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Unidade 1 - MOTIVAÇÃO INTRODUÇÃO Caros alunos, iniciamos aqui a nossa disciplina de Liderança e Motivação, conteúdos relevantes para quaisquer áreas interessadas no comportamento humano, tais como, psicologia, administração, entre outros, e, de forma particular, às mais próximas da gestão. Pretende-se trabalhar os principais assuntos relativos à liderança e à motivação humana, no sentido de apresentar os principais conceitos, análises interpretativas e teorias que possibilitem compreender os meandros que envolvem essas instigantes temáticas, considerando suas particularidades e desdobramentos em toda a vida social e organizacional, na tomada de decisão e interpretação da realidade que nos cerca. O presente material pretende abordar a temática motivação e liderança de forma a facilitar a compreensão de conteúdos que, por tradição, são apresentados de forma hermética e pouco acessível aos não iniciados. Busca-se explanar em linguagem simples o funcionamento dos principais conceitos, seus impactos e consequências potenciais, sem esquecer que se trata de uma ciência social que jamais poderá cair no determinismo ou numa visão meramente funcionalista da realidade, negligenciando a complexidade humana ou fazendo deste apenas instrumento de dominação. Outra preocupação presente neste texto é buscar apresentar esta interessante área de investigação do comportamento humano como uma área comprometida com o bem comum e com um desenvolvimento equilibrado, ético e responsável socialmente. Aproveitem a leitura, Prof. Dr. Luís Miguel Luzio dos Santos 1.1 O que é Motivação Motivação é um termo de difícil definição, que tem sua origem semântica ligada às expressões latinas motivus, movere, que significam mover. Pode-se dizer, primeiramente, que, em tudo que se faz, há um motivo para tal. Desta forma, motivo pode ser entendido como algo que induz e impulsiona a pessoa a agir de determinada forma. Para DeCenzo e Robbins (2001) motivação estaria relacionada a ter a disposição de fazer alguma coisa, quando esta coisa é condicionada por sua capacidade de satisfazer alguma necessidade para o indivíduo. Vale ressaltar, ainda, que a motivação de uma determinada pessoa pode ser gerada por meio de estímulos externos e/ou internos. A título de ilustração, podem-se classificar os estímulos externos como condições ambientais, programas de treinamento e desenvolvimento, demandas da família, influência de colegas, dentre outros. Já os estímulos internos podem advir de: desejo de poder, status, ascensão profissional, etc. Sendo assim, cada indivíduo possui motivações próprias e distintas dos demais, pois as necessidades variam de indivíduo para indivíduo, produzindo diferentes padrões de comportamento; os valores sociais também são diferentes; as capacidades para atingir os objetivos são igualmente distintas; e assim por diante (CHIAVENATO, 2009). Para DeCenzo e Robbins (2001) a necessidade individual refletiria algum estado interior que faz com que certo resultado pareça atraente. Desta forma, fica claro que cada cidadão constrói sua própria motivação, de acordo com seus anseios, desejos e necessidades. Neste âmbito, o estudo da motivação deve ser focado individualmente, contrastando com a visão predominante no passado, em que se entendia a motivação através de mecanismos massificados e padronizados, acreditando-se na uniformização do comportamento humano, como se todos os indivíduos respondessem ao mesmo tipo de estímulos e que buscassem o mesmo tipo de recompensas. Logo, deduz-se que não se consegue motivar pessoas, mas sim despertar a motivação que existe em cada uma delas, compreendendo-a dentro da sua complexidade e respeitando suas particularidades. Assim, parece inapropriado que uma simples regra geral seja considerada como recurso suficiente do qual se lança mão quando o objetivo é a busca de uma explicação, ao mesmo tempo, mais abrangente e mais precisa sobre as possíveis razões que levam as pessoas a agir. Para Vergara (2000), a motivação é intrínseca. Ninguém motiva ninguém. A motivação é intrínseca ao ser humano. Tudo o que os de fora podem fazer é estimular, incentivar, provocar nossa motivação. Para Oliveira (2002), motivo é tudo aquilo que impulsiona a pessoa a agir de determinada forma e dá origem a um comportamento específico. Esse impulso à ação pode ser provocado por estímulo externo, do ambiente, e pode também ser gerado nos processos mentais do indivíduo. 2 Teoria de Maslow Na década de 1950, o psicólogo Abraham Maslow formulou sua famosa teoria que trata acerca da hierarquia das necessidades humanas. Para ele, “tais necessidades estão organizadas hierarquicamente e a busca de satisfazê-las é o que no motiva a tomar alguma decisão”. Maslow formulou seu conceito de hierarquia de necessidades que influenciam o comportamento humano, pois o homem é uma criatura que expande suas necessidades no decorrer de sua vida. À medida que o homem satisfaz suas necessidades básicas, outras mais elevadas tornam-se predominantes em seu comportamento. A hierarquia das necessidades proposta por Maslow é disposta da seguinte forma: a) necessidades fisiológicas (ar, comida, repouso, abrigo, etc); b) necessidades de segurança (proteção contra o perigo ou privação); c) necessidades sociais (amizade, inclusão em grupos, etc); d) necessidades de estima (reputação, reconhecimentos, autorrespeito, amor, etc); e) necessidades de autorrealização (realização de potencial, utilização plena dos talentos individuais, etc). Como principais pontos de destaque da teoria de Maslow, podem-se citar os seguintes: Apenas necessidades não satisfeitas influenciam o comportamento; Inicialmente, todo ser humano é voltado a atender as necessidades fisiológicas, tais como dormir, comer, sexo, etc; As necessidades fisiológicas e de segurança se constituem as necessidades primárias da pessoa; As necessidades sociais, de estima e de autorrealização se configuram como necessidades secundárias, em que as necessidades de autorrealização se suplantam às sociais e de estima, e as necessidades de estima se sobrepõem às sociais, sendo que níveis mais elevados de necessidades somente surgem quando os mais baixos estão controlados. À medida que as necessidades básicas são atendidas, dão lugar às mais elevadas. Todavia, tal fato não é estático, uma vez que uma pessoa pode subir e descer na hierarquia das necessidades em diferentes momentos da vida. Mas nem tudo é tão perfeito, posto que a teoria de Maslow tem sofrido críticas, pois como cita Vergara (2001), a teoria deixa de considerar que as necessidades variam de cultura para cultura e de pessoa para pessoa. Algumas culturas, como a japonesa, por ilustração, colocariam as necessidades afetivo-sociais na base da hierarquia. Também é possível que aí cariocas ponham a necessidade de segurança como primiordial. Por outro lado, Gil (2001) considera a teoria formulada por Maslow muito importante, por ressaltar que as pessoas não necessitam apenas de recompensas financeiras, mas também de respeito e atenção dos outros. Também é motivo de crítica a ideia de hierarquia, como algo linear e escalonado, considerando como exemplo que um jovem de baixa renda pode fazer um enorme esforço para adquirir um tênis de marca só para conseguir reconhecimento social, alterando-se, assim, a sequência pré-estabelecida na hierarquia de Maslow. 3 Teoria de Herzberg Em meados da década de 1960, Frederick Herzberg elaborou uma teoria que trata o ambiente externo e o trabalho do cidadão. Para tanto, foram formulados dois fatores primordiais, que são: a) Fatores higiênicos Seriam às condições que rodeiam o empregadoenquanto trabalha, englobando as condições físicas e ambientais de trabalho, o salário, os benefícios sociais, as políticas da empresa, o tipo de supervisão recebido, os regulamentos internos etc. b) Fatores motivadores Referem-se ao conteúdo do cargo, às tarefas e aos deveres relacionados com o cargo em si, reconhecimento, responsabilidade e crescimento. Produzem efeito duradouro de satisfação e de aumento de produtividade em níveis de excelência, isto é, acima dos níveis normais. Os fatores higiênicos para Herzeberg, segundo Vergara (1999) não são exatamente motivadores, porém a sua ausência cria a desmotivação; já os fatores motivacionais são os que realmente têm poder de impulsionar o individuo e fazê-lo ir além do trivial. Basicamente, segundo DeCenzo e Robbins (2001), a teoria de Herzberg considera que a satisfação no cargo depende de desafios profissionais, enquanto que a insatisfação se dá pelo ambiente, supervisão aplicada, colegas e contexto geral do cargo. Assim, entende-se da formulação de Herzberg que os fatores intrínsecos ao cargo motivam, ao passo que os extrínsecos somente apaziguam os empregados. Vergara (2000) aponta uma falha na referida teoria, argumentando que algumas pessoas atribuem seus sentimentos de satisfação a seus próprios talentos e os de insatisfação às forças ocultas, ao inimigo que está lá fora; logo, satisfação/insatisfação é uma questão de ego. Nesse caso, ainda pelo mesmo autor Herzberg deixou de considerá-lo. 4 Teoria de Vroom Elaborada por Victor Vroom e denominada Modelo Contingencial de Motivação. De forma resumida, a teoria de Vroom seria denominada Modelo Contingencial de Motivação, porque enfatiza as diferenças entre as pessoas e entre os cargos. O nível de motivação de uma pessoa é contingente sob duas forças que atuam em uma situação de trabalho: as diferenças individuais e as maneiras de operacionalizá-las. Segundo Chiavenato (1990), para Vroom existiriam três fatores que influenciam a produtividade do trabalhador: a) objetivos pessoais, que podem incluir dinheiro, segurança no cargo, aceitação social, reconhecimento e trabalho interessante, etc; b) relação percebida entre satisfação dos objetivos e alta produtividade, em que o trabalhador escolhe uma motivação para produzir mais; c) percepção de sua capacidade de influenciar sua produtividade, ou seja, quando o trabalhador percebe o quanto seu esforço influencia em sua produção. Para DeCenzo e Robbins (2001) o modelo de Vroom sugere que a motivação é uma decorrência da valia (valor) dos relacionamentos esforço-desempenho e desempenho- recompensa. 