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DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE Prof. Lúcio Valente www.pontodosconcursos.com.br 1 Amigos, ESTUDAR é MEMORIZAR o que estudou. LER não é estudar. Observe que E = L + M (estudo é igual a leitura mais memorização). Assim a leitura é apenas parte do estudo. Não adianta ler 40 páginas do material se você não memorizou a ideia das informações. Só passe para a folha seguinte quando puder (de olhos fechados) recitar todas as informações. Você pode fazer isso com perguntas elaboradas por você mesmo no verso. Só passe para a folha seguinte quando conseguir responder sem “aperreio” a todos os itens. Outra coisa, a revisão! Ela deve ser ACUMULUDA, RÁPIDA E CONSTANTE. Toda vez que você for estudar o material, TUDO O QUE FOI ESTUDADO DEVE SER REVISADO. Se você está na pag. 10 da aula 03, por exemplo, deve revisar antes de iniciar o estudo todo o material das aulas anteriores! ISSO DEVE SER FEITO EM POUCOS MINUTOS. Leia apenas as perguntas e SINTA se você consegue respondê-las mentalmente. Se “travar”, veja o ponto e memorize novamente. FAÇA ISSO TODOS OS DIAS QUE FOR ESTUDAR! Pessoal, o cara tem que ser sistemático. É muito gostoso ler páginas e páginas, “pescando” o tempo todo! Isso não é estudar!!! Por esse motivo, separei as informações em pontos. Isso significa que você deve tentar memorizar a informação de cada um dos pontos apresentados. Esse método é ensinado pelo Professor Flávio Monteiro de Barros e mudou meu jeito de estudar para concursos! Tente o método! Abraço a todos! Vamos à aula. Prof. Lúcio Valente www.pontodosconcursos.com.brwww.pontodosconcursos.com.br 2 N a i r S i l v a 1 6 3 7 7 9 8 2 4 5 3 DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 1. Crimes funcionais: funcionário público do sujeito ativo. 2. Crimes funcionais próprios ou impróprios: a. Crimes funcionais próprios público é essencial para existência do crime. Ou seja, não sendo o sujeito ativo um funcionário público, não subsiste qualquer crime. Assim, por exemplo, no crime de abandono de função (art. 323), se o agente não for funcionário público o fato será atípico. b. Crimes funcionais impróprios que o sujeito ativo não seja funcionário público, ocasião em que incidirá outro tipo penal. É o que ocorre com o peculato, que se transmuda em apropriação indébita, furto ou estelionato se o agente DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Crimes funcionais: são aqueles em que o tipo penal exige qualidade de funcionário público do sujeito ativo. Crimes funcionais próprios ou impróprios: Crimes funcionais próprios são aqueles que a qualidade de funcionário co é essencial para existência do crime. Ou seja, não sendo o sujeito ativo um funcionário público, não subsiste qualquer crime. Assim, por exemplo, no crime de abandono de função (art. 323), se o agente não for funcionário público o fato será atípico. mes funcionais impróprios são aqueles que sobrevivem mesmo que o sujeito ativo não seja funcionário público, ocasião em que incidirá outro tipo penal. É o que ocorre com o peculato, que se transmuda em apropriação indébita, furto ou estelionato se o agente não for funcionário público. DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA são aqueles em que o tipo penal exige qualidade de são aqueles que a qualidade de funcionário co é essencial para existência do crime. Ou seja, não sendo o sujeito ativo um funcionário público, não subsiste qualquer crime. Assim, por exemplo, no crime de abandono de função (art. 323), se o agente não for funcionário são aqueles que sobrevivem mesmo que o sujeito ativo não seja funcionário público, ocasião em que incidirá outro tipo penal. É o que ocorre com o peculato, que se transmuda em apropriação não for funcionário público. 3. Defesa preliminar: afiançáveis (pena mínima de até dois anos) o procedimento processual segue o rito dos arts. 514 a 518 do CPP. O funcionário público poderá apresentar, nesses casos, defesa preliminar no prazo de 15 dias, podendo o Defesa preliminar: nos crimes funcionais (próprios ou impróprios) afiançáveis (pena mínima de até dois anos) o procedimento processual segue o 518 do CPP. O funcionário público poderá apresentar, nesses casos, defesa preliminar no prazo de 15 dias, podendo o nos crimes funcionais (próprios ou impróprios) afiançáveis (pena mínima de até dois anos) o procedimento processual segue o 518 do CPP. O funcionário público poderá apresentar, nesses casos, defesa preliminar no prazo de 15 dias, podendo o juiz rejeitar a CRIMES FUNCIONAISCRIMES FUNCIONAIS PrópriosPróprios Impróprios a qualidade de funcionário público é essencial para existência do crime sobrevivem mesmo que o sujeito ativo não seja funcionário público a qualidade de funcionário público é essencial para existência do crime sobrevivem mesmo que o sujeito ativo não seja funcionário público DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE Prof. Lúcio Valente www.pontodosconcursos.com.br 3 queixa ou denúncia, em despacho fundamentado, se convencido, pela resposta do acusado ou do seu defensor, da inexistência do crime ou da improcedência da ação. c. O procedimento especial previsto nos artigos 513 a 518 do Código de Processo Penal só se aplica aos delitos funcionais próprios, descritos nos artigos 312 a 326 do Código Penal (STJ, RHC 22.118/MT, DJe 09/08/2010). d. Conforme entendimento sumulado do STJ, é desnecessária a resposta preliminar de que trata o artigo 514 do Código de Processo Penal, na ação penal instruída por inquérito policial (STJ, Súmula 330, DJ 20/09/2006). A primeira turma do STF, por sua vez, a partir do julgamento do HC 85.779/RJ, passou a entender que é indispensável a defesa preliminar nas hipóteses do art. 514 do Código de Processo Penal, mesmo quando a denúncia é lastreada em inquérito policial (STF, HC 95.969/SP, DJe 10/06/2009). 4. Participação de particulares: apesar de a autoria dos crimes funcionais ser própria de funcionário público (intraneus), admite-se a participação ou coautoria e de particular (extraneus). No entanto, se o particular comparte desconhecer a qualidade de funcionário público de seu comparsa, haverá um rompimento na unidade delituosa, respondendo o funcionário por crime funcional e o particular por crime comum (se houver). Exemplo: João, sem saber que José é servidor do Senado Federal, o auxilia na subtração de objeto de propriedade do órgão. João responde por furto (art. 155) e José por peculato-furto (art. 312). 5. Princípio da insignificância: e. STJ: não admite, em regra, a aplicação do princípio da insignificância aos delitos praticados contra a administração pública, haja vista buscar-se, nesses casos, além da proteção patrimonial, a tutela da moral administrativa (STJ, AgRg no Ag 1.105.736/MG, DJe 17/12/2010). f. STF: a primeira turma entendeu aplicável o princípio da insignificância na hipótese em que o servidor público militar não devolveu à Unidade Militar um fogão avaliado em R$ 455,00 (quatrocentos e cinquenta e cinco) Reais, o que configuraria peculato, conforme art. 303 do Código Penal Militar (STF, HC 87.478/PA,DJ 29/8/2006) Prof. Lúcio Valente www.pontodosconcursos.com.brwww.pontodosconcursos.com.br 4 6. Conceito de funcionário público: funcionário público, termo inclusive já abandonado pela moderna doutrina de Direito Administrativo. A lei p nas seguintes figuras: g. Funcionário Público Próprio (ou típico) (art. 327, que exerce cargo (criado por lei), emprego (regido pela CLT) ou função pública (ex.: jurado), seja definitiva ou tran com ou sem remuneração. i. Obs.: “Exercer”: refere função. Por exceção, o CP trata como funcionário público o nomeado que ainda não tomou posse (art. 324, primeira parte), o substituído ou suspenso (art. 324, segunda parte), o aposentado ou disponível (art. 325). h. Funcionário Público Impróprio (ou equiparado) i. equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal (administração pública indireta); e Obs.: Paraestatal: refere denominam de “administração pública indireta economia mista, empresas públicas, fundações públicas, e associações públicas. Conceito de funcionário público: o art. 327 trás o conceito penal de , termo inclusive já abandonado pela moderna doutrina de Direito Administrativo. A lei penal fraciona o conceito de funcionário público Funcionário Público Próprio (ou típico) (art. 327, que exerce cargo (criado por lei), emprego (regido pela CLT) ou função pública (ex.: jurado), seja definitiva ou transitoriamente (ex.: mesário, jurado