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DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA ANALISTA PROCESSUAL - MPE/RJ 
PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
1 
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AULA 2 – AÇÃO PENAL
A Ação Penal. Ação Penal Pública. Ação Penal Privada. Ação Penal privada 
Subsidiária da Pública; Condições da Ação. Pressupostos processuais; 
Competência. Jurisdição; 
Do conteúdo programático da aula 1 
99 DDA A AAÇÇÃÃOO PPEENNAALL.. 
99 DDO O DDIIRREEIITTO O DDE E PPUUNNIIRR. . 
99 DDAASS EESSPPÉÉCCIIEES S DDE E AAÇÇÃÃOO PPEENNAALL.. 
99 DDAAS S CCOONNDDIIÇÇÕÕEES S DDA A AAÇÇÃÃOO PPEENNAALL.. 
99 DDAASS EESSPPÉÉCCIIEES S DDE E AAÇÇÃÃO O PPEENNAAL L.. 
99 TTIITTUULLAARREES S DDO O DDIIRREEIITTO O DDE E AAÇÇÃÃOO.. 
99 DDA A AAÇÇÃÃO O PPEENNAAL L PPÚÚBBLLIICCAA.. 
99 DDA A AAÇÇÃÃO O PPEENNAAL L PPÚÚBBLLIICCA A IINNCCOONNDDIICCIIOONNAADDAA.. 
99 DDA A AAÇÇÃÃO O PPEENNAAL L PPÚÚBBLLIICCA A CCOONNDDIICCIIOONNAADDAA.. 
99 DDA A RREEQQUUIISSIIÇÇÃÃO O DDO O MMIINNIISSTTRRO O DDA A JJUUSSTTIIÇÇAA.. 
99 DDA A RREEPPRREESSEENNTTAAÇÇÃÃO O DDO O OOFFEENNDDIIDDOO.. 
99 DDO O PPRRAAZZO O DDEECCAADDEENNCCIIAAL L 
99 DDOOS S TTIITTUULLAARREES S DDA A AAÇÇÃÃO O PPEENNAAL L PPRRIIVVAADDAA.. 
99 DDA A DDEECCAADDÊÊNNCCIIAA.. 
99 DDO O PPRRAAZZO O DDEECCAADDEENNCCIIAALL.. 
99 DDOOS S PPRRIINNCCIIPPIIOOS S DDA A AAÇÇÃÃO O PPEENNAAL L PPRRIIVVAADDAA.. 
99 DDA A PPEERREEMMPPÇÇÃÃOO.. 
99 DDA A RREENNÚÚNNCCIIA A AAO O DDIIRREEIITTO O DDE E QQUUEEIIXXAA.. 
99 DDO O PPEERRDDÃÃOO AACCEEIITTOO. . 
99 DDO O AADDIITTAAMMEENNTTO O DDA A QQUUEEIIXXA A CCRRIIMME E.. 
99 DDA A AAÇÇÃÃO O PPEENNAAL L PPRRIIVVAADDA A SSUUBBSSIIDDIIÁÁRRIIA A DDA A PPÚÚBBLLIICCA A OOU U SSUUPPLLEETTIIVVAA.. 
99 DDO O PPRRAAZZO O DDEECCAADDEENNCCIIAALL 
99 DDA A LLEEGGIITTIIMMIIDDAADDE E CCOONNCCOORRRREENNTTEE 
99 DDA A AAÇÇÃÃO O PPEENNAAL L PPRRIIVVAADDA A PPEERRSSSSOONNAALLÍÍSSSSIIMMA A 
99 DDA A AAÇÇÃÃO O PPEENNAAL L NNOOS S CCRRIIMMEES S CCOOMMPPLLEEXXOOSS.. 
9 DDA A AAÇÇÃÃO O PPEENNAAL L NNOOS S CCRRIIMMEES S CCOONNTTRRA A A A DDIIGGNNIIDDAADDE E SSEEXXUUAALL.. 
99 DDA A JJUURRIISSDDIIÇÇÃÃOO 
99 DDO O CCOONNCCEEIITTOO 
99 DDOOS S EELLEEMMEENNTTOOSS 
99 DDAAS S CCAARRAACCTTEERRÍÍSSTTIICCAASS 
99 DDO OSS PPRRIINNCCÍÍPPIIOOSS 
99 DDA A CCOOMMPPEETTÊÊNNCCIIAA 
99 DDO O CCOONNCCEEIITTOO 
99 DDA A CCOOMMPPEETTÊÊNNCCIIA A MMAATTEERRIIAAL L E E FFUUNNCCIIOONNAALL 
99 DDA A JJUUSSTTIIÇÇA A CCOOMMUUMM E E DDA A JJUUSSTTIIÇÇA A EESSPPEECCIIAALLIIZZAADDAA 
99 DDA A CCOOMMPPEETTÊÊNNCCIIA A PPEENNAAL L DDA A JJUUSSTTIIÇÇA A EELLEEIITTOORRAALL 
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99 DDA A CCOOMMPPEETTÊÊNNCCIIA A DDAA JJUUSSTTIIÇÇA A MMIILLIITTAARR 
99 DDAA JJUUSSTTIIÇÇAA FFEEDDEERRAALL EE DDAA JJUUSSTTIIÇÇAA EESSTTAADDUUAALL 
9 DDA A CCOOMMPPEETTÊÊNNCCIIA A PPEENNAAL L DDA A JJUUSSTTIIÇÇA A FFEEDDEERRAALL 
9 COMPETÊNCIA POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO 
9 COMPETÊNCIA DO STF 
9 COMPETÊNCIA DO STJ 
9 COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS 
9 COMPETENCIA DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL FEDERAL 
DA AÇÃO PENAL.1 
Antes de tratarmos da ação penal, devemos dispensar atenção ao direito de ação. 
Não nos esquecer de que a ação penal é a manifestação do direito de ação. 
O DDIIRREEIITTOO DDEE AAÇÇÃÃOO está previsto constitucionalmente. De acordo com a Carta 
Política de 1988, ““aa lleeii nnããoo eexxcclluuiirráá ddaa aapprreecciiaaççã ãoo d doo PPooddeer r JJuuddiicciiáárri ioo lleessãão o oouu 
aammeeaaçça a aa ddiirreeiittoo”” (artigo 5º, inciso XXXV, da CF). 
Assim, todo aquele que estiver diante de uma lesão ou ameaça de lesão a direito, 
poderá propor ao Poder Judiciário a respectiva ação com o objetivo de proteger 
tal direito. 
Podemos, então, em síntese, concluir que o ddiirreeiittoo ddee aaççããoo é a possibilidade 
conferida a determinado sujeito de bater às portas dos tribunais para a tutela de 
certa pretensão. 
O Direito de ação não se confunde com o direito buscado, isto é, com o direito 
pretendido (com a pretensão aduzida em juízo). Nos dizeres de Mirabete2, oo 
ddiirreeiit too d dee aaççã ãoo é é aauuttôônnoommoo, uma vez que não se confunde com 
o direito subjetivo material que ampararia a pretensão trazida a juízo. 
A autonomia do direito de ação frente ao direito pretendido decorre do fato de 
que o seu exercício não levará necessariamente à satisfação da pretensão 
aduzida, ou seja, o sujeito pode ter direito de ir aos tribunais (exercer o direito de 
ação), mas poderá ter sua pretensão rejeitada. 
No Direito Penal, o Estado detém o direito de punir. Com a realização da conduta 
criminosa, surge para o Estado o direito de punir. Para concretizá-lo deve 
promover o respectivo processo judicial, isto é, deve exercer o Direito de ação. 
 
1 Observações retirada da obra “Direito Penal – Parte Geral – Editora Campus – Autor: Julio Marqueti”. 
2 Mirabete – Julio Fabbrini - Processo Penal – Editora Atlas. 
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De acordo com Luiz Regis Prado3, a aaççãão o ppeennaall consiste na faculdade de exigir a 
intervenção do poder jurisdicional do Estado para a investigação de sua pretensão 
punitiva no caso concreto. 
Brilhante, todavia, em que pese simples, a conceituação dispensada por 
Guilherme de Souza Nucci4. Para ele, aaççããoo ppeennaall é o direito de pleitear ao Poder 
Judiciário a aplicação da lei penal ao caso concreto, fazendo valer o poder 
punitivo do Estado em face do cometimento de uma infração penal. 
De tais conceitos retiramos o ccaarráátteerr iinnssttrruummeennttaall da ação penal. Ela é o 
instrumento para se alcançar a aplicação da lei penal. Não é possível aplicar-se a 
lei penal sem que se tenha valido da ação penal. Portanto, o DDiirreeiittoo ddee aaççããoo ppeennaall 
éé u umm iinnssttrruummeenntto o ppaarra a aallccaannç çaa a a aapplliiccaaççã ãoo d daa lleei i ppeenna all a aoo ccaas soo ccoonnccrreettoo. 
DO DIREITO DE PUNIR. 
Diante da prática de um crime, surge para o Estado o Direito de punir. Para que 
se concretize o direito de punir é necessário que haja a AAÇÇÃÃOO PPEENNAALL. Esta, 
como já vimos, CCOONNSSTTIITTUUI I IINNSSTTRRUUMMEENNTTO O IINNDDIISSPPEENNSSÁÁVVEEL L PPAARRAA 
AAPPLLIICCAAÇÇÃÃO O DDO O DDIIRREEIITTO O PPEENNAALL. 
O direito de punir é o a prerrogativa que possui o Estado, e só ele, de dar ao 
infrator dar resposta jurídico-penal cabível. Eventualmente, da aplicação da lei 
penal não decorrerá a aplicação de pena. É o que ocorre com o inimputável 
(doente mental), ao qual não se aplicará pena, mas sim medida de segurança 
(internação ou tratamento ambulatorial) 
Segundo Nucci, ação penal é o direito de pleitear ao Poder Judiciário a aplicação 
da lei penal ao caso concreto, fazendo valer o poder punitivo do Estado em face 
do cometimento de uma infração pena. 
Assim, o ddiirreeiittoo ddee ppuunniirr é o Direito que possui o Estado de, ao transgressor da 
norma penal, aplicar pena ou medida de segurança. AAqquuii,, aa pprreetteennssããoo 
ppuunniittiivva a.. 
Vale ressaltar que só EEssttaad doo é é ttiittuulla arr d doo ddiirreeiitto o dde e ppuunniirr. Para alcançá-lo, 
todavia, deverá ser valer do direito de ação. 
DAS ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL. 
 
