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Apostila de geografia e meio ambiente

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BIOGEOGRAFIA
CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD
Biogeografia – Prof. Ms. Eder Paulo Spatti Junior e Profª. Ms. Thaís Minatel Tinós.
Olá! Meu nome é Eder Paulo Spatti Junior. Sou graduado em 
Geografia pela UNESP, campus de Rio Claro, onde também 
concluí minha Especialização em Sustentabilidade Ambiental 
e meu Mestrado em Geologia Regional, trabalhando com o 
tema da qualidade de água e avaliação ambiental. Durante 
toda minha carreira, sempre trabalhei com a temática 
relacionada à Geografia Física, abordando as variáveis que 
compõem o quadro natural, cenário onde se desenvolvem 
todos os processos da ação humana e que também se 
encontra em constante desenvolvimento. Será um grande 
prazer fazer parte desta fase de aprendizagem que, com 
toda certeza, será mútua.
e-mail: ederspatti@hotmail.com
Olá! Meu nome é Thaís Minatel Tinós. Sou graduada em 
Geografia pela UNESP, mestre na área de Geociências e 
Meio Ambiente pela mesma universidade e Especialista 
em Gestão Ambiental pela UFSCar. Atuo em projetos na 
área de Consultoria Ambiental e Mapeamento Geotécnico/
Geológico e possuo experiência em Geociências e Ciências 
Ambientais.
e-mail: thaistinos@gmail.com
Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação
BIOGEOGRAFIA
Eder Paulo Spatti Junior
Thaís Minatel Tinós
Batatais
Claretiano
2014
Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação
© Ação Educacional Claretiana, 2014 – Batatais (SP)
Versão: ago./2014 
 
 
574.9 S726b 
 Spatti Junior, Eder Paulo 
 Biogeografia / Eder Paulo Spatti Junior, Thaís Minatel Tinós – Batatais, 
 SP : Claretiano, 2014. 
 228 p. 
 ISBN: 978-85-8377-142-5 
 
 1. Biogeografia. 2. Origem da vida e meios abiótico e biótico. 3. Biomas. 
 4. Domínios morfoclimáticos e fitogeográficos brasileiros. 5. Biogeografia 
 e sistemas. 6. Cartografia biogeográfica. 7. Preservação e Educação 
 Ambiental. I. Tinós, Thaís Minatel. II. Biogeografia. 
 
 
 CDD 574.9
Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional
Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves
Preparação 
Aline de Fátima Guedes
Camila Maria Nardi Matos 
Carolina de Andrade Baviera
Cátia Aparecida Ribeiro
Dandara Louise Vieira Matavelli
Elaine Aparecida de Lima Moraes
Josiane Marchiori Martins
Lidiane Maria Magalini
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Patrícia Alves Veronez Montera
Raquel Baptista Meneses Frata
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli
Simone Rodrigues de Oliveira
Bibliotecária 
Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11
Revisão
Cecília Beatriz Alves Teixeira
Felipe Aleixo
Filipi Andrade de Deus Silveira
Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Rafael Antonio Morotti
Rodrigo Ferreira Daverni
Sônia Galindo Melo
Talita Cristina Bartolomeu
Vanessa Vergani Machado
Projeto gráfico, diagramação e capa 
Eduardo de Oliveira Azevedo
Joice Cristina Micai 
Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Luis Antônio Guimarães Toloi 
Raphael Fantacini de Oliveira
Tamires Botta Murakami de Souza
Wagner Segato dos Santos
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer 
forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na 
web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do 
autor e da Ação Educacional Claretiana.
Claretiano - Centro Universitário
Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000
cead@claretiano.edu.br
Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006
www.claretianobt.com.br
SUMÁRIO
CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9
2 ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO .......................................................................... 10
3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 31
4 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 31
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO, HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA BIOGEOGRAFIA
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 33
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 33
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 34
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 34
5 BIOGEOGRAFIA: DEFINIÇÕES, OBJETO DE ESTUDO E OBJETIVOS ............... 35
6 SUBDIVISÕES DA BIOGEOGRAFIA ................................................................... 38
7 BIOGEOGRAFIA E ECOLOGIA ........................................................................... 43
8 HISTÓRIA DA BIOGEOGRAFIA ......................................................................... 45
9 EVOLUÇÃO DOS ESTUDOS BIOGEOGRÁFICOS NO BRASIL ........................... 48
10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 50
11 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 51
12 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 51
13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 51
UNIDADE 2 – A ORIGEM DA VIDA E OS MEIOS ABIÓTICO E BIÓTICO
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 53
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 53
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 54
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 54
5 A ORIGEM DA VIDA E A EVOLUÇÃO DO PLANETA ......................................... 54
6 O MEIO ABIÓTICO ............................................................................................ 61
7 O MEIO BIÓTICO ............................................................................................... 70
8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 74
9 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 75
10 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 75
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 76
UNIDADE 3 – OS BIOMAS DO MUNDO
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 79
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 79
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 79
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 80
5 O QUE É UM BIOMA? ....................................................................................... 80
6 A ORIGEM DOS BIOMAS NO ESTUDO GEOGRÁFICO ..................................... 81
7 BIOMAS DA ZONA INTERTROPICAL ................................................................ 84
8 BIOMAS DAS REGIÕES EXTRATROPICAIS ....................................................... 93
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 103
10 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................104
11 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 104
12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 105
UNIDADE 4 – BIOMAS BRASILEIROS
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 107
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 107
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 107
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 108
5 ECOSSISTEMAS BRASILEIROS .......................................................................... 108
6 ECOSSISTEMA AMAZÔNICO ............................................................................ 110
7 CAATINGA ......................................................................................................... 115
8 CERRADOS ........................................................................................................ 119
9 MATA ATLÂNTICA ............................................................................................. 123
10 MATA DAS ARAUCÁRIAS ................................................................................. 127
11 PRADARIAS MISTAS DO RIO GRANDE DO SUL .............................................. 130
12 ECOSSISTEMAS COSTEIROS ............................................................................ 131
13 PANTANAL ........................................................................................................ 135
14 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 137
15 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 137
16 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 138
17 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 139
UNIDADE 5 – OS DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS E FITOGEOGRÁFICOS 
BRASILEIROS
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 141
2 CONTEÚDO ....................................................................................................... 141
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 141
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 142
5 DOMÍNIO AMAZÔNICO.................................................................................... 143
6 DOMÍNIO DOS MARES DE MORROS ............................................................... 147
7 DOMÍNIO DAS CAATINGAS .............................................................................. 150
8 DOMÍNIO DOS PLANALTOS DE ARAUCÁRIAS ................................................. 152
9 DOMÍNIO DAS PRADARIAS MISTAS ................................................................ 155
10 DOMÍNIO DOS CERRADOS .............................................................................. 156
11 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 158
12 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 159
13 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 159
14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 160
UNIDADE 6 – BIOGEOGRAFIA E SISTEMAS
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 161
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 161
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 162
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 162
5 GEOSSISTEMAS E GEOBIOCENOSES, OU ECOSSISTEMAS ............................. 163
6 SISTEMAS URBANOS ........................................................................................ 168
7 CLIMA ................................................................................................................ 170
8 SOLOS ................................................................................................................ 171
9 LIXO ................................................................................................................... 172
10 RECURSOS HÍDRICOS ...................................................................................... 173
11 ÁREAS VERDES ................................................................................................. 174
12 FAUNA .............................................................................................................. 175
13 OS AGROSSISTEMAS ....................................................................................... 176
14 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 178
15 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 178
16 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 179
17 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 179
UNIDADE 7 – CARTOGRAFIA BIOGEOGRÁFICA
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 181
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 181
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 181
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 182
5 CARTOGRAFIA BIOGEOGRÁFICA ..................................................................... 184
6 PERFIS BIOGEOGRÁFICOS ............................................................................... 189
7 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 194
8 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 194
9 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 195
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 195
UNIDADE 8 – PRESERVAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 197
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 197
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 198
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 198
5 PRINCIPAIS FATOS QUE MARCARAM A QUESTÃO AMBIENTAL .................... 199
6 NOVAS ESTRATÉGIAS ....................................................................................... 216
7 EDUCAÇÃO AMBIENTAL .................................................................................. 222
8 ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS ..................................................... 225
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 226
10 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 227
11 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................227
12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 227
EA
D
CRC
Caderno de 
Referência de 
Conteúdo
Conteúdo –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Introdução, história e evolução da Biogeografia. A origem da vida e os meios 
abiótico e biótico. Os biomas do mundo. Os domínios morfoclimáticos e fitogeo-
gráficos brasileiros. Biogeografia e sistemas. Cartografia biogeográfica. Preser-
vação e Educação Ambiental.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
1. INTRODUÇÃO
Para facilitar o estudo de Biogeografia, dividimos o seu conteúdo 
em oito unidades, que serão resumidamente apresentadas a seguir.