5 Teoria de McGregor O psicólogo Douglas McGregor formulou sua teoria na década de 1960, a qual evidencia duas visões distintas sobre o comportamento humano. Desta forma, McGregor supôs dois tipos de gerenciamento, denominados de Teoria X e Teoria Y. Os adeptos da primeira supõem que a maioria das pessoas não gosta de trabalhar e, consequentemente, sua equipe funciona apenas pela disciplina, autoridade, monitoramento rígido e pela possibilidade de recompensa. Os adeptos da Teoria Y, por sua vez, consideram que seus colaboradores encaram o trabalho como fonte de satisfação, querem progredir e se realizar por meio do trabalho e são capazes de dedicar-se para obter os melhores resultados. Como consequência, os gerentes adeptos da Teoria X tendem a trabalhar afastados de sua equipe, ao passo que os adeptos da Teoria Y costumam partilhar com seus subordinados as decisões a serem tomadas e a dar um retorno antes de serem implementadas as mudanças. Gil (2001), ao relatar sobre a teoria de McGregor, considera que a mesma pode ser resumida da seguinte maneira: Segundo Gil (2001), não seria prudente classificar gerentes apenas como X e Y. O mais provável é que os gerentes se enquadrem num ponto entre as duas, apresentando características de ambas. A seguir, mostramos tabela com perfil dos gerentes da Teoria X e Teoria Y: Gil (2001) entende que não há uma teoria melhor que a outra, visto que um gerente pode sustentar as hipóteses da Teoria Y, mas é possível que julgue necessário assumir um comportamento mais diretivo e controlador com algumas pessoas, visando favorecer seu crescimento na empresa. 6 Teoria de McClelland Elaborada por David McClelland, baseia-se na questão das necessidades – tal como Abraham Maslow – em que foram identificadas três tipos distintos de necessidades a atender: poder, realização e afiliação. Não nascemos com tais necessidades; elas são adquiridas socialmente.Poder refere-se a relações com pessoas; já realização refere-se a status, prestígio, posições de influência; e afiliação diz respeito ao que Maslow chamou de afeto. Realização relaciona-se à autoestima e à autorrealização. Uma alta necessidade de realizar tem sido relacionada de forma positiva com o desempenho superior no trabalho, quando o cargo proporciona responsabilidade,feedback e desafio moderado. 7 Teoria de Skinner Entre os modelos aqui apresentados, um dos mais antigos e clássicos é o modelo de estimulo e resposta de Skinner. Esse modelo baseia-se na ideia de que o comportamento depende de suas consequências e que se torna possível, portanto, controlar, ou, pelo menos, afetar certo número de comportamentos dos empregados mediante a manipulação de suas consequências. De acordo com a lei do efeito, que fundamenta esse modelo, uma pessoa tende a repetir aquele comportamento que foi acompanhado de consequências favoráveis, como é comum em animais que são adestrados para desenvolverem determinadas habilidades motivados por recompensas diretas. Cohen e Fink (2003) resumem a teoria de Skinner focando apenas comportamentos observáveis, esta teoria afirma que o comportamento condicionado se dá em consequência do reforço. Se uma determinada ação for recompensada, então a chance de que essa ação seja repetida aumenta. A ausência de qualquer recompensa reduz a probabilidade de que a ação seja repetida, como ocorre com a punição; mas esta tende a gerar medo ou ansiedade e, consequentemente, um comportamento de fuga. As teorias cognitivas ressaltam as necessidades internas do ser humano, ao passo que o modelo comportamental de Skinner realça as variáveis externas. A principal vantagem é que ele confere maior grau de controle aos gerentes, encorajando-os a analisar o comportamento dos empregados, buscando identificar por que este se repete e com qual frequência. 8 Outras teorias motivacionais Formulada por J. Stacey Adams, a teoria da equidade nas relações de trabalho informa que um funcionário se desmotivará à medida que perceber que há favoritismo para determinado companheiro de trabalho. As pessoas tendem a comparar o seu índice de input/resultado com seus pares, caso haja um desequilíbrio que remeta a um quadro de injustiça percebida, o que afeta o seu comportamento e nível de motivação. Por outro lado, a teoria da expectativa relaciona desempenho e recompensa. Nesse caso, parte-se da tese de que todos os trabalhadores têm uma determinada expectativa em relação à atividade que desempenham, dessa feita quando o resultado esperado não se efetiva gera-se um quadro de descontentamento e de desmotivação. É de extrema importância o reconhecimento prévio das expectativas de cada um, para que assim possam-se criar mecanismos apropriados para atendê-las ou deixar claro desde o início o desalinhamento das expectativas geradas com as possibilidades reais da empresa em atendê-las. 9 Processo de Motivação A priori, pode-se considerar que todo processo de motivação decorre de uma necessidade, ou seja, algo que se deseja, mas não se tem. Para Chiavenato(2009), o processo de motivação compreende seis elementos, que são equilíbrio interno, estímulo ou incentivo, necessidade, tensão, comportamento ou ação e satisfação, conforme figura abaixo: Chiavenato (2009) explica o processo motivacional da seguinte maneira, a necessidade é uma força dinâmica e persistente que provoca comportamento, toda vez que surge uma necessidade, esta rompe o estado de equilíbrio do organismo, causando um estado de tensão, insatisfação, desconforto e desequilíbrio. Esse estado leva o indivíduo a um comportamento, ou ação, capaz de descarregar a tensão ou de livrá-lo do desconforto e do desequilíbrio. Se o comportamento for eficaz, o indivíduo encontrará a satisfação da necessidade e, portanto, a descarga da tensão provocada por ela. Satisfeita a necessidade, o organismo volta ao estado de equilíbrio anterior, à sua forma de ajustamento ao ambiente. Cabe ressaltar que o processo de motivação é cíclico, isto é, à medida que se satisfaz certa necessidade, outras surgem logo em sequência, tornando-nos reféns do que na realidade não temos, a ausência é que nos move. 10 Fatores motivacionais 10.1 Participação nos lucros Os incentivos oferecidos aos trabalhadores, no contexto empresarial atual, em que é necessário rendimento cada vez maior, também se configuram em importante fator motivacional. Atualmente, não basta apenas oferecer remuneração fixa aos funcionários, dado que este é apenas um fator higiênico (lembrando a pirâmide de Maslow). É necessário ofertar recompensas extras, ou seja, algo capaz de incentivar e alterar o ânimo das pessoas, tais como participação nos lucros e resultados da empresa, premiações por tempo de serviço, premiações por desempenho excelente e remuneração variável. A participação nos lucros trata de um sistema que permite contemplar uma parcela em espécie a todos os funcionários da empresa, em função dos resultados alcançados por esta em determinado período de tempo. Assim, segundo Marras (2011), existem aspectos que se relacionam com a participação nos lucros, tais como: 1. Podem ser utilizados critérios de produtividade, qualidade ou lucratividade; 2. O montante distribuído para os empregados a título de participação nos lucros poderá ser deduzido, pelas organizações, como despesa operacional; 3. Pagamento a título de participação nos lucros deverá ser realizado pelas empresas com a periodicidade mínima de seis meses; 4. Valor referente à distribuição de lucros a que se refere a Medida Provisória ficam isentos de encargos trabalhistas e previdenciários; 5. A metodologia de aplicação da distribuição de lucros deverá ser fruto de acord entre empresa e empregados e o instrumento respectivo fica arquivado no sindicato dos trabalhadores da respectiva categoria; 6. Toda empresa deverá estabelecer a sua própria forma de participação nos lucros ou resultados em consonância com os preceitos legais. Sendo assim, há dois tipos de empresas que adotam a participação nos lucros: as inovativas eas estáticas (MARRAS, 2011). As inovativas são aquelas que “captaram a importância do programa e o que este representa em termos de possibilidade de ampliação do leque de estímulos à disposição do trabalhador, para que este se sinta mais valorizado e, portanto, mais produtivo”. Por outro lado, as estáticas apenas cumprem a participação nos lucros somente por exigência legal, sem perceberem alguma contrapartida. Neste sentido, ressalta-se o caso da Participação nos Lucros ou Resultados do setor bancário que foi regulamentado pela Medida Provisória (MP) nº. 794, de 1994 (MARRAS, 2011). No dissídio realizado em Outubro de 2011, os bancários realizaram protestos e reivindicaram aumento de PLR. Algumas agências, inclusive, entraram em greve visando melhores salários e PLR maior. Após negociações, o CONTRAF (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), aceitou a proposta feita pela FENABAN (Federação Nacional dos Bancos), em que ficou acordado: - O piso salarial para caixas sobe de R$ 1.709 para R$ 1.900, em jornada de seis horas. Para a função de escriturário, o piso salarial cresce de R$ 1.250 para R$ 1.400. - Na PLR, houve aumento da parcela adicional de R$ 1.100 para R$ 1.400 e do teto da parcela adicional de R$ 2.400 para R$ 2.800. (fonte: diário do grande ABC - http://www.dgabc.com.br). Segundo Chiavenato (2009), há 10 fatores que influenciam sobremaneira a Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) de uma empresa, os quais são citados abaixo: 1. Cada empresa deve ter o seu sistema próprio; 2. Enfatizar os resultados e não os lucros; 3. Definir metas estratégicas, táticas e operacionais; 4. Utilizar indicadores usuais, simples e confiáveis; 5. Estabelecer uma periodicidade adequada; 6. Proporcionar clareza e simplicidade; 7. Ressaltar a objetividade; 8. Abrangência do programa: deve atingir todos os funcionários; 9. Diferenciação das recompensas; 10. Manter o programa sempre em alta. Desse modo as recompensas organizacionais são ofertadas para que aumentem o espírito de missão na empresa, incentivem o espírito de equipe e agregação de valor à organização. A crítica imposta a este modelo de remuneração estratégica, segundo Marras (2011), reside no conceito controverso de lucro a ser distribuído instituído pelas empresas e muitas delas não tratam este assunto com a transparência necessária. 11 Benefícios No início do século XX, os benefícios davam atenção especial ao tempo fora do trabalho. Mais tarde, era necessário fazer os empregados “felizes e saudáveis” e passou-se a ter preocupações com férias programadas e atividades sociais. Adiante, registrar-se em algum seguro de saúde era essencial. Atualmente, a legislação federal, os sindicatos e a dinâmica do mercado de trabalho fez com o leque de benefícios oferecidos aos trabalhadores aumentasse significativamente. Segundo Chiavenato (2009), benefícios são definidos da seguinte maneira: Certas regalias e vantagens concedidas pelas organizações, a título de pagamento adicional dos salários à totalidade ou à parte de seus funcionários, constitui, geralmente, um pacote de benefícios e serviços que faz parte integrante da remuneração do pessoal. Os benefícios e serviços sociais incluem uma variedade de facilidade e vantagens oferecidas pela organização, como assistência médico-hospitalar, seguro de vida, alimentação subsidiada, transporte, pagamento de tempo não trabalhado, planos de pensão ou aposentadoria, etc. Atualmente, se constituem em importante instrumento de retenção e motivação dos talentos de uma dada empresa. As causas do surgimento e ampliação dos benefícios para os funcionários têm várias razões, entre as quais se podem destacar a competição entre organizações, exigência dos sindicatos e leis trabalhistas, dedução de impostos e preocupação com o bem-estar dos trabalhadores. Os benefícios são importantes sob vários aspectos organizacionais. Primeiramente, pelo custo que representam, os quais têm aumentado nos últimos anos. Depois, pelo impacto que representam na imagem da empresa, visto que algumas oferecem vantagens excepcionais a seus empregados, como forma de retenção de talentos. Por fim, segundo Filho, pela representatividade junto ao quadro funcional, pois tem influência direta na qualidade de vida dos funcionários. Para DeCenzo e Robbins (2001), existe relação entre benefícios e motivação. Como citado anteriormente, uma parte do processo de motivação é a necessidade de cada funcionário. Se forem oferecidos os mesmos benefícios para cada um, estes podem ter pouco efeito na motivação. Entretanto, se os funcionários puderem determinar quais os benefícios mais desejados,a motivação certamente aumentará. Quanto aos tipos, Chiavenato (2005) classifica benefícios em três categorias: quanto à exigibilidade legal, quanto à natureza e quanto aos seus objetivos. 1. Os benefícios de exigibilidade legal são subdivididos em duas categorias: a. benefícios legais, exigidos por lei, tais como férias, 13º salário, aposentadoria, seguro de acidentes do trabalho, salário família e maternidade, etc e: b. benefícios espontâneos, não avocados por lei, sendo proporcionados de forma espontânea pelas empresas. Como exemplo, pode-se citar gratificações, refeições e transporte subsidiados, seguro de vida, dentre outros. 2. Os benefícios classificados quanto à natureza podem ser: a. monetários, em que são oferecidos recompensas em dinheiro, com incidência de encargos sociais, tais como férias, 13º salário, gratificações, etc e; b. não monetários, tais como refeitório, assistência médico-hospitalar e odontológica, serviço social e aconselhamento, clube ou grêmio, horário móvel ou flexível, etc. 3. Os benefícios classificados quanto aos seus objetivos podem ser: a. Assistenciais, que oferecem condições de segurança e previdência em momentos de emergência, tais como planos de previdência social, seguro de vida em grupo, creche para filhos, etc; b. Recreativos, que provém ao funcionário condições físicas e psicológicas de repouso, diversão, recreação e lazer, como clube, áreas de lazer nos intervalos de trabalho, música ambiente, passeios, excursões, etc e; c. Supletivos, visando melhorar a qualidade de vida do funcionário, como por exemplo, transporte, restaurante no local de trabalho, estacionamento privativo, agência bancária no local de trabalho, etc. Como se pode notar pelo acima exposto, Chiavenato (2005) classifica benefícios de forma pormenorizada e detalhada. Outros autores, como Marras e DeCenzo e Robbins (2001), utilizam uma classificação menos abrangente. Para os referidos autores, benefícios são apenas os de exigibilidade legal, como classificou Chiavenato (2009). Quanto aos valores dos benefícios, pode-se dizer que estes atendem a necessidades intrínsecas e extrínsecas dos trabalhadores. As necessidades intrínsecas são aquelas endógenas, de cunho psicológico. As extrínsecas se caracterizam por serem exógenas, com origem no mundo externo do indivíduo, como, por exemplo, incentivos financeiros, serviços, seguros, etc. É importante relevar que benefícios oferecidos aos funcionários são caracterizados, segundo Chiavenato (2009), por possuírem três objetivos básicos: 1. Individuais - procuram atender às necessidades individuais das pessoas, proporcionando uma vida pessoal, familiar e de trabalho mais tranquila e produtiva; 2. Econômicos - visam atrair e reter pessoal. Sendo assim, agem de forma a reduzir fadiga física e psicológica, absenteísmo e rotatividade, dentre outras coisas; 3. Sociais - procuram preencher deficiências, lacunas ou carências da previdência social, do sistema educacional e dos demais serviços prestados pelo governo ou pela sociedade, como transporte, segurança, etc. Na atualidade, um dos benefícios mais valorizados é o subsídio ao estudo. Num país como o Brasil, em que o acesso à educação é restrito aos cidadãos de maneira dramática, muitas vezes, cabe à iniciativa privada o papel de incentivar e subsidiar tal ação. Incentivando o aperfeiçoamento de seus funcionários, seja por meio de cursos de graduação, seja por meio de pós-graduações, entre outras formas. Marras (2011) assim afirma que um dos benefícios mais valorizados atualmente pelos empregados é o subsídio ao estudo. E a cada dia é mais praticada, entre as empresas brasileiras, a política de subvencionar os estudos do funcionário, principalmente (mas, não só) àqueles que tenham relação direta com o tipo de função que o empregado exerce na empresa. 12 Remuneração Um outro fator motivacional é a remuneração dos trabalhadores, a qual é composta pelo salário direto (salário, prêmio, comissões) e indireto (gratificações, horas extras, 13º salário, férias, etc) do trabalhador. O salário percebido por uma pessoa em âmbito organizacional se constitui em um dos principais fatores de motivação. Para Chiavenato (2009) o salário relaciona-se a retribuição em dinheiro ou equivalente paga pelo empregador ao empregado em função do cargo que este exerce e dos serviços que presta durante determinado período de tempo. Tal ferramenta é utilizada largamente como forma de retenção e motivação de talentos, juntamente com benefícios e incentivos ofertados, sendo que estes são a parte variável da remuneração, enquanto que aqueles constituem a parte fixa. Por mais que um emprego ofereça desafios profissionais empolgantes, se a remuneração não for adequada, torna-se muito árduo o processo motivacional. Marras (2011) considera que receber um salário justo, como contrapartida do aluguel da sua força de trabalho, foi, e ainda é, uma das bandeiras que o trabalhador iça diariamente com o auxílio do mastro sindical. Mas é exatamente esse critério de “justiça” que tem deixado os empresários em situações esdrúxulas durante décadas. Segundo Chiavenato (1996), quanto à remuneração, esta teria três componentes básicos, os quais são expostos a seguir: a) remuneração básica: composta pelo salário, mensal ou horário. No jargão econômico, salário é a remuneração em dinheiro recebida pelo trabalhador pela venda de sua força de trabalho; b) incentivos salariais, tais como bônus, participação nos resultados, a fim de se recompensar funcionários com bom desempenho; c) benefícios: seguro de vida, seguro saúde, refeições subsidiadas, etc. Desse modo, diferenciar remuneração de salário se faz necessário, sendo a soma do salário direto e do salário indireto