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Descaracterização do Contrato de Leasing TCC entregue

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MARILUCE DE SOUZA ZUCCO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DESCARACTERIZAÇÃO DO CONTRATO DE 
ARRENDAMENTO MERCANTIL 
(LEASING) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sorocaba 
2016 
 
 
MARILUCE DE SOUZA ZUCCO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DESCARACTERIZAÇÃO DO CONTRATO DE 
ARRENDAMENTO MERCANTIL 
(LEASING) 
 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso para 
obtenção do titulo de graduação, em Direito 
apresentado à Universidade Paulista – 
UNIP. 
 
Orientador: Prof. Me. Rodrigo da Costa Ratto 
Cavalheiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sorocaba 
2016 
CIP - Catalogação na Publicação
Elaborada pelo Sistema de Geração Automática de Ficha Catalográfica da Universidade Paulista 
com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).
Zucco, Mariluce de Souza
 Descaracterização do Contrato de Arrendamento Mercantil (Leasing) / 
Mariluce de Souza Zucco. - 2016.
 36 f. 
 Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) apresentado ao Instituto 
de Ciência Jurídicas da Universidade Paulista, Sorocaba, 2016.
 Área de Concentração: Direito Civil.
 Orientador: Prof. Me. Rodrigo da Costa Ratto Cavalheiro.
 
 1. Antecipação do Valor Residual Garantido. I. Cavalheiro, Rodrigo da 
Costa Ratto (orientador). II.Título.
 
 
MARILUCE DE SOUZA ZUCCO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DESCARACTERIZAÇÃO DO CONTRATO DE 
ARRENDAMENTO MERCANTIL (LEASING) 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso para a 
obtenção do titulo de graduação, em Direito 
apresentado à Universidade Paulista – UNIP. 
Orientador: Prof. Ms. Rodrigo da 
Costa Ratto Cavalheiro 
 
 
 
 
 
Aprovado em: 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
_______________________/__/___ 
Prof. Nome do Professor 
Universidade Paulista – UNIP 
 
_______________________/__/___ 
Prof. Nome do Professor 
Universidade Paulista – UNIP 
 
_______________________/__/___ 
Prof. Nome do Professor 
Universidade Paulista – UNIP 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
Ao meu esposo, Nilson Farias Zucco, que de forma especial е carinhosa me deu 
força е coragem, me apoiando nos momentos de dificuldades, e aos meus filhos, 
Débora Priscila Zucco Leme, Richard de Souza Zucco, e Anny Caroline Zucco 
Teixeira, por terem me acompanhado nesta jornada, sem os quais não teria a 
motivação necessária para concluir esse curso e que embora não tivessem 
conhecimento disto, mas iluminaram de maneira especial os meus pensamentos 
me levando а buscar mais conhecimentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
Agradeço em primeiro lugar a DEUS por ser à base das minhas 
conquistas. 
Aos meus pais José Machado de Souza e Maria Benedita de Souza, por 
acreditarem e terem interesse em minhas escolhas, apoiando-me e esforçando-
se junto a mim, para que eu suprisse todas elas. 
A todos da 4ª Vara do Trabalho da Comarca de Sorocaba, por me 
orientarem e fazerem do meu estágio momentos de alegria. 
A todos os professores que me acompanharam ao longo do curso, e aos 
colegas e companheiros da turma de Direito. 
Ao professor e orientador Rodrigo da Costa Ratto Cavalheiro, pela 
dedicação em suas orientações prestadas na elaboração deste trabalho, me 
incentivando e colaborando no desenvolvimento de minhas ideias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“O menor desvio inicial da verdade multiplica-se ao infinito à medida que avança”. 
(Aristóteles) 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO 
CAPÍTULO 1 – NOÇÕES GERAIS DOS CONTRATOS EM GERAL...................12 
1.1. Evolução histórica........................................................................................12 
1.2. Conceito doutrinário.....................................................................................15 
CAPÍTULO 2 – NOÇÕES BÁSICAS DO CONTRATO DE ARRENDAMENTO 
MERCANTIL (LEASING).......................................................................................16 
2.1. Origem histórica e evolução........................................................................16 
2.2. Conceito, características e requisitos........................................................17 
2.3. Modalidades de leasing................................................................................21 
CAPÍTULO 3 – POSSIBILIDADE DA DESCARACTERIZAÇÃO DO CONTRATO 
DE ARRENDAMENTO MERCANTIL (LEASING).................................................24 
3.1. Vantagens do contrato e Leasing no direito comparado..........................24 
3.2. Valor residual e valor residual garantido....................................................28 
3.3. Súmulas 263 e 293 do Superior Tribunal de Justiça.................................28 
3.4. Descaracterização do contrato de arrendamento mercantil pela 
antecipação do valor residual garantido...........................................................29 
CONCLUSÃO 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
 
 
RESUMO 
O surgimento do contrato de arrendamento mercantil, comumente 
conhecido como leasing, se fez necessário para atender o desenvolvimento da 
sociedade e do consumo, facilitando o acesso ao financiamento de equipamentos, 
bens móveis e imóveis. 
Essa modalidade de financiamento tem como partes: a arrendadora que 
por força de lei será uma instituição financeira que tenha essa operação como 
objeto principal de suas atividades ou que possua um departamento especializado 
com escrituração própria; o arrendatário que pode ser pessoa física ou jurídica; e 
o fornecedor, que é a terceira pessoa inserida no contrato por vontades das 
partes. 
Tem suas vantagens tanto para a arrendadora, que tem uma garantia real 
do investimento, como para o arrendatário que sem a necessidade de um 
investimento inicial integral tem o uso e o gozo de um bem. A tríplice opção: de 
compra, troca ou devolução, que somente ao final do contrato o arrendatário 
poderá fazer a escolha que melhor lhe convir. 
O valor residual garantido (VRG) é gerado no momento da contratação, 
podendo ser pago antecipadamente, e diluído com as contraprestações. 
Atualmente está pacificado que a antecipação do VRG não descaracteriza o 
contrato de arrendamento mercantil através da Súmula 293 do Superior Tribunal 
da Justiça, mas doutrinariamente muito se discute se esse entendimento não 
estaria a afetar o negócio jurídico, desmerecendo assim sua distinta forma 
contratual. 
Palavras-chave: arrendamento mercantil; leasing; valor residual garantido; 
descaracterização. 
 
 
 
 
ABSTRACT 
The emergence of the lease agreement, commonly known as leasing, it 
was necessary to meet the development of society and consumption, facilitating 
access to equipment financing, movable and immovable property. 
 This type of financing is parts: the lessor that by law will be a financial 
institution who have this operation as the main object of its activities or having a 
specialized department with its own bookkeeping; the tenant who may be 
individuals or legal entities; and the supplier, which is the third person inserted in 
the contract intention of the parties. 
 Has advantages for both the lessor, which is a real guarantee of the 
investment, as for the lessee without the need for a comprehensive initial 
investment has the use and enjoyment of property. The triple option: purchase, 
exchange or refund, only the end of the contact the tenant can make the choicethat best suits you. 
 The guaranteed residual value (VRG) is generated at the time of 
contraction and can be paid in advance, and diluted with consideration. It is 
currently pacified the anticipation of VRG decharacterizes the contracted lease by 
Precedent 293 of the Superior Court of Justice, but doctrinally much discussion 
whether this understanding would not affect the legal business, thus downgrading 
its distinct contractual form. 
 
