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1 EAE 206 – Teoria Macroeconômica I Segundo Exame de Avaliação Questão 1: (3,0 pontos) Os consumidores da cidade de Dilmanópolis, após passarem por alguns anos de crescimento pouco expressivo, estão cada vez menos confiantes com a situação atual da economia. Isto fez com que houvesse uma queda na confiança dos consumidores. Suponha que a economia se encontrava em seu equilíbrio de médio prazo antes da queda na confiança dos consumidores. Utilizando gráficos que representam as relações IS, LM, AD, AS, PS e WS, explique o que ocorre no curto prazo (1.75) e no novo equilíbrio de médio prazo (1.75) com as seguintes variáveis: nível de produto (Y), nível de preços (P), nível esperado de preços (Pe), nível de emprego (E), salário real (W/P), salário nominal (W), taxa de juros (i), quantidade real de moeda (M/P), consumo (C) e investimento (I). RESPOSTA Situação inicial: curvas AD0, AS0, IS0, LM0, WS0, PS. Equilíbrio inicial: Y = YIC, i = i0, P = P0, E = EIC. P AS0 AS1 P0 P1 P2 AD1 AD0 Y1 YIC Y 2 i LM0 LM1 LM2 i0 i1 i2 IS1 IS0 Y1 YIC Y W/P WS1 WS0 W0/P0 PS E1 EIC E No curto-prazo, IS e AD se deslocam para a esquerda (para IS1 e AD1, respectivamente) com a queda na confiança do consumidor. Isso leva a uma queda no nível de preços (para P1), o que faz com que a LM se desloque um pouco para a direita (para LM1). A queda nos preços também faz com que a relação WS no mercado de trabalho gire para cima (para WS1), pois a razão (Pe/P) aumenta. No equilíbrio de curto prazo o produto cai, os juros também. Os preços caem, o consumo cai, o investimento aumento, o nível de emprego cai, o salário real permanece inalterado e os salários nominais caem na mesma proporção que os preços. O nível esperado de preços permanece constante e a quantidade real de moeda aumenta. No médio-prazo, os preços esperados acima dos preços correntes fazem com que os agentes revisem para baixo suas expectativas de preços, o que faz com que a AS se desloque para a direita até o ponto em que o preço iguale o preço esperado e a economia volte ao seu nível de equilíbrio de médio prazo. Esse deslocamento da AS faz com que, ao mesmo tempo, a LM de desloque para baixo (pois o nível de preços diminui progressivamente, aumentando a oferta 3 real de moeda). No mercado de trabalho, a queda nos preços esperados gira a relação WS para baixo, de volta ao seu nível original. No equilíbrio de médio prazo, o diagrama IS-LM apresenta um produto inalterado, mas também uma taxa de juros mais baixa, indicando que houve uma substituição de consumo por investimento na composição do produto. Assim, no médio prazo, o consumo diminui e o investimento aumenta. O emprego fica inalterado bem como o salário real. A quantidade real de moeda aumenta. A tabela abaixo resume os resultados: Variável Curto Prazo Médio Prazo Y Diminui Inalterado P Diminui Diminui Pe Inalterado Diminui E Diminui Inalterado W/P Inalterado Inalterado W Diminui na mesma proporção que P Diminui na mesma proporção que P i Diminui Diminui M/P Aumenta Aumenta C Diminui Diminui I Aumenta Aumenta Questão 2: (1,5 pontos) Seja um mercado de trabalho não competitivo em que se observam as seguintes relações: Relação WS (longo prazo): Relação PS: ( ) Onde é o salário real, E é o nível de emprego, é a produtividade do trabalho e é o grau de mark-up. a) Encontre o emprego de equilíbrio não competitivo. (0,5) b) Crie uma relação numérica de oferta de trabalho linear representando o caso competitivo. Encontre o emprego de equilíbrio competitivo. (0,5) c) Suponha um certo valor para o tamanho da força de trabalho. Com base nos itens (a) e (b) decomponha o desemprego de equilíbrio não competitivo nos componentes de desemprego involuntário e desemprego voluntário. (0,5) RESPOSTA a) Igualando WP e PS para eliminar o salário real encontramos que . 4 b) No caso competitivo, a oferta de trabalho se encontra à direita da relação WS: ou seja, para cada , a quantidade ofertada de emprego é maior no caso competitivo. Uma curva de oferta linear que atende a esta especificação é: com . Com relação à demanda por emprego, o caso competitivo corresponde a considerar na relação PS. Ou seja, a demanda por emprego competitivo é . Igualando a demanda e a oferta do caso competitivo encontramos que o emprego de equilíbrio competitivo é . c) Do item (a) obtemos que o salário real não competitivo é . Para esse salário real, o emprego competitivo seria . Seja ̅ um certo valor para a força de trabalho. O desemprego não competitivo total, portanto, é ( ̅ ). O desemprego voluntário é a diferença entre a força de trabalho ̅ e o que seria o emprego competitivo ao salário real . Ou seja, o desemprego voluntário é ( ̅ ). A diferença entre o desemprego total e o desemprego voluntário é o desemprego involuntário, ou seja, ( ). Questão 3: (3,0 pontos) Suponha que a Curva de Phillips de uma economia seja: ( ) Onde é a taxa de inflação, é a taxa esperada de inflação, Y é o produto, YIC é o produto de equilíbrio de médio prazo e α é um coeficiente positivo. Suponha que uma fração