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PROF. EVANDRO ZILLMER 1/2018 DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 2 1 AGENTES PÚBLICOS Há vários conceitos espalhados por diversas legislações, um desses conceitos é encontrado na Lei 8.429/1992, que trata da Improbidade Administrativa. O art. 2º da lei assim define agente público: Reputa-se agente público, para efeitos dessa lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior. OBS: Perceba que não será necessário, para ser considerado um agente público, possuir qualquer tipo de remuneração ou exercer uma função em caráter permanente. OBS: A CF-88 não adota mais o conceito de "funcionário público", previsto no art. 327 do Código Penal. Então, quando nos depararmos com a expressão funcionário público, lembremos que podemos considerá-la sinônima de agentes públicos. 1.1 CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES PÚBLICOS Existem várias classificações para as espécies de agentes públicos, veremos apenas duas, que consideramos as mais importantes para as diversas provas de concursos. 1.1.1 SEGUNDO HELY LOPES MEIRELLES Essa classificação é a adotada pela maioria das bancas examinadoras, como exemplo o CESPE. O STF também segue essa classificação. Para o citado autor, os agentes públicos se agrupam em 5 categorias distintas a saber: agentes políticos, administrativos, honoríficos, delegados e credenciados. a)Agentes Políticos São os componentes do governo nos seus primeiros escalões, para o exercício de atribuições constitucionais. Pertencem a essa categoria os Chefes do Executivo (Presidente, Governadores e Prefeitos) e seus auxiliares (ministros, secretários estaduais e municipais), os Membros do Legislativo (Deputados DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 3 Federais e Estaduais, Senadores e Vereadores), os Membros do Judiciário (magistrados), os Membros do Ministério Público e os Membros dos Tribunais de Contas. A maioria da doutrina concorda com a classificação acima, incluindo no rol dos agentes políticos os Magistrados, Membros do MP e os Membros dos TCs. Porém, o STF, na reclamação 6.702, afirmou que os Membros dos Tribunais de Contas não deveriam ser considerados agentes políticos, vejamos uma parte do teor: A doutrina, de um modo geral, repele o enquadramento dos Conselheiros dos Tribunais de Contas na categoria de agentes políticos, os quais, como regra, estão fora do alcance da Súmula Vinculante nº 13, salvo nas exceções acima assinaladas, quais sejam, as hipóteses de nepotismo cruzado ou de fraude à lei. Resumindo: São considerados Agentes Políticos: 1) Chefes do Executivo e seus auxiliares (Presidente, Governadores, Prefeitos, Ministros de Estado e Secretários Estaduais, Distritais e Municipais 2) Membros do Legislativo (Senadores, Deputados federais, distritais e estaduais e Vereadores) 3) Membros da Magistratura e do Ministério Público 4) Membros dos Tribunais de Contas (para o STF não são agentes políticos) Características dos Agentes Políticos: a) sua competência é haurida da própria Constituição; b) não se sujeitam às regras comuns aplicáveis aos servidores públicos em geral; c) normalmente são investidos em seus cargos por meio de eleição, nomeação ou designação; e d) não são hierarquizados (com exceção dos auxiliares imediatos dos chefes dos Executivos), sujeitando-se, tão somente, às regras constitucionais. DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 4 b) Agentes Administrativos São os que exercem atividades profissionais e remuneradas, estão sujeitos à hierarquia funcional. Constituem a imensa maioria dos prestadores de serviços à Administração. Subdividem-se em três categorias: b.1)Servidores Públicos: servidores estatutários, titulares de cargo público, submetem-se ao regime estatutário. Os cargos ocupados por esses agentes podem ser de provimento efetivo ou de provimento em comissão. b.2)Empregados Públicos: são os empregados públicos, ocupantes de emprego público e sujeitos a regime jurídico contratual trabalhista. Possuem contrato de trabalho e são regidos pelas normas da CLT. b.3)Empregados Temporários: contratados com base no art. 37, IX, da CF, para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público. Exercem uma função pública remunerada temporária e o seu vínculo com a Administração também é contratual. A contratação temporária está regulada na Lei 8.745/93. c) Agentes Honoríficos São os cidadãos requisitados ou designados para , transitoriamente, colaborarem com o Estado mediante a prestação de serviços específicos, em razão de sua condição cívica, de sua honorabilidade ou de sua notória capacidade profissional. Normalmente não recebem remuneração. São considerados funcionários públicos para fins penais. Tais serviços constituem o chamado múnus público, ou serviços públicos relevantes. Exercem uma função pública. Ex.: jurados e mesários eleitorais. d) Agentes Delegados São os particulares que recebem a incumbência da execução de determinada atividade, obra ou serviço público. Não são servidores públicos, nem representantes do Estado, apenas colaboram com o Estado. Enquadram-se como funcionários públicos para fins penais. Sujeitam-se a responsabilidade civil objetiva. São os concessionários e permissionários de serviços públicos, os leiloeiros, os tradutores públicos, etc. DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 5 e) Agentes Credenciados Representam a Administração em determinados atos ou atividades, mediante remuneração do Poder Público credenciante. São considerados funcionários públicos para fins penais. 1.1.2 SEGUNDO CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELO Segundo o citado professor, os agentes públicos são divididos em 3 categorias a saber: DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 6 a) Agentes Políticos Para o autor, serão considerados agentes políticos somente o Presidente da República, os Governadores, os Prefeitos e seus respectivos auxiliares imediatos (ministros e secretários), os Senadores, os Deputados e os Vereadores. Ficaram de fora dessa classificação os membros da magistratura, membros do MP e os membros dos tribunais de contas, que segundo o autor não exercem funções tipicamente políticas e não são investidos por meio de eleição. b) Servidores Estatais São os que mantêm relação de trabalho de natureza profissional e caráter não eventual com o Poder Público, podem ainda ser regidos pelo direito público ou privado. São os servidores estatutários, os empregados públicos e os servidores temporários. c)Particulares em colaboração com o poder público São os particulares que exercem função pública, ainda que às vezes apenas em caráter episódico. Ex. delegatários, jurados, mesários eleitorais, voluntários, etc. OBS: o terceirizado, o militar e o estagiário são agentes públicos, porém sem uma classificação específica. 1.2 AGENTES DE FATO: São aqueles que se investem da função pública de forma emergencial ou irregular. A doutrina costuma distingui-los em necessários ou putativos. Necessários: também chamados de agentes públicos voluntários,exercem a função em razão de situações excepcionais. Putativos: são os que têm apenas a aparência de agente público, sem o ser de direito. OBS: Não confundir com o usurpador de função, que não é agente público de direito nem de fato. Para a maioria da doutrina os atos praticados pelo usurpador de função são inexistentes, ou seja, esses atos sequer entraram no mundo jurídico, por falta de um elemento essencial para a formação do ato. DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 7 2 LEI N. 8.112/1990 Institui o regime jurídico único - da união (administração direta) - das autarquias (inclusive as em regime especial) - das fundações públicas federais É uma lei de caráter federal (não é nacional) Suas disposições alcançam os servidores estatutários (efetivos ou comissionados) Aplicada aos servidores da administração direta, autárquica e fundacional da UNIÃO NÃO aplicada aos empregados públicos (CLT) NÃO aplicada às empresas públicas e sociedades de economia mista OBS: a competência para enviar ao Congresso Nacional o projeto de lei para se estabelecer o Regime Jurídico dos servidores federais é do Presidente da República. Essa competência deve ser obedecida também nos casos de mudanças na lei após ser aprovada. Por fim, vale ressaltar que nas outras esferas (estados, DF e municípios), por simetria, cabe aos chefes do Executivo as propostas acima mencionadas. CARGO PÚBLICO – é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor (art. 3°). O cargo pode ser de provimento efetivo ou em comissão. EMPREGO PÚBLICO – é o lugar a ser ocupado pelo empregado público que possui um vínculo contratual, regido pela CLT. FUNÇÃO PÚBLICA – é um conjunto de atribuições às quais, não necessariamente corresponde a um cargo ou emprego. É um conceito residual. 