Key-words: Leasing; leasing; guaranteed residual value; mischaracterization. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
Atualmente a sociedade consumista cuja demanda é atendida por um 
sistema capitalista na qual a concorrência torna-se cada vez mais acirrada, torna-
se imprescindível, para sobreviver nesse ambiente competitivo, que as empresas 
busquem formas de redução de custos. 
O presente trabalho contempla de forma delimitada o contrato de 
arrendamento mercantil, conhecido no mundo jurídico como leasing, buscando a 
entender se é possível a descaracterização desse instrumento contratual através 
da antecipação do valor residual garantido (VRG), transformando em um simples 
contrato de compra e venda. 
Analisar de forma sucinta as origens dos contratos em geral e pesquisar as 
origens do contrato de arrendamento mercantil, buscando entender suas 
peculiaridades e benefícios. 
O objetivo deste trabalho será analisar no âmbito do Direito Civil, pois se 
trata de negócio jurídico, considerando se as vontades das partes esta 
equilibrada, trazendo assim a problematização da hipótese de desvantagem 
contratual. 
A pesquisa se faz necessária, pois a sociedade busca soluções para 
financiar equipamentos e bens necessários para um crescimento social. 
O procedimento metodológico da pesquisa se fez utilizando de doutrinas, 
jurisprudências, artigos e textos, com a finalidade de proporcionar melhores 
informações sobre o tema. 
 
 
 
 
 
 
12 
 
CAPÍTULO 1 – NOÇÕES GERAIS DOS CONTRATOS EM GERAL 
Nesse capitulo será dado ênfase a evolução histórica e alguns conceitos 
doutrinários de contrato em geral. 
1.1. Evolução histórica 
Contrato como negócio jurídico se faz instrumento mais utilizado na 
sociedade capitalista, presente nas relações cotidianas, desde a compra do pão, 
do transporte publico e até a relação de trabalho entre o empregador e 
empregado. 
Segundo Naves (2006), contrato tem sua origem nos costumes primitivos, 
os clãs e tribos celebravam com outros grupos contratos de fornecimento de 
produtos, ou contratos de cessão de direitos. Esses clãs ou grupos eram 
representados por seus chefes ou comissários, que passariam a serem os 
credores das obrigações ou direitos mediante a inadimplência do grupo devedor. 
Na lei escrita, tem inicio na antiga Mesopotâmia, entre os anos de 1825 e 
1787 a.C., nas Leis de Eshnunna, dispondo sobre compra e venda, 
arrendamento e empréstimo a juros. O célebre Código de Hamurabi do Império 
Babilônico que tem como data provável o ano de 1758 a.C., dispunha sobre 
contratos específicos, execução contratual, taxas de juros e preço de 
determinados serviços1. 
O primeiro a criar um sistema de regulamentos contratuais é o Direito 
Romano, surge às bases para a teoria contratual, definição de requisitos, 
classificações e garantias. 
Pereira (2015) traz o conceito romano de contrato: “[...] a base de um 
acordo de vontades a respeito de um mesmo ponto”. 
 
1 Há três diferentes formas de datação pelos historiadores especializados: a cronologia longa, a curta e a média. “Assim a cronologia longa data o 
reinado de Hamurabi entre os anos 1848-1806 a.C.; a cronologia média entre 1792 e 1750 a.C. e a curta entre 1728 e 1686 a.C.” (NAVES 
cita BOUZON, Emanuel. Uma coleção de direito babilônico pré-hamurabiano: Leis do reino de Eshnunna. Petrópolis: Vozes, 2001. p.12) 
Naves adota a cronologia média, por ser a que, atualmente, encontra mais adeptos dentre os historiadores. 
13 
 
Naves (2006) nos ensina que as mudanças épicas influenciariam a 
regulamentação contratual, podendo ser dividas em arcaica e pós-clássica. 
Durante a época arcaica predominava a influência das crenças religiosas, o 
cumprimento contratual era questão de honra, dando poderes ao credor, que em 
caso de inadimplência, poderia até mesmo atingir o corpo do devedor2. 
Por outro lado, época pós-clássica, a vontade das partes se dividia em 
gênero: convenção; e duas espécies: contrato e pacto. 
Os contratos normatizados, protegidos através da actio se dividiam em três 
espécies: a) Litteris: exigência da inscrição no livro Codex, ou seja, no livro do 
credor; b) Re: equivalia a tradição efetiva da coisa; c) Verbis: celebração como um 
rito religioso, troca de expressões orais. 
O pacto era um acordo não normatizado, sem forma especial e assim não 
poderia ser protegido pelo actio. 
Durante a República Romana e o Alto Império Romano, os pretores para 
proteger judicialmente os pactos mais frequentes acabaram por fazer surgir uma 
espécie que envolveria: vendas, locações, mandatos e sociedade; este contrato 
receberia o nome de: contratus solo consensu. 
A influência do Direito Germânico, na Idade Média se faz através do poder 
dos senhores feudais sobre seus vassalos, o contrato formal e simbólico, se 
concretizava com a entrega da coisa ou algo que a representasse, e a 
inadimplência teria como consequência a escravidão ou a prisão. 
A utilização do juramento em nome de Deus surgiu pela influência do 
Direito Canônico, onde a vontade das partes através da palavra empenhada, que 
se fazia lei. O direito religioso se fazia tão importante como o jurídico, à má-fé 
contratual seria vista como perjúrio e o povo temia a justiça divina. 
 
2
 NAVES, 2006, p. 8 et seq. 
14 
 
A Itália e os Países Baixos teriam sua contribuição na história contratual 
com o consensualismo, observado no século XIII e XIV através de costumes 
municipais, a palavra dada fazia do contrato uma obrigação moral3. 
A vontade do homem deve prevalecer sobre qualquer norma exterior, o 
jusnaturalismo traz a razão sobre qualquer influência de norma externa. O 
contrato é a submissão à vontade das partes. 
 O jusnaturalismo racionalista é o fundamento do Direito, assumido pela 
burguesia, lutando para manter longe o poder do Estado; e a vontade é o 
fundamento da sociedade. Surge para o Direito Publico e Privado o dogma da 
vontade das partes. 
O Direito Público fundou-se através do contrato social, constituído pela 
vontade geral; o Direito Privado mantém o principio da boa fé sobre a influência 
do Direito Canônico, ao pactuar um contrato, as partes têm como obrigação a 
vontade que concomitantemente manifestaram. 
O fundamento da teoria da autonomia liberal nasce da ideia de Kant, de 
que a legitima de um contrato ou lei, está em o homem impor normas a si mesmo. 
Com a visualização da vontade das partes, e não se importando com as 
condições econômicas, houve maior circulação de grandes riquezas. 
O voluntarismo começou a cair com o surgimento do Estado social 
protegendo a parte mais fraca, modificação de cláusulas e o surgimento da nova 
hermenêutica que acelera essa crise contratual. 
O contrato passa assim a ter uma função social, de crescimento, não mais 
prevalecendo à função econômica, não podemos esquecer-nos dos contratos 
particulares onde prevalece a vontade das partes, desde que não intervira com 
prejuízo para a sociedade. 
O contrato passa a ser conceituado como acordo entre as partes, com a 
finalidade de adquirir, resguardarou extinguir direito e obrigações. 
 
