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Aula 10

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DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E PCDF 
PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 
 
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Amigos, ESTUDAR é MEMORIZAR o que estudou. LER não é estudar. Observe 
que E = L + M (estudo é igual a leitura mais memorização). Assim a leitura é 
apenas parte do estudo. 
Não adianta ler 40 páginas do material se você não memorizou a ideia das 
informações. Só passe para a folha seguinte quando puder (de olhos fechados) 
recitar todas as informações. Você pode fazer isso com perguntas elaboradas 
por você mesmo no verso. Só passe para a folha seguinte quando conseguir 
responder sem “aperreio” a todos os itens. 
Outra coisa, a revisão! Ela deve ser ACUMULUDA, RÁPIDA E CONSTANTE. Toda 
vez que você for estudar o material, TUDO O QUE FOI ESTUDADO DEVE SER 
REVISADO. Se você está na pag. 10 da aula 03, por exemplo, deve revisar 
antes de iniciar o estudo todo o material das aulas anteriores! ISSO DEVE SER 
FEITO EM POUCOS MINUTOS. Leia apenas as perguntas e SINTA se você 
consegue respondê-las mentalmente. Se “travar”, veja o ponto e memorize 
novamente. FAÇA ISSO TODOS OS DIAS QUE FOR ESTUDAR! 
Pessoal, o cara tem que ser sistemático. É muito gostoso ler páginas e 
páginas, “pescando” o tempo todo! Isso não é estudar!!! 
Por esse motivo, separei as informações em pontos. Isso significa que você 
deve tentar memorizar a informação de cada um dos pontos apresentados. 
Esse método é ensinado pelo Professor Flávio Monteiro de Barros e mudou 
meu jeito de estudar para concursos! Tente o método! 
Abraço a todos! 
Vamos à aula. 
 
 
 
 
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DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
1. Crimes funcionais:
funcionário público do sujeito ativo.
2. Crimes funcionais próprios ou impróprios: 
a. Crimes funcionais próprios
público é essencial para existência do crime. Ou seja, não sendo o sujeito ativo 
um funcionário público, não subsiste qualquer crime. Assim, por exemplo, no 
crime de abandono de função (art. 323), se o agente não for funcionário 
público o fato será atípico.
b. Crimes funcionais impróprios
que o sujeito ativo não seja funcionário público, ocasião em que incidirá outro 
tipo penal. É o que ocorre com o peculato, que se transmuda em apropriação 
indébita, furto ou estelionato se o agente
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DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
Crimes funcionais: são aqueles em que o tipo penal exige qualidade de 
funcionário público do sujeito ativo. 
Crimes funcionais próprios ou impróprios: 
Crimes funcionais próprios são aqueles que a qualidade de funcionário 
co é essencial para existência do crime. Ou seja, não sendo o sujeito ativo 
um funcionário público, não subsiste qualquer crime. Assim, por exemplo, no 
crime de abandono de função (art. 323), se o agente não for funcionário 
público o fato será atípico. 
mes funcionais impróprios são aqueles que sobrevivem mesmo 
que o sujeito ativo não seja funcionário público, ocasião em que incidirá outro 
tipo penal. É o que ocorre com o peculato, que se transmuda em apropriação 
indébita, furto ou estelionato se o agente não for funcionário público.
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DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA 
são aqueles em que o tipo penal exige qualidade de 
são aqueles que a qualidade de funcionário 
co é essencial para existência do crime. Ou seja, não sendo o sujeito ativo 
um funcionário público, não subsiste qualquer crime. Assim, por exemplo, no 
crime de abandono de função (art. 323), se o agente não for funcionário 
são aqueles que sobrevivem mesmo 
que o sujeito ativo não seja funcionário público, ocasião em que incidirá outro 
tipo penal. É o que ocorre com o peculato, que se transmuda em apropriação 
não for funcionário público. 
 
3. Defesa preliminar:
afiançáveis (pena mínima de até dois anos) o procedimento processual segue o 
rito dos arts. 514 a 518 do CPP. O funcionário público poderá apresentar, 
nesses casos, defesa preliminar no prazo de 15 dias, podendo o 
Defesa preliminar: nos crimes funcionais (próprios ou impróprios) 
afiançáveis (pena mínima de até dois anos) o procedimento processual segue o 
518 do CPP. O funcionário público poderá apresentar, 
nesses casos, defesa preliminar no prazo de 15 dias, podendo o 
nos crimes funcionais (próprios ou impróprios) 
afiançáveis (pena mínima de até dois anos) o procedimento processual segue o 
518 do CPP. O funcionário público poderá apresentar, 
nesses casos, defesa preliminar no prazo de 15 dias, podendo o juiz rejeitar a 
CRIMES FUNCIONAISCRIMES FUNCIONAIS
PrópriosPróprios
Impróprios
a qualidade de funcionário 
público é essencial para 
existência do crime
sobrevivem mesmo que o sujeito 
ativo não seja funcionário 
público
a qualidade de funcionário 
público é essencial para 
existência do crime
sobrevivem mesmo que o sujeito 
ativo não seja funcionário 
público
 
 
 
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queixa ou denúncia, em despacho fundamentado, se convencido, pela resposta 
do acusado ou do seu defensor, da inexistência do crime ou da improcedência 
da ação. 
c. O procedimento especial previsto nos artigos 513 a 518 do Código de 
Processo Penal só se aplica aos delitos funcionais próprios, descritos nos 
artigos 312 a 326 do Código Penal (STJ, RHC 22.118/MT, DJe 09/08/2010). 
d. Conforme entendimento sumulado do STJ, é desnecessária a resposta 
preliminar de que trata o artigo 514 do Código de Processo Penal, na ação 
penal instruída por inquérito policial (STJ, Súmula 330, DJ 20/09/2006). A 
primeira turma do STF, por sua vez, a partir do julgamento do HC 85.779/RJ, 
passou a entender que é indispensável a defesa preliminar nas hipóteses do 
art. 514 do Código de Processo Penal, mesmo quando a denúncia é lastreada 
em inquérito policial (STF, HC 95.969/SP, DJe 10/06/2009). 
4. Participação de particulares: apesar de a autoria dos crimes 
funcionais ser própria de funcionário público (intraneus), admite-se a 
participação ou coautoria e de particular (extraneus). No entanto, se o 
particular comparte desconhecer a qualidade de funcionário público de seu 
comparsa, haverá um rompimento na unidade delituosa, respondendo o 
funcionário por crime funcional e o particular por crime comum (se houver). 
Exemplo: João, sem saber que José é servidor do Senado Federal, o auxilia na 
subtração de objeto de propriedade do órgão. João responde por furto (art. 
155) e José por peculato-furto (art. 312). 
5. Princípio da insignificância: 
e. STJ: não admite, em regra, a aplicação do princípio da insignificância aos 
delitos praticados contra a administração pública, haja vista buscar-se, nesses 
casos, além da proteção patrimonial, a tutela da moral administrativa (STJ, 
AgRg no Ag 1.105.736/MG, DJe 17/12/2010). 
f. STF: a primeira turma entendeu aplicável o princípio da insignificância na 
hipótese em que o servidor público militar não devolveu à Unidade Militar um 
fogão avaliado em R$ 455,00 (quatrocentos e cinquenta e cinco) Reais, o que 
configuraria peculato, conforme art. 303 do Código Penal Militar (STF, HC 
87.478/PA,DJ 29/8/2006) 
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6. Conceito de funcionário público:
funcionário público, termo inclusive já abandonado pela moderna doutrina 
de Direito Administrativo. A lei p
nas seguintes figuras: 
g. Funcionário Público Próprio (ou típico) (art. 327, 
que exerce cargo (criado por lei), emprego (regido pela CLT) ou função pública 
(ex.: jurado), seja definitiva ou tran
com ou sem remuneração.
i. Obs.: “Exercer”: refere
função. Por exceção, o CP trata como funcionário público o nomeado que ainda 
não tomou posse (art. 324, primeira parte), o 
substituído ou suspenso (art. 324, segunda parte), o aposentado ou disponível 
(art. 325). 
h. Funcionário Público Impróprio (ou equiparado)
i. equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função 
em entidade paraestatal (administração pública indireta); e
Obs.: Paraestatal: refere
denominam de “administração pública indireta
economia mista, empresas públicas, fundações públicas, 
e associações públicas. 
Conceito de funcionário público: o art. 327 trás o conceito penal de 
, termo inclusive já abandonado pela moderna doutrina 
de Direito Administrativo. A lei penal fraciona o conceito de funcionário público 
Funcionário Público Próprio (ou típico) (art. 327, 
que exerce cargo (criado por lei), emprego (regido pela CLT) ou função pública 
(ex.: jurado), seja definitiva ou transitoriamente (ex.: mesário, jurado etc.), 
com ou sem remuneração. 
: refere-se àquele que está no exercício regular da 
função. Por exceção, o CP trata como funcionário público o nomeado que ainda 
não tomou posse (art. 324, primeira parte), o exonerado, removido, 
substituído ou suspenso (art. 324, segunda parte), o aposentado ou disponível 
Funcionário Público Impróprio (ou equiparado) art. (327, § 1º): 
se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função 
ade paraestatal (administração pública indireta); e 
refere-se ao que modernamente os administrativistas 
administração pública indireta”: autarquias, sociedades de 
economia mista, empresas públicas, fundações públicas, agências reguladoras 
 
