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O Processo Saúde – doença; o modelo biomédico

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Aula 2. O Processo saúde doença.
História Natural das Doenças no Homem
A história natural da doença refere-se à evolução natural de uma doença no indivíduo através do tempo na ausência de intervenção.
Leavell e Clark (1976) criaram um modelo para descrever tanto o estudo das doenças quanto a promoção e a prevenção. Os referidos autores conceituam a história natural da doença como um conjunto de relações específicas existentes entre três elementos: o agente causador da doença, o suscetível ao adoecimento e o meio ambiente.
A doença, vista como um processo pressupõe uma série de etapas sucessivas. Leavell e Clark (1976) distinguem as etapas em dois grandes períodos: o pré-patogênico e o patogênico.
O período pré-patogênico, o primeiro deles antes da doença e representa o momento da interação do agente, o ambiente e o hospedeiro sem que a estrutura orgânica ou psíquica do homem seja alterada.
Por um determinado motivo, ou mais freqüentemente pela interação de vários, rompe-se essa espécie de equilíbrio e os agentes etiológicos vão penetrar no ser humano, constituindo-se em um estímulo que vai alterar a estrutura orgânica.
O período patogênico começa quando se inicia a ação desse estímulo sobre a estrutura orgânica ou psíquica do homem. A partir de então, é possível ter várias etapas desse período.
Patogênese precoce: Ainda não há sintomas ou sinais, pois as alterações são, em geral, de nível bioquímico.
Doença diagnosticada precocemente: Já há sintomas ou, pelo menos, o médico pode encontrar sinais de início da doença.
Doença Avançada: Já existem sintomas característicos da doença.
Resultados Finais (convalescença): Recuperação, cronicidade, incapacidade ou morte.
Descreveu-se a história natural de várias doenças, tanto transmissíveis como não transmissíveis, agudas ou crônicas. Na Figura abaixo, mostra-se outro modelo da história natural da doença. Esse modelo assume que os casos clínicos (com sintomatologia aparente) da doença passam por uma fase pré-clínica detectável e que, na ausência de intervenção, a maioria dos casos pré-clínicos evoluem para a fase clínica. Como foi mencionado anteriormente, os períodos de tempo de cada etapa são importantes para a detecção, triagem (ou rastreamento) e intervenção com medidas preventivas e terapêuticas sobre os fatores do agente, hospedeiro e ambiente (Gordis,1996).
 Período de latência Período infeccioso
 Período de incubação	 Período sintomático
Exposição Mudanças Patológicas Sinais e sintomas
Suscetível Doenças subclínicas Doença clínica Recuperação, 
	deficiência, imunidade,
estado de portador ou óbito
Nas doenças transmissíveis há ainda o período de latência, que é o tempo que transcorre desde a infecção até que a pessoa se torne infectada e o período de incubação, que é o tempo que transcorre desde a infecção até a apresentação dos sintomas. No caso das doenças não transmissíveis, a terminologia difere um pouco e se considera que o período de latência corresponde ao período que transcorre entre o desenvolvimento da doença subclínica até a apresentação de sintomas (Rothman, 1986).
Para entender as relações entre os diferentes elementos que levam ao aparecimento de uma doença transmissível, o esquema tradicional é a denominada cadeia epidemiológica, também conhecida como cadeia de infecção.
Agente: É um fator que pode ser um micro-organismo, substância química, ou forma de radiação, cuja presença, presença excessiva ou relativa ausência é essencial para a ocorrência da doença. Um agente é considerado uma causa necessária, porém não suficiente para a produção da doença.
Os agentes podem ser divididos em biológicos e não biológicos; os agentes biológicos são organismos vivos capazes de causar uma infecção ou doença no ser humano e nos animais. As espécies que ocasionam doença humana são denominadas patogênicas. Entre os agentes não biológicos, encontram-se os químicos (como pesticidas, fármacos, etc.) e físicos (como radiação, calor, ruído, etc.).
Reservatório de agentes infecciosos: é qualquer ser humano, animal, artrópode, planta, solo ou matéria inanimada, onde normalmente vive e se multiplica um agente infeccioso e do qual depende para sua sobrevivência, reproduzindo-se de forma que possa ser transmitido a um hospedeiro suscetível. O reservatório de um agente pode ser humano ou extra humano (animais, solo, água, alimentos e etc.).
Fonte de infecção: é a pessoa, animal, objeto ou substância de onde o agente infeccioso passa a um hospedeiro.