etc.), com ou sem remuneração. : refere-se àquele que está no exercício regular da função. Por exceção, o CP trata como funcionário público o nomeado que ainda não tomou posse (art. 324, primeira parte), o exonerado, removido, substituído ou suspenso (art. 324, segunda parte), o aposentado ou disponível Funcionário Público Impróprio (ou equiparado) art. (327, § 1º): se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função ade paraestatal (administração pública indireta); e refere-se ao que modernamente os administrativistas administração pública indireta”: autarquias, sociedades de economia mista, empresas públicas, fundações públicas, agências reguladoras o art. 327 trás o conceito penal de , termo inclusive já abandonado pela moderna doutrina enal fraciona o conceito de funcionário público Funcionário Público Próprio (ou típico) (art. 327, caput): é aquele que exerce cargo (criado por lei), emprego (regido pela CLT) ou função pública sitoriamente (ex.: mesário, jurado etc.), se àquele que está no exercício regular da função. Por exceção, o CP trata como funcionário público o nomeado que ainda exonerado, removido, substituído ou suspenso (art. 324, segunda parte), o aposentado ou disponível art. (327, § 1º): se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função se ao que modernamente os administrativistas ”: autarquias, sociedades de agências reguladoras DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF CRIMES FUNCIONAIS Participação de particular Princípio da Insignificância é possível, se há consciência da condição de f. pub do autor é possível, se há consciência da condição de f. pub do autor STF: admite aos crimes funcionais STF: admite aos crimes funcionais Prof. Lúcio Valente www.pontodosconcursos.com.br 5 a i r S i l v a 1 6 3 7 7 9 8 2 4 5 3 DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE ii. quem trabalha para empresa particular prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração pública. Ex.: médico contratado de hospital particular credenciado ao Sis Saúde – SUS foi denunciado pela prática do crime de concussão, em razão de ter exigido a quantia de R$ 100,00 (cem reais) para prestar atendimento à pessoa acobertada pelo referido sistema. Daí a correta equiparação a funcionário público (STF, HC 97.710/SC, DJe 29/04/2010 ). DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE quem trabalha para empresa particular prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração pública. médico contratado de hospital particular credenciado ao Sis SUS foi denunciado pela prática do crime de concussão, em razão de ter exigido a quantia de R$ 100,00 (cem reais) para prestar atendimento à pessoa acobertada pelo referido sistema. Daí a correta equiparação a , HC 97.710/SC, DJe 29/04/2010 ). DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF quem trabalha para empresa particular prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração pública. médico contratado de hospital particular credenciado ao Sistema Único de SUS foi denunciado pela prática do crime de concussão, em razão de ter exigido a quantia de R$ 100,00 (cem reais) para prestar atendimento à pessoa acobertada pelo referido sistema. Daí a correta equiparação a PECULATO 7. Modalidades: i. peculato-apropriação (art. 312, j. peculato-desvio (art. 312, k. peculato-furto (art. 312, § 1º); l. peculato-culposo (art. 312, § 2º); m. peculato mediante erro de outrem (art. 313). 8. Peculato-apropriação (art. 312, conduta do funcionário público que se outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo. apropriação (art. 312, caput, primeira parte); desvio (art. 312, caput, segunda parte); furto (art. 312, § 1º); culposo (art. 312, § 2º); mediante erro de outrem (art. 313). apropriação (art. 312, caput, primeira parte) conduta do funcionário público que se apropria de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do , primeira parte): é a apropria de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do FUNCIONÁRIO PÚBLICO Funcionário Público Próprio (ou típico): Funcionário Público Impróprio (ou equiparado) é aquele que exerce cargo (criado por lei), emprego (regido pela CLT) ou função pública é aquele que exerce cargo (criado por lei), emprego (regido pela CLT) ou função pública exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa particular prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade pública exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa particular prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade pública DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE Prof. Lúcio Valente www.pontodosconcursos.com.br 6 9. A infração não passa de um crime de apropriação indébita praticada por funcionário público em que o agente tem a posse da coisa em razão do cargo, emprego ou função pública (ex.: guarda prisional que se apropria de relógio de preso sob guarda; agente do Departamento de Trânsito que se apropria de CD player de veículo apreendido sob sua guarda). 10. Pratica o crime de peculato o funcionário público que se apropria tanto de um bem móvel pertencente à administração pública (ex.: Prefeito que se apropria de verba do município sob sua guarda) ou pertencente à particular, que se encontra temporariamente apreendido ou sob a guarda da administração pública (ex.: veículo apreendido). Além disso, é necessário que a coisa esteja sob sua posse ou responsabilidade.11. Consumação: a consumação do crime de ocorre no momento em que o funcionário público, em virtude do cargo, começa a dispor do dinheiro, valores ou qualquer outro bem móvel apropriado, como se proprietário fosse (STJ, REsp 985.368/SP, DJe 23/06/2008). 12. Peculato-desvio (art. 312, caput, segunda parte): ocorre quando o agente desvia dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, em proveito próprio ou alheio (ex.: Oficial de cartório de protesto de títulos que recebe valores, desviando-os em proveito próprio). 13. Exemplo de peculato-desvio foi objeto de inquérito pelo STF: “a imputação feita na denúncia consiste no suposto desvio de valores do erário público, na condição de deputado federal, ao indicar e admitir a pessoa de S. de J. como secretária parlamentar no período de junho de 1997 a março de 2001 quando, na realidade, tal pessoa continuou a trabalhar para a sociedade empresária "Night and Day Produções Ltda", de titularidade do denunciado, no mesmo período (STF, Inq 1.926/ SC, DJe 20/11/2008)”. O STF entendeu ser típica a conduta do parlamentar, uma vez que a “secretária parlamentar” recebia dos cofres públicos e trabalhava em estabelecimento particular do congressista. 14. Não se configura o peculato desvio quando o agente público destina verba pública para destino diferente do determinado pela lei (ex.: verba para o FUNDEF que foi emprestada ao Estado para resolver déficit de caixa). Na DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE Prof. Lúcio Valente www.pontodosconcursos.com.br 7 hipótese, caso a aplicação da verba seja determinada por lei, poderá ocorrer o crime do art. 315 (emprego irregular de verbas públicas). 15. Consumação e tentativa: O crime de peculato na modalidade desvio (art. 312, caput, segunda parte) é crime material. Em outras palavras, consuma-se com o prejuízo efetivo para a administração pública (STJ, HC 114.717/MG, DJe 14/06/2010). 16. Peculato-furto (art. 312, § 1º): o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário (ex.: servidora de escola pública que, valendo-se da facilidade que a condição lhe proporciona, subtrai retroprojetor de propriedade da Secretaria de Educação do município). 17. Observe que o agente deve se valer da facilidade que a condição de funcionário público lhe proporciona, caso contrário não ficará configurado o peculato-furto, mas sim o furto comum (art. 155). Exemplo: o funcionário público que ingressa à noite, pela janela, em repartição pública para subtrair computadores pratica furto comum, se sua condição de servidor não interferir na sua conduta (art. 155). 18. Para a configuração do delito de peculato-furto não é necessário que o agente detenha a posse de dinheiro, valor ou outro bem móvel em razão do cargo que ocupa, exigindo-se apenas que a sua qualidade de funcionário público facilite a prática da subtração (ex.: vigia de Prefeitura, que, aproveitando-se dessa condição, subtrai folhas de cheque pertencentes ao Município logrando descontar uma delas em agência bancária) (STJ, HC 145.275/MS, DJe 02/08/2010). 