o art. 327 trás o conceito penal de 
, termo inclusive já abandonado pela moderna doutrina 
enal fraciona o conceito de funcionário público 
Funcionário Público Próprio (ou típico) (art. 327, caput): é aquele 
que exerce cargo (criado por lei), emprego (regido pela CLT) ou função pública 
sitoriamente (ex.: mesário, jurado etc.), 
se àquele que está no exercício regular da 
função. Por exceção, o CP trata como funcionário público o nomeado que ainda 
exonerado, removido, 
substituído ou suspenso (art. 324, segunda parte), o aposentado ou disponível 
art. (327, § 1º): 
se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função 
se ao que modernamente os administrativistas 
”: autarquias, sociedades de 
agências reguladoras 
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CRIMES FUNCIONAIS
Participação de 
particular
Princípio da 
Insignificância
é possível, se há 
consciência da 
condição de f. pub do 
autor
é possível, se há 
consciência da 
condição de f. pub do 
autor
STF: admite aos crimes 
funcionais
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ii. quem trabalha para empresa particular prestadora de serviço contratada 
ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração pública. 
Ex.: médico contratado de hospital particular credenciado ao Sis
Saúde – SUS foi denunciado pela prática do crime de concussão, em razão de 
ter exigido a quantia de R$ 100,00 (cem reais) para prestar atendimento à 
pessoa acobertada pelo referido sistema. Daí a correta equiparação a 
funcionário público (STF, HC 97.710/SC, DJe 29/04/2010 ).
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quem trabalha para empresa particular prestadora de serviço contratada 
ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração pública. 
médico contratado de hospital particular credenciado ao Sis
SUS foi denunciado pela prática do crime de concussão, em razão de 
ter exigido a quantia de R$ 100,00 (cem reais) para prestar atendimento à 
pessoa acobertada pelo referido sistema. Daí a correta equiparação a 
, HC 97.710/SC, DJe 29/04/2010 ). 
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quem trabalha para empresa particular prestadora de serviço contratada 
ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração pública. 
médico contratado de hospital particular credenciado ao Sistema Único de 
SUS foi denunciado pela prática do crime de concussão, em razão de 
ter exigido a quantia de R$ 100,00 (cem reais) para prestar atendimento à 
pessoa acobertada pelo referido sistema. Daí a correta equiparação a 
 
PECULATO 
7. Modalidades: 
i. peculato-apropriação (art. 312, 
j. peculato-desvio (art. 312, 
k. peculato-furto (art. 312, § 1º);
l. peculato-culposo (art. 312, § 2º);
m. peculato mediante erro de outrem (art. 313).
 
8. Peculato-apropriação (art. 312, 
conduta do funcionário público que se 
outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do 
cargo. 
apropriação (art. 312, caput, primeira parte); 
desvio (art. 312, caput, segunda parte); 
furto (art. 312, § 1º); 
culposo (art. 312, § 2º); 
mediante erro de outrem (art. 313). 
apropriação (art. 312, caput, primeira parte)
conduta do funcionário público que se apropria de dinheiro, valor ou qualquer 
outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do 
 
 
, primeira parte): é a 
apropria de dinheiro, valor ou qualquer 
outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do 
FUNCIONÁRIO PÚBLICO
Funcionário Público Próprio (ou 
típico):
Funcionário Público Impróprio 
(ou equiparado)
é aquele que exerce cargo 
(criado por lei), emprego 
(regido pela CLT) ou função 
pública
é aquele que exerce cargo 
(criado por lei), emprego 
(regido pela CLT) ou função 
pública
exerce cargo, emprego ou 
função em entidade 
paraestatal, e quem trabalha 
para empresa particular 
prestadora de serviço 
contratada ou conveniada para 
a execução de atividade pública
exerce cargo, emprego ou 
função em entidade 
paraestatal, e quem trabalha 
para empresa particular 
prestadora de serviço 
contratada ou conveniada para 
a execução de atividade pública
 
 
 
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9. A infração não passa de um crime de apropriação indébita praticada por 
funcionário público em que o agente tem a posse da coisa em razão do cargo, 
emprego ou função pública (ex.: guarda prisional que se apropria de relógio de 
preso sob guarda; agente do Departamento de Trânsito que se apropria de CD 
player de veículo apreendido sob sua guarda). 
10. Pratica o crime de peculato o funcionário público que se apropria tanto 
de um bem móvel pertencente à administração pública (ex.: Prefeito que se 
apropria de verba do município sob sua guarda) ou pertencente à particular, 
que se encontra temporariamente apreendido ou sob a guarda da 
administração pública (ex.: veículo apreendido). Além disso, é necessário que 
a coisa esteja sob sua posse ou responsabilidade.11. Consumação: a consumação do crime de ocorre no momento em que o 
funcionário público, em virtude do cargo, começa a dispor do dinheiro, valores 
ou qualquer outro bem móvel apropriado, como se proprietário fosse (STJ, 
REsp 985.368/SP, DJe 23/06/2008). 
12. Peculato-desvio (art. 312, caput, segunda parte): ocorre quando o 
agente desvia dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, em proveito 
próprio ou alheio (ex.: Oficial de cartório de protesto de títulos que recebe 
valores, desviando-os em proveito próprio). 
13. Exemplo de peculato-desvio foi objeto de inquérito pelo STF: “a 
imputação feita na denúncia consiste no suposto desvio de valores do erário 
público, na condição de deputado federal, ao indicar e admitir a pessoa de S. 
de J. como secretária parlamentar no período de junho de 1997 a março de 
2001 quando, na realidade, tal pessoa continuou a trabalhar para a sociedade 
empresária "Night and Day Produções Ltda", de titularidade do denunciado, no 
mesmo período (STF, Inq 1.926/ SC, DJe 20/11/2008)”. O STF entendeu ser 
típica a conduta do parlamentar, uma vez que a “secretária parlamentar” 
recebia dos cofres públicos e trabalhava em estabelecimento particular do 
congressista. 
14. Não se configura o peculato desvio quando o agente público destina 
verba pública para destino diferente do determinado pela lei (ex.: verba para o 
FUNDEF que foi emprestada ao Estado para resolver déficit de caixa). Na 
 
 
 
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hipótese, caso a aplicação da verba seja determinada por lei, poderá ocorrer o 
crime do art. 315 (emprego irregular de verbas públicas). 
15. Consumação e tentativa: O crime de peculato na modalidade desvio 
(art. 312, caput, segunda parte) é crime material. Em outras palavras, 
consuma-se com o prejuízo efetivo para a administração pública (STJ, HC 
114.717/MG, DJe 14/06/2010). 
16. Peculato-furto (art. 312, § 1º): o funcionário público, embora não 
tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja 
subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe 
proporciona a qualidade de funcionário (ex.: servidora de escola pública que, 
valendo-se da facilidade que a condição lhe proporciona, subtrai retroprojetor 
de propriedade da Secretaria de Educação do município). 
17. Observe que o agente deve se valer da facilidade que a condição de 
funcionário público lhe proporciona, caso contrário não ficará configurado o 
peculato-furto, mas sim o furto comum (art. 155). Exemplo: o funcionário 
público que ingressa à noite, pela janela, em repartição pública para subtrair 
computadores pratica furto comum, se sua condição de servidor não interferir 
na sua conduta (art. 155). 
18. Para a configuração do delito de peculato-furto não é necessário que o 
agente detenha a posse de dinheiro, valor ou outro bem móvel em razão do 
cargo que ocupa, exigindo-se apenas que a sua qualidade de funcionário 
público facilite a prática da subtração (ex.: vigia de Prefeitura, que, 
aproveitando-se dessa condição, subtrai folhas de cheque pertencentes ao 
Município logrando descontar uma delas em agência bancária) (STJ, HC 
145.275/MS, DJe 02/08/2010). 
19. A conduta de servidor do INSS de habilitar e conceder indevidamente 
aposentadoria por tempo de serviço a terceira pessoa, agindo de forma 
fraudulenta, amolda-se ao tipo previsto no § 3º do art. 171 do Código Penal – 
estelionato cometido contra a autarquia previdenciária. A conduta, portanto, 
não se subsume ao tipo de peculato-furto, mas ao estelionato na modalidade 
majorada, porque praticada contra entidade previdenciária (STJ, HC 
112.842/PA, DJe 19/12/2008). 
 