a remuneração total. Assim, a remuneração abrange todas as parcelas do salário direto, como todas as decorrências do salário indireto, ou seja, a remuneração constitui tudo quanto o empregado aufere como consequência do trabalho que realiza em uma organização. A remuneração é gênero e o salário é espécie. Quanto aos tipos de salários, podem-se classificá-los em salário por unidade de tempo, em que se paga de acordo com uma unidade de tempo estabelecida; salário por resultado, em que se leva em consideração a produção do funcionário e salário por tarefa, no qual se usa os dois tipos citados anteriormente. Para se definir salários, deve-se levar em consideração fatores internos, ou seja, organizacionais, tais como política salarial e de RH da empresa, competitividade da empresa, entre outros; e fatores externos, ou ambientais, como situação do mercado de trabalho, conjuntura econômica, sindicatos, negociações coletivas, legislação trabalhista e concorrência no mercado. Numa visão ampliada, deve-se considerar que os rendimentos dos trabalhadores revertem-se em consumo, o que potencializa o mercado como um todo, ou seja, os salários refletem-se no consumo das famílias, sendo este o principal ingrediente de composição do Produto Interno Bruto de cada país ou região. Essa lógica já havia sido percebida por Henry Ford no inicio do século XX, quando este pagava o dobro da média salarial da época, com o intuito de motivar seus funcionários, além de estimular o poder de compra e a força de toda a economia, o que acabava por se reverter a seu favor num verdadeiro “efeito bumerangue”. 13 Recompensas Deve-se dividi-las, primeiramente, em intrínsecas e extrínsecas. As recompensas intrínsecas são seriam as satisfações pessoais que o individuo obtém do seu trabalho (DECENZO; ROBBINS, 2001). Como exemplos, citam-se participação na tomada de decisões, maior liberdade e opinião no trabalho, mais responsabilidade,mais trabalho interessante, oportunidade de crescimento pessoal e diversidades de atividades. As recompensas extrínsecas são classificadas em financeiras e não financeiras. As financeiras “consistem do pagamento que cada empregado recebe na forma de salários, bônus, prêmios e comissões. Por outro lado, as recompensas não financeiras, segundo DeCenzo e Robbins (2001), dizem respeito às instalações preferenciais no escritório, horário de almoço privilegiado, vaga marcada no estacionamento, atribuições de tarefas preferenciais, cartões de visita, secretária pessoal, títulos que impressionam, entre outros. As organizações não costumam aumentar com frequência as recompensas financeiras, mas sim as não financeiras, que visam tornar a vida no cargo mais interessante. Cohen e Fink (2003) debatem a respeito das recompensas: Na maioria dos casos, as recompensas intrínsecas são mais eficazes e duradouras do que as extrínsecas. O enriquecimento e o alargamento do trabalho parecem ser métodos para aumentar suas recompensas intrínsecas. As necessidades primárias de sobrevivências são atendidas adequadamente pelas recompensas extrínsecas, mas as necessidades sociais e de ordem mais elevada são mais bem satisfeitas pelas recompensas intrínsecas. Todavia, as recompensas devem ser estabelecidas de forma bastante criteriosa, visto que cada funcionário tem valores e crenças diferentes. O que é bom para um, pode ser inútil para outro, de acordo com DeCenzo e Robbins (2001), administração de RH deveria tomar o maior cuidado para oferecer a recompensa financeira ‘certa’ a cada pessoa, de forma a que estas se traduzam numa melhora real no desempenho organizacional. Outro aspecto a ser relevado é a combinação de recompensas intrínsecas e extrínsecas. Ao se pensar de forma lógica, chega-se à conclusão de que, quanto maior for o número de recompensas, sejam elas intrínseca ou extrínseca, maior será o desempenho do empregado. No entanto, Cohen e Fink (2003) advertem que há evidências de que, em alguns casos, as recompensas intrínsecas e extrínsecas se relacionam de modo negativo – isto é, podem se chocar. Mais especificamente, em uma situação já intrinsecamente gratificante, o acréscimo de recompensas extrínsecas pode, na verdade, reduzir a eficácia das recompensas intrínsecas. A explicação está na percepção da pessoa que recebe as recompensas. Ademais, as recompensas oferecidas devem levar em conta o conceito de reforço positivo de Skinner, conforme argumenta Chiavenato (2009) todo comportamento é determinado pelas suas consequências. O reforço positivo se fundamenta em dois princípios básicos: as pessoas procuram desempenhar suas atividades de forma a conseguirem obter maiores recompensas ou benefícios, e as recompensas obtidas atuam no sentido de reforçar, cada vez mais, a melhoria do desempenho. 14 Possibilidade de ascensão na carreira A maioria dos funcionários vislumbra oportunidades de crescimento; caso contrário, ficaria estagnado. O termo “carreira” tem diversos significados, no uso popular, pode significar progresso (“Ele está subindo em sua carreira”), uma profissão (“Ela escolheu a medicina como carreira”) ou estabilidade ao longo do tempo (carreira militar). Para os nossos propósitos, vamos definir carreira como: padrão de experiências relacionadas com o trabalho que se estendem pelo curso da vida de uma pessoa. Para Chiavenato (2005) carreira seria uma sucessão ou sequência de cargos ocupados por uma pessoa ao longo de sua vida profissional. Segundo Dutra, carreira se refere à mobilidade ocupacional ou à estabilidade ocupacional. Nos dois casos, entende-se que o termo carreira passa a ideia de um caminho estruturado e organizado no tempo e no espaço que pode ser percorrido por alguém. Antigamente, os planos de carreira eram voltados exclusivamente às organizações, não levando em consideração as vantagens a seus funcionários. Atualmente, esses planos buscam abrange, não só as necessidades da empresa, mas também a de seu quadro funcional. A carreira de um funcionário deve fornecer, conjuntamente, valor para a organização e para o próprio funcionário. Um bom programa de desenvolvimento de carreira traz vantagens como disponibilidade do talento, melhora na capacidade da organização em reter talentos, garantia de crescimento para minorias e mulheres, redução da frustração do empregado, realce da diversidade cultural e desenvolvimento da boa vontade organizacional. No âmbito do valor para o indivíduo, no que tange ao desenvolvimento de sua carreira, pode- se destacar que os trabalhadores contemporâneos também buscam um trabalho interessante e significativo; derivam de um senso de ser o arquiteto de sua própria carreira (DECENZO; ROBBINS, 2001). Alguns aspectos da carreira de um trabalhador: A carreira individual abrange uma variedade de aspectos ou temas individuais: acumulação de símbolos externos de sucesso ou progresso (uma sala maior a cada promoção); definição básica de tipos ocupacionais (ou seja, médicos têm carreiras, apanhadores de cachorros têm empregos); comprometimento de longo prazo com uma área ocupacional específica (por exemplo, militar de carreira); uma série de posições relacionadas com o trabalho; e atitudes e comportamentos relacionados com o trabalho. Com o intuito de desenvolver as carreiras de seus funcionários, segundo Oliveira (2012, p. 1, grifo do autor) as empresas possuem algumas ferramentas: Centros de avaliação - Técnicas de seleção de talentos humanos, como entrevistas, exercícios dirigidos e jogos de empresas utilizados em centros de avaliação. Os centros de avaliação proporcionam retroação sobre as forças e fraquezas dos candidatos e a compreensão de suas habilidades, ajudando-os a desenvolver objetivos e planos de carreiras adequados e realísticos; Testes psicológicos - Utilizados na seleção de pessoal servem para ajudar os funcionários a compreender melhor seus interesses e habilidades; Avaliação de desempenho - É outra fonte de informação valiosa sobre o desenvolvimento de carreira; Funções de promovabilidade - São julgamentos feitos pelos gerentes quanto ao avanço potencial de seus subordinados. Essas projeções ajudam a organização a identificar pessoas que apresentam grande potencial de avanço e ajudam os funcionários a melhorar seus conhecimentos e experiências; Planejamento de sucessão - Focaliza o preparo das pessoas para preencher posições mais complexas. O Leadership Continuity Program (LCP) da American Telephone & Telegraph (AT&T) enfatiza o desenvolvimento e não necessariamente a promoção. Os funcionários recebem novos encargos que servem para prepará-los para assumir crescentes responsabilidades. Os candidatos são selecionados para o LCP na base de três critérios: excelente desempenho sustentável, elevada avaliação entre seus colegas e potencial demonstrado para desempenhar quatro níveis salariais no mínimo acima de seu atual nível. Ademais, Chiavenato (2009) cita que há serviços de informação ao funcionário, em que o quadro funcional é informado a respeito das oportunidades internas. Os mais comuns são: 1) Sistemas de informação sobre oportunidades. a. Funcionários tomam conhecimento de ofertas de vagas; 2) Inventários de habilidades. a. Pode-se traduzi-lo como um banco de talentos, em que são cadastradas as habilidades, conhecimentos e capacidades dos funcionários; 3) Mapas de carreiras. a. Espécie de organograma com as possíveis direções e oportunidades de carreira disponíveis na organização, contendo etapas e degraus existentes para chegar lá; 4) Centro de recursos de carreira. a. Coleção de materiais para o desenvolvimento de