 
 
- Estágio de iniciação - É o primeiro estágio da carcinogênese. Nele as células sofrem o efeito dos agentes 
cancerígenos ou carcinógenos que provocam modificações em alguns de seus genes. Nesta fase as células se 
encontram, geneticamente alteradas, porém ainda não é possível se detectar um tumor clinicamente. 
Encontram-se "preparadas", ou seja, "iniciadas" para a ação de um segundo grupo de agentes que atuará no 
próximo estágio. 
 3 
- - Estágio de promoção - É o segundo estágio da carcinogênese. Nele, as células geneticamente 
alteradas, ou seja, "iniciadas", sofrem o efeito dos agentes cancerígenos classificados como 
oncopromotores. A célula iniciada é transformada em célula maligna, de forma lenta e gradual. Para que 
ocorra essa transformação, é necessário um longo e continuado contato com o agente cancerígeno 
promotor. A suspensão do contato com agentes promotores muitas vezes interrompe o processo nesse 
estágio. Alguns componentes da alimentação e a exposição excessiva e prolongada a hormônios são 
exemplos de fatores que promovem a transformação de células iniciadas em malignas. 
- Estágio de progressão - É o terceiro e último estágio e se caracteriza pela multiplicação descontrolada e 
irreversível das células alteradas. Nesse estágio o câncer já está instalado, evoluindo até o surgimento das 
primeiras manifestações clínicas da doença. 
Os fatores que promovem a iniciação ou progressão da carcinogênese são chamados agentes oncoaceleradores 
ou carcinógenos. O fumo é um agente carcinógeno completo, pois possui componentes que atuam nos três 
estágios da carcinogênese. 
 
8. Como o Organismo se Defende 
 
No organismo existem mecanismos de defesa naturais que o protegem das agressões impostas por 
diferentes agentes que entram em contato com suas diferentes estruturas. Ao longo da vida, são produzidas 
células alteradas, mas esses mecanismos de defesa possibilitam a interrupção desse processo, com sua 
eliminação subseqüente. A integridade do sistema imunológico, a capacidade de reparo do DNA danificado 
por agentes cancerígenos e a ação de enzimas responsáveis pela transformação e eliminação de substâncias 
cancerígenas introduzidas no corpo são exemplos de mecanismos de defesa. 
Esses mecanismos, próprios do organismo, são na maioria das vezes geneticamente pré-determinados, 
e variam de um indivíduo para outro. Esse fato explica a existência de vários casos de câncer numa mesma 
família, bem como o porquê de nem todo fumante desenvolver câncer de pulmão. 
Sem dúvida, o sistema imunológico desempenha um importante papel nesse mecanismo de defesa. Ele 
é constituído por um sistema de células distribuídas numa rede complexa de órgãos, como o fígado, o baço, os 
gânglios linfáticos, o timo e a medula óssea, e circulando na corrente sangüínea. Esses órgãos são 
denominados órgãos linfóides e estão relacionados com o crescimento, o desenvolvimento e a distribuição das 
células especializadas na defesa do corpo contra os ataques de "invasores estranhos". Dentre essas células, os 
linfócitos desempenham um papel muito importante nas atividades do sistema imune, relacionadas às defesas 
no processo de carcinogênese. 
Cabe aos linfócitos a atividade de atacar as células do corpo infectadas por vírus oncogênicos (capazes de 
causar câncer) ou as células em transformação maligna, bem como de secretar substâncias chamadas de 
linfocinas. As linfocinas regulam o crescimento e o amadurecimento de outras células e do próprio sistema 
imune. Acredita-se que distúrbios em sua produção ou em suas estruturas sejam causas de doenças, 
principalmente do câncer. 
 
9. Modalidades Terapêuticas 
 
  1. CIRURGIA. é o mais antigo e mais definitivo, quando o tumor é localizado, em circunstâncias 
anatômicas favoráveis. Para alguns tipos de câncer apenas a cirurgia não é suficiente, devido à 
disseminação de células cancerosas local ou difusamente. 
  2. RADIOTERAPIA. é o mais utilizado para tumores localizados que não podem ser ressecados 
totalmente, ou para tumores que costumam rescidivar localmente após a cirurgia. Tem sérios efeitos 
colaterais, principalmente por lesão de tecidos normais adjacentes ao tumor. A quantidade de radiação 
utilizada depende do tipo de tumor, e é medida em rads. 
 4 
  3. QUIMIOTERAPIA. Foi o primeiro tratamento sistêmico para o câncer. Na maioria da vezes 
consiste em uma associação de drogas, pouco eficazes se utilizadas sozinhas, pois nos tumores há 
subpopulações de células com sensibilidade diferente às drogas antineoplasicas. Os mecanismos de 
ação das drogas são diferentes, mas sempre acabam em lesão de DNA celular. A toxicidade contra 
células normais é a causa dos efeitos colaterais (náuseas, vômitos, mielossupressão). Pode ser usada 
como tratamento principal (leucemias, linfomas, câncer de testículo), mas normalmente é adjuvante, 
após tratamento cirúrgico ou radioterápico. 
  4. TERAPIA BIOLÓGICA. Usa-se modificadores da resposta biológica do corpo frente ao 
câncer, "ajudando-o" a combater a doença (linfoquinas, anticorpos monoclonais). Usa-se também 
drogas que melhoram a diferenciação das células tumorais, tornando-as de mais fácil controle. Este 
tipo de tratamento, em estudo, é o mais promissor para o futuro. 
 
PARTE 2 – INFORMAÇÕES SOBRE OS TIPOS DE CÂNCER MAIS COMUM 
 
CÂNCER DE FÍGADO 
 
Sinais de alerta 
Geralmente não existem sinais e sintomas, precocemente, ocorrendo quando a doença 
já está avançada. Os principais são: dor abdominal, perda de peso, diminuição do apetite, 
náusea, além de febre, icterícia (pele e mucosas amareladas), aumento do volume abdominal, 
mal-estar generalizado, inchaço nas pernas e massa palpável no abdome. Esses sintomas em 
geral são também relacionados com outras doenças benignas. O câncer de fígado só passa a ser 
considerado como hipótese quando os sintomas demoram muito tempo para passar, ou então 
pioram abruptamente. 
 
 
O carcinoma hepatocelular representa a quase total maioria dos tumores primários do 
fígado, sendo responsável pela ocorrência de 80%. 
  Nas crianças, o tumor primário mais comum é o hepatoblastoma (figs.) 
 
 
 
Os tipos que mais comumente dão metástase para o fígado são: o carcinoma do pâncreas, o carcinoma colo-
retal (fig.1), o carcinoma de estômago, o carcinoma da mama (fig.2), o carcinoma do esôfago e o carcinoma 
do pulmão. 
 
fig.1

Outros materiais