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Oliveira, L. L. A Revolução de 1930 e suas Versões.

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A Revolução de 1930 e suas Versões. 
Lucia Lippi Oliveira 
Autor: Bruno Gabriel Witzel de Souza 
 
 Uma das grandes questões envolvendo a Revolução de 1930 é a de ter sido este movimento uma quebra ou 
uma continuidade dos padrões político-econômicos então vigentes no país. 
 Há autores que argumentam que em toda a história do Brasil nunca se observou qualquer processo 
revolucionário no sentido mais exíguo da palavra e que não teria sido diferente com o movimento de 1930. 
 Além do problema em conceituar quais as características definidoras de uma revolução, as idéias de ruptura ou 
continuidade são também muito relativas: as condições para a ocorrência de uma revolução tendem a ser gestadas nos 
períodos que a antecedem, de forma que é difícil qualificar as alterações como rupturas ou continuidades. 
 Do ponto de vista da historiografia sobre 1930, as posturas adotadas pelos historiadores que estudaram o 
movimento logo após sua ocorrência variam de acordo com os objetivos e com os vieses daqueles que escreviam 
sobre o momento (que, revolução ou não, foi certamente conturbado). 
 Indivíduos ligados à Aliança Liberal observaram no golpe de 1930 uma ruptura completa com as estruturas 
oligarquizadas da política de todo período republicano. Inaugurava-se, segundo esta visão, um novo Estado, que devia 
regenerar a política nacional: através do aumento de seu poder central e da diminuição da esfera de influência das 
oligarquias, o espírito republicano voltaria às suas origens, afastando-se das fraudes eleitorais e representação política 
que vigorara até então. 
 Do outro lado, estavam os defensores da oligarquia cafeeira a defender que São Paulo alcançara posição tão 
meritória na condução da política nacional como o resultado de seus esforços e que nada era mais juto que garantir tal 
predominância enquanto perdurasse a preponderância econômica daquela unidade da federação. 
 Finalmente, logo após a Revolução de 1930 começaram a surgir as análises de cunho autoritário, defendendo 
o colapso do liberalismo e a necessidade de sua substituição pelo corporativismo estatal. Este grupo justifica seu 
afastamento da revolução de 1930 justamente por esta estar imbuída de um caráter liberal; somente mais tarde, quando 
o governo se afastou de suas características liberais, foi que este grupo passou a valorizar o movimento revolucionário. 
 Observa-se, assim, que as análises da revolução ocorridas no momento em que esta era completada não 
tinham por objetivo uma análise científica da questão: eram, antes de tudo, apontamentos com algum objetivo prático.

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