carreira, como biblioteca, casos, CD- ROMs,DVDs, tapes e software. Dutra defende que há etapas no planejamento de carreira. Segundo o autor, as etapas seriam as seguintes: 1) Autoconhecimento. i. Etapa mais difícil e importante do processo. As técnicas mais comuns são a análise de realizações, a análise de valores pessoais e a análise de personalidade; 2) Conhecimento do mercado. i. O mercado, dentro e fora da empresa, deve ser sempre analisado observando-se as opções, as tendências, as limitações e as alternativas de desenvolvimento profissional. Muitos orientam suas carreiras considerando o organograma ou o plano de cargos e salários da empresa, o que se constitui num erro, visto que tais elementos refletem o passado e o presente, e quando, se pensa em carreira, deve-se pensar no futuro; 3) Objetivos de carreira. i. Deve-se ter foco, ou seja, saber aonde se quer chegar. A recomendação é procurar estabelecer objetivos centrados no aspecto pessoal utilizando-se de perguntas do tipo: “Como posso estar mais feliz profissionalmente daqui a cinco anos?” Recomenda-se que os objetivos sejam pensados em todas as dimensões relevantes: familiar, social, pessoal, econômico- financeira, etc; 4) Estratégias de carreira. i. Estabelecido o objetivo, define-se qual a estratégia para alcançá-lo. Algumas delas seriam o crescimento na empresa ou no mercado, a diversificação, com a agregação de novas responsabilidades ou atribuições, a integração com a agregação de nova área de trabalho na empresa ou novas ocupações fora dela, a revisão, com a desaceleração ou o reforço de determinadas áreas de atuação e, finalmente, a combinação de todas as estratégias; 5) Plano de ação. i. Após a definição de estratégia, é importante a elaboração de um plano de ação. O plano de ação deve conter metas de curto prazo, indicadores de sucesso, fatores críticos para o sucesso e uma avaliação dos recursos de tempo, dinheiro e aperfeiçoamento necessários; 6) Acompanhamento do plano. i. A avaliação dos resultados das estratégias de carreira deve ser um processo contínuo. Para isso, os objetivos ou metas fixados representam um padrão de mensuração essencial. Além disso, é importante avaliar a consistência das ações e dos próprios objetivos ou metas quanto a valores e interesses, demandas da empresa e da ocupação, demandas do ambiente, praticidade, disponibilidade de informações e recursos, compatibilidade com a vida familiar, lazer e interesses pessoais e nível dos riscos envolvidos. Para elucidar melhor o conceito de carreira, deve-se dizer que toda carreira possui estágios, nas quais o funcionário necessariamente passa, sendo que o tempo de permanência em cada estágio varia conforme o cargo, o funcionário, a empresa trabalhada, etc. DeCenzo e Robbins (2001) reiteram que há cinco fases: 1) Exploração: a. o período de exploração termina para a maioria das pessoas quando se faz a transição dos programas de educação formal para o trabalho. Do ponto de vista da organização, esse estágio é o de menor relevância, já que ocorre antes do emprego; 2) Consolidação: a. começa com a busca por trabalho e inclui conseguir o primeiro emprego, ser aceito pelos colegas, aprender o trabalho e obter a primeira prova concreta de sucesso ou fracasso no mundo real. Começa com incertezas e ansiedades, e é no fundo dominado por dois problemas: encontrar um “nicho” e “fazer sua marca”; 3) Meio de carreira: a. período em que as pessoas podem continuar em suas melhorias anteriores no desempenho, nivelar, ou começar a deteriorar. Embora o desafio de permanecer produtivo no trabalho depois que se torna “calejado” seja um elemento importante desse estágio de carreira, o padrão deixa de ser tão claro quanto era durante as fases anteriores; 4) Fim de carreira: a. momento em que a pessoa pode descansar sobre os louros conquistados, contando com o respeito dos empregados menos experientes. Com bastante frequência, não se espera mais no fim de carreira que a pessoa supere seus níveis de desempenho de anos anteriores; 5) Declínio: a. momento muito difícil na carreira, mas, ironicamente, talvez seja ainda mais difícil para aqueles que tiveram sucesso nos estágios anteriores. Depois de décadas de incessantes realizações e altos níveis de desempenho, chegou o momento de se aposentar. Para se alcançar os objetivos de carreira, é necessário planejá-la. Conforme DeCenzo e Robbins (2001), este planejamento envolve três fases: identificar e organizar habilidades e interesses; converter informações em áreas gerais de carreira e objetivos específicos de trabalho e testar possibilidades de carreira com as realidades da organização e mercado de trabalho. Ainda por DeCenzo e Robbins (2001), para se alcançar os objetivos de carreira, são necessários alguns pontos, os quais são citados abaixo: selecionar o primeiro emprego com todo cuidado; fazer um bom trabalho; apresentar a imagem certa; conhecer a estrutura de poder; adquirir controle dos recursos organizacionais; manter-se visível; não permanecer muito tempo no primeiro cargo; encontrar um mentor; apoiar seu chefe; ter mobilidade; pensar lateralmente; pensar sobre a carreira e habilidades adquiridas; trabalhar para desenvolver uma rede. 1 QVT – Qualidade de Vida no Trabalho Ambiente de trabalho, muitas vezes, influencia sobremaneira o comportamento e a motivação dos funcionários. Caso estes exerçam suas atividades num ambiente desconfortável e inóspito, certamente ficarão desmotivados. Sendo assim, o ambiente de trabalho está inserido no conceito de qualidade de vida no trabalho, que se refere à preocupação com o bem-estar geral e da saúde dos trabalhadores no desempenho de suas tarefas (CHIAVENATO 2009). Nos dias atuais, a QVT envolve aspectos físicos e psicológicos de trabalhadores. Segundo Limongi-França e Arellano (2002) qualidade de vida no trabalho é o conjunto de ações de uma empresa no sentido de implantar melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais no ambiente de trabalho. Segundo a autora, atualmente novos paradigmas se aplicam ao conceito de QVT, entre os quais se destacam saúde, ecologia, ergonomia, psicologia, sociologia, economia, administração e engenharia. Para Limongi-França e Arellano (2002) a QVT se caracteriza como gestão dinâmica e contingencial de fatores físicos, tecnológicos e sociopsicológicos que afetam a cultura e renovam o clima organizacional, refletindo-se no bem-estar do trabalhador e na produtividade das empresas. A qualidade de vida no trabalho se apoia em características objetivas das tarefas realizadas no ambiente organizacional. A autora propôs, baseada em diversos autores, o “modelo das dimensões básicas da tarefa.” Tal modelo pressupõe que as “dimensões da tarefa” influenciam os “estados psicológicos críticos”, que, por sua vez, determinam os “resultados pessoais e de trabalho”. A “necessidade individual de crescimento”, porém, exerce forças em toda a cadeia de fatores determinantes da QVT. Em 1976, foi proposto um modelo conceitual para se avaliar a QVT nas organizações, que passou a ser conhecido pelo nome do seu idealizador, Modelo de Walton, o qual é composto por oito categorias: 1) Remuneração justa e adequada: trata-se da relação do salário com outros trabalhos, desempenho da comunidade e padrão subjetivo do empregado. Em síntese, equidade salarial; 2) Segurança e salubridade do trabalho: os trabalhadores não devem ser expostos a condições ambientais, nem a riscos que possam ameaçar sua saúde; 3) Oportunidade de utilizar e desenvolver habilidades: o uso e o desenvolvimento das capacidades devem atender a certascondições, como autonomia, variedade de habilidades, informação e perspectiva da atividade, significado e planejamento da tarefa; 4) Oportunidade de progresso e segurança no emprego: manifestam-se no desenvolvimento pessoal, no desenvolvimento da carreira, na possibilidade de aplicação de novas habilidades, na sensação de segurança no emprego e na remuneração; 5) Integração social na organização: um ambiente favorável nas relações pessoais é atingido com ausência de preconceitos, democracia social, ascensão na carreira, companheirismo, união e comunicação aberta; 6) Leis e normas sociais: o grau de integração social na organização está relacionado com o direito à privacidade e à liberdade de expressão de ideias, com tratamento equitativo e normas claras; 7) Trabalho e vida privada: as condições de crescimento na carreira não devem interferir no descanso nem na vida familiar do empregado; 8) Significado social da atividade do empregado: a atuação social da organização tem significado importante para os empregados, tanto em sua percepção da empresa, quanto em sua autoestima. A QVT abrange duas posições: a dos funcionários, que necessitam de bem-estar e satisfação no trabalho, como também a das empresas, que vislumbram aumentos de produtividade e qualidade. Existe relação direta entre motivação e QVT. As empresas necessitam de funcionários motivados para exercer suas funções e que sejam devidamente recompensadas por isso, conforme defende Chiavenato (2009), a competitividade organizacional – e obviamente, a qualidade e produtividade – passa obrigatoriamente pela QVT. Para bem atender o cliente externo, a organização não deve esquecer o cliente interno. Isso significa que, para satisfazer o cliente externo, as organizações precisam antes satisfazer os seus funcionários responsáveis pelo produto ou serviço oferecido. Ainda por Chiavenato (2009) outro modelo amplamente divulgado e utilizado é o de Nadler e Lawler que compreende 