Na Unidade 1, estudaremos a história e a evolução da Bio-
geografia, na qual abordaremos a formação e a consolidação des-
se ramo da Geografia como ciência.
Em seguida, na Unidade 2, conheceremos as questões rela-
cionadas à origem da vida, bem como sua evolução. Além disso, 
analisaremos juntos os fatores que compõem os meios abióticos 
e bióticos, o que será a base para a compreensão da distribuição 
espacial dos seres vivos.
© Biogeografia10
Já na Unidade 3, entenderemos os biomas terrestres, ou 
seja, as diferentes associações vegetais que se distribuem pelo glo-
bo, bem como os fatores que permitem essa distribuição.
Na Unidade 4, trataremos dos biomas brasileiros e veremos 
a espacialização e o grau de devastação de cada associação vegetal 
em território brasileiro.
Na Unidade 5, estudaremos os domínios de natureza no Bra-
sil e compreenderemos que eles constituem um apanhado geral 
dos aspectos relacionados à Geografia Física no Brasil.
Dando continuidade aos nossos estudos, na Unidade 6, anali-
saremos a questão dos sistemas em Geografia e veremos que essa 
análise nos permite visualizar os diferentes aspectos da Geografia 
Física como fatores intimamente integrados e em constante fluxo.
Na Unidade 7, você terá contato com a chamada "cartografia 
biogeográfica", que contextualiza os dados e os diversos fatores 
biogeográficos a fim de que estes possam servir de ferramentas 
para uso em diversos setores, como, por exemplo, no planejamen-
to municipal.
Finalmente, na Unidade 8, conheceremos questões em voga 
na atualidade, como o processo de obtenção de energia, a evolução 
da preocupação com a preservação ambiental e o desenvolvimento 
de novas estratégias rumo a uma sociedade mais sustentável.
Bons estudos!
2. ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO
Abordagem Geral
Prof. Ms. Eder Paulo Spatti Junior
Neste tópico, apresenta-se uma visão geral do que será estu-
dado neste Caderno de Referência de Conteúdo. Aqui, você entrará 
em contato com os assuntos principais deste conteúdo de forma 
Claretiano - Centro Universitário
11© Caderno de Referência de Conteúdo
breve e geral e terá a oportunidade de aprofundar essas questões 
no estudo de cada unidade. Desse modo, essa Abordagem Geral 
visa fornecer-lhe o conhecimento básico necessário a partir do qual 
você possa construir um referencial teórico com base sólida – cientí-
fica e cultural – para que, no futuro exercício de sua profissão, você 
a exerça com competência cognitiva, ética e responsabilidade social. 
De maneira sintética, podemos definir a Biogeografia como a 
vertente da Geografia que analisa a organização espacial dos seres 
vivos, ou, se preferir, a organização espacial da vida.
Dada essa definição, pode-se interpretar que a Biogeografia 
trata da distribuição dos elementos bióticos e das condições abió-
ticas que permitem sua distribuição pelo globo.
Quando falamos de relações bióticas, podem ser entendi-
das, nesse contexto, todas as relações estabelecidas entre os seres 
vivos, desde a predação de animais e plantas uns pelos outros até 
mesmo as relações de ajuda mútua, como a dos líquens, que nada 
mais é que uma associação entre fungos e algas, na qual um ele-
mento capta a água do meio e o outro consegue captar a luz solar. 
Mesmo sem essa associação, o desenvolvimento de uma ou outra 
espécie seria impossível.
É claro que, dentro dessas relações, se encontram, também, 
as relações do homem com o meio ambiente, e essa relação pos-
sui especial destaque, pois não é movida por instinto ou por uma 
evolução natural. O homem é o único ser que não conseguiu se 
adaptar ao meio em que vive, necessitando de uma oferta muito 
maior de recursos, causando, dessa forma, quase sempre, uma re-
lação em desequilíbrio com a natureza.
Essas relações citadas, no entanto, só são possíveis graças 
ao arcabouço proporcionado por uma série de fatores que, arran-
jados, permitem a distribuição dessas relações. Esses fatores nada 
mais são do que o clima, nas suas mais variadas escalas; o relevo; 
o solo; a luminosidade; e a umidade.
© Biogeografia12
Os estudos de Biogeografia são observados desde a Antigui-
dade, ainda que não possuíssem qualquer caráter científico.
O famoso filósofo grego Aristóteles, por exemplo, já prati-
cava estudos com diversos animais, observando as características 
relacionadas à sua distribuição e sua forma. Outro pensador, con-
temporâneo de Aristóteles, Teofrasto, já fazia a associação entre o 
crescimento de certas plantas e a influência do clima. Repare que 
esses estudos não são mais do que esforços sem o uso de qualquer 
metodologia, ou seja, sem nenhum caráter científico na busca de 
uma compreensão do mundo ao redor. Apesar dessa busca por 
explicações do mundo, ainda não se praticava a ciência; era pre-
dominante apenas o conhecimento filosófico. O contraponto de 
ideias fazia-se sem qualquer formalismo e rigor.
Foi somente no final do século 18 que o naturalista alemão 
Alexander Von Humboldt começou a encarar a distribuição espa-
cial das plantas e animais não mais como obra do acaso ou uma 
distribuição determinada por um ser superior. Com observações 
feitas em diversas partes do mundo, inclusive na Floresta Amazô-
nica e na Cordilheira dos Andes, Humboldt passou a admitir que 
essa organização espacial é condicionada por outros elementos, 
tais como o clima, o relevo e a latitude.
Humboldt foi muito influenciado pela época que sucedia o 
período das grandes navegações e pelos nomes de grandes nave-
gadores e exploradores das terras do Novo Mundo que eram tidos 
com certo heroísmo por algumas pessoas na Europa.
Esse naturalista promoveu a primeira viagem científica à Amé-
rica do Sul, sendo o primeiro europeu a empreender, com recursos 
próprios, uma empreitada por uma região pouco conhecida, sem 
motivações financeiras. Durante sua passagem pelas selvas da Amé-
rica do Sul, Humboldt fez uma catalogação extensiva das mais va-
riadas espécies de plantas e promoveu registros dos mais variados 
animais encontrados. Ele observou, pela primeira vez, espécimes 
impossíveis de serem encontrados na Europa em diversos pontos, 
Claretiano - Centro Universitário
13© Caderno de Referência de Conteúdo
especialmente nas áreas de floresta, e, além disso, conforme ruma-
va em direção aos Andes, a presença de uma vegetação menos exu-
berante e mais homogênea permitiu-lhe as primeiras associações 
entre a composição do meio ambiente e as características do clima, 
pois parte da vegetação de altitude pode ser encontrada na Europa, 
a milhares de quilômetros de distância.
Outro brilhante cientista, o qual viveu na mesma época de 
Humboldt, foi o naturalista britânico Charles Darwin, que dá uma 
contribuição fundamental para as ciências naturais. Ele lança as 
bases da Teoria da Evolução das Espécies mediante o processo de 
seleção natural, ideia essa de um ineditismo fantástico, em que as 
características favoráveis à sobrevivência de um indivíduo ou de 
toda uma população vão sendo transmitidas por meio de mate-
rial genético, "selecionando", dessa forma, os indivíduos mais bem 
adaptados ao meio em que vivem e eliminando os que possuem 
características que não permitam sua sobrevivência, tentando, as-
sim, explicar a distribuição dos seres vivos nas diferentes partes do 
globo.
Darwin, a exemplo de Humboldt, também não se prendeuao continente europeu, mas empreendeu uma grande jornada pe-
las Américas, com destaque para a Ilha de Galápagos, onde pôde 
observar que espécies em isolamento desenvolvem características 
próprias, de acordo com a imposição do meio.
Dentro da Biogeografia brasileira, podemos apontar com 
ênfase a obra do professor Helmut Troppmair, autor de diversos 
trabalhos na área, com destaque especial ao livro Biogeografia 
e Meio Ambiente, que trata de todos os aspectos relacionados à 
organização dos seres vivos e que serviu de base para a composi-
ção deste Caderno de Referência de Conteúdo. Merece destaque, 
também, a obra completa do professor Aziz Nacib Ab'Sáber. Esses 
são alguns profissionais de destaque em todo o corpo da ciência 
geográfica e, especialmente, no que tange à organização espacial 
dos elementos naturais, objeto da Biogeografia.
© Biogeografia14
Além de conhecer como se dá a distribuição dos elementos 
naturais pelo globo, é essencial que nos façamos uma pergunta: 
Como o planeta atingiu essa configuração, isto é, quais foram os fa-
tores que condicionaram essa distribuição espacial dos seres vivos?