2.1 INVESTIDURA EM CARGO PÚBLICO Requisitos básicos para investidura em cargo público (art. 5°) DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 8 I – nacionalidade brasileira II – o gozo dos direitos políticos III – a quitação com as obrigações militares e eleitorais IV – o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo V – a idade mínima de dezoito anos VI – aptidão física e mental Segundo o § 2º do art. 5º, aos portadores de deficiência serão reservadas até 20% das vagas oferecidas no concurso. A investidura em cargo público ocorrerá com a posse OBSERVAÇÕES: só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público (SV 44) não é admissível, por ato administrativo, restringir, em razão da idade, inscrição em concurso para cargo público (S. 14/STF) o limite de idade para inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7°, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do carto a ser preenchido (S. 683/STF) o portador de surdez unilateral não se qualifica como pessoa com deficiência para o fim de disputar as vagas reservadas em concursos públicos (S. 552/STJ) O portador de visão monocular tem direito de concorrer, em concurso público, às vagas reservadas aos deficientes (S. 377/STJ) 2.2 POSSE (ARTS. 7º AO 14) A investidura em cargo público ocorre com a posse (art. 7). Só haverá posse nos casos de provimento originário (nomeação), tanto em caráter efetivo ou em comissão. A posse ocorrerá 30 dias, improrrogáveis, após o ato de nomeação. Se não tomar posse no prazo de 30 dias, o ato de provimento será tornado sem efeito. DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 9 Se já for servidor público e esteja afastado do cargo ou em licença, o prazo contará do término do impedimento. A posse poderá ser mediante procuração específica No ato de posse o servidor apresentará a declaração de bens e a declaração quanto ao exercício ou não de outro cargo, emprego ou função pública. Na posse é que o nomeado torna-se efetivamente servidor público. A posse dependerá de prévia inspeção médica oficial. 2.3 EXERCÍCIO (ARTS. 15 AO 19) É o efetivo desempenho das atribuições do cargo público ou da função de confiança. É de 15 dias, improrrogáveis, o prazo para entrar em exercício após a posse. O exercício da função de confiança coincidirá com a data de publicação do ato de designação, salvo se em licença ou afastado do cargo. O servidor será exonerado se não entrar em exercício no prazo legal. O designado para ocupar função de confiança e não entrar em exercício terá o ato de sua designação tornado sem efeito. A data do exercício é o marco para o início da contagem dos prazos para todos os direitos relacionados ao tempo de serviço, férias, estabilidade, remuneração, etc. 2.4 ESTÁGIO PROBATÓRIO (ART. 20) 24 meses de acordo com a lei 8.112/90 Três anos de acordo com a CF, doutrina e jurisprudência Durante o estágio probatório serão examinadas a produtividade, a assiduidade, a disciplina, a responsabilidade do servidor e a capacidade de iniciativa. O servidor deverá agir como se fosse um “PADRI”. A aprovação no estágio probatório não se confunde com a aquisição da estabilidade. DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 10 Sempre que o servidor tomar posse em outro cargo efetivo, terá que ser submetido a um novo estágio probatório, ainda que já seja estável no serviço público. 4 meses antes do término do estágio probatório o servidor terá o seu desempenho avaliado por uma comissão instituída com essa finalidade. O servidor em estágio probatório poderá exercer quaisquer cargos de provimento em comissão ou funções de direção, chefia ou assessoramento no órgão ou entidade de lotação. O servidor em estágio probatório não poderá tirar licença capacitação, licença para tratar de assuntos particulares e licença para o desempenho de mandato classista, nem afastamento para participação em programa de pós-graduação. A exoneração decorrente de reprovação em estágio probatório não constitui sanção disciplinar, ela apenas indica que o servidor não é apto para exercer aquele cargo. Deve ser dado ao servidor o direito à ampla defesa e ao contraditório, caso seja reprovado no estágio probatório. Súmula 22/STF: o estágio probatório não protege o funcionário contra a extinção do cargo. (assim, se o cargo for extinto, o servidor não estável que esteja em estágio probatório será exonerado). 2.5 ESTABILIDADE (ARTS. 21 E 22) Segundo o art. 41 da CF/88, o prazo para a estabilidade é de 3 anos. Só poderão adquirir a estabilidade os servidores efetivos (os exclusivamente comissionados não estabilizam). São requisitos para obter a estabilidade no serviço público: 1 – aprovação em concurso público 2 – cargo deve ser de provimento efetivo 3 – três anos de efetivo exercício 4 – aprovação em avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade A estabilidade é adquirida no serviço público de um determinado ente federado. Assim, se um servidor estável na esfera federal prestar concurso DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 11 para outra esfera (estadual, distrital ou municipal), terá que cumprir novamente os requisitos para aquisição da estabilidade. Hipóteses de perda do cargo mesmo sendoestável: 1 – sentença transitado em julgado 2 – processo administrativo com ampla defesa 3 – insuficiência de desempenho, verificada mediante avaliação periódica, na forma de lei complementar, assegurada a ampla defesa (a lei ainda não foi editada) 4 – excesso de despesa de pessoal, nos termos do art. 169, § 4° 2.6 CONCURSO PÚBLICO (ARTS. 11 E 12) O concurso será de provas ou de provas e de títulos. Terá validade de até dois anos, podendo ser prorrogado uma única vez, por igual período. O prazo de validade e as condições de sua realização serão fixados em edital, que será publicado no DOU e em jornal de grande circulação. Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato aprovado em concurso anterior com prazo de validade não expirado. OBS: essa regra da lei é mais restrita que a regra da CF/88, porquanto a constituição dispõe que haverá prioridade de convocação do aprovado em concurso anterior, sobre os novos concursados, dentro do prazo de validade daquele, a lei determina que não haverá novo concurso enquanto houver candidato aprovado em concurso anterior com prazo de validade não expirado. A administração pública federal deve obedecer à regra da lei, ou seja, a regra mais restrita. Os requisitos do cargo devem estar previstos em lei. A vedação para mulheres deve ser justificada, proporcional e prevista em lei. Não pode restringir tatuagem, salvo situações excepcionais em razão de conteúdo que viole valores constitucionais (STF). O limite de idade, quando regularmente fixado em lei e no edital de determinado concurso público, há de ser comprovado no momento da inscrição do certame. DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 12 Não compete ao Poder Judiciário, no controle de legalidade, substituir banca examinadora. Na hipótese de posse em cargo público determinada por decisão judicial, o servidor não faz jus à indenização, sob fundamento de que deveria ter sido investido em momento anterior, salvo situação de arbitrariedade flagrante. Súmula 684/STF: é inconstitucional o veto não motivado à participação de candidato a concurso público Os candidatos em concurso público não tem direito à prova de segunda chamada nos testes de aptidão física em razão de circunstâncias pessoais, ainda que de caráter fisiológico ou de força maior, salvo se houver previsão no edital permitindo essa possibilidade SV 44/STF – só por lei pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público Exceções ao concurso público: Nomeação para cargos em comissão Contratação de pessoal por tempo determinado (temporários) Contratação dos agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias Cargos eletivos Ex-combatentes 2.7 PROVIMENTO DE CARGO PÚBLICO Provimento é o ato administrativo por meio do qual o cargo público é preenchido, com a designação de seu titular. De acordo com o art. 6º, o provimento se faz por ato da autoridade competente de cada Poder. O provimento pode ser de duas espécies: originário e derivado Formas de Provimento: DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 13 OBS: a ascensão e a transferência não são consideradas formas de provimento de cargo público. OBS: a promoção e a readaptação, além de serem formas de provimento, também são formas de vacância de cargo público. Provimento Originário – Nomeação (art. 9°) É o preenchimento do cargo público pelo indivíduo pela primeira vez. DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 14 A única forma de provimento originário existente é a nomeação. A nomeação é ato administrativo unilateral e pode-se dar em caráter