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Direito Penal: Crimes Contra o Patrimônio - Furto

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DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL DF 
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Prof. Lúcio Valente www.pontodosconcursos.com.br 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
FURTO (ART. 155) 
1. Pratica o crime de furto aquele que subtrai (retira) de alguém 
(proprietário ou possuidor) coisa móvel alheia com a finalidade (dolo 
específico) de tê-la para si ou para entregá-la para terceira pessoa. 
2. Coisa alheia móvel: para o direito penal, é “móvel” tudo que 
pode ser deslocado, inclusive coisas imobilizadas (imóveis por 
acessão, como janelas de uma casa), as pertenças e as benfeitorias 
removíveis. Incluem-se nesse conceito os semoventes (o furto de 
gado denomina-se abigeato) e a energia com valor econômico, como 
a energia elétrica (§ 3º). 
3. Ser humano: não pode ser furtado, pois não é coisa. O crime, 
conforme o caso, poderá ser de sequestro (art. 148), extorsão 
mediante sequestro (art. 159) ou subtração de incapazes (art. 249). 
Entretanto, configurará furto a subtração de partes não vitais e 
próteses do corpo humano (ex.: cabelos, dentes, dentadura, perna 
mecânica). 
4. Cadáver: o cadáver, em princípio não pode ser objeto de furto, 
mas sua subtração encontra adequação ao tipo do art. 211 
(“Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele”). Se, 
entretanto, o cadáver encontrar-se na posse legítima de pessoa física 
ou jurídica, poderá ocorrer o crime de furto (ex.: cadáver pertencente 
a uma faculdade de medicina). 
 
 
 
DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL DF 
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5. Não há furto quando a coisa tratar-se de res nullius (coisas que 
nunca tiveram dono), de res derelicta (coisas abandonadas) ou de 
coisas de uso comum (pertencente a todos), tais como o ar, a água 
dos oceanos. 
6. Quem se apropria de coisa perdida (res desperdicta) pratica o 
crime de apropriação de coisa achada (art. 169, parágrafo único, II). 
7. Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra 
que tenha valor econômico (ex.: nuclear, térmica). A subtração de 
sêmen de animal reprodutor também é considerada furto, uma vez 
que se constitui em energia genética e possui valor econômico. 
8. A remoção de tecidos, órgãos ou partes do corpo de pessoa ou 
de cadáver, para fins de transplante, em desacordo com as 
disposições legais, caracteriza o crime definido pelo art. 14 da Lei nº 
9.434/97 (Lei de Transplantes). 
9. “Coisa alheia”: não haverá crime de furto caso o agente seja 
possuidor ou detentor da coisa, mas sim apropriação indébita (art. 
168). Entende-se, também, que o proprietário da coisa não pode ser 
autor de furto, mesmo que o objeto esteja na posse de terceira 
pessoa, pois o tipo exige subtração de “coisa alheia”. Neste caso, 
pode-se configurar o exercício arbitrário das próprias razões (art. 
345). 
10. Dolo específico (elemento subjetivo do tipo): o crime de 
furto exige, além do dolo de subtrair (animus furandi), o dolo 
específico consistente na vontade de o agente se apossar ou de se 
apropriar de coisa alheia (animus rem sibi habendi). Com esse 
raciocínio, em princípio, não haverá crime no furto de uso. 
11. O furto de uso, que não é considerando crime pelo código penal 
comum, ocorre quando a coisa é subtraída para o fim de uso 
momentâneo e, a seguir, vem a ser imediatamente restituída ou 
 
 
 
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reposta no lugar onde se achava. Observe-se que o Código Penal 
Militar prevê a presente figura como delito militar (art. 241 do CPM). 
12. Furto famélico: quando o crime ocorre por extrema 
necessidade de saciar a fome. É modalidade de estado de 
necessidade (art. 24). 
13. Famulato: é furto praticado por funcionário enquanto tem 
detenção passageira da coisa (ex.: caixa do supermercado). 
14. Consumação: a consumação do furto ocorre no momento 
em que o agente tem a posse da res furtiva, cessada a 
clandestinidade, independente da recuperação posterior do 
bem objeto do delito (STF, HC 95.398/RS, DJ 03/09/2009). Como 
se vê, não é exigível “posse mansa e pacífica da coisa”, isto é, o furto 
se consuma quando, em razão da subtração, a vítima é privada, 
ainda que momentaneamente, da livre disponibilidade da coisa. É 
firme a jurisprudência do Supremo Tribunal no sentido de que, para a 
consumação do crime de furto, basta a verificação de que, cessada a 
clandestinidade, o agente tenha tido a posse do objeto do delito, 
ainda que retomado, em seguida, pela perseguição imediata (ex.: 
está consumado o furto quando o agente subtrai a bolsa da vítima, 
sendo imediatamente seguido e preso por policiais que passavam 
pelo local). 
15. Crime impossível e dispositivos antifurto (alarmes, 
câmeras, agentes de segurança): o fato do paciente estar sendo 
vigiado por fiscal do estabelecimento comercial ou a existência de 
sistema eletrônico de vigilância não impede de forma 
completamente eficaz a consumação do delito. Deste modo, não há 
que se reconhecer caracterizado o crime impossível, pela absoluta 
ineficácia dos meios empregados (STJ, HC 153.069/SP, DJ 
03/05/2010). 
 
 
 
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16. Furto praticado durante o repouso noturno (art. 155, § 
1º): trata-se de causa de aumento de pena para o crime praticado 
durante o repouso noturno. A pena é a mesma do furto simples com 
um aumento de 1/3. Aplica-se tal causa de aumento de pena apenas 
para o furto previsto no caput do art. 155, e não para suas figuras 
qualificadas (STJ, REsp 940.245/RS, DJ 13/12/2007). 
17. “Repouso noturno”: não se refere propriamente à “noite”, 
mas ao período que normalmente a população de determinada 
comunidade se aquieta para o sono noturno. É suficiente que o delito 
ocorra durante repouso noturno, período de maior vulnerabilidade 
para as residências, lojas e veículos. É irrelevante o fato de se tratar 
de estabelecimento comercial ou de residência, habitada ou 
desabitada, bem como o fato de a vítima estar, ou não, efetivamenterepousando (STJ, REsp 940.245/RS, DJ 10/03/2008). 
18. Furto privilegiado (art. 155, § 2º): trata-se de causa 
especial de diminuição de pena (1/3 a 2/3) ou benefício para 
aplicação exclusiva da pena de multa. Exige primariedade (não ter 
sido condenado definitivamente após outra sentença condenatória 
definitiva) e pequeno valor da coisa furtada (não excedente a um 
salário mínimo), independentemente do efetivo prejuízo para a 
vítima. Desta forma, a excessiva fortuna ou a demasiada pobreza da 
vítima são irrelevantes para a concessão do privilégio. 
19. Furto de pequeno valor e princípio da insignificância: no 
caso de furto, para efeito da aplicação do princípio da insignificância, 
é imprescindível a distinção entre ínfimo (ninharia) e pequeno valor. 
Este implica eventualmente, em furto privilegiado; aquele, na atipia 
conglobante (dada a mínima gravidade). Para a incidência do 
princípio da insignificância, são necessários a mínima ofensividade da 
conduta do agente, nenhuma periculosidade social da ação, o 
reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a 
 
 
 
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inexpressividade da lesão jurídica provocada (STF, HC 84.412/SP, DJ 
19/11/2004, e STJ, HC 164.993/RJ, DJ 14/06/2010). 
20. O fato insignificante (ou irrelevante penal) é excluído de 
tipicidade penal, podendo, por óbvio, ser objeto de tratamento mais 
adequado em outras áreas do Direito, como ilícito civil ou falta 
administrativa. Não considero apenas e tão somente o valor subtraído 
(ou pretendido à subtração) como parâmetro para aplicação do 
princípio da insignificância. Do contrário, por óbvio, deixaria de haver 
a modalidade tentada de vários crimes, como no próprio exemplo do 
furto simples, bem como desaparecia do ordenamento jurídico a 
figura do furto privilegiado (CP, art. 155, § 2°). A lesão se revelou 
significante não apenas em razão do valor do bem subtraído, mas 
principalmente em virtude do concurso de três pessoas para a prática 
do crime (o paciente e dois adolescentes). De acordo com a 
conclusão objetiva do caso concreto, não foi mínima a ofensividade 
da conduta do agente, sendo reprovável o comportamento do 
paciente. Compatibilidade entre as qualificadoras (CP, art. 155, § 4°) 
e o privilégio (CP, art. 155, § 2°), desde que não haja imposição 
apenas da pena de multa ao paciente (STF, HC 99.355/MG, DJ 
28/05/2010). 
21. Homicídio privilegiado-qualificado: há compatibilidade entre 
as hipóteses de furto qualificado e o privilégio constante do § 2º do 
art. 155 do CP. Em se tratando de circunstância qualificadora de 
caráter objetivo (meios e modos de execução do crime), é possível o 
reconhecimento do privilégio, o qual é sempre de natureza subjetiva. 
A qualificadora do rompimento de obstáculo (natureza nitidamente 
objetiva) em nada se mostra incompatível com o fato de ser o 
acusado primário e a coisa de pequeno valor (STF, HC 98.265/MS, DJ 
24/3/2010). 
 