4 elementos básicos: 1- Participação dos funcionários nas decisões; 2- Enriquecimento de tarefas e de grupos; 3- Inovação no sistema de recompensa para influenciar o clima organizacional; 4- Melhoria no ambiente de trabalho (físico, psicológico...). Os componentes da QVT, de acordo com Chiavenato (2005), são os seguintes: 1) A satisfação com o trabalho executado; 2) As possibilidades de futuro na organização; 3) O reconhecimento pelos resultados alcançados; 4) O salário percebido; 5) Os benefícios auferidos; 6) O relacionamento humano dentro do grupo e da organização; 7) O ambiente psicológico e físico de trabalho; 8) A liberdade e responsabilidade de tomar decisões e; 9) As possibilidades de participar. Unidade 2 - LIDERANÇA 1.1 Liderança, o que é? Segundo Quinn et al (2003) a liderança vem sendo definida de forma mais ampla, reconhecendo que os gerentes precisam de competências tanto técnicas quanto interpessoais. Ao analisar sob o aspecto da visão da educação e formação dos gerentes é que se reconhece o potencial não só de informar, mas também, de transformar. Informar é fornecer novas informações; já transformar consiste em auxiliar a descobrir e tornar-se um novo indivíduo, mais capaz de compreender e lidar com a mudança. As lideranças são de suma importância no sucesso das organizações. Pode-se dizer que a competência para desenvolver uma cultura de liderança adequada aos tempos de hoje, e às características de mercado e da empresa, talvez sejam as que tenham maior potencial para provocar mudanças. Os líderes têm elevada capacidade de influenciar outros indivíduos devido a diferentes fatores, que podem ser resultado de poder legítimo, o qual é decorrente do cargo ou posição que exercem, ou, por outro lado, através de poder de referência, ou seja, em função das qualidades que manifesta ou do carisma que possui. Ainda poderá ser resultado do que se chama de poder do saber, que resulta de algum tipo de conhecimento estratégico para a organização e que é dificil de encontrar ou copiar. Stephen Robbins (2002) em seu livro Organizational Behavior, argumenta que várias definições e controvérsias existem quando se comenta respeito do tema liderança, mas o que parece comum à maioria delas é que liderança envolve um processo de influenciar pessoas. As diferenças entre elas estão mais ligadas ao uso de autoritarismo, de recompensa e punições para exercer tal influência. Outro ponto importante é quando há diferença entre líderes e gerentes. Abraham Zaleznik (1977), da Escola de Administração de Harvard, argumenta que líderes e gerentes são tipos diferentes de pessoas. Diferenciando-se em motivação, história pessoal e na forma de pensar e agir. Para Zaleznik (1977), gerentes tendem a adotar uma atitude impessoal, senão passiva, diante dos objetivos. Os líderes têm uma atitude pessoal ativa na mesma situação. Líderes trabalham com posições de alto risco; são, geralmente, temperamentais e dispostos a correr riscos e percorrer caminhos perigosos, especialmente quando a oportunidade e as recompensas são elevadas. Gerentes preferem trabalhar com pessoas e evitam atividades individuais. Pode-se acrescentar ainda, a definição de Senge (2005). Para ele, líderes são pessoas que “caminham na frente”, sinceramente compromissadas com as mudanças profundas em si mesmas e em suas organizações. Lideram pelo desenvolvimento de novas habilidades, novos recursos e novos empreendimentos. E provêm de várias partes de uma organização. De certa forma, olhando agora sob a luz do comportamento da liderança. Keith Davis e John W. Newstrom (1992) relatam que as pessoas têm-se preocupado com a natureza da liderança desde o início dos tempos. As primeiras pesquisas tentaram identificar os traços dos líderes e dos não líderes ou, então, as diferenças entre líderes bem-sucedidos e mal sucedidos. Alguns estudos focalizaram fatores de personalidade, como inteligência, ambição e agressividade; outros examinaram características físicas, como altura, força e atratividade. De uma forma genérica não emergiu nenhum conjunto mais consistente de traços que se apresentasse estável entre grupos e tarefas, apesar de contínuas tentativas. Uma pergunta que se apresenta é se a liderança pode ser ensinada ou, por outro lado, se é uma característica inata, ligada à genética e assim impossível de ser aprendida por quem não apresenta esses traços. Hoje em dia, parece tornar-se hegemônica a corrente que defende a possibilidade de desenvolverem-se as características inerentes a um líder, não sendo este determinado pela loteria genética. Grandes líderes são grandes instrutores que realizam seus objetivos por intermédio das pessoas a quem ensinam a serem líderes e não seguidores. Líderes vencedores dão prioridade pessoal à tarefa de ensinar, e utilizam todas as oportunidades para aprender e ensinar, pois têm valores e ideias claras, baseadas em conhecimentos e experiências, e articulam suas ideias com as dos outros. O interesse em desenvolver este assunto tem como referência o que o desenvolvimento das Organizações tem como ponto central, a liderança. Segundo Warren Bennis e Nanus (1997), no esforço para compreender e participar melhor desta era de mudança, trata-se o assunto de liderança como o ponto central da mesma maneira como o progresso é criado e do modo como as organizações se desenvolvem e sobrevivem. Embora a administração e a liderança sejam, muitas vezes, confundidas, há diferenças significativas entre as duas. ADMINISTRAR = ocasionar, realizar, assumir a responsabilidade, conduzir. LIDERAR: influenciar, guiar em direção ao curso, ação, opinião A liderança já foi tratada como algo centradoem uma pessoa com referências e qualidades de herói. Porém o conceito de liderança atualmente é tomado de forma distribuída na organização num processo formado pela atuação de muitos líderes, pois, na busca de melhoria da produtividade e da preparação contínua para o desempenho da competitividade, torna-se importante investir no desenvolvimento do processo, com o propósito de integrar e valorizar as competências das pessoas. O processo de liderança, para Kotter (1998) estaria associado à forma como as pessoas: a) determinam a direção na qual a Organização deve caminhar; b) criam uma visão do futuro; c) são capazes de persuadir os funcionários e outras pessoas importantes a aceitar ideias novas e implementá-las; d) transferem o poder para as pessoas para que elas façam as coisas acontecerem. Assim, a liderança vista como processo associa-se à direção de uma visão do futuro. Cada vez mais, a liderança nas empresas não é exercida por uma única pessoa, mas por várias de uma forma dialógica e participativa. As companhias são muito complexas e o ambiente está mudando rápido demais para que uma só pessoa possa lidar com tudo isso sozinha. Para criar organizações com muitos líderes, condições de liberdade e autonomia devem ser criadas. As pessoas se preocuparão menos com a defesa de seus espaços e acreditarão que, ao cuidar da organização, estão cuidando de si mesmas; é preciso liderar o espírito empreendedor (todos os empregados revezando-se na liderança, ultrapassando os tradicionais conceitos de hierarquia). Portanto, o conceito é dinâmico, de forma que com muitos líderes tenha-se uma organização que está sempre aberta ao novo e em contínuo processo de aprendizagem. 2 Estilos de Liderança Quando se analisa a questão da liderança, percebe-se facilmente que existem diferentes estilos e que cada uma tem maior aderência a uma determinada realidade, não havendo superioridade absoluta de um dos estilos sobre os demais, mas antes uma adequação e um alinhamento de cada estilo em relação a organizações e situações específicas. A seguir descrevem-se os 4 tipos básicos, liderança autocrática, democrática, liberal e paternalista, sendo que cada uma destas apresenta diversas variações e, muitas vezes, manifestam-se de forma híbrida. Liderança autocrática: Neste estilo específico há uma centralidade na tarefa e no fim em si mesmo, o que se manifesta por um comportamento autoritário ou diretivo. Este tipo de liderança é exercida de forma individual, centralizadora, partindo de uma hierarquia rigidamente verticalizada. Geralmente não há uma lógica previsível, já que está intimamente ligada à visão e comportamento do líder, que não delega nem abre possibilidade de diálogo. É um estilo dominador e personalista e é especialmente bem-sucedido em organizações que exigem respostas rápidas e extremas, como exércitos, corpo de bombeiros, polícia. Liderança democrática: É um estilo de liderança que se caracteriza pelo caráter participativo e consultivo, em que há abertura para o diálogo e a busca por engajamento da equipe na tomada de decisão. O líder é mais um articulador e indutor do debate, que resultará na busca conjunta por soluções para a organização. Este modelo de liderança vem crescendo e demonstra-se adequado à realidade atual, cada vez mais complexa e que necessita de diferentes pontos de vista, além de resultar num maior engajamento e comprometimento do grupo, potencializando os resultados da organização. Liderança liberal ou Laissez faire: Neste estilo de liderança é dado às pessoas liberdade e autonomia para desenvolverem seus projetos. É especialmente apropriada em ambientes maduros em que a criatividade e inovação são fundamentais e, dessa forma, poderão ser estimulados quando se garante liberdade. É comum encontrar este estilo de liderança em agências de propaganda, centros de pesquisa científica e demais ambientes de tecnologia de ponta. Liderança paternalista: Este estilo de liderança é, muitas vezes, misturado com outro estilo, principalmente o autocrático, em que o líder age como um pai para com seus liderados, atrofiando a autonomia do grupo e manifestando-se como protetor, evitando conflitos e contradições. Geralmente este estilo de liderança reduz o potencial dos liderados e atrofia a própria organização que tende a comportamentos passionais e, por vezes, fora da lógica exigida pelo universo corporativo. 