efetivo ou em comissão. A nomeação em caráter efetivo exige obrigatoriamente a realização prévia de concurso público, já a nomeação para cargo em comissão é de livre escolha da autoridade competente. OBS: o servidor efetivo quando for ocupar uma função de confiança, não será nomeado, mas sim, designado. E quando ele sair dela, será dispensado e não exonerado. OBS: a função de confiança não é cargo público, assim, não se trata de forma de provimento. Provimento Derivado No provimento derivado, o indivíduo já possui vínculo com a administração pública. Promoção É a única forma de provimento derivado vertical. A promoção é típica dos cargos organizados em carreira. Dá-se por merecimento ou antiguidade (tempo de serviço) Provimento Derivado Vertical Promoção Horizontal Readaptação Reingresso Reversão Reintegração Recondução Aproveitamento DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 15 A promoção não interrompe o tempo de serviço, que é contado no novo posicionamento na carreira a partir da data de publicação do ato que promover o servidor (art. 17) A promoção também é considerada forma de vacância. Readaptação (art. 24) Para servidor que sofreu limitação física ou mental e que terá que ser adaptado em outro cargo. O novo cargo deve possuir atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação física ou mental sofrida e atribuições afins. Verificada em inspeção médica. Se julgado incapaz, o readaptando será aposentado. Equivalência de vencimentos e escolaridade. Se não houver vaga, trabalhará como excedente (veja que não será posto em disponibilidade) Só pode readaptar o servidor ocupante de cargo efetivo (comissionado não) A readaptação é forma de vacância também OBS: para a doutrina a readaptação é um ato vinculado, ou seja, se possível, o servidor DEVE ser readaptado. Caso não seja possível, o servidor deve ser aposentado por invalidez. Reversão (art. 25 ao 27) É o retorno à atividade do servidor aposentado. Há duas modalidades de reversão: I – reversão de ofício (compulsória): quando junta médica declarar insubsistentes os motivos da aposentadoria por invalidez. II – reversão a pedido (voluntária): aplicável ao servidor estável que se aposentou voluntariamente, que tenha solicitado a reversão, que a aposentadoria tenha ocorrido nos últimos 5 anos e que haja cargo vago. A reversão será no mesmo cargo que ocupava ou no cargo resultante de sua transformação. DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 16 Não pode reverter o aposentado que já tiver completado 70 anos de idade, consoante o art. 27 (ainda que a aposentadoria compulsória tenha passados dos 70 para os 75 anos, a reversão continua impossibilitada para quem tiver completado 70 anos de idade) É uma dos formas de provimento por reingresso. Reintegração (art. 28) É a reinvestidura do servidor estável no cargo anteriormente ocupado quando invalidada a sua demissão por decisão administrativa ou judicial. Será com o ressarcimento de todas as vantagens. Caso o cargo tenha sido extinto, ficará em disponibilidade. Se o cargo tiver sido provido, o seu ocupante sendo estável, será reconduzido ao cargo de origem, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade. Se o ocupante não for estável, será exonerado. OBS: o servidor não estável que tiver a sua demissão anulada também terá o direito de retornar ao cargo anteriormente ocupado. De acordo com a doutrina, os efeitos serão os mesmos da reintegração, apenas o nome “reintegração” não será usado, pois esse termo é somente para os servidores estáveis. Reversão Compulsória • aplica-se aosaposentados por invalidez • não importa se o servidor era ou não estável quando se aposentou por invalidez • é ato vinculado • se o cargo estiver ocupado, exercerá suas atribuições como excedente até a ocorrência da vaga • poderá ocorrer a qualquer tempo • não pode se já tiver completado 70 anos de idade Reversão a pedido • aplica-se aos aposentados voluntariamente • só para servidores estáveis quando da aposentadoria • é ato discricionário • só pode reverter se houver cargo vago • o tempo de contribuição só será considerado para concessão da nova aposentadoria se o servidor permanecer pelo menos 5 anos no cargo após a reversão • não pode se ja tiver completado 70 anos de idade DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 17 Recondução (art. 29) É o retorno do servidor estável ao cargo anteriormente ocupado e decorrerá de: I – inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo II – reintegração do anterior ocupante Se o cargo tiver sido provido, o seu ocupante sendo estável, será reconduzido ao cargo de origem, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade. Se o ocupante não for estável, será exonerado. OBS: o servidor estável, durante o estágio probatório, pode pedir a sua recondução para o cargo anteriormente ocupado, ainda que não seja reprovado. Isso porque a estabilidade é no serviço público e não no cargo que esteja ocupando. OBS: para a doutrina, a recondução é forma de provimento e vacância simultaneamente. Vale ressaltar que esse é um entendimento doutrinário, porquanto o art. 33 da lei não traz expressamente a recondução como uma forma de vacância. Aproveitamento e Disponibilidade (art. 30 ao 32) Aproveitamento é o retorno do servidor que havia sido posto em disponibilidade e ocorrerá obrigatoriamente em cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupado. Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada a disponibilidade se o servidor não entrar em exercício no prazo legal, salvo doença comprovada por junta médica oficial. OBS: a cassação da disponibilidade é sanção disciplinar, portanto, deverá haver previamente um PAD com direito a contraditório e ampla defesa. OBS: a lei não define o “prazo legal”. OBS: segundo a lei, apenas os servidores já estáveis podem ser postos em disponibilidade e, assim, serem aproveitados. Para boa parte da doutrina, o servidor não estável será exonerado nos casos em que os estáveis são postos em disponibilidade. OBS: o aproveitamento é um ato vinculado, assim, o servidor em disponibilidade que for aproveitado DEVE retornar ao cargo. DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 18 2.8 VACÂNCIA (ART. 33) A vacância do cargo público decorrerá de: I – exoneração II – demissão (tem caráter punitivo) III – promoção (forma de provimento também) IV – readaptação (forma de provimento também) V – aposentadoria VI – posse em outro cargo inacumulável (forma de provimento também) VII – falecimento (é um fato administrativo) OBS: em alguns casos a vacância implicará, necessariamente, o provimento de outro (promoção, readaptação e posse em outro cargo inacumulável). Exoneração (arts. 34 e 35) DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 19 A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do servidor, ou de ofício A exoneração de ofício, dar-se-á: I – quando não satisfeitas as condições do estágio probatório II – quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em exercício no prazo estabelecido. OBS: a exoneração de servidor ocupante de cargo em comissão poderá ocorrer a pedido ou a juízo da autoridade competente (exoneração ad nutum) OBS: o servidor ocupante de função de confiança não será exonerado, mas sim, dispensado da sua função. Ainda, haverá exoneração nos seguintes casos: I – quando for extinto o cargo ocupado por servidor não estável. II – quando servidor não estável estiver ocupando cargo que deve ser provido mediante reintegração de outro servidor anteriormente demitido de forma ilegal. III – por insuficiência de desempenho (hipótese de exoneração de servidor estável – CF, art. 41, III). IV – por excesso de despesa de pessoal (hipótese de exoneração de servidor estável – CF, art. 169, § 4º). Demissão A demissão é uma sanção disciplinar aos ocupantes de cargos de provimento efetivo. Caso se trate de cargo em comissão exercido por não ocupante de cargo efetivo, aplica-se a destituição. Caso seja servidor na inatividade (aposentado ou em disponibilidade) que, quando na ativa, tenha praticado infração punível com a demissão, ele terá a sua aposentadoria ou disponibilidade cassada. 