3
 NAVES, 2006, p. 9 et seq. 
15 
 
Novaes (2006) sinteticamente conclui: 
Neste contexto, a importância dos princípios contratuais se 
sobreleva. A boa-fé, a autonomia privada e a função social do contrato 
demonstram a modificação sofrida ao longo do século XX. O contrato 
não é apenas instrumento econômico, mas instrumento que deve 
contribuir para o pleno desenvolvimento do ser humano. (NOVAES, 2006 
p.10). 
1.2. Conceitos doutrinários 
Carlos Roberto Gonçalves (2012) afirma: “Contrato é a mais comum e a 
mais importante fonte de obrigação, devido às suas múltiplas formas e inúmeras 
repercussões no mundo jurídico”. (2012, p. 25) 
Flávio Tartuce (2014) conceitua na forma clássica: “[...] o contrato pode ser 
conceituado como sendo um negócio jurídico bilateral ou plurilateral que visa à 
criação, modificação ou extinção de direitos e deveres com conteúdo patrimonial”. 
(2014, p.23) 
Fábio Ulhôa Coelho (2012) ensina: “Contrato define-se, assim, como um 
negócio jurídico bilateral ou plurilateral gerador de obrigações para uma ou todas 
as partes, às quais correspondem direitos titulados por elas ou por terceiros”. 
(2012, pag. 56). 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
CAPÍTULO 2 – NOÇÕES BÁSICAS DO CONTRATO DE 
ARRENDAMENTO MERCANTIL (LEASING) 
Com o crescimento da sociedade e o desenvolvimento da economia do 
Brasil se faz necessário introduzir novas técnicas contratuais surgindo o contrato 
de arrendamento mercantil, o capítulo precípua pela origem histórica e adentra na 
evolução do contrato de arredamento mercantil no Brasil e no Direito Comparado. 
2.1. Origem histórica e evolução 
Maria Bernadete e Fernando Silveira Miranda (2008) ensina que na 
antiguidade a relação contratual esteve presente na exploração de minério no 
governo de Atenas, as propriedades do Estado eram arrendadas por determinada 
quantia em dinheiro e porcentagem nos lucros, a exploração anual, onde o 
arrendatário poderia subarrendar esse direito a exploração ou vender o minério 
extraído. Na Grécia a exploração das minas Thaos e Laurium, de ouro e prata 
também são exemplos de arrendamento. Em meados de 500 a.C., os oradores 
gregos já mencionavam a lista de propriedades de leasing perpétuo nas terras 
aráveis de Ática. 
Gimenes (2006) traz como inicio das operações de leasing no Brasil o ano 
de 1967 e informa que a primeira instituição financeira a realizar operações de 
Leasing foi o Banco de Minas Gerais S/A (BMG), e que depois vieram outras. 
Segundo Pereira (2008), uma pequena empresa de arrendamento de 
máquinas de escrever foi a pioneira em celebrar essa modalidade contratual, a 
RENT-A-MAQ de propriedade de Carlos Maria Monteiro. Em 1970 a criação da 
Associação Brasileira de Empresas de Leasing (ABEL) reuniu empresas do setor 
e assim fortaleceu os contratos de leasing, tornando uma figura respeitada, dando 
grande impulso através de divulgações em redes bancárias. 
Maria Bernadete e Fernando Silveira Miranda (2008) relatam: 
Em 12 de setembro de 1974, com a promulgação da Lei nº 6.099, que 
dispõe sobre o tratamento tributário das operações de arrendamento 
mercantil e dá outras providências, este tipo de operação foi 
17 
 
regulamentada, obedecendo as normas estabelecidas pelo Conselho 
Monetário Nacional, com controle e fiscalização exercidos pelo Banco 
Central do Brasil. A partir deste momento passou a ser praticado 
oficialmente no mercado financeiro, tornando-se uma excelente 
alternativa para financiamentos de longo prazo e de alta flexibilidade, 
adequando-se ao fluxo de caixa e de investimentos, inclusive com 
carência. (MIRANDA, M.B.; MIRANDA, F. S., 2008, p.3). 
São três legislações importantes para o Arrendamento Mercantil, a Lei 
6.099/74, dispondo sobre aspectos tributários e outras providências; e a lei 
7.132/83 onde o Leasing passa a ser um contrato típico e finalmente a Lei 
11.649/08, que tem como objetivo o veiculo automotivo. 
Pereira (2015) traz a informação: 
Para ter ideia do desenvolvimento desta atividade, basta lembrar 
que em 1973 tínhamos 620 milhões em leasing; em 1974, passamos à 
casa de um bilhão; e já em 1975 marchávamos para três bilhões; 1978 
vencíamos a barreira de onze bilhões. Já tendo dados à mão, posso 
dizer a quanto orça o movimento atual, um bilhão e quinhentos milhões 
de dólares. (PEREIRA, 2015, p.205). 
2.2. Conceito, características e requisitos 
A definição de contrato de Arrendamento Mercantil como especial está 
baseada na sua tríplice opção de compra, troca ou devolução no final da avença. 
Os conceitos doutrinários demonstram as mudanças sobre a influência da 
legislação contemporânea. 
 Venosa (2005) apontava: 
 O arrendamento de contrato mercantil, como percebemos, é 
formado por um complexo de relações negociais, nas quais podem ser 
identificados claramente vislumbres de locação, promessa de compra e 
venda, mútuo, financiamento e mandato. Na maioria de suas 
modalidades, existe uma promessa unilateral de venda. Não é, no 
entanto, elemento necessário em toda versão deste instituto. Sob 
qualquer hipótese, deve ser visto como negócio unitário, sem tentativa 
de decomposição de vários contratos. Originalmente, é contrato atípico 
misto, que se vale de conceito de vários outros. Sua ideia centralizadora, 
todavia, é sem dúvida a locação de coisas. (VENOSA, 2005, p.588). 
Fábio Uchoa Coelho (2012, p. 425): “arrendamento mercantil (Leasing), é o 
contrato em que o locatário tem, ao término do prazo de vigência, a opção de 
adquirir o bem locado”. 
18 
 