 
 
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20. Peculato culposo (art. 312, § 2º): aqui, o funcionário público é 
negligente na guarda da coisa pública, propiciando que seja ela objeto de 
crime (ex.: policial militar que guarda a arma de fogo de propriedade da 
Secretaria de Segurança Pública dentro do porta-luvas do veículo estacionado 
em via pública e, assim, possibilita que outrem pratique furto contra a coisa). 
21. Extinção da punibilidade (art. 312, § 3º): se o funcionário público 
que concorre culposamente para o crime de outrem vier a reparar o dano até a 
sentença irrecorrível, será extinta a punibilidade; se a reparação lhe é 
posterior, a pena será reduzida de metade. 
22. A extinção da punibilidade pela reparação do dano só é possível no crime 
de peculato culposo (STJ, RHC 7.497/DF, DJ 8/9/1998). 
23. Analogamente ao furto de uso, o peculato de uso também não configura 
ilícito penal, tão somente administrativo (STJ, HC 94.168/MG, DJe 
22/04/2008). 
24. Peculato mediante erro de outrem (art. 313): é o delito de quem se 
apropria de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu 
por erro de outrem. 
25. O presente crime é denominado pela doutrina de “peculato-estelionato”. 
Contudo, o crime não é uma forma especial de estelionato. Inclusive, quando o 
agente se apropria de dinheiro, valor ou qualquer utilidade que, no exercício do 
cargo, recebeu por erro de outrem, não pode ter provocado esse erro na 
vítima, conduta que configurará estelionato (art. 171). Com efeito, se, por 
exemplo, um servidor da justiça receber e se apropriar de valores de 
advogado, por engano deste, não sendo o competente para tal recebimento, 
haverá crime de peculato mediante erro de outrem. Contudo, se o servidor 
mentir ao advogado, afirmando falsamente ser ele o competente, haverá 
estelionato comum (art. 171). 
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INSERÇÃO DE DADOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÕES (ART. 313
 
26. O presente delito consi
autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados 
corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração 
Pública com o fim de obter vantagem indevida para 
causar dano. 
27. Esse crime, incluído no CP pela Lei 9.983/2000, veio preencher um vazio 
existente na legislação e pretende coibir as fraudes contra os cofres públicos, 
principalmente da previdência social. Imagine, por exemplo, uma f
INSS em que o agente apresente documentos com informações falsas sobre 
idade, tempo de serviço e de contribuição, pretendendo, com isso, obter algum 
benefício previdenciário. Para que seu plano seja concluído, conta com ajuda 
de servidor público autorizado a inserir tais dados nos sistemas informatizados 
da Previdência. 
28. Consumação: o crime se consuma com a efetiva inserção dos dados 
falsos (ou inclusão, modificação, exclusão), independente do recebimento da 
vantagem indevida (crime formal).
29. Elemento subjetivo do tipo:
fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano.
INSERÇÃO DE DADOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÕES (ART. 313
O presente delito consiste na conduta de inserir ou facilitar, o funcionário 
autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados 
corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração 
Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para 
Esse crime, incluído no CP pela Lei 9.983/2000, veio preencher um vazio 
existentena legislação e pretende coibir as fraudes contra os cofres públicos, 
principalmente da previdência social. Imagine, por exemplo, uma f
INSS em que o agente apresente documentos com informações falsas sobre 
idade, tempo de serviço e de contribuição, pretendendo, com isso, obter algum 
benefício previdenciário. Para que seu plano seja concluído, conta com ajuda 
utorizado a inserir tais dados nos sistemas informatizados 
o crime se consuma com a efetiva inserção dos dados 
falsos (ou inclusão, modificação, exclusão), independente do recebimento da 
vantagem indevida (crime formal). 
to subjetivo do tipo: o crime só existe se o agente agir com 
fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano.
 
INSERÇÃO DE DADOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÕES (ART. 313-A) 
ste na conduta de inserir ou facilitar, o funcionário 
autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados 
corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração 
si ou para outrem ou para 
Esse crime, incluído no CP pela Lei 9.983/2000, veio preencher um vazio 
existente na legislação e pretende coibir as fraudes contra os cofres públicos, 
principalmente da previdência social. Imagine, por exemplo, uma fraude no 
INSS em que o agente apresente documentos com informações falsas sobre 
idade, tempo de serviço e de contribuição, pretendendo, com isso, obter algum 
benefício previdenciário. Para que seu plano seja concluído, conta com ajuda 
utorizado a inserir tais dados nos sistemas informatizados 
o crime se consuma com a efetiva inserção dos dados 
falsos (ou inclusão, modificação, exclusão), independente do recebimento da 
o crime só existe se o agente agir com o 
fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano. 
PECULATOPECULATO
P.APROPRIAÇÃO
P.DESVIO
P.FURTO
P.CULPOSO
P.MEDIANTE ERRO 
DE OUTREM
P. HACKER
 
 
 
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30. Destaquem-se os requisitos desse tipo penal: 
n. conduta de inserir ou facilitar a inserção de dados falsos, alterar ou 
excluir indevidamente dados corretos; 
o. nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração 
Pública; 
p. por funcionário autorizado; 
q. com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para 
causar dano. 
 
MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE SISTEMA DE 
INFORMAÇÕES (ART. 313-B) 
 
31. Enquanto o crime do 313-A se parece muito com o crime de falsidade 
ideológica, podendo-se dizer que é uma forma de falsidade ideológica 
eletrônica praticada por funcionário público autorizado, aqui podemos fazer um 
paralelo com a falsificação de documento público. Isso porque o agente altera 
o próprio software público sem a devida autorização. 
32. Note que não há, ao contrário do crime anterior, a exigência de 
finalidade de obtenção de vantagem ilícita. 
33. Conforme o parágrafo único, as penas serão aumentadas de 1/3 a 1/2 se 
esta modificação causar efetivo dano para a Administração Pública ou para o 
administrado. 
34. Destaquem-se os requisitos desse tipo penal (em contraposição ao delito 
do art. 313-A): 
r. conduta de modificar ou alterar; 
s. os sistema de informações ou programa de informática (o próprio 
sistema, e não mera inserção de dados nele); 
t. por funcionário (qualquer um, não precisa ser o autorizado); 
u. sem autorização ou solicitação de autoridade competente; 
v. não havendo necessidade de um especial fim de agir. 
 
 
 
 
 
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CONCUSSÃO (ART. 316) 
 
35. Consiste na conduta de exigir (determinar, ordenar), para si ou para 
outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-
la, mas em razão dela, vantagem indevida. 
36. Metus publicae potestatis: como a Administração gere grande parte 
da vida dos administrados, o funcionário público é capaz de criar consideráveis 
problemas para o particular. De tal modo, uma exigência sua desperta, de 
imediato, fundado temor na pessoa comum (metus publicae potestatis). 
37. Exigir (ordenar, comandar): quando o funcionário público exige a 
vantagem indevida, faz impor sua autoridade como forma de incutir na vítima 
temor de possível represália. Isso significa que a ameaça, implícita ou 
explícita, deve ser de realizar conduta referente à função do agente (ex.: fiscal 
do meio ambiente que determina pagamento de valor para que a obra não seja 
demolida). Caso a ameaça não tenha qualquer relação com a função do 
agente, o crime poderá ser de extorsão comum do art. 158 (ex.: agente da 
prefeitura que exige valor da vítima sob ameaça de morte). 
38. Ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão 
dela: não é necessário que o funcionário esteja trabalhando no momento da 
exigência. Pode estar de férias, licença, ou ainda não ter tomado posse (ex.: 
nomeado, mas não empossado), mas deve agir em razão da função. 
39. Indevida vantagem: posição majoritária (Greco e Mirabete) entende 
que a vantagem pretendida pode ser patrimonial ou qualquer outra utilidade 
(ex.: exigir emprego para filho). 
40. Consumação: o crime de concussão é formal, que se consuma com a 
exigência. Irrelevância do fato do não recebimento da vantagem indevida. 
41. Excesso de exação (§ 1º): ocorre quando o funcionário exige tributo 
que sabe (dolo direto) ou deveria saber (dolo eventual) indevido, ou, quando 
devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não 
autoriza. 
42. Exigência indevida de multa tributária: nos termos da definição dada 
pelo art. 3º do Código Tributário Nacional, "tributo é toda prestação 
 