Devemos ter em mente que o planeta é um corpo em cons-
tante mutação. Assim, sua dinâmica interna e seu eixo de rotação 
fizeram que, ao longo de sua evolução, ele apresentasse diferentes 
características de relevo e de clima, o que nos leva à conclusão de 
que estamos sempre herdando uma paisagem.
Para os estudos de Biogeografia, é fundamental conhecer-
mos um pouco do passado do planeta, especialmente o chamado 
Período Quaternário. Foi durante esse período que, há alguns mi-
lhares de anos, ocorreram os principais fatores que deram a mo-
delagem da paisagem que apreciamos hoje. Entre esses fatores, as 
alternâncias entre climas quentes e úmidos e frios e secos são os 
que têm maior destaque. As chamadas "glaciações", período em 
que um brutal resfriamento do clima na Terra proporcionou dife-
rentes aspectos vegetacionais, foram responsáveis por um grande 
aumento na biodiversidade de espécies, devido a seu isolamento 
durante os períodos mais frios e secos.
Durante os períodos glaciais, houve um grande resfriamento 
da temperatura e, devido a isso, uma diminuição, em nível global, 
das taxas de precipitação. Com esse ressecamento do clima, tem-
-se o ambiente propício para a evolução e expansão de formações 
florestais abertas, como, por exemplo, as matas de araucárias ou, 
ainda (e especialmente), as espécies encontradas hoje no sertão 
nordestino. As formações florestais de maior porte retraíram-se, 
então, em locais onde havia uma conservação da umidade, como 
em áreas de brejo.
Esse isolamento fez que aquelas espécies encontradas em 
uma área se desenvolvessem sob condições únicas. Quando da 
retomada da umidade, houve justamente o processo oposto: a re-
Claretiano - Centro Universitário
15© Caderno de Referência de Conteúdo
tração das formações abertas e a expansão das formações mais 
densas. Exatamente nessa expansão, ocorreu a troca de material 
genético entre as espécies, proporcionando essa fantástica biodi-
versidade encontrada nas florestas tropicais.
É possível percebermos esse processo por meio de diversas 
análises laboratoriais, como, por exemplo, a análise de pólen, co-
nhecida como palinologia. Essa análise nos dá uma ideia de como 
se comportou a composição vegetacional em épocas anteriores, e, 
por intermédio disso, é possível medir se havia predominância de 
uma espécie de clima seco ou de clima mais úmido. Podemos ver 
registros da antiga configuração do planeta não só por meio de aná-
lises laboratoriais, mas também por meio de observações de cam-
po. Mediante uma observação assídua do relevo e de padrões da 
hidrografia, podemos observar traços da evolução de nosso planeta.
Esses fatores físicos, como já mencionamos, são os grandes 
determinantes da consolidação dos seres vivos, seja de grupos ani-
mais e formações vegetais, seja de agrupamentos humanos e suas 
relações. Clima e relevo são dois dos condicionantes principais dos 
fatores abióticos, fatores esses que possibilitam a manutenção das 
relações entre os seres vivos. É também a partir do clima e do re-
levo que se desenvolvem os outros fatores, como a incidência de 
luminosidade, a formação do solo, a temperatura e a umidade.
Quando se fala em clima, é preciso ficar atento, pois esse fa-
tor abiótico apresenta muitas escalas. Por exemplo, a temperatura 
do interior de uma mata não é a mesma que a encontrada em sua 
borda, ao passo que uma vertente que receba maior incidência solar 
apresenta uma variação de até 3°C em relação a um fundo de vale 
mais sombreado. São essas pequenas variações que determinam as 
chamadas "escalas do clima", as quais são definidas por macroesca-
la, que corresponde a um clima global ou continental; mesoescala, 
num caráter regional (a Região Sudeste, por exemplo); ou microes-
cala, que corresponde a poucos quilômetros de extensão.
© Biogeografia16
É imprescindível que assimilemos a importância de fatores 
como latitude e relevo na distribuição da vegetação. Ambos in-
fluenciam diretamente o componente climático, que é determi-
nante na distribuição dos biomas terrestres. O bioma da Floresta 
Latifoliada Equatorial, por exemplo, distribui-se ao longo da Linha 
do Equador, constituindo-se um padrão global proporcionado pela 
latitude. Nessa observação, é impossível dizer se estamos olhando 
para a Floresta Amazônica ou para uma área da Floresta do Congo 
ou da Ilha de Bórneu. Esses locais citados compreendem uma al-
tíssima taxa de umidade e uma entrada de energia solar imensa, 
o que permite a manutenção de florestas majestosas, com uma 
biodiversidade muito grande. Entretanto, na mesma posição lati-
tudinal, há a presença da cordilheira andina, o que determina um 
clima muito mais frio e seco (em função da altitude), com uma 
vegetação muitíssimo reduzida ou mesmo inexistente.
Transportando essa questão para o território brasileiro, con-
seguimos identificar distintos padrões de distribuição geográfica 
dos elementos naturais ao longo do território, ou seja, é possível 
dividir (sob o aspecto da Geografia Física) o Brasil em grandes do-
mínios de Geografia Física, ou, como apresenta o professor Aziz 
Nacib Ab'Sáber (2003), em grandes "domínios de natureza". Essa 
divisão leva em conta características não só da distribuição dos 
seres vivos, mas, especialmente, das áreas em que o arranjo dos 
fatores de clima, relevo e vegetação se apresentam de maneira 
semelhante, como, por exemplo, o domínio amazônico, ou, ainda, 
o domínio das caatingas.
Na maior parte das vezes, esses dois exemplos geram quase 
instantaneamente, em nossas cabeças, a fotografia de uma flores-
ta densa e, depois, a de uma vegetação seca e esparsa. Evidente-
mente, essa não é uma visão errônea, mas é extremamente limi-
tada do ponto de vista da Geografia Física. O aspecto vegetacional 
é só uma das vertentes que compõem esses quadros naturais. Há 
toda uma configuração climática e geomorfológica que proporcio-
na o estabelecimento dessa vegetação.
Claretiano - Centro Universitário
17© Caderno de Referência de Conteúdo
A essa visão ampla, com a compreensão mais abrangente, 
é que determinamos o conceito de geossistema, o qual aborda a 
combinação de uma série de fatores físicos, como a composição 
dos solos e a estrutura do relevo, para fazer a análise de um dado 
espaço. Dessa forma, podemos definir um geossistema como o re-
sultado da combinação de fatores geológicos, climáticos, geomor-
fológicos, hidrológicos e pedológicos e, obviamente, a dinâmica 
desses fatores no tempo e no espaço.
Por intermédio da compreensão dos geossistemas, é possí-
vel entender, também, as conexões da Geografia Física, pois, por 
meio de uma boa análise do meio físico e das relações – entre elas, 
as humanas, pode-se ter um planejamento racional e adequado 
do espaço, uma vez que é a partir da associação dos elementos 
que o compõem que se dá toda a estrutura da paisagem.
Outro termo muito utilizadonas ciências relacionadas à área 
ambiental é o conceito de "ecossistema", o qual reflete as relações 
de uma dada população numa dada área e seus fluxos de matéria 
e energia. Aliás, essa é uma palavra-chave quando se fala de siste-
mas. Os fluxos é que fazem um sistema ter um caráter dinâmico, 
proporcionando, sempre, sua autorregulação.
Podemos citar, como exemplo de um sistema em Geografia, 
as cidades, ou seja, um sistema urbano. Uma cidade tem um territó-
rio próprio, possui um arcabouço físico, com características próprias 
de relevo e clima, acesso aos recursos hídricos, além de possuir re-
lações constantes entre os seus habitantes. Há uma entrada cons-
tante de energia elétrica e matéria, como, por exemplo, madeira e 
produtos da construção civil, e, também, a conversão dessa matéria 
e energia em produtos industrializados, de consumo, caracterizando 
um intenso dinamismo desse sistema urbano, que, não necessaria-
mente, é isolado, mas pode ter conexões intensas com outros siste-
mas por meios diversos, como as rodovias, por exemplo.
Se os sistemas urbanos são um grande exemplo da análise 
dos sistemas em Geografia, o agrossistema também é. Da mesma 
© Biogeografia18
forma que o inchaço das cidades é um assunto do mais alto inte-
resse da Geografia, a demanda por alimentos e a transformação 
de sistemas naturais em sistemas agrícolas é de grande interesse 
para a Biogeografia, pois essa conversão de um fator natural em 
ambiente modificado interfere em toda a dinâmica do meio am-
biente, alterando os fluxos de energia, a recomposição de elemen-
tos e a manutenção da biodiversidade.
Na composição dessa análise, é de fundamental importân-
cia lançar mão de instrumentos que auxiliem na visualização dos 
elementos estudados. Para tanto, a Biogeografia faz uma parceria 
com a Cartografia no que tange à espacialização de dados e sua 
melhor interpretação.