 
 
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22. Furto qualificado (§§ 4º e 5º): o Código Penal prevê as 
seguintes qualificadoras para o furto: 
a) destruição ou rompimento de obstáculo; 
b) abuso de confiança; 
c) fraude; 
d) escalada; 
e) destreza; 
f) chave falsa; 
g) concurso de pessoas; 
h) furto de veículo automotor que sejam levados para outros 
Estados (ou DF) ou para outro país. 
23. Destruição ou rompimento de obstáculo: o obstáculo, 
obrigatoriamente, há de ser estranho à coisa furtada. Não se aplica 
quando a violência é utilizada pelo agente contra a própria coisa 
subtraída. Exemplo: romper a janela de um veículo para subtraí-lo 
não configura a qualificadora. Ao oposto, caso a janela do veículo 
seja rompida para que seja subtraída uma bolsa que se encontrava 
em seu interior, haverá furto qualificado pelo arrombamento (STF, HC 
98.606/RS, DJ 28/05/2010) 
24. Abuso de confiança: ocorre quando o agente se prevalece da 
confiança da vítima, facilitando, assim, sua ação criminosa. Exemplo: 
furto praticado por agente-diarista, contratada em função de boas 
referências, a quem são entregues as próprias chaves do imóvel, 
enquanto viajavam os patrões (STJ, HC 82.828/MS, DJ 04/08/2008). 
25. Fraude (engano, falcatrua): ocorre quando o agente 
emprega meio fraudulento para reduzir a vigilância da vítima sobre a 
coisa e, com isso, realizar a subtração. 
26. Distinção entre furto com fraude e estelionato: 
a) Furto com fraude: a fraude é aplicada como meio para 
diminuir a vigilância da vítima ou de terceiro sobre o bem, facilitando, 
 
 
 
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com isso, a subtração. Pode ocorrer de a vítima não estar detendo a 
coisa, entretanto mantém vigilância sobre ela. Exemplo: Ana, ao ver 
um anúncio no jornal, procura Beto para comprar-lhe a motocicleta. 
Após fazer alguns questionamentos a este, Ana solicita uma volta no 
quarteirão para realizar um teste no veículo. Ao assumir o guidão da 
motocicleta, toma rumo ignorado e foge com o bem. Segundo 
precedente do STJ, para fins de pagamento de seguro, ocorre furto 
mediante fraude, e não estelionato, o agente que, a pretexto de 
testar veículo posto à venda, o subtrai (STJ, REsp 226.222/RJ, DJ 
17/12/99). 
b) Estelionato (art.171): a fraude se destina a colocar a vítima 
ou terceiro em erro, conseguindo que ela lhe entregue 
espontaneamente o bem, sem vigilância sobre o mesmo. 
Exemplos: Ana comparece a um lava-a-jato, afirmando falsamente 
ao funcionário que o veículo “X”, que acabara de ser lavado, seria de 
sua propriedade. Após pagar pelo serviço, foge com o veículo; Ana 
solicita ao frentista do posto de gasolina que este encha o tanque de 
seu veículo. Após descuido do funcionário, foge sem realizar o 
pagamento; Ana comparece a uma casa de shows em um horário em 
que só estava Beto, responsável pela limpeza do local. Ana, 
identificando-se como DJ, diz a Beto que está no lugar a mando do 
patrão deste, dono do estabelecimento, o qual teria solicitado àquela 
o reparo da aparelhagem de som. Ana, para provar a Beto que dizia a 
verdade, simula uma conversa ao celular com o patrão de Beto. Esse, 
acreditando que segue uma ordem do patrão, entrega o bem a Ana, 
que desaparece do local. 
27. Distinção entre furto com fraude e apropriação indébita: 
a) Furto com fraude: a fraude é aplicada como meio para 
diminuir a vigilância da vítima ou de terceiro, facilitando, com isso, a 
 
 
 
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subtração. Exemplo: Ana pede que a bibliotecária procure 
determinado livro, subtraindo outro que estava na estante. 
b) Apropriação indébita (art. 168): a coisa vem às mãos do 
autor de forma legítima (empréstimo, aluguel etc) e, posteriormente, 
ocorre a inversão de ânimo sobre a coisa, uma vez que o mero 
detentor ou possuidor passa a agir como se dono fosse (subloca, 
vende etc). Exemplo: Ana, colega de faculdade de Beto, pede a este 
sua motocicleta, pois pretende visitar uma tia que mora em outra 
cidade. Após dois dias, vende o bem para pagar dívidas pessoais; 
28. Com base no estudo realizado acima, é possível afirmar que a 
subtração de valores de conta-corrente, mediante transferência 
fraudulenta para conta de terceiro, sem consentimento da vítima, 
configura crime de furto mediante fraude. Na hipótese, é competente 
o Juízo do lugar da consumação do delito de furto,local onde a vítima 
tem a titularidade da conta-corrente (STJ, CC 81.477/ES, DJ 
08/09/2008). 
29. A captação irregular de sinal de TV a cabo configura furto de 
energia com valor econômico - art. 155, § 3º (STJ, REsp 
1.076.287/RN, DJ 29/06/2009). 
30. Escalada: exige-se emprego de instrumentos (escada, corda) 
ou esforço anormal (ex.: galgar janela a dois metros de altura) para 
ingressar em cômodo por local incomum (telhado, janela etc.). 
Destaque-se que a qualificadora escalada inclui não só o esforço 
anormal para subir, mas também para descer, como é o caso da 
escavação de um túnel para chegar ao local pretendido. 
31. Destreza (agilidade): o agente emprega habilidade incomum 
para alcançar a subtração da coisa alheia móvel. Caso a habilidade 
não seja necessária (vítima embriagada, em sono profundo), não 
incide a presente qualificadora. Um exemplo recorrente nas grandes 
cidades é a figura do “punguista” (batedor de carteira). Com certa 
 
 
 
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habilidade, consegue subtrair a carteira do bolso da vítima sem que 
ela perceba. 
32. Emprego de chave falsa: é qualquer instrumento, com ou 
sem forma de chave (garfo, arame, segmento de metal), que pode 
funcionar no lugar da chave verdadeira. Inclui-se nesse conceito: 
a) a cópia sem autorização de chave verdadeira; 
b) a chave diferente da verdadeira (ex.: José usa a chave de seu 
veículo para abrir o veículo de Juca); 
c) a “mixa”, ou seja, simulacros de chave feitos com objetos 
diversos. 
33. O uso de "mixa", na tentativa de acionar o motor de automóvel, 
caracteriza a qualificadora do inciso III do § 4º do art. 155 do Código 
Penal (STJ, REsp 906.685/RS, DJ 06/08/2007). 
34. O exame de corpo de delito direto, por expressa determinação 
legal, é indispensável nas infrações que deixam vestígios, podendo 
apenas excepcionalmente ser suprido pela prova testemunhal quando 
tenham estes desaparecido (art. 167 do CPP) . Esse entendimento 
deve ser aplicado no que concerne à verificação de ocorrência ou não 
da qualificadora do emprego de chave falsa no crime de furto (STJ, 
HC 148.496/DF, DJ 22/02/2010). 
35. Furto qualificado pelo concurso de pessoas: o fundamento 
do tratamento mais severo consiste na maior facilidade para o 
aperfeiçoamento do furto com a reunião de duas ou mais pessoas. 
Reconhece-se a qualificadora ainda que o crime tenha sido praticado 
em concurso com menor inimputável, uma vez que a norma 
incriminadora tem natureza objetiva e não faz menção à necessidade 
de se tratarem todos de agentes capazes (STJ, HC 131.763/MS, DJ 
14/09/2009). 
36. Furto qualificado pelo concurso de pessoas e hibridismo 
penal: alega-se ofensa ao princípio da proporcionalidade a regra do 
 
 
 
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art. 155, § 4º, IV (furto qualificado pelo concurso de pessoas), que 
eleva a pena do furto para reclusão de 2 a 8 anos, enquanto pela 
disposição constante do art. 157, § 2º (roubo com aumento de pena 
pelo concurso de pessoas), há mera causa especial de aumento de 
pena. Afirmar-se que tal discrepância gera tratamento muito gravoso 
para o concurso de pessoas no furto se comparado ao crime de 
roubo. Para que o tratamento respeite o princípio da 
proporcionalidade, sugere-se a aplicação da causa de aumento do 
roubo ao furto, desconsiderando sua qualificadora. Não obstante, o 
STF já decidiu que a causa de aumento de pena contida no art. 157, 
§ 2º, II, do Código Penal não deve ser aplicada ao furto qualificado 
pelo concurso de pessoas, para o qual há previsão legal expressa 
(STF, HC 95.425/RS, DJ 18/09/2009). 
37. Subtração de veículo automotor (a propulsão por motor) 
que venha a ser transportado para outro Estado (ou para o 
DF) ou para o exterior: a qualificadora somente se caracteriza 
quando o veículo automotor é, efetivamente, transportado para outro 
Estado (ou para o DF) ou para o exterior. Nesse caso, o furto inicia 
simples e, ao transpor a fronteira, passa a ser qualificado. 
ROUBO (ART. 157) 
38. Ocorre o crime de roubo próprio (caput) quando o agente 
subtrai coisa alheia móvel para si ou para outrem, mediante grave 
ameaça (promessa de mal grave) ou violência física (socos, pauladas, 
tiros) à pessoa ou quando, por qualquer meio, reduz a 
impossibilidade de resistência da vítima (ex.: soníferos, hipnose). 
39. “Grave ameaça”: é coação psicológica (vis compulsiva) que 
pode ser exteriorizada por qualquer meio idôneo para causar temor à 
vítima. Não se faz necessário que a ameaça seja séria, bastando que 
tenha potencial para intimidar (ex.: configura a grave ameaça a 
 