λ ( ) dos agentes considere enquanto a fração (1-λ) considera igual à inflação corrente (indexação). a) Encontre a curva de Phillips na sua versão aceleracionista para essa economia. (0,5) Para os itens seguintes, suponha que existam duas economias idênticas em tudo, exceto em λ. b) Em que economia os impactos inflacionários de um choque de oferta adversa são piores? Explique. (1,0) c) Suponha que tais economias estejam em uma situação onde a taxa de inflação é considerada muito elevada e ambas desejam promover uma desinflação. Em que economia tal desinflação será mais custosa em termos de redução no produto? Explique. (1,0). d) Com base em suas respostas anteriores, é melhor ter uma economia mais indexada ou menos indexada? Explique. (0,5). RESPOSTA a) A expectativa de inflação dos agentes dessa economia pode ser escrita como: ( ) 5 Substituindo essa expressãona Curva de Phillips e resolvendo, encontramos: ( ) ( ) Para os itens seguintes, suponha duas economias A e B em que as curvas de Phillips sejam, respectivamente, dadas por: ( ) ( ) ( ) ( ) Em que , ou seja, o país B é mais indexado que o país A e, portanto, sua curva de Phillips é mais inclinada. b) Suponha que, no equilíbrio inicial, os dois países estão em um equilíbrio de médio prazo em que o produto é YIC e a taxa de inflação é . Em seguida, os dois países são submetidos a um mesmo choque de oferta adverso, que desloca suas respectivas curvas de Phillips para cima. Note que como o choque é idêntico para os dois países, o deslocamento vertical será o mesmo para eles. πt π1 π0 A B YIC Yt Caso o produto da Economia seja mantido em YIC, a taxa de inflação sobe para nos dois países. Entretanto, caso o produto varie, o país B apresentará uma maior variação na taxa de inflação. Se o produto aumentar acima de YIC, a inflação aumentará mais no país B, enquanto se o produto cair abaixo de YIC, a inflação cairá mais nesse país. Ou seja, a indexação torna a inflação no país mais sensível aos choques de oferta. c) Suponha que, no equilíbrio inicial, os dois países estão em um equilíbrio de médio prazo em que o produto é YIC e a taxa de inflação é . Essa inflação é muito elevada e ambos os países desejam reduzi-la para . No país A, o produto deve ser reduzido para YA, enquanto no país B o produto deve ser reduzido para YB. Ou seja, a indexação torna menos custoso(em termos de queda do produto) promover uma desinflação. 6 πt π0 π1 A B YA YB YIC Yt d) Os itens acima ilustram as vantagens e desvantagens da indexação. De um lado, a indexação torna uma economia mais sensível a choques adversos de oferta, o que faz com que uma economia mais indexada que sofra tais choques desenvolva um processo inflacionário mais facilmente. Por outro lado, se a economia já tem um problema inflacionário para resolver, então a indexação facilita o processo de desinflação pois, nesse caso, o custo em termos de redução do produto será menor. Em resumo, se um país tem baixa inflação (e deseja manter assim) é melhor que ele não seja indexado. Mas se um país já tem inflação elevada (e deseja baixá-la) é melhor que seja indexado. Questão 4: (2,5 pontos) No diagrama abaixo, πT é a meta de inflação, YIC é o produto de equilíbrio de médio prazo, A é o trecho de uma regra monetária do país A e B é o trecho de uma regra monetária de um outro país B. Os países possuem os mesmos valores para πT e YIC. πt A πT B YIC Yt 7 a) Suponha que ambos os países possuem curvas de Phillips com iguais inclinações. Em qual dos dois países há maior aversão do Banco Central pela inflação? Represente graficamente. (1,0) b) Suponha que em ambos os países o banco central tenha a mesma aversão à inflação. Em qual dos dois países a curva de Phillips é mais inclinada? Represente graficamente. (1,0) c) Se A e B representam os trechos relevantes das regras monetárias de cada país, em que país você esperaria observar mais choques climáticos adversos (tais como seca, chuvas excessivas, etc)? Justifique. (0,5) RESPOSTA a) Quanto mais averso à inflação é o Banco Central, menos inclinada será sua regra monetária. Assim, o Banco Central do país A é o que tem maior aversão à inflação. No diagrama abaixo, CP é a curva de Phillips comum aos dois países. Para o país A a curva de indiferença é uma elipse com orientação horizontal (denotando uma maior aversão à inflação) enquanto a curva de indiferença do país B é uma elipse com orientação vertical. πt CP A πT B YIC Yt b) Quanto mais inclinada a curva de Phillips de uma país menos inclinada será sua regra monetária. Assim, o país A tem a curva de Phillips mais inclinada. No diagrama, CPA representam curvas de Phillips do país A enquanto CPB representam curvas de Phillips do país B. 8 πt CPA CPA A CPB πT CPB B YIC Yt c) Choques climáticos adversos deslocam a curva de Phillips para cima e, portanto, elevam a inflação para valores acima de πT. O país A é quem tem o trecho relevante da regra monetária com inflação acima de πT. Portanto, este país deve ser o mais atingido por choques climáticos adversos.
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