3 Transição das teorias de liderança A evolução das teorias de liderança está esquematizada no quadro a seguir: 4 A teoria dos traços de personalidade Segundo Robbins (2002) esta teoria foi desenvolvida por volta de 1900 e defende que as características de um líder são inatas, a pessoa nasce ou não com ela, numa visão determinista da realidade. Havia um esforço na época em mapear as características comuns aos líderes, buscando-se um denominador comum que apontasse para um modelo que seria reconhecido no seio da sociedade, quase como um individuo “predestinado”, “um eleito”. Por estar relacionada a julgamentos e percepções, não é possível uma correlação precisa de ação com os resultados do líder. Busca-se encontrar traços sociais, físicos, intelectuais ou de personalidade que possam diferenciar os líderes de outros indivíduos. As pesquisas em torno dos traços de personalidade dividem-se em: 1) traços físicos: energia, peso, aparência; 2) traços intelectuais: entusiasmo, autoconfiança, agressividade, adaptabilidade; 3) traços sociais: cooperação, habilidades interpessoais e administrativas; 4) traços relacionados com a tarefa: impulso de realização, iniciativa e persistência. Segundo Robbins (2002) dezenas de estudos sobre identificação de traços, responsáveis pela liderança, surgem a partir dos anos 1960, época em que se identificaram em líderes cerca de oitenta traços de personalidade. Por volta dos anos 1990, em decorrência de vários estudos, observou-se que sete traços da personalidade diferenciam os líderes dos não líderes: Destes traços da personalidade, o principal, segundo Bergamini (1997), é a inteligência. Parece que pessoas inteligentes, de forma genética, detêm posições de liderança nas organizações. Gardner, autor da Teoria das Inteligências Múltiplas, enfatiza que na grande maioria dos líderes é encontrada a inteligência linguística, a qual concentra o grande poder de comunicação e convencimento encontrada nos líderes. Este modelo é visto atualmente como reducionista e determinista, considerando um individuo como líder em qualquer situação, o que reduz a complexidade da vida real. Alguns pesquisadores enaltecem que líderes precisam ser pensadores criativos e inovadores. Para isso, fortes traços de personalidade devem ser desenvolvidos. Com base nas últimas descobertas Robbins (2002), relata que se podem extrair as seguintes observações: 1. Que os traços de personalidade podem indicar a liderança, relevantes, esses traços não se mostram nem suficientes para assegurar por si mesmos o sucesso da liderança de forma ampla; 2. Os traços funcionam melhor para prever o surgimento da liderança do que para distinguir entre líderes eficazes e ineficazes. 5 A teoria comportamental A teoria comportamental , segundo Jesuíno (1996), tem como exemplo mais conhecido a grade gerencial de Blake e Mouton (1964), que apresenta o estilo gerencial como uma combinação de dois comportamentos observáveis: (a) preocupação com as pessoas e (b) preocupação com a produção. A teoria dos traços de personalidade no estudo da liderança baseia-se nas características pessoais dos líderes, mas, de acordo com Robbins (2002), mostra-se ineficiente para identificar líderes eficazes. Os estudiosos da liderança nas décadas de 1950e 1960 começaram a analisar o comportamento de certos líderes, na tentativa de isolar as características comportamentais dos líderes eficazes. De acordo Robbins (1999), baseado nas constatações de Stoner (2003), a evolução da teoria dos traços, a análise dos comportamentos, ao invés de os pesquisadores tentarem descobrir o que os líderes eram, buscaram descobrir o que os líderes eficazes faziam, pelo modo como se comunicavam e tentavam motivar os subordinados e como delegavam tarefas. Os estudos das abordagens comportamentais sugerem que é o comportamento do líder e não as características de personalidade que determinam a eficácia da liderança. Por exemplo, o líder de comportamento autocrático, centralizador e autoritário depende do poder legítimo, de coerção e recompensa. O líder de comportamento democrático, ao contrário, delega autoridade, encoraja os subordinados, divide o poder com o grupo. No início dos anos 1950, pesquisadores americanos da Universidade de Ohio e da Universidade de Michigan buscaram, simultaneamente, identificar dimensões independentes do comportamento do líder. Este estudo se inicia com diferentes dimensões e se afunilam em duas categorias fortemente responsáveis por boa parte do comportamento de liderança. Os pesquisadores R. R. Blake e J. S. Mouton, segundo Jesuíno (1997), ambos da universidade do Texas, propõem uma linha bidimensional de liderança chamada de grade de liderança. Essa grade, de maneira semelhante às teorias desenvolvidas pelas universidades de Ohio e Michigan, estabelece os seguintes estilos comportamentais de liderança: estilo voltado às pessoas e estilo voltado à produção. Por meio de representação gráfica, com linhas e colunas, percebe-se nessa grade nove posições possíveis em cada linha e coluna, totalizando oitenta e uma posições diferentes. Com base nesses estudos, os autores descobrem que os líderes com alto comportamento voltado à produção e grande preocupação com as pessoas, simultaneamente, têm melhor desempenho. Assim, percebemos que, de uma forma geral, essas teorias comportamentais não levam em conta fatores situacionais, que podem levar ao sucesso ou fracasso, ou seja, as contingências e a dinâmica do dia a dia são desconsideradas, e passam a ser o centro das teorias que vieram posteriormente e que se apresentam a seguir. 6 A Teoria Contingencial ou Situacional A Teoria Contingencial ou Situacional parte do princípio de que o líder pode assumir diferentes posições conforme a situação, sendo a capacidade de adaptação e sensibilidade às contingencias ambientais fundamental para uma liderança efetiva. Além do mais, esta teoria parte do princípio de que diferentes situações podem fazer emergir diferentes líderes, já que em momentos específicos demandam-se características distintas e que poderão vir de diferentes indivíduos. Os primeiros estudos voltados ao entendimento da possibilidade de adequação de um estilo de liderança a uma contingência organizacional determinada foram efetivados pelo americano Fred E. Fiedler. Fiedler, segundo Robbins (1999), sugere que a eficácia do desempenho do grupo depende da adequação entre o estilo do líder em relação ao grau de controle que a situação lhe proporciona. Em outras palavras, segundo Schermerhorn (1999), a ideia de Fiedler é combinar o estilo do líder com a situação mais favorável para seu sucesso, a partir do diagnóstico do estilo de liderança e a situação organizacional. Ele acreditava que era fundamental reconhecer o estilo básico de liderança do indivíduo. Se o estilo de liderança foi escolhido adequadamente, as pessoas agem de bom grado em um ambiente de trabalho eficaz. Com esse propósito, Fiedler elabora um questionário denominado Least Preferred Coworker (LPC). Este questionário visa medir o estilo da liderança direcionado para o relacionamento versus o estilo direcionado para a tarefa. Segundo Schermerhorn (1999), um líder voltado para o relacionamento tem alta consideração pelas pessoas, ao passo que o líder que se preocupa mais com a tarefa prioriza a relação da tarefa e a produção. O questionário LPC contém dezesseis adjetivos contrastantes (como aberto-reservado, apoiador-hostil, eficiente-ineficiente, alegre-desanimado). Solicita-se aos respondentes que mentalizem todos os colegas com quem já trabalharam, classificando-os em uma escala de 1 a 8, em todos os dezesseis pares de adjetivos. A esse respeito, Robbins (1999) recorre à explicação de Dubrin: a lógica é que, quando as pessoas descrevem o colega de trabalho menos preferido usando termos positivos, essas pessoas são voltadas para o relacionamento. Por outro lado, as pessoas que descrevem o seu colega menos preferido usando termos negativos estão mais voltadas para as tarefas. O controle situacional, ou favorecimento do líder, pode ser entendido como o grau em que o líder pode influenciar e controlar os resultados do esforço de grupo e são baseados em três fatores relacionados abaixo, em ordem de importância: 1. relações líder-membro: grau em que os membros do grupo aceitam e apoiam o seu líder. 2. estrutura da tarefa: grau no qual o líder sabe com precisão o que fazer e com que nível de detalhamento define as tarefas a serem realizadas. 3. posição de poder: grau em que a organização provê ao líder os meios para recompensar e punir os membros do grupo e a autoridade formal adequada para fazer com que o trabalho seja realizado. Os estudos de Fiedler concluem, segundo Robbins (1999), que o estilo motivado pela tarefa produz geralmente os melhores resultados quando o líder tem um controle muito alto, ou muito baixo, da situação. Já o estilo motivado pelo relacionamento apresenta maior eficiência quando está sob controle moderado ou intermediário. Fiedler discorre ainda sobre um estilo intermediário de liderança, denominado socioindependente, situado entre o motivado pela tarefa e o motivado pelo relacionamento. 