 
 
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intimidação por meio de simulacro de arma de fogo - arma de 
brinquedo - ou mesmo pela simulação de porte de arma, colocando o 
agente o dedo sob a camisa). 
40. Violência à pessoa (vis corporalis): é a agressão física direta 
(sobre a vítima) ou indireta (sobre terceira pessoa como forma de 
intimidar a vítima). Exemplo: agredir o filho da vítima para que esta 
lhe entregue as jóias. 
41. Golpe do “boa noite cinderela”: trata-se de roubo praticado por 
meio que impossibilita a capacidade de resistência da vítima (ex.: 
agente ministra sonífero para a vítima, subtraindo seus pertences 
posteriormente). 
42. Subtração por arrebatamento (trombada): 
a) a “trombadinha” praticada com a finalidade de desviar a 
atenção da vítima caracteriza o furto (ex.: esbarra na vítima para 
derrubar-lhe os livros, subtraindo sua carteira em seguida). 
b) o “trombadão” com violência e finalidade de subjugar a vítima, 
permitindo, com isso, a subtração dos bens que lhe pertencem, 
configura roubo (ex.: Juca, por meio de esbarrão, derruba José ao 
chão para subtrair-lhe os bens). 
c) quando, na subtração de objetos presos ou juntos do corpo da 
vítima, a ação do agente repercute sobre esta, causando-lhe lesões 
ou diminuindo a capacidade de oferecer resistência, tem-se 
configurado o crime de roubo (STJ, REsp 631.368/RS, DJ 
07/11/2005). Exemplo: o agente arranca da vítima seu cordão de 
ouro, machucando-lhe o pescoço. 
43. Princípio da insignificância e crime de roubo: o crime de 
roubo visa proteger não só o patrimônio, mas, também, a integridade 
física e a liberdade do indivíduo (crime complexo). Deste modo, ainda 
que a quantia subtraída tenha sido de pequena monta, não há como 
se aplicar o princípio da insignificância diante da evidente e 
 
 
 
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significativa lesão à integridade pessoal da vítima (STF, HC 
96.671/MG, DJ 24/04/2009). Exemplo: não é insignificante a conduta 
do agente que, mediante ameaça com arma de fogo, subtrai um 
passe estudantil da vítima. 
44. Consumação: para a consumação do crime de roubo, basta a 
inversão da posse da coisa subtraída, sendo desnecessária que ela se 
dê de forma mansa e pacífica. Assim, a prisão do agente, ocorrida 
logo após a subtração da coisa subtraída, ainda sob a vigilância da 
vítima ou de terceira pessoa, não descaracteriza a consumação do 
crime de roubo (STF, HC 100.189/SP, DJ 15/04/2010). 
45. Roubo e concurso de crimes: 
a) grave ameaça contra duas ou mais pessoas, mas somente o 
patrimônio de uma delas é subtraído: o agente responde por um só 
roubo; 
b) havendo em um único evento a lesão a patrimônios diferentes, 
resta caracterizadoo concurso formal do art. 70, primeira parte (STJ, 
HC 138.140/MG, DJ 17/05/2010) Exemplo: o agente, num mesmo 
contexto, pratica roubo contra agência bancária, subtraindo as armas 
dos vigilantes e um carro para fugir do local, deve ser reconhecido o 
concurso formal de crimes (STJ, HC 145.071/SC, DJ 22/03/2010). 
c) havendo violência ou grave ameaça contra uma pessoa, tendo 
patrimônio de terceiro sido subtraído, haverá crime único (ex.: 
assaltar o frentista e levar o dinheiro do posto de combustíveis). Caso 
qualquer objeto pertencente ao frentista também seja subtraído 
haverá concurso formal de crimes (ex.: subtrair dinheiro do posto de 
combustível e calculadora de bolso pertencente ao frentista). 
46. Roubo impróprio (art. 157, § 1º): ocorre quando a violência 
ou a grave ameaça são empregadas logo depois da subtração, para 
assegurar a impunidade do crime ou conservar a detenção da coisa 
subtraída, evitando o perigo de perder a coisa subtraída (ex.: ameaça 
 
 
 
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de morte a vítima, logo após a subtração da coisa, caso gritasse por 
socorro). 
47. Diferenças entre roubo próprio em impróprio (Masson): 
Fator de 
diferenciação 
Roubo próprio Roubo impróprio 
Meios de execução Violência à pessoa-
própria ou 
imprópria (ex.: 
colocar sonífero) – 
e grave ameaça. 
Violência à pessoa 
– somente a própria 
(violência física) e 
grave ameaça 
Momento de 
emprego do meio 
de execução 
Antes ou durante a 
subtração 
Após a subtração 
Finalidade do meio 
de execução 
Permitir a 
subtração do bem 
Assegurar a 
impunidade do 
crime ou a 
detenção da coisa 
(o bem já foi 
subtraído) 
48. Tentativa de subtração e posterior violência para 
assegurar sua detenção: a subtração deve estar consumada 
(inversão da posse) para que, logo depois, haja violência ou grave 
ameaça para assegurar a impunidade ou detenção da coisa (ex.: José 
subtrai o telefone celular de Juca. Assim que sai do local é perseguido 
por este, tendo José, para garantir a detenção do celular, empregado 
violência contra Juca). Assim, não há roubo impróprio, mas concurso 
material (soma das penas) entre furto e lesão corporal ou entre furto 
ou ameaça nas hipóteses em que o agente não consuma a subtração 
 
 
 
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(não inverte a posse) e exerce a violência ou grave ameaça para 
garantir a consumação do crime (ex.: a vítima tenta subtrair o 
telefone celular da vítima, mas assim que toca a coisa, sem subtraí-
la, sendo surpreendido pelo proprietário. Logo após, o agente 
emprega violência contra a vítima para consumar a subtração. 
49. Consumação do roubo impróprio: consuma-se no momento 
em que a violência ou grave ameaça são empregadas, uma vez que 
estas são posteriores à subtração da coisa, de modo que não se há 
que falar em tentativa (STJ, HC 92.221/SP, DJ 02/02/2009). 
50. Roubo com aumento de pena de um terço até a metade (§ 2º): 
a) emprego de arma; 
b) concurso de duas ou mais pessoas; 
c) se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente 
conhece tal circunstância; 
d) se a subtração for de veículo automotor que venha a ser 
transportado para outro Estado (ou DF) ou para o exterior; 
e) se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua 
liberdade. 
51. Emprego de arma: 
a) arma: é instrumento vulnerante utilizado para defesa ou 
ataque. Compreende tanto as armas próprias (revólver, espingarda, 
punhal, faca, canivete, soco inglês, granada) como as impróprias 
(tesoura, caco de vidro, pedra, pau, seringa com sangue 
contaminado); 
b) desnecessidade de perícia: é desnecessária a apreensão e a 
perícia da arma de fogo empregada no roubo para comprovar a 
qualificadora, já que o seu potencial lesivo pode ser demonstrado por 
outros meios de prova, em especial pela palavra da vítima ou pelo 
depoimento de testemunha presencial. Compete ao acusado o ônus 
de provar que não utilizou arma de fogo ou que a arma utilizada não 
 
 
 
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tinha potencialidade lesiva, nos termos do art. 156 do Código de 
Processo Penal (STF, HC 100.187/MG, DJ 16/04/2010). 
c) arma desmuniciada: é irrelevante saber se a arma de fogo 
estava ou não desmuniciada, visto que tal qualidade integra a própria 
natureza do artefato. De qualquer forma, estará caracterizada 
qualificadora (STF, HC 102.263/MG, DJ 02/06/2010). 
d) arma de brinquedo (simulacro de arma de fogo): é suficiente 
para caracterizar o roubo, caso a vítima sinta-se atemorizada. 
Contudo, não aumenta a pena do roubo por emprego de arma, pelo 
simples fato de não ser arma, mas um mero brinquedo. 
52. Roubo com restrição de liberdade: ocorre quando o agente 
restringe a liberdade de locomoção da vítima por tempo 
juridicamente relevante, ou seja, por tempo superior ao necessário à 
execução do roubo, seja para assegurar para si ou para outrem o 
produto do crime, seja para escapar ileso da ação da polícia (ex.: 
José aborda Juca e, sob ameaça de arma de fogo, lhe subtrai o 
veículo, colocando a vítima no porta-malas, com ela permanecendo 
por tempo suficiente para evitar a ação da polícia). 
53. Roubo qualificado (§ 3º): se resulta lesão corporal grave 
(incluindo a gravíssima) 
a) a violência pode ser praticada contra a vítima ou contra terceira 
pessoa (José ameaça com arma de fogo matar Juquinha, caso Juca, 
seu pai, não lhe entregue a carteira). 
b) a lei se referiu apenas à violência, não citando a grave ameaça, 
embora esta prática possa perfeitamente desencadear lesões graves 
e gravíssimas (síncope, enfarto, traumas psíquicos e nervosos etc). 
Assim, caso a vítima sofra lesões graves através de ameaça, não 
haverá qualificadora. 
 
