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Unidade 1 – Noções de Administração Empresarial Inicialmente gostaria de registrar que a administração é considerada fundamental para solucionar os problemas que atingem o mundo moderno, tornando-se uma das mais importantes atividades a serem desempenhadas. Você já parou para pensar em como a administração é importante e essencial para a condução das atividades de diversos tipos de organização? Seja nas indústrias, nas empresas do comércio, em organizações de serviços públicos, hospitais, universidades, instituições militares, religiosas, em organizações sem fins lucrativos ou em qualquer outra forma de empreendimento humano? Todas essas organizações precisam ser bem administradas para fazer com elas consigam utilizar corretamente seus recursos (que são limitados!), atingir corretamente seus recursos (sejam eles financeiros ou não) e cumprir com suas funções sociais e econômicas. Neste sentido, ressalvo que é muito importante estudar a administração, pois ela está presente em nosso cotidiano. Além disso, temos o interesse de melhorar a administração nas organizações que nos cercam. Após essa breve introdução sobre a importância da administração para as organizações e para a sociedade, é importante apresentar a você as origens da administração enquanto ciência e as principais teorias administrativas (ou também chamadas de escolas da administração) desenvolvidas ao longo do tempo. 1. Principais escolas da administração É importante lembrar que nosso foco não é o aprofundamento no conhecimento das teorias, mas sim, apontar os pontos chaves no desenvolvimento das principais teorias administrativas, uma vez que todas elas auxiliaram e ainda auxiliam os administradores a tomar suas decisões e organizar seus negócios da forma mais produtiva possível. Para iniciar é interessante voltar ao passado e entender como teve início a utilização da administração e os principais influenciadores da formalização das teorias. Porém, vale ressaltar que desde o início das civilizações percebe-se a utilização da administração, mesmo antes dela se tornar uma ciência! É válido lembrar também que muitos personagens da história, e até mesmo da Bíblia, colocaram em prática conceitos da administração sem saber que o estavam fazendo. Chiavenato (2003) cita que a criação e a formalização das teorias administrativas sofreram influência de vários antecedentes históricos, como por exemplo: Influência dos filósofos: a elaboração das teorias na área administrativa foi influenciada pelo pensamento de vários filósofos como Sócrates, Platão, Aristóteles, Francis Bacon, René Descartes, Thomas Hobbes, Jean-Jacques Rousseau e Karl Marx. Influência da organização da Igreja Católica: a Igreja Católica influenciou por meio de sua estrutura, da hierarquia de autoridade e da coordenação funcional. A organização da Igreja Católica se concentra no comando de uma única pessoa, que é o papa, e essa estruturação serviu de modelo para muitas organizações e é útil até nos dias atuais. Influência da Organização Militar: as organizações militares possuem regras rígidas, escala hierárquica totalmente definida, definição das responsabilidades de cada membro, e até a organização das guerras serviu de inspiração para a administração. Aliás, o campo da estratégia empresarial é fortemente influenciado pelos termos, conceitos e práticas dos antigos generais. Mas um ponto é importante deixar claro neste momento: mesmo sendo colocada em prática desde as primeiras civilizações, a formalização dos postulados científicos da administração somente tiveram início no século XX pelo estudo sistemático do trabalho; e é sobre esses postulados que vamos falar nas próximas páginas. São muitos os autores brasileiros e estrangeiros que fizeram uma síntese das teorias administrativas, no entanto, está longe deles entrarem em um acordo quanto à divisão correta destas teorias. Portanto, o que se percebe com freqüência é que o estudo da administração foi dividido em abordagens com enfoques diferenciados. Essas abordagens tinham como foco a realização de propostas sobre como as organizações deveriam gerenciar suas atividades. Cada uma delas tinha uma visão particular da organização e os autores que faziam parte dessas escolas defendiam suas ideias, no sentido de evidenciar os pontos que acreditam ser importantes na condução das atividades organizacionais. 1.1 Abordagem Clássica da Administração A Abordagem Clássica da Administração é composta pela Administração Científica, Teoria Clássica e Burocracia. O foco principal da Abordagem Clássica era operacional, ou seja, buscava-se aumentar a produtividade e a eficiência por meio da realização das tarefas, da estrutura organizacional ou da padronização do processo de trabalho. 1.1.1 Administração Científica A Administração Científica foi desenvolvida por Frederick W. Taylor no início do século XX, para ele a única maneira correta de fazer o trabalho era redesenhando as tarefas para alcançar a eficiência máxima. Por isso ele desenvolveu o estudo dos tempos e movimentos como um meio de analisar e padronizar as atividades do trabalho. Este estudo consistia em dividir cada tarefa em seus elementos básicos, cronometrá-las e registrá-las para determinar o tempo padrão para cada tarefa (MAXIMIANO, 2004b). Assim Taylor introduziu o pagamento por peça produzida, que fazia com que o funcionário produzisse mais para garantir um salário maior, conceito que ficou conhecido como Homem Econômico, ou seja, apenas a recompensa financeira é capaz de motivar o funcionário a produzir mais. Observe que até hoje é possível encontrar os princípios de Taylor sendo utilizados em numerosas fábricas, organizações de varejo e escritórios. Como por exemplo, em cadeias de refeições rápidas que servem hambúrgueres, pizzas e outros produtos padronizados. O trabalho nessas organizações frequentemente é organizado detalhadamente, procurando os procedimentos mais eficientes, sob forma de tarefas especializadas e pessoas treinadas para desempenhá-las de maneira muito precisa. Taylor foi um dos teóricos mais criticados da administração, mas também foi um dos mais influentes (MORGAN, 2006). 