Maria Helena Diniz (2014) conceitua: 
 Leasing é o contrato pelo qual uma pessoa jurídica, pretendendo 
utilizar determinado equipamento, comercial ou industrial, ou certo 
imóvel consegue que uma instituição financeira o adquira, arrendando-o 
ao interessado, por tempo determinado, possibilitando ao arrendatário, 
findo tal prazo, optar entre a devolução do bem, a renovação do 
arrendamento, ou a aquisição do bem arrendado mediante um preço 
residual fixado no contrato, isto é, o que fica após a dedução das 
prestações até então pagas (Lei n. 6099/74, arts1º, 2º, §1º, 6º, 7º, 8º, 9º, 
§2º, 10, 16 e 23, alterada pela Lei n 7.132/83; Res. n. 2.309/96 do 
BACEN). (DINIZ, 2014, p.774). 
Melo (2014) ensina se tratar de “[...] um contrato híbrido, sendo a um só 
tempo um misto de locação, promessa de compra e venda e financiamento”, 
um conceito contemporâneo com fundamento legal. 
O Arrendamento Mercantil é um contrato de operação financeira, e com 
resoluções próprias está regulamentado pelo Banco Central do Brasil pela 
Resolução nº351/75, incidindo os juros de Imposto Sobre Serviço, sendo isento 
de Imposto sobre Operações Financeiras. É obrigatória a expressão 
“Arrendamento Mercantil”, em sua denomição social. 
Juridicamente encontramos conceituado na Lei nº 6.099, de setembro de 
1974, em seu Art.1º, Parágrafo único: 
Art.1º [...] Parágrafo único: Considera-se arrendamento mercantil, 
para os efeitos desta Lei, o negócio jurídico realizado entre pessoa 
jurídica na qualidade de arrendadora, e a pessoa física ou jurídica, na 
qualidade de arrendatária, e que tenha por objeto o arrendamento de 
bens adquiridos pela arrendadora, segundo especificações da 
arrendatária e para uso próprio desta. (BRASIL, 1974) 
A Lei 7.312 de outubro de 1983 define Arrendamento Mercantil como: 
[...] negócio jurídico realizado entre pessoa jurídica, na qualidade 
de arrendadora, e pessoa física ou jurídica, na qualidade de arrendatária, 
e que tenha por objeto o arrendamento de bens adquiridos pela 
arrendadora, segundo especificações da arrendatária e para uso próprio 
desta. (BRASIL, 1983). 
Esse instrumentocontratual envolve três agentes: 
19 
 
Arrendante ou arrendador: pessoa jurídica que será a compradora da 
mercadoria, com seus objetivos estatuídos socialmente, que tem como obrigação 
segundo Maria Helena Diniz (2014): 
§ Adquirir de outrem um bem para ser dado em arrendamento. 
§ Entregar ao arrendatário, para seu uso e gozo, os bens por ele 
indicados. 
§ Vender os bens arrendados, se o arrendatário optar pela compra e 
pagar o preço residual. 
§ Receber as coisas de volta, se não houver compra final ou 
renovação contratual. 
§ Renovar o contrato, se o arrendatário assim o desejar. (DINIZ, 
2014, p.775) 
Arrendatário: pessoa jurídica ou física, o interessado pelo uso, que tem 
como obrigação: 
§ Pagar os aluguéis conforme se ajustou. 
§ Manter os bens arrendados em bom estado de conservação. 
§ Responder pelos prejuízos que causar a esses bens. 
§ Restituir os bens arrendados, findo o contrato, se não quiser 
comprá-los. 
§ Suportar os riscos e os encargos dos bens arrendados. 
§ Pagar ao arrendador todas as prestações que completariam o 
cumprimento integral da obrigação, se rescindir o contrato antes 
do vencimento. (DINIZ, 2014, p.775). 
Cabe ressaltar que em algumas outras modalidades o Arrendatário e o 
Arrendante se confundem, ou seja, o Arrendante é o próprio Arrendatário. 
O terceiro agente se faz na pessoa do fornecedor ou vendedor do 
bem: figura essa que muitas vezes desaparece em algumas modalidades de 
Leasing, é o alienante do bem encomendado pelo arrendatário a Arrendante, 
Maria Bernadete e Fernando Silveira Miranda (2008) ensina que a participação de 
terceiros no contrato depende da vontade das partes. 
 
20 
 
Segundo Venosa (2005) o contrato de arrendamento mercantil tem suas 
características destacadas, sendo: bilateral, sinalagmático, oneroso, comutativo, 
por tempo determinado, de execução diferida e intuito personae. 
Venosa (2005) define as características do contrato de arrendamento 
mercantil como: 
 Bilateral ou Sinalagmático: figura como proprietários do bem Arrendante 
e Arrendatário, gerando direitos e obrigações para os contratantes; 
 Consensual: se perfaz pela simples anuência das partes; embora, para 
prova dependerá do contrato escrito, a Lei 6.099/74 exigirá a inclusão de prazo, 
preço, opção de compra e outras peculiaridades, que na ausência dará causa de 
nulidade contratual; 
 Oneroso: porque traz vantagens para ambos os contratantes, que sofrem 
um sacrifício patrimonial, correspondente a um proveito desejado; 
 Comutativo: porque cada contratante, além de receber do outro prestação 
relativamente equivalente à sua, pode verificar, de imediato, essa equivalência; 
 Por tempo determinado: determinado por lei; de adesão: pois exclui a 
possibilidade de qualquer debate e transigência entre as partes; 
Típico e Nominado: pois está previsto em lei; 
 Intuitu Personae: pois deve ser executado pelas partes contratantes sem 
que haja permissão de serem substituídas na relação contratual. 
 Quanto aos requisitos Pereira (2015) cita a Lei n 6099/74, que são: a) 
prazo; b) valor de cada contraprestação por períodos determinados, não 
superiores a um semestre; c) opção de compra ou faculdade de renovação 
reconhecida ao arrendatário; d) preço para opção de compra ou critério para a 
sua fixação. 
 
21 
 
 2.3. Modalidades de Leasing 
É possível identificar modalidades principais de leasing, Maria Helena Diniz 
(2014) trata de sete modalidades que incluem além das três principais: Self – 
leasing , que consiste em empresas ligadas ou coligadas; Dummy Corporation, 
que se liga ao trust e a sociedade de palha, inserindo-se numa sociedade entre 
investidores e arrendatários; Lease purchase, é utilizado na atividade ferroviária 
ou aeroviária Dry lease, é um contrato celebrado entre duas companhias aéreas. 
Importante conceituar as três modalidades principais: 
Leasing Financeiro: Maria Helena Diniz (2014) esclarece que o bem não 
pertence à arrendatária, mas o adquire de terceiros certos bens de produção. O 
prazo é condicionado à vida útil do bem arrendado, o prazo mínimo de dois anos 
tratando-se de bens com vida útil igual ou inferior a cinco anos. A vida útil do bem 
esta definida na Lei n 6099/74, artigo 12, §1º: “Entende-se por vida útil do bem o 
prazo durante o qual se possa esperar a sua vida efetiva utilização econômica”. 
Sendo a modalidade tradicional do arrendamento mercantil. Nessa modalidade 
segue o que dispõe a Resolução do Banco Central nº 2.309, de 28 de agosto de 
1996, em seu artigo 5º, que: 
Considera-se arrendamento mercantil financeiro a modalidade que: 
I – as contraprestações e demais pagamentos previstos no contrato, 
devidos pela arrendatária, sejam normalmente suficientes para que a 
arrendadora recupere o custo do bem arrendado durante o prazo 
contratual da operação e, adicionalmente, obtenha um retorno sobre os 
recursos investidos; 
II – as despesas de manutenção, assistência técnica e serviços 
correlatos à operacionalidade do bem arrendado sejam de 
responsabilidade da arrendatária; 
III – o preço para o exercício da opção de compra seja livremente 
pactuado, podendo ser, inclusive, o valor de mercado do bem arrendado. 
(BACEN, 1996) 
Com esse entendimento Melo (2014) ensina: “[...] pagará (arrendatário) as 
prestações à arrendadora, de sorte que a mesma recupere os valores 
despendidos na obtenção do equipamento, incluindo seus eventuais lucros”. 
22 
 