 
3 Comentários ao CódigoPenal – Editora RT. 
4 Manual de Direito Penal – Editora RT. 
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Nas próximas linhas vamos fazer importantes anotações sobre as espécies de 
ações penais. Veremos então: As ações penais públicas (incondicionada e 
condicionada) e as ações penais privadas (exclusivas, personalíssimas e a 
subsidiária da pública). 
DAS CONDIÇÕES DA AÇÃO PENAL. 
Toda ação penal, seja pública ou privada, depende da presença de certas 
condições ou pressupostos para existir. De acordo com a doutrina, para que 
tenhamos a ação, necessário que sejam satisfeitas algumas condições. São elas: 
9 PPoossssiibbiilliiddaadde e jjuurrííddiicca a ddo o ppeeddiiddoo. 
O pedido (a pretensão aduzida em juízo) deve ser 
juridicamente possível. O fato imputado ao agente 
deve ser, em tese, crime. Não seria possível uma ação 
penal por fato que a lei não considera crime. 
9 IInntteerreesssse e dde e aaggiirr. 
Não haverá interesse de agir quando, por exemplo, 
apesar de o fato imputado ser considerado crime, tiver 
prescrito o direito de punir. Assim a prescrição retira o 
interesse de agir. 
9 LLeeggiittiimmaaççãão o ppaarra a aaggiirr. 
A legitimação para agir é a pertinência subjetiva da 
ação penal, ou seja, a ação penal pública só poderá ser 
promovida pelo Ministério Público (artigo 129, I, da 
CF), ao passo que a privada poderá ser proposta pelo 
ofendido ou por seu representante legal, jamais pelo 
Ministério Público5. 
 
5 “Direito Penal – Parte Geral – Editora Campus – Autor: Julio Marqueti”. 
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AATTEENNÇÇÃÃOO:: Você deve tomar cuidado para não 
confundir as condições da ação – que devem estar presentes em 
quaisquer ações – com aquelas exigidas nas ações penais 
públicas condicionadas: rreepprreesseennttaaççããoo ddoo ooffeennddiiddoo oouu ddee sseeuu 
rreepprreesseennttaannttee lleeggaall ee rreeqquuiissiiççããoo ddoo MMiinniissttrroo ddaa JJuussttiiççaa. 
9 Questões sobre o tema: 
1.(TRE/SE – Analista Judiciário – Área Judiciária – nov/2007 – FCC).Para o regular exercício 
do direito de ação, exige-se o preenchimento de algumas condições, que são chamadas 
“condições da ação”. No processo penal, são elas: 
(A) capacidade processual; perempção e litispendência. 
(B) maioridade; responsabilidade e litispendência. 
(C) possibilidade legal do pedido; requisição do Ministro da Justiça e autoridade jurisdicional 
competente. 
(D) possibilidade jurídica do pedido; legitimação para agir e interesse de agir. 
(E) representação do ofendido; coisa julgada e interesse de agir. 
DAS ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL. 
Observadas, de forma sintética as condições da ação penal, devemos agora iniciar 
o trato das espécies de são penal. 
De acordo com o que dispõe o nosso legislador, a ação penal pode ser ppúúbblliiccaa, 
iinnccoonnddiicciioonnaaddaa oouu ccoonnddiicciioonnaaddaa, ou pprriivvaaddaa. Primeiramente, vamos dispensar 
atenção aos titulares das ações penais para, posteriormente, tratarmos de cada 
uma delas. Veja as representações gráficas abaixo. 
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TITULARES DO DIREITO DE AÇÃO. 
Por meio da ação penal busca-se satisfazer o direito de punir. S Sóó o o EEssttaad doo tteemm 
oo ddiirreeiitto o dde e ppuunniirr. De regra, o direito de ação é exercido pelo titular do direito 
pretendido. 
Quando o Estado tem o direito de ação, diz-se que a aaççãão o ppeenna all éé ppúúbblliiccaa. A 
ação penal pública será promovida (exercida) pelo Estado junto ao Poder 
Judiciário por meio de uma instituição de que muito já ouvimos falar: oo 
MMiinniissttéérriioo PPúúbblliiccoo.. 
Há casos, entretanto, em que o Estado abre mão do direito de ação penal, 
deixando o seu exercício ao arbítrio do particular. AAqquuii,, aa aaççããoo ppeennaall pprriivvaaddaa.. 
O direito de ação caberá, nesse caso, ao ofendido ou seu representante legal. 
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DA AÇÃO PENAL PÚBLICA. 
O Estado, na tutela do direito de punir, promoverá, em nome próprio e por meio 
do Ministério Público, aa aaççããoo ppeennaall ppúúbblliiccaa. 
As ações penais públicas podem ser incondicionadas ou condicionadas. Caberá, 
então, ao legislador definir tais situações. NNOO SSIILLÊÊNNCCIIOO LLEEGGAALL,, AA AAÇÇÃÃOO 
PPEENNAAL L SSEERRÁ Á PPÚÚBBLLIICCAA IINNCCOONNDDIICCIIOONNAADDAA. . 
Ação pública 
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei 
expressamente a declara privativa do ofendido. 
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, 
dependendo, quando a lei o exige, de representação do 
ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. 
A ação penal pública será promovida pelo Ministério Público através de uma peça 
processual denominada DDEENNÚÚNNCCIIAA. As peças processuais que dão início às 
ações penais são: ddeennúúnncciiaa, , nna a aaççãão o ppeenna all ppúúbblliiccaa, e a qquueeiixxaa--ccrriimmee, , nnaa 
pprriivvaaddaa.
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato 
criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do 
acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, 
a classificação do crime e, quando necessário, o rol das 
testemunhas. 
Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação 
penal. 
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Conforme bem asseverado por Capez6 
“... ficam revogados os artigos 26 e 531 do Código de Processo Penal, 
que previam o chamado PPRROOCCEEDDIIMMEENNTTOO JJUUDDIICCIIAALLIIFFOORRMMEE, ou ação 
penal ex officio, cuja titularidade era atribuída à autoridade policial ou ao 
juiz, que a iniciava pelo auto de prisão em flagrante delito ou mediante 
portaria, nos casos de contravenções penais”. 
DA AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA. 
No silêncio do legislador, a ação penal será pública incondicionada. Assim, para 
que seja proposta basta que estejam presentes os seguintes requisitos: iinnddíícciiooss 
dde e aauuttoorri iaa e e pprroov vaa d daa mmaatteerriiaallddiiaadde e ddeelliittiivvaa. 
Vamos, agora, observar os princípios aplicáveis à ação penal pública. Ressalto, no 
entanto, que levaremos em conta a postura doutrinária majoritária. Vamos lá. 
São princípios aplicáveis à ação penal pública incondicionada: 
9 OOBBRRIIGGAATTOORRIIEEDDAADDEE: Desde que presentes os requisitos 
necessários, o Ministério Público deverá promover a ação penal. É 
certo, todavia, que ao membro do MP caberá aferir a presença ou 
não de tais requisitos. Agirá com independência funcional, mas 
deverá motivar a sua decisão, especialmente quando opinar pela 
não propositura da ação. 
9 IINNDDIISSPPOONNIIBBIILLIIDDAADDEE: Iniciada a ação penal com o oferecimento 
da denúncia, não pode dela desistir o Ministério Público7. Todavia, 
não está ele proibido de, após a produção das provas, requerer a 
absolvição do acusado. A lei 9.099/95 (Juizado Especial Criminal) 
trouxe uma novidade: aa mmiittiiggaaççããoo ddaa iinnddiissppoonniibbiilliiddaaddee. É o 
que ocorreu com a possibilidade da suspensão condicional do 
processo (artigo 89 da Lei 9.099/95). 
9 OOFFIICCIIAALLIIDDAADDEE: A ação penal pública será promovida pelo 
Ministério Público – órgãooficial. Não podemos nos esquecer que, 
de acordo com a CF, caberá privativamente ao Ministério Público a 
promoção da ação penal. AAíí aa ooffiicciiaalliiddaaddee. 
 