Portador: é um indivíduo (ou animal) infectado, que abriga um agente infeccioso específico de uma doença, sem apresentar sintomas ou sinais clínicos desta e constitui uma fonte potencial de infecção para o ser humano. O portador pode ser assintomático (infecção subclínica).
Período de transmissibilidade ou infeccioso: é o intervalo de tempo durante o qual o agente infeccioso pode ser transferido direta ou indiretamente de uma pessoa infectada a outra pessoa, de um animal infectado ao ser humano ou de um ser humano infectado a um animal, inclusive artrópodes.
Modo de transmissão do agente: é a forma em que o agente infeccioso se transporta do reservatório ao hospedeiro. 
Os modos de transmissão podem ser diretos, quando o agente passa por uma porta de entrada que possa efetuar a infecção.
Os modos indiretos são aqueles nos quais os agentes necessitam de um veículo (água, alimentos, sangue, objetos contaminados) ou um vetor, que pode ser um inseto ou qualquer portador vivo que transporta um agente infeccioso desde um indivíduo ou seus excrementos até um indivíduo suscetível, sua comida ou seu ambiente imediato . O agente pode ou não se desenvolver, propagar ou multiplicar dentro do vetor.
Hospedeiro: é uma pessoa ou animal vivo que em circunstâncias naturais permite a subsistência e o alojamento de um agente infeccioso.
Infecção: é a entrada, desenvolvimento ou multiplicação de um agente infeccioso no organismo de uma pessoa ou animal.
Infectividade: é a capacidade do agente infeccioso de poder alojar-se e multiplicar-se dentro de um hospedeiro.
Patogenicidade: é a capacidade de um agente infeccioso de produzir doença em pessoas infectadas.
Virulência: é a capacidade do agente infeccioso de produzir casos graves e fatais.
Letalidade: é a capacidade do agente infeccioso de produzir casos fatais.
Situação da realidade brasileira
Como morrem os brasileiros
Encontrou-se intensa mobilidade espacial das pessoas em busca da assistência à saúde: quanto menor o porte populacional do município de residência, maior a proporção de óbitos ocorridos fora da região de saúde. Houve uma redução de óbitos infantis, e ainda tem-se que aprofundar no conhecimento das tendências e características dos óbitos fetais. O envelhecimento da estrutura etária dos óbitos evidencia novos desafios a serem enfrentados para a melhoria da qualidade de saúde dos brasileiros. Destaca-se o aprimoramento na qualidade dos dados do SIM.
	Causas de morte
	%
	Doenças do aparelho circulatório
	29%
	Neoplasias (tumores)
	15,6%
	Causas externas de morbidade e mortalidade
	12,6%
	Doenças do aparelho respiratório
	10,4%
	Sintomas, sinais e achados anormais nos exames clínicos e de laboratório
	7,2%
	Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas
	6,1%
	Doenças do aparelho digestivo
	5,1%
	Algumas doenças infecciosas e parasitárias
	4,3%
(Fonte: Saúde Brasil 2010: Uma análise da situação de saúde e de evidências selecionadas de impacto de ações de vigilância em saúde)
Como Nascem os brasileiros
Evidencia-se intensa
mobilidade espacial das gestantes em busca da assistência ao parto: quanto menor o porte populacional do município de residência, maior a proporção de nascimentos ocorridos fora da região de saúde. Observa-se ainda queda da natalidade, com aumento da idade materna e de cesáreas.
Óbitos e nascimentos no Nordeste e na Amazônia legal
Entre os 129 municípios que realizaram a busca ativa, foram encontrados 13.863 óbitos não fetais e 30.208 NV, com 40% dos óbitos já informados ao SIM, 26,3% no município de ocorrência do óbito; 42% dos NV já informados ao Sinasc, 29,3% no município de ocorrência de nascimento. Mais de 35% dos óbitos e NV foram encontrados em serviços de saúde. Para o Brasil, a cobertura do SIM foi estimada em 93% enquanto a do Sinasc ultrapassou 95%. Entretanto, entre os municípios pequenos e informações de mortalidade inadequadas localizados no Nordeste e Amazônia Legal, apenas metade dos óbitos foi informada ao SIM.