1.1.2 Teoria Clássica Henry Fayol desenvolveu a Teoria Clássica porque acreditava que a administração era uma ciência comum a todos os empreendimentos, portanto, deveria ser ensinada. Desta forma, Fayol determinou que qualquer empresa deveria possuir seis funções básicas (MAXIMIANO, 2004b): Técnica: produção e manufatura; Comercial: compra, venda e troca; Financeira: administração do capital; Segurança: proteção dos bens e das pessoas; Contábil: registro de estoque, balanços e inventários; Administrativa: planejamento, organização, comando, coordenação e controle. A grande contribuição de Fayol foi o foco na estrutura organizacional, ou seja, seria possível aumentar a produtividade e a eficiência se todas as partes da organização fossem coesas. Além disso, a criação das funções básicas da empresa e, principalmente as funções administrativas que mais tarde foram agrupadas em apenas quatro funções: planejar, organizar, dirigir e controlar. Tudo OK até aqui? Espero que sim. 1.1.3 Burocracia Max Weber percebeu que as organizações do início do século passado viviam um caos com relação às normas e os procedimentos de trabalho, os gerentes administravam baseado no que eles achavam que era correto e não em um processo padronizado e científico de trabalho. Por isso, ele idealizou um tipo de organização chamada organização burocrática, que tinha como principais características a formalidade, a impessoalidade e o profissionalismo (MAXIAMIANO,2004a). Weber buscava tornar as organizações formais, com a introdução de normas para o desenvolvimento do trabalho; com a impessoalidade, a autoridade derivaria do cargo ocupado e não das pessoas; e o profissionalismo permitiria que somente pessoas que possuíssem a qualificação necessária preencheriam os cargos. Apesar de hoje o termo organização burocrática ser utilizado de um modo depreciativo, para designar empresas complicadas em seu processo de trabalho e lentas no processo de decisão, a burocracia apresentou-se adequada e muito utilizada em organizações de todos os tipos (FERREIRA; REIS; PEREIRA, 2002). Para ilustrar pense, por exemplo, no funcionamento de um grande hospital ou até mesmo de um banco sem a existência dos processos padronizados e formalização de atividades rotineiras. Essas organizações de certa forma precisam aplicar os princípios da burocracia para operar de forma produtiva e eficiente. 1.2 Abordagem Humanística e Comportamental A Abordagem Humanística e Comportamental surgiu como uma crítica ao enfoque totalmente operacional dado pela Abordagem Clássica, os estudiosos perceberem que havia outros fatores, além das recompensas financeiras, que se relacionavam com a produtividade. Por isso, esta abordagem analisou o aumento da produtividade levando em consideração a maior compreensão de como são as pessoas e como elas se relacionam no seu ambiente de trabalho. Dentro da Abordagem Comportamental os estudos de maior relevância são a Teoria das Relações Humanas, o Estudo das Necessidades de Maslow, a Teoria dos Dois Fatores e a Teoria X e Y. 1.2.1 Teoria das Relações Humanas A Teoria das Relações Humanas surgiu de uma pesquisa desenvolvida pelo psicólogo Elton Mayo, que ficou conhecida como “Experimento de Hawthorne”. O objetivo da pesquisa era verificar a correlação entre iluminação no ambiente de trabalho e a produtividade. Será que se fosse aumentada a quantidade de iluminação aumentaria também a produtividade? Os pesquisadores verificaram que na realidade o que influenciava o aumento da produtividade era o tipo de relacionamento que o funcionário tinha com o grupo e não necessariamente as condições de trabalho que lhe eram concedidas. Assim, surgiram as teorias que se preocupavam em entender o comportamento das pessoas como meio de aumentar a produtividade e a eficiência organizacional. 1.2.2 Pirâmide das Necessidades de Maslow Maslow afirmava que todo indivíduo é motivado por necessidades organizadas em uma hierarquia, implicando que uma necessidade de ordem superior somente surge quando a necessidade anterior é totalmente satisfeita (Caravantes; Panno; Kloeckner, 2005). Ele criou cinco níveis de necessidades: fisiológicas, de segurança, sociais, de estima e de auto-realização. Dentro das organizações as necessidades básicas são caracterizadas pelo conforto físico, horário de trabalho razoável e pausas para descanso. As necessidades de segurança são o salário, a estabilidade no emprego e as condições de trabalho seguro. As necessidades sociais são o relacionamento com os colegas, a interação com os clientes, ter um chefe amigável, etc. As necessidades de estima são caracterizadas pelo reconhecimento com promoções e participação nos resultados. E por último, a auto-realização que é a capacidade de desenvolver um trabalho criativo e desafiante, ter autonomia e participar nas decisões da empresa. É válido ressaltar que o estudo da motivação humana ajudou os administradores a entenderem quais eram as necessidades que os indivíduos tinham, tentando satisfazê-las com o intuito de aumentar a satisfação com o trabalho, aumentando assim a produtividade. 1.2.3 Teoria dos Dois Fatores A Teoria dos Dois Fatores também buscou analisar o comportamento humano por meio do estudo da motivação humana. O americano Frederick Herzberg tentou explicar como o ambiente de trabalho e o conteúdo do cargo interagiam para produzir a motivação (MAXIMIANO, 2004b), desta forma, ele definiu os fatores higiênicos e os fatores motivacionais. Os fatores higiênicos são todas as variáveis relacionadas ao ambiente de trabalho, por exemplo, o salário, a política de administração, as condições físicas e de segurança e as relações pessoais com os colegas. Já os fatores motivacionais são todas as variáveis relacionadas com o conteúdo do trabalho, como o sentimento da realização de algo importante, o exercício da responsabilidade, a possibilidade de crescimento, o orgulho e o prestígio da profissão. Os fatores higiênicos mantêm a satisfação no trabalho ou geram insatisfação, eles não são capazes de motivar as pessoas. O que realmente faz com que os funcionários trabalhem mais e melhor são os fatores motivacionais ou intrínsecos ao cargo desenvolvido, como o desafio, a realização, a responsabilidade e atualmente, o enriquecimento do cargo, que significa tornar o trabalho mais rico em termos de responsabilidade pelo planejamento e implementação do trabalho (LARUCCIA, 2005). Alguns pesquisadores até hoje aplicam os conceitos da teoria dos dois fatores para estudar a satisfação no trabalho. Um exemplo disso é o artigo de autoria de Nelson Aleixo da Silva Junior, o qual teve por objetivo verificar o nível de satisfação no trabalho, entre os funcionários dos hotéis de João Pessoa, tendo como referencial a teoria dos dois fatores de Frederick Herzberg. 1.2.4 Teoria X e Teoria Y Douglas McGregor, insatisfeito com a realidade empresarial, desenvolveu o conceito de que o comportamento humano dentro das empresas era alterado pelo estilo de administração praticado, e pelas crenças que o líder fazia sobre a natureza humana dos funcionários (FERREIRA; REIS; PEREIRA, 2002). Sendo assim, ele comparou dois estilos de administração, o estilo tradicional que ele chamou de Teoria X e o estilo moderno que ele chamou de Teoria Y. 1.3 Abordagem Sistêmica Caravantes, Panno e Kloeckner (2005) tratam a Teoria de Sistemas como um divisor de águas, pois as teorias que se seguem se apóiam explicitamente ou implicitamente nesta teoria. O biólogo Ludwig von Bertalanffy foi o idealizador da Teoria de Sistemas, afirmando que nenhuma organização vive sozinha e é autônoma, elas operam e se interagem em um ambiente. A Teoria de Sistemas trata a organização como um corpo composto de órgãos e sistemas orgânicos, que formam um complexo de partes que se interagem, e a função de cada parte (trabalhador, tarefa e gerência) é determinada pelas outras partes e depende delas. Qualquer mudança em uma das partes acarretará em mudanças nas demais, já que todas são interrelacionadas. 