6 Capez – Fernando – Curso de Direito Penal – Editora Saraiva. 
7 Artigo 42 do CPP : “O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.” 
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9 IINNDDIIVVIISSIIBBIILLIIDDAADDEE: Pelo princípio da indivisibilidade exige-se 
que a ação penal seja proposta em detrimento de todos aqueles 
que praticaram a infração penal. 
Não se admite a cisão da ação penal. Na ação penal privada, se o seu 
autor (querelante) deixar de incluir um dos infratores no processo, 
estará renunciando ao direito de ação; e a renúncia a todos os infratores 
aproveitará (beneficiará). 
Na ação penal pública, especialmente quando incondicionada, não há a 
renúncia. Assim, HHÁ Á GGRRAANNDDE E CCOONNTTRROOVVÉÉRRSSIIA A AACCEERRCCA A DDA A AAPPLLIICCAAÇÇÃÃO O DDAA 
IINNDDIIVVIISSIIBBIILLIIDDAADDE E NNA A AAÇÇÃÃO O PPEENNAAL L PPÚÚBBLLIICCAA. 
Para o STF, à ação penal pública não se aplica o princípio da 
indivisibilidade. Veja abaixo: 
Segundo o STJ8, 
O princípio da indivisibilidade da ação penal é aplicável, apenas, à 
ação penal privada. Precedentes do Supremo Tribunal Federal e do 
Superior Tribunal de Justiça. 
O princípio da indivisibilidade, expresso pela obrigatoriedade de 
instauração da ação penal com relação a todos os supostos autores do 
crime ao mesmo tempo, não se aplica à ação penal pública, porque o 
Ministério Público pode oferecer denúncia posteriormente. Mesmo entre 
aqueles que admitem a incidência do princípio da indivisibilidade na ação 
penal pública - o que estaria a decorrer do princípio da obrigatoriedade - 
 
8 STJ – HC 108341/BA – 5ª Turma – 09/11/2010. 
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afirma-se que a inobservância da regra não causa nulidade da denúncia 
ou do ato de seu recebimento e não gera mesma conseqüência definida 
em relação à ação privada (art. 49, CPP), pois que, na pior das 
hipóteses, seria inadmissível que a impunidade de implicasse na 
impunidade de outros9. 
9 OOFFIICCIIOOSSIIDDAADDEE: A atuação da autoridade responsável pela 
persecução penal independente de provocação. Assim, o Ministério 
Público deve agir de ofício. 
9 IINNTTRRAANNSSCCEENNDDÊÊNNCCIIA A OOU U PPEERRSSOONNAALLIIDDAADDEE: A ação penal deve 
ser proposta contra os autores e partícipes do crime, ou seja, 
contra aqueles a quem se imputa a prática delitiva. Não se admite 
a propositura da ação penal contra o herdeiro daquele que houvera 
falecido. 
9 Questões sobre o tema: 
2.(FCC/TER/PI/2009) 62. A ação penal pública pode ser 
(A) promovida somente pelo Ministério Público. 
(B) promovida pelo ofendido ou por seu representante legal. 
(C) instaurada por portaria da autoridade policial. 
(D) instaurada de ofício pelo juiz. 
(E) instaurada por portaria do Secretário da Segurança Pública. 
 
9 STJ - HC 42925/PA – 6ª Turma – 06/06/2006. 
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3.(FCC/MPE/SE/2010) 60. Dispõe o Código de Processo Penal que será admitida ação privada nos 
crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal. Essa regra constitui exceção ao 
princípio da 
(A) indisponibilidade. 
(B) legalidade. 
(C) intranscendência. 
(D) obrigatoriedade. 
(E) oficialidade. 
DA AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA. 
As situações em que, apesar de a titularidade da ação penal ainda ser do MP, o 
legislador exige a implementação de certas condições. São as conhecidas 
ccoonnddiiççõõeess ddee pprroocceeddiibbiilliiddaaddee. São elas: 
9 Representação do ofendido ou de seu representante legal. 
9 Requisição do Ministro da Justiça. 
Ação pública 
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei 
expressamente a declara privativa do ofendido. 
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, 
dependendo, quando a lei o exige, de representação do 
ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. 
As condições DDA A AAÇÇÃÃO O PPEENNAAL L PPÚÚBBLLIICCA A NNÃÃO O SSÃÃO O CCUUMMUULLAATTIIVVAASS, mas sim 
alternativas. Lembro, novamente, que o titular da ação penal ainda é o 
MINISTÉRIO PÚBLICO. 
AATTEENNÇÇÃÃOO:: Você deve tomar cuidado para não 
confundir as condições da ação (possibilidade jurídica do pedido, 
legitimidade e interesse) – que devem estar presentes em 
quaisquer ações – com as condições exigidas nas ações penais 
públicas condicionadas: rreepprreesseennttaaççããoo ddoo ooffeennddiiddoo oouu ddee 
sse euu rreepprreesseennttaanntte e lleegga all e e rreeqquuiissiiççãão o ddo o MMiinniissttr roo ddaa 
JJuussttiiççaa. 
DA REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA. 
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Em certos casos, o legislador exige a requisição do Ministro da Justiça para que o 
Ministério Público possa dar início à ação penal. Nota-se que, para dar início à 
ação penal, o Poder Executivo, por meio do Ministro da Justiça, deverá se 
manifestar. 
É o que ocorre nos casos de crime contra a honra do Presidente da República 
(artigo 145, parágrafo único do CP) e nos crimes praticados por estrangeiro, no 
exterior, contra brasileiro (artigo 7º, parágrafo 3º, “b”, do CP). 
A rreeqquuiissiiççããoo ddoo MMiinniissttrroo ddaa JJuussttiiççaa éé aattoo ddiissccrriicciioonnáárriio o ee ppoollííttiiccoo. Poderá 
ser feita ou não, ao arbítrio do seu titular: O O MMIINNIISSTTRRO O DDA A JJUUSSTTIIÇÇAA. 
Trata-se de um ato de absoluta conveniência política. A requisição é destinada ao 
Ministério Público (Procurador Geral). 
Da RREEQQUUIISSIIÇÇÃÃOO DDOO MMIINNIISSTTRROO DDAA JJUUSSTTIIÇÇAA não gera vinculação ao Ministério 
Público e nem mesmo ao Poder Judiciário. Assim, apresentada a requisição do 
Ministro da Justiça, o Ministério Público não está obrigado (vinculado) a promover 
a ação penal. Só o fará se estiverem presentes os demais requisitos necessários 
(indícios de autoria e prova da materialidade delitiva). 
Apesar de ser condição de ação, como o é a representação do ofendido ou de seu 
representante legal, à rreeqquuiissiiççããoo d doo MMiinniissttr roo d daa JJuussttiiçça a nnã ãoo s see aapplliic caa o o pprraazzoo 
ddeeccaaddeenncciia all pprreevviisst too n noo aarrttiig goo 11003 3 ddo o CCPP10. 
 
AAtteennççããoo:: Apesar de não respeitar ou estar vinculada a 
prazo decadencial, a requisição do Ministro da Justiça DDEEVVEE 
RREESSPPEEIITTAAR R O O PPRRAAZZO O PPRREESSCCRRIICCIIOONNAALL.. 
DA REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO. 
Em determinadas situações, apesar de não privar o Estado do direito de ação, o 
legislador condiciona o seu exercício pelo Ministério Público à representação do 
ofendido (vítima) ou de seu representante legal. 
RReepprreesseennttaaççããoo, então, é manifestação de 
vontade (ato jurídico) da vítima ou de seu representante legal 
 
10 
Decadência do direito de queixa ou de representação 
Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou de representação se 
não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saberquem é o autor do crime, 
ou, no caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia. 
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no sentido de permitir o início da ação penal pelo Ministério 
Público. 
Em que pese a lei aparentemente exigir forma rígida para a exteriorização do ato 
de representação (artigo 39 do CPP), a jurisprudência e a doutrina são uniformes 
em afirmar que basta que haja manifestação inequívoca de vontade por parte do 
ofendido no sentido de processar o autor do crime, sendo ddiissppeennssaaddoo qquuaallqquueerr 
rreeqquuiissiittoo rrííggiiddoo ddee ffoorrmmaa.. 
O STF em várias oportunidades asseverou que à representação do ofendido não 
se exige a obediência a forma rígida. Mister, no entanto, que seja um ato capaz 
de externar a vontade induvidosa daquele que representa. Vejamos: 
Sem a manifestação de vontade do ofendido ou de seu representante legal o 
Ministério Público não pode propor a ação penal. A ação penal pública 
condicionada à representação do ofendido está prevista no artigo 100, parágrafo 
1º, do CP, como também no artigo 24 do CPP. Observe abaixo a redação de tais 
dispositivos. 
Ação pública e de iniciativa privada 
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei 
expressamente a declara privativa do ofendido. 
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, 
dependendo, quando a lei o exige, de representação do 
ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. 
DA AÇÃO PENAL. 
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida 
por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando 
a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de 
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representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para 
representá-lo.
A lei estabelece um prazo para que a representação seja oferecida. O direito de 
representar não ficará eternamente à disposição do ofendido ou de seu 
representante legal. Em regra, o prazo será de 06 meses. 
TTiittuullaarreess ddoo DDiirreeiittoo: São titulares do direito de representar oo ooffeennddiid doo o ouu sseeuu 
rreepprreesseennttaannt tee lleeggaall.. 
O representante legal, todavia, só poderá exercer o direito quando o ofendido, 
pela menoridade ou incapacidade outra, não tiver condições de praticar ato 
jurídico. 
Não podemos nos esquecer que a maioridade civil plena é adquirida pelo 
indivíduo logo que completados 18 anos de idade. Assim, tendo em conta 
alteração efetivada pelo novo Código Civil, não há mais motivo para tratamento 
distinto àquele que é menor de 21 e maior de 18 anos. Completados 18 anos de 
idade, desde que capaz, não há que se falar em representante legal. 
 