Pereira (2015) entende a Lei n 6099/74, prevê um caráter privativo ás 
operações e empresas que fizerem destas operações objeto principal de suas 
atividades. 
 Leasing Operacional: nesse caso o bem é adquirido pelo locador junto a 
terceiros, a instituição financeira é dispensável, porem, se faz necessário a 
autorização pelo Conselho Monetário Nacional, é o que ensina Maria Helena Diniz 
(2014). 
Para Melo (2014) trata-se: 
 Leasing Operacional: Aquele praticado pelo próprio fabricante ou 
distribuidor do equipamento que, pretende colocar seus produtos no 
mercado, resolve oferecer a terceiros os seus bens com a facilidade de 
financiamento e fornecer assistência técnica, com opção de que o 
arrendatário possa adquirir o bem no final do contrato. (MELO, 2014, 
p.272). 
 Acrescenta Pereira (2015) ser essa uma modalidade de curta duração e ao 
arrendatário é facultativo devolver o objeto sem a necessidade de adquiri-lo no 
termo, ainda que na pendência do contrato. “As características econômicas desta 
modalidade são as mais numerosas, abrangendo toda espécie de bens, técnicos, 
eletrodomésticos e eletroeletrônicos, automóveis e quanto mais”. 
 Leasing Back: o bem arrendado era da propriedade do arrendatário, que o 
vende para a arrendadora para depois arrenda-lo, podendo adquirir o bem ao final 
do contrato, caso seja essa a opção escolhida e desde que pague o valor 
residual, isto é, trata-se do contrato que é utilizado para empresa em dificuldades 
financeiras, é instrumento de obtenção de capital de giro urgente. Essa hipótese é 
realizada exclusivamente entre pessoas jurídicas, a arrendatária tem que ser 
pessoa jurídica, e o fornecedor também será pessoa jurídica, ou seja, o negócio 
ocorre quando uma empresa arrendatária, vende seus bens à outra empresa 
arrendadora e simultaneamente os adquire na forma de leasing. 
Em nível de curiosidade, a modalidade self leasing pela lei 6.099/74 em 
seu artigo 2º veda o contrato realizado entre empresas coligadas ou do mesmo 
grupo, sendo assim é proibido pela legislação brasileira. 
23 
 
Maria Helena Diniz (2014) conceitua: 
 “Lease-back” ou “leasing” de retorno, que ocorrerá se uma 
empresa, proprietária de certo bem (móvel ou imóvel), o vender ou oder 
em dação em pagamento a outra que, ao adquiri-lo, imediatamente o 
arrenda à vendedora. O próprio arrendatário efetua a venda de bens ou 
equipamentos, mudando seu titulo jurídico relativamente a eles, 
passando de proprietário a arrendatário (lei n. 6.099/74, art. 9º e 12; 
resolução n. 2.039/96, art. 13 e parágrafos), que deverá pagar aluguel. 
(DINIZ, 2014, p. 770). 
No âmbito internacional ensina Pereira (2015): 
 O “lease – back” estendeu-se ao plano internacional, permitindo 
que uma empresa brasileira efetue uma exportação meramente 
escritural, com a transferência do bem a um arrendador estrangeiro, sem 
perder a sua utilização. 
Desta sorte, o “lease – back” internacional converte-se em fonte paralela 
de captação de recurso no exterior, tendo como garantia o equipamento 
vendido. Por tal motivo recebe incentivos, como seja, a redução da 
alíquota do Imposto de Renda na Fonte, ou a isenção do imposto sobre 
as operações de crédito, câmbio ou seguro. (PEREIRA, 2015, p. 211). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
CAPITULO 3 – POSSIBILIDADE DA DESCARACTERIZAÇÃO DO 
CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL (LEASING) 
 3.1. Vantagens do contrato e Leasing no direito comparado 
 A possibilidade das empresas ter á sua disposição equipamentos 
modernos e de grande valor econômico atraem á pessoa jurídica á essa 
modalidade contratual, pois veem a oportunidade de não imobilizar seu capital e 
por se tratar de ser um contrato atípico misto traz a garantia de que o 
equipamento ao se tornar obsoleto poderá ser trocado. 
 Sendo assim um contrato que possibilita uma fruição para o arrendador e 
frutos, e para o arrendatário de utilização e a possibilidade de aquisição ao final 
do contrato. 
As recomendações para a utilização do contrato de arrendamento mercantil 
estão apontadas por Maria Helena Diniz (2014) que cita Arnold Wald (1975): 
 [...] a) uma nova empresa, com grande desenvolvimento 
tecnológico que lhe dê boa rentabilidade, não tem capital suficiente para 
desenvolver sua atividade ou prefere não utilizar para esse fim o seu 
capital de giro; b) uma empresa deve equipar-se de modo especial para 
atender a um contrato de grandes dimensões, cujo lucro cobrirá o 
encargo das prestações locativas; c) a empresa ou determinada filial já 
utilizou todo orçamento anual de investimento e tem necessidade de 
completar seu programa de equipamento; d) uma pequena ou média 
empresa pretende substituir material corrente, tendo dificuldade em 
atender ás exigências da administração para concessão de 
financiamento pelos órgãos especializados; e) uma empresa se vê diante 
da necessidade de expandir, de se mudar ou de se descentralizar 
abrindo novos campos de atividade em curto prazo, sem ter fundos 
próprios ou crédito bancário para atender à situação criada. (WALD, 
1975, p.131 apud DINIZ, 2014, p.765) 
 Venosa (2005) ensina que: 
 Esse contrato pode ter como objeto bens móveis e imóveis. Os 
bens imóveis que se prestam ao contrato equivalem a instrumentos 
profissionais, como terrenos para edificação industriais, galpões, 
depósitos etc. Nada impede que se destine a imóveis habitacionais, 
bastando que a lei regulamente. Na falta de regulamentação, o negócio 
não é nulo, gerando efeito entre as partes, devendo ser tratado como 
contrato atípico misto. (VENOSA, 2005, p.589). 
25 
 