2.9 REMOÇÃO E REDISTRIBUIÇÃO (arts. 36 e 37) Nesses casos, o servidor não muda de cargo, assim, não haverá provimento ou vacância na remoção ou redistribuição. Remoção: é o deslocamento do servidor, a pedido ou de ofício, para outra unidade, com ou sem mudança de sede, da seguinte forma: DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 20 I – de ofício, no interesse da administração II – a pedido, a critério da administração (discricionário) III – a pedido, independente do interesse da administração (vinculado): a) para acompanhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado no interesse da administração b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou dependente, mediante comprovação por junta médica oficial c) em virtude de processo seletivo (concurso de remoção) OBS: a remoção não poderá ser usada como forma de punição do servidor, eis que não é penalidade disciplinar. OBS: o servidor removido de ofício, desde que haja mudança de sede, fará jus a ajuda de custo destinada a compensar as despesas de instalação, transporte, passagens, etc. OBS: não existe possibilidade de remoção a pedido independente do interesse da administração para mudanças dentro da mesma localidade. OBS: não há direito a ajuda de custo nas duas hipóteses de remoção a pedido. STF: havendo a transferência, de ofício, do cônjuge da impetrante, empregado da CEF, para a cidade de Fortaleza/CE, tem ela, servidora ocupante de cargo no TCU, direito líquido e certo de também ser removida, independente da existência de vaga. Fundamento no art. 226 da CF/88. OBS: a Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/06) dispõe que o juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e psicológica, acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da Administração direta ou indireta. Redistribuição: deslocamento do cargo efetivo, ocupado ou vago, sempre de ofício, para outro órgão ou entidade do mesmo Poder Caso o cargo redistribuído esteja ocupado, logicamente o servidor também será deslocado Nos casos de reorganização ou extinção de órgão ou entidade, o servidor estável que tenha seu cargo extinto ou declarado desnecessário naquele órgão ou entidade, não sendo redistribuído, será colocado em disponibilidade até o seu aproveitamento. DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 21 OBS: a remoção e a redistribuição não são formas de provimento ou de vacância de cargo público. OBS: na redistribuição devem ser observados a equivalência de vencimentos, a manutenção da essência das atribuições e a vinculação entre os graus de responsabilidade e complexidadedas atividades. 2.10 SUBSTITUIÇÃO (arts. 38 e 39) Os servidores investidos em cargo ou função de direção ou chefia e os ocupantes de cargo de natureza especial terão substitutos indicados no regimento interno. O substituto assumirá automática e cumulativamente o exercício do cargo nos afastamentos, impedimentos legais ou regulamentares do titular e na vacância do cargo. Se o afastamento ou impedimento for maior que 30 dias, o substituto passará a exercer exclusivamente o cargo ou função de chefia, percebendo a retribuição correspondente. 2.11 DOS DIREITOS E VANTAGENS (ARTS. 40 AO 76) DAS VANTAGENS IGA INDENIZAÇÕES I - AJUDA DE CUSTO - ART. 53 II - DIÁRIAS - ART.58 III - INDENIZAÇÃO DE TRANSPORTE – ART 60 IV - AUXÍLIO MORADIA – ART 60-A GRATIFICAÇÕES E ADICIONAIS I - RETRIBUIÇÃO PELO EXERCÍCIO DE DIREÇÃO, CHEFIA E ASSESSORAMENTO – ART 62 II – GRATIFICAÇÃO NATALINA – ART 63 III – ADICIONAL PELO EXERCÍCIO DE ATIVIDADES INSALUBRES, PERIGOSAS OU PENOSAS – ART 68 IV – ADICIONAL PELA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO EXTRAORDINÁRIO – ART 73 V – ADICIONAL NOTURNO – ART 75 VII – OUTROS, RELATIVOS AO LOCAL OU A NATUREZA DO TRABALHO VIII – GRATIFICAÇÃO POR ENCARGO DE CURSO OU CONCURSO – ART 76-A DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 22 Vencimento e Remuneração Vencimento – é a retribuição pecuniária pelo exercício de cargo público, com valor fixado em lei. Remuneração – é o vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei. O vencimento do cargo, acrescido das vantagens de caráter permanente do servidor, é irredutível A remuneração não pode ser inferior ao salário mínimo. O servidor em débito com o erário, que for demitido, exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou disponibilidade cassada, terá o prazo de 60 dias para quitar o débito. O vencimento, a remuneração e o provento não serão objeto de arresto, seqüestro ou penhora, exceto nos casos de prestação de alimentos resultante de decisão judicial. Indenizações As indenizações não se incorporam ao vencimento para qualquer efeito. Visam ressarcir gastos efetuados pelo servidor em razão do regular exercício de suas funções. Sobre elas não podem incidir imposto de renda nem contribuição previdenciária. De acordo com a CF, as parcelas indenizatórias não serão computadas para efeito do teto remuneratório. São indenizações: ajuda de custo, diárias, indenização de transporte e auxílio-moradia. Ajuda de Custo INDENIZAÇÕES I - AJUDA DE CUSTO - ART. 53 ao 57 II - DIÁRIAS - ART.58 III - INDENIZAÇÃO DE TRANSPORTE – ART 60 IV - AUXÍLIO MORADIA – ART 60-A DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 23 Destina-se a compensar despesas de instalação do servidor que, no interesse do serviço, passa a ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio em caráter permanente (remoção de ofício). Também será concedida ajuda de custo àquele que, não sendo servidor da União, for nomeado para cargo em comissão, com mudança de domicílio. O cônjuge do servidor (que for servidora) também removido para a mesma sede não terá direito. Se o servidor falecer na nova sede, a família terá direito a ajuda de custo e transporte para que retorne a sede de origem, dentro do prazo de um ano, contado do óbito. É calculada sobre a remuneração e corresponderá ao valor de 1 mês da remuneração do servidor na origem (art. 54). Caso não se apresente na nova sede no prazo de 30 dias, o servidor deverá restituir o valor da ajuda de custo recebida. Não faz jus a ajuda de custo servidor removido a pedido, em qualquer das duas formas. Diárias Destinam-se a indenizar despesas extraordinárias com pousada, alimentação e locomoção urbana que, a serviço, afastar-se da sede em caráter eventual ou transitório para outro ponto do território nacional ou para o exterior. Não fará jus se o deslocamento da sede constituir exigência permanente do cargo. Não fará jus se for dentro da mesma região metropolitana, aglomeração urbana ou microrregião. Será concedida por dia de afastamento. Se exigir pernoite fora de sede, será inteira, caso contrário, será paga pela metade. Também será paga pela metade se a União custear, por meio diverso, as despesas extraordinárias cobertas por diárias. Se receber a diária e não se afastar da sede ou retornar em prazo menor do que o originalmente previsto, deve restituir o valor recebido a mais no prazo de 5 dias. Indenização de Transporte DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 24 É devida ao servidor que realizar despesas com a utilização de meio próprio de locomoção para a execução de serviços externos, por força das atribuições próprias do cargo que ocupa, efetivo ou comissionado. É o caso do auxílio recebido pelos oficiais de justiça avaliadores, que utilizam o seu próprio veículo para a realização das diligências. OBS: a indenização de transporte ou auxílio-transporte não deve ser confundido com o “vale-transporte”, que é usada para custear meios de transportes urbanos ou rurais. Auxílio-moradia Ressarcimento das despesas comprovadamente realizadas pelo servidor com aluguel de moradia ou com meio de hospedagem administrado por empresa hoteleira. Prazo de dois meses após a comprovação da despesa pelo servidor (art. 60-A). Não é devido aos servidores efetivos em geral. Devido apenas aos que tenham se mudado do local de residência para ocupar cargo em comissão ou função de confiança do grupo DAS 4, 5 e 6, de natureza especial, de ministro de Estado ou equivalentes. Se existir imóvel funcional disponível, não fará jus ao auxílio-moradia. Não terá direito o servidor que possuir imóvel no município em que for exercer o cargo. O valor mensal do auxílio-moradia é limitado a vinte e cinco por cento do valor do cargo em comissão, da função de confiança ou do cargo de Ministro de Estado ocupado, não podendo, em qualquer caso, superar 25% da remuneração de Ministro de Estado. O valor do auxílio-moradia será reduzido em vinte e cinco pontos percentuais a cada ano, a partir do segundo ano de recebimento, e deixará de ser devido após o quarto ano de recebimento. O prazo de que trata o § 2o não terá sua contagem suspensa ou interrompida na hipótese de exoneração ou mudança de cargo ou função. Transcorrido o prazo de quatro anos após encerrado o pagamento do auxílio-moradia, o pagamento poderá ser retomado se novamente vierem a ser atendidos os requisitos do art. 60-B. Art. 60-E. No caso de falecimento, exoneração, colocação de imóvel funcional à disposição do servidor ou aquisição de imóvel, o auxílio- DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 25 moradia poderá ser mantido por um mês, limitado ao valor pago no mês anterior. Gratificações e Adicionais Incorporam-se ao vencimento ou provento, nos casos e condições indicados em lei. É lista exemplificativa (não é taxativa), podendo existir outras gratificações e adicionais previstos nas leis