IInnddeeppeennddêênncci iaa d doo ddiirreeiittoo: Se incapaz o ofendido, o direito de representar será 
de seu representante legal. Este disporá de 06 meses (salvo expressa disposição 
legal em sentido contrário) para representar, caso ainda incapaz o ofendido, pois 
se a incapacidade deixar de existir antes de decorridos os 06 meses, a função de 
representante legal não mais existirá. O ofendido então contará agora com o 
prazo de 06 meses à sua disposição, desde o momento em que deixou de ser 
incapaz. 
Súmula 594 do STF 
“OS DIREITOS DE QUEIXA E DE REPRESENTAÇÃO PODEM SER 
EXERCIDOS, INDEPENDENTEMENTE, PELO OFENDIDO OU POR 
SEU REPRESENTANTE LEGAL” 
SSuucceessssoorreess: São sucessores do ofendido no direito de representar o seu 
cônjuge, seu ascendentes, seu descendente ou irmão (CADI). Estes, sem que se 
imponha a obediência à ordem descrita no artigo 24, parágrafo único, do CPP, 
poderão sucedê-lo quando falecer ou for declarado judicialmente ausente.11 
 
11 A declaração judicial de ausência ocorre quando determinado individuo abandona o seu lar, seu convívio 
social por um lapso de tempo (duradouro), oportunidade em que, para transmissão de seus bens entre os 
sucessores, é tido como morto (morte civil). 
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A possibilidade de sucessão decorre de interpretação analógica do disposto no 
artigo 100, parágrafo 4º, do CP. Em tal dispositivo o legislador prevê a sucessão 
quando do direito de queixa. Silencia, no entanto, quanto o direito de 
representar. O legislador processual, mais cauteloso, não incidiu no mesmo erro. 
Assim, o atual Código de Processo Penal prevê a sucessão do direito de 
representar no parágrafo único do artigo 24. 
Tais dispositivos seguem abaixo para confronto. 
 
Artigo 100 do CP. 
§ 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido 
declarado ausente por decisão judicial, oo ddiirreeiitto o ddee 
ooffeerreecceer r qquueeiixxa a oou u dde e pprroosssseegguuiir r nna a aaççããoo passa ao 
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
Art. 24 do CPP. Nos crimes de ação pública, esta será 
promovida por denúncia do Ministério Público, mas 
dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro 
da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem 
tiver qualidade para representá-lo. 
§ 1o No caso de morte do ofendido ou quando declarado 
ausente por decisão judicial, oo ddiirreeiitto o dde e rreepprreesseennttaaççããoo
passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
PPrrooccuurraaddoorr: A representação poderá ocorrer por meio de procurador. Assim, o 
titular do direito de representar (ofendido ou seu representante legal) poderá, por 
meio de instrumento de mandado com poderes específicos, exercer o direito por 
meio de terceiro (artigo 39 do CPP). 
CCuurraaddoorr eessppeecciiaall: O artigo 33 do CPP, que trata da curatela especial na queixa-
crime, será, valendo-se da analogia, aplicado aos casos de representação. Assim, 
o direito de representar poderá ser exercido por curador especial, nomeado pelo 
juiz, “ex officio” ou a pedido do Ministério Público ou do próprio ofendido, quando 
os interesses deste colidirem com os interesses de seu representante legal (ex: 
crime praticado pelo representante legal contra o seu pupilo). 
AAtteennççããoo:: Observe quando o representante legal ou alguém 
que lhe seja muito próximo tenha praticado crime contra o 
representado. É certo que aquele não terá interesse em autorizar o 
Ministério Público a processar-lhe ou a processar aquele lhe é 
próximo. Nestes casos, o juiz nomeará curador especial ao 
ofendido. 
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Haverá a curatela especial também no caso do incapaz não possuir representante 
legal (vide artigo 33 do CPP). 
RReettrraattaaççããoo:: a representação é passível de retratação até antes do oferecimento 
da denúncia pelo Ministério Público. A retratação nada mais é que a manifestação 
de desejo de não processar o autor do crime. 
Após o ooffeerreecciimmeennttoo da denúncia, tornou-se impossível a retratação, pois a 
ação penal proposta é pública e, com isso, indisponível. A possibilidade de 
retratação está prevista nos artigos 102 do CP e 25 do CPP, que seguem 
transcritos abaixo. 
Irretratabilidade da representação. 
Art. 102 - A representação será irretratável depois de oferecida a 
denúncia. 
Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a 
denúncia. 
É de se notar que tais dispositivos na realidade trazem uma proibição, isto é, 
determinam a irretratabilidade da representação apóso oferecimento da denúncia 
e, por via reflexa, nos indicam a ppoossssiibbiilliiddaaddee ddee rreettrraattaaççããoo aaiinnddaa qquuee nnããoo 
ooffeerreecciid daa ddeennúúnncci iaa ppeel loo MMiinniissttéérri ioo PPúúbblliiccoo.. 
Observe que a retratação (retirada da representação) pode ser efetivada até o 
oferecimento da denúncia. Caso o Ministério Público já a tenha oferecido 
(protocolada ou distribuída), não mais é possível a retratação da representação. 
O momento preclusivo não é o recebimento da denúncia, mas sim o seu 
ooffeerreecciimmeennttoo ppeelloo MMiinniissttéérriioo PPúúbblliiccoo. Muita atenção a este detalhe já que 
constantemente as organizadoras dos concursos buscam, nas questões objetivas, 
confundir o candidato. 
Poderá a retratação ser objeto de retratação, isto é, o ofendido representa, 
retrata-se posteriormente (antes do oferecimento de denúncia), e, mais à 
adiante, retrata-se da retratação, isto é, resolve novamente processar o réu. 
Neste último caso, necessário que a retratação da retratação seja efetivada 
dentro do prazo decadencial. 
9 Questões sobre o tema: 
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4.(Metrô/SP – Advogado Trainee – fev/2008 - FCC). A respeito da ação penal, é correto 
afirmar: 
(A) A renúncia ao exercício do direito de queixa em relação a um dos autores do crime não 
se estenderá a todos. 
(B) Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar, com 
exclusividade, a ação penal pública. 
(C) O órgão de Ministério Público não pode promover a ação penal sem estar embasado em 
inquérito policial. 
(D) Quando a ação penal for privativa do ofendido, a queixa não poderá ser aditada pelo 
Ministério Público. 
(E) Na ação penal pública condicionada, a representação será irretratável depois de 
oferecida a denúncia. 
DO PRAZO DECADENCIAL 
A representação, de acordo com o disposto nos artigos 103 do CP e 38 do CPP, 
deverá ser oferecida, salvo expressa disposição em sentido contrário, no prazo 
de 0066 ((sseeiiss)) mmeesseess a contar do dia em que o ofendido ou seu representante 
legal souberem quem foi o autor do crime. Caso não represente no prazo legal, 
ocorrerá a decadência, ou seja, a perda do direito de fazê-lo. 
Decadência do direito de queixa ou de representação 
Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o 
ofendido decai do direito de queixa ou de representação se 
não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado 
do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, 
no caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se 
esgota o prazo para oferecimento da denúncia. 
Art. 38 CPP. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou 
seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de 
representação, se não o exercer dentro do prazo de 6 
(seis) meses, contado do dia em que vier a saber quem é o 
autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se 
esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. 
Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de 
queixa ou representação, dentro do mesmo prazo, nos 
casos dos arts. 24, parágrafo único, e 31. 
DDeeccuurrs soo d doo pprraazzo o ee ssuua a ccoonnsseeqqüüêênncciia a jjuurrííddiiccaa: O decurso do prazo, sem que 
o ofendido ou seu representante legal se manifeste, levará à ddeeccaaddêênncciiaa12
que é a perda do direito de ação. Perde-se o direito de ação, uma vez que o 
 