19. A conduta de servidor do INSS de habilitar e conceder indevidamente aposentadoria por tempo de serviço a terceira pessoa, agindo de forma fraudulenta, amolda-se ao tipo previsto no § 3º do art. 171 do Código Penal – estelionato cometido contra a autarquia previdenciária. A conduta, portanto, não se subsume ao tipo de peculato-furto, mas ao estelionato na modalidade majorada, porque praticada contra entidade previdenciária (STJ, HC 112.842/PA, DJe 19/12/2008). DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE Prof. Lúcio Valente www.pontodosconcursos.com.br 8 20. Peculato culposo (art. 312, § 2º): aqui, o funcionário público é negligente na guarda da coisa pública, propiciando que seja ela objeto de crime (ex.: policial militar que guarda a arma de fogo de propriedade da Secretaria de Segurança Pública dentro do porta-luvas do veículo estacionado em via pública e, assim, possibilita que outrem pratique furto contra a coisa). 21. Extinção da punibilidade (art. 312, § 3º): se o funcionário público que concorre culposamente para o crime de outrem vier a reparar o dano até a sentença irrecorrível, será extinta a punibilidade; se a reparação lhe é posterior, a pena será reduzida de metade. 22. A extinção da punibilidade pela reparação do dano só é possível no crime de peculato culposo (STJ, RHC 7.497/DF, DJ 8/9/1998). 23. Analogamente ao furto de uso, o peculato de uso também não configura ilícito penal, tão somente administrativo (STJ, HC 94.168/MG, DJe 22/04/2008). 24. Peculato mediante erro de outrem (art. 313): é o delito de quem se apropria de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem. 25. O presente crime é denominado pela doutrina de “peculato-estelionato”. Contudo, o crime não é uma forma especial de estelionato. Inclusive, quando o agente se apropria de dinheiro, valor ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem, não pode ter provocado esse erro na vítima, conduta que configurará estelionato (art. 171). Com efeito, se, por exemplo, um servidor da justiça receber e se apropriar de valores de advogado, por engano deste, não sendo o competente para tal recebimento, haverá crime de peculato mediante erro de outrem. Contudo, se o servidor mentir ao advogado, afirmando falsamente ser ele o competente, haverá estelionato comum (art. 171). Prof. Lúcio Valente www.pontodosconcursos.com.brwww.pontodosconcursos.com.br 9 DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF INSERÇÃO DE DADOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÕES (ART. 313 26. O presente delito consi autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para causar dano. 27. Esse crime, incluído no CP pela Lei 9.983/2000, veio preencher um vazio existente na legislação e pretende coibir as fraudes contra os cofres públicos, principalmente da previdência social. Imagine, por exemplo, uma f INSS em que o agente apresente documentos com informações falsas sobre idade, tempo de serviço e de contribuição, pretendendo, com isso, obter algum benefício previdenciário. Para que seu plano seja concluído, conta com ajuda de servidor público autorizado a inserir tais dados nos sistemas informatizados da Previdência. 28. Consumação: o crime se consuma com a efetiva inserção dos dados falsos (ou inclusão, modificação, exclusão), independente do recebimento da vantagem indevida (crime formal). 29. Elemento subjetivo do tipo: fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano. INSERÇÃO DE DADOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÕES (ART. 313 O presente delito consiste na conduta de inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para Esse crime, incluído no CP pela Lei 9.983/2000, veio preencher um vazio existentena legislação e pretende coibir as fraudes contra os cofres públicos, principalmente da previdência social. Imagine, por exemplo, uma f INSS em que o agente apresente documentos com informações falsas sobre idade, tempo de serviço e de contribuição, pretendendo, com isso, obter algum benefício previdenciário. Para que seu plano seja concluído, conta com ajuda utorizado a inserir tais dados nos sistemas informatizados o crime se consuma com a efetiva inserção dos dados falsos (ou inclusão, modificação, exclusão), independente do recebimento da vantagem indevida (crime formal). to subjetivo do tipo: o crime só existe se o agente agir com fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano. INSERÇÃO DE DADOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÕES (ART. 313-A) ste na conduta de inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração si ou para outrem ou para Esse crime, incluído no CP pela Lei 9.983/2000, veio preencher um vazio existente na legislação e pretende coibir as fraudes contra os cofres públicos, principalmente da previdência social. Imagine, por exemplo, uma fraude no INSS em que o agente apresente documentos com informações falsas sobre idade, tempo de serviço e de contribuição, pretendendo, com isso, obter algum benefício previdenciário. Para que seu plano seja concluído, conta com ajuda utorizado a inserir tais dados nos sistemas informatizados o crime se consuma com a efetiva inserção dos dados falsos (ou inclusão, modificação, exclusão), independente do recebimento da o crime só existe se o agente agir com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano. PECULATOPECULATO P.APROPRIAÇÃO P.DESVIO P.FURTO P.CULPOSO P.MEDIANTE ERRO DE OUTREM P. HACKER DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE Prof. Lúcio Valente www.pontodosconcursos.com.br 10 30. Destaquem-se os requisitos desse tipo penal: n. conduta de inserir ou facilitar a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos; o. nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública; p. por funcionário autorizado; q. com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano. MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE SISTEMA DE INFORMAÇÕES (ART. 313-B) 31. Enquanto o crime do 313-A se parece muito com o crime de falsidade ideológica, podendo-se dizer que é uma forma de falsidade ideológica eletrônica praticada por funcionário público autorizado, aqui podemos fazer um paralelo com a falsificação de documento público. Isso porque o agente altera o próprio software público sem a devida autorização. 32. Note que não há, ao contrário do crime anterior, a exigência de finalidade de obtenção de vantagem ilícita. 33. Conforme o parágrafo único, as penas serão aumentadas de 1/3 a 1/2 se esta modificação causar efetivo dano para a Administração Pública ou para o administrado. 34. Destaquem-se os requisitos desse tipo penal (em contraposição ao delito do art. 313-A): r. conduta de modificar ou alterar; s. os sistema de informações ou programa de informática (o próprio sistema, e não mera inserção de dados nele); t. por funcionário (qualquer um, não precisa ser o autorizado); u. sem autorização ou solicitação de autoridade competente; v. não havendo necessidade de um especial fim de agir. DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE Prof. Lúcio Valente www.pontodosconcursos.com.br 11 CONCUSSÃO (ART. 316) 35. Consiste na conduta de exigir (determinar, ordenar), para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi- la, mas em razão dela, vantagem indevida. 36. Metus publicae potestatis: como a Administração gere grande parte da vida dos administrados, o funcionário público é capaz de criar consideráveis problemas para o particular. De tal modo, uma exigência sua desperta, de imediato, fundado temor na pessoa comum (metus publicae potestatis). 37. Exigir (ordenar, comandar): quando o funcionário público exige a vantagem indevida, faz impor sua autoridade como forma de incutir na vítima temor de possível represália. Isso significa que a ameaça, implícita ou explícita, deve ser de realizar conduta referente à função do agente (ex.: fiscal do meio ambiente que determina pagamento de valor para que a obra não seja demolida). Caso a ameaça não tenha qualquer relação com a função do agente, o crime poderá ser de extorsão comum do art. 158 (ex.: agente da prefeitura que exige valor da vítima sob ameaça de morte). 38. Ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela: não é necessário que o funcionário esteja trabalhando no momento da exigência. Pode estar de férias, licença, ou ainda não ter tomado posse (ex.: nomeado, mas não empossado), mas deve agir em razão da função. 39. Indevida vantagem: posição majoritária (Greco e Mirabete) entende que a vantagem pretendida pode ser patrimonial ou qualquer outra utilidade (ex.: exigir emprego para filho). 