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Love, J. L. Of Planters, Politics and Development.

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Of Planters, Politics and Development 
Joseph L. Love 
Autor: Bruno Gabriel Witzel de Souza 
 
 O texto de Love caracteriza-se fundamentalmente por uma análise do livro de Mauricio Font: “Plantadores de 
Café, Políticos e Desenvolvimento”. 
 Segundo Font, já na década de 1920 prevaleceria no Brasil o que Boris Fausto chamou de “Estado de 
Compromisso”, ou seja, na concepção por ele desenvolvida no livro mencionado, a política brasileira na década de 
1920 não teria sido caracterizada pela predominância da elite cafeicultora, mas por um arranjo político muito mais 
complexo, marcado pelo compromisso entre diversas outras classes. 
 A idéia de Font é a de que os cafeicultores teriam perdido suas bases de sustentação política já na década de 
1920. 
 Em primeiro lugar, nesta década teria aumentado o número de pequenos plantadores de café. As pequenas 
propriedades, adquiridas principalmente por imigrantes ou descendentes diretos, corresponderiam a mais de 37% da 
produção, o que teria diminuído consideravelmente o poder de influência política dos grandes cafeicultores: em uma 
produção distribuída em propriedades mais diversificadas, as práticas coronelistas e clientelistas teriam se tornado 
muito menos efetivas. 
 Além disso, os cafeicultores teriam enfrentado ao longo da década de 1920 dificuldades muito maiores para se 
financiar, uma vez que a participação dos comissários do café, pecas fundamentais aé então para o financiamento da 
produção, teria declinado continuamente. 
 Font argumenta também que o PRP teria adquirido uma posição política mais autônoma, de forma que os 
interesses diretos da cafeicultura já não influíam tão profundamente nas tomadas de decisão por seus membros. 
 Por fim, a sociedade tornara-se mais complexa, de forma que os interesses políticos da cafeicultura agora 
tinham de ser contrabalançados no cenário político pelos interesses de outras classes, sobretudo de industrialistas. 
 Love contraporá alguns desses argumentos, afirmando que não acredita na viabilidade de se transpor o 
conceito de Estado de Compromisso para a década de 1920, quando os interesses da oligarquia cafeicultora ainda 
eram os predominantes. 
 Em sua argumentação, evidencia que é verdade que o número de pequenas e médias propriedades produtoras 
de café aumentou, mas a definição de pequena e média propriedade é qualitativamente muito problemática: Font, ao 
afirmar que 37% da produção cafeeira fazia-se em pequenas propriedades, assume que as pequenas propriedades eram 
aquelas com menos de 50 mil pés de café, o que, dado o número de trabalhadores necessários para cuidar de cafezais 
desta proporção e o capital necessário para manter esta produção estava longe de caracterizar essas terras como 
propriedades familiares. 
 Em segundo lugar, é verdade que houve atritos entre os interesses da cafeicultura e da indústria na década de 
1920, mas estas duas classes estavam muito ligadas, principalemente pela caracterização do grande capital cafeeiro, 
que estendia sua esfera de ação para muito além da esfera agrícola, envolvendo-se frequentemente nas atividades 
industriais. Basta observar, por exemplo, que cafeicultores e industrialistas cerravam fileiras juntos em muitos casos 
em torno do PRP (texto de Boris Fausto) 
 Por fim, apesar de o PRP ter adotado algumas posturas que desagradaram os cafeicultores em alguns eventos 
na década de 1920, não se pode falar em descasamento entre cafeicultores e política. Se é verdade que houve maiores 
conflitos de interesse entre os próprios cafeicultores na década de 1920, é também fato que a maior parte dos políticos 
de São Paulo continuava ligada fundamentalmente à propriedade rural e à produção cafeeira. Os políticos, por outro 
lado, não podiam lidar apenas com os interesses da cafeicultura: muito antes de 1920, o governo federal negara seu 
apoio às medidas do Convênio de Taubaté, mas nem por isso se pode falar em um Estado de Compromisso ou em um 
descolamento entre políticos e cafeicultores na década de 1900. Por fim, algumas medidas políticas adotadas podiam 
contrariar os cafeicultores no curto prazo, mas tinham por objetivo beneficiá-los no longo prazo: quando Campos 
Salles decidiu-se por pagar as dívidas do empréstimo para a valorização do café em 1926, certamente não beneficiou a 
cafeicultura no curto prazo, mas fê-lo em termos de longo prazo, já que o honrar das dívidas permitiu que os credores 
internacionais do país continuassem a crer no risco relativamente baixo de emprestar para a valorização cafeeira.

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