12 Para Guilherme de Souza Nucci, decadência é a perda do direito de agir, pelo decurso de determinado lapso 
temporal, estabelecido em lei, provocando, assim, a extinção da punibilidade do agente. (in Código de Processo 
Penal Comentado – Editora RT – 5ª edição). 
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Ministério Público só poderia promovê-la quando presente a representação. Se 
não mais é possível a representação, já que escoou o prazo legal, o Ministério 
Público não poderá mais promover a ação penal. Deu-se, no caso, a decadência, 
causa extintiva da punibilidade (artigo 107, inciso IV, do CP). 
A respeito do tema, observe a questão abaixo, deixando de lado o conceito de 
perempção. 
TC SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO – 2005 – 
ADMINISTRATIVO. 
43- A perda do direito de representar ou de oferecer 
queixa, em razão do decurso do prazo fixado para o seu 
exercício, e o de continuar a movimenta a ação penal 
privada, causada pela inércia processual do querelante, 
configura respectivamente: 
a- decadência e perempção. 
b- prescrição e perempção. 
c- prescrição e decadência. 
d- perempção e decadência. 
e- decadência e prescrição. 
Gabarito oficial: A 
DA AÇÃO PENAL PRIVADA. 
“A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do 
ofendido”. É o que dispõe o artigo 100 do CP. Das letras da lei, extrai-se a regra e 
a exceção. De regra, Pública; excepcionalmente, privada. NNoo ssiillêênncciioo ddoo 
lleeggiissllaaddoorr,, aa aaççããoo ppeennaall sseerráá ppúúbblliiccaa. 
O legislador quando fala em ação penal privada, o faz de forma peculiar. Em 
algumas oportunidades, afirma que tais crimes serão apurados mediante queixa-
crime (peça acusatória inicial da ação penal privada); noutras diz que tais crimes 
serão apurados mediante ação penal de iniciativa do ofendido. 
O certo, no entanto, é que a lei penal que definirá qual será a ação penal, pública 
ou privada. No silêncio, pública. 
Quando a ação penal é privada, ocorre uma anomalia, já que o titular do direito 
de ação - o ofendido - não é o titular do direito buscado ou pretendido: ddoo 
ddiirreeiittoo ddee ppuunniirr ((pprreetteennssããoo ppuunniittiivvaa)). Assim, promoverá em nome próprio 
ação para a tutela de direito alheio. 
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Nosso estudo será dividido em duas partes. Primeiro falaremos da ação penal 
privada típica, onde, salvo a possibilidade de sucessão, que veremos de forma 
detida, tudo se aplica à ação penal personalíssima. Posteriormente, vamos 
dispensar atenção à ação penal privada subsidiária da pública. 
Síntese conceitual: 
Ação Penal Pública = Ministério Público = denúncia (peça inicial). 
Ação Penal Privada = ofendido = queixa-crime (peça inicial). 
DOS TITULARES DA AÇÃO PENAL PRIVADA. 
De acordo com a lei, o direito de propor a ação penal privada é do ofendido ou se 
seu representante legal. Portanto, titular do direito de ação é o ofendido e, 
quando incapaz, será titular o seu representante legal. Ambos os titulares para a 
propositura da ação penal, valer-se-ão da queixa-crime. Esta é a peça inicial 
acusatória da ação penal privada. É o que se extrai do artigo 100, parágrafo 2º, 
do CP. 
Ação pública e de iniciativa privada 
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei 
expressamente a declara privativa do ofendido. 
§ 1º. 
§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante 
queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para 
representá-lo. 
Enquanto na ação penal pública o Ministério Público se vale da DENÚNCIA. Aqui, 
na aaççããoo ppeennaall pprriivvaaddaa, os seus titulares utilizar-se-ão da QQUUEEIIXXAA--CCRRIIMMEE. Tais 
peças são estrutural e substancialmente idênticas. A distinção está no nome, nos 
subscritores e na ação penal que darão causa. 
Assim, são ttiittuullaarreess da ação penal privada o ooffeennddiiddo o oou u qquueem m tteennhhaa 
qquuaalliiddaad dee ppaar raa rreepprreesseennttáá--lloo. A titularidade também vem reconhecida no 
artigo 30 do CPP,cuja literalidade segue abaixo. 
Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para 
representá-lo caberá intentar a ação privada. 
Quando o ofendido for pessoa jurídica, deverá ela, para promover a respectiva 
ação penal, ser representada por quem determina os estatutos ou contratos 
sociais, ou, no silêncio, pelos seus diretores ou sócios-gerentes13. 
 
13 Art. 37 do CPP. As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas poderão exercer a ação 
penal, devendo ser representadas por quem os respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio 
destes, pelos seus diretores ou sócios-gerentes. 
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SSuucceessssoorreess: No caso morte do ofendido ou quando declarado ausente por 
decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação já proposta 
passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (CADI). É o que dispõe os 
artigos 100, parágrafo 4º do CP e 31 do CPP. 
AAtteennççããoo: Na aaççã ãoo ppeennaal l pprriivvaad daa ppeerrssoonnaallííssssiimmaa, não se 
admite a sucessão. Falecendo o titular do direito de ação, não será 
possível a sucessão. Segundo Fernando Capez (curso de Direito 
Penal – Parte Geral – Editora Saraiva), há hoje apenas um crime 
que é de ação penal personalíssima, uma vez que, o crime de 
adultério (artigo 240, parágrafo 2º do CP), seu congênere foi 
revogado. Assim, restou somente o crime de Induzimento a erro 
essencial e ocultação de impedimento (artigo 236 do CP) como 
crime de ação penal personalíssima. 
CCuurraaddo orr eessppeecciiaall: O artigo 33 do CPP prevê que o direito de queixa poderá ser 
exercido por curador especial, nomeado pelo juiz, “ex officio” ou a pedido do 
Ministério Público ou do próprio ofendido, quando os interesses deste colidirem 
com os interesses de seu representante legal (ex: crime praticado pelo 
representante legal contra o seu pupilo). 
AAtteennççããoo: Observe quando o representante legal ou alguém 
que lhe seja muito próximo tenha praticado crime contra o 
ofendido. É ilógico dar a ele representante legal titularidade de uma 
ação que pode ser movida contra ele ou contra aquele lhe é 
próximo. Nestes casos, o juiz nomeará curador especial ao 
ofendido. 
Haverá a curatela especial também no caso do incapaz não possuir representante 
legal (vide artigo 33 do CPP). 
AAtteennççããoo: Não se admite curatela especial nos crimes de 
ação penal privada personalíssima, já que, se incapaz o ofendido, o 
prazo decadencial só começará a fluir do momento em que cessa a 
incapacidade. Não se admite em tais crimes a intervenção de 
representante legal. 
 
9 Questões sobre o tema: 
5.(FCC/TRF4/TEC/2010) 27. Se comparecer mais de uma pessoa com direito de queixa, 
terá preferência, nessa ordem, 
(A) o descendente, cônjuge, ascendente ou irmão. 
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(B) o cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
(C) o cônjuge, descendente, ascendente ou irmão. 
(D) o ascendente, cônjuge, descendente ou irmão. 
(E) descendente, ascendente, cônjuge ou irmão. 
6.(FCC/MT/DEFENSOR/2009) 18. A ação penal 
(A) nas contravenções penais será iniciada por portaria expedida pela autoridade policial. 
(B) pública será instaurada por denúncia do Ministério Público, que dela poderá desistir se convencer-
se da 
inocência do acusado. 
(C) pública condicionada à representação da vítima será julgada extinta se esta se retratar antes da 
sentença. 
(D) privada, quando o ofendido for declarado ausente por decisão judicial, poderá ser intentada por seu 
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
(E) privada subsidiária da pública poderá ser proposta pelo ofendido ou seu representante legal 
quando o 
juiz deferir pedido de arquivamento tempestivamente formulado pelo Ministério Público. 
7.(TCE/AL – Procurador – Março/2008 – FCC). Sobre ação penal, é correto afirmar: 
(A) A renúncia da ação penal privada ocorre após o oferecimento da queixa e o perdão 
antes. 
(B) No caso de morte do ofendido, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação penal 
passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou colateral até terceiro grau. 
(C) Se comparecer mais de uma pessoa com direito de queixa, será privilegiada aquela que 
primeiro comparecer. 
(D) As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas poderão exercer a 
ação penal privada. 
(E) No caso de ação penal privada exclusiva, o Ministério Público pode recorrer se o 
acusado for absolvido. 
8.(TRF 5ª Região – Analista Judiciário – Área Judiciária – março/2008 – FCC). Quando a 
ação penal for privativa do ofendido, 
(A) não cabe ao Ministério Público velar pela sua indivisibilidade. 
(B) não cabe ao Ministério Público intervir nos atos e termos do processo. 
(C) a queixa não poderá ser aditada pelo Ministério Público. 
(D) o perdão concedido a um dos querelados não aproveitará os demais. 
(E) a queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais. 
DOS PRINCIPIOS DA AÇÃO PENAL PRIVADA. 
Aqui, dispensaremos atenção aos princípios (regras que dão norte) que regem a 
ação penal privada. Trataremos daqueles em que a doutrina é uniforme. Não é 
nosso objetivo aqui entrar em embate doutrinário sobre o tema. 
São quatro os princípios que norteiam a ação penal privada. São eles: 
oportunidade ou conveniência; disponibilidade, indivisibilidade e intranscendência 
ou personalidade. Falaremos de cada um deles. 
9 OOppoorrttuunniiddaaddee oouu ccoonnvveenniiêênncciiaa se manifesta ao dar 
o legislador ao ofendido liberdade de escolha. Caberá a ele, só a 
ele se capaz, ou a seu representante legal, o juízo de valor acerca 
da oportunidade e conveniência de se propor a ação penal privada. 
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O ofendido poderá abrir mão do direito de ação por meio da 
ddeeccaaddêênncciiaa (decurso do prazo decadencial) ou da rreennúúnncciiaa ao 
direito de queixa. Diferentemente do que ocorre na ação penal 
pública, onde ao Ministério Público não se dá qualquer liberdade. 
Presentes os requisitos, é seu dever propor a ação penal pública. 
9 DDiissppoonniibbiilliiddaaddee se manifesta quando, após iniciada a ação 
penal, permite-se ao ofendido a possibilidade de oferecer o 
ppeerrddããoo ao querelado ou quando por desleixo ocorre a 
ppeerreemmppççããoo. As hipóteses de perempção estão arroladas no artigo 
60 do CPP14. Sobre elas falaremos quando formos tratar da 
extinção da punibilidade. 
9 IInnddiivviissiibbiilliiddaaddee:: O ofendido deve propor a ação penal 
privada contra todos os autores e partícipes do crime, desde que, 
é óbvio, conheça-os. Caso não o faça, apesar de conhecê-lo, 
operou-se a renúncia ao direito de queixa em relação aos não 
processados. Como a renúncia a todos se estende, não há motivo 
para ação penal. Ou processa todos ou processa nenhum15. Aqui, 
a iinnddiivviissiibbiilliiddaaddee. 
9 IInnttrraannsscceennddêênncciiaa oouu ppeerrssoonnaalliiddaaddee: A ação penal 
deve ser proposta contra os autores e partícipes do crime, ou seja, 
contra aqueles a quem se imputa a prática delitiva. Não se admite 
a propositura da ação penal contra o herdeiro daquele que houvera 
falecido. 
 