Vivemos hoje numa época em que o aumento da popula-
ção e, consequentemente, dos recursos atinge números jamais 
observados antes. Essas mudanças no padrão de distribuição dos 
fenômenos geográficos exigem uma documentação cartográfica; 
por isso, mais do que nunca, a análise espacial dos dados vem tor-
nando-se cada vez mais presente e fundamental nas tomadas de 
decisão dos governos e das instituições.
Nesse contexto, as imagens geradas pela cartografia biogeo-
gráfica tornam-se uma importante ferramenta aplicada ao plane-
jamento e à gestão territorial. Além de ser uma peça fundamental 
nas questões do planejamento territorial, a Cartografia é um im-
portante instrumento na visualização dos próprios fenômenos e 
na espacialização das variáveis biogeográficas.
Ao observarmos a Figura 1 (que também consta na Unidade 
7), podemos ver uma série de representações de diferentes fenô-
menos relativos à Biogeografia, como a distribuição de uma espé-
cie numa escala global, a ocorrência de uma espécie vegetal em 
uma dada região ou, ainda, o volume de biomassa produzido por 
diferentes tipos de espécies vegetais.
Claretiano - Centro Universitário
19© Caderno de Referência de Conteúdo
Fonte: Troppmair (2002, p. 165).
Figura 1 Mapeamentos biogeográficos em diferentes escalas e legendas.
Essa crescente demanda pelos recursos vem sendo demons-
trada pela população mundial já há muito tempo. Desde o início 
da Revolução Industrial, no século 19, a população desloca-se para 
os centros urbanos, causando, assim, uma disputa por espaço e 
por melhores condições. É óbvio que essa demanda por espaço e 
por melhores condições foi causando, ao longo dos anos, um for-
te desequilíbrio nessa relação de uso e na preocupação da dispo-
nibilidade desses recursos para as futuras gerações. Assim, fez-se 
emergente uma atitude, por parte do Estado, para conseguir bus-
car novamente uma disponibilidade de energia, ou melhor, uma 
nova forma de uso e uma diversificação dos recursos, uma postura 
que permitisse o desenvolvimento das atividades capitalistas.
Mas de que forma isso ocorreu?
Um primeiro passo foi, justamente, a reunião dos países para 
constatar essa realidade, o que aconteceu no ano de 1972, na Sué-
© Biogeografia20
cia, onde houve, pela primeira vez, uma tentativa de conciliação en-
tre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento e, também, 
um debate com questões relacionadas aos direitos humanos e direi-
tos da mulher. Em princípio, essa discussão de fatores sociais pouco 
se relaciona com a questão ambiental, mas é necessário lembrar-
mo-nos de que o mundo estava em uma ascensão que culminava 
com o questionamento de diversos padrões de comportamento. 
Eclodiam o movimento hippie nos Estados Unidos e os movimentos 
de igualdade de direitos em todo o mundo, ao passo que, em países 
da América do Sul, se vivia sob um regime de exceção.
No Brasil, a questão ambiental não abriu muito o leque de 
discussões na esfera dos direitos humanos. A principal mudança 
foi em relação ao uso de uma fonte de energia pouco utilizada e 
pouco conhecida: o álcool. No início dos anos 1970, foi criado, pelo 
governo militar, o Pró-Álcool (Programa Nacional do Álcool), pre-
vendo a substituição do uso de combustíveis derivados do petró-
leo por combustíveis derivados da cana-de-açúcar.
Essa iniciativa pode ser entendida como uma faca de dois 
gumes: por um lado, a questão da poluição provocada pelas emis-
sões de gases das máquinas e automóveis é ambientalmente mui-
to diminuída; por outro, a monocultura da cana-de-açúcar causa 
impactos que não podem, em nenhum momento, ser considera-
dos desprezíveis. Para o plantio de cana, é preciso uma área mui-
to grande, e, quase sempre, há a necessidade de se fazer alguma 
prática de desmatamento para obtenção dessas áreas, o que com-
promete ainda mais o ambiente do ponto de vista da perda de 
vegetação e, consequentemente, de fauna.
Outro ponto negativo é quanto à sua queimada. Se, por um 
lado, a liberação de gás carbônico para a atmosfera é diminuída no 
produto final, a queima da palha da cana é algo que gera emissões de 
carbono consideráveis. Há, ainda, a questão social. No manejo dessa 
cultura, é empregada uma mão de obra cujas relações trabalhistas se 
assemelham muito às dos engenhos de açúcar do Nordeste colonial.
Claretiano - Centro Universitário
21© Caderno de Referência de Conteúdo
Repare que é a partir da década de 1970 que se inicia a 
busca por novas fontes de energia, bem como novas formas de 
utilização. É justamente nessa busca que, em meados dos anos 
1980, ocorre um terrível acidente na usina nuclear de Chernobyl, 
na Ucrânia. Esse acidente marcou para sempre o uso dessa fonte 
de energia como alternativa aos usos das fontes derivadas de com-
bustíveis fósseis, ou seja, petróleo e carvão.
Na evolução dessa ideia, é realizada, na cidade do Rio de 
Janeiro, a chamada Eco-92, talvez a mais importante conferência 
relacionada às causas ambientais ocorrida. Essa conferência nos 
trouxe algo que é extremamente utilizado até hoje: o termo sus-
tentabilidade, que deve ser o norte para as nações que realmente 
querem ser desenvolvidas.
Observe que um ambiente intocado permite a sua sustenta-
bilidade, mas, para a sobrevivência do homem, é necessário o uso 
dos recursos. Nesse sentido, é impossível atingir o estágio susten-
tável olhando somente a questão ambiental, pois é preciso olhar, 
também, as relações sociais.
Para fecharmos este raciocínio, vamos nos lembrar de um 
conhecido evento, ocorrido na cidade de Kyoto, em 1997: falamos 
da assinatura do famoso protocolo que previa a redução das emis-
sões de gases poluentes. Mais do que as assinaturas dadas pelos 
países, a ausência de uma assinatura é ainda mais lembrada. Os 
Estados Unidos recusaram-se a assinar o protocolo, alegando uma 
recessão econômica de seu país. Diante dessa postura, o mundo 
deu um passo pra trás em busca de uma sociedade mais sustentá-
vel e de um ambiente ecologicamente mais equilibrado.
É importante salientar a presença cada vez maior do chama-
do "Terceiro Setor" na discussão das causas ambientais.Nota-se, 
cada vez mais, na mídia, a presença de ONGs (Organizações Não 
Governamentais) em manifestações em prol da chamada "causa 
ambiental". No entanto, há de se ter muito cuidado com as reais 
intenções de algumas organizações que muitas vezes aparecem 
© Biogeografia22
com uma conotação muito mais marqueteira do que propriamen-
te ambiental.
No Brasil, atitudes muito interessantes foram adotadas em 
favor de um ambiente mais equilibrado. Uma delas foi a adoção 
de uma legislação ambiental belíssima, uma das mais avançadas e 
esclarecidas do mundo. Porém, a mais interessante, talvez, seja a 
adoção da chamada "Educação Ambiental", como algo a ser abor-
dado nas escolas. Essa atitude reflete uma preocupação com a 
nova geração dos usuários dos recursos ambientais, para que ela 
faça, do ambiente herdado, um local agradável e possível de tirar 
o sustento da sociedade.
Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rá-
pida e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um 
bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de 
conhecimento dos temas tratados neste Caderno de Referência de 
Conteúdo. Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos:
1) Abiótico: componente do ecossistema que não inclui se-
res vivos, como, por exemplo, as substâncias minerais, 
os gases e os elementos climáticos isolados.
2) Alóctone: quem ou o que veio de fora, que não é origi-
nário da região. Solos desenvolvidos em material de ori-
gem transportada, sem relação direta com a rocha sub-
jacente. Rio cujo fluxo de cargas provém de outra área 
climática ou geoecológica (exemplos: Rio Nilo, Rio São 
Francisco).
3) Área core: denomina-se "área core" aquela que apre-
senta as características fundamentais da descrição de 
um dado fato a ser estudado ou, ainda, a região onde 
primeiramente foi estudado um determinado assunto.
4) Associação ecológica: complexo de comunidades que 
se desenvolve conforme variações na Fisiografia: tecidos 
geoecológicos e história sucessional dentro da subdivi-
são de um bioma.
Claretiano - Centro Universitário
23© Caderno de Referência de Conteúdo
5) Associação vegetal: comunidade biótica formada por 
um conjunto definido de espécies vegetais existentes no 
interior do bioma.
6) Bacia hidrográfica: área total de drenagem que alimen-
ta uma determinada rede hidrográfica. Área delimitada 
por divisores de água, para onde escoa toda a água de 
chuva e aonde as águas confluem para um único ponto: 
o exutório.