1.4 Abordagem Neoclássica Com a abordagem comportamental o foco do estudo da administração se centralizou totalmente nas pessoas. Preocupados com esta abordagem, algum teóricos resolveram resgatar os princípios desenvolvidos pela Abordagem Clássica só que de uma forma mais flexível e levando em consideração também o ser humano, criando a Abordagem Neoclássica. Vários são os autores que deram contribuições para esta abordagem, pode-se citar Peter Drucker como o mais influente, além de Ernest Dale, Harold Koontz, Cyrill O’Donnell, Michael Jucius e Willian Newman (CHIAVENATO, 2003). As principais características da Abordagem Neoclássica foi a ênfase nas práticas e nos resultados concretos da administração, a reafirmação relativa dos postulados clássicos, e o foco nos princípios gerais da administração desenvolvidos por Fayol. A grande contribuição da Abordagem Neoclássica foi a análise das funções básicas administrativas desenvolvidas por Fayol na Teoria Clássica, resumindo-as em quatro atividades: planejar, organizar, dirigir e controlar que são as funçõesbásicas da administração aceitas até a atualidade e que serão apresentadas na próxima unidade. 1.5 Novas abordagens da Administração Dentre tantas teorias desenvolvidas, qual é a melhor? Tudo depende (e isso é muito relacionado com abordagem contingencial, apresentada no vídeo anterior). Algumas teorias procuraram resolver problemas universais, para todas as situações e problemas, outras teorias se focaram em apenas algumas partes e em alguns problemas da organização. À medida que a administração amadurece, percebe-se que muitas teorias são úteis em determinadas situações, mas não em outras, servem para alguns tipos de líderes e não para outros (MAXIMIANO, 2004b). Por isso constantemente as teorias administrativas sofrem alterações, são reformuladas, e novas abordagens surgem para solucionar problemas que antes não haviam sido pensados. Segue abaixo algumas considerações sobre formas de gestão que buscaram solucionar problemas específicos ou se adaptar à novas condições tecnológicas e de competitividade. Gestão da Qualidade Total: a gestão da qualidade surgiu para solucionar problemas de uniformidade e padronização dos produtos, esta não é uma abordagem recente, mas continua sendo muito utilizada pelas organizações. A Gestão da Qualidade Total se preocupa com qualidade desde a concepção do produto ou do serviço pela visão do cliente até o final do processo produtivo. A ISO (International Organization for Standartization) é uma organização que publicou manuais de sistema de qualidade, no Brasil o órgão que faz esta regulamentação é a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). A ISO 9000, por exemplo, determina os padrões de qualidade que regulamentam as relações entre fornecedores e compradores, e a ISO 14000, trata dos padrões de qualidade para a questão ambiental. Reengenharia: a reengenharia é a reestruturação radical dos processos empresariais, que buscam alcançar grandes melhorias em indicadores críticos e contemporâneos de desempenho, como custos, qualidade, atendimento e velocidade (HAMMER; CHAMPY, 1994). Fazer reengenharia significa “reinventar a empresa, desafiando suas doutrinas, práticas e atividades existentes, para, em seguida, redesenhar seus recursos de maneira inovadora, em processos que integram as funções departamentais” (MAXIMIANO, 2004b, p. 486). O processo de reengenharia, muitas vezes resultou em demissões em massa e terceirização de atividades, por isso, antes de decidir por esta prática é necessário fazer uma análise das vantagens e das desvantagens que acarretará para a organização. Benchmarking: o bechmarking surgiu da reengenharia e busca as melhores práticas de administração, como forma de obter vantagens competitivas (MAXIMIANO, 2004b). A tradução do termo é utilizar um ponto de referência, ou seja, as empresas tentam copiar estratégias de sucesso de outras organizações que podem ser suas concorrentes ou não, para melhorar o seu desempenho. Gestão do Conhecimento: a gestão do conhecimento busca desenvolver sistemas e processos que visam adquirir e partilhar os ativos intelectuais, aumentando o aprendizado grupal e individual. As organizações que utilizam este tipo de gestão mostram que não são um conjunto de produtos, mas sim um conjunto de conhecimentos de bases distintas. A gestão do conhecimento procura acumular o capital intelectual que criará as competências essenciais e exclusivas que produzirá os melhores resultados para a organização (OLIVEIRA; PRADO; SILVA, 2005). Ele passa a ser um diferencial, no qual as organizações investem constantemente, pois ele se tornou a condição de sobrevivência no mercado altamente competitivo. Organizações que Aprendem: são as organizações que se preocupam em “criar, adquirir, transferir conhecimentos e alterar comportamentos com base nos novos conhecimentos” (CERTO, 2003, p.38). Elas estão o tempo todo criando o seu próprio futuro, analisando o seu desempenho e seus resultados, simulando o cenário futuro, imaginando-se em outros mercados, e procurando sempre obter suas metas com sucesso, de uma maneira planejada, concisa e rápida. Administração Virtual: Davidow e Malone (1993) propõem uma empresa chamada corporação virtual, que se baseia em informações em tempo real, ela é resultado da revolução que se tornou possível pela fusão de tecnologias, principalmente da indústria de informática com a indústria de telecomunicações. Este novo tipo de organização permite que se façam compras pelo telefone e pela Internet, assista um teatro pela televisão, ou estude um idioma por uma fita de vídeo (MAXIMIANO, 2004b). Estas empresas não possuem limites físicos de tempo e espaço, elas alteraram a realidade dos trabalhadores, hoje não é mais necessário ficar nas organizações o tempo todo, mesmo à distância os trabalhadores conseguem desenvolver o seu trabalho por meio da tecnologia da informação. Para isso é importante que esses trabalhadores virtuais sejam autodisciplinados, independentes, experientes, tenham senso de responsabilidade e habilidades interpessoais. É claro que essas abordagens não representam todas as possibilidades disponíveis para as organizações trabalharem no atual ambiente competitivo. Algumas dessas propostas são muito bem aceitas e eficazes em alguns tipos de organização, e outras são completamente desajustadas a alguns modelos empresariais. O fato é que as organizações constantemente estão buscando se adaptar a um mundo cada vez mais dinâmico e conhecer e compreender o mercado como um todo, tendo uma visão abrangente dos movimentos que estão ocorrendo em diversas dimensões (sociais, culturais, econômicas, legais, políticas e ambientais), é um enorme desafio, pois as mudanças ocorrem rapidamente e simultaneamente. Além disso, encontrar soluções que atendam às necessidades originadas dessas mudanças (e que sejam melhor que a dos concorrentes) é outro grande desafio vivenciado pelas empresas. Você já deve ter percebido que acontecimentos importantes no ambiente empresarial, na economia mundial e na própria sociedade acabam por influenciar radicalmente as organizações, sua capacidade de sobrevivência e também o próprio trabalho e o comportamento do trabalhador. Autores como Peter Drucker, Michael Porter, Don Tapscott, dentre outros assinalam as mudanças fundamentais na situação econômica mundial e na natureza das