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FEA-USP DEPARTAMENTO DE CONTABILIDADE E ATUÁRIA Prof. Guillermo Braunbeck (A) Disciplina: EAC0451 – Teoria da Contabilidade Nome completo:___________________________________________________________ Número USP:______________________ Instruções para realização da prova a) Preencha agora o campos acima com seu nome e número USP. Provas não identificadas com nome completo do aluno ou aluna e respectivo número USP serão consideradas inválidas. b) A prova está composta de 10 (dez) enunciados com questões de múltipla escolha. Utilize a tabela abaixo para transcrever suas respostas (preferencialmente a caneta; lápis é aceitável). c) Cada questão tem valor de 1,0 (um) ponto na apuração da nota final. d) O tempo total para a realização da prova é de no máximo 1 hora e 30 minutos. e) São permitidas consultas a quaisquer materiais (livros, cadernos, impressões etc). f) Não são permitidas consultas a dispositivos eletrônicos de qualquer espécie (celulares, tablets, notebooks etc). g) Não são permitidas consultas aos colegas. h) Não é permitido o intercâmbio de materiais entre alunos. i) Celulares devem permanecer desligados e guardados durante a realização da prova. QUADRO DE RESPOSTAS QUESTÃO ALTERNATIVA ESCOLHIDA 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1) A Estrutura Conceitual do IASB é primariamente desenhada para: a) auxiliar o IASB e o Comitê de Interpretações no desenvolvimento das normas internacionais b) ser a 'mãe de todas as normas' e por sua aplicação ser obrigatória em todas as circunstâncias, reduzir a diversidade na prática contábil c) oferecer conceitos e definições para que hipóteses científicas possas ser testadas d) nenhuma das opções e) oferecer elementos para a realização dos julgamentos necessários no desenvolvimento de política contábil naquelas situações em que há uma norma específica que trata do evento ou transação que se pretende tratar contabilmente. 2) Levando em consideração a definição de ativo do IASB, reflita sobre as afirmações abaixo e escolha a opção correta I. Recursos econômicos que apresentam uma baixa probabilidade de que benefícios econômicos fluam para a entidade não atendem à definição de ativo. II. Mesmo sem ser controlado, se um recurso tiver uma expectativa de benefício econômico, será um ativo. III. A existência de um ativo não significa conceitualmente, na Estrutura Conceitual atual, que ele venha necessariamente a ser reconhecido. Há critérios de reconhecimento que devem ser atendidos para que um ativo (que exista) seja reconhecido. IV. Um ativo deve ser reconhecido, entre outros, quando for provável que benefícios fluirão para a entidade. A Estrutura Conceitual não define o que é provável e nas normas específicas há diferentes patamares de probabilidades que operam como gatilho do reconhecimento, ou seja, acima dos quais um item é reconhecido. a) As afirmações I e III são verdadeiras b) As afirmações II e III são verdadeiras c) Somente a afirmação II é falsa d) Somente a afirmação IV é verdadeira e) As afirmações III e IV são verdadeiras 3) Uma entidade captou recursos através da emissão de uma debênture conversível com opção de resgate antecipado. As principais características do 'papel' são como segue: - a debênture tem prazo de 10 anos e paga juros fixos semestralmente; - a partir do terceiro ano, a emissora das debêntures pode resgatá-las a seu livre arbítrio, pagando o seu valor principal mais os juros pro-rata até a data do resgate, se