que tratam das diversas carreiras do funcionalismo público federal. Retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e assessoramento. Devida ao servidor ocupante de cargo efetivo investido em função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de provimento em comissão ou de natureza especial. É devida a retribuição pelo esforço maior, decorrente da atribuição. Lei específicaestabelecerá a remuneração dos cargos em comissão. Não é possível a incorporação da retribuição pelo exercício da função de confiança ou cargo em comissão. Gratificação Natalina É equivalente ao 13° dos trabalhadores regidos pela CLT e corresponde a 1/12 da remuneração a que o servidor fizer jus no mês de dezembro, por mês de exercício do respectivo ano. A fração igual ou superior a 15 dias será considerada mês integral. GRATIFICAÇÕES E ADICIONAIS I - RETRIBUIÇÃO PELO EXERCÍCIO DE DIREÇÃO, CHEFIA E ASSESSORAMENTO – ART 62 II – GRATIFICAÇÃO NATALINA – ART 63 III – ADICIONAL PELO EXERCÍCIO DE ATIVIDADES INSALUBRES, PERIGOSAS OU PENOSAS – ART 68 IV – ADICIONAL PELA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO EXTRAORDINÁRIO – ART 73 V – ADICIONAL NOTURNO – ART 75 VII – OUTROS, RELATIVOS AO LOCAL OU A NATUREZA DO TRABALHO VIII – GRATIFICAÇÃO POR ENCARGO DE CURSO OU CONCURSO – ART 76-A DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 26 Será paga até o dia 20 de dezembro de cada ano. O servidor exonerado receberá proporcionalmente ao trabalhado no ano, calculada sobre a remuneração do mês da exoneração. Não será considerada para cálculo de qualquer vantagem pecuniária. Adicional de insalubridade (risco à saúde), periculosidade (risco à vida) ou atividades penosas (decorre da lotação do servidor) Para os servidores que trabalham com habitualidade em locais insalubres ou em contato permanente com substâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida. Se fizer jus aos adicionais de insalubridade e de periculosidade deverá optar por um deles. A servidora gestante ou lactante será afastada enquanto durar a gestação e a lactação. O adicional de atividade penosa será devido aos servidores em exercício em zonas de fronteira ou em localidades cujas condições de vida o justifiquem. Os servidores que operam com raios X ou substâncias radioativas serão submetidos a exames médicos a cada 6 meses Adicional por serviço extraordinário A hora extra terá acréscimo de 50% em relação à hora normal de trabalho. Somente para situações excepcionais e temporárias, respeitado o limite de 2 horas por jornada. Adicional Noturno Compreendido entre 22h e 5h do dia seguinte. Acréscimo de 25% no valor da hora. Cada hora terá 52 min e 30 segundos. OBS: se o servidor fizer hora extra no período noturno os adicionais serão cumulativos. Assim, os 25% do adicional noturno será calculado sobre a hora já aumentada dos 50% relativas a hora extra. Assim, a hora extra trabalhada em período noturno será aumentada de 87,5%. Adicional de Férias DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 27 Será paga ao servidor por ocasião das suas férias, independente de solicitação. Corresponde a 1/3 da remuneração do período das férias. Se estiver exercendo função de direção, chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, o cálculo será considerado no adicional de férias. Gratificação por encargo de curso ou concurso Devida ao servidor que, em caráter eventual: I. Atuar como instrutor em curso de formação – 2,2% II. Participar de banca examinadora – 2,2% III. Participar de logística de preparação e realização de concurso público – 1,2% IV. Participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de exame vestibular ou de concurso público – 1,2% Será calculado em horas. A retribuição não poderá ser superior ao equivalente a 120 horas de trabalho anual. Excepcionalmente a autoridade máxima do órgão poderá autorizar mais 120 horas anuais. Não se incorpora ao vencimento para qualquer efeito e não poderá ser utilizada como base de cálculo dos proventos da aposentadoria e das pensões. Essa gratificação será devida quando forem exercidas sem prejuízo do cargo. Quando forem exercidas durante a jornada de trabalho a carga horária deverá ser compensada. O valor da hora trabalhada corresponderá aos percentuais de 1,2% ou de 2,2%, dependendo da atividade desempenhada, incidentes sobre o maior vencimento básico da Administração Pública Federal 2.12 DAS FÉRIAS O servidor fará jus a 30 dias de férias anuais remuneradas. Poderão ser acumuladas até o máximo de dois períodos, no caso de necessidade do serviço, ressalvadas as hipóteses em que haja legislação específica. Para o primeiro período aquisitivo de férias serão exigidos 12 meses de exercício. DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 28 É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao serviço. Poderão ser parceladas em até 3 vezes. O pagamento da remuneração das férias será efetuado até dois dias antes do início do respectivo período. Ser for exonerado do cargo receberá indenização na proporção de um doze avos por mês de efetivo exercício ou fração superior a 14 dias. A indenização será calculada no mês em que for publicado a exoneração. Se parcelar as férias, receberá o adicional de férias no primeiro período. O operador de Raios X ou substâncias radioativas gozará 20 dias consecutivos por semestre, não podendo acumular. As férias somente poderão ser interrompidas por motivo de calamidade pública, comoção interna, convocação para júri, serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade do serviço declarada pela autoridade máxima do órgão ou entidade. O restante do período interrompido será gozado de uma só vez. STJ: o servidor público tem direito ao recebimento de auxílio-alimentação referente ao período de férias. 2.13 DAS LICENÇAS DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 29 Licença por motivo de doença em pessoa da família Será concedida por motivo de doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos, do padrasto ou madrasta e enteado, ou dependente que viva a suas expensas e conste do seu assentamento funcional. Por até 60 dias com remuneração. Por até 90 dias sem remuneração. Em um período de 12 meses. Se a licença for inferior a 15 dias (dentro de um ano) a perícia médica oficial poderá ser dispensada. A licença que exceder 30 dias remunerados em um período de 12 meses é contado apenas para efeito de aposentadoria e disponibilidade. O tempo de licença não remunerada não é contado par nenhum efeito. Veda-se o exercício de atividade remunerada durante a licença. Licença por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro Para acompanhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado para outro ponto do território nacional, para o exterior ou para o exercício de mandato eletivo dos Poderes Executivo ou Legislativo. DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 30 Será por prazo indeterminado e sem remuneração. Não é computado como tempo de serviço para nenhum efeito. Se o acompanhante também for servidor, poderá exercer provisoriamente o cargo em entidade da administração federal direta, autárquica ou fundacional, desde que compatível com o seu cargo. Nesse caso haverá remuneração. OBS: é ato discricionário para a Administração, porquanto a lei fala que “poderá”ser concedida a licença. Licença para o serviço militar Ao servidor convocado para o serviço militar será concedida licença, na forma e condições previstas na legislação específica. Concluído o serviço militar, o servidor terá até 30 dias sem remuneração para reassumir o exercício do cargo. O período de licença é considerado como tempo de efetivo exercício. É por tempo indeterminado(enquanto durar o serviço militar). Licença para atividade política Sem remuneração – entre a sua escolha em convenção partidária e a véspera de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral Com remuneração – a partir do registro da candidatura e até o décimo dia seguinte ao da eleição (pelo período máximo de 3 meses) OBS: o servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde desempenha suas funções e que exerça cargo de direção, chefia, assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dele será afastado, a partir do dia imediato ao do registro de sua candidatura perante a justiça eleitoral, até o décimo dia seguinte ao do pleito. Nesse caso, o período todo será com a remuneração. Licença para capacitação Após cada 5 anos de efetivo exercício No interesse da Administração (discricionário) Por até 3 meses Com remuneração Para participar de curso de capacitação profissional Não pode o servidor em estágio probatório DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 31 É considerado como tempo de efetivo exercício Licença para tratar de interesses particulares Ao ocupante de cargo efetivo