organizações, bem como a necessidade de um novo referencial na administração de empresas. Um dos principais fatores de mudança diz respeito à globalização da economia. Para Robbins (2003) há cerca de 30 anos as fronteiras nacionais podiam isolar as empresas das pressões competitivas estrangeiras, fato que não ocorre nos dias de hoje. Nesse sentido, as fronteiras perderam quase que totalmente o sentido de definição dos limites de operação de uma organização. O autor lembra também que os avanços na tecnologia da comunicação e as reduções às barreiras comerciais entre as nações contribuíram para a criação de uma aldeia global. Para Tachizawa, Ferreira e Fortuna (2006) as forças econômicas estão ultrapassando as fronteiras nacionais, resultando em mais comunicação, mais comércio e mais oportunidades e a nova economia global deve ser vista como um processo de formação de uma economia integrada entre países, bem como entre os estados de um mesmo país. Podemos também identificar algumas mudanças nas expectativas da sociedade. Um dos principais fatores em relação a isso refere-se ao termo responsabilidade social, que tornou-se parte consolidada na vida das organizações. Para Robbins (2003) a sociedade espera que as organizações, por exemplo, contribuam com instituições beneficentes, apoiem programas comunitários,adotem uma postura ética em relação ao meio ambiente e ao próprio quadro de funcionários. O autor lembra que responsabilidade social inclui um amplo leque de questões como as relações com a comunidade, o desenvolvimento e responsabilidade pelos produtos, políticas de apoio às mulheres e às minorias, preservação do meio ambiente, dentre outros. Em diversos países existem muitas instituições que promovem a responsabilidade social em diversas áreas da sociedade. No Brasil, o Instituto Ethos tem esse papel, cuja missão é “mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade justa e Robbins (2003) também cita o fenômeno “espírito empreendedor”, que está ligado a um número cada vez maior de pessoas que estão partindo para abertura de seus próprios negócios, organizando os recursos necessários para este fim e assumindo os riscos e recompensas. Para o autor, a redução do quadro de pessoas de grandes organizações, foi um dos motivos que fizeram com que mais pessoas buscassem ser empreendedoras. Um outro fator apontado por Robbins (2003) é a crescente oferta de franquias, possibilitando muitas pessoas a terem seu próprio negócio, que, de certa forma, já possui um formato definido, minimizando os riscos do empreendedor. Mudanças de diversos tipos também são observadas nas organizações, que estão se tornando cada vez mais ágeis, flexíveis e capazes de se adaptarem às mudanças constantes que ocorrem no ambiente. Robbins (2003) cita como exemplo o aparecimento do trabalho flexível e temporário, com jornadas de trabalho adaptáveis às necessidades da empresa e do trabalhador. O trabalho a distância também é outro fenômeno que vem acontecendo, aproveitando os benefícios das novas tecnologias de informação e comunicação. Tachizawa, Ferreira e Fortuna (2006) também contribuem para o entendimento das transformações que ocorrerão no âmbito das organizações empresariais. Para os autores tais mudanças estão relacionadas a: Mercados: evolui-se do tradicional padrão de estabilidade para a internacionalização dos mercados e o comércio inter e intrablocos econômicos, com a contínua fragmentação e transformação dos mercados existentes e a criação de mercados com base em novos produtos e serviços. Técnicas de mercado: nesse caso, observa-se a tendência para a criação e exploração de nichos de mercado, substituindo os estudos de mercado exclusivamente voltados para o consumo de massa. Essa personalização exigirá as empresas mudanças na forma de comunicação com o cliente e também internamente, que ocorrerá de forma virtual e de forma horizontal. Isso para encurtar o tempo da execução das atividades e o ciclo produtivo da organização. Produção: Nesse fator é possível observar a obsolescência de conceitos como manutenção de ritmo de produção a todo custo, economia de escala e elevado volume como único princípio, cortes de pessoal nas quedas de demanda, automação e capital mais importantes do que recursos humanos, custos e produtividade mais importantes do que qualidade e capacidade de resposta. Esses “velhos” conceitos serão substituídos por uma nova abordagem, que considera: sistemas flexíveis de manufatura, a natural adaptação do ritmo de produção às variações de demanda, tornando a manufatura um instrumento de técnica de mercado e estímulo à inovação. Considera também o uso de quedas de demanda para a manutenção e capacitação de recursos humanos e a capacidade de resposta e a solução conjunta de problemas com clientes e fornecedores. Modelo de gestão: que tenderá a pautar-se em valores e não por regras e papéis, enfatizando o aprendizado e o aperfeiçoamento contínuos. Nessa situação, a organização assimilará conceitos como sistemas flexíveis e procedimentos adaptativos, ampla delegação nas tomadas de decisão, fluxos de comunicação em todas as direções, recursos humanos de múltiplas habilidades, cumprindo tarefas variáveis, autodefinidas e quase sempre autocontroladas. A gestão de pessoas deve ser feita de forma a criar um clima organizacional propício, promovendo a educação continuada e programas de incentivo para retenção do acervo intelectual. Estrutura e crescimento: para os autores, profundas mudanças ocorrerão na atual hierarquia piramidal estável. A tendência e reduzir-se a hierarquia através de novas tecnologias da informação, adotando-se uma configuração organizacional dinâmica e ao redor, sob forma de rede plana, ágil e flexível de unidades organizacionais. Pessoas e talentos: no que se refere a este fator, é necessário levar em conta algumas novidades como autocontrole, auto-avaliação e constante capacitação interna, onde postos de trabalho estão em constante redefinição com pessoas generalistas. Novos valores centrais serão adotados, como competência, motivação, criatividade, trabalho em grupo, adaptabilidade e alto grau de compromisso. Liderança: A figura do líder centralizador, com autoridade suprema distante do seu pessoal será substituída por colaboradores agregadores de valor e como elementos centrais para o avanço da organização. O novo líder deverá estimular a participação e a criatividade dos funcionários, ser integrador, motivador, facilitador, comunicador. Unidade 2 – Noções de Administrações Empresarial 1.1 Conceito e classificação das organizações Já deve ter ficado claro para você que as organizações existem praticamente desde os primórdios da humanidade, uma vez que, o homem sendo um ser social, tende a organizar-se para atender suas necessidades e satisfações pessoais. Mas afinal de contas, o que é uma organização? Podemos definir uma organização da seguinte forma: uma organização é formada quando duas ou mais pessoas trabalham em conjunto e de modo estruturado visando alcançar um objetivo específico ou um conjunto de objetivos. Chiavenato (2006) contribui com nossa aula e afirma que uma organização é um sistema de atividades conscientemente coordenadas de duas