14 Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal: 
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 (trinta) dias seguidos; 
II - quando, falecendo o querelante,ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do 
prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; 
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de 
formular o pedido de condenação nas alegações finais; 
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor. 
15 Capez – Fernando (Curso de Direito Penal – Parte Geral – Editora Saraiva). 
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De acordo com a doutrina, a ação penal privada tem como espécies a ação penal 
privada exclusiva ou típica ou, ainda, propriamente dita, a ação penal privada 
personalíssima e a ação penal privada subsidiária da pública. 
À diante faremos algumas anotações sobre a ação penal privada personalíssima e 
subsidiária da pública. Portanto, o que foi dito linhas atrás aplicar-se-á de regra à 
ação penal privada exclusiva, ou típica ou propriamente dita. 
9 Questões sobre o tema: 
9.(MPE/RS – Assessor – Área de Direito – abril/2008 – FCC). Considere: 
I. Conveniência e oportunidade. 
II. Indesistibilidade; 
III. Indivisibilidade. 
IV. Intranscendência. 
Aplicam-se à ação penal privada exclusiva os princípios indicados APENAS em 
(A) II e III. 
(B) I e IV. 
(C) I, III e IV. 
(D) II e IV. 
(E) I, II e III. 
Da decadência. 
Conceito: É a perda do direito de representar, na ação penal pública 
condicionada, e de oferecer a queixa, na ação penal privada, tendo em conta o 
decurso do prazo previsto em lei. Com a decadência o Estado não tem 
possibilidade de exercer seu direito de punir. Assim, extinta a punibilidade. 
Dispositivos legais: 
Decadência do direito de queixa ou de representação 
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Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o 
ofendido decai do direito de queixa ou de representação se 
não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado 
do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, 
no caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se 
esgota o prazo para oferecimento da denúncia. 
Art. 38 CPP. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou 
seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de 
representação, se não o exercer dentro do prazo de 6 
(seis) meses, contado do dia em que vier a saber quem é o 
autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se 
esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. 
Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de 
queixa ou representação, dentro do mesmo prazo, nos 
casos dos arts. 24, parágrafo único, e 31. 
Ressalva se deve fazer à decadência do direito de queixa na aaççãão o ppeenna all pprriivvaaddaa 
ssuubbssiiddiiáárri iaa d daa ppúúbblliiccaa. Caso o particular (ofendido) perca o direito de oferecer 
a queixa pelo decurso do prazo decadencial, nnããoo hháá qqu uee s see ffaallaar r eem m eexxttiinnççããoo 
dda a ppuunniibbiilliiddaaddee, pois o Ministério Público, em que pese em um primeiro 
momento inerte, poderá ainda propor a respectiva ação penal pública. Portanto, o 
direito de punir persiste. 
DO PRAZO DECADENCIAL. 
Salvo expressa disposição legal em sentido contrário, o ofendido ou seu 
representante legal disporá de 0066 mmeesseess para oferecer a queixa-crime. Caso, 
não o faça no prazo, operar-se-á a ddeeccaaddêênncciiaa. Ocorrerá, daí, a perda do direito 
de ação, o que motiva a extinção da punibilidade (artigo 107, IV, do CP). 
A respeito do prazo o legislador se ocupa nos artigos 103 do CP e 38 do CPP, cuja 
literalidade segue. 
Decadência do direito de queixa ou de representação 
Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o 
ofendido decai do direito de queixa ou de representação 
se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado 
do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, 
no caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se 
esgota o prazo para oferecimento da denúncia. 
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 Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu 
representante legal, decairá no direito de queixa ou de 
representação, se não o exercer dentro do prazo de 6 
(seis) meses, contado do dia em que vier a saber quem é o 
autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se 
esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. 
Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de 
queixa ou representação, dentro do mesmo prazo, nos 
casos dos arts. 24, parágrafo único, e 31 
IInníícciio o dda a ccoonnttaaggeemm: O prazo será contado a partir do momento em que o 
ofendido ou, no caso de incapacidade, o seu representante legal tomou conhecido 
da autoria do crime. 
Assim, o prazo não flui do momento em que o crime ocorreu. FFlluuiirráá ddee qquuaannddoo 
éé ccoonnhheecciiddaa aa aauuttoorriiaa ddoo iillíícciittoo. Como o prazo atinge o direito de punir, tem 
ele natureza material (Penal) e, com isso, aplica-se, na contagem a regra 
insculpida no artigo 10 do CP16, ou seja, inclui-se na contagem o dia do começo. 
(exemplo: tomou conhecimento da autoria no dia de hoje às 23:30 horas, o dia 
de hoje já é contado). 
IInnddeeppeennddêênncciiaa ddoo ddiirreeiittoo: Se incapaz o ofendido, o direito de oferecer a queixa 
será de seu representante legal. Este disporá de 06 meses (salvo expressa 
disposição legal em sentido contrário) para propor a ação penal privada, caso 
ainda incapaz o ofendido, pois se a incapacidade deixar de existir antes de 
decorridos os 06 meses, a representação não mais existirá. O ofendido então 
contará agora com o prazo de 06 meses à sua disposição, desde o momento em 
que deixou de ser incapaz. 
Da perempção. 
A perempção é uma causa extintiva da punibilidade que só é possível nos crimes 
de ação penal privada. As hipóteses de perempção estão arroladas no artigo 60 
do CPP. 
Em tais hipóteses, o querelante (autor da ação penal privada) abandona a ação 
penal. Como a ação penal é privada, portanto, disponível, o abandono gera a 
perempção que é causa extintiva da punibilidade. 
 