 
 
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c) o resultado mais grave (lesões graves ou gravíssimas) pode 
derivar de dolo ou culpa (ex.: dolo – durante assalto, o agente 
dispara contra o joelho da vítima; culpa – durante assalto, a arma é 
disparada acidentalmente pelo agente, acertando o joelho da vítima). 
54. Roubo qualificado pela morte (latrocínio): 
a) cuida-se de crime hediondo (Lei nº 8.072/90, art. 1º, II); 
b) valem aqui as observações feitas em relação ao ponto anterior. 
A lei se referiu apenas à violência (própria ou imprópria), não citando 
a grave ameaça. Assim, se a morte não for causada por violência, 
poderá haver, a depender das circunstâncias do caso, roubo em 
concurso formal com homicídio doloso ou culposo (ex.: agente assalta 
um velho senhor, o qual, ao ser ameaçado por arma de fogo, sofre 
infarto fulminante); 
c) no caso do golpe dito “boa noite, cinderela,” caso a vítima 
morra em razão da ingestão da substância, haverá latrocínio; 
d) o resultado mais grave (morte) pode derivar de dolo ou culpa 
(ex.: dolo – durante assalto, o agente dispara contra a cabeça da 
vítima; culpa – durante assalto, a arma é disparada acidentalmente 
pelo agente, acertando a coxa da vítima, causando choque 
hemorrágico); 
e) o latrocínio caracteriza-se pela morte de uma das vítimas ou de 
terceiro, que venha a ser envolvido no episódio (ex.: segurança do 
banco assaltado); 
f) a morte do autor ou do partícipe só configura latrocínio se 
atingidos por aberratio ictus (o agente quis atingir a vítima e acabou 
matando um comparsa).Caso contrário, a morte de um dos autores 
ou partícipes não qualifica o roubo; 
g) competência: apesar de o latrocínio ter como elemento a 
morte (consumada ou tentada), a competência para seu julgamento 
será do juiz criminal comum, não do Tribunal do Júri (STF, Súmula 
 
 
 
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603), pois a este compete os crimes contra a vida, e o latrocínio é 
crime contra o patrimônio; 
h) consumação (STF, Súmula 610): “Há crime de latrocínio, 
quando o homicídio se consuma, ainda que não se realize o agente a 
subtração de bens da vítima.” Assim, temos: 
I. morte tentada + subtração tentada = tentativa de 
latrocínio; 
II. morte tentada + subtração consumada = tentativa de 
latrocínio; 
III. morte consumada + subtração tentada = latrocínio 
consumado; 
IV. morte consumada + morte consumada = latrocínio 
consumado; 
Obs. 1: em resumo, havendo morte, há latrocínio consumado. 
Havendo tentativa de morte, há latrocínio tentado. 
Obs. 2 - posição divergente: importante destacar que há, no 
próprio STF, posição divergente da que expusemos. O fato foi 
analisado por ocasião do julgamento de recurso em RHC 94.775/RJ, 
de relatoria do Min. Marco Aurélio, julgado em 07/04/2009. Na 
oportunidade, deu-se nova interpretação à Súmula 610 do STF, no 
seguinte sentido: a) não há que se confundir a hipótese narrada na 
súmula em que há morte sem subtração (caso de latrocínio 
consumado), com a hipótese em que há subtração consumada com 
morte tentada (posição não expressa pela referida Súmula); b) 
considerar latrocínio na forma tentada na hipótese seria tornar letra 
morta o roubo com lesões graves; c) alegou-se, ainda, violação ao 
princípio da legalidade, por entender que o latrocínio não configura 
tipo autônomo, porém causa de aumento derivada do tipo básico de 
roubo, o que impossibilitaria a tentativa. Desta forma, julgou-se 
 
 
 
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errônea a possibilidade de tentativa de latrocínio, enquadrando 
tipicamente melhor o fato como roubo com lesões graves. 
i) diferença entre a tentativa de latrocínio e o roubo qualificado 
pelas lesões graves: somente quando o agente tiver o dolo de 
produzir as lesões corporais graves na vítima, ou se estas forem 
produzidas a título de culpa, para efeito de subtração patrimonial, é 
que poderá ser responsabilizado pelo roubo com lesões graves. Caso 
atue com dolo homicida, haverá latrocínio tentado ou consumado. 
Ressalve-se a posição do STF consubstanciada no julgado retro 
citado. 
j) latrocínio e pluralidade de mortes: no caso de latrocínio, uma 
única subtração patrimonial, com dois resultados morte, caracteriza 
concurso formal impróprio - somam-se as penas (STJ, HC 
56.961/PR, DJ 07/02/2008). Exemplo: durante assalto, o marginal 
mata o gerente e o caixa do banco. Responderá por dois latrocínios. 
Posição divergente: o roubo qualificado pelo resultado morte 
(latrocínio) ou lesões corporais permanece único quando, apesar de 
resultarem lesões corporais em várias pessoas, apenas um 
patrimônio seja ofendido. Nessa hipótese, a pluralidade de lesões ou 
mortes deve ser levada em conta durante a fixação da pena-base, 
por consistir num maior gravame às conseqüências do delito, mas 
não para configurar eventual concurso formal (STJ, HC 86.005/SP, DJ 
17/12/2007). 
EXTORSÃO (ART. 158) 
 
 
 
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55. Caracteriza-se pelo constrangimento da vítima, através de 
grave ameaça ou violência, com a finalidade (dolo específico) de 
obter indevida vantagem econômica. Procura-se, com isso, obrigar a 
vítima a agir como o agente deseja (ex.: “a senha ou a vida!”). 
56. É muito frequente que a ação do agente se dê por meio de 
grave chantagem (ex.: “se não me der cinco mil, conto para tua 
esposa que você a trai”). 
57. O presente delito é muito similar ao crime de roubo, contudo, 
diferencia-se deste pelo fato de não haver subtração, mas sim 
determinação para que a vítima aja de determinada forma. Podem-se 
apontar, segundo a doutrina, as seguintes diferenças entre ambas: 
ROUBO EXTORSÃO 
No roubo o agente subtrai 
(contrectatio) 
Na extorsão o agente constrange 
a vítima a entregar (traditio 
coatta) 
O objeto é sempre coisa móvel O objeto pode ser móvel ou 
imóvel (ex.: “se não escriturar 
tua casa em meu nome, conto 
para todos que...”) 
Ameaça é de mal grave atual ou 
iminente 
A ameaça pode ser de mal futuro 
No roubo não importa a atitude 
da vítima (ex.: se a vítima não 
entregar a bolsa, o ladrão pode 
tomá-la a força) 
Na extorsão é imprescindível a 
colaboração da vítima (ex.: se a 
vítima não fornecer a senha, o 
ladrão fica sem saída) 
É crime material (consuma-se 
com a subtração) 
É crime formal (consuma-se com 
o constrangimento, 
independentemente do efetivo 
 
 
 
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ganho patrimonial) 
58. A conduta dos agentes que, na mesma circunstância fática, 
após subtraírem os pertences das vítimas (roubo), mediante grave 
ameaça, exigem a entrega do cartão bancário e senha para em 
seguida realizarem saque em conta-corrente (extorsão), se amolda 
aos crimes de roubo e extorsão, de forma autônoma em concurso 
material, somando-se as penas (STJ, REsp 705.918/DF, DJ 
22/02/2010). 
59. Consumação: o delito de extorsão se consuma, em se 
tratando de crime formal, com o constrangimento causado pelo Réu, 
sendo, pois, desnecessário que se obtenha a vantagem patrimonial 
almejada, a teor do verbete sumular nº 96 do STJ. 
60. Tentativa: é possível quando, por exemplo, a ameaça não 
chegar ao destino (ex.: carta interceptada) ou quando a ação típica 
não for seguida da obediência da vítima (ex.: a vítima não efetuou as 
compras determinadas pelo agente, tampouco preencheu cheques, 
uma vez que houve intervenção policial em tempo, caracterizando o 
início da execução que restou interrompida, antes de sua 
consumação, por força alheia à vontade do autor). 
61. Causas de aumento de pena (§ 1º): se o crime é cometido 
por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a 
pena de um terço até metade. 
62. Concurso de pessoas: ao contrário do que fez com o roubo, o 
CP fala em crime “cometido por duas ou mais pessoas”. É 
indispensável que todos os envolvidos na empreitada criminosa 
estejam presentes no momento da ação, não se aplicando aos 
mandantes e partícipes. 
63. Emprego de arma: remeto-me ao que foi dito sobre o roubo 
com emprego de arma. 
 