Em se tratando de tributo, o contrato de arrendamento mercantil foi 
difundido em muito por ser isento de pagamento de imposto sobre operações 
financeiras, como justifica Maria Bernadete e Fernando Silveira Miranda (2008): 
 Os contratos de leasing sempre foram e continuam sendo uma 
das formas que os empreendedores encontraram, para adquirir bens, 
geralmente destinados a produção. Mas, nos últimos anos, os contratos 
de leasing perderam espaço para os contratos de financiamentos com 
garantia de alienação fiduciária, muito em função da influência das 
instituições financeiras que facilitaram o financiamento de bens. Porém, 
com o fim da cobrança do imposto da CPMF em 31 de dezembro de 
2007, o Governo Federal com receio de perder parte da sua arrecadação 
com impostos, aumentou a alíquota do imposto do IOF (imposto sobre 
operações financeiras) nos contratos de financiamentos. Ocorre que o 
IOF não incide sobre os contratos de leasing, motivo que levou as 
instituições financeiras brasileiras a oferecerem cada vez mais às 
pessoas, físicas ou jurídicas, os contratos de leasing, como forma de não 
pagamento do imposto. (MIRANDA, M.B.; MIRANDA, F. S., 2008, p.1). 
Maria Helena Diniz (2014) destaca: 
 Além disso, o arrendamento mercantil apresenta vantagens na 
seara tributária. Se uma empresa comprar equipamento a prazo, a 
quantia paga mensalmente não poderá ser deduzida da renda bruta para 
a apuração do lucro tributável pelo imposto de renda. Todavia, o 
quantum pago como aluguel poderá ser lançado como despesa, o que 
diminuirá o lucro, e, por via de consequência, levará ao pagamento de 
menor imposto de renda. (DINIZ, 2014, p.766). 
O arrendatário tem a oportunidade de pagar os equipamentos com o 
próprio produto do trabalho dele, pois não realiza nenhum investimento próprio 
para adquirir novos equipamentos, através de financiamento integral. 
Pereira (2015) discorre sobre as vantagens para empresas que precisam 
fazer investimentos em equipamentos sem redução de capital de giro: 
 A operação de leasing oferece grandes vantagens á atividade 
mercantil, permitindo ao arrendatário ter em seu alcance máquinas e 
equipamentos sem redução de capital de giro. Especialmente quando 
incide em bens sujeitos a maoir desgaste, que obriga a empresa a 
promover sua constante substituição em alta rotatividade, poupa-lhe os 
sacrifícios da imobilização financeira, ou a tomada de empréstimo para a 
sua aquisição. (PEREIRA, 2015, p. 208) 
Leasing nos Estados Unidos: Venosa (2005) aponta que o contrato de 
arrendamento mercantil surgiu nos Estados Unidos desde 1920, a obrigação de 
prestar assistência e manutenção cabia ao locador, sem opção de compra, 
26 
 
modalidade conhecida como renting. Comenta Venosa (2005, p.590): “Em 1941, 
pelo Lend and Lease Act, aprovado pelo congresso norte americano, permitiu-se 
que o país emprestasse equipamento bélico aos aliados que poderiam ser 
devolvidos ou adquiridos ao final do conflito mundial”. 
 Maria Bernadete e Fernando Silveira Miranda (2008), entretanto, relatam 
que o arrendamento mercantil ou leasing foi introduzido nos Estados Unidos por 
volta de 1700, pelos colonos ingleses. 
Nesse sentindo ensina Pereira (2015) que sua real expansão ocorreu 
através do caso de Boothe Junior empresário da Califórnia, que após o término da 
II Guerra Mundial, na década de 50, através de contrato para fornecimento de 
gêneros alimentícios para o exército americano, devido o crescimento da 
demanda verificou que não tinha capacidade operacional. Como solução firma 
contrato com um banco para que este comprasse os equipamentos necessários. 
Nasce assim à primeira empresa americana de leasing V.S. Leasing 
Company, Boothe em seguida abre outra com seu nome Boothe Leasing 
Corporation. Sendo bem sucedido na transação bancária, Boothe desistiu do 
gênero alimentício para se dedicar a essa nova pratica de contratação, nascendo 
assim a ideia leasing do verbo alugar. 
§ Leasing na Inglaterra: Venosa (2005) observa que em 1960, na Europa 
inicia a pratica do Leasing, para Maria Bernadete e Fernando Silveira Miranda 
(2008) a Inglaterra começou a praticar o Leasing, mas a Grã Bretanha já praticava 
a locação de compra através da forma primitiva do leasing. Após a guerra 
desenvolveu o contrato “Hire Purchase”, traduzido “locação de compra”, utilizado 
para máquinas de costura, eletrodomésticos, automóveis, etc. No inicio figuravano contrato duas partes, fornecedor e cliente, pela necessidade de maiores 
recursos, surgem as financeiras. 
§ Leasing na Alemanha: na Alemanha a pratica do leasing desde 1965, 
Maria Bernadete e Fernando Silveira Miranda (2008) aponta que a Alemanha 
utilizava duas principais formas: Leasing Operacional e Leasing Financeiro. No 
27 
 
Operacional (Operate Leasing Verträge) a locação segue as regras normais entre 
as partes, sendo a dissolução com prazo curto e sem as convencionais multas, 
em contrapartida o Leasing Financeiro tem prazos diferenciados através do objeto 
de leasing, onde são distintos de forma jurídica, após o prazo de aluguel básico. 
 Dentro destes limites, são cogitáveis as seguintes possibilidades: 
a) Finanzierungs_Leasing sem opção de compra – trata-se de um 
contrato normal de locação. A opção de compra como se sabe, é 
irrelevante na operação; b) O contrato com opção de compra – o 
tratamento contábil dependerá de seu conteúdo; c) O contrato com 
opção de prorrogação – neste caso, o aluguel sucessivo é, em regra, um 
percentual do aluguel básico 5% (cinco por cento). É interessante notar 
que na Alemanha estabelece-se percentuais variando de 40% (quarenta 
por cento) à 90% (noventa por cento) do uso sobre a duração normal do 
objeto leasing com importantíssimas consequências jurídicas e 
econômicas para o arrendador e para o arrendatário. (MIRANDA, M.B.; 
MIRANDA, F. S., 2006, p.4). 
§ Leasing na França: segundo Maria Bernadete e Fernando Silveira 
Miranda (2008) as operações de leasing na França datam de 1961, mas a 
legalidade surge em 1966, tratando do crédit-bail, não dispondo sobre aspectos 
tributários, mas fixando e estabelecendo o campo de incidência. Na França o 
termo leasing é a permissão através de em conjunto de operações, onde certo 
material é colocado a disposição do arrendatário que pagará um aluguel para 
alguns, a compra é uma opção ao final do contrato. 
§ Leasing na Bélgica: ensinam Maria Bernadete e Fernando Silveira 
Miranda (2008) devido a forte imposição fiscal o desenvolvimento do leasing na 
Bélgica foi implantado em 1963 de forma morosa. A taxa de 7% sobre o custo 
material de uma compra pela operação do leasing era acrescida 7% de uma 
alíquota sobre aluguéis imobiliários. 
§ Leasing na Itália: até 2008 para Maria Bernadete e Fernando Silveira 
Miranda (2008) não existia lei sobre o leasing, contudo relatam que na península 
italiana e em Roma desde 1963 já existiam uma sociedade de leasing. Cresce 
uma grande expectativa de expansão desse modo de financiamento no país. 
 As vantagens do contrato de arrendamento mercantil trazem a óbice da 
sua vasta difusão nas transações financeiras. 
28 
 