40. Consumação: o crime de concussão é formal, que se consuma com a exigência. Irrelevância do fato do não recebimento da vantagem indevida. 41. Excesso de exação (§ 1º): ocorre quando o funcionário exige tributo que sabe (dolo direto) ou deveria saber (dolo eventual) indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza. 42. Exigência indevida de multa tributária: nos termos da definição dada pelo art. 3º do Código Tributário Nacional, "tributo é toda prestação DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE Prof. Lúcio Valente www.pontodosconcursos.com.br 12 pecuniária, compulsória, em moeda ou cujo valor nela se posse exprimir, que não constitua sanção de ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa." Portanto, é consabido que a multa, em vista de sua natureza sancionatória, não constitui tributo. O princípio da estreita legalidade impede a interpretação extensiva para ampliar o objeto descrito na lei penal. Na medida em que as multas não se inserem no conceito de tributo é defeso considerar que sua cobrança, ainda que eventualmente indevida - quer pelo meio empregado quer pela sua não incidência - tenha o condão de configurar o delito de excesso de exação, sob pena de violação do princípio da legalidade, consagrado no art. 5º, XXXIX, da Constituição Federal e art. 1º do Código Penal (STJ, REsp 476.315/DF, DJe 22/02/2010). 43. De acordo com a jurisprudência do STF e STJ as custas e os emolumentos concernentes aos serviços notariais e registrais possuem natureza tributária, qualificando-se como taxas remuneratórias de serviços públicos (STF, ADI 3.260/RN, DJ 29/03/2007). Desta forma, comete o crime de excesso de exação aquele que exige custas ou emolumentos notariais que sabe ou deveria saber indevido. CORRUPÇÃO PASSIVA (ART. 317) 44. Ocorre a corrupção passiva quando o agente público solicita (crime formal) ou recebe (crime material), para si ou para outra pessoa, direta (pessoalmente) ou indiretamente (por interposta pessoa), ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceita promessa de tal vantagem (crime formal). É conhecido popularmentecomo “propina” ou “cafezinho”. 45. Ainda que fora da função, mas em razão dela: significa que a solicitação, o recebimento ou a aceitação devem ser feitos em razão da qualidade de funcionário público do agente, mesmo que ele esteja afastado, em férias, de licença etc. 46. A vantagem pode ser de caráter econômico ou não (ex.: emprego para um parente, favores sexuais, final de semana em hotel de luxo). Considera-se, DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE Prof. Lúcio Valente www.pontodosconcursos.com.br 13 contudo, inexistir crime no pagamento de pequenas gratificações (ex.: gari que recebe dinheiro do particular, agradecido, no período de natal). 47. Exemplos: fiscal da prefeitura que solicita valores de ambulantes para não importuná-los; Delegado de Polícia que solicita quantia em dinheiro para não incluir nome de pessoa em inquérito policial; agente de trânsito que aceita promessa de favor sexual para não multar a condutora; vereador que solicita dinheiro para ser aprovada emenda de Projeto de Lei. 48. Para a configuração do delito de corrupção passiva é necessário que o ato de ofício em torno do qual é praticada a conduta incriminada seja da competência ou atribuição inerente à função exercida pelo funcionário público (STJ, REsp. 825.340/MG, DJ 25/09/2006). Exemplo: funcionário público que viaja pelo país em aviões com passagens pagas por empresas particulares sem qualquer relação entre a vantagem e a prática ou omissão de ato inerente à função pública não comete tal crime. 49. Consumação: Para o STJ, o crime de corrupção passiva é formal e se consuma com a prática de um dos verbos nucleares do tipo (STJ, REsp 812.005/SP, DJe 15/03/2010). 50. Causa especial de aumento de pena (§ 1º): a pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda (procrastina, atrasa) ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. Neste caso, além de receber o valor, o funcionário público efetivamente pratica, retarda ou deixa de praticar o ato relativo à sua função. O que seria um mero exaurimento, foi tratado como causa de aumento de pena (ex.: se o agente de trânsito recebe valor para não multar, estará consumado o crime de corrupção passiva. Se caso, efetivamente, deixe de praticar o ato, responderá também pelo aumento de pena). 51. Corrupção privilegiada (§ 2º): ocorre quando o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem. Neste caso, não há recebimento de vantagem indevida, mas mero atendimento de pedido ou influência (ex.: DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE Prof. Lúcio Valente www.pontodosconcursos.com.br 14 agente de trânsito que deixa de multar o condutor por pedido de policial amigo deste último). 52. O crime em muito se assemelha ao crime de prevaricação (art. 319), com a diferença que neste o agente infringe o dever funcional para satisfazer interesse ou sentimento pessoal, sem que haja solicitação de terceiro (ex.: agente de trânsito que deixa de multar condutor por ser amigo deste). 53. Quadro comparativo entre corrupção passiva e concussão: Concussão (art. 316) Corrupção Passiva (art. 317) 1. Exigir vantagem indevida 1. Solicitação, aceitação ou promessa de vantagem indevida 2. Há coação 3. Não há coação PREVARICAÇÃO (ART. 319) 54. O crime de prevaricação consiste na conduta de quem retarda ou deixa de praticar, indevidamente (sem justa causa), ato de ofício (que se encontra na esfera de atribuição), ou o pratica contra disposição expressa de lei, com a finalidade de (elemento subjetivo do tipo) satisfazer interesse (qualquer vantagem ou proveito, podendo ser patrimonial ou moral) ou sentimento pessoal (amor, ódio, amizade, ciúmes, inveja etc.). Exemplos: policial que deixa de prender em flagrante amigo de infância; fiscal da saúde que deixa de atuar infrator por interesse sexual em relação a este. 55. Indolência, preguiça, desídia, trabalhar mal: não é sentimento pessoal para fins de prevaricação. No caso, constituir-se-á em mera falta administrativa. 56. Há grandes similaridades com o crime de corrupção passiva, contudo podem-se apontar as seguintes distinções: a. Na corrupção passiva, o agente atua visando vantagem indevida e pode haver ajuste entre corrupto e corruptor. Na prevaricação, o agente atua por objetivos e interesses pessoais; DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE Prof. Lúcio Valente www.pontodosconcursos.com.br 15 b. Se houver recebimento de vantagem indevida pelo funcionário público, em virtude de acordo realizado com terceira pessoa, o crime será de corrupção passiva (art. 317). 57. Prevaricação praticada por jurados: interessante observar que, por ser considerado funcionário público para fins penais, o art. 445 do CPP diz que o jurado, no exercício da função ou a pretexto de exercê-la, será responsável criminalmente nos mesmos termos em que são os juízes de direito. Assim sendo, os jurados podem cometer crime de prevaricação. PREVARICAÇÃO IMPRÓPRIA (ART. 319-A) 58. É o crime do Diretor de Penitenciária e/ou do agente público, que deixa de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo. 59. O preso não está proibido de entrar em contato com pessoas que se encontram fora do cárcere, como seus parentes e advogado. Inclusive, não é incomum encontrarmos telefones públicos instalados no interior dos presídios. Ocorre que a utilização de tais aparelhos deve ser precedida de autorização da Administração penitenciária (Resolução nº 14/1994 do CNPC). 60. O que é considerado crime é o descumprimento do dever por parte do agente de público de vedar ao preso o acesso a aparelho de comunicação indevidamente (sem autorização). 61. Distinções Corrupção passiva Prevaricação Comum Prevaricação Imprópria O agente público, por exemplo, aceita propina para permitir a entrada do aparelho. O agente público, por caridade (ou outro sentimento pessoal) deixa o detento ter acesso O agente público, sem qualquer tipo de interesse, (ex.: por desídia) deixa de cumprir seu DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE Prof. Lúcio Valente www.pontodosconcursos.com.br 16 ao aparelho dever de vedar ao preso o acesso ao aparelho. 