 
 
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64. Extorsão qualificada (§ 2°): aplicam-se aqui exatamente as 
mesmas qualificadoras do roubo, quando a violência resultar lesão 
corporal de natureza grave ou morte. 
65. “Sequestro relâmpago” (§ 3º): este parágrafo foi 
recentemente adicionado ao CP, criando mais uma qualificadora para 
a extorsão, o que popularmente se denomina de “sequestro 
relâmpago”. Referida qualificadora foi criada tendo em mente a 
conduta frequente nas cidades brasileiras em que o agente restringe 
a liberdade da vítima e, por exemplo, a desloca para um caixa 
eletrônico para que obtenha a vantagem indevida. 
66. “Sequestro relâmpago” e a Lei dos Crimes Hediondos: por uma 
falha do legislador, a Lei nº8.072/90 não foi alterada para incluir as 
hipóteses de extorsão comum com restrição de liberdade qualificada 
pela morte (art. 158, § 3°). Assim, em respeito ao princípio da 
legalidade, a extorsão comum sem restrição da liberdade qualificada 
pela morte (§ 2º) é crime hediondo. Ao inverso, a extorsão comum 
qualificada pelo seqüestro e pela morte (§ 3º) não será crime 
hediondo, por falta de previsão legal (nesse sentido: Nucci e Masson; 
em sentido contrário: Rogério Sanches). 
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO (ART. 159) 
67. O tipo trata da restrição da liberdade da vítima com a finalidade 
(dolo específico) de pedir resgate (ex.: sequestrar o filho de um rico 
empresário para exigir-lhe determinada quantia como condição da 
soltura da vítima). 
68. A restrição da liberdade pode ser física (ex.: trancar em recinto 
fechado), psicológica (grave ameaça), química (ex.: drogas 
incapacitantes). 
 
 
 
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69. Finalidade especial (dolo específico): a lei exige que a 
privação da liberdade se dê com a finalidade específica de obter 
vantagem como condição ou preço do resgate. 
70. Vantagem: prevalece a posição de que a vantagem deve ser 
necessariamente econômica e indevida (Hungria, Nucci e Delmanto). 
71. Preço do resgate: valor em dinheiro. 
72. Condição do resgate: é qualquer outra vantagem econômica 
(ex.: bens móveis ou imóveis, títulos). 
73. Consumação: a consumação desse delito prescinde da efetiva 
obtenção da vantagem, pelo que, com a privação de liberdade, já 
está consumado o delito. 
74. Cuida-se de crime permanente: a consumação se prolonga no 
tempo, subsistindo o crime por todo o período em que a vítima 
estiver com a liberdade restringida. Então, a prisão em flagrante é 
possível a qualquer momento, enquanto perdurar a restrição de 
liberdade. 
75. Tentativa: admite-se quando o agente tenta restringir a 
liberdade da vítima, mas não obtém sucesso (ex.: quando o agente 
segura a vítima, esta se desvencilha e consegue fugir). Nesses casos, 
deve ficar demonstrado o dolo do agente em sequestrar a vítima com 
a finalidade de pedir resgate. 
76. Figuras qualificadas (§§ 1º a 3º): 
a) se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o 
seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) 
anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha; 
b) se do fato resulta lesão corporal de natureza grave ou se 
resulta a morte: em ambos os casos, a abrangência das 
qualificadoras é mais ampla do que nos crimes de roubo e extorsão 
comum seguidos de lesão corporal de natureza grave ou morte, pois 
nestes delitos fala-se em “se da violência resulta”, ao passo que na 
 
 
 
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extorsão mediante sequestro admite-se as qualificadoras se “do fato 
resulta” (ex.: será qualificada a extorsão mediante sequestro caso a 
vítima morra de uma infecção causada por ratos existentes no local 
de cativeiro). 
77. Delação premiada (§ 4º): o concorrente tem sua pena 
reduzida de um a dois terços, desde que: 
a) o crime seja cometido em concurso; 
b) o concorrente denunciar à autoridade, facilitando a libertação 
do seqüestrado. 
78. Distinções: 
Roubo com 
restrição de 
liberdade 
(art. 157, § 2º) 
Extorsão com 
restrição de 
liberdade 
(art. 158, § 3º) 
Extorsão 
mediante 
sequestro 
(art. 159) 
É causa de 
aumento de pena. 
É qualificadora. É elementar do tipo 
penal. 
A restrição de 
liberdade ocorre 
para garantir a 
subtração da coisa. 
A restrição de 
liberdade ocorre 
para garantir que a 
vítima vai se 
comportar conforme 
determina o 
extorsionário. 
A restrição de 
liberdade ocorre 
para que a 
libertação seja 
condicionada ao 
pagamento de 
resgate. 
EXTORSÃO INDIRETA (ART. 160) 
79. O delito incrimina a conduta de exigir ou receber uma garantia 
altamente comprometedora abusando de alguma pessoa em difícil 
situação econômica. A lei impõe ao credor o dever de não exigir nem 
aceitar este tipo de garantia (ex.: José recebe um documento de 
 
 
 
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Juca, no qual consta a confissão de crime praticado por este, para 
que sirva como garantia de dívida de Juca em relação a José). 
80. Dolo de aproveitamento: o direito civil utiliza o termo “dolo 
de aproveitamento” para expressar aquelas situações em que o 
credor tem conhecimento sobre a premente necessidade do devedor. 
Os penalistas exigem esse conhecimento por parte do agente para 
que o crime fique configurado. 
81. Consumação: trata-se de crime formal quanto ao núcleo 
“exigir”, pois basta a mera exigência, estando consumado o delito 
mesmo que não ocorra a entrega do documento comprometedor. É 
crime material quanto ao núcleo “receber”. A consumação ocorre com 
o efetivo recebimento do documento. 
DA USURPAÇÃO 
ALTERAÇÃO DE LIMITES (ART. 161) 
82. Tipifica a conduta de quem suprime ou desloca tapume, 
marco ou qualquer outro sinal indicativo de linha divisória 
(ex.: cerca, cipreste, muro, valas, trilhas, cursos de água etc.) com a 
finalidade de apropriação, no todo ou em parte, de coisa 
móvel alheia. 
83. A alteração de limites punível não é só a deslocação de marcos 
ou sinais demarcatórios, mas que cause confusão e dificuldade de 
monta, para sua restauração. 
USURPAÇÃO DE ÁGUAS (ART. 161, I) 
84. Tipifica a conduta de quem desvia (modifica o curso) ou 
represa (retém) águas alheias (públicas ou privadas) com a 
finalidade de obter proveito próprio ou alheio. 
 
 
 
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ESBULHO POSSESSÓRIO (ART.161, II) 
85. Tipifica a conduta daquele que invade, com violência a 
pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de mais de 
duas pessoas (no mínimo três), terreno ou edifício alheio com 
dolo de esbulhá-lo (tomá-lo para si). 
86. Em qualquer dos três crimes de usurpação do art. 161 (de 
limites, de águas e esbulho), se o agente usa de violência, responde 
cumulativamente pelas lesões causadas. Se a propriedade for 
particular, a ação penal será de iniciativa privada. 
SUPRESSÃO OU ALTERAÇÃO DE MARCAS EM ANIMAIS (ART. 
162) 
87. Tipifica a conduta de quem indevidamente suprime
(elimina, extingue) ou altera (desfigura, deforma) marca 
(assinalamento a ferro candente ou substância química) ou sinal 
(ex.: argolas nos chifres ou focinhos), em gado (bois, cavalos, 
muares etc.) ou rebanho (carneiros, cabritos, porcos etc.) alheio. 
88. Não se confunde esta modalidade de usurpação com o 
abigeato, isto é, o furto de animais. No presente tipo, o agente limita-
se a empregar um meio fraudulento (supressão ou alteração de 
marcas ou sinal) para irrogar-se a propriedade dos animais. Se esse 
meio fraudulento é usado para dissimular o anterior furto dos 
animais, já não se tratará de usurpação, mas mero exaurimento do 
furto. 
DANO (ART. 163) 
89. Pode-se destacar os seguintes elementos que compõem o delito 
de dano: 
a) a conduta de destruir (aniquilar, extinguir), inutilizar
(arruinar) ou deteriorar (estragar); 
 
 
 
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b) que qualquer um desses comportamentos tenha como 
objeto a coisa alheia (ex.: pratica o crime de dano quem, por 
exemplo,destrói dolosamente o veículo alheio; quem, dolosamente, 
inutiliza animal pertencente ao vizinho). 
90. Elemento subjetivo: no Código Penal comum, o crime de 
dano só pode ser praticado dolosamente, não havendo previsão para 
modalidade culposa. Ressalte-se, contudo, que o Código Penal Militar 
prevê a modalidade culposa para o crime de dano ali previsto (art. 
266, parágrafo único e 383, ambos do CPM). 
91. Crime de dano e fuga de estabelecimento prisional: o 
dano praticado contra estabelecimento prisional, em tentativa de 
fuga, não configura fato típico, haja vista a necessidade do dolo 
específico de destruir, inutilizar ou deteriorar o bem, o que não ocorre 
quando o objetivo único da conduta é fugir (STJ, REsp 1.097.196/AC, 
DJ 30/11/2009). 
Obs.: Posição divergente: comete o crime de dano qualificado o 
preso que, para fugir, danifica a cela do estabelecimento prisional em 
que está recolhido. O crime de dano exige, para a sua configuração, 
apenas o dolo genérico (STF, HC 73.189/MS, DJ 29/03/1996) 
92. Modalidades qualificadas (parágrafo único). Se o crime é 
cometido: 
a) com violência à pessoa ou grave ameaça: as lesões ou 
grave ameaça devem ser utilizadas como um meio para a prática do 
dano (ex.: derrubar a vítima ao solo para alcançar a coisa a ser 
destruída). As lesões, salvo leves, serão aplicadas cumulativamente. 
b) com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o 
fato não constitui crime mais grave: da mesma forma que a 
qualificadora anterior, a substância inflamável ou explosiva deve ter 
sido utilizada como meio para a prática do dano, ressaltando a lei 
penal, contudo, a sua natureza subsidiária, pois que somente atuará 
 