ou mais pessoas e somente existe quando: há pessoas capazes de se comunicarem, que estão dispostas a contribuir com uma ação conjunta a fim de alcançarem um objetivo comum. Já o trio de autores Tachizawa, Ferreira e Fortuna (2006) colocam que a organização utiliza insumos produtivos (pessoas, recursos financeiros, materiais e informações) para, através do processo de transformação relacionado a sua atividade, produzir resultados (bens e serviços). Como as organizações fazem parte de nossa vida diária, é fácil de perceber que elas nos influenciam em diversos aspectos. Para Chiavenato (2006) a influência das organizações na vida das pessoas é fundamental e o autor é direto em suas palavras: a maneira como as pessoas vivem, compram, trabalham, se alimentam, se divertem, se comunicam é profundamente influenciada pelas organizações. E vice-versa: as organizações também são influenciadas pelos modos de pensar, sentir e agir das pessoas. Ainda sobre a influência das organizações na sociedade, os autores Stoner e Freeman (1999) afirmam que as organizações são elementos importantes e necessários à vida civilizada por diversos motivos. Em primeiro lugar as organizações são importantes porque são instituições sociais que refletem alguns valores e necessidades culturalmente aceitas. Elas, segundo os referidos autores, permitem que vivamos juntos e de modo civilizado, e que realizemos objetivos enquanto sociedade, ou seja, as organizações servem à sociedade. Em segundo lugar os autores destacam que as organizações realizam objetivos, transformando matéria-prima em produtos acabados através de máquinas compras de seusfornecedores, utilizando energia elétrica de uma outra organização (companhia elétrica), facilitando nosso acesso a produtos e serviços através de entrega terceirizada...enfim, uma grande cadeia de organizações trabalhando em conjunto para nosso bem estar. Por fim, para Stoner e Freeman (1999), as organizações são importantes porque proporcionam a seus empregados uma fonte de sobrevivência, crescimento pessoal e de carreira profissional. Stoner e Freeman (1999) fazem uma importante e interessante observação, que é facilmente percebida por você. Para esses autores, durante a maior parte de nossas vidas somos membros de alguma organização: uma universidade, uma equipe de esporte, um grupo de música, uma organização religiosa, um sindicato, uma associação de moradores e uma empresa. Sem dúvida você deve fazer parte de algum tipo de organização, certo? Outro ponto interessante sobre as organizações é que algumas apresentam uma estrutura bastante formal, como o exército ou grandes empresas, outras, no entanto, são informais em sua configuração, como um time de futebol formado por amigos. Daft (2005), outro autor importante da área de administração, ilustra como exemplo de uma organização relativamente informal a banda de rock Grateful Dead, cujos membros criaram e administram um negócio bem sucedido, a Greateful Dead Productions, que continua a prosperar apesar da perda de um de seus integrantes e a banda não se apresentar regularmente. Esta empresa permanece ativa nas vendas de produtos, Cd´s e projetos na internet, faturando cerca de 70 milhões de dólares anualmente. Segundo Daft (2005) os membros da bandacompartilham responsabilidades e definem claramente seus objetivos, elementos importantes em qualquer organização. Esses elementos aliados a outros estão presentes tanto nas organizações formais ou informais. Vamos ver um pouco mais desses elementos? De acordo com Stoner e Freeman (1999) o mais óbvio destes elementos é um objetivo oufinalidade, que pode variar muito dependendo da organização. Mas sem objetivo, nenhuma organização teria razão de existir. O segundo elemento comum defendido pelos autores está ligado ao fato de que todas as organizações têm um plano ou método para alcançar seus objetivos pretendidos. Sendo assim, sem um plano definido dificilmente a organização será eficaz e não conseguirá cumprir aquilo que se propõe. Ainda segundo Stoner e Freeman (1999) as organizações precisam adquirir e destinar recursos necessários para atingir os objetivos, seja uma sala adequada para reuniões de condômino, recursos financeiros para uma campanha de propaganda ou instrumentos musicais para ensaio de uma orquestra municipal! Finalmente, todas as organizações têm líderes ou administradores com a responsabilidade de auxiliá-las a alcançar seus objetivos. Esses administradores – um treinador, um maestro, um síndico, um executivo de marketing, podem ser mais óbvios em algumas organizações do que em outras, mas sem uma administração eficaz, é provável que a organização fracasse. 1.2 Classificação das Organizações Existem inúmeras formas de classificar uma organização que utilizam critérios diferentes para definir os tipos de organizações existentes, como por exemplo, o número de funcionários, o setor da economia, o setor da sociedade, a motivação dos funcionários, e a forma de atuação. Hall (2004) alerta que o grande perigo nas classificações é que ela pode ser simplista demais e se basear em apenas uma característica organizacional, o ideal seria classificar as organizações levando em consideração sua totalidade e o ambiente externo. Como a classificação que envolve a totalidade da empresa é muito difícil de ser realizada, vários autores, instituições e órgãos governamentais utilizam a classificação utilizando apenas uma variável como critério. Sendo assim, uma organização pode se encaixar em mais de uma classificação quando analisada por critérios separados. Em nosso curso vamos utilizar a classificação das organizações adotando quatro critérios: Quanto à formalidade; Quanto ao setor produtivo; Quanto ao setor da sociedade; Quanto à dimensão 1.2.1 Quanto à formalidade Quanto a formalidade os grupos de trabalho das organizações podem se classificar em grupos formais e grupos informais. “Os grupos formais são criados e delineados para alcançar objetivos específicos e realizar tarefas específicas para a organização, buscando atingir seus objetivos” (KWASNICKA, 2004, p. 80). A formalização representa o uso de regras nas organizações e podem ser coercitivas, na medida em que obrigam os funcionários a obedecerem (HALL, 2004). Além disso, o grupo formal apresenta uma divisão racional do trabalho, na qual as tarefas e atribuições são divididas, possuindo critérios pré-estabelecidos pela divisão dos cargos e funções. Além disso, a organização deve possuir também uma hierarquia definida por meio da divisão do poder. Observe que na formalização existe uma clara definição dos cargos, determinando os deveres e obrigações de cada funcionário, as normas e regras também são um ponto forte, como por exemplo, o funcionário que tem que estar no trabalho as oito horas da manhã, usando uniforme da empresa e devidamente preparado. Se for contratado um operador de caixa de um supermercado, espera-se que ele trabalhe nesta função das oito horas até as dezoito horas de um dia de trabalho, representando a formalização de uma empresa. Mas como o ser humano possui outras necessidades além das relacionadas ao trabalho, ele irá buscar uma interação maior com os outros funcionários desenvolvendo uma variedade de relacionamentos com estes membros, surgindo assim os grupos informais (KWASNICKA, 2004). E o que são esses grupos informais? Os grupos informais surgem espontaneamente e naturalmente das relações pessoais entre indivíduos que possuem sentimentos e interesses comuns, estes grupos não precisam ter espaço físico nem horário definido, estendendo-se a horas e locais de lazer. Normalmente, um grupo informal não possui normas e regulamentos escritos, mas mesmo assim, os seus membros os obedecem. Como exemplos de grupos informais, temos os times de futebol que se formam dentro das empresas e se estendem para os horários de lazer, os grupos de amigos que se reúnem para um happy hourtodas as quarta-feiras depois do expediente, os grupos de oração, entre vários outros. 