62. Importante: a Lei 12.012/2009 acrescentou o art. 349-A ao CP, que diz: ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisional. A diferença do crime do art. 349-A para o crime ora estudado é a de que o primeiro é crime de particular contra a administração pública. Foi ele criado visando, principalmente, abranger parentes e advogados de presos que ingressam com o aparelho dentro do sistema penitenciário. CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA (ART. 320) 63. É o delito de quem deixa por indulgência (clemência, comiseração, compaixão), de responsabilizar subordinado (inferior hierárquico) que cometeu infração (criminal ou administrativa) no exercício do cargo (não fora dele) ou, quando lhe falte competência, nãoleva o fato ao conhecimento da autoridade competente. 64. O Lei 8.112/90, em seu art. 143, dispõe que “a autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço público é obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar, assegurada ao acusado ampla defesa.” 65. O crime em estudo é forma especial de prevaricação, com as seguintes diferenças: PREVARICAÇÃO CONDESCENDÊNCIA Há finalidade de satisfazer qualquer interesse ou sentimento pessoal. Há apenas indulgência (clemência, comiseração, compaixão). DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE Prof. Lúcio Valente www.pontodosconcursos.com.br 17 Refere-se a qualquer ato de ofício referente a qualquer função pública. Refere-se às providências para responsabilização de inferior hierárquico ou de delação por quem tenha o mesmo nível hierárquico. Tem como pressuposto a pratica de uma infração criminal ou administrativa por parte de funcionário público. ADVOCACIA ADMINISTRATIVA (ART. 321) 66. Este tipo incrimina a conduta do funcionário público que patrocina (auxilia, pleiteia, defende, intercede por), direta ou indiretamente, interesse privado (alheio) perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário (ex.: policial federal que usa sua influência para concessão de autorização para porte de arma a particular junto ao SINARM). 67. Apesar do termo “advocacia”, tal crime é próprio de funcionário público e não de “advogado”. 68. Em se tratando de crime contra a ordem tributária, aplica-se o art. 3º, III, da Lei nº 8.137/90, que pune a conduta de quem patrocina, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário público. 69. Cuidando-se, no entanto, de crime relacionado com licitação pública, aplica-se o art. 91 da Lei nº 8.666/93). 70. “Valendo-se da qualidade de funcionário público”: a configuração da advocacia administrativa pressupõe que o servidor, usando das prerrogativas e facilidades resultantes de sua condição de funcionário público, patrocine, como procurador ou intermediário, interesses alheios perante a Administração. DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE Prof. Lúcio Valente www.pontodosconcursos.com.br 18 71. Para que haja o crime de advocacia administrativa, previsto no artigo 321 do Código Penal, é necessário que o interesse patrocinado seja particular e alheio (STJ, AP 567/GO, DJ 22/10/2009). 72. Forma qualificada (parágrafo único): incide quando o interesse patrocinado é ilegítimo (ilegal). VIOLÊNCIA ARBITRÁRIA (ART. 322) 73. É o crime de quem pratica violência, no exercício ou a pretexto de exercer função (pública). 74. Segundo entendimento do STJ e STF, o crime de violência arbitrária (art. 322 do CP) não foi revogado pela Lei de Abuso de Autoridade (STF, RHC 95.617/MG, DJ 25/11/2008). 75. A violência arbitrária é entendida como aquela ilegalidade do funcionário público que, violando o Direito da Administração Pública, age arbitrariamente, isto é, sem autorização de qualquer norma legal que lhe justifique a conduta, contra o cidadão (ex.: O Policial João desfere um soco em José pelo fato de este estar de madrugada caminhando em via pública). No abuso de autoridade, o funcionário, ao executar sua atividade, excede-se no Poder Discricionário, que facultaria a escolha livre do método de execução, ou desvia, ou foge da sua finalidade, descrita na norma legal que autorizava o Ato Administrativo (ex.: após prisão legal de José, o policial João os lesiona arbitrariamente durante algemamento) (STJ, HC 48.083/MG, DJe 07/04/2008). ABANDONO DE FUNÇÃO (ART. 323) 76. É o crime de quem abandona (deixa ao desamparo) cargo público (não emprego ou função pública), fora dos casos permitidos em lei. 77. O crime é de perigo concreto, ou seja, deve ficar demonstrado que o desamparo criou situação de risco para a Administração Pública, impossibilitando ou, pelo menos, dificultando, por exemplo, a realização de determinado serviço público. DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE Prof. Lúcio Valente www.pontodosconcursos.com.br 19 78. Distinção: o abandono em estudo não se confunde com aquele referido no art. 138 da Lei nº 8.112/1990, que exige por parte do agente público a ausência por trinta dias para que se configure abandono. Para o art. 323 o abandono refere-se ao desamparo do cargo, que pode ocorrer em tempo bem mais curto (ex.: médico de hospital público que abandona o plantão sem deixar substituto para pagar contas no banco). 79. Consumação: trata-se de crime formal, consumando-se com o abandono por tempo suficiente para criar risco de dano ao serviço ou patrimônio público. 80. Formas qualificadas: c. Se do fato resulta prejuízo público (§ 1º); d. Se ocorrer em local compreendido na faixa de fronteira (faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, conforme o art. 20, § 2º da CF) (§ 2º). EXERCÍCIO FUNCIONAL ILEGALMENTE ANTECIPADO OU PROLONGADO (ART. 324) 81. Consiste na conduta de entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais (ex.: ato de posse, exame de saúde etc.), ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso. 82. Distinção: e. Exercício antecipado (art. 324, 1ª parte): o agente público antecipa o exercício da própria função, antes de satisfeitas as exigências legais; f. Usurpação de função pública (art. 328): aqui, o particular ou mesmo o funcionário público usurpa função alheia (ex.: escrivão de polícia que preside auto de prisão em flagrante). VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL (ART. 325) DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE Prof. Lúcio Valente www.pontodosconcursos.com.br 20 83. Comete o delito de violação de sigilo funcional o funcionário público que revela (divulga, expõe) fato de que tem ciência em razão do cargo (mesmo que para uma única pessoa) e que deva permanecer em segredo, ou facilitar- lhe a revelação (ex.: permite, passivamente, acesso a documento sigiloso). 84. Incluem-se no pólo ativo o funcionário público aposentado e o colocado em disponibilidade, vez que continuam vinculados parcialmente aos deveres com a Administração. Não assim o funcionário demitido ou exonerado, pois nestas hipóteses fica completamente rompido o vínculo jurídico com o Estado (Hungria). 85. “De que tem ciência em razão do cargo”: faz-se necessário que o conhecimento do fato indevidamente revelado proceda das atribuições do cargo (ratione officcii). O delito não se aplica a segredos ouvidos furtivamente, mesmo que a condição de funcionário público tenha contribuído para tanto (Hungria). 86. Professor de escola pública: comete violação de sigilo funcional o professor que fornece antecipadamente a alguns alunos cópias das questões que seriam aplicadas na prova (Führer). 87. Violação de segredo profissional (art. 154): se o particular revela segredo, de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem, comete crime de violação de sigilo profissional, previsto no art. 154 (ex.: médico psiquiatra que revelainformação prestada por paciente sobre sua homossexualidade). 88. Figuras assemelhadas: nas mesmas penas deste artigo 325 incorre quem (§ 1º): g. permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública; h. se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. 89. Forma qualificada (§ 2º): se resulta dano à administração pública ou a outrem. DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE Prof. Lúcio Valente www.pontodosconcursos.com.br 21 USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA (ART. 328) 90. Comete o delito previsto no art. 328 do Código Penal (usurpação de função pública) aquele que pratica indevidamente função própria da administração, ou seja, sem estar legitimamente investido na função de que se trate. 91. Não é suficiente, deste modo, que o agente se atribua na função, sendo imprescindível que este pratique atos de ofício como se legitimado fosse, com o ânimo de usurpar, consistente na vontade deliberada de praticá-los. 92. O crime de usurpação de função pública, muito embora previsto no capítulo destinado aos crimes praticados por particular contra a Administração Pública, pode, também, ser praticado por funcionário público que desempenhe atos que estejam fora de sua atribuição legal (ex.: escrivão de polícia que preside auto de prisão em flagrante). 