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Centro Universitário Augusto Motta Disciplina: Fundações Assunto: Notas de aula de Fundações rasas Professor: Marcus Bergman 9 III. Sondagens do subsolo Relacionamos os principais processos de investigação geotécnica do subsolo para fins de projeto de fundação. São eles: III.1. Poços, III.2. Sondagens a trado, III.3. Sondagens a percussão tipo SPT, III.4. Sondagens rotativas e III.5. Sondagens mistas. Neste curso definiremos brevemente os ensaios e suas principais características mas focaremos o ensaio tipo SPT, considerado o mais difundido e utilizado dos processos de investigação no Brasil. III.1. Poços São escavações manuais, geralmente não escoradas, que avançam até que se encontre o nível d’água do terreno ou até onde pode-se avançar com segurança. O objetivo das escavações em poços é avaliar as camadas de solo por elas atravessadas e possibilitar a retirada de amostras de solo, indeformadas ou não, para exames laboratoriais. A norma de referência para este tipo de investigação é a NBR 9604. III.2. Sondagens a trado São escavações verticais, de formato cilíndrico, executadas com trados manuais no terreno a partir do nível do terreno. O objetivo é a retirada de amostras deformadas do solo para classificação, limitando-se à profundidade do nível d’água do terreno. Para detalhes ver a norma NBR 9603. III.3. Sondagens a percussão tipo SPT (Standart Penetration Test) É reconhecidamente a mais popular e rotineira investigação do subsolo praticada em todo o mundo. No Brasil é utilizado de forma sistemática quando se trata de investigação para fim de projeto de fundações. O objetivo do ensaio tipo SPT é a obtenção da estatigrafia do subsolo e suas respectivas espessuras (identificação das diversas camadas que compõem o subsolo), identificação da posição do nível d’água e obtenção da resistência e da consistência ou compacidade do solo, metro a metro, do terreno através de um método indireto, o SPT. Através destas Centro Universitário Augusto Motta Disciplina: Fundações Assunto: Notas de aula de Fundações rasas Professor: Marcus Bergman 10 informações modela-se o perfil do subsolo (Figura 2) e suas respectivas características de resistência e deformação do solo, correlacionando-os com os resultados do SPT. As interpretações e correlações serão objetos do item IV deste trabalho. “O ensaio consiste na medida de resistência dinâmica (SPT) conjugada a uma sondagem de simples reconhecimento. A perfuração é realizada por trado e circulação de água utilizando-se um trépano de lavagem como ferramenta de escavação. Amostras representativas do solo são coletadas a cada metro de profundidade por meio de amostrador padrão, de diâmetro externo de 50mm (Ver Figura 3). O procedimento de ensaio consiste na cravação deste amostrador no fundo de uma escavação (revestida ou não), usando um peso de 65kg caindo de uma altura de 75cm. O vcalor NSPT é o número de golpes necessário para fazer o amostrador penetrar 30cm, após uma cravação inicial de 15cm.” (Schnaid, 2000) As Figuras 4 e 5 mostram o equipamento utilizado e os esquemas dos processos executivos do esaio. As sondagens podem atravessar o nível d’água e solos relativamente compactos ou duros, porém, é incapaz de atravessar matacões, blocos de rocha ou qualquer tipo de obstáculo resistente ao trépano ou ao amostrador. (se houver impedimentos ao avanço, há necessidade de execução de sondagens mistas, que será visto no item III.4.). Durante o avanço da sondagem pode acontecer o fechamento parcial do furo. Caso o furo se apresente instável o furo deverá ser revestido com um tubo, caso contrário, há possibilidade de avanço do ensaio sem o revestimento. Há ainda uma discussão a respeito da energia empregada no ensaio de SPT. No Brasil o sistema mais comum de ensaio é o manual, cuja energia efetivamente aplicada no ensaio é cerca de 70% da energia nominal. Estas perdas referem-se ao atrito da corda sobre a roldana, da perda no impacto do coxim empregado no amortecimento entre o peso e as hastes, som liberado, calor e etc. Nos Estados Unidos, onde o sistema costuma ser mecanizado, a energia aplicada é cerca de 60% da nominal (conhecido por N60) , o que nos faz ter que aplicar uma majoração de 10 a 20% nos nossos valores de SPT, quando utilizarmos correlações baseadas na experiência americana. Para melhor entendimento deste ensaio, recomendamos assistir o vídeo didático produzido pelo Prof. Ronaldo, no qual se fala sobre a importância do ensaio e os respectivos Centro Universitário Augusto Motta Disciplina: Fundações Assunto: Notas de aula de Fundações rasas Professor: Marcus Bergman 11 procedimentos de campo. O vídeo, dividido em duas partes estão na pasta virtual do professor juntamente com o resto do material didático do curso. Seguem as Figuras 6 e 7 com o exemplo de um boletim de sondagem tipo SPT que será discutido e interpretado em sala de aula. Centro Universitário Augusto Motta Disciplina: Fundações Assunto: Notas de aula de Fundações rasas Professor: Marcus Bergman 12 Figura 2 - Perfil geológico/geotécnico construido