1.2.2 Quanto ao setor econômico As organizações podem ser divididas ainda de acordo com o setor econômico em que elas operam, subdividindo-se em três grandes setores: setor primário, secundário e terciário (SANDRONI, 1999). O setor primário se caracteriza pela exploração de recursos naturais e que produzem matéria-prima, como por exemplo, agricultura, pecuária, extrativismo, pesca e mineração. O setor secundário é composto pelas organizações que transformam a matéria-prima em produtos para serem comercializados, como a construção civil, distribuição de água e energia, obras públicas, e as indústrias em geral. E o setor terciário, que é responsável pela comercialização dos produtos ou serviços, como o comércio, a alimentação, o transporte, a armazenagem, a administração pública e a prestação de serviços. 1.2.3 Quanto ao setor da sociedade Em uma visão sociológica as organizações podem ser divididas de acordo com o setor da sociedade em que fazem parte, sendo separadas em organizações do primeiro setor, segundo setor ou terceiro setor. As organizações do primeiro setor fazem parte da esfera pública, ou seja, são representadas pelo Estado que disponibiliza os recursos financeiros para os serviços públicos à população Sãoexemplos de organizações do primeiro setor: hospitais públicos, prefeituras, postos de saúde, forças armadas, entre outras. As organizações do segundo setor, ou também chamadas de mercado, são representadas pelas atividades lucrativas (CARDOSO, 1997) e de interesses particulares, ou seja, são as que objetivam lucro, podendo ser as indústrias que transformam os recursos em produtos, o comércio que repassa os produtos da indústria para os consumidores, e as prestadoras de serviço. O segundo setor é caracterizado pela iniciativa privada que oferecem produtos e serviços aos consumidores mediante o pagamento (CALEGARI, 2005). Dentro do segundo setor se encontram todas as empresas privadas de qualquer segmento, como por exemplo, os supermercados, bancos privados, as indústrias, e as prestadoras de serviço. E por fim, o terceiro setor que é um conceito relativamente novo, que surgiu da mistura do primeiro setor, representado pelo estado, com o segundo setor, representado pelas empresas com fins lucrativos (MELO NETO; FROES, 1999). Os autores acrescentam que o terceiro setor nasceu da falência do Estado enquanto provedor dos serviços sociais aos indivíduos e da concentração de renda que o segundo setor promoveu mostrando seu lado fortemente capitalista. Em resumo, as organizações do terceiro setor são constituídas pelo capital privado que buscam atender interesses públicos (CALEGARI, 2005) sem fins lucrativos. 1.2.4 Quanto à dimensão Existem vários critérios que podem ser utilizados para classificar uma organização de acordo com sua dimensão. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, que tem como missão apoiar os empreendimentos do país que contribuem para o seu desenvolvimento, classifica as organizações de acordo com a receita operacional bruta anual. Portanto, de acordo com o critério do BNDES, é considerada micro- empresa aquela que apresentar receita operacional bruta anual de até R$ 1,2 milhão; pequena empresa, de R$ 1,2 milhão a R$ 10,5 milhões; média empresa, entre R$ 10,5 milhões a R$ 60 milhões; e grande empresa, acima de R$ 60 milhões. Além do critério do BNDES, outra maneira de classificar as organizações pela dimensão é pela utilização do critério do Serviço de Apoio as Pequenas Empresas (SEBRAE) que determina o tamanho pelo número de funcionários, ou seja, o número de pessoas ocupadas com a organização incluindo além dos funcionários, os proprietários da empresa. No critério Sebrae ocorre a divisão das organizações em comércio e prestação de serviços de um lado, e do outro a indústria, conforme descrito a seguir: Micro-empresa: até 9 pessoas no comércio/serviços, até 19 pessoas na indústria; Pequena empresa: até 49 pessoas no comércio/serviços, até 99 pessoas na indústria; Média empresa: até 99 pessoas no comércio/serviços, até 499 pessoas na indústria; Grande empresa: 100 ou mais pessoas no comércio/serviços, 500 ou mais pessoas na indústria. Veja que uma organização pode ter um porte de acordo com o critério de classificação do BNDES e outro pelo critério do SEBRAE. Podemos ter uma empresa com apenas 8 funcionários, considerada micro-empresa pelo Sebrae e com uma faturamento bruto anual de R$11 milhões, que a classifica como média empresa pelo critério do SEBRAE. 2. Funções Administrativas Como já vimos anteriormente, administrar é o “processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso de recursos para alcançar os objetivos organizacionais” (MAXIMINANO, 2004a, p. 33). Neste sentido, cabe ao gestor de qualquer organização “planejar as atividades a serem executadas, prover o devido suporte organizacional, orientar as ações que daí derivam e controlar o rumo dos acontecimentos de forma usual e constante” (OLIVEIRA; PRADO; SILVA, 2005, p. 104). Portanto as funções básicas da administração são: o planejamento, a organização, a direção e o controle. 2.1 Planejamento O planejamento é a atividade principal das funções administrativas, pois, dela depende a realização das outras atividades. Conceitualmente, planejar significa definir objetivos e metas para o desempenho organizacional futuro, e a decisão do uso de recursos necessários e das atividades a serem desenvolvidas (DAFT, 2005). O planejamento reúne um conjunto de procedimentos e técnicas que permitem predizer condições e eventos que podem ocorrer no futuro, mesmo que subjetivas, estas previsões auxiliam na tomada de decisão. A informação é fundamental no processo de planejamento, por isso ele depende da qualidade da coleta e a análise dos dados, pois será baseado nestes dados que se determinarão os planos de trabalho. De acordo com Oliveira, Prado e Silva (2005) existem cinco atividades básicas que o administrador deve levar em consideração no momento do planejamento: avaliar as condições atuais, verificar o fator tempo, analisar possíveis problemas de previsão, coletar e analisar os dados, e por fim coordenar os planos. Deve-se avaliar as condições atuais da organização para verificar as inadequações que necessitam ser planejadas e os objetivos que se pretende atingir. O fator tempo deve ser analisado porque existem planejamentos a longo prazo e a curto prazo, e à medida que o período de tempo aumenta, a qualidade do planejamento também tende a aumentar. A previsão reúne um conjunto de procedimentos e técnicas que permitem predizer condições e eventos que podem ocorrer no futuro. A informação é fundamental no processo de planejamento, por isso ele depende da qualidade da coleta e a análise dos dados, pois será baseado nestes dados que se determinará os planos de trabalho. E por último, é importante fazer a coordenação dos planos, ressaltando que os de prazos mais longos ficam na responsabilidade da alta administração e os de prazo mais curto ficam nos níveis mais baixos. O processo de planejamento de uma organização engloba três níveis que serão discutidos na sequência: Planejamento Estratégico; Planejamento Tático; Planejamento Operacional. 