 
 
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pecuniária, compulsória, em moeda ou cujo valor nela se posse exprimir, que 
não constitua sanção de ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade 
administrativa." Portanto, é consabido que a multa, em vista de sua natureza 
sancionatória, não constitui tributo. O princípio da estreita legalidade impede a 
interpretação extensiva para ampliar o objeto descrito na lei penal. Na medida 
em que as multas não se inserem no conceito de tributo é defeso considerar 
que sua cobrança, ainda que eventualmente indevida - quer pelo meio 
empregado quer pela sua não incidência - tenha o condão de configurar o 
delito de excesso de exação, sob pena de violação do princípio da legalidade, 
consagrado no art. 5º, XXXIX, da Constituição Federal e art. 1º do Código 
Penal (STJ, REsp 476.315/DF, DJe 22/02/2010). 
43. De acordo com a jurisprudência do STF e STJ as custas e os 
emolumentos concernentes aos serviços notariais e registrais possuem 
natureza tributária, qualificando-se como taxas remuneratórias de serviços 
públicos (STF, ADI 3.260/RN, DJ 29/03/2007). Desta forma, comete o crime 
de excesso de exação aquele que exige custas ou emolumentos notariais que 
sabe ou deveria saber indevido. 
 
CORRUPÇÃO PASSIVA (ART. 317) 
 
44. Ocorre a corrupção passiva quando o agente público solicita (crime 
formal) ou recebe (crime material), para si ou para outra pessoa, direta 
(pessoalmente) ou indiretamente (por interposta pessoa), ainda que fora da 
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou 
aceita promessa de tal vantagem (crime formal). É conhecido popularmentecomo “propina” ou “cafezinho”. 
45. Ainda que fora da função, mas em razão dela: significa que a 
solicitação, o recebimento ou a aceitação devem ser feitos em razão da 
qualidade de funcionário público do agente, mesmo que ele esteja afastado, 
em férias, de licença etc. 
46. A vantagem pode ser de caráter econômico ou não (ex.: emprego para 
um parente, favores sexuais, final de semana em hotel de luxo). Considera-se, 
 
 
 
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contudo, inexistir crime no pagamento de pequenas gratificações (ex.: gari que 
recebe dinheiro do particular, agradecido, no período de natal). 
47. Exemplos: fiscal da prefeitura que solicita valores de ambulantes para 
não importuná-los; Delegado de Polícia que solicita quantia em dinheiro para 
não incluir nome de pessoa em inquérito policial; agente de trânsito que aceita 
promessa de favor sexual para não multar a condutora; vereador que solicita 
dinheiro para ser aprovada emenda de Projeto de Lei. 
48. Para a configuração do delito de corrupção passiva é necessário que o 
ato de ofício em torno do qual é praticada a conduta incriminada seja da 
competência ou atribuição inerente à função exercida pelo funcionário público 
(STJ, REsp. 825.340/MG, DJ 25/09/2006). Exemplo: funcionário público que 
viaja pelo país em aviões com passagens pagas por empresas particulares sem 
qualquer relação entre a vantagem e a prática ou omissão de ato inerente à 
função pública não comete tal crime. 
49. Consumação: Para o STJ, o crime de corrupção passiva é formal e se 
consuma com a prática de um dos verbos nucleares do tipo (STJ, REsp 
812.005/SP, DJe 15/03/2010). 
50. Causa especial de aumento de pena (§ 1º): a pena é aumentada de 
um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário 
retarda (procrastina, atrasa) ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o 
pratica infringindo dever funcional. Neste caso, além de receber o valor, o 
funcionário público efetivamente pratica, retarda ou deixa de praticar o ato 
relativo à sua função. O que seria um mero exaurimento, foi tratado como 
causa de aumento de pena (ex.: se o agente de trânsito recebe valor para não 
multar, estará consumado o crime de corrupção passiva. Se caso, 
efetivamente, deixe de praticar o ato, responderá também pelo aumento de 
pena). 
51. Corrupção privilegiada (§ 2º): ocorre quando o funcionário pratica, 
deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, 
cedendo a pedido ou influência de outrem. Neste caso, não há recebimento de 
vantagem indevida, mas mero atendimento de pedido ou influência (ex.: 
 
 
 
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agente de trânsito que deixa de multar o condutor por pedido de policial amigo 
deste último). 
52. O crime em muito se assemelha ao crime de prevaricação (art. 319), 
com a diferença que neste o agente infringe o dever funcional para satisfazer 
interesse ou sentimento pessoal, sem que haja solicitação de terceiro (ex.: 
agente de trânsito que deixa de multar condutor por ser amigo deste). 
53. Quadro comparativo entre corrupção passiva e concussão: 
Concussão (art. 316) Corrupção Passiva (art. 317) 
1. Exigir vantagem indevida 1. Solicitação, aceitação ou 
promessa de vantagem indevida 
2. Há coação 3. Não há coação 
 
PREVARICAÇÃO (ART. 319) 
 
54. O crime de prevaricação consiste na conduta de quem retarda ou deixa 
de praticar, indevidamente (sem justa causa), ato de ofício (que se encontra 
na esfera de atribuição), ou o pratica contra disposição expressa de lei, com a 
finalidade de (elemento subjetivo do tipo) satisfazer interesse (qualquer 
vantagem ou proveito, podendo ser patrimonial ou moral) ou sentimento 
pessoal (amor, ódio, amizade, ciúmes, inveja etc.). Exemplos: policial que 
deixa de prender em flagrante amigo de infância; fiscal da saúde que deixa de 
atuar infrator por interesse sexual em relação a este. 
55. Indolência, preguiça, desídia, trabalhar mal: não é sentimento 
pessoal para fins de prevaricação. No caso, constituir-se-á em mera falta 
administrativa. 
56. Há grandes similaridades com o crime de corrupção passiva, contudo 
podem-se apontar as seguintes distinções: 
a. Na corrupção passiva, o agente atua visando vantagem indevida e pode 
haver ajuste entre corrupto e corruptor. Na prevaricação, o agente atua por 
objetivos e interesses pessoais; 
 
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b. Se houver recebimento de vantagem indevida pelo funcionário público, 
em virtude de acordo realizado com terceira pessoa, o crime será de corrupção 
passiva (art. 317). 
57. Prevaricação praticada por jurados: interessante observar que, por 
ser considerado funcionário público para fins penais, o art. 445 do CPP diz que 
o jurado, no exercício da função ou a pretexto de exercê-la, será responsável 
criminalmente nos mesmos termos em que são os juízes de direito. Assim 
sendo, os jurados podem cometer crime de prevaricação. 
 
PREVARICAÇÃO IMPRÓPRIA (ART. 319-A) 
 
58. É o crime do Diretor de Penitenciária e/ou do agente público, que deixa 
de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de 
rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o 
ambiente externo. 
59. O preso não está proibido de entrar em contato com pessoas que se 
encontram fora do cárcere, como seus parentes e advogado. Inclusive, não é 
incomum encontrarmos telefones públicos instalados no interior dos presídios. 
Ocorre que a utilização de tais aparelhos deve ser precedida de autorização da 
Administração penitenciária (Resolução nº 14/1994 do CNPC). 
60. O que é considerado crime é o descumprimento do dever por parte do 
agente de público de vedar ao preso o acesso a aparelho de comunicação 
indevidamente (sem autorização). 
61. Distinções 
Corrupção passiva Prevaricação 
Comum 
Prevaricação 
Imprópria 
O agente público, 
por exemplo, aceita 
propina para 
permitir a entrada 
do aparelho. 
O agente público, 
por caridade (ou 
outro sentimento 
pessoal) deixa o 
detento ter acesso 
O agente público, 
sem qualquer tipo 
de interesse, (ex.: 
por desídia) deixa 
de cumprir seu 
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ao aparelho dever de vedar ao 
preso o acesso ao 
aparelho. 
 
62. Importante: a Lei 12.012/2009 acrescentou o art. 349-A ao CP, que 
diz: ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de 
aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem 
autorização legal, em estabelecimento prisional. A diferença do crime do art. 
349-A para o crime ora estudado é a de que o primeiro é crime de particular 
contra a administração pública. Foi ele criado visando, principalmente, 
abranger parentes e advogados de presos que ingressam com o aparelho 
dentro do sistema penitenciário. 
 
CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA (ART. 320) 
 
63. É o delito de quem deixa por indulgência (clemência, comiseração, 
compaixão), de responsabilizar subordinado (inferior hierárquico) que cometeu 
infração (criminal ou administrativa) no exercício do cargo (não fora dele) ou, 
quando lhe falte competência, nãoleva o fato ao conhecimento da autoridade 
competente. 
64. O Lei 8.112/90, em seu art. 143, dispõe que “a autoridade que tiver 
ciência de irregularidade no serviço público é obrigada a promover a sua 
apuração imediata, mediante sindicância ou processo administrativo 
disciplinar, assegurada ao acusado ampla defesa.” 
65. O crime em estudo é forma especial de prevaricação, com as seguintes 
diferenças: 
PREVARICAÇÃO CONDESCENDÊNCIA 
Há finalidade de satisfazer 
qualquer interesse ou 
sentimento pessoal. 
Há apenas indulgência 
(clemência, comiseração, 
compaixão). 
 
 
 
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Refere-se a qualquer ato de 
ofício referente a qualquer 
função pública. 
Refere-se às providências para 
responsabilização de inferior 
hierárquico ou de delação por 
quem tenha o mesmo nível 
hierárquico. 
 Tem como pressuposto a 
pratica de uma infração 
criminal ou administrativa por 
parte de funcionário público. 
 
ADVOCACIA ADMINISTRATIVA (ART. 321) 
66. Este tipo incrimina a conduta do funcionário público que patrocina 
(auxilia, pleiteia, defende, intercede por), direta ou indiretamente, interesse 
privado (alheio) perante a administração pública, valendo-se da qualidade de 
funcionário (ex.: policial federal que usa sua influência para concessão de 
autorização para porte de arma a particular junto ao SINARM). 
67. Apesar do termo “advocacia”, tal crime é próprio de funcionário público e 
não de “advogado”. 
68. Em se tratando de crime contra a ordem tributária, aplica-se o art. 3º, 
III, da Lei nº 8.137/90, que pune a conduta de quem patrocina, direta ou 
indiretamente, interesse privado perante a administração fazendária, 
valendo-se da qualidade de funcionário público. 
69. Cuidando-se, no entanto, de crime relacionado com licitação pública, 
aplica-se o art. 91 da Lei nº 8.666/93). 
70. “Valendo-se da qualidade de funcionário público”: a configuração 
da advocacia administrativa pressupõe que o servidor, usando das 
prerrogativas e facilidades resultantes de sua condição de funcionário 
público, patrocine, como procurador ou intermediário, interesses alheios 
perante a Administração. 
 
 
 
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71. Para que haja o crime de advocacia administrativa, previsto no artigo 
321 do Código Penal, é necessário que o interesse patrocinado seja particular e 
alheio (STJ, AP 567/GO, DJ 22/10/2009). 
 
72. Forma qualificada (parágrafo único): incide quando o interesse 
patrocinado é ilegítimo (ilegal). 
VIOLÊNCIA ARBITRÁRIA (ART. 322) 
73. É o crime de quem pratica violência, no exercício ou a pretexto de 
exercer função (pública). 
74. Segundo entendimento do STJ e STF, o crime de violência arbitrária (art. 
322 do CP) não foi revogado pela Lei de Abuso de Autoridade (STF, RHC 
95.617/MG, DJ 25/11/2008). 
75. A violência arbitrária é entendida como aquela ilegalidade do 
funcionário público que, violando o Direito da Administração Pública, age 
arbitrariamente, isto é, sem autorização de qualquer norma legal que lhe 
justifique a conduta, contra o cidadão (ex.: O Policial João desfere um soco em 
José pelo fato de este estar de madrugada caminhando em via pública). No 
abuso de autoridade, o funcionário, ao executar sua atividade, excede-se 
no Poder Discricionário, que facultaria a escolha livre do método de 
execução, ou desvia, ou foge da sua finalidade, descrita na norma legal que 
autorizava o Ato Administrativo (ex.: após prisão legal de José, o policial João 
os lesiona arbitrariamente durante algemamento) (STJ, HC 48.083/MG, DJe 
07/04/2008). 
ABANDONO DE FUNÇÃO (ART. 323) 
76. É o crime de quem abandona (deixa ao desamparo) cargo público (não 
emprego ou função pública), fora dos casos permitidos em lei. 
77. O crime é de perigo concreto, ou seja, deve ficar demonstrado que o 
desamparo criou situação de risco para a Administração Pública, 
impossibilitando ou, pelo menos, dificultando, por exemplo, a realização de 
determinado serviço público. 
 
 
 
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78. Distinção: o abandono em estudo não se confunde com aquele referido 
no art. 138 da Lei nº 8.112/1990, que exige por parte do agente público a 
ausência por trinta dias para que se configure abandono. Para o art. 323 o 
abandono refere-se ao desamparo do cargo, que pode ocorrer em tempo bem 
mais curto (ex.: médico de hospital público que abandona o plantão sem 
deixar substituto para pagar contas no banco). 
79. Consumação: trata-se de crime formal, consumando-se com o 
abandono por tempo suficiente para criar risco de dano ao serviço ou 
patrimônio público. 
80. Formas qualificadas: 
c. Se do fato resulta prejuízo público (§ 1º); 
d. Se ocorrer em local compreendido na faixa de fronteira (faixa de até 
cento e cinquenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, 
conforme o art. 20, § 2º da CF) (§ 2º). 
EXERCÍCIO FUNCIONAL ILEGALMENTE ANTECIPADO OU PROLONGADO (ART. 
324) 
81. Consiste na conduta de entrar no exercício de função pública antes de 
satisfeitas as exigências legais (ex.: ato de posse, exame de saúde etc.), ou 
continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi 
exonerado, removido, substituído ou suspenso. 
82. Distinção: 
e. Exercício antecipado (art. 324, 1ª parte): o agente público antecipa 
o exercício da própria função, antes de satisfeitas as exigências legais; 
f. Usurpação de função pública (art. 328): aqui, o particular ou mesmo 
o funcionário público usurpa função alheia (ex.: escrivão de polícia que preside 
auto de prisão em flagrante). 
VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL (ART. 325) 
 
 
 
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83. Comete o delito de violação de sigilo funcional o funcionário público que 
revela (divulga, expõe) fato de que tem ciência em razão do cargo (mesmo 
que para uma única pessoa) e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-
lhe a revelação (ex.: permite, passivamente, acesso a documento sigiloso). 
84. Incluem-se no pólo ativo o funcionário público aposentado e o colocado 
em disponibilidade, vez que continuam vinculados parcialmente aos deveres 
com a Administração. Não assim o funcionário demitido ou exonerado, pois 
nestas hipóteses fica completamente rompido o vínculo jurídico com o Estado 
(Hungria). 
85. “De que tem ciência em razão do cargo”: faz-se necessário que o 
conhecimento do fato indevidamente revelado proceda das atribuições do 
cargo (ratione officcii). O delito não se aplica a segredos ouvidos furtivamente, 
mesmo que a condição de funcionário público tenha contribuído para tanto 
(Hungria). 
86. Professor de escola pública: comete violação de sigilo funcional o 
professor que fornece antecipadamente a alguns alunos cópias das questões 
que seriam aplicadas na prova (Führer). 
87. Violação de segredo profissional (art. 154): se o particular revela 
segredo, de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou 
profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem, comete crime de 
violação de sigilo profissional, previsto no art. 154 (ex.: médico psiquiatra que 
revelainformação prestada por paciente sobre sua homossexualidade). 
88. Figuras assemelhadas: nas mesmas penas deste artigo 325 incorre 
quem (§ 1º): 
g. permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de 
senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a 
sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública; 
h. se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. 
89. Forma qualificada (§ 2º): se resulta dano à administração pública ou a 
outrem. 
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM 
GERAL 
 
 
 