 
 
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como qualificadora do dano se o fato não constitui crime mais grave, 
a exemplo do que ocorre com o crime de explosão, tipificado no art. 
251. 
c) contra o patrimônio da União, Estado, Município, 
empresa concessionária de serviços públicos (ex.: empresas de 
transportes ou telefonia públicos ou sociedade de economia mista, 
como, por exemplo, o Banco do Brasil S.A., a Petrobrás - Petróleo 
Brasileiro S.A). 
Obs.: A simples locação da coisa pelo Poder Público não serve para 
caracterizar a presente qualificadora. 
d) por motivo egoístico (ex.: o automobilista, na esperança de 
assegurar-se o prêmio ou manter sua reputação esportiva, destrói 
carro em que iria correr um competidor perigoso) ou com prejuízo 
considerável para a vítima (ex.: destruir a casa onde a vítima 
habita com sua família). 
93. Pichação: a Lei nº 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais) 
institui em seu art. 65 um crime específico para as pichações ou 
conspurcações efetuadas em edificações e monumentos urbanos. 
Como a Lei dos crimes ambientais refere-se exclusivamente às 
edificações e monumentos urbanos, conclui-se que, se a conduta for 
praticada em imóveis rurais (ex.: muro de uma fazenda) ou em bens 
móveis (ex.: na porta de um veículo), estará caracterizado o crime de 
dano, na forma do art. 163. 
94. Outras formas de dano: 
a) introduzir ou deixar dolosamente animais em propriedade 
alheia, sem consentimento de quem de direito, desde que o fato 
resulte prejuízo (art. 164); 
b) dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico (art. 
62 da Lei nº 9.605/98 – Lei dos Crimes Ambientais, que revogou o 
art. 165 do CP); 
 
 
 
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c) se a conduta for praticada para impedir utilização do 
documento como prova de algum fato juridicamente relevante, o 
crime será o de supressão de documento (art. 305); 
d) se o advogado ou procurador inutilizar, total ou parcialmente, 
documento ou objeto de valor probatório que recebeu em razão da 
sua qualidade, o crime será o de sonegação de papel ou objeto de 
valor probatório (art. 356); 
e) se o agente rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou 
conspurcar edital afixado por ordem de funcionário público, ou então 
violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal 
ou por ordem de funcionário público, para identificar ou cerrar 
qualquer objeto, o crime será o de inutilização de edital ou de sinal 
(art. 336); 
f) se o agente inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, 
processo ou documento confiado à custódia de funcionário, em razão 
de ofício, ou de particular em serviço público, o delito será o de 
inutilização de livro ou documento (art. 337). 
APROPRIAÇÃO INDÉBITA (ART. 168) 
95. Trata-se de situação em que o agente recebe a coisa móvel 
legitimamente (por empréstimo, por aluguel, por penhor, por 
comodato, transporte), atuando posteriormente como se fosse o dono 
da coisa (vende, subloca, doa, retém). Ao contrário do furto, em que 
há subtração, na apropriação indébita a coisa já está nas mãos do 
agente. Portanto, quem pede na biblioteca pública um livro para 
consultar e, depois de recebê-lo, sorrateiramente retira-se do prédio, 
subtraindo o exemplar, comete furto. Mas quem retira da biblioteca 
um livro para ler em casa e depois se apropria do mesmo (vendendo, 
doando, locando, negando-se a devolver) comete apropriação 
indébita (Führer). 
 
 
 
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96. A posse da coisa deve ser desvigiada: comete furto a caixa 
do supermercado que se apropria de dinheiro de venda (posse 
vigiada). Comete apropriação indébita o contínuo que se apropria de 
dinheiro do patrão que lhe fora confiado para depósito bancário 
(posse desvigiada). 
97. O fato da coisa indevidamente apropriada ser bem fungível (que 
pode ser substituído por outro de mesma espécie, qualidade e 
quantidade, como o dinheiro ou um saco de arroz) não impede a 
caracterização do crime de apropriação indébita (STJ, REsp 
880.870/PR, DJ 23/04/2007). 
98. Resumo dos requisitos da apropriação indébita (Masson): 
a) entrega voluntária do bem pela vítima; 
b) posse ou detenção desvigiada; 
c) boa-fé do agente ao tempo do recebimento do bem; 
d) modificação posterior do ânimo do autor. 
99. Tentativa: é possível, salvo na conduta de quem se nega a 
restituir. 
100. Causas de aumento de pena: a pena é aumentada de um 
terço quando o agente recebe a coisa nas seguintes condições: 
a) depósito necessário: refere-se ao depósito miserável, que se 
impõe por ocasião de calamidade (art. 647, II, do CC); 
b) qualidade de tutor (encarregado do menor e seus bens), 
curador (encarregado de doentes mentais e seus bens), síndico 
(encarregado da massa falida), liquidatário (espécie de síndico), 
inventariante (administrador do espólio), testamenteiro (responsável 
pelo cumprimento do testamento) ou depositário judicial (nomeado 
pelo juiz para cuidar de determina coisa sob litígio); 
c) em razão de ofício (ex.: mecânico), emprego (ex.: doméstica) 
ou profissão (ex.: advogado). 
101. Outras espécies de apropriação: 
 
 
 
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a) se o agente é funcionário público e recebeu a coisa em razão do 
cargo (peculato, art. 312); 
b) apropriação de contribuição sindical (art. 545, parágrafo único, 
da CLT); 
c) apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da 
natureza (art. 169). Exemplo: se apropriar de dinheiro que foi 
erroneamente depositado na conta-corrente do agente; 
d) apropriação de coisa achada (art. 169, II); 
e) apropriação de bens, proventos,pensão ou qualquer 
rendimento de idoso (art. 102 da Lei 10.741/2003). 
ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES 
102. O estelionato consiste no uso de fraude (falcatrua, artimanha, 
engodo, engano, “lábia”) para ludibriar alguém (pessoa determinada) 
com a finalidade (dolo específico) de obter vantagem ilícita (e de 
natureza econômica) para o próprio agente ou para terceiro (ex.: a 
agente, fazendo-se passar por freira responsável por instituição de 
caridade, colhe donativos da vítima). 
103. Pessoa Jurídica pode ser sujeito passivo do crime de 
estelionato: o sujeito passivo do delito de estelionato pode ser 
qualquer pessoa, física ou jurídica. Mas a pessoa que é iludida ou 
mantida em erro ou enganada pode ser diversa da que sofre a lesão 
patrimonial (STF, Ext 1.029/PT, DJ 10/11/2006) 
104. Torpeza bilateral: há estelionato mesmo que a vítima esteja 
de má-fé, o que é muito comum no presente delito. Exemplo usual 
são os “golpes populares”, com o “golpe do bilhete premiado”. 
105. A busca por prestação jurisdicional para satisfação de algum 
interesse pessoal, ainda que mediante pedido absurdo ou 
 
 
 
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absolutamente improcedente, não configura estelionato (STJ, HC 
28.694/SP, DJ 03/08/2009). 
106. “Cola eletrônica”: na visão do STF, o procedimento 
denominado de “cola eletrônica”, no qual os candidatos burlam as 
provas de vestibulares e concursos públicos mediante comunicação 
por meios eletrônicos, não configura estelionato ou qualquer outro 
crime. A tese vencedora, sistematizada no voto do Min. Gilmar 
Mendes, apresentou os seguintes elementos: i) impossibilidade de 
enquadramento da conduta no delito de falsidade ideológica, mesmo 
sob a modalidade de "inserir declaração falsa ou diversa da que devia 
ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar 
a verdade sobre fato juridicamente relevante"; ii) embora seja 
evidente que a declaração fora obtida por meio reprovável, não há 
como classificar o ato declaratório como falso; iii) o tipo penal 
constitui importante mecanismo de garantia do acusado. Não é 
possível abranger como criminosas condutas que não tenham 
pertinência em relação à conformação estrita do enunciado penal. 
Não se pode pretender a aplicação da analogia para abarcar hipótese 
não mencionada no dispositivo legal (analogia in malam partem). 
Deve-se adotar o fundamento constitucional do princípio da 
legalidade na esfera penal. Por mais reprovável que seja a lamentável 
prática da "cola eletrônica", a persecução penal não pode ser 
legitimamente instaurada sem o atendimento mínimo dos direitos e 
garantias constitucionais vigentes em nosso Estado Democrático de 
Direito (STF, Inq 1.145/PB, DJ 04/04/2008). 
107. Para que ocorra a consumação do crime de estelionato é 
necessário que ocorram dois resultados: benefício para o agente e 
lesão ao patrimônio da vítima (STJ, HC 36.760/RJ, DJ 18/04/2005). 
Exemplo: José vende um terreno no céu para João que paga com 
 
 
 