2.1.1 Planejamento Estratégico O planejamento estratégico é o mais abrangente, pois envolve toda a organização, ele visa à definição do que a empresa vai ser no futuro, sendo projetado para o longo prazo. “Ao elaborar o planejamento estratégico, os gerentes consideram a organização como um todo e se perguntam o que deve ser feito a longo prazo para atingir as metas organizacionais” (CERTO, 2003). O longo prazo dentro do ambiente empresarial é definido, normalmente, como um prazo que se estende por um período de três a cinco anos, portanto, se for considerado que uma empresa está realizando o planejamento estratégico no ano de 2008, ela deverá traçar sua posição futura até 2013. Na etapa de Planejamento Estratégico, o presidente e diretores da empresa deverão definir os norteadores estratégicos que se concentram na elaboração da missão, da visão, dos valores e dos objetivos organizacionais. 2.1.2 Planejamento Tático O planejamento no nível tático deve ser elaborado para cada função ou departamento da empresa, ou seja, é elaborado um planejamento para a área de marketing, de recursos humanos, financeira e produção. Destes, vale destaque ao Plano de Marketing, pois embora ele aconteça no nível tático e faça referência a um departamento específico, deve ser planejado e cumprido considerando os demais departamentos e funções da empresa. Quando realizado corretamente, o plano de marketing auxilia a minimizar os erros, otimizar os resultados, impulsionar a empresa a posições melhores, conquistar novos clientes, manter (fidelizar) clientes e aumentar a lucratividade. O planejamento tático é de responsabilidade de cada gerente dasáreas da empresa e são elaborados para facilitar a realização do planejamento estratégico (MAXIMIANO, 2004a). 2.1.3 Planejamento Operacional O planejamento operacional é realizado determinando os planos para o dia-a-dia, definindo cronogramas, tarefas específicas e mensuráveis (MONTANA; CHARNOV, 2006). Ele tem “uma orientação de curto prazo (dias, semanas ou meses) e são constantemente adaptados diante de novos desafios e oportunidades”. (SOBRAL; PECI, 2007, p. 135). Para exemplificar as diferenças entre os três tipos de planejamento, vamos imaginar uma empresa que tem como objetivo estratégico aumentar sua participação de mercado, para isso os dirigentes determinam o planejamento estratégico, definido missão, visão e objetivos a longo prazo. Em seguida vamos determinar o planejamento tático que tem que estar em sintonia com o planejamento estratégico da empresa, por isso o departamento de recursos humanos realiza um planejamento tático determinando um programa de treinamento e desenvolvimento para os funcionários buscando garantir o serviço de qualidade e a busca pelo aumento de participação de mercado. E por fim, no planejamento operacional podemos definir qual deve ser o comportamento padrão que os vendedores deverão assumir no atendimento aos clientes. 2.2 Organização Nesta aula já falamos muito sobre organização enquanto uma entidade social, agora passamos para o termo organização enquanto uma função administrativa. A organização, como função administrativa, é o desenvolvimento de um modo sistemático de reunir os recursos físicos e humanos para a realização dos objetivos e das metas definidas no planejamento (MONTANA; CHARNOV, 2006). Neste sentido, “as organizações fazem uso da função organização para alcançar seus objetivos de maneira eficaz e eficiente.” (SOBRAL; PECI, 2007, p. 165). Na etapa de planejamento devemos definir os objetivos, e na organização vamos criar condições para que estes objetivos sejam alcançados por meio da criação de estruturas, divisão do trabalho, distribuição dos recursos e coordenação das atividades. Sobral e Peci (2007) alertam que decisões sobre a organização das atividades têm um forte impacto no desempenho organizacional, já que as empresas que não conseguem adequar sua estrutura organizacional com as tendências e exigências do mercado correm um sério risco. Para Wagner III e Hollenbeck (2006) a estrutura organizacional consiste em uma cadeia relativamente estável de interligações entre as pessoas e o trabalho que constituem a organização. Ainda segundo os autores, é a estrutura que permite às pessoas trabalharem juntas e, com isso, realizarem coisas que ultrapassam a capacidade individual não organizada. Para Robbins (2002) existem seis elementos básicos a serem levados em conta pelos administradores ao se projetar a estrutura de suas organizações: a especialização do trabalho, a departamentalização, a cadeia de comando, a amplitude de controle, a centralização e descentralização e a formalização. O Quadro abaixo ilustra cada um desses elementos como respostas a questões importantes estruturais. Pergunta-chave A resposta é dada por 1. Até que ponto as atividades podem ser subdivididas em tarefas separadas? Especialização do trabalho 2. Qual a base para o agrupamento das tarefas? Departamentalização 3. A quem os indivíduos e os grupos vão se reportar? Cadeia de comando 4. Quantas pessoas cada administrador pode dirigir com eficácia e eficiência? Amplitude de controle 5. Onde fica a autoridade no processo decisório? Centralização e descentralização 6. Até que ponto haverá regras e regulamentações para dirigir os funcionários e os administradores? Formalização Fonte: ROBBINS, 2002, p. 402 2.3 Direção A função administrativa direção procura orientar os esforços para um propósito comum, comunicando, liderando, motivando e instruindo as pessoas sobre como desempenhar as atividades para atingir o objetivo estabelecido. Para entendermos a aplicação da função administrativa no contexto organizacional, é importante analisarmos alguns pontos que estão diretamente ligados a ela: comunicação, tomada de decisão e a liderança. 