No interesse da administração (ato discricionário) Prazo de até 3 anos consecutivos Sem remuneração Não pode no estágio probatório Não é computado como tempo de serviço para qualquer efeito Poderá ser interrompida, a qualquer tempo, a pedido do servidor ou no interesse do serviço, nesse último caso, a critério da administração Licença para o desempenho de mandato classista Desempenho em confederação, federação, associação de classe de âmbito nacional, sindicato representativo da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão ou, ainda, para participar de gerência ou administração em sociedade cooperativa constituída por servidores públicos para prestar serviços a seus membros. Sem remuneração. Terá duração igual ao do mandado, podendo ser renovada, no caso de reeleição. Não pode no estágio probatório. Será considerado para todos os efeitos, exceto para promoção por merecimento. Licença para tratamento de saúde A pedido ou de ofício. Com base em perícia médica (dispensada se menor que 15 dias dentro de um ano). Com remuneração. Se exceder 120 dias dentro de um ano, ela será concedida mediante avaliação médica oficial. DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 32 Prazo máximo de 24 meses. Se não estiver em condições de voltar ou ser readaptado, o servidor será aposentado por invalidez. É computado como tempo de efetivo exercício, até o limite de 24 meses, se exceder 24 meses será computado apenas para aposentadoria e disponibilidade. Licença à gestante, à adotante e paternidade GESTANTE: 120 dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração, prorrogável por mais 60 dias. Poderá ter início no nono mês de gestação, salvo antecipação por prescrição médica. Se nascer prematuro, inicia no dia do parto. No caso de natimorto, decorridos 30 dias do evento, a servidora será submetida a exame médico, e se julgada apta, reassumirá o exercício. No caso de aborto atestado por médico oficial, a servidora terá direito a 30 dias de repouso remunerado. ADOTANTE: Para o STF, os prazos são os mesmos da licença gestante, inclusive para as prorrogações. Também não é possível adotar prazos diversos em função da idade da criança adotada. PATERNIDADE 5 dias prorrogáveis por mais 15 dias. O servidor que adotar ou obtiver a guarda judicial, considera-se criança até os 12 anos de idade incompletos. OBS: é considerado como de efetivo exercício para efeito de contagem de tempo de serviço, para os 3 tipos de licença. Licença por acidente em serviço Considerado o dano físico ou mental sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata ou imediatamente, com as atribuições do cargo exercido. DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 33 Equipara-se o acidente sofrido no percurso da residência para o trabalho e vice-versa. Com remuneração integral. Contado como de efetivo exercício para todos os efeitos legais. 2.14 DOS AFASTAMENTOS Do afastamento para servir a outro órgão ou entidade (art. 93) Para exercer cargo em comissão ou função de confiança. Para o exercício de cargo de direção ou de gerência em serviço social autônomo instituído pela União. Remuneração: i) Se for cedido para Estados, DF ou Municípios, o ônus será do cessionário (quem recebeu). ii) Se for para outro órgão ou Poder da União, o ônus é do cedente (quem emprestou) iii) Se for cedido para EP ou SEM federais, o cedente paga o servidor e depois obtém o ressarcimento da cessionária. Pode no estágio probatório, desde que para o exercício de cargos DAS no mínimo 4, ou cargos equivalentes. Do afastamento para exercício de mandato eletivo (art. 94) DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 34 Se o mandato for federal, estadual ou distrital, ficará afastado do cargo. Se o mandato for de prefeito, será afastado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração. Se o mandato for de vereador, havendo compatibilidade de horário, perceberá a remuneração dos dois cargos. Se não houver compatibilidade de horário, segue a regra do prefeito. Não há limite de tempo, podendo ficar enquanto durar o mandato do eleito ou reeleito. OBS: o servidor aposentado poderá acumular proventos com subsídios do mandado eletivo. OBS: vedam-se a remoção e a redistribuição do eleito para localidade diversa daquela onde exerce o mandato. Do afastamento para estudo ou missão no exterior (arts. 95 e 96) A autorização para se ausentar do País para estudo ou missão oficial será do Presidente da República, Presidente dos órgãos do Poder Legislativo e Presidente do STF. A ausência não excederá 4 anos. Novo afastamento somente após decorrido o mesmo período do primeiro afastamento. Esse afastamento não se aplica aos servidores da carreira diplomática. O afastamento de servidor para servir em organismo internacional de que o Brasil participe ou com o qual coopere dar-se-á com perda total da remuneração. Não será concedida exoneração ou licença para tratar de interesse particular antes de decorrer prazo igual ao do afastamento, salvo se o servidor ressarcir a despesa ocorrida. Do afastamento para participação em programa de pós-graduação stricto sensu no país (art. 96-A) É no interesse da administração (discricionário). Sem prejuízo da remuneração. O beneficiados com esse afastamento deverão permanecer no exercício de suas funções após o retorno por período igual ao do afastamento concedido, sob pena de ressarcimento. DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 35 mestrado e 4 anos para doutorado e pós-doutorado. Se não obtiver o título, deverá ressarcir o órgão ou entidade, salvo na hipótese comprovada de força maior ou de caso fortuito, a critério do dirigente máximo do órgão. 2.15 DAS CONCESSÕES Direito de ausentar-se do serviço: - um dia para doação de sangue. - pelo período comprovadamente necessário para alistamento ou recadastramento eleitoral, limitado, em qualquer caso, a dois dias. - oito dias consecutivos em razão de casamento ou falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob a sua guarda oututela e irmãos. Direito a horário especial: - estudante, quando comprovada a incompatibilidade entre o horário escolar e o da repartição, sendo exigida a compensação de horário. - portador de deficiência, quando comprovada a necessidade por junta médica oficial, independente de compensação de horário. - que tenha cônjuge, filho ou dependente com deficiência, não sendo exigida a compensação de horário. - que atue como instrutor ou participe de banca examinadora, sendo exigida a compensação de horário que, nesse caso, deve ser efetivada no prazo de até um ano. - direito do servidor estudante que mudar de sede no interesse da administração, de matricular-se, na localidade da nova residência ou na mais próxima, em instituição de ensino congênere, em qualquer época, independente de vaga, direito extensivo ao cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou enteados do servidor que vivam na sua companhia, bem como aos menores sob sua guarda, com autorização judicial. 2.16 DIREITO DE PETIÇÃO (arts. 104 a 115) DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 36 O direito de petição está fundamentado basicamente nos incisos XXXIV e LV do art. 5° da Constituição Federal. Segundo a lei n. 8.112/90, é assegurado ao servidor o direito de requerer aos Poderes Públicos, em defesa de direito ou interesse legítimo. O requerimento será dirigido à autoridade competente para decidi-lo e encaminhado por intermédio daquela a que estiver subordinado o requerente. O direito de petição prescreve: - em 5 anos, quanto aos atos de demissão e de cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou que afetem interesse patrimonial e créditos resultantes das relações de trabalho. - em 120 dias, nos demais casos, salvo quando outro prazo for fixado pela lei. O prazo para interposição de pedido de reconsideração ou de recurso é de 30 dias. Será contado da data da publicação do ato impugnado ou da data da ciência pelo interessado, quando o ato não for publicado. O pedido de reconsideração e o recurso, quando cabíveis, interrompem a prescrição (começa do zero novamente). A prescrição é de ordem pública, não podendo ser relevada pela administração. Segundo o art. 106 da lei, caberá pedido de reconsideração à autoridade que houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, não podendo ser renovado. O requerimento e o pedido de reconsideração deverão ser despachados no prazo de 5 dias e decididos dentro de 30 dias. 2.17 DO REGIME DISCIPLINAR (ARTS. 116 À 182) DOS DEVERES (ART. 116) São deveres do servidor (art. 116): I. Exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; II. Ser leal às instituições a que servir; III. Observar as normas legais e regulamentares; IV. Cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 37 V. Atender com presteza: a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal; c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública. VI. Levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autoridade competente para apuração; VII. Zelar pela economia do material e a conservação do patrimônio público; VIII. Guardar sigilo sobre assunto da repartição; IX. Manter a conduta compatível com a moralidade administrativa; X. Ser assíduo e pontual ao serviço; XI. Tratar com urbanidade as pessoas;e XII. Representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder; OBS: essa representação será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela autoridade superior àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao representando ampla defesa. OBS: o descumprimento de deveres ensejará a pena de advertência ao servidor (art. 129). A sua reincidência implicará na pena de suspensão (art. 130) DA ACUMULAÇÃO (ARTS. 118 A 120) Art. 37, XVI, CF – é vedada a acumulação de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horário: a) A de dois cargos de professor b) A de um de professor com outro, técnico ou científico c) A de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas OBS: a proibição estende-se aos inativos, salvo se acumuláveis na atividade e estende-se a cargos, empregos e funções na administração direta e indireta (autarquias, FP, EP e SEM) DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 38 OBS: o servidor não poderá exercer mais de um cargo em comissão, exceto interinamente. DAS RESPONSABILIDADES (ART. 121) Responsabilidade Civil É decorrente de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros. A responsabilidade do servidor será sempre SUBJETIVA, isto é, deve ficar comprovado que o agente agiu com dolo ou culpa em sua atuação ou omissão. Nos casos em que o servidor causar dano a terceiros, ele responderá mediante ação regressiva perante a Fazenda Pública. Segundo a CF/88, as ações de ressarcimento ao erário são imprescritíveis. Responsabilidade Penal Abrange os crimes e as contravenções imputadas ao servidor, nessa qualidade. Para fins penais, o conceito de servidor público é mais amplo, abrangendo o conceito de funcionário público previsto no art. 327 do Código Penal. RESPONSABILIDADES CIVIL Prejuízos causados ao erário ou a terceiros, por dolo ou culpa PENAL Prática de infrações funcionais definidas em lei como crimes ou contravenções ADMINISTRATIVA Infrações funcionais definidas em leis administrativas DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 39 A responsabilidade criminal do servidor é apurada pelo Poder Judiciário. Responsabilidade Administrativa Apurada mediante processo administrativo e sancionada, quando for o caso, pela autoridade administrativa. COMUNICAÇÃO ENTRE AS INSTÂNCIAS Via de regra, as sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se, sendo independentes entre si. EXCEÇÕES: a responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria. Se o servidor for absolvido na esfera penal por qualquer outro motivo (insuficiência de provas, por exemplo), poderá ser responsabilizado na esfera administrativa. Súmula 18/STF: pela falta residual não compreendida na absolvição pelo juízo criminal, é admissível a punição do servidor Se houver condenação na esfera criminal, o servidor também será condenado nas instâncias administrativa e ciivil. PENALIDADES DISCIPLINARES (ART.127) São penalidades disciplinares: I. Advertência II. Suspensão III. Demissão IV. Cassação da aposentadoria ou disponibilidade V. Destituição de cargo em comissão ou função de confiança O ato de aplicação da pena deve ser justificado, pois mencionará sempre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar. Além disso, deverá levar em consideração: - a natureza e a gravidade da infração cometida - os danos de dela provierem para o serviço público - as circunstâncias agravantes e atenuantes DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90PROF. EVANDRO ZILLMER 40 - os antecedentes funcionais Advertência Aplicada a servidores efetivos ou comissionados. O instrumento de apuração é a sindicância. A advertência será aplicada por escrito, nos seguintes casos: violação dos deveres funcionais previstos em normas (entre eles os previstos no art. 116) violação de proibição constante do art. 117, incisos I a VIII e XIX: I. Ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do chefe imediato; II. Retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer documento ou objeto da repartição; III. recusar fé a documentos públicos; IV. Opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou execução de serviço; V. promover a manifestação de apreço ou desapreço no recinto da repartição; VI. cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado; VII. coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou a partido político; VIII. manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil; XIX recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado; Suspensão DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 41 Cancelamento dos registros Advertência – após 3 anos de efetivo exercício Suspensão – após 5 anos de efetivo exercício OBS: desde que o servidor, nesse período não tenha praticado nova infração disciplinar. OBS: o cancelamento da penalidade não surtirá efeitos retroativos. DEMISSÃO (ART. 132) Infrações penalizadas com demissão (art.132): o crime contra a administração pública; o abandono de cargo (ausência intencional do serviço por mais de 30 dias consecutivos); o inassiduidade habitual (falta ao serviço, sem causa justificada, por 60 dias, interpoladamente, durante o período de 12 meses); o improbidade administrativa; o incontinência pública e conduta escandalosa na repartição; o insubordinação grave em serviço; o ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em legítima defesa própria ou de outrem; SUSPENSÃO CASOS 1 – REINCIDÊNCIA DE FALTA PUNÍVEL COM ADVERTÊNCIA 2 – cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergência ou transitória 3 – exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho PRAZOS ATÉ 90 DIAS OBS: será de 15 dias para o servidor que se recusar a ser submetido a inspeção médica (os feitos cessam quando cumprida a determinação) PENA ALTERNATIVA Poderá ser convertida em multa, na base de 50% por dia. Assim, a pena continua sendo a suspensão, no entanto, o servidor continua trabalhando normalmente. DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 42 o aplicação irregular de dinheiros públicos; o revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo; o lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional; o Corrupção; o acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas; Proibições penalizadas com demissão (art. 117, IX a XVI): o receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; o aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro; o praticar usura sob qualquer de suas formas; o proceder de forma desidiosa; o utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou atividades particulares; o participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto: - na qualidade de acionista, cotista ou comanditário - participação nos conselhos de administração e fiscal de empresas ou entidades em que a União detenha, direta ou indiretamente, participação no capital social ou em sociedade cooperativa constituída para prestar serviços a seus membros - gozo de licença para o trato de interesses particulares, observada a legislação sobre conflito de interesses Proibições penalizadas com demissão + incompatibilização para nova investidura em cargo público federal, pelo prazo de 5 anos: o valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública o atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro Proibições penalizadas com demissão + impedimento para nova investidura em cargo público federal: o crime contra a administração pública DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 43 o improbidade administrativa o aplicação irregular de dinheiros públicos o lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional o corrupção CASSAÇÃO DE APOSENTADORIA OU DISPONIBILIDADE: - Aplicada ao servidor inativo - Que tenha praticado infração punível com demissão, quando na atividade (para o aposentado). - em relação à cassação da disponibilidade, não importa se o servidor praticou a infração antes ou depois de ser posto em disponibilidade. DESTITUIÇÃO DE CARGO EM COMISSÃO: - Aplicada ao servidor não ocupante de cargo efetivo, nos casos de infração sujeita as penalidades de suspensão e demissão COMPETÊNCIA PARA APLICAR PENALIDADES PENALIDADE AUTORIDADE COMPETENTE DEMISSÃO CASSAÇÃO DE APOSENTADORIA E DISPONIBILIDADE - Presidente da República (o Decreto 3.035/99, delega aos Ministros de Estado, no ânbito do Poder Executivo Federal. - Presidente das Casas do Poder