a partir de sondagens à percussão Centro Universitário Augusto Motta Disciplina: Fundações Assunto: Notas de aula de Fundações rasas Professor: Marcus Bergman 13 Figura 3 - Amostrador utilizado no ensaio tipo SPT Centro Universitário Augusto Motta Disciplina: Fundações Assunto: Notas de aula de Fundações rasas Professor: Marcus Bergman 14 Figura 4 - Equipamento de sondagem à percussão (Porto de Lima, M. J., ??) Centro Universitário Augusto Motta Disciplina: Fundações Assunto: Notas de aula de Fundações rasas Professor: Marcus Bergman 15 Figura 5 - Fases executivas da sondagem. a) avanço por trépano b) sondagem SPT (Velloso & Lopes, 1996) Centro Universitário Augusto Motta Disciplina: Fundações Assunto: Notas de aula de Fundações rasas Professor: Marcus Bergman 16 Figura 6 - Boletim de sondagem à percussão – Folha 1 Centro Universitário Augusto Motta Disciplina: Fundações Assunto: Notas de aula de Fundações rasas Professor: Marcus Bergman 17 Figura 7 – Boletim de sondagem à percussão – Folha 2 Centro Universitário Augusto Motta Disciplina: Fundações Assunto: Notas de aula de Fundações rasas Professor: Marcus Bergman 18 III.4. Sondagens rotativas, As sondagens rotativas são empregadas quando o avanço pelo processo à percussão é impossível. Nestes casos, usa-se o processo de perfuração que consiste basicamente em fazer girar hastes com equipamento mecânico e a forçá-las para baixo através de um mecanismo hidráulico. Na ponta das hastes acopla-se um elemento cortante, chamado de coroa, que permite seu avanço pela rotação. As amostras do material cortado podem ser recuperadas através de um amostrador e trazidas à superfície para avaliação. III.5. Sondagens mistas A sondagem mista nada mais é que uma combinação da sondagem à percussão com a sondagem rotativa. Avança-se com a sondagem tipo SPT até onde é possível e, a partir deste ponto, com a sondagem rotativa. Este tipo de sondagem é usado quando devemos atravessar camadas com blocos de rocha ou aterros de entulho ou quando se deseja conhecer as propriedades do material resistente e impenetrável à percussão. A Figura 8 mostra um boletim de sondagem à percussão, onde pode-se perceber os trechos em que foi executada a sondagem à percussão e o trecho em que se utilizou a sondagem rotativa para o avanço. Centro Universitário Augusto Motta Disciplina:Fundações Assunto: Notas de aula de Fundações rasas Professor: Marcus Bergman 19 Figura 8 – Boletim de sondagem mista. Notar que entre 6 e 7m e a partir dos 22m de profundidade o avanço foi através da sondagem rotativa. Centro Universitário Augusto Motta Disciplina: Fundações Assunto: Notas de aula de Fundações rasas Professor: Marcus Bergman 20 Exercícios de Fixação 1. Qual o tipo de sondagem, das que foram apresentadas, que você indicaria para retirar uma amostra indeformada de solo e levar ao laboratório para realização de um ensaio de cisalhamento direto? 2. Caso você saiba que tenha que fazer uma investigação em um local com grande quantidade de blocos de rocha presentes no solo, qual tipo de investigação você recomenda que seja feita? 3. No ensaio à percussão tipo SPT, medimos, metro a metro, a quantidade de golpes para a penetração dos últimos 30cm do amostrador mostrado na Figura 3. A este número de golpes chamamos de SPT. Por que o SPT é importante na previsão do comportamento de uma fundação? 4. Qual a importância da padronização da altura de queda e do peso usado no ensaio SPT? 5. Em que tipo de material você recomendaria uma sondagem rotativa? 6. No ensaio tipo SPT existe um critério para se parar por impedimento ao avanço do amostrador ou do trépano, quando se anota no boletim de sondagem, “impenetrável à percussão” e “impenetrável ao trépano”, respectivamente. Este, em geral, é o critério para que se chegue ao limite do ensaio. Caso a 2m de profundidade você encontre um impedimento a este avanço, você pararia a sondagem? Caso negativo, qual procedimento você adotaria? 7. Quais são as informações importantes para o projeto de fundação que podem ser tiradas do ensaio SPT? 8. Qual a eficiência média de transferência alcançada nos ensaios tipo SPT no Brasil e nos Estados Unidos? Caso empreguemos correlações de SPT com parâmetros geotécnicos obtidos em estudos americanos, devemos aplicar alguma correção? De quanto? 9. Qual a importância de se preparar, a partir das sondagens, um perfil geológico geotécnico do local? 10. A sondagem a trado, apesar de rudimentar, pode trazer algumas informações do subsolo local, apesar de seu pequeno alcance em profundidade. Quais informações são possíveis de se extrair a partir de uma sondagem a trado? 11. Uma investigação geotécnica do tipo SPT, com um conjunto de 3 furos custa atualmente, cerca de R$4.000,00. Dentro do contexto das informações que teremos em mãos para o dimensionamento das fundações e seu controle de campo você consideraria este valor alto? Justifique sua resposta levando em consideração a economia que poderá ser alcançada na obra. 12. Modele simplificando e interpretando a sondagem SPT das Figuras 6 e 7.
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