2.3.1 Comunicação A comunicação é fundamental em qualquer uma das funções administrativas, mas em especial na direção, pois é por meio da comunicação que os líderes buscam estimular e incentivar os funcionários na realização das atividades. A comunicação é “o processo pelo qual as informações são transmitidas ou entendidas por duas ou mais pessoas, geralmente com a intenção de motivar ou influenciar o comportamento.” (DAFT, 2005, p. 425). Para garantir que o processo de comunicação aconteça de maneira harmoniosa na organização evitando possíveis problemas, devemos entender os componentes deste processo: a) Emissor e receptor: todo processo de comunicação envolve um emissor e um receptor, o emissor é a fonte que emite a mensagem e o receptor é o destinatário que recebe. A mensagem pode ser codificada pelo emissor por meio de símbolos, como a utilização de sons, idiomas diferentes, números, letras, entre outros (MAXIMIANO, 2004a). b) Canal de comunicação: é o meio pelo qual a mensagem é transmitida, que pode ser o telefone, um relatório, a televisão, a voz. c) Ruídos: os ruídos são todos os fatores que podem atrapalhar o entendimento e a transmissão da mensagem do emissor para o receptor. d) Feedback: o feedback no processo de comunicação ocorre quando o receptor emite uma mensagem de retorno, se não houver esse feedback a comunicação é chamada unilateral, se houver ela é bilateral (DAFT, 2005), ou também comunicação em duplo sentido. 2.3.2 Tomada de Decisão A tomada de decisão é fundamental em qualquer tipo de cargo, mas principalmente nos cargos gerenciais. Constantemente os chefes ou gerentes estão tomando decisões sobre vários pontos, como por exemplo, que profissional contratar, qual veículo de comunicação utilizar para a divulgação da marca, qual o melhor preço a ser praticado, quais as estratégias de atuação da empresa, entre várias outras decisões. “Uma decisão é uma escolha feita das alternativas disponíveis. [...] A tomada de decisão é o processo de identificar os problemas e as oportunidades e em seguida solucioná-los” (DAFT, 2005, p. 196). Toda decisão envolve a identificação de problemas, como a queda de vendas, problemas com fornecedores, brigas entre funcionários; ou a identificação de oportunidades, como a mudança de comportamento do consumidor, que pode ser utilizada em favor do aumento de vendas. O processo de tomada de decisão envolve uma seqüência de cinco etapas: 1. Identificação do problema ou oportunidade 2. Diagnóstico 3. Geração das alternativas 4. Escolha da alternativa 5. Avaliação da decisão 1) Identificação do problema ou oportunidade: O início do processo de tomada de decisão acontece quando existe uma “situação de frustração, interesse, desafio, curiosidade ou irritação” (MAXIMIANO, 2004a, p. 113). Sendo assim, sempre que houver uma situação que gera algum problema ou que pode ser aproveitada como uma oportunidade, tem-se a necessidade de iniciar o processo de tomada de decisão. 2) Diagnóstico: “O diagnóstico é a etapa no processo de tomada de decisão em que os gerentes analisam os fatores causais fundamentais associados com as situações de decisão” (DAFT, 2005, p. 204), ou seja, é análise do que pode estar causando o problema. Existe uma série de questionamentos que podem ser feitos que auxiliam no diagnóstico dos problemas: Qual é o problema que está nos afetando? Quando ele ocorreu? Onde ele ocorreu? Como ele ocorreu? A quem ele ocorreu?Qual é a urgência do problema? Qual é a interconexão dos eventos? Quais resultados vieram de cada atividade? (KEPNER; TREGOE apud DAFT, 2005, p. 204) 3) Geração das alternativas: após a identificação do problema e da realização do diagnóstico identificando os possíveis motivos que o ocasionaram, realiza-se o desenvolvimento de alternativas que poderão solucionar o problema. Maximiano (2004a) acrescenta que o momento de geração de alternativas é um processo de gerar idéias, no qual a criatividade é fundamental. 4) Escolha da alternativa: Várias alternativas foram criadas para solucionar o problema identificado, cabe agora escolher a melhor alternativa que soluciona este problema. “A melhor alternativa é aquela em que a solução é mais adequada às metas e aos valores gerais da organização e alcança os resultados desejados usando poucos recursos” (DAFT, 2005, p. 205). A escolha da melhor alternativa depende de vários fatores, como o ambiente organizacional, as características do gerente, as características da situação problemática, enfim, são vários os pontos que devem ser levados em consideração na busca da melhor alternativa dependendo de cada organização. 5) Avaliação da decisão: O processo de tomada de decisão finaliza quando a decisão é implementada e os seus efeitos são avaliados (MAXIMIANO, 2004a). Se a decisão tomada foi capaz de solucionar os problemas identificados, foi uma boa decisão; se ela não conseguiu solucionar os problemas, deve-se voltar na análise das alternativas, verificando outras possibilidades para solucionar o problema em questão. 2.3.3 Liderança: Alguns autores contemporâneos substituíram a palavra direção por liderança, pois ela tem uma conotação mais positiva no sentido de influenciar o comportamento de outras pessoas (MAXIMIANO, 2004). Segundo Rowe (2002) os executivos podem apresentar três tipos de liderança: estratégica, visionária ou gerencial. A liderança estratégica é a capacidade de influenciar outras pessoas, de forma voluntária e rotineira, a tomarem decisões que aumentem a viabilidade organizacional a longo prazo e a estabilidade financeira em curto prazo. A liderança visionária se preocupa com o futuro e sempre implica em correr riscos. E a liderança gerencial envolve a estabilidade e a ordem, lidam com as atividades rotineiras e são de curto prazo. A liderança é uma característica essencial para o executivo de negócios, no entanto, ela não deve ser vista apenas como uma habilidade pessoal, mas como um processo interpessoal dentro de um contexto complexo. Pode-se afirmar que todo ser humano possui algumas aptidões para liderar e estas aptidões podem ser desenvolvidas mediante a conscientização e pela adoção e engajamento em programas e processos de treinamento para liderança. 2.4 Controle De maneira bem simples, controlar significa fazer com que algo seja feito conforme foi planejado. É um processo de tomada de decisão que tem por finalidade manter o sistema em direção ao seu objetivo, com base nas informações sobre as atividades do próprio sistema (MAXIMIANO, 2004). Chiavenato (2003) determina que a função administrativa controle ocorre como um processo cíclico composto de fases: estabelecimento de padrões, observação do desempenho, comparação do desempenho com o padrão estabelecido, e ação corretiva. Na primeira fase se estabelece um padrão, ou seja, o objetivo que se quer atingir, depois observa-se o desempenho real obtido, compara o que aconteceu com o padrão que foi estabelecido, se houve alteração toma-se uma ação corretiva. A Figura a seguir ilustra o modelo proposto. Fonte: Chiavenato (2003, p.176) A unidade 2 chegou ao fim! O foco nesta etapa foi expor os conceitos e a classificação das organizações e apresentar a você as quatro funções clássicas da administração, com destaque para a atividade de planejamento. Convido você a visitar o Fórum para discutirmos os principais tópicos apresentados na unidade. Concluindo o estudo Essa disciplina teve por objetivo oferecer a você uma compreensão geral acerca da administração, de suas origens enquanto ciência, sua importância para o desenvolvimento da sociedade e também das suas funções básicas. A partir do conteúdo abordado, que envolveu o texto e os complementos (vídeos, artigos, indicação de sites, etc.) buscamos fazer com que você tenha uma visão sistêmica na gestão organizacional.
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