Para um entendimento da possibilidade da descaracterização do contrato 
de arrendamento mercantil se faz necessário conceituar o valor residual e valor 
residual garantido e suas diferenças. 
3.2. Valor residual e valor residual garantido 
O conceito de valor residual e do valor residual garantido (VRG) está 
declarado de forma clara no recurso especial 249.340/SP (2000, STJ) 
[...] No contrato de leasing, o "valor residual" é o preço contratual 
estipulado para o exercício da opção de compra, enquanto o "valor 
residual garantido" é obrigação assumida pelo arrendatário, quando da 
contratação do arrendamento mercantil, no sentido de garantir que o 
arrendador receba ao final do contrato, a quantia mínima final de 
liquidação do negócio, em caso de o arrendatário optar por não exercer 
seu direito de compra e, também, não desejar que o contrato seja 
prorrogado. (STJ, 2000) 
 
3.3. Súmulas 263 e 293 do Superior Tribunal de Justiça 
 A aprovação da Sumula 263 em 2002, se deu pelo entendimento da seção 
de que a antecipação do valor residual garantido retirava do arrendatário a opção 
de compra, descaracterizando dessa forma o contrato de arrendamento mercantil. 
 Em julgamento de Embargos de Divergência, a corte especial do Superior 
Tribunal de Justiça decidiu em rever a antiga sumula 263, cancelando-a e 
editando uma nova, em resposta a inúmeros julgados acerca da 
descaracterização ou não do contrato de arrendamento mercantil. 
 Surgindo assim a sumula 293 que estabelece “a cobrança antecipada do 
valor residual garantido (VRG) não descaracteriza o contrato de arrendamento 
mercantil”. 
3.4. Descaracterização do contrato de arrendamento mercantil pela 
antecipação do valor residual garantido. 
29 
 
Para Melo (2015) sobre a descaracterização do contrato de leasing: “[...] 
Hoje esta questão se encontra pacificada, pois o Superior Tribunal de Justiça 
(STJ) editou a Súmula 293 [...]”. 
Com essa afirmação esta pesquisa poderia estar encerrada, mas os 
julgados em diversos ramos do direito incentiva uma procura por um 
entendimento conclusivo. 
Como o entendimento da Ministra Cármem Lúcia em Recurso 
Extraordinário (STF, 2013): 
[...] RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO TRIBUTÁRIO. ISS. 
ARRENDAMENTO MERCANTIL. OPERAÇÃO DE LEASING 
FINANCEIRO. ARTIGO 156, III, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. O 
arrendamento mercantil compreende três modalidades, [i] o leasing 
operacional, [ii] o leasing financeiro e [iii] o chamado lease-back. No 
primeiro caso há locação, nos outros dois, serviço. A lei complementar 
não define o que é serviço, apenas o declara, para os fins do inciso III do 
artigo 156 da Constituição. Não o inventa, simplesmente descobre o que 
é serviço para os efeitos do inciso III do artigo 156 da Constituição. No 
arrendamento mercantil (leasing financeiro), contrato autônomo que não 
é misto, o núcleo é o financiamento, não uma prestação de dar. E 
financiamento é serviço, sobre o qual o ISS pode incidir resultando 
irrelevante a existência de uma compra nas hipóteses do leasing 
financeiro e do lease-back. Recurso extraordinário a que se nega 
provimento’ (RE 592.905/SC Rel. Min. Eros Grau, Plenário, DJ 
2.12.2009, grifos nossos). [...] (STF, 2013). 
 
Comparando o julgado com o conceito de leasing financeiro segundo a 
Resolução do Banco Central nº 2.309, de 28 de agosto de 1996, em seu artigo 5º 
anteriormente citado. A resolução traz em seu caput e inciso I: 
Considera-se arrendamento mercantil financeiro a modalidade que: 
I – as contraprestações e demais pagamentos previstos no contrato, 
devidos pela arrendatária, sejam normalmente suficientes para que a 
arrendadora recupere o custo do bem arrendado durante o prazo 
contratual da operação e, adicionalmente, obtenha um retorno sobre os 
recursos investidos; (BACEN, 1996). 
Verifica-se que o contrato a que se refere à resolução é um contrato de 
financiamento entre a arrendadora e o arrendatário, com cláusulas especificas de 
Arrendamento Mercantil para ter legalidade, onde as contraprestações são 
parcelas pactuadas em forma de locação. A referência à opção compra no inciso 
III da mesma resolução não a deferência do leasing operacional, pois no artigo 6º 
30 
 
inciso III também o faz: “[...] o preço para o exercício da opção de compra seja o 
valor de mercado do bem arrendado; [...]”. 
Com esse entendimento o Superior Tribunal Federal está a descaracterizar 
o contrato de arrendamento mercantil. 
O entendimento jurisprudencial seguindo o Superior Tribunal Federal 
beneficiaria uma parte e prejudicaria a outra, sendo a parte beneficiada a 
arrendadora pessoa jurídica financeira e do outro lado o arrendador cliente, o 
direito do consumidor deveria intervir para garantir a hipossuficiência do 
consumidor final. 
Embora a pesquisa tenha adentrado no ramo do Direito Tributário e Direito 
do Consumidor, não será esse o âmbito objeto de estudo, mas sim o negócio 
jurídico como vontade das partes. 
Verifica-se que uma das partes desse negócio jurídico está com sua 
vontade garantidae protegida pelo entendimento conflitante dos julgadores e 
doutrinadores e a outra parte, consequentemente, tem sua vontade reprimida e 
limitada, ao que parece uma disparidade mediante a cláusula especifica de 
contratos de arrendamento mercantil: opção de compra, ou troca ou devolução. 
Em pelo menos duas situações há a possibilidade da antecipação do valor 
residual garantido: nos casos de efetiva reintegração de posse proposta pelo 
arrendador, ou, quando não houver mais interesse por parte do arrendatário em 
permanecer com o objeto do leasing no decurso do prazo do contrato de 
arrendamento mercantil. 
O artigo 7º da Resolução do Banco Central nº 2.309, muitas vezes citado 
em julgados como o liberador da possibilidade da antecipação do valor residual 
garantido sem que haja a descaracterização do contrato de arrendamento 
mercantil (leasing): 
Art. 7º Os contratos de arrendamento mercantil devem ser 
formalizados por instrumento público ou particular, devendo conter, no 
mínimo, as especificações abaixo relacionadas: 
31 
 
I - a descrição dos bens que constituem o objeto do contrato, com todas 
as características que permitam sua perfeita identificação; 
II - o prazo de arrendamento; 
III - o valor das contraprestações ou a fórmula de cálculo das 
contraprestações, bem como o critério para seu reajuste; 
IV - a forma de pagamento das contraprestações por períodos 
determinados, não superiores a 1 (um) semestre, salvo no caso de 
operações que beneficiem atividades rurais, quando o pagamento pode 
ser fixado por períodos não superiores a 1 (um) ano; 
V - as condições para o exercício por parte da arrendatária do direito de 
optar pela renovação do contrato, pela devolução dos bens ou pela 
aquisição dos bens arrendados; 
 VI - a concessão à arrendatária de opção de compra dos bens 
arrendados, devendo ser estabelecido o preço para seu exercício ou 
critério utilizável na sua fixação; 
VII - as despesas e os encargos adicionais, inclusive despesas de 
assistência técnica, manutenção e serviços inerentes à operacionalidade 
dos bens arrendados, admitindo-se, ainda, para o arrendamento 
mercantil financeiro: 
 a) a previsão de a arrendatária pagar valor residual garantido em 
qualquer momento durante a vigência do contrato, não 
caracterizando o pagamento do valor residual garantido o exercício 
da opção de compra; 
b) o reajuste do preço estabelecido para a opção de compra e o valor 
residual garantido; [...] (BACEN, 1996) (sem grifo no original). 
 