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cheques. O crime se consuma no momento em que José desconta os 
cheques de João. 
108. Tentativa: conforme estudado, a consumação do crime de 
estelionato somente se dá com a efetiva obtenção de vantagem 
ilícita, em detrimento de outrem, através de sua indução ou 
manutenção em erro, utilização de artifício, ardil ou fraude. Ocorrerá 
a figura do crime tentado se o réu preso em flagrante delito, logo 
após o ludibrio da vítima, não desfrutou, sequer momentaneamente, 
do produto da fraude (STJ, REsp 142.451/DF, DJ 15/04/2002). 
109. Crime impossível: se o meio fraudulento (ex.: cheque 
falsificado, moeda falsa, documento contrafeito) se mostrar capaz de 
enganar a vítima, estará caracterizada a tentativa, pouco importando 
seja a fraude inteligente ou grosseira. Contudo, se o meio de 
execução não tiver a capacidade de iludir o ofendido, restará 
configurado o crime impossível (art. 17) em face da sua absoluta 
ineficácia (ex.: tentar comprar mercadoria com nota do Banco 
Imobiliário). 
110. O estelionato pode ocorrer contra o INSS, no qual o agente 
apresenta documentos falsos para receber benefícios previdenciários, 
o que ocorre por vários anos. A pergunta que se faz é a seguinte: se 
todos os meses o agente recebe fraudulentamente o benefício, 
teríamos vários crimes? Para o STF (HC 99363/ES, DJ 
18/02/2010), o estelionato contra a Previdência Social por meio de 
uso de certidão falsa para percepção de benefício, é crime 
instantâneo de efeitos permanentes (consuma-se instantaneamente, 
mas seus efeitos se prolongam no tempo, como ocorre no homicídio). 
Diferente do crime permanente (em que a ação se prolonga no 
tempo, como no sequestro). O delito consuma-se ao recebimento da 
primeira prestação do benefício indevido, mesmo que continue 
recebendo por vários meses. Para o STF, portanto, o primeiro 
 
 
 
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recebimento configura a consumação e os demais são mero 
exaurimento do crime. 
111. Competência: a regra é que o estelionato é de competência da 
justiça estadual do local onde ocorreu a consumação (obtenção da 
vantagem ilícita), conforme a súmula 48 do STJ: “Compete ao juízo 
do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime de 
estelionato cometido mediante falsificação de cheque.” 
Excepcionalmente, em caso de conduta em detrimento de bens, 
serviços ou interesses da União, suas Empresas Públicas e Autarquias 
(incluindo Fundações Públicas Federais), o crime será de competência 
da justiça federal (ex.: fraude contra o INSS). 
112. Estelionato versus falsificação de documento: discute-se 
acerca do enquadramento típico da conduta do sujeito que falsifica 
um documento (ex.: cheque) e, posteriormente, dele se vale para 
cometer o estelionato. Há quem entenda que o agente deveria 
responder pelo crime de falsificação de documento público ou 
particular (art. 297 ou art. 298). Contudo, o STJ editou a súmula nº 
17 com o seguinte teor: “Quando o falso se exaure no estelionato, 
sem mais potencialidade lesiva, fica por ele absorvido”. Ou seja, 
imagine que o agente falsifique um cheque e, posteriormente, se vale 
desse documento para adquirir uma mercadoria em determinada loja. 
Como o cheque falsificado não tem mais o poder de causar danos a 
outras pessoas, pois já foi entregue ao lojista, o agente responderá 
apenas pelo estelionato. A falsificação fica, deste modo, absorvida. 
113. Fraude no pagamento por meio de cheque (§ 2º, VI): é 
uma espécie de fraude equiparada ao estelionato em que se emite 
cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou se 
lhe frustra o pagamento. 
 
 
 
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114. Pode ocorrer tanto na hipótese em que o agente sabe que não 
existem fundos bancários ou quando dolosamente retira o valor 
suficiente para compensação do cheque. 
115. Cheque é ordem de pagamento à vista. Quando o cheque é 
desvirtuado dessa função (ex.: cheque pré-datado) desconfigura sua 
natureza e deixa de ser cheque para fins legais. Nestes casos, não há 
o mencionado crime (ex.: José compra um carro de João, pagando 
com cheque para ser apresentado em 30 dias. No momento da 
apresentação o banco recusa o pagamento do documento por 
insuficiência de fundos). Neste exemplo, caso haja um merodescumprimento de contrato por parte do pagador, resolve-se na 
esfera civil (STJ, HC 121.628/SC, DJ 29/03/2010). 
116. Súmula 554 do STF: “O pagamento de cheque emitido sem 
provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao 
prosseguimento da ação penal”. A jurisprudência detectou aqui a 
existência de um arrependimento sui generis, cujo efeito é retirar a 
justa causa da ação penal. Se o emitente efetuar o pagamento 
respectivo após a apresentação, mas antes do recebimento da 
denúncia fica obstada a ação penal, pois demonstra ausência de má-
fé. 
117. Consumação e competência: “O foro competente para o 
processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade 
da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local 
onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado” (Súmula 521 do 
STF). O “sacado” é o banco que se responsabiliza pelo pagamento do 
cheque. No caso, o banco onde o emitente é titular da conta. 
RECEPTAÇÃO (ART. 180) 
 
 
 
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118. O receptador é o “cafetão” dos ladrões, uma vez que incentiva 
a prática de crimes ao adquirir os seus produtos (Brodág). 
119. O delito consiste em receptar (adquirir, transportar, conduzir ou 
ocultar) coisa que sabe ser produto de crime (não incluindo 
receptação) patrimonial ou não (ex.: comprar CD “pirata”, objeto de 
contrabando; adquirir veículo roubado). O receptador não pode ter 
concorrido para o crime precedente, pois, caso contrário, deverá ser 
por ele responsabilizado. 
120. O crime de receptação depende da existência de crime anterior 
(por isso é denominado de “parasita” ou acessório), mas é punível 
mesmo que desconhecido ou isento de pena o autor do crime 
antecedente. 
121. Autonomia do crime de receptação: a receptação pressupõe 
a prática de crime anterior, mas não exige que seja descoberto o 
autor deste último, nem a possibilidade de ser ele efetivamente 
punido. A única exigência é que se fique demonstrada a materialidade 
do crime anterior (ex.: receptador compra fios de cobre furtado de 
companhia telefônica, mas nunca se descobre quem foi o efetivo 
autor do furto). 
122. Absolvição do autor do crime anterior: caso o autor do 
crime principal seja absolvido, o crime de receptação não será 
afastado se o fundamento da referida absolvição não demonstrar a 
inexistência da materialidade do crime (ex.: se não existir provas de 
que o autor concorreu para o crime principal, será absolvido, mas o 
responsável pela receptação será processado normalmente). Se, por 
exemplo, José adquire veículo furtado de Juca, tendo este sido 
absolvido da prática do crime por falta de provas, não impede que 
José responda pela receptação se ficar demonstrado que o crime 
antecedente, de fato, existiu. 
 
 
 
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123. Receptação e extinção da punibilidade do crime anterior: 
conforme o art. 108, 1ª parte, do CP “a extinção da punibilidade de 
crime que é pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância 
agravante de outro não se estende a este”. O referido 108 aplica-se 
perfeitamente ao tipo estudado. Se, por exemplo, José adquire 
uísque contrabandeado de Juca, extinguindo em relação a este a 
punibilidade do crime (ex.: por sua morte), subsistirá a receptação 
praticada por José. Contudo, se a causa extintiva da punibilidade do 
crime anterior for por abolitio criminis ou anistia, entende a 
doutrina que o crime de receptação também ficará afastado. 
124. Receptação de receptação (receptação em cadeia): o crime 
antecedente à receptação pode ser outro crime de receptação (ex.: 
José adquire um aparelho de telefone celular de Joana, sabendo 
tratar-se de produto de furto, vendendo-o posteriormente a Juca, 
alertando-o da origem ilícita do bem. José e Juca são receptadores 
em cadeia). 
125. Segundo posição majoritária, não comete receptação aquele 
que compra do ladrão o produto do crime de que foi a própria vítima. 
Suponha-se, por exemplo, que João tenha sua bicicleta furtada e, 
posteriormente, a vê exposta em loja de sua cidade. Mesmo sabendo 
que é produto de crime, adquire a bicicleta por baixo preço. Não há 
que se falar em crime de receptação (em sentido contrário, Damásio 
de Jesus). 
126. Receptação qualificada: tratando-se de bens e instalações do 
patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de 
serviços públicos ou sociedade de economia mista, a pena prevista 
no caput deste artigo aplica-se em dobro (ex.: comprar objeto 
produto de peculato). 
 