7) Biocenose: "[...] é o conjunto de diversas espécies que 
vivem em uma mesma região. O termo ‘biocenose' foi 
criado pelo zoólogo alemão K. A. Möbius, em 1877, para 
ressaltar a relação de vida em comum dos seres que ha-
bitam determinada região" (TROPPMAIR, 2008, p. 114).
8) Bioma: "[...] é uma unidade biológica ou espaço geográ-
fico caracterizado de acordo com o macroclima, a fitofi-
sionomia (aspecto da vegetação de um lugar), o solo e a 
altitude específicos. Alguns, também são caracterizados 
de acordo com a presença ou não de fogo natural" (IN-
FOESCOLA, 2011a).
9) Biomassa: trata-se de um material constituído por subs-
tâncias de origem orgânica (vegetal, animal e microrga-
nismos). Alguns exemplos de biomassa são as plantas, os 
animais e os seus derivados. Seu uso como combustível 
pode ser feito a partir da forma bruta, utilizando madei-
ra, produtos e resíduos de origem agrícola, resíduos flo-
restais e pecuários, excrementos de animais e, também, 
lixo (APROER, 2011).
10) Biótopo: área geográfica ocupada por uma biocenose.
11) Ciclo hidrológico: sucessão de fases percorridas pela 
água na natureza, ao passar da atmosfera para a Terra 
e vice-versa. Consiste na evaporação da água do solo, 
mares, rios, lagos e represas; condensação para formar 
as nuvens; precipitações, reacumulação no solo e dife-
rentes massas de água; escoamento direto ou retardado 
para o mar; e reevaporação. O ciclo hidrológico pode ser 
atrapalhado pela entrada de gases e produtos químicos 
originada por ações antrópicas (indústrias), ocasionan-
do, com isso, a chuva ácida.
© Biogeografia24
12) Ciclos bioquímicos/geoquímicos: "[...] são processos 
naturais que reciclam elementos do meio ambiente para 
os organismos e vice-versa" (TROPPMAIR, 2008, p. 23).
13) Clímax: "[...] última comunidade biológica em que ter-
mina uma sucessão ecológica, isto é, a comunidade es-
tável que não sofre mais mudanças direcionais. Neste 
estágio há um equilíbrio dinâmico, enquanto as condi-
ções ambientais permanecem relativamente estáveis" 
(TROPPMAIR, 2008, p. 117).
14) Continentalidade: fator geográfico do clima que respon-
de por variações de amplitude térmica em função do 
grau de interiorização continental dos lugares. Esse fator 
responde pelo aumento da amplitude das temperaturas 
médias na mesma faixa de latitude. A intensidade da 
continentalidade varia de continente para continente, 
dependendo do tamanho de seu território e da intensi-
dade de suas massas de ar.
15) Corredor ecológico: é a ligação de áreas de mata. Essa li-
gação permite que haja troca de material genético entre 
as espécies dos diferentes nichos ecológicos, proporcio-
nando a manutenção da biodiversidade.
16) Densidade de drenagem: é o número de canais (de rios 
ou de riachos) presentes em uma determinada área.
17) Desenvolvimento sustentável: "[...] A definição mais 
aceita para desenvolvimento sustentável é o desenvolvi-
mento capaz de suprir as necessidades da geração atual, 
sem comprometer a capacidade de atender as necessi-
dades das futuras gerações. É o desenvolvimento que 
não esgota os recursos para o futuro" (WWF, 2011).
18) Desertificação: desenvolvimento de condições desér-
ticas (deficiência de água e/ou relativa à ausência de 
vegetação) como resultado de atividades humanas ou 
mudanças climáticas. No Brasil, ocorrem nódulos de de-
sertificação no nordeste seco e nos lençóis de areia do 
sudoeste do Rio Grande do Sul.
19) Domínio morfoclimático e fitogeográfico: "[...] grande 
área do espaço geográfico no interior de áreas continen-
tais, onde predominam feições morfológicas e condições 
Claretiano - Centro Universitário
25© Caderno de Referência de Conteúdo
ecológicas integradas" (AB'SÁBER, 2003, p. 9). Os domí-
nios morfoclimáticos possuem áreas de milhões a cente-
nas de milhares de quilômetros de extensão, incluindo 
diversas regiões naturais e compartimentos topográfi-
cos, mas conservando condições geoecológicas extensi-
vas, feições geomorfológicas aparentadas, associações 
regionais de solos específicos, coberturas vegetais natu-
rais características e condições hidrológicas regionais di-
ferenciadas em relação aos domínios morfoclimáticos e 
biogeográficos adjacentes. Entre as áreas dos diferentes 
domínios, ocorrem faixas de transição geoecológicas e 
contatos de flora muito heterogêneos.
20) Ecossistema, ou geobiocenose: "Pode ser definido como 
um sistema de interações em funcionamento, composto 
de um ou mais organismos vivos e seus ambientes reais, 
tanto físicos como biológicos" (TROPPMAIR, 2002, p. 
100). 
21) Ecótono: "[...] zona de transição entre as comunidades 
ecológicas ou biomas adjacentes podendo ser gradual, 
abrupta (ruptura) em mosaico ou apresentar estrutura 
própria" (INFOESCOLA, 2011b).
22) Evapotranspiração: perda combinada de água de uma 
dada área por evaporação através da superfície do solo 
e pela transpiração das árvores, expressa em milímetros 
ou centímetros por dia.
23) Floresta ciliar: formação vegetal localizada nas margens 
de quaisquer corpos d'água, tais como rios, córregos, 
lagos, represas ou nascentes, também conhecida como 
"mata de galeria" (quando a vegetação das duas margens 
forma um dossel sobre a água). "Considerada pelo Código 
Florestal Federal como 'área de preservação permanen-
te', com diversas funções ambientais, devendo respeitar 
uma extensão específica de acordo com a largura dos rios, 
lagos, represas e nascentes" (MATA CILIAR, 2011). 
24) Floresta galeria: florestaque orla um ou dois lados de um 
curso d'água em uma região onde a vegetação do inter-
flúvio não é floresta contínua (cerrado, savana ou campo 
limpo). É interessante fazer uma distinção entre a floresta 
galeria, que resulta da maior disponibilidade de água no 
© Biogeografia26
solo durante a estação seca do que naquela existente no 
interflúvio, e a floresta de encosta, que pode formar um 
contínuo com a floresta galeria em um vale.
25) Geossistema: "[...] sistema ecológico reconhecível e 
delimitável no interior de um domínio morfoclimático, 
província de vegetação ou região natural" (TROPPMAIR, 
2008, p. 113). Na prática, os geossistemas definem-se 
por espaços de certo território, onde ocorrem ecossiste-
mas aparentados na forma de associações regionais ou 
subregionais de sistemas ecológicos.
26) Região biogeográfica: grande espaço caracterizado pela 
presença de determinadas comunidades vegetais às 
quais se acoplam comunidades animais com distribuição 
desigual. As regiões dividem-se em províncias, áreas e 
distritos, obedecendo ao critério de unidades espaciais 
de ordem de grandeza decrescente.
27) Teoria dos Refúgios: devido a ciclos alternados (seco/
úmido) durante o Pleistoceno, a biota das regiões flo-
restais ficou restrita a regiões isoladas úmidas ou a refú-
gios, ali sofrendo diferenciação. A expansão dos hábitats 
úmidos ao fim de um período seco provocou a expansão 
dos animais e plantas relacionados aos hábitats mais fe-
chados, mais úmidos, deixando centros de maior diver-
sidade e endemismos como evidência dos refúgios do 
Pleistoceno.
Esquema dos Conceitos-chave
Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais 
importantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um 
Esquema dos Conceitos-chave. O mais aconselhável é que você 
mesmo faça o seu esquema de conceitos-chave ou até mesmo o 
seu mapa mental. Esse exercício é uma forma de você construir o 
seu conhecimento, ressignificando as informações a partir de suas 
próprias percepções.
É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos 
Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações en-
Claretiano - Centro Universitário
27© Caderno de Referência de Conteúdo
tre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais 
complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você 
na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de 
ensino.
Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-
-se que, por meio da organização das ideias e dos princípios em 
esquemas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu co-
nhecimento de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pe-
dagógicos significativos no seu processo de ensino e aprendiza-
gem.
Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es-
colar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas 
em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda, 
na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es-
tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos 
conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim, 
novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem 
pontos de ancoragem.
Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa, ape-
nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci-
so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure 
como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con-
siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais 
de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei-
tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez 
que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog-
nitivas, outros serão também relembrados.
Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você 
o principal agente da construção do próprio conhecimento, por 
meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas 
e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tor-
nar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhe-
cimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabele-
© Biogeografia28
cendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com 
o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do 
site disponível em: <http://penta2.ufrgs.br/edutools/mapascon-
ceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 mar. 2010).
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 2 Esquema dos Conceitos-chave – Biogeografia.