16 Contagem de prazo 
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo 
calendário comum. 
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Observe abaixo, as hipóteses que a lei processual considera como fatos que 
levam à perempção. 
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, 
considerar-se-á perempta a ação penal: 
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento 
do processo durante 30 (trinta) dias seguidos; 
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, 
não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo 
de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, 
ressalvado o disposto no art. 36; 
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, 
a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de 
formular o pedido de condenação nas alegações finais; 
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem 
deixar sucessor. 
Comentaremos, de forma singela, cada uma das hipóteses de perempção 
previstas na lei processual penal. 
Aqui, nãopodemos nos esquecer que a ação penal é privada. Não se aplica o 
disposto no artigo 60 do CPP à ação penal pública e nem mesmo à ação penal 
privada subsidiária da pública. Considera-se perempta a ação penal privada, 
quando: 
1- iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo 
durante 30 (trinta) dias seguidos.
Iniciada a ação penal, caberá ao autor (aquele que a promoveu) – que na ação 
penal privada é denominado querelante – provocar o andamento do processo, 
promovendo os atos processuais necessários ao prosseguimento do feito. Caso 
não tome as medidas necessárias ao andamento do processo por 30 dias 
seguidos, opera-se a perempção. É caso de manifesta desídia, desleixo, 
abandono do processo por parte de seu autor. (Exemplo: Quando o querelante é 
intimado a constituir novo advogado, já que seu patrono anterior renunciara ao 
mandato. Se não o faz no prazo de 30 dias consecutivos, ocorrerá a prempção). 
2- falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em 
juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, 
qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 
36; 
Na ação penal privada típica, excluída a personalíssima, ocorrendo o falecimento 
ou sobrevindo incapacidade do querelante (autor da ação penal privada), o 
direito à ação penal (direito de prosseguir na ação) se transmite a seus 
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sucessores, isto é, ao cônjuge, aos ascendentes, aos descendentes e ao irmão 
(CADI). Todavia, tais pessoas deverão se habilitar no processo no prazo de 60 
dias, a contar do falecimento ou da ocorrência da incapacidade, sob pena de não 
o fazendo operar-se a perempção. Caso compareça mais de uma das pessoas, 
dar-se-á preferência ao cônjuge e, em seguida, aos parentes mais próximos, 
obedecendo a ordem enumerada. 
ATENÇÃO:
Ação penal privada personalíssima: Quando falamos da ação 
penal personalíssima, observamos que nela não se admite a 
sucessão, isto é, o direito de promovê-la ou de nela prosseguir não 
se transmite. Assim, sobrevindo falecimento do autor 
(ofendido=querelante), não ocorrerá a perempção, pois não se 
admite a sucessão. Ocorrerá a extinção da punibilidade tendo em 
conta o desaparecimento do titular do direito de ação. Questão 
interessante surge quando se fala da incapacidade. Sobrevindo 
incapacidade, não pode se dar a extinção da punibilidade. 
Necessário que se dê oportunidade para que o representante legal 
prossiga no feito, já que a sucessão não é possível e nem mesmo 
ocorreu o desaparecimento do autor, o qual, quando da propositura 
da ação, manifestou o desejo ao processo. O certo, no entanto, é 
que não se aplica o disposto no artigo 60, inciso II, do CPP à 
ação penal privada personalíssima. 
3- querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do 
processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de 
condenação nas alegações finais.
Aqui, nos temos dois eventos que nos interessam. No primeiro, o autor deixa de 
comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato processual do qual deva 
necessariamente estar presente. Ocorre, por exemplo, quando o juiz necessita 
ouvir o querelante e ele, intimado, deixa de comparecer sem motivo justificado. 
Opera-se, no caso, a perempção. 
O segundo dos eventos, ocorre quando o querelante (autor), depois de ouvidas 
todas as pessoas (acusado, testemunhas de acusação e de defesa), realizadas 
todas as provas necessárias, deixa de, em ato processual denominado 
ALEGAÇÕES FINAIS (momento de apresentar sua tese final), de pleitear a 
condenação do acusado (querelado), ou em sentido oposto, pleiteia a sua 
absolvição. Ocorrerá, aqui, a perempção. 
4- sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor. 
A última das hipóteses de perempção trata de ação penal privada movida por 
pessoa jurídica. Não se assuste, pois a pessoa jurídica pode ser autora 
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(querelante) em processo penal. Observe quando ela, pessoa jurídica, tem sua 
honra maculada por alguém. Poderá propor ação penal privada por crime contra 
a honra (injuria e difamação), caso não constitua ilícito mais grave, contra o 
ofensor. Pensemos que o tenha feito e, durante o processo, foi extinta. Com a 
sua extinção (término da pessoa jurídica), o processo seguirá desde que tenha 
ela deixado sucessor. Caso não o tenha feito, ocorrerá a perempção. 
9 Questões sobre o tema: 
10.(Prefeitura de São Paulo – Procurador do Município – julho/2008 – FCC). Se o 
querelante, em processo por crime de ação penal privada, sem motivo justificado, deixar de 
comparecer a ato que deva estar presente, o juiz deve declarar 
(A) a decadência. 
(B) o perdão tácito. 
(C) a renúncia do direito de queixa. 
(D) a perempção. 
(E) o perdão judicial. 
Da renúncia ao direito de queixa. 
No artigo 107, inciso V, primeira parte, do CP, há a previsão legal da renúncia ao 
direito de queixa como uma causa extintiva da punibilidade. 
Quando tratamos da ação penal privada, dissemos que a renúncia ao direito de 
ação seria objeto de estudo quando viéssemos a tratar da extinção da 
punibilidade. Pois bem, aqui estamos. 
No entanto, devemos, antes de tudo, trazer à colação o dispositivo legal que 
prevê a renúncia. Para tanto, abaixo segue a literalidade do artigo 104 do CP. 
Renúncia expressa ou tácita do direito de queixa 
Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido 
quando renunciado expressa ou tacitamente. 
Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de 
queixa a prática de ato incompatível com a vontade de 
exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o 
ofendido a indenização do dano causado pelo crime. 
A renúncia ao direito de queixa é ato unilateral por meio do qual o ofendido 
ou seu representante legal abre mão do direito de queixa, ou melhor, abdica do 
direito de processar o autor da infração penal. 
Diz-se unilateral, uma vez que não depende de aceitação por parte do 
beneficiário, isto é, do autor da infração penal. 
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Como é o ato pelo qual se abdica de um direito, só é possível praticá-lo quando 
ainda à disposição tal direito. Portanto, a renúncia só é possível quando ofendido 
ou seu representante legal ainda têm à sua disposição o direito de queixa. Com 
isso, necessário que não tenha ocorrido decadência. 
A renúncia oferecida em favor de um dos autores da infração a todos aproveita 
independentemente de aceitação. Assim, a renúncia tem efeito extensivo a 
todos os infratores. 
O direito de renunciar preclui, ou seja, não pode mais ser exercido, quando já 
não se tem o direito de queixa à disposição. 
Não estará disponível o direito de queixa em duas oportunidades: 
1- quando da decadência e 
2- quando já recebida a queixa pelo Poder Judiciário. 
No primeiro caso, perdeu-se o direito. Portanto, não há como renunciar àquilo 
que não se tem. No segundo, por sua vez, o direito já foi exercido com sucesso, 
isto é, já foi oferecida a queixa-crime, a qual, inclusive, foi recebida, admitida, 
recepcionada pelo Poder Judiciário. 
Assim, só se pode renunciar se não houve decadência e, nesse caso, até 
o recebimento da queixa pelo Poder Judiciário. 
Após o seu recebimento não se fala mais em renúncia ao direito de queixa, mas 
sim em perdão. Este, todavia, não é unilateral, pois depende de ser aceito. 
Por ser a renúncia um atojurídico, depende de agente capaz, ou seja, só pode 
ser praticado por quem tem capacidade civil. Se o ofendido (vítima) é incapaz, a 
renúncia ao direito de queixa só pode ser concedida por seu representante legal. 
Caso, capaz, só por ele. 
A renúncia pode ser expressa ou tácita. Será expressa quando o ofendido ou 
seu representante legal, de forma expressa, por escrito ou oralmente, abdica do 
direito de queixa. Tácita, de acordo com o que dispõe o parágrafo único do 
artigo 104 do CP, será quando há a prática de ato incompatível com a vontade de 
exercer o direito de queixa. 
Observe quando o ofendido convida o autor da infração para ser seu padrinho de 
casamento ou coisa do gênero. Está ele praticando ato absolutamente 
incompatível com a vontade de processá-lo. A renúncia tácita será demonstrada 
por todos os meios de prova admitidos em direito. 
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Por ser unilateral, não depende de ser aceito. Produzirá efeito imediatamente. 
Assim, não poderá haver o exercício do direito de queixa se houve a renúncia 
expressa ou tácita. 
Caso o ofendido, após ter renunciado ao direito de queixa, venha a promover a 
ação penal privada, caberá ao autor da infração (querelado) provar nos autos 
que houve a renúncia. Demonstrada a renúncia, caberá ao juiz declarar extinta a 
punibilidade. 
Atenção: O legislador fez questão de ressaltar que o fato de o 
ofendido receber a indenização em razão do dano causado pelo 
crime não implica renúncia ao direito de queixa. Assim, recebida a 
indenização, não se pode concluir que, pelo recebimento, houve a 
prática de ato de renúncia ao direito de queixa (vide parágrafo 
único, última parte, do artigo 104 do CP). 
9 Questões sobre o tema: 
11.(TCE/RR – Procurador de Contas – abril/2008 – FCC). Sobre a renúncia ao direito de 
queixa, considere: 
I. É cabível a renúncia na ação penal privada subsidiária, mas ela não impede que o 
Ministério Público ofereça a denúncia. 
II. A renúncia pode ser feita após o oferecimento da queixa-crime, porém antes do seu 
recebimento. 
III. No caso de morte do ofendido que não renunciou, a renúncia de um dos sucessores 
extingue a puni bilidade. 
IV. A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido, por seu 
representante legal ou procurador com poderes especiais. 
V. A renúncia ao direito de queixa a um dos autores do crime se estende aos demais, salvo 
se de identidade desconhecida. 
Encontra-se correto o que consta SOMENTE em 
(A) I e III. 
(B) I, IV e V. 
(C) II, III e V. 
(D) III e IV. 
(E) III, IV e V. 
Do perdão aceito. 
O perdão, desde que aceito, está previsto no artigo 107, inciso V, do CP como 
causa extintiva a punibilidade. Só é possível nos crimes de ação penal privada, 
desde que não seja subsidiária da pública. 
O perdão está previsto nos artigos 105 e 106 do Código Penal. Há também 
previsão no Código de Processo Penal. No entanto, nos interessam os dispositivos 
penais, os quais seguem abaixo. 
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Perdão do ofendido 
Art. 105 - O perdão do ofendido, nos crimes em que 
somente se procede mediante queixa, obsta ao 
prosseguimento da ação. 
Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou 
tácito: 
I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos 
aproveita; 
II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o 
direito dos outros; 
III - se o querelado o recusa, não produz efeito. 
§ 1º - Perdão tácito é o que resulta da prática de ato 
incompatível com a vontade de prosseguir na ação. 
§ 2º - Não é admissível o perdão depois que passa em 
julgado a sentença condenatória. 
O PERDÃO é ato por meio do qual o ofendido ou seu representante legal abre 
mão da ação penal privada já proposta. 
Pressupõe que a queixa crime já tenha sido recebida pelo Poder Judiciário e que 
ainda não tenha sentença penal condenatória transitada em julgado. 
Temos então dois extremos que devem ser respeitados. Só há possibilidade de 
perdão quando já recebida a queixa-crime pelo Poder Judiciário. Antes, haverá 
renúncia e não perdão. 
O perdão não poderá ser oferecido quando já transitada em julgado a sentença 
penal condenatória, uma vez que não há mais ação penal (artigo 106, parágrafo 
2º, do CP). Não havendo, não há como abrir mão de seu prosseguimento. 
Como é o ato jurídico pelo qual se abdica de prosseguir no processo, só é 
possível praticá-lo (ou oferecido) por quem tem capacidade civil. Assim, se 
incapaz o ofendido, o perdão poderá ser oferecido por seu representante legal. 
Caso capaz, só por ele ofendido poderá ser oferecido. 
DA ACEITAÇÃO DO PERDÃO. Agora, devemos estabelecer a distinção entre o 
perdão oferecido e o perdão capaz de levar à extinção da punibilidade. 
A oferta do perdão para gerar a extinção da punibilidade depende de ser aceito 
pelos querelados (autores da infração penal que estão sendo processados). Da 
necessidade de aceitação para produzir efeito, decorre sua bilateralidade. 
Portanto, o perdão, diferentemente da renúncia, é bilateral. 
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Caso não aceito, não produzirá efeito. Portanto, a aceitação do perdão é ato 
jurídico que só poderá ser efetivado por quem é capaz. Caso incapaz o 
querelado, o seu representante legal poderá aceitar o perdão. 
A oferta do perdão (observe: A OFERTA) se estende a todos os querelados 
(artigo 106, inciso I, do CP). Todavia, só produzirá efeito em relação àquele que 
o tenha aceitado (artigo 106, inciso III, do CP). 
Quando a ação penal privada é movida por vários ofendidos (vários querelantes), 
a oferta do perdão por um não prejudicará o direito dos demais. Estes poderão 
prosseguir com a ação penal, mesmo que aceito o perdão oferecido por aquele 
(artigo 106, inciso II, do CP). 
O perdão pode ser expresso ou tácito. Será expresso quando o ofendido ou seu 
representante legal, de forma expressa, por escrito ou oralmente, abdica do 
direito de prosseguir a ação penal. Tácito, de acordo com o que dispõe o 
parágrafo único do artigo 106, parágrafo 1º, do CP, será quando há a prática de 
ato incompatível com a vontade de prosseguir a ação penal. 
Observe quando o ofendido convida o autor da infração (querelado) para ser seu 
padrinho de casamento ou coisa do gênero. Está ele praticando ato 
absolutamente incompatível com a vontade de prosseguir processando-o. Aqui, o 
perdão foi tácito. Ainda, apesar de já oferecido, não produz efeito, já que, ao que 
parece, não foi aceito. Caso venha a ser aceito, gerará a extinção da 
punibilidade. 
A aceitação do perdão também pode ser expressa ou tácita. Será expressa
quando o querelado (autor da infração que está sendo processado) ou seu 
representante legal, de forma expressa, oralmente ou por escrito, o aceita. Será 
tácita quando o querelado ou seu representante legal pratica ato incompatível 
com a não aceitação. 
No exemplo anterior, a aceitação do convite representa a intenção de recepcionar 
o perdão que lhe foi oferecido. 
O perdão e a aceitação tácitos poderão ser demonstrados por qualquer meio de 
prova admitido em direito. Basta que fique de forma inequívoca representada a 
vontade de perdoar e de aceitar o perdão. 
Atenção: quando o perdão é expresso e feito dentro do 
próprio processo, o querelado será intimado para se manifestar 
em 03 dias. Caso se mantenha inerte, a inércia indica aceitação. 
Portanto, para recusá-lo deve se manifestar. É o que ocorre quando 
o advogado do querelante oferece, por meio de petição,o perdão 
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em nome de seu representado. O juiz então determinará que o 
querelado se manifeste. A inércia representa aceitação. 
Síntese conceitual: 
Renúncia: antes de recebida a queixa-crime. 
Perdão: depois de recebida a queixa-crime. 
Renúncia: Unilateral. 
Perdão: Bilateral. 
Ambos se estendem a todos os autores da infração. Mas o perdão 
só produz efeito em relação àquele que aceitou-o. 
9 Questões sobre o tema: 
12.(FCC/TRF4/TEC/2010) 28. Considere as seguintes assertivas sobre o perdão: 
I. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em 
relação ao que o recusar. 
II. Se o querelante for menor de 18 e maior de 16 anos, o direito de perdão poderá ser exercido por 
ele ou por seu representante legal, e o perdão concedido por um, havendo oposição do outro, 
produzirá efeito. 
III. O perdão tácito admitirá todos os meios de prova. 
IV. Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado será intimado a dizer, 
dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio 
importará aceitação. 
De acordo com o Código de Processo Penal, está correto o que consta APENAS em 
(A) I, II e III. 
(B) I e IV. 
(C) I e III. 
(D) I, III e IV. 
(E) II e III. 
DO ADITAMENTO DA QUEIXA CRIME. 
De acordo com o disposto no artigo 45 do CPP, a queixa, ainda quando a ação 
penal for privativa do ofendido, poderá ser aditada pelo Ministério Público, a 
quem caberá intervir em todos os termos subseqüentes do processo. 
O aditamento, no entanto, somente será possível no que tange a aspectos 
acidentais da ação penal. A doutrina não se mostra uniforme a respeito da 
possibilidade de o MP aditar a queixa para incluir novos réus. 
Já sabemos que, em razão do princípio da iinnddiivviissiibbiilliiddaaddee, a ação penal privada 
deve ser promovida contra todos os infratores ou suspeitos. Caso o querelante 
(autor da ação penal privada) não a promova contra todos os infratores 
conhecidos, há a renúncia ao direito de queixa, a qual se estenderá a todos os 
demais e, com isso, gerará a extinção da punibilidade. 
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A questão é muito controvertida. Majoritariamente, tem-se entendido que o 
Ministério Público, à luz do disposto no artigo 45 do CPP, poderá aditar a queixa 
crime ddeessddee qquuee nnããoo sseejjaa ccoomm oo oobbjjeettiivvoo ddee iinncclluuiirr nnoovvoos s ssuujjeeiittoos s nno o ppóólloo 
ppaassssiiv voo d daa ddeemmaannddaa. 
Assim, não poderia o Ministério Público inserir o nome de outro réu na ação 
penal, substituindo-se, com isso, ao querelante. Cabe a este, quando da 
propositura da ação, promovê-la contra todos os infratores conhecidos. 
Questão interessante ocorre quando, após a propositura da ação, no curso das 
provas, descobre-se um infrator que até então era desconhecido. Aí, o problema. 
Pode o Ministério Público aditar a queixa para incluí-lo; ou tal iniciativa caberia 
tão-só ao querelante (autor da queixa crime)? 
Para o SSTTJJ nnããoo ssee aaddmmiittee oo aaddiittaammeennttoo ddaa qquueeiixxaa--ccrriim mee ppeel loo MMiinniissttéérriioo 
PPúúbblliic coo ppaar raa a a iinncclluussãão o dde e uum m ccoo--aauutto orr o ouu ppaarrttíícciippee. Vejamos: 
 