 
 
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127. Estrutura do tipo penal: a receptação pode ser própria 
(caput, primeira parte), imprópria (caput, segunda parte), qualificada 
(§§ 1º e 2º), culposa (§ 3º), privilegiada (§ 5º) ou agravada (§ 6º). 
128. Receptação própria (caput, primeira parte): “adquirir, 
receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou 
alheio, coisa que sabe ser produto de crime”. A quase totalidade dos 
autores ensina que a receptação própria só admite o dolo direto, 
expressado pelo termo “sabe ser produto de crime”. 
129. Receptação imprópria (caput, segunda parte): “influir para 
que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte.” Neste caso, o 
agente atua apenas como intermediário entre o autor do crime 
antecedente, por exemplo um furto, e um adquirente de boa-fé (ex.: 
José sabendo que João possui jóias adquiridas em um furto, 
influencia Joana a comprá-las, sem que esta saiba da origem ilícita do 
bem). 
130. Receptação qualificada pelo exercício de atividade 
comercial ou industrial (§ 1º): pune-se, com reclusão de 3 (três) a 
8 (oito) anos, e multa, a conduta de “adquirir, receber, transportar, 
conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, 
vender, expor à venda, ou de qualquer outra forma utilizar, em 
proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou 
industrial, coisa que deve saber ser produto de crime”. 
131. “Deve saber”: apesar dos debates doutrinários e 
jurisprudenciais, a idéia é exatamente a de apenar mais severamente 
aquele que, em razão do exercício de sua atividade comercial ou 
industrial, pratica alguma das condutas descritas no referido § 1°, 
valendo-se de sua maior facilidade para tanto devido à infra-estrutura 
que lhe favorece. A lei expressamente pretendeu também punir o 
agente que, ao praticar qualquer uma das ações típicas contempladas 
no § 1°, do art. 180, agiu com dolo eventual, mas tal medida não 
 
 
 
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exclui, por óbvio, as hipóteses em que o agente agiu com dolo direto 
(e não apenas eventual). Trata-se de crime de receptação qualificada 
pela condição do agente que, por sua atividade profissional, deve ser 
mais severamente punido com base na maior reprovabilidade de sua 
conduta (STF, RE 443.388/SP, DJ 10/09/2009). 
132. Equipara-se à atividade comercial qualquer forma de comércio 
irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência (§ 2º). 
133. Receptação culposa (§ 3º): o código prevê modalidade 
culposa na receptação na conduta de quem adquire ou recebe coisa 
que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, 
ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por 
meio criminoso (ex.: agente que compra relógio suíço de um 
andarilho). 
134. Perdãojudicial (§ 5º): na hipótese de receptação culposa, se 
o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as 
circunstâncias, deixar de aplicar a pena. 
135. Na receptação dolosa, se o criminoso é primário, e é de 
pequeno valor a coisa receptada, o juiz pode substituir a pena de 
reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar 
somente a pena de multa. 
136. Causa de aumento de pena (§ 6º): tratando-se de bens e 
instalações do patrimônio da União, Estado, Município, empresa 
concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista, 
a pena prevista no caput deste artigo aplica-se em dobro. 
137. Folhas de cheques não podem ser objeto material do crime 
de receptação, uma vez que não possuem, em si, valor econômico, 
indispensável à caracterização do delito contra o patrimônio (STJ, HC 
90.495/SP, DJ 25/02/2008). 
IMUNIDADES PENAIS DE CARÁTER PESSOAL 
 
 
 
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138. Imunidades penais absolutas ou escusas absolutórias 
(art. 181): é isento de pena quem comete qualquer dos crimes 
contra o patrimônio em prejuízo do cônjuge, na constância da 
sociedade conjugal; de ascendente ou descendente, seja o 
parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. 
139. Imunidades penais relativas: somente se procede mediante 
representação, se o crime previsto neste título é cometido em 
prejuízo do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; de irmão, 
legítimo ou ilegítimo; de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. 
140. As imunidades (absolutas ou relativas) não serão 
aplicadas: em casos de crimes cometidos com violência à pessoa ou 
grave ameaça; ao estranho que participa do crime; se o crime é 
praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) 
anos. 
QUESTÕES 
1. (Delegado_Polícia Civil_MG_2007-desmembrada) O crime de 
extorsão não admite tentativa já que, além de ser crime formal, não 
exige para sua consumação a obtenção do resultado pretendido pelo 
agente. 
COMENTÁRIO: apesar de o crime de extorsão não exigir para 
sua consumação a obtenção da vantagem ilícita, é 
teoricamente possível a tentativa de extorsão (ex.: o agente 
 
 
 
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escreve carta chantagiosa, mas é extraviada antes de chegar 
à vítima) 
GABARITO: FALSO 
2. (Delegado_Polícia Civil_MG_2007-desmembrada) Agente 
que falsifica assinatura em cheque alheio, descontado por descuido 
do banco, comete o delito de estelionato, restando absorvida por este 
a falsidade. 
COMENTÁRIO: no caso, o agente manteve em erro o caixa do banco, 
conseguindo com isso indevida vantagem econômica (estelionato). 
Como o falso (cheque) se esgotou no estelionato sem mais 
potencialidade lesiva, fica absorvido (só há responsabilização pelo 
estelionato). 
GABARITO: CORRETO 
3. (Delegado_Polícia Civil_MG_2007-desmembrada) É crime de 
estelionato, na modalidade de fraude no pagamento, a conduta do 
agente de dar cheque em pagamento a dívida de jogo ou a atividade 
de prostituição. 
COMENTÁRIO: há tendência de se considerar inexistente o crime se o 
cheque se destinava ao pagamento de obrigação ilícita ou imoral, 
como no pagamento de prostitutas, dívidas de jogo ou de drogas. 
GABARITO: ERRADO 
 
 
 
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4. (UFPR_ESCRIVÃO_POLÍCIA CIVIL_PR_2007-desmembrada) 
O crime de extorsão mediante seqüestro, previsto no artigo 
159 do Código Penal, consuma-se com o simples 
arrebatamento da vítima, não sendo necessário o recebimento 
do valor do resgate. 
COMENTÁRIO: o crime de extorsão mediante sequestro é de 
resultado formal, consumando-se com o simples 
arrebatamento da vítima com a finalidade de pedir resgate 
pela sua libertação. 
GABARITO: CORRETO 
5. (UFPR_ESCRIVÃO_POLÍCIA CIVIL_PR_2007-desmembrada) 
Crianças de tenra idade e doentes mentais não podem figurar 
como sujeitos passivos do crime de estelionato. 
GABARITO: como estelionato pressupõe a possibilidade de 
manter uma pessoa determinada em erro, a vítima tem que ter 
alguma capacidade de compreender o engodo. Caso contrário, 
poderá configurar furto (art. 155) ou abuso de incapazes (art. 
173). 
GABARITO: CORRETO 
 
 
 
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6. (UFPR_ESCRIVÃO_POLÍCIA CIVIL_PR_2007-desmembrada) 
É isento de pena quem comete crime contra o patrimônio em 
prejuízo de irmão, tio ou sobrinho. 
COMENTÁRIO: conforme o art. 182, Somente se procede mediante 
representação, se o crime previsto neste título (crimes contra o 
patrimônio) é cometido em prejuízo: 
 I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; 
 II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; 
 III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. 
O art. 181 trata das causas de isenção de pena e não inclui a 
hipótese tratada na questão. 
GABARITO: ERRADO 
7. (CESPE_INSPETOR DE POLÍCIA 
LEGISLATIVA_CÂMARA_DF_2006-desmembrada) No crime de 
extorsão mediante seqüestro, o tipo penal consiste em seqüestrar 
pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer 
vantagem, como condição ou preço do resgate. Com relação à 
vantagem, pacificou-se a doutrina no sentido de que pode ser ela 
lícita ou ilícita, econômica ou de qualquer outra natureza. 
 
 
 
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COMENTÁRIO: na extorsão o agente busca indevida vantagem 
econômica. Se a vantagem for devida (legítima), o crime será o de 
exercício arbitrário das próprias razões (art. 345). 
GABARITO: ERRADO 
8. (UFPR_ESCRIVÃO_POLÍCIA CIVIL_PR_2007-desmembrada) 
É isento de pena quem comete furto em prejuízo do cônjuge, 
na constância da sociedade conjugal. 
COMENTÁRIO: conforme o art. 181 - É isento de pena quem comete 
qualquer dos crimes previstos neste título (crimes contra o 
patrimônio), em prejuízo: 
 I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; 
 II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo 
ou ilegítimo, seja civil ou natural. 
GABARITO: CORRETO 
9. (UFPR_ESCRIVÃO_POLÍCIA CIVIL_PR_2007-desmembrada) 
O crime de extorsão mediante seqüestro consuma-se com a 
entrega da vantagem exigida como condição ou preço do 
resgate. 
 
 
 
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COMENTÁRIO: o crime de extorsão mediante sequestro 
consuma-se com o arrebatamento da vítima, 
independentemente do efetivo pagamento do resgate. 
GABARITO: ERRADO 
10. (UFPR_ESCRIVÃO_POLÍCIA CIVIL_PR_2007-
desmembrada) Aquele que dolosamente adquire, recebe, 
transporta ou oculta, em proveito próprio ou alheio, coisa que 
sabe ser produto de crime, pratica o crime de receptação. 
COMENTÁRIO: Art. 180 (Receptação) - Adquirir, receber, 
transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa 
que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-
fé, a adquira, receba ou oculte. 
GABARITO: CORRETO 
11. (UFPR_ESCRIVÃO_POLÍCIA CIVIL_PR_2007-
desmembrada) O pagamento de cheque emitido sem provisão 
de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao 
prosseguimento da ação penal. 
COMENTÁRIO: STF Súmula nº 554 : “O pagamento de cheque 
emitido sem provisão de

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