Como você pode observar, esse esquema dá a você, como 
dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais im-
portantes deste estudo. Ao segui-lo, será possível transitar entre 
um e outro conceito e descobrir o caminho para construir o seu 
processo de ensino-aprendizagem. Por exemplo, é possível vi-
sualizar, de maneira rápida e objetiva, os primórdios dos estudos 
biogeográficos, traçar um rápido paralelo com a evolução e a es-
pacialização dos seres vivos e observar os instrumentos atuais de 
proteção aos recursos naturais.
O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de 
aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambien-
te virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como 
àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realiza-
Claretiano - Centro Universitário
29© Caderno de Referência de Conteúdo
das presencialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EaD, 
deve valer-se da sua autonomia na construção de seu próprio co-
nhecimento.
Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões 
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem ser 
de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertativas.
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como 
relacioná-las com a prática do ensino de Geografia pode ser uma 
forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a re-
solução de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará se 
preparando para a avaliação final, que será dissertativa. Além disso, 
essa é uma maneira privilegiada de você testar seus conhecimentos 
e adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional.
As questões de múltipla escolha são as que têm como respos-
ta apenas uma alternativa correta. Por sua vez, entendem-se por 
questões abertas objetivas as que se referem aos conteúdos 
matemáticos ou àqueles que exigem uma resposta determinada, 
inalterada. Já as questões abertas dissertativas obtêm por res-
posta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado; por isso, 
normalmente, não há nada relacionado a elas no item Gabarito. 
Você pode comentar suas respostas com o seu tutor ou com seus 
colegas de turma.
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus 
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.
Figuras (ilustrações, quadros...)
Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte inte-
grante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilustra-
© Biogeografia30
tivas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no 
texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os con-
teúdos estudados, pois relacionar aquilo que está no campo visual 
com o conceitual faz parte de uma boa formação intelectual.
Dicas (motivacionais)
O estudo deste Caderno de Referência de Conteúdo convida 
você a olhar, de forma mais apurada, a Educação como processo 
de emancipação do ser humano. É importante que você se atente 
às explicações teóricas, práticas e científicasque estão presentes 
nos meios de comunicação, bem como partilhe suas descobertas 
com seus colegas, pois, ao compartilhar com outras pessoas aqui-
lo que você observa, permite-se descobrir algo que ainda não se 
conhece, aprendendo a ver e a notar o que não havia sido perce-
bido antes. Observar é, portanto, uma capacidade que nos impele 
à maturidade.
Você, como aluno dos cursos de Graduação na modalidade 
EaD, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente. 
Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor 
presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugeri-
mos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades 
nas datas estipuladas.
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em seu 
caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas poderão ser 
utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produções científicas.
Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie 
seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta 
a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas.
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões 
autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os 
conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos 
para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, 
Claretiano - Centro Universitário
31© Caderno de Referência de Conteúdo
pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure-
cimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na 
modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando 
sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.
Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a 
este Caderno de Referência de Conteúdo, entre em contato com 
seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você.
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AB'SÁBER, A. N. Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. 4. ed. 
São Paulo: Ateliê, 2003.
TROPPMAIR, H. Biogeografia e meio ambiente. 5. ed. Rio Claro: Graf-Set, 2002.
_________. Biogeografia e meio ambiente. 8. ed. Rio Claro: Graf-Set, 2008.
4. E-REFERÊNCIAS
APROER. Biomassa: uma dupla solução. Disponível em: <http://www.aproer.org.br/
vernoticia.php?id=2500>. Acesso em: 20 jul. 2011.
INFOESCOLA. Bioma. Disponível em: <http://www.infoescola.com/geografia/bioma/>. 
Acesso em: 10 jul. 2011a.
______. Ecótono. Disponível em: <http://www.infoescola.com/ecologia/ecotono/>. 
Acesso em: 10 jul. 2011b.
MATA CILIAR. Paraná – Governo do Estado. Secretaria do Meio Ambiente e Recursos 
Hídricos. Disponível em: <http://www.mataciliar.pr.gov.br>. Acesso em: 16 nov. 2011.
WWF – WORLD WILD FOUNDATION. O que é desenvolvimento sustentável?. Disponível 
em: <http://www.wwf.org.br/informacoes/questoes_ambientais/desenvolvimento_
sustentavel/>. Acesso em: 10 jul. 2011.
Claretiano - Centro Universitário
1
EA
D
Introdução, História 
e Evolução da 
Biogeografia
1. OBJETIVOS
• Compreender o objeto de estudo da Biogeografia e seus 
objetivos.
• Entender as subdivisões e as interfaces da Biogeografia 
com outras ciências.
• Conhecer e entender a origem histórica e o desenvolvi-
mento dos estudos biogeográficos no Brasil.
2. CONTEÚDOS
• Biogeografia: definições, objeto de estudo e objetivos.
• Subdivisão da Biogeografia.
• Biogeografia e Ecologia.
• História da Biogeografia.
• Evolução dos estudos biogeográficos no Brasil.
© Biogeografia3434
3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE
Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que 
você leia as orientações a seguir:
1) Fique atualizado às informações relacionadas ao meio 
físico, disponíveis em todas as mídias. Lembre-se de que 
o ambiente está em constante transformação; dessa 
forma, uma análise crítica e evolutiva sobre o tema será 
uma consequência de seu aprendizado.
2) Faça um estudo comparativo da fauna de diferentes 
continentes que estejam numa mesma latitude, a fim de 
ampliar seus conhecimentos acerca da temática desen-
volvida no decorrer desta unidade.
3) Descubra e analise os motivos da existência de espécies 
de plantas diferentes numa mesma latitude, mas em al-
titudes diferentes.
4) Consulte, como material de apoio importante, a Revista 
Nova Escola, publicada pela Editora Abril, que apresenta 
textos que podem dar suporte para a aplicação da Bio-
geografia em sua prática profissional.
5) Para elucidar questões sobre o tema Biogeografia, reco-
mendamos que leia o artigo Os viajantes e a Biogeografia, 
de Nelson Papavero e Dante Martins Teixeira, disponí-
vel em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0104-59702001000500012>. Acesso em: 
22 jun. 2011.
6) Faça uma pesquisa na web sobre a biografia de Charles 
Darwin, Alexander Von Humboldt e Alfred Wallace, a fim 
de contextualizar suas obras no período de sua produção.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Se alguém lhe dissesse ter visto um urso-polar na Floresta 
Amazônica, você acharia estranho, não é mesmo? E se fosse um 
exemplar de pau-brasil na Sibéria? Com certeza, você também não 
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35© U1 - Nome da Unidade Introdução, História e Evolução da Biogeografia
acreditaria se alguém declarasse ter encontrado uma arara-azul na 
Antártida. Enfim, todas essas afirmações são inconsistentes, pois os 
seres vivos não se distribuem igualmente pela superfície da Terra.
Apesar de algumas espécies apresentarem uma vasta distri-
buição geográfica, os seres vivos, em geral, são encontrados ape-
nas em lugares onde há condições ambientais que permitam não 
somente a sobrevivência do indivíduo, mas também a propagação 
da espécie, ou seja, regiões onde haja alimentos e um meio propí-
cio para a geração de novos descendentes. Isso não seria possível 
para um urso-polar na Floresta Amazônica nem para uma árvore 
como o pau-brasil ou para uma arara-azul nas geladas Sibéria e 
Antártida.
A Biogeografia tem como objetivo entender essa distribui-
ção espacial dos seres vivos, explicar como e por que ela ocorre, 
quais são as barreiras que condicionam a expansão e o isolamento 
das espécies, quais são os padrões de variação ocorridos na Terra, 
relacionados à quantidade e aos tipos de seres vivos, entre outros 
fatores que fazem do nosso planeta um modelo de biodiversidade 
espacial tão variado.
Ao longo desta unidade, estudaremos as origens e o desen-
volvimento desta ciência até os dias de hoje. Buscaremos o enten-
dimento das subdivisões, seu objeto de estudo, suas relações com 
outras ciências e sua evolução no Brasil.
Prepare-se para uma viagem por obras de grandes nomes da 
Biogeografia!
Bom estudo!
5. BIOGEOGRAFIA: DEFINIÇÕES, OBJETO DE ESTUDO 
E OBJETIVOS
Como já observado, a Geografia é a ciência que estuda as 
interações, a organização e os processos espaciais (BERRY, 1969). 
© Biogeografia3636
Partindo desse princípio, Troppmair (2008) afirma que, como in-
tegrante da ciência geográfica, a Biogeografia procura os mesmos 
objetivos.
Na literatura recente, há muitas definições de Biogeografia. 