93. Não obstante o acusado se apresente como agente público federal, esse fato, por si só, não configura lesão a bens, serviços e interesses da União, pois deve estar demonstrado o efetivo prejuízo causado para esse ente federado (STJ, CC 101.196/PR, DJe 01/12/2009). 94. Possibilidade de concurso de agentes de particular com funcionário público: funcionários de uma copiadora utilizavam carimbos de autenticação pertencentes ao 4º Ofício de Notas de Brasília/DF - fornecidos pelo próprio Tabelião -, em cópias de documentos, encaminhando-as, posteriormente, ao cartório, para a aposição de assinaturas por escreventes autorizados. Embora o Tabelião não tenha praticado qualquer ato executório, concorreu de algum modo para a realização do crime (STJ, REsp 688.339/DF, DJ 16/05/2005 ). 95. Distinção: se o agente apenas simula a qualidade de funcionário, ou se usa uniforme ou distintivo sem exercer efetivamente a função, comete contravenção penal (arts. 45 e 46 da LCP). 96. Forma qualificada (parágrafo único): se do fato o agente aufere vantagem. RESISTÊNCIA (art. 329) DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE Prof. Lúcio Valente www.pontodosconcursos.com.br 22 97. Consiste na oposição à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça (com força intimidatória considerável) a funcionário competente para executá-lo (não o usurpador) ou a quem lhe esteja prestando auxílio (ex.: Agente que, agindo livre e conscientemente, opõe-se à ordem de fiscalização em seu estabelecimento, mediante ameaça a auditor fiscal do Ministério do Trabalho). 98. A resistência deve ser positiva (ativa). Assim, não há delito por parte daquele que se opõe à ordem de prisão da autoridade, deitando-se no chão ou agarrando-se a grade do portão. Neste caso, poderá estar configurado o delito de desobediência (art. 330). 99. “Execução de ato legal”: é o ato material (objeto) e formalmente (incluindo a forma de execução) legal, embora possa parecer injusto ao agente (ex.: pai que se opõe a retirada dos filhos de sua guarda por não concordar com a ordem judicial, mediante violência ao oficial de justiça). 100. “A quem lhe esteja prestando auxílio”: é qualquer pessoa que, espontânea ou compulsoriamente, esteja apoiando a ação do funcionário competente. 101. Caso: encontra-se configurada a conduta típica do crime de resistência pela repulsão contra o ato de prisão do agente que, por duas vezes, após a captura e mediante violência, conseguiu escapar do domínio dos policiais, danificando, neste interregno, a viatura policial, fato este que o levou posteriormente a ser algemado e amarrado (STJ, HC 154.949/MG, DJe 23/08/2010). 102. O estado de embriaguez afasta o dolo do crime de resistência, uma vez que o crime exige a capacidade de discernimento e, portanto, a compreensão da postura adotada (STF, Ext. 555/RFA, DJ 12/02/1993). 103. Distinção: o desacato difere da resistência, já que nesta a violência ou ameaça direcionada a funcionário visa a não realização de ato de ofício, ao passo que, naquele a eventual violência ou ameaça perpetrada contra funcionário público tem por finalidade desprestigiar a função por ele exercida. 104. Figura qualificada: se o ato, em razão da resistência, não se realiza (§ 1º); DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE Prof. Lúcio Valente www.pontodosconcursos.com.br 23 105. Concurso material: as penas são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência (§ 2º). 106. Para a configuração do delito de resistência é indispensável que haja lapso temporal entre a prática do roubo e a perpetração da violência (STJ, HC 97.857/SP, DJe 10/11/2008). Assim, por exemplo, havendo a cisão temporal das ameaças, uma dirigida à vítima do roubo e a outra aos funcionários públicos responsáveis pela prisão do réu, tem-se como caracterizado o concurso material entre os delitos de roubo e resistência. DESOBEDIÊNCIA (ART. 330) 107. Pratica o crime aquele que não atende ordem legal do funcionário público, seja ela verbal, escrita ou mesmo gestual. 108. Desobediência e existência de sanção específica: a configuração do delito de desobediência exige, além do não cumprimento de uma ordem, a inexistência da previsão de sanção específica em caso de seu descumprimento (STJ, HC 84.664/SP, DJe 13/10/2009). Neste sentido, o STJ já considerou atípica a hipótese em que o Prefeito Municipal teria descumprido liminar que determinou que fossem suspensos todos os atos referentes à licitação pública, assim como a execução do respectivo contrato com a empresa vencedora, por ter sido fixada sanção específica de multa diária de R$ 50.000,00 pelo seu descumprimento (STJ, HC 68.144/MG, DJ 04/06/2007). 109. Sujeito ativo: em regra, o particular. O funcionário público pode, no entanto, cometer crime de desobediência, se destinatário da ordem, e considerando a inexistência de hierarquia, tiver o dever de cumpri-la (STJ, REsp 1173226/RO, DJe 04/04/2011). 110. Para a configuração do crime de desobediência, exige-se que a ordem, revestida de legalidade formal e material, seja dirigida expressamente a quem tem o dever de obedecê-la, e que o agente voluntária e conscientemente a ela se oponha (STJ, HC 130.981/RS, DJe 14/02/2011) (ex.: não há crime de desobediência por parte de subordinado de empresa, cuja direção fora requisitada a apresentar documentos em juízo). DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE Prof. Lúcio Valente www.pontodosconcursos.com.br 24 111. Descumprimento de transação penal da Lei nº 9.099/95: o descumprimento da transação penal, em razão dos efeitos da coisa julgada material e formal do acordo, não permite o oferecimento de denúncia por parte do ministério público e, muito menos, rende ensejo ao crime de desobediência (STJ, HC 97.642/ES, DJe 23/08/2010). 112.Desobediência à ordem que implique auto-incriminação ou em prejuízo para o sujeito: não se configura o crime de desobediência caso o cumprimento da ordem da autoridade represente forma de auto-incriminarão (ex.: negar-se a teste de bafômetro ou ao fornecimento de padrões gráficos para exame de constatação de identidade) (STF, HC 77.135-SP, DJ 08/09/1998). DESACATO (ART.331) 113. Trata-se da conduta de quem desacata (insulta, humilha, achincalha) funcionário público no exercício da função (in officio) ou em razão dela (propter officium). 114. Para que ocorra o desacato, faz-se necessária a presença do funcionário público, não se exigindo, contudo, seja a ofensa proferida face a face, bastando que, de alguma forma, possa escutá-la, presenciá-la, enfim, que seja por ele percebida. Não é desacato, deste modo, a ofensa por via telefônica ou pela imprensa. No caso, pode-se falar em crimes contra a honra comuns (calúnia, difamação ou injúria). 115. Nexo funcional: deve ficar demonstrada a relação entre a ofensa e o dolo de desprestigiar a função pública do funcionário público. De tal modo, não será desacato a conduta daquele que xinga funcionário público no interior da repartição por rancor pessoal em relação a este. 116. Desacato praticado por funcionário público: É possível a prática do crime de desacato por funcionário público contra pessoa no exercício de função pública, pois se trata de crime comum em que a vítima imediata é o Estado e a mediata aquela que está sendo ofendida (STJ, HC 104.921/SP, DJe 26/10/2009). DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE Prof. Lúcio Valente www.pontodosconcursos.com.br 25 117. Dolo específico: a figura do desacato exige dolo, intenção de ultrajar ou desprestigiar, não se configurando o tipo se houve discussão motivada pela exaltação mútua de ânimos (STJ, REsp 13.946/PR, DJ 17/08/1992). 118. No mesmo sentido acima, tem-se entendido que o simples fato de o cidadão demonstrar indignação contra o mau funcionamento do serviço público, não configura o crime de desacato (STJ, RHC 9615/RS, DJ 25/09/2000). 119. Desacato praticado por advogado e o § 2º do art. 7º do Estatuto de OAB: a inviolabilidade dos atos e manifestações do advogado está protegida no art. 133 da Constituição Federal. O Código Penal, art. 142, inciso I, por sua vez, dispõe não se constituir em injúria ou difamação punível a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador. O estatuto da OAB (art. 7º, § 2º), no entanto, ampliou as proteções acima citadas, excluindo a punição de advogados por desacato. O STF, no entanto, por ocasião da ADI nº 1.127/2006, considerou que a imunidade profissional do advogado não é absoluta. O Pleno, por conseguinte, declarou a inconstitucionalidade da expressão "ou desacato" contido no § 2º do artigo 7º da Lei n. 8.906/94, retirando do ordenamento jurídico a imunidade profissional em relação a fatos que se enquadram no tipo penal correspondente (STF, ADI 1127/DF, DJe 10/06/2010). 