Revisando o item em destaque, ou seja, aliena “a” do inciso VII, nota 
se o precedente hermenêutico que fornece a arrendatária a possibilidade de 
exigir antecipadamente o valor residual garantido. Seria cabal se não 
houvesse a ausência na norma dos dizeres: dever, direito ou exigência; 
mas o que descreve a norma é previsão de forma facultativa e não imposta. 
O que pode observar são fundamentações no mínimo obscuras, que 
deixam duvidas da eficácia da súmula 293 do Superior Tribunal da Justiça, 
exemplificando através de trechos da fundamentação do voto de Apelação 
Cível nº 1.348.936-6, de 21 de setembro de 2016: 
3 - Da descaracterização do contrato de leasing 
[...] Porque, dentre as diversas espécies de Leasing, se está a utilizar 
aquele conhecido como Leasing financeiro, que tem como característica 
saliente o financiamento do bem propriamente dito, tendo como principal 
motivo da contratação a venda do bem através da prestação de serviço 
do arrendamento pela instituição financeira. [...] 
 [...] Ressalta-se que os contratos de serviços financeiros devem ser 
compreensíveis pelo homem comum. Não existindo a clareza 
mediana nos dispositivos cogentes do contrato, não ocorre a 
cogência do contratado, mas também não invalida o contrato como 
um todo. 
32 
 
 Portanto, resta evidente ser possível a existência de juros nos 
contratos de arrendamento mercantil, de forma que não há que se 
falar em sua descaracterização para compra e venda. 
 4 - Do VRG: 
 O arrendamento mercantil ou leasing é um contrato misto, formado 
da união de contrato de locação, financiamento e compra e venda. 
[...] 
1 Arnaldo Rizzardo, de forma esclarecedora, explica que: “Caso se 
verifique a opção, as importâncias pagas a título de aluguel e 
estabelecidas durante o prazo de duração do contrato passam a 
constituir parte do preço estimado. Convertem-se em amortização 
da dívida, de modo que, ao exercitar a opção, o interessado já terá 
praticamente satisfeito o preço do bem. Mas, mesmo assim, o valor 
residual constará expresso no instrumento, não bastando o simples 
registro da opção. Objetiva-se, com isto, já deixar o arrendatário 
ciente, de antemão, do quantum em dinheiro que deverá 
desembolsar”. [...] 
[...] O que ocorre neste caso é que pelo pagamento antecipado do 
VRG o arrendatário já promove sua opção de compra do bem. 
Implica dizer, portanto, que o VRG antecipado nada mais é do que 
um adiantamento do próprio preço do bem, o qual o arrendatário 
passa a pagar desde o início do contrato. 
 Disso decorre que se houver resolução do contrato e o arrendador 
retomar o bem por meio de ação de reintegração de posse, o VRG 
deve ser devolvido ao arrendatário, sob pena de enriquecimento 
indevido, até mesmo porque o arrendante já permanecerá com o 
valor do bem vendido a terceiro e o arrendatário perderá a 
possibilidade de fruição da coisa arrendada. 
 Logo, a restituição do VRG antecipado é consequência natural da 
retomada do bem pelo arrendador. [...] (sem grifo no original). 
 
O que pode se entender por prestação de serviço do arrendamento pela 
financeira, uma locação, com isso temos um impasse com a decisão do Superior 
Tribunal Federal que conceitua o leasing financeiro como serviço. 
As disparidades continuam, enquanto o Superior Tribunal Federal descreve 
o contrato de arrendamento mercantil como “No arrendamento mercantil (leasing 
financeiro), contrato autônomo que não é misto, o núcleo é o financiamento, não 
uma prestação de dar”. O Tribunal de Justiça do Paraná fundamenta: “[...] O 
arrendamento mercantil ou leasing é um contrato misto, formado da união de 
contrato de locação, financiamento e compra e venda”. [...]; e essa definição de 
33 
 
contrato misto já conceituado doutrinariamente por Venosa e Melo (fls.16 e 17 da 
presente pesquisa). 
Os juros mencionados na fundamentação em nada esclarecem sobre a 
descaracterização do contrato de arrendamento mercantil. 
Na fundamentação do valor residual o julgador entende que, sendo antecipado 
ou diluído em contraprestações o bem ao final do contrato estará quitado, justificando 
até sua devolução em caso de resolução em que a arrendatária entre com uma ação 
de reintegração de posse, e aqui fica caracterizado o objetivo desta pesquisa, pois se 
a contraprestação é de entendimento pacificado como pagamento de serviço do 
arrendamento da financeira, como pode ser parte do pagamento do valor residual 
garantido [?] 
Não pode, essa é a resposta. Ficando evidente que a arrendatária, através de 
cálculos que não estão em planilhas de fácil entendimento para o arrendador, pratica 
financiamento cobrando o valor residual antecipado e juntamente com as 
contraprestações o valor residual, geralmente em um contrato de adesão sem que a 
leitura prévia do arrendador esclareça a tríplice opção especifica desse negócio 
jurídico: da compra, ou troca ou devolução e assim fica descaracterizado o contrato 
de locação para um contrato de financiamento, sem que o arrendador tenha noção 
que a sua vontade pode ir além da simples compra e venda. 
 
 
CONCLUSÃO 
Esta pesquisa teve como objetivo demonstrar a possibilidade da 
descaracterização do contrato de arrendamento mercantil (leasing) com a 
antecipação do valorresidual garantido (VRG). 
Fez-se um breve relato das origens dos contratos em geral, sua evolução 
histórica e conceitos doutrinários, as noções básicas do contrato de arrendamento 
mercantil sua evolução histórica e origem; conceituando - o e estudando suas 
características e requisitos. 
Demonstrou as vantagens do contrato de leasing e seu desenvolvimento 
no direito comparado, observou a diferença entre valor residual e valor residual 
garantido, ponderou sobre as súmulas 263 e 293 do Superior Tribunal de Justiça 
que ensejaram a possibilidade de descaracterização ou não, do contrato de 
arrendamento mercantil pela antecipação do valor residual garantido. 
Ainda que pacificado, o entendimento através da Súmula 293 do Superior 
Tribunal de Justiça procurou buscar uma análise não tendenciosa, é importante 
observar que o Direito é interpretativo, as mudanças no decorrer dos séculos, o 
comportamento da sociedade, a evolução da tecnologia faz necessário buscar 
adequações para interpretação da vontade das partes em um instrumento 
contratual, contudo, há um dever de preservar as normas e regulamentações 
legais. É imprescindível observar que o jurídico ao deixar se levar pelo 
socioeconômico corre o risco de violar princípios contratuais, desviando assim da 
verdade contratual. 
Por se tratar de um assunto extremamente controverso, e passível de 
contestação, espera-se que haja debates sobre o tema com vista final que atenda 
a ambas as partes. 
 
 
 
 
 
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