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USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA (ART. 328) 
90. Comete o delito previsto no art. 328 do Código Penal (usurpação de 
função pública) aquele que pratica indevidamente função própria da 
administração, ou seja, sem estar legitimamente investido na função de que se 
trate. 
91. Não é suficiente, deste modo, que o agente se atribua na função, sendo 
imprescindível que este pratique atos de ofício como se legitimado fosse, com 
o ânimo de usurpar, consistente na vontade deliberada de praticá-los. 
92. O crime de usurpação de função pública, muito embora previsto no 
capítulo destinado aos crimes praticados por particular contra a Administração 
Pública, pode, também, ser praticado por funcionário público que desempenhe 
atos que estejam fora de sua atribuição legal (ex.: escrivão de polícia que 
preside auto de prisão em flagrante). 
93. Não obstante o acusado se apresente como agente público federal, esse 
fato, por si só, não configura lesão a bens, serviços e interesses da União, pois 
deve estar demonstrado o efetivo prejuízo causado para esse ente federado 
(STJ, CC 101.196/PR, DJe 01/12/2009). 
94. Possibilidade de concurso de agentes de particular com 
funcionário público: funcionários de uma copiadora utilizavam carimbos de 
autenticação pertencentes ao 4º Ofício de Notas de Brasília/DF - fornecidos 
pelo próprio Tabelião -, em cópias de documentos, encaminhando-as, 
posteriormente, ao cartório, para a aposição de assinaturas por escreventes 
autorizados. Embora o Tabelião não tenha praticado qualquer ato executório, 
concorreu de algum modo para a realização do crime (STJ, REsp 688.339/DF, 
DJ 16/05/2005 ). 
95. Distinção: se o agente apenas simula a qualidade de funcionário, ou se 
usa uniforme ou distintivo sem exercer efetivamente a função, comete 
contravenção penal (arts. 45 e 46 da LCP). 
96. Forma qualificada (parágrafo único): se do fato o agente aufere 
vantagem. 
RESISTÊNCIA (art. 329) 
 
 
 
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97. Consiste na oposição à execução de ato legal, mediante violência ou 
ameaça (com força intimidatória considerável) a funcionário competente para 
executá-lo (não o usurpador) ou a quem lhe esteja prestando auxílio (ex.: 
Agente que, agindo livre e conscientemente, opõe-se à ordem de fiscalização 
em seu estabelecimento, mediante ameaça a auditor fiscal do Ministério do 
Trabalho). 
98. A resistência deve ser positiva (ativa). Assim, não há delito por parte 
daquele que se opõe à ordem de prisão da autoridade, deitando-se no chão ou 
agarrando-se a grade do portão. Neste caso, poderá estar configurado o delito 
de desobediência (art. 330). 
99. “Execução de ato legal”: é o ato material (objeto) e formalmente 
(incluindo a forma de execução) legal, embora possa parecer injusto ao agente 
(ex.: pai que se opõe a retirada dos filhos de sua guarda por não concordar 
com a ordem judicial, mediante violência ao oficial de justiça). 
100. “A quem lhe esteja prestando auxílio”: é qualquer pessoa que, 
espontânea ou compulsoriamente, esteja apoiando a ação do funcionário 
competente. 
101. Caso: encontra-se configurada a conduta típica do crime de resistência 
pela repulsão contra o ato de prisão do agente que, por duas vezes, após a 
captura e mediante violência, conseguiu escapar do domínio dos policiais, 
danificando, neste interregno, a viatura policial, fato este que o levou 
posteriormente a ser algemado e amarrado (STJ, HC 154.949/MG, DJe 
23/08/2010). 
102. O estado de embriaguez afasta o dolo do crime de resistência, uma 
vez que o crime exige a capacidade de discernimento e, portanto, a 
compreensão da postura adotada (STF, Ext. 555/RFA, DJ 12/02/1993). 
103. Distinção: o desacato difere da resistência, já que nesta a violência ou 
ameaça direcionada a funcionário visa a não realização de ato de ofício, ao 
passo que, naquele a eventual violência ou ameaça perpetrada contra 
funcionário público tem por finalidade desprestigiar a função por ele exercida. 
104. Figura qualificada: se o ato, em razão da resistência, não se realiza (§ 
1º); 
 
 
 
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105. Concurso material: as penas são aplicáveis sem prejuízo das 
correspondentes à violência (§ 2º). 
106. Para a configuração do delito de resistência é indispensável que haja 
lapso temporal entre a prática do roubo e a perpetração da violência (STJ, HC 
97.857/SP, DJe 10/11/2008). Assim, por exemplo, havendo a cisão temporal 
das ameaças, uma dirigida à vítima do roubo e a outra aos funcionários 
públicos responsáveis pela prisão do réu, tem-se como caracterizado o 
concurso material entre os delitos de roubo e resistência. 
DESOBEDIÊNCIA (ART. 330) 
107. Pratica o crime aquele que não atende ordem legal do funcionário 
público, seja ela verbal, escrita ou mesmo gestual. 
108. Desobediência e existência de sanção específica: a configuração do 
delito de desobediência exige, além do não cumprimento de uma ordem, a 
inexistência da previsão de sanção específica em caso de seu descumprimento 
(STJ, HC 84.664/SP, DJe 13/10/2009). Neste sentido, o STJ já considerou 
atípica a hipótese em que o Prefeito Municipal teria descumprido liminar que 
determinou que fossem suspensos todos os atos referentes à licitação pública, 
assim como a execução do respectivo contrato com a empresa vencedora, por 
ter sido fixada sanção específica de multa diária de R$ 50.000,00 pelo seu 
descumprimento (STJ, HC 68.144/MG, DJ 04/06/2007). 
109. Sujeito ativo: em regra, o particular. O funcionário público pode, no 
entanto, cometer crime de desobediência, se destinatário da ordem, e 
considerando a inexistência de hierarquia, tiver o dever de cumpri-la (STJ, 
REsp 1173226/RO, DJe 04/04/2011). 
110. Para a configuração do crime de desobediência, exige-se que a ordem, 
revestida de legalidade formal e material, seja dirigida expressamente a quem 
tem o dever de obedecê-la, e que o agente voluntária e conscientemente a ela 
se oponha (STJ, HC 130.981/RS, DJe 14/02/2011) (ex.: não há crime de 
desobediência por parte de subordinado de empresa, cuja direção fora 
requisitada a apresentar documentos em juízo). 
 
 
 
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111. Descumprimento de transação penal da Lei nº 9.099/95: o 
descumprimento da transação penal, em razão dos efeitos da coisa julgada 
material e formal do acordo, não permite o oferecimento de denúncia por parte 
do ministério público e, muito menos, rende ensejo ao crime de desobediência 
(STJ, HC 97.642/ES, DJe 23/08/2010). 
112.Desobediência à ordem que implique auto-incriminação ou em 
prejuízo para o sujeito: não se configura o crime de desobediência caso o 
cumprimento da ordem da autoridade represente forma de auto-incriminarão 
(ex.: negar-se a teste de bafômetro ou ao fornecimento de padrões 
gráficos para exame de constatação de identidade) (STF, HC 77.135-SP, 
DJ 08/09/1998). 
DESACATO (ART.331) 
113. Trata-se da conduta de quem desacata (insulta, humilha, achincalha) 
funcionário público no exercício da função (in officio) ou em razão dela 
(propter officium). 
114. Para que ocorra o desacato, faz-se necessária a presença do funcionário 
público, não se exigindo, contudo, seja a ofensa proferida face a face, 
bastando que, de alguma forma, possa escutá-la, presenciá-la, enfim, que seja 
por ele percebida. Não é desacato, deste modo, a ofensa por via telefônica ou 
pela imprensa. No caso, pode-se falar em crimes contra a honra comuns 
(calúnia, difamação ou injúria). 
115. Nexo funcional: deve ficar demonstrada a relação entre a ofensa e o 
dolo de desprestigiar a função pública do funcionário público. De tal modo, não 
será desacato a conduta daquele que xinga funcionário público no interior da 
repartição por rancor pessoal em relação a este. 
116. Desacato praticado por funcionário público: É possível a prática do 
crime de desacato por funcionário público contra pessoa no exercício de função 
pública, pois se trata de crime comum em que a vítima imediata é o Estado e a 
mediata aquela que está sendo ofendida (STJ, HC 104.921/SP, DJe 
26/10/2009). 
 
 
 
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117. Dolo específico: a figura do desacato exige dolo, intenção de ultrajar 
ou desprestigiar, não se configurando o tipo se houve discussão motivada pela 
exaltação mútua de ânimos (STJ, REsp 13.946/PR, DJ 17/08/1992). 
118. No mesmo sentido acima, tem-se entendido que o simples fato de o 
cidadão demonstrar indignação contra o mau funcionamento do serviço 
público, não configura o crime de desacato (STJ, RHC 9615/RS, DJ 
25/09/2000). 
119. Desacato praticado por advogado e o § 2º do art. 7º do Estatuto 
de OAB: a inviolabilidade dos atos e manifestações do advogado está 
protegida no art. 133 da Constituição Federal. O Código Penal, art. 142, inciso 
I, por sua vez, dispõe não se constituir em injúria ou difamação punível a 
ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu 
procurador. O estatuto da OAB (art. 7º, § 2º), no entanto, ampliou as 
proteções acima citadas, excluindo a punição de advogados por desacato. O 
STF, no entanto, por ocasião da ADI nº 1.127/2006, considerou que a 
imunidade profissional do advogado não é absoluta. O Pleno, por conseguinte, 
declarou a inconstitucionalidade da expressão "ou desacato" contido no § 2º do 
artigo 7º da Lei n. 8.906/94, retirando do ordenamento jurídico a imunidade 
profissional em relação a fatos que se enquadram no tipo penal 
correspondente (STF, ADI 1127/DF, DJe 10/06/2010). 
120. Pluralidade de funcionários ofendidos: se os fatos ocorreram em um 
mesmo contexto, haverá crime único, devendo o número de funcionários 
desacatados ser considerado para efeitos de aplicação da pena. 
TRÁFICO DE INFLUÊNCIA (ART. 332) 
121. É uma verdadeira fraude em que o particular, dizendo-se influente 
perante agentes públicos, solicita, exige, cobra, ou obtém vantagem ou 
promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por eles no 
exercício da função (venda de fumaça, no dizer dos doutrinadores antigos) 
(ex.: agente que obtém vantagem para si, a pretexto de influir em aprovação 
por parte de banca examinadora do Detran). 
 