120. Pluralidade de funcionários ofendidos: se os fatos ocorreram em um mesmo contexto, haverá crime único, devendo o número de funcionários desacatados ser considerado para efeitos de aplicação da pena. TRÁFICO DE INFLUÊNCIA (ART. 332) 121. É uma verdadeira fraude em que o particular, dizendo-se influente perante agentes públicos, solicita, exige, cobra, ou obtém vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por eles no exercício da função (venda de fumaça, no dizer dos doutrinadores antigos) (ex.: agente que obtém vantagem para si, a pretexto de influir em aprovação por parte de banca examinadora do Detran). DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE Prof. Lúcio Valente www.pontodosconcursos.com.br 26 122. “A pretexto de influir”: a expressão demonstra que o agente agiu com ardil, pois ilude pretendente ao ato ou providência funcional, alegando um prestígio que na verdade não tem (ex.: filho de famoso político obtém valores da vítima, mantendo-a sob a ilusão de que teria influência na retirada de multas tributárias). 123. O “comprador” da vantagem falsa vantagem comete crime? Não. Noronha ensina que “não obstante a conduta ilícita do comprador de influência, não pode ele ser também sujeito ativo do crime, como alguns pretendem, conquanto sua conduta seja imoral. Realmente, ele se crê agente de um crime de corrupção em coautoria com o vendedor de prestígio, mas dito crime não existe, é putativo (imaginário). E coautor do presente delito também não será, porque, conquanto de certa maneira ele concorre para o descrédito administrativo, não pode ser copartícipe de obter vantagem quem a dá ou dela se despoja. Como escreve Manzini, ‘enquanto um quer vender fumo, o outro quer e supõe, ao contrário, comprar um assado’”. 124. Distinção: se o tráfico indevido de influência recair sobre o nome de juiz, jurado, membro do MP, funcionário da justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha, estará tipificado o delito de exploração de prestígio (art. 357). 125. Consuma-se o crime de tráfico de influência com a mera solicitação, exigência, cobrança ou obtenção de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função (STJ, CC 108.664/SP, DJe 16/02/2011). CORRUPÇÃO ATIVA (art. 333) 126. O crime de corrupção ativa ocorre quando alguém, por meio de promessas, dádivas, recompensas, ofertas ou qualquer utilidade, procura induzir um funcionário público a praticar, omitir ou retardar ato de ofício. É o popular “suborno”. 127. Consumação: o crime é de consumação formal e independe de o funcionário público aceitar ou não a oferta. Apesar disso, é possível a tentativa DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE Prof. Lúcio Valente www.pontodosconcursos.com.br 27 no caso em que a proposta é, por exemplo, encaminhada por escrito, mas extraviada antes de chegar ao funcionário público. 128. Oferecimento de vantagem indevida após a prática do ato: o crime de corrupção ativa não se caracteriza quando a oferta é realizada após a realização do ato (ex.: juiz que recebe valor após ter fundamentadamente e licitamente absolvido o réu). Trata-se de mera infração funcional. 129. Pequenos agrados: não é incomum no serviço público o oferecimento de pequenos agrados, feitos por particulares, com a finalidade de angariar simpatia dos funcionários públicos. Assim são oferecidas caixas de bombons, canetas, livros etc. Se tais comportamentos não são destinados a fazer com que o intraneus pratique, omita ou retarde ato de ofício, não terão eles a importância exigida pelo Direito Penal (Greco). 130. Como se percebe, no tipo estudado não existe a conduta do particular de “entregar a vantagem”. Assim, caso o funcionário público solicite a vantagem (corrupção passiva), tendo o particular apenas atendido o pedido, não haverá corrupção ativa por parte deste, por falta de previsão legal. 131. Corrupção ativa no Estatuto de Defesa do Torcedor: o art. 41-D da Lei nº 12.99/2010, tipifica a conduta daquele que dá ou promete (a qualquer pessoa que tenha poder de influência) vantagem patrimonial ou não patrimonial com o fim de alterar ou falsear o resultado de uma competição desportiva. 132. Causa de aumento de pena (parágrafo único): a pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário, efetivamente,retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. 133. Corrupção ativa e crime militar: o art. 309 do CPM prevê o crime de corrupção ativa praticado por militares, na forma de seu art. 9º. CONTRABANDO OU DESCAMINHO (ART. 334) 134. Contrabando (art. 334, caput, 1ª parte): trata-se da conduta de importar ou exportar mercadoria proibida (ex.: cigarros falsificados, softwares “piratas” etc.). DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE Prof. Lúcio Valente www.pontodosconcursos.com.br 28 135. Descaminho (art. 334, caput, 2ª parte): consiste na conduta de quem ilude, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída e pelo consumo de mercadoria lícita. Como se vê, o delito de descaminho (ou contrabando impróprio) é verdadeira fraude no pagamento de tributos aduaneiros, sendo, deste modo, delito de natureza tributária, pois atenta diretamente contra o erário público. 136. Há certas mercadorias cujo tráfico tipifica crime diverso, previsto em norma específica, como por exemplo, na criminosa importação ou exportação de drogas (Lei nº 11.340/2006, art. 40) ou de armas (Lei nº 10.826/2003, art. 18). 137. Princípio da insignificância e descaminho: por força de sua natureza tributária, o delito de descaminho não estará configurado quando a importação de mercadoria sem o pagamento de tributo for em valor inferior ao definido no art. 20 da Lei n° 10.522/02 (R$ 10.000,00), dada a incidência do princípio da insignificância (STF, HC 96852/PR, DJe 15/03/2011). No mesmo sentido: STF, HC 96412/SP, DJ 26/10/2010; STF, HC 95570/SC, DJ 101/6/2010. Em sentido contrário: STF, HC 100986/PR, DJ 31/05/2011. 138. Observe que o próprio STF já indeferiu HC impetrado em favor de condenado pela prática do delito de descaminho, no qual se pretendia o trancamento de ação penal, por atipicidade da conduta, com base na aplicação do princípio da insignificância, pois o tributo devido seria inferior a R$ 10.000,00. Considerou-se que, embora o tributo elidido totalizasse R$ 8.965,29, haveria a informação de que o paciente responderia a outro processo — como incurso no mesmo tipo penal — cujo valor não pago à Fazenda Pública, considerados ambos os delitos, seria de R$ 12.864,35. Destacou-se estar-se diante de reiteração de conduta delitiva, pois o agente faria do descaminho seu meio de vida, daí a inaplicabilidade do referido postulado (STF, HC 97257/RS, DJ 05/10/2010). 139. Figuras equiparadas (§ 1º): incorre nas mesmas penas do contrabando ou descaminho quem: DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE Prof. Lúcio Valente www.pontodosconcursos.com.br 29 a. Pratica navegação de cabotagem (realizada entre portos ou pontos do território brasileiro, utilizando a via marítima e outras vias navegáveis interiores), fora dos casos permitidos em lei (no caso: Lei nº 9.432/97); b. Pratica fato assemelhado, em lei especial, a contrabando ou descaminho (ex.: saída de mercadoria da Zona Franca de Manaus sem a autorização legal expedidas pelas autoridades competentes, conforme o disposto no art. 39 do Decreto-Lei nº 288/67); c. Vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem. Nesses casos, segundo as lições de Fragoso, o crime de contrabando ou descaminho restaria absorvido; d. Adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal, ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos. Essa hipótese especial de receptação afasta o crime do art. 180 do CP. 140. O § 2º do art. 334 equipara às atividades comerciais qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, até mesmo em residências. 141. Forma qualificada (§ 3º): A pena aplica-se em dobro, se o crime de contrabando ou descaminho é praticado em transporte aéreo. 