7 A Teoria de Hersey e Blanchard, Os pesquisadores Paul Hersey e Kenneth H. Blanchard (1986) desenvolvem um modelo de liderança situacional combinando o estilo de liderança com o que denominam prontidão nas habilidades e na motivação dos membros do time. A situação estruturada por Hersey e Blanchard (1986) baseia-se nas variáveis: comportamento do líder voltado para a tarefa, que envolve deveres e responsabilidades dos liderados, além de habilidade em se comunicar, em ouvir, prover, encorajar e orientar. O conceito se baseia no estilo de liderança mais eficaz, que depende do nível de prontidão dos liderados, ou membros do time. Hersey e Blanchard (1986) definem prontidão na liderança situacional como a medida em que um integrante do grupo tem a habilidade e a disposição para realizar um trabalho específico. O conceito de prontidão, com esses dois componentes não é propriamente um traço ou uma característica; refere-se a uma tarefa específica. A habilidade é o conhecimento, a destreza e a experiência da pessoa ao executar uma tarefa específica. A disposição é a motivação, a vontade, o grau de empenho e comprometimento da pessoa em realizar uma tarefa específica. Segundo a teoria em questão, o comportamento do líder segue uma linha curva, flexível que analisada num gráfico cartesiano, tem no eixo das abscissas, o comportamento do líder voltado para a tarefa e no eixo horizontal das ordenadas, o comportamento voltado para o relacionamento. A prontidão do servidor, por sua vez, varia conforme tabela abaixo: A teoria de Hersey e Blanchard (1986), segundo Robbins (2002), tem um apelo intuitivo; reconhece a importância dos liderados e está baseada na lógica de que líderes podem compensar as limitações motivacionais e de capacitação deseus seguidores. Neste contexto, pode-se afirmar que deve existir uma combinação de estilos de liderança aplicados aos níveis de maturidade dos subordinados, porém sempre considerando cada situação, cada tarefa específica e cada peculiaridade dos processos. Acrescente-se a isso variáveis sociais, políticas, tecnológicas, econômicas, culturais e legais que exercem influência na adaptação do comportamento do líder contemporâneo. 8 A teoria da liderança carismática Segundo Robbins (2002), estas teorias são continuidade da Teoria da Atribuição na medida em que se destacam atos heroicos nas ações do líder. Destacam-se quatro características do líder: Em relação à teoria da liderança carismática, Robbins (2002) suscita as seguintes questões, Se o carisma é desejável, podem as pessoas aprender a serem líderes carismáticos? Ou esses líderes já nascem com essa qualidade? A teoria da liderança carismática está centrada na ideia de que os seguidores do líder atribuem a ele capacidades heroicas ou extraordinárias de liderança quando observam certos comportamentos. Os estudos de liderança carismática explicam que líderes carismáticos emergem com maior probabilidade em política, religião, em tempos de guerra, ou quando a empresa está introduzindo um produto radicalmente novo ou enfrentando uma crise que ameaça sua existência, ou seja, em situações extremas. O líder, nessa teoria, desenvolve a habilidade de motivar os subordinados para superarem seu desempenho esperado. Tem a habilidade de inspirar, e sua visão e energia pessoal provocam mudanças significativas em suas organizações. Outros estudos buscaram identificar as características pessoais dos líderes carismáticos. O estudo de J. A. Conger e R. N. Kanungo, referenciado por Robbins (2002), por exemplo, elenca cinco características que diferem os líderes carismáticos dos não carismáticos, as quais são citadas a seguir: a) Visão e articulação. Eles têm uma visão – tida como uma meta idealizada – que propõe um futuro melhor que ostatus quo. São capazes de esclarecer a importância da visão em termos compreensíveis para os demais. b) Risco pessoal. Estão dispostos a correr riscos pessoais, sofrer altos custos e submeter-se ao autossacrifício para atingir sua visão. c) Sensibilidade ao ambiente. São capazes de fazer avaliações realistas das eliminações ambientais e dos recursos necessários para a realização da mudança. d) Sensibilidade às necessidades dos liderados. São perceptivos em relação às capacidades dos outros e sensíveis às suas necessidades e sentimentos. e) Comportamentos não convencionais. Engajam-se em comportamentos que são percebidos como novidades e que vão contra as normas. Como se sabe, os cenários de mudança e crescente competitividade de mercados obrigam os executivos de empresas a desenvolverem relacionamentos de confiança com quem pretendem liderar. Os vínculos de confiança entre líderes e liderados corroboram com a estrutura mais enxuta na liderança das organizações, substituindo as regras burocráticas na definição dos relacionamentos. Líderes com visão e com carisma tendem a abreviar o tempo para desenvolver a confiança dos liderados. Stoner e Freeman, segundo Robbins (2002), dão sua contribuição para que se compreenda a influência exercida pelos líderes carismáticos chamando a atenção para o que denominam de “Romance da Liderança”. Esses autores se referem às circunstâncias em que os liderados desenvolvem visões romantizadas, ou idealizadas, a respeito do que os líderes fazem, do que podem realizar, e de como podem afetar a vida dos seguidores. Essas visões românticas se desenvolveram porque a maioria de nós acha difícil entender o funcionamento dos grandes e complexos sistemas de nossa sociedade, por isso então voltamo- nos para os líderes para simplificar nossas vidas. Pode ser que as pessoas precisem de uma visão romantizada dos líderes para ajudá-las a se concentrar e alcançar os objetivos da empresa. Nesse caso, o líder será capaz de influenciar e motivar enquanto retiver a confiança dos seguidores. Perdida essa confiança, a eficácia do líder diminuirá, não importando o que ele faça. Robbins (2002) sugere que Robert J. House trazem contribuições tangíveis relacionadas ao comportamento de líderes carismáticos. O líder carismático tem a necessidade de influenciar os outros e se utiliza de altos níveis de autoconfiança e forte convicção da correção moral de suas crenças. Existe, no entanto, um risco de líderes carismáticos envolverem emoção, paixão e comprometimento dos liderados, manipulando-os e conduzindo-os a ações indesejáveis. 9 A Teoria da liderança Visionária Esta teoria vai além da liderança carismática. Nanus (1992), autor da primeira publicação a esse respeito, define a liderança visionária como: Robbins (2002) a refere em sua obra, argumentando que a liderança visionária é a capacidade de criar e articular uma visão realista, crível e atraente do futuro para uma organização ou unidade organizacional que cresce e melhora a partir do presente. Essa visão, se selecionada e implementada apropriadamente, é tão energética que, na verdade, dá partida para o futuro, clamando por habilidades, talentos e recursos para fazê-lo acontecer. A liderança visionária ocorre quando os líderes ampliam e elevam os interesses dos seus liderados, quando geram a conscientização e a aceitação dos propósitos e da missão do grupo, bem como quando incentivam os liderados a olhar além de seu próprio interesse, vendo o bem dos demais. Jones (1995) em seus estudos, afirma que quando a visão é comunicada e transcendida para um propósito maior, gera uma maior produtividade e uma pré-disposição para a ação. Aborda um exemplo de dois grupos de uma fábrica de aviões que receberam orientações diferentes para a mesma tarefa e os resultados foram completamente diferentes. Para o primeiro grupo o líder simplesmente informou que a tarefa deveria ser realizada. Já o segundo grupo recebeu informações sobre como cada peça iria montar um fantástico avião e como a contribuição individual de cada um seria importante para o sucesso do avião. O segundo grupo apresentou uma produtividade superior evidenciando a força de uma visão na realização de uma tarefa. Os líderes visionários são especialmente dotados da capacidade de transformar velhosparadigmas e criar estratégias fora dos pensamentos convencionais. Estes tipos de líderes fazem uso da razão e intuição. Nannus (1992) em seus estudos, afirma que a visão é a chave da liderança, e que o trabalho do líder visionário é composto de quatro tarefas: a) estabelecer uma visão; b) ser agente de mudanças; c) negociar e defender esta visão; d) treinar e inspirar a equipe a seguir a visão. Concluindo, vale considerar que as teorias de liderança foram evoluindo de acordo com a complexidade do mundo organizacional e foram se ajustando até os dias de hoje. Partindo de um modelo estático, conforme abordagem da teoria dos traços, para um modelo inspirador de uma visão futura, conforme abordagem da teoria da liderança visionária. Vale ressaltar também que a liderança atua como uma mola propulsora e motivadora na condução das ações das pessoas e, sem dúvida, assume um papel muito importante no clima de uma organização. 10 O líder que se anuncia Conley (1996) escreveu sobre o líder do futuro como alguém entusiasmado com o aprendizado que, segundo ele, ocorre ouvindo, observando tendências, avaliando sucessos e erros do passado, percebendo e antecipando necessidades do mercado. Ele enfatiza que a liderança pode ser desmembrada em três funções: explorar, alinhar e dar autonomia – empowerment. Bennis
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