Algumas são extremamente concisas e pouco informativas, en-
quanto outras, mais extensas, demandam uma análise mais pro-
funda. Para que você visualize melhor os propósitos da Biogeo-
grafia e forme uma opinião a respeito dela, observe as definições 
elaboradas pelos pesquisadores a seguir.
Elhai (1968 apud TROPPMAIR, 2008, p. 5) define a Biogeo-
grafia como "[...] o estudo das plantas e animais na superfície da 
Terra, suas repartições, seus agrupamentos e suas relações com 
outros elementos do mundo físico e humano".
Lacoste e Salanon (1973, p. 15) consideram que "[...] a Bio-
geografia tem por objeto de estudo a distribuição dos seres vivos 
sobre a superfície do globo, e põe em evidência as causas que re-
gem esta distribuição".
Já Margalef (1974, p. 238) define a Biogeografia como "[...] o 
estudo dos fenômenos biológicos em suas manifestações espaciais".
Mueller (1976 apud TROPPMAIR, 2008, p. 5) afirma que:
A Biogeografia pesquisaas razões da distribuição dos organismos, 
das comunidades vivas e dos ecossistemas nas paisagens do mun-
do. A estrutura, função, a história e os fatos indicadores sobre es-
paços são os objetivos dos estudos biogeográficos.
Martins (1987, p. 9) acredita que: "Biogeografia é a ciência 
que estuda a distribuição geográfica dos seres vivos de acordo com 
as condições climáticas e na dependência das possibilidades de 
adaptação".
Zunino e Zullini (2003, p. 1), porém, consideram a Biogeo-
grafia "[...] o estudo dos aspectos espaciais e espaço-temporais da 
biodiversidade ou, em outras palavras, como a ciência que estuda 
a dimensão espacial da evolução biológica".
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37© U1 - Nome da Unidade Introdução, História e Evolução da Biogeografia
Troppmair (2008, p. 5) conclui que a Biogeografia:
[...] estuda as interações, a organização e os processos espaciais do 
presente e do passado, dando ênfase aos seres vivos – biocenoses 
– que habitam determinado local: o Biótopo.
Em todas as definições, é possível perceber que a Biogeogra-
fia está sempre associada ao enfoque espacial, uma vez que é um 
ramo da Geografia, fato que a diferencia de outras ciências, como 
a Biologia e a Ecologia.
Toda ciência tem um objeto de estudo e um campo delimi-
tado. No caso da Biogeografia, podemos definir como seu objeto 
de estudo a distribuição espacial das múltiplas formas de seres 
vivos (animais e vegetais), integrantes das cadeias alimentares e 
dependentes das condições ambientais. Já o seu campo de estudo 
é a biosfera, meio onde há vida, ou seja, a parte biologicamente 
habitada do nosso planeta.
Para aprofundar nossos conhecimentos sobre a biosfera, va-
mos à leitura do breve texto a seguir.
Biosfera ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Em 1875, o termo "biosfera" foi introduzido pelo geólogo austríaco Eduard Suess. 
Entre 1926 e 1929, o mineralogista russo Vladimir Vernandsky consagrou defi-
nitivamente o termo, utilizando-o em duas conferências de sucesso. A partir daí 
começou-se a aplicar o termo biosfera para designar a parte do planeta ocupada 
pelos seres vivos. O conceito foi criado por analogia a outros conceitos emprega-
dos para nomear partes do planeta, como, por exemplo, litosfera, camada rocho-
sa que constitui a crosta, e atmosfera, camada de ar que circunda a Terra. Bios-
fera é o conjunto de todas as partes do planeta Terra onde existe ou pode existir 
vida. A biosfera é um tanto irregular, devido à escassez, ou mesmo inexistência, 
de formas de vida em algumas áreas. Os seus limites vão dos fins das mais altas 
montanhas até às profundezas das fossas abissais marinhas.
De acordo com essas considerações, a biosfera teria espessura 
máxima de aproximadamente 17 ou 18 Km, formando uma pelí-
cula finíssima quando comparada aos 13.000 Km de diâmetro da 
Terra. Se o planeta fosse comparado a uma laranja, a biosfera não 
passaria de um fino papel de seda sobre sua superfície (IESAMBI, 
2010).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O principal objetivo da ciência biogeográfica é analisar as 
complexas interações entre os seres vivos e o meio ambiente e 
© Biogeografia3838
compreender o transcurso histórico que resultou na distribuição 
atual dos seres vivos. Inúmeros fatores interferem nessa distribui-
ção, como os diferentes tipos de clima, a vegetação e o solo, a 
atual configuração dos continentes e a formação das grandes ca-
deias montanhosas, além de modificações impostas pela ação hu-
mana. Como a Biogeografia leva em consideração os fatores men-
cionados, advém daí a sua importância para a ciência geográfica 
(CAMARGO, 1993).
6. SUBDIVISÕES DA BIOGEOGRAFIA
Os estudos biogeográficos podem referir-se de modo exclu-
sivo aos vegetais ou aos animais ou, ainda, podem abarcar o con-
junto de plantas e animais. Também podem tratar apenas de uma 
espécie, de um gênero ou de uma categoria taxonômica. Assim, a 
Biogeografia tem subdivisões e enfoques, de acordo com o tema 
estudado.
Quando se estuda somente a distribuição dos vegetais, cha-
mamo-la de Fitogeografia. Quando se examina a distribuição dos 
animais, temos a Zoogeografia. O estudo do homem como parte 
integrante da natureza é chamado de Biogeografia Antrópica, ou 
Biogeografia Social.
Com base nas três subdivisões mencionadas anteriormente, 
alguns autores, como Troppmair (2008) e Viadanna (2004), estabe-
leceram os seguintes enfoques, conforme o tema estudado:
1) Biogeografia Florística-Faunística: analisa a distribuição 
geográfica e as causas da ocorrência de determinada es-
pécie vegetal ou animal em um espaço. Por meio dessa 
perspectiva, é possível determinar os fatores limitantes 
para a ocorrência ou dispersão de determinada espécie.
2) Biogeografia Sociológica: divide-se em Fitossociologia e 
Zoossociologia e tem por objetivo estudar as espécies 
que compõem um ecossistema específico. Viadanna 
(2004) cita, como exemplo dessa subdivisão, os mangue-
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39© U1 - Nome da Unidade Introdução, História e Evolução da Biogeografia
zais e sua respectiva fauna, os quais se distribuem pelos 
litorais da América do Sul, África e sudeste asiático. No-
vos métodos de investigação temporal com técnicas de 
Palinologia permitem a elaboração de argumentos que 
apontam para as espécies que primeiro desenvolveram 
a tolerância à salinidade, evoluindo para as hoje conhe-
cidas formas que constituem os manguezais. Tais estu-
dos procuram respostas para perguntas como: "De qual 
forma tal planta ou animal aparece numa dada área?".
3) Biogeografia Histórica: abrange a Fitogeografia e a Zoo-
geografia históricas e estuda as causas da atual distri-
buição, bem como a diferença e a extinção de espécies 
da flora e da fauna. Por exemplo, nas pesquisas sobre 
a presença de fósseis em um dado local, como explicar 
que determinadas espécies de um mesmo tipo corpóreo 
ocorrem numa região "x", e não numa região "y"? Ou, 
ainda, como espécies iguais habitam locais atualmente 
muito distantes? Esses questionamentos levam a pes-
quisas investigativas sobre a evolução das espécies flo-
rísticas e faunísticas, a fim de obter respostas às seguin-
tes perguntas: "Quais foram as áreas de refúgio durante 
a retração de uma dada biota em períodos de glaciação 
(mais secos)?", ou "Qual a razão da extinção de uma 
dada espécie hoje fossilizada?".
4) Biogeografia Fisionômica: área da Biogeografia que es-
tuda os aspectos fisionômicos dos seres vivos, especial-
mente da vegetação e sua expressão na formação da 
paisagem devido a diferentes formas de crescimento.
Viadanna (2004, p. 116) define essa subdivisão como:
[...] a que trata especificamente das formas de vida, ou seja, da ex-
pressão singular no mosaico da paisagem, e isso tanto em relação 
às formações vegetais como também ao micromodelado do relevo 
terrestre [...] caso típico dos murundus (conhecidos popularmente 
como cupinzeiros) que infestam enormes extensões de parcelas do 
território brasileiro, feito pelas saúvas e térmitas.
5) Biogeografia Econômica: subdividida em Fitogeografia 
Econômica e Zoogeografia Econômica, estuda o valor e 
o aproveitamento econômico das espécies da flora e da 
fauna. É claro que esse valor é atribuído de acordo com 
© Biogeografia4040
os interesses de uma classe ou de uma sociedade, sem, 
no entanto, comprometer os recursos paisagísticos.