142. Competência para julgamento: a competência para o processo e julgamento por crime de contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens. (STJ, Súmula nº 151). SUBTRAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO (ART. 337) 143. Consiste na conduta de subtrair (retirar com animus rem sibi habendi), ou inutilizar (estragar), total ou parcialmente, livro oficial (criado por lei para DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE Prof. Lúcio Valente www.pontodosconcursos.com.br 30 escrituração ou registro), processo ou documento (público ou particular) confiado à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular em serviço público (ex.: perito judicial). 144. Conflito de normas: a. O advogado ou procurador que inutiliza, total ou parcialmente, ou deixa de restituir autos, documento ou objeto de valor probatório, que recebeu naquela qualidade, responde pelo crime do art. 356 do CP (Sonegação de papel ou objeto de valor probatório). b. Se o próprio agente público extravia livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonega-o ou inutiliza-o, total ou parcialmente, responde pelo crime do art. 314. c. Se o agente destrói, suprime ou oculta, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor, responde pelo tipo do art. 305. 145. Não há forma culposa para o presente delito. Nesse sentido, o sujeito que desastradamente derrama café sobre o documento, inutilizando-o, não pratica o crime. 146. Subsidiariedade expressa: segundo o preceito secundário do artigo, a pena deste crime só é aplicada se o fato não constitui crime mais grave. SONEGAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA (ART. 337-A) 147. O crime de sonegação de contribuição previdenciária pune a conduta do empresário, sócio, representante ou gerente de empresa (incluindo seus auxiliares e prepostos, como os contadores) que suprime ou reduz contribuição social previdenciária e qualquer acessório (ex.: multas e juros), mediante as seguintes condutas: a. Omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços; DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE Prof. Lúcio Valente www.pontodosconcursos.com.br 31 b. Deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços; c. Omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias. 148. Contribuição social previdenciária: valor descontado pelo contribuinte/empregador do contribuinte/empregado, por ocasião do salário, ficando o primeiro responsável pelo recolhimento integral à Previdência Social de ambas as contribuições (empregador +empregado). 149. Elemento subjetivo: assim como ocorre quanto ao delito de apropriação indébita previdenciária, o elemento subjetivo animador da conduta típica do crime de sonegação de contribuição previdenciária é o dolo genérico, consistente na intenção de concretizar a evasão tributária, sendo dispensável um especial fim de agir, conhecido como animus rem sibi habendi (a intenção de ter a coisa para si) (STF, AP 516/DF, DJe 03/12/2010). 150. Súmula Vinculante nº 24: “não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo”. Pelo fato de ter natureza equivalente aos crimes da Lei nº 8.137/90 (crimes tributários), o crime de sonegação de contribuição previdenciária, por se tratar de delito de caráter material, também só se configura após a constituição definitiva do crédito tributário (STJ, HC 114.051/SP, DJe 25/04/2011). 151. Consumação e competência: o delito consuma-se com a supressão ou redução da contribuição previdenciária e acessórios, sendo o objeto jurídico tutelado a Seguridade Social. A competência para processar e julgar o crime de sonegação de contribuição previdenciária é do juízo federal do local da consumação do delito, conforme previsto no art. 70 do Código de Processo Penal. 152. Princípio da insignificância: apesar de apresentar natureza tributária, o STF afastou o princípio da insignificância ao presente delito, com fundamento no valor supraindividual (coletivo) do bem jurídico protegido, o DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE Prof. Lúcio Valente www.pontodosconcursos.com.br 32 que torna irrelevante o pequeno valor das contribuições sociais desviadas da Previdência Social (STF, HC 98021/SC, DJe 12/08/2010). 153. Causa extintiva da punibilidade (§ 1º): é extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. Esta disposição foi ampliada pelo art. 9º, da Lei nº 10.684/2003, que dá como causa de extinção da punibilidade o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e contribuições sociais, inclusive acessórios. Como o novo favor legal não indica um praza para este pagamento, entende-se que ele pode ser feito a qualquer tempo, antes ou depois da ação fiscal, da denúncia ou, mesmo, da sentença penal condenatória definitiva. 154. O parcelamento do débito suspende a pretensão punitiva: enquanto incluído no programa de parcelamento concedido pela Fazenda e o contribuinte estiver honrando a obrigação assumida, não poderá ser perseguido criminalmente pelo crime contra a ordem tributária. Na hipótese de falta de pagamento, o Estado retoma a persecução criminal. Também não existe prazo para inclusão no programa de parcelamento. 155. Perdão Judicial (§ 2º): é facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a pena de multa se o agente for primário e de bons antecedentes , desde que o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. Obs.: A Lei nº 10.522/02, que dispõe sobre o Cadastro Informativo dos créditos não quitados de órgãos e entidades federais, em seu artigo 20, permite o arquivamento das execuções fiscais com valor igual ou inferior a dez mil Reais. 156. Causa de diminuição de pena (§ 3º): se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a de multa. DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE Prof. Lúcio Valente www.pontodosconcursos.com.br 33 Obs.: O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos benefícios da previdência social (§ 4º). pois tal fato já constitui elementar do crime. COMENTÁRIO: O correto é ler a aula e a lei seca, e depois treinar com os exercícios. Aprovação não tem segredo. Tem trabalho duro e persistente. Veja que a questão fala no crime de corrupção passiva e exige apenas o conhecimento da letra da lei. O crime de corrupção passiva foi previsto no art. 317 (solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa) Já o parágrafo primeiro, assim descreve: ( § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional). Perceba, então, que o crime está consumado com a mera solicitação ou pelo recebimento, mesmo que não deixe de praticar ou mesmo que não retarde o ato de ofício. Trata-se de crime formal (ou de resultado cortado). Caso o agente, efetivamente deixar de praticar o ato, terá sua pena aumentada (ex.: José, fiscal da prefeitura, aceita promessa de receber dinheiro de comerciante para não notificá-lo sobre irregularidades – consumou-se a corrupção; José, então, efetivamente deixa de notificar o comerciante – incidiu a causa de aumento). GABARITO: Falso 2- (CESPE - 2010 - TRE-MT - Analista Judiciário) Praticará crime de prevaricação o funcionário público que deixe de responsabilizar, por DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE Prof. Lúcio Valente www.pontodosconcursos.com.br 34 indulgência, subordinado que cometa infração no exercício do cargo, tendo competência para fazê-lo. COMENTÁRIO: é muito comum essa questão. O crime de prevaricação (Art. 319 Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa) é muito parecido com o crime de condescendência criminosa (art. Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente:Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa). Não confunda os dois. A condescendência é mais específica, pois o funcionário deixa de tomar providências em relação a subordinado por indulgência (clemência, comiseração, misericórdia, pena etc.). GABARITO: Falso 3- ( CESPE - 2010 - TRE-MT - Analista Judiciário) O indivíduo que, no exercício da função pública, tenha praticado violência contra colega de trabalho responderá por lesões corporais, pois não há previsão de crime funcional próprio semelhante. COMENTÁRIO: trata-se do crime de violência arbitrária (Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la: Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena correspondente à violência). Na verdade, o agente deve responder pelo crime de violência arbitrária e também pelo crime de lesões corporais, já que o preceito secundário afirma que a pena será de seis meses a três anos, além da pena da violência. GABARITO: Falso DIREITO
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