Legislativo - Presidentes dos Tribunais Federais - Procurador Geral da República SUSPENSÃO SUPERIOR A 30 DIAS - Autoridades administrativas de hierarquia imediatamente inferior àquelas mencionadas acima ADVERTÊNCIA E SUSPENSÃO ATÉ 30 DIAS - Chefe da repartição e outras autoridades na forma dos respectivos regimentos ou regulamentos DESTITUIÇÃO DE CARGO EM COMISSÃO - Autoridade que houver feito a nomeação PRESCRIÇÃO DAS SANÇÕES DISCIPLINARES DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 44 5 ANOS: quanto as infrações puníveis com demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão 2 ANOS: quanto à suspensão 180 DIAS: quanto à advertência OBS: o prazo da prescrição começa a correr da data em que o fato se tornou conhecido. OBS: a abertura de sindicância ou a instauração do PAD, INTERROMPE A PRESCRIÇÃO até a decisão final proferida pela autoridade competente ou pelo prazo máximo de 140 dias, segundo a jurisprudência dominante (quando o prazo é interrompido, ele começa a contar do zero novamente) STF: reconhecida a extinção da punibilidade pela prescrição, NÃO se fará mais a anotação da ocorrência em ficha individual (art. 170). Entende a Suprema Corte que essa anotação violaria o princípio da presunção de inocência do servidor (MS 23.262/DF) STJ: se a infração disciplinar também for tipificada pela lei penal como crime ou contravenção, os prazos prescricionais aplicáveis são os da legislação penal, desde que os fatos imputados ao servidor também forem apurados na esfera criminal. 2.18 DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINARA autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço público é obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante sindicância ou PAD, assegurada a ampla defesa. As denúncias serão apuradas desde que contenham: - identificação do denunciante - endereço do denunciante - seja por escrito Quando o fato narrado não configurar evidente infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será arquivada, por falta de objeto. OBS: É possível a instauração de processo administrativo com base em denúncia anônima. Segundo o STJ, não há ilegalidade na instauração de processo administrativo com fundamento em denúncia anônima, por conta do poder dever de autotutela imposto à Administração e, por via de consequência, ao administrador público. DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 45 CESPE/2017 - É possível a instauração de procedimento administrativo disciplinar com base em denúncia anônima. SINDICÂNCIA Indicada para apuração de infrações mais leves: - Advertência - Suspensão por até 30 dias Prazo: até 30 dias, prorrogáveis por mais 30 dias Resultados da sindicância: - Arquivamento do processo - Aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de até 30 dias - Instauração de PAD A sindicância NÃO é etapa do PAD, assim, o PAD poderá ser instaurado diretamente, quando a autoridade entenda que as irregularidades possuam natureza grave. Se a sindicância for instaurada para fins inquisitórios (investigativos), não será necessário o contraditório e a ampla defesa. Se o relatório da sindicância concluir que a infração está capitulada como ilícito penal, a autoridade competente encaminhará cópia dos autos ao Ministério Público, independente da imediata instauração do PAD. OBS: a Lei n. 8.112/90 não menciona a quantidade de membros que devem compor a comissão de sindicância. Para o executivo federal, vigora a Portaria CGU n. 335/2006, em que se previu que, no caso de sindicância acusatória ou punitiva, a comissão pode ser composta por dois ou mais servidores estáveis. PAD – PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR Comissão: 3 servidores estáveis. O presidente a comissão deve ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado. A comissão terá um secretário, designado pelo presidente da comissão, que poderá ser um de seus membros. Não poderá participar da comissão de sindicância ou de inquérito, parente, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau. DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 46 Não há restrição quanto à lotação dos membros da comissão. Segundo a lei, poderá ser promovida por autoridade de órgão ou entidade diverso daquele em que tenha ocorrido a irregularidade. STJ: a comissão poderá ser composta por servidores lotados em unidades da Federação diversas daquela em que atua o servidor investigado. MEDIDA CAUTELAR: NÃO é punição. É a possibilidade de afastamento preventivo do servidor, por 60 dias, prorrogáveis por mais 60, sem prejuízo da remuneração. OBS: o servidor que estiver respondendo a PAD só poderá ser exonerado a pedido ou aposentado voluntariamente após a conclusão do processo e o cumprimento da penalidade, acaso aplicada. FASES E PRAZOS DO PAD INSTAURAÇÃO INQUÉRITO (INSTRUÇÃO-DEFESA-RELATÓRIO) JULGAMENTO PRAZO: 60 + 60 DIAS 20 DIAS SEGUNDO STF: O PRAZO TOTAL DO PAD É DE 140 DIAS INSTAURAÇÃO: Ocorre com a publicação da portaria que constituir a comissão. INQUÉRITO Envolve as etapas de instrução, defesa e relatório. Nessa fase haverá a tomada de depoimentos, acareações, investigações e diligências cabíveis, objetivando a coleta de provas. O servidor possui o direito de acompanhar o PAD pessoalmente ou por intermédio de procurador. Segundo o STF, não há obrigatoriedade de que o procurador seja advogado. As testemunhas prestarão depoimento separadamente e de forma oral. Não poderão levar o seu depoimento por escrito. DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 47 O servidor acusado será ouvido APÓS a inquirição das testemunhas. Tipificada a infração disciplinar, o servidor será indiciado. O servidor será citado para, no prazo de 10 dias, apresentar a sua defesa por escrito. Se houver mais de um indiciado, o prazo será comum para todos, de 20 dias. O presidente da comissão poderá prorrogar o prazo de defesa pelo dobro, caso seja indispensável a realização de diligências para preparação da defesa. Se não apresentar defesa, será considerado revel. A revelia no PAD, não significa uma confissão do servidor. No caso de revelia, será designado um defensor dativo, que deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado. Após a defesa, será elaborado o relatório, que sempre será conclusivo, ou seja, a comissão deverá sempre manifestar sua opinião quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor. Reconhecida a responsabilidade, a comissão indicará o dispositivo legal ou regulamentar transgredido, bem como as circunstâncias agravantes e atenuantes. JULGAMENTO: Pela autoridade que determinou a instauração do PAD. Prazo de 20 dias do recebimento do PAD. O julgamento fora do prazo não implica anulação do PAD, o prazo é chamado de prazo impróprio. Via de regra, a autoridade deve acatar as conclusões da comissão e aplicar as penalidades indicadas no relatório. A autoridade não acatará a conclusão do relatório somente se ele for contrária à prova dos autos. Se a infração também for capitulada como crime, deverá o PAD ser envidado ao MP para instauração da ação penal. STJ: o processo se encerra mediante o julgamento feito pela autoridade competente, assim, é impossível o agravamento da penalidade após o encerramento do PAD. REVISÃO DO PAD DIREITO ADMINISTRATIVO LEI N. 8.112/90 PROF. EVANDRO ZILLMER 48 O PAD poderá ser revisto a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos novos que justifiquem a inocência do punido ou a inadequação da penalidade aplicada. A revisão é um novo PAD, que será apensado ao PAD originário. Não há prazo para a revisão. Se o servidor faleceu, qualquer pessoa da família poderá requerer a revisão. Se o servidor estiver com incapacidade mental, a revisão será requerida pelo seu curador. Na revisão, o ônus da prova é do requerente. Da revisão, não poderá resultar em agravamento da penalidade. A revisão não é segunda instância do PAD originário. O requerimento de revisão será dirigido ao Ministro de Estado ou autoridade equivalente, que, se autorizar a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do órgão ou entidade onde se originou o PAD. A comissão de revisão será igual a do PAD originário. O prazo será de 60 dias, improrrogáveis + 20 dias para julgamento. Julgada procedente a revisão, será declarada sem efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os direitos do servidor, exceto em relação à destituição do cargo em comissão, que será convertida em exoneração. PAD RITO SUMÁRIO Para apurar: - Acumulação ilícita de cargos públicos - Abandono de cargo - Inassiduidade habitual No caso da acumulação ilegal, antes da instauração do PAD sumário, o servidor será notificado para optar por um dos cargos, no prazo improrrogável de 10 dias. Caso ele permaneça omisso, será instaurado o PAD sumário. A opção pelo
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