	Óbitos
	%
	Não informados ao SIM
	60
	Informados ao SIM no município de ocorrência
	26,3
	Informado ao SIM na UF de residência em outro município
	13,2
	Informado ao SIM em outra UF
	0,5
	Total
	100
	(Fonte: Saúde Brasil 2010: Uma análise da situação de saúde e de evidências selecionadas de impacto de ações de vigilância em saúde)
	
	Nascimentos
	%
	Não informados ao SINASC
	58
	Informados ao SINASC no município de ocorrência
	29,3
	Informado ao SINASC na UF de residência em outro município
	11,0
	Informado ao SINASC em outra UF
	1,7
	Total
	100
(Fonte: Saúde Brasil 2010: Uma análise da situação de saúde e de evidências selecionadas de impacto de ações de vigilância em saúde)
O nível de desigualdade no Brasil é muito grande, isso é sempre mostrado por meio de pesquisas dos mais diferentes tipos. Essa desigualdade é caracterizada pelas mais diversas formas, seja pela desigualdade de renda que afeta as pessoas em uma mesma região, estado ou cidade; seja pela desigualdade de recursos que são disponíveis nas diferentes regiões, estados e municípios. Vários outros tipos de desigualdades fazem com que as oportunidades sejam oferecidas de forma totalmente diferente. O Brasil é um país continental com realidades muitos diferentes considerando as cinco regiões, com o Sul, o Sudeste e, um pouco menos, o Centro Oeste bem desenvolvidos enquanto que o Nordeste e o Norte com carências extremamente grandes.
A realidade presente em cada um dos 5.564 municípios brasileiro apresenta diferenças gigantescas com várias cidades apresentando um alto grau de desenvolvimento enquanto que muitas outras tendo níveis de desenvolvimentos considerados inaceitáveis para um país como o Brasil. A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN) construiu um índice a partir de dados dos ministérios da Educação, do Trabalho e da Saúde referentes ao perfil de desenvolvimento da educação, saúde e emprego e renda em cada um dos municípios brasileiros. Esse índice mede com certa exatidão o nível em que se encontra cada um dos municípios brasileiros nessas três áreas. De acordo com esse índice, 63% dos municípios do Brasil estão com níveis de desenvolvimento considerados razoáveis ou bons.
De todos os municípios brasileiros, somente 2.037 oferecem condições aceitáveis nas três áreas mais importantes para a população que são saúde, educação e trabalho. Os outros municípios estão abaixo ou muito abaixo do que deve cumprir no atendimento das demandas da população. Esse estudo da FIRJAN mostrou o que outros estudos têm mostrado e o que as pessoas observam intuitivamente no que se refere á desigualdade entre as regiões brasileiras. A região Sul possui 96% dos seus municípios com os níveis nas três áreas considerados bons ou muito bons. O Sudeste tem 86% dos seus municípios nesse patamar e a região Centro Oeste, com 83%, está bem próxima da região mais rica do país. Por outro lado, o Nordeste, apesar de ter apresentado melhoras significativas nos últimos anos, somente um quarto dos municípios oferecem condições boas ou muito boas para os seus munícipes. O norte está em situação pior, com somente um quinto dos seus municípios nessas condições.
Dos 500 municípios com os melhores índices, 91,2% são do Sul e Sudeste, apesar de possuírem somente 51% dos municípios brasileiros. Enquanto que 7,5% são do Centro Oeste, 0,7% são do Norte e 0,6% são do Nordeste. Por outro lado, no grupo dos 500 piores municípios, 94,4% são do Nordeste. Na verdade, no Nordeste, que é a região que possui o maior número de municípios entre todas as regiões brasileiras, dois em cada dez municípios estão dentro do grupo dos 500 piores municípios brasileiros que não conseguem oferecer as condições mínimas de saúde, educação e renda à sua população que geralmente é muito pobre e depende fundamentalmente do poder público para viver.
A questão da desigualdade é séria em nosso país, não podemos admitir vários países dentro de um só. Por mais que gere tabu, controversa e polêmica, é necessário que se crie políticas e fortaleças as existentes que visem à diminuição dessa concentração e disparidades nos níveis de desenvolvimento que se observa ao se analisar cada um dos municípios brasileiros. Não é preciso parar de desenvolver quem já está em um grau alto de desenvolvimento. Ao contrário, é preciso que esses municípios desenvolvidos continuem aumentando o nível de qualidade de vida de sua população, mas é premente a necessidade de aumentar muito mais as condições de vida das pessoas que vivem em cidades carentes de recursos e que apresentam níveis muito baixos de desenvolvimento.
1.Agente causal 
 específico
2.
Reservatório
 3. Porta de saída 
 do agente 
 4. Modo de transmissão do 
 agente
5. Porta de entrada do novo hospedeiro
 6. Suscetibilidade
do hospedeiro

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