Apesar de controvertida a questão, impera na doutrina entendimento de que não 
se admite, no aditamento da queixa pelo Ministério Público, a inclusão de co-réu 
ou partícipe. Segundo Luiz Flávio Gomes – opinião da qual comungo, 
“cabe ao MP nesse caso cuidar da indivisibilidade da ação 
penal, fazendo com que a vítima manifeste sobre o outro co-réu. O MP 
não tem legitimidade para incluir outro réu na ação penal privada, 
porque não é titular dessa ação”. 
Então, caberia ao Ministério Público noticiar a existência do novo infrator e 
requerer ao Magistrado (juiz) presidente do processo a notificação do ofendido ou 
de seu representante legal para que se manifeste a respeito, cabendo-lhe, no 
prazo definido, aditar ou não a queixa crime para incluí-lo na ação penal. 
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DA AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA OU SUPLETIVA. 
A aaççãão o ppeenna all ppúúbblliicca a ssuubbssiiddiiáárri iaa o ouu ssuupplleettiivvaa é um direito do cidadão, pois, 
atualmente, está arrolada dentre os “Direitos e deveres individuais e coletivos”, 
os quais integram os “Direitos e Garantias Fundamentais” do título II de nossa 
Carta Constitucional. 
A Constituição Federal em seu artigo 5º, inciso LIX, da CF17, assegura o direito de 
ação penal privada ao ofendido quando inerte o Ministério Público. 
A previsão constitucional da ação penal privada subsidiária da pública como um 
direito individual dentro do texto constitucional, traz a grande conseqüência de 
esse direito não poder ser suprimido nem mesmo por Emenda Constitucional, pois 
está inserto dentre as denominadas ccllááuussuullaass ppééttrreeaass. 
No entanto, em que pese previsão constitucional, o legislador penal, como 
também o processual penal, não deixou de tratar de tal ação. Assim, tais 
diplomas também dispensam atenção ao tema que é de grande relevância e que 
em concursos públicos vem sendo explorado constantemente. 
De acordo com o artigo 100, parágrafo 3º do CP será possível a ação penal 
privada nos crimes de ação penal pública, desde que o Ministério Público não 
ofereça denúncia no prazo legal. Observe a redação do dispositivo abaixo. 
Artigo 100 do CP 
§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos 
crimes de ação pública, se o Ministério Público não oferece 
denúncia no prazo legal. 
Não podemos nos esquecer que o crime é de ação penal pública. No entanto, o 
Ministério Público, após ter à sua disposição as provas (inquérito policial ou peças 
informativas) não propôs a ação penal respectiva. Manteve-se inerte, não agindo 
no prazo estipulado pela lei. 
Ao membro do Ministério Público é imposto o dever de atuar quando presentes os 
requisitos para a propositura da ação penal. No entanto, não terá ele a vida 
inteira para fazê-lo. A lei estipula prazo para sua atuação. Quando não age no 
prazo legal, a lei, para assegurar o direito do ofendido (vítima do crime), 
 
17 Artigo 5º, inciso LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no 
prazo legal; 
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outorga a este o direito de propor, em substituição à ação penal pública, ação 
penal privada subsidiária da pública. 
Então, com a inércia do Ministério Público, surge a possibilidade de ação penal 
privada, quando de ação penal pública o crime. Tais dispositivos legais instituem, 
então, ttiittuullaarriiddaaddee eexxcceeppcciioonnaall ccoonnccoorrrreennttee ddoo ooffeennddiid doo o ouu d dee sseeuu 
rreepprreesseennttaannt tee lleeggaall.. 
É interessante notar que, no caso da ação penal privada subsidiária da pública, há 
legitimidade concorrente. O Ministério Público e o ofendido ou seu representante 
legal poderão, durante os seis meses após a inércia do primeiro, propor a ação 
penal. 
9 Questões sobre o tema: 
13.(Prefeitura do Recife – Procurador Judicial – junho/2008 – FCC). Sobre a ação penal 
privada subsidiária, é correto afirmar:

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