6) Biogeografia Regional: divide-se em Fitogeografia Re-
gional e Zoogeografia Regional e estuda as espécies 
vegetais e animais que habitam determinada região 
ou geossistema. Um clássico exemplo dessa vertente é 
o modelo proposto por Ab'Sáber (2003), dos domínios 
morfoclimatobotânicos no Brasil, delimitando áreas com 
propriedades paisagísticas em comum, suas respectivas 
áreas core e seus corredores de transição. Tal exemplo 
será abordado na Unidade 4 deste Caderno de Referên-
cia de Conteúdo.
7) Biogeografia Médica: estuda a distribuição e as causas 
da ocorrência de pragas e moléstias, contribuindo, as-
sim, para o estudoda proliferação da dengue e da febre 
amarela, por exemplo, cujos vetores se reproduzem em 
ambientes aquáticos, isso tanto na zona rural quanto 
na cidade. Além de analisar a ocorrência pontual des-
sas patologias, bem como a migração desses vetores, a 
Biogeografia Médica contribui muito para os estudos da 
movimentação das pragas agrícolas.
8) Biogeografia Ecológica: enfoca as inter-relações dos se-
res vivos com as condições geoecológicas do meio am-
biente em determinado espaço. Tal subdivisão busca 
respostas a questões como: Qual a relação entre água, 
solo e vegetação? Qual a relação entre a perda da qua-
lidade de água destinada ao abastecimento público e a 
instalação de um polo industrial petrolífero por um pe-
ríodo de dez anos? Há influência entre a possível con-
centração de poluentes na formação da vegetação de 
uma área afetada pela contaminação do lençol freático? 
Ou, ainda, qual a relação entre a poluição do ar causa-
da pela instalação de uma indústria que libera material 
particulado para a atmosfera com o aumento do número 
de internações hospitalares decorrentes de doenças li-
gadas ao aparelho respiratório por um período de cinco 
anos? São as respostas dadas por meio do cruzamento 
de diversas variáveis que dão grande importância a esta 
subdivisão da Biogeografia.
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41© U1 - Nome da Unidade Introdução, História e Evolução da Biogeografia
9) Biogeografia Evolucionária: trata do estudo dos seres 
vivos e das condições geoecológicas que incidem para 
a evolução por meio da seleção natural. Por exemplo, 
como determinada espécie animal se desenvolveu em 
relação ao meio e aos predadores, como uma espécie 
vegetal se desenvolveu para aproveitar melhor a pou-
ca luminosidade ou como ocorre o desenvolvimento de 
frutos que atraiam animais para possibilitar sua dissemi-
nação.
10) Biogeografia Antrópica ou Social: estuda o homem, ser 
vivo que depende ou influi nas condições ambientais, e, 
principalmente, qual a influência das ações antrópicas nas 
questões ambientais. Por exemplo, qual o impacto am-
biental e suas consequências em determinada atividade? 
Como a poluição sonora afeta os seres humanos?
Segundo Viadanna (2004), os estudos associados à Fitogeo-
grafia estão mais desenvolvidos em nosso país do que os ligados 
à Zoogeografia. De acordo com Camargo (1998 apud VIADANNA, 
2004, p. 113):
Para o geógrafo, o estudo da vegetação se reveste de valor, em vir-
tude da expressão que a cobertura vegetal imprime à paisagem, 
pois constitui um componente de fácil observação [...] em função 
das conexões com o clima, relevo, solo e hidrografia, a vegetação 
pode assumir fisionomias singulares.
Para o estudo aprofundado da Zoogeografia, não há vasta bi-
bliografia, podendo-se encontrar material mais completo na área 
da Zoologia, que trata basicamente das relações entre os seres vi-
vos, sejam indivíduos, sejam comunidades. A Zoologia não dá o 
enfoque espacial, sendo esse o objeto de estudo da Geografia.
É importante destacar que muitos autores divergem sobre 
as subdivisões da Biogeografia. Para Dansereau (1957), a ciência 
biogeográfica está intrinsecamente ligada aos fatores tempo e es-
paço. Estes são relevantes, levando o estudo dos seres vivos a ser 
abordado sob diferentes níveis de integração:
1) Paleontológico: aborda a origem, o apogeu e o desapa-
recimento de plantas e animais.
© Biogeografia4242
2) Paleoecológico: estuda a evolução das espécies e as mu-
danças geográficas do clima e da vegetação.
3) Aerográfico: analisa a distribuição de todas ou de algu-
mas espécies de plantas e animais.
4) Bioclimatológico: indaga sobre os fatores meteorológi-
cos responsáveis pela atual limitação.
5) Autoecológico: propõe-se a estudar apenas o ser vivo 
individualizado, isto é, nos vários aspectos do seu ciclo 
vital e em seu meio.
6) Sinecológico: atenta para o próprio meio, de um modo 
global, com tudo o que nele vive, descobrindo o motivo 
do equilíbrio existente.
7) Sociológico: analisa a maneira como se associam as es-
pécies e as proporções que guardam entre si.
8) Industrial: pesquisa a adaptação do homem ao meio, 
objetivando saber como ele utilizou (ou utiliza) seus re-
cursos e como transformou a paisagem até estabelecer 
um novo equilíbrio, este diferente do primitivo.
Segundo Furon (1961), o propósito da Biogeografia é de re-
construir a história da população atual, pois esta apresenta nu-
merosos problemas e muitos enigmas. Para tanto, ele subdivide a 
Biogeografia em três ramos principais:
• Biogeografia Estatística: limita-se ao estudo das espécies, 
à repartição dessas espécies em animais e vegetais e às 
condições ecológicas dessa repartição.
• Biogeografia Histórica, ou Paleobiogeografia: enfoca a 
repartição dos seres vivos e a Ecologia no decorrer dos 
tempos geológicos.
• Biogeografia Dinâmica: analisa as causas geográficas e 
biológicas das origens da população atual.
Lemée (1967 apud KUHLMANN, 1977) reconhece, no campo 
da Biogeografia, diferentes direções interdependentes e comple-
mentares:
• Corologia: estuda a área geográfica das unidades taxo-
nômicas, tais como espécies, gêneros, famílias etc., suas 
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origens, mudanças dos limites e as características dos ter-
ritórios florais e faunísticos.
• Biocenologia: enfoca a análise das comunidades de or-
ganismos vistas em seus diferentes aspectos, como or-
ganização, composição taxonômica dinâmica e extensão 
geográfica.
• Ecologia: trabalha com as relações dos organismos e de 
suas comunidades com o meio exterior.
E então, o que você é capaz de concluir após essa leitura?
Partindo da análise das subdivisões propostas pelos autores 
citados, podemos notar que, apesar das diferentes nomenclaturas 
propostas, todos enfatizam as características fundamentais da Bio-
geografia: a espacialização dos seres vivos e os seus fatores deter-
minantes. Assim, não estabeleceremos como corretas as ideias de 
apenas um autor, pois todas são complementares e auxiliarão na 
formação de uma base conceitual.
Vale ressaltar que, neste Caderno de Referência de Conteú-
do, adotamos essa postura por considerá-la adequada ao ambien-
te acadêmico de discussões e desenvolvimento do conhecimento 
científico, além de permitir abranger um volume maior de infor-
mações sobre a Biogeografia, fornecendo condições necessárias 
para que, no final do nosso estudo, você possa formar sua própria 
opinião a respeito do tema e das suas diversas correntes.
7. BIOGEOGRAFIA E ECOLOGIA
Para compreender as relações e as diferenças entre a Bio-
geografia e a Ecologia, vamos inicialmente entender a definição 
dessa última. "Ecologia" é um termo muito usual nos dias de hoje, 
mas nem todos conhecem seu real significado.
O biólogo e zoólogo alemão Ernest Haeckel (1834-1919) 
criou o termo "Ecologia" em 1869. Para ele, significava o estudo da 
© Biogeografia4444
inter-relação dos seres vivos com o meio ambiente onde vivem. O 
objeto de estudo da Ecologia são os seres vivos, flora e fauna, po-
rém seu objetivo são especificamente as relações dos seres vivos 
e os ciclos energéticos e biogeoquímicos, bem como a produção 
primária das comunidades e a dinâmica das populações (TROPP-
MAIR, 2008).
De acordo com Troppmair (2008), a Ecologia também pode 
ser subdividida em Autoecologia, quando espécies são estudadas 
individualmente, e Sinecologia, quando o estudo abrange um gru-
po de seres vivos, ou seja, uma biocenose.
É compreensível que um grande número de pessoas ainda 
hoje confunda os termos "Ecologia" e "Biogeografia", visto que as 
duas ciências têm em comum o estudo dos seres vivos e suas rela-
ções. No entanto, é sempre importante destacar que a Biogeografia 
tem como premissa básica o componente espacial em seus estudos.
Christofoletti (1981), abordando essa temática, expõe que 
aparentemente são acentuadas as semelhanças entre as duas 
ciências. O autor diz que, em seu

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