 
 
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122. “A pretexto de influir”: a expressão demonstra que o agente agiu com 
ardil, pois ilude pretendente ao ato ou providência funcional, alegando um 
prestígio que na verdade não tem (ex.: filho de famoso político obtém valores 
da vítima, mantendo-a sob a ilusão de que teria influência na retirada de 
multas tributárias). 
123. O “comprador” da vantagem falsa vantagem comete crime? Não. 
Noronha ensina que “não obstante a conduta ilícita do comprador de influência, 
não pode ele ser também sujeito ativo do crime, como alguns pretendem, 
conquanto sua conduta seja imoral. Realmente, ele se crê agente de um crime 
de corrupção em coautoria com o vendedor de prestígio, mas dito crime não 
existe, é putativo (imaginário). E coautor do presente delito também não será, 
porque, conquanto de certa maneira ele concorre para o descrédito 
administrativo, não pode ser copartícipe de obter vantagem quem a dá ou dela 
se despoja. Como escreve Manzini, ‘enquanto um quer vender fumo, o outro 
quer e supõe, ao contrário, comprar um assado’”. 
124. Distinção: se o tráfico indevido de influência recair sobre o nome de 
juiz, jurado, membro do MP, funcionário da justiça, perito, tradutor, intérprete 
ou testemunha, estará tipificado o delito de exploração de prestígio (art. 
357). 
125. Consuma-se o crime de tráfico de influência com a mera solicitação, 
exigência, cobrança ou obtenção de vantagem, a pretexto de influir em ato 
praticado por funcionário público no exercício da função (STJ, CC 108.664/SP, 
DJe 16/02/2011). 
CORRUPÇÃO ATIVA (art. 333) 
126. O crime de corrupção ativa ocorre quando alguém, por meio de 
promessas, dádivas, recompensas, ofertas ou qualquer utilidade, procura 
induzir um funcionário público a praticar, omitir ou retardar ato de ofício. É o 
popular “suborno”. 
127. Consumação: o crime é de consumação formal e independe de o 
funcionário público aceitar ou não a oferta. Apesar disso, é possível a tentativa 
 
 
 
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no caso em que a proposta é, por exemplo, encaminhada por escrito, mas 
extraviada antes de chegar ao funcionário público. 
128. Oferecimento de vantagem indevida após a prática do ato: o crime 
de corrupção ativa não se caracteriza quando a oferta é realizada após a 
realização do ato (ex.: juiz que recebe valor após ter fundamentadamente e 
licitamente absolvido o réu). Trata-se de mera infração funcional. 
129. Pequenos agrados: não é incomum no serviço público o oferecimento 
de pequenos agrados, feitos por particulares, com a finalidade de angariar 
simpatia dos funcionários públicos. Assim são oferecidas caixas de bombons, 
canetas, livros etc. Se tais comportamentos não são destinados a fazer com 
que o intraneus pratique, omita ou retarde ato de ofício, não terão eles a 
importância exigida pelo Direito Penal (Greco). 
130. Como se percebe, no tipo estudado não existe a conduta do particular de 
“entregar a vantagem”. Assim, caso o funcionário público solicite a 
vantagem (corrupção passiva), tendo o particular apenas atendido o pedido, 
não haverá corrupção ativa por parte deste, por falta de previsão legal. 
131. Corrupção ativa no Estatuto de Defesa do Torcedor: o art. 41-D da 
Lei nº 12.99/2010, tipifica a conduta daquele que dá ou promete (a qualquer 
pessoa que tenha poder de influência) vantagem patrimonial ou não 
patrimonial com o fim de alterar ou falsear o resultado de uma competição 
desportiva. 
132. Causa de aumento de pena (parágrafo único): a pena é aumentada 
de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário, 
efetivamente,retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever 
funcional. 
133. Corrupção ativa e crime militar: o art. 309 do CPM prevê o crime de 
corrupção ativa praticado por militares, na forma de seu art. 9º. 
 
CONTRABANDO OU DESCAMINHO (ART. 334) 
134. Contrabando (art. 334, caput, 1ª parte): trata-se da conduta de 
importar ou exportar mercadoria proibida (ex.: cigarros falsificados, 
softwares “piratas” etc.). 
 
 
 
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135. Descaminho (art. 334, caput, 2ª parte): consiste na conduta de 
quem ilude, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido 
pela entrada, pela saída e pelo consumo de mercadoria lícita. Como se vê, o 
delito de descaminho (ou contrabando impróprio) é verdadeira fraude no 
pagamento de tributos aduaneiros, sendo, deste modo, delito de natureza 
tributária, pois atenta diretamente contra o erário público. 
136. Há certas mercadorias cujo tráfico tipifica crime diverso, previsto em 
norma específica, como por exemplo, na criminosa importação ou exportação 
de drogas (Lei nº 11.340/2006, art. 40) ou de armas (Lei nº 10.826/2003, art. 
18). 
137. Princípio da insignificância e descaminho: por força de sua natureza 
tributária, o delito de descaminho não estará configurado quando a importação 
de mercadoria sem o pagamento de tributo for em valor inferior ao definido 
no art. 20 da Lei n° 10.522/02 (R$ 10.000,00), dada a incidência do princípio 
da insignificância (STF, HC 96852/PR, DJe 15/03/2011). No mesmo sentido: 
STF, HC 96412/SP, DJ 26/10/2010; STF, HC 95570/SC, DJ 101/6/2010. Em 
sentido contrário: STF, HC 100986/PR, DJ 31/05/2011. 
138. Observe que o próprio STF já indeferiu HC impetrado em favor de 
condenado pela prática do delito de descaminho, no qual se pretendia o 
trancamento de ação penal, por atipicidade da conduta, com base na aplicação 
do princípio da insignificância, pois o tributo devido seria inferior a R$ 
10.000,00. Considerou-se que, embora o tributo elidido totalizasse R$ 
8.965,29, haveria a informação de que o paciente responderia a outro 
processo — como incurso no mesmo tipo penal — cujo valor não pago à 
Fazenda Pública, considerados ambos os delitos, seria de R$ 12.864,35. 
Destacou-se estar-se diante de reiteração de conduta delitiva, pois o agente 
faria do descaminho seu meio de vida, daí a inaplicabilidade do referido 
postulado (STF, HC 97257/RS, DJ 05/10/2010). 
139. Figuras equiparadas (§ 1º): incorre nas mesmas penas do contrabando 
ou descaminho quem: 
 
 
 
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a. Pratica navegação de cabotagem (realizada entre portos ou pontos do 
território brasileiro, utilizando a via marítima e outras vias navegáveis 
interiores), fora dos casos permitidos em lei (no caso: Lei nº 9.432/97); 
b. Pratica fato assemelhado, em lei especial, a contrabando ou descaminho 
(ex.: saída de mercadoria da Zona Franca de Manaus sem a autorização legal 
expedidas pelas autoridades competentes, conforme o disposto no art. 39 do 
Decreto-Lei nº 288/67); 
c. Vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, 
utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou 
industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu 
clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser 
produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação 
fraudulenta por parte de outrem. Nesses casos, segundo as lições de 
Fragoso, o crime de contrabando ou descaminho restaria absorvido; 
d. Adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de 
atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, 
desacompanhada de documentação legal, ou acompanhada de documentos 
que sabe serem falsos. Essa hipótese especial de receptação afasta o 
crime do art. 180 do CP. 
140. O § 2º do art. 334 equipara às atividades comerciais qualquer forma de 
comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, até mesmo em 
residências. 
141. Forma qualificada (§ 3º): A pena aplica-se em dobro, se o crime de 
contrabando ou descaminho é praticado em transporte aéreo. 
142. Competência para julgamento: a competência para o processo e 
julgamento por crime de contrabando ou descaminho define-se pela prevenção 
do Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens. (STJ, Súmula nº 151). 
 
SUBTRAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO (ART. 337) 
 
143. Consiste na conduta de subtrair (retirar com animus rem sibi habendi), 
ou inutilizar (estragar), total ou parcialmente, livro oficial (criado por lei para 
 
 
 
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escrituração ou registro), processo ou documento (público ou particular) 
confiado à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular em 
serviço público (ex.: perito judicial). 
144. Conflito de normas: 
a. O advogado ou procurador que inutiliza, total ou parcialmente, ou deixa 
de restituir autos, documento ou objeto de valor probatório, que recebeu 
naquela qualidade, responde pelo crime do art. 356 do CP (Sonegação de 
papel ou objeto de valor probatório). 
b. Se o próprio agente público extravia livro oficial ou qualquer documento, 
de que tem a guarda em razão do cargo; sonega-o ou inutiliza-o, total ou 
parcialmente, responde pelo crime do art. 314. 
c. Se o agente destrói, suprime ou oculta, em benefício próprio ou de 
outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou particular verdadeiro, de 
que não podia dispor, responde pelo tipo do art. 305. 
145. Não há forma culposa para o presente delito. Nesse sentido, o sujeito 
que desastradamente derrama café sobre o documento, inutilizando-o, não 
pratica o crime. 
146. Subsidiariedade expressa: segundo o preceito secundário do artigo, a 
pena deste crime só é aplicada se o fato não constitui crime mais grave. 
SONEGAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA (ART. 337-A) 
147. O crime de sonegação de contribuição previdenciária pune a conduta do 
empresário, sócio, representante ou gerente de empresa (incluindo seus 
auxiliares e prepostos, como os contadores) que suprime ou reduz contribuição 
social previdenciária e qualquer acessório (ex.: multas e juros), mediante as 
seguintes condutas: 
a. Omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de 
informações previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, 
empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado 
que lhe prestem serviços; 
 
 
 
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b. Deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da 
empresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo 
empregador ou pelo tomador de serviços; 
c. Omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações 
pagas ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais 
previdenciárias. 
148. Contribuição social previdenciária: valor descontado pelo 
contribuinte/empregador do contribuinte/empregado, por ocasião do salário, 
ficando o primeiro responsável pelo recolhimento integral à Previdência Social 
de ambas as contribuições (empregador +empregado). 
149. Elemento subjetivo: assim como ocorre quanto ao delito de 
apropriação indébita previdenciária, o elemento subjetivo animador da conduta 
típica do crime de sonegação de contribuição previdenciária é o dolo genérico, 
consistente na intenção de concretizar a evasão tributária, sendo dispensável 
um especial fim de agir, conhecido como animus rem sibi habendi (a intenção 
de ter a coisa para si) (STF, AP 516/DF, DJe 03/12/2010). 
150. Súmula Vinculante nº 24: “não se tipifica crime material contra 
a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 
8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo”. Pelo fato de ter 
natureza equivalente aos crimes da Lei nº 8.137/90 (crimes tributários), o 
crime de sonegação de contribuição previdenciária, por se tratar de delito de 
caráter material, também só se configura após a constituição definitiva do 
crédito tributário (STJ, HC 114.051/SP, DJe 25/04/2011). 
151. Consumação e competência: o delito consuma-se com a supressão ou 
redução da contribuição previdenciária e acessórios, sendo o objeto jurídico 
tutelado a Seguridade Social. A competência para processar e julgar o crime 
de sonegação de contribuição previdenciária é do juízo federal do local da 
consumação do delito, conforme previsto no art. 70 do Código de Processo 
Penal. 
152. Princípio da insignificância: apesar de apresentar natureza 
tributária, o STF afastou o princípio da insignificância ao presente delito, com 
fundamento no valor supraindividual (coletivo) do bem jurídico protegido, o 
 
 
 
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que torna irrelevante o pequeno valor das contribuições sociais desviadas da 
Previdência Social (STF, HC 98021/SC, DJe 12/08/2010). 
153. Causa extintiva da punibilidade (§ 1º): é extinta a punibilidade se 
o agente, espontaneamente, declara e confessa as contribuições, 
importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, 
na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. Esta 
disposição foi ampliada pelo art. 9º, da Lei nº 10.684/2003, que dá como 
causa de extinção da punibilidade o pagamento integral dos débitos oriundos 
de tributos e contribuições sociais, inclusive acessórios. Como o novo favor 
legal não indica um praza para este pagamento, entende-se que ele pode ser 
feito a qualquer tempo, antes ou depois da ação fiscal, da denúncia ou, 
mesmo, da sentença penal condenatória definitiva. 
154. O parcelamento do débito suspende a pretensão punitiva: 
enquanto incluído no programa de parcelamento concedido pela Fazenda e o 
contribuinte estiver honrando a obrigação assumida, não poderá ser 
perseguido criminalmente pelo crime contra a ordem tributária. Na hipótese 
de falta de pagamento, o Estado retoma a persecução criminal. Também não 
existe prazo para inclusão no programa de parcelamento. 
155. Perdão Judicial (§ 2º): é facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou 
aplicar somente a pena de multa se o agente for primário e de bons 
antecedentes , desde que o valor das contribuições devidas, inclusive 
acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, 
administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas 
execuções fiscais. 
Obs.: A Lei nº 10.522/02, que dispõe sobre o Cadastro Informativo dos 
créditos não quitados de órgãos e entidades federais, em seu artigo 20, 
permite o arquivamento das execuções fiscais com valor igual ou inferior a 
dez mil Reais. 
156. Causa de diminuição de pena (§ 3º): se o empregador não é 
pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 
(um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço 
até a metade ou aplicar apenas a de multa. 
 
 
 
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Obs.: O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado nas 
mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos benefícios da 
previdência social (§ 4º). 
 
pois tal fato já constitui elementar do crime. 
COMENTÁRIO: O correto é ler a aula e a lei seca, e depois treinar com os 
exercícios. Aprovação não tem segredo. Tem trabalho duro e persistente. Veja 
que a questão fala no crime de corrupção passiva e exige apenas o 
conhecimento da letra da lei. O crime de corrupção passiva foi previsto no art. 
317 (solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, 
ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem 
indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 
12 (doze) anos, e multa) 
Já o parágrafo primeiro, assim descreve: ( § 1º - A pena é aumentada de um 
terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda 
ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever 
funcional). 
Perceba, então, que o crime está consumado com a mera solicitação ou pelo 
recebimento, mesmo que não deixe de praticar ou mesmo que não retarde o 
ato de ofício. Trata-se de crime formal (ou de resultado cortado). Caso o 
agente, efetivamente deixar de praticar o ato, terá sua pena aumentada (ex.: 
José, fiscal da prefeitura, aceita promessa de receber dinheiro de comerciante 
para não notificá-lo sobre irregularidades – consumou-se a corrupção; José, 
então, efetivamente deixa de notificar o comerciante – incidiu a causa de 
aumento). 
GABARITO: Falso 
2- (CESPE - 2010 - TRE-MT - Analista Judiciário) Praticará crime de 
prevaricação o funcionário público que deixe de responsabilizar, por 
 
 
 
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indulgência, subordinado que cometa infração no exercício do cargo, tendo 
competência para fazê-lo. 
COMENTÁRIO: é muito comum essa questão. O crime de prevaricação (Art. 
319 Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo 
contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento 
pessoal: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa) é muito parecido 
com o crime de condescendência criminosa (art. Art. 320 - Deixar o 
funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu 
infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o 
fato ao conhecimento da autoridade competente:Pena - detenção, de quinze 
dias a um mês, ou multa). 
Não confunda os dois. A condescendência é mais específica, pois o funcionário 
deixa de tomar providências em relação a subordinado por indulgência 
(clemência, comiseração, misericórdia, pena etc.). 
GABARITO: Falso 
3- ( CESPE - 2010 - TRE-MT - Analista Judiciário) O indivíduo que, no 
exercício da função pública, tenha praticado violência contra colega de trabalho 
responderá por lesões corporais, pois não há previsão de crime funcional 
próprio semelhante. 
COMENTÁRIO: trata-se do crime de violência arbitrária (Art. 322 - Praticar 
violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la: Pena - detenção, 
de seis meses a três anos, além da pena correspondente à violência). 
Na verdade, o agente deve responder pelo crime de violência arbitrária e 
também pelo crime de lesões corporais, já que o preceito secundário afirma 
que a pena será de seis meses a três anos, além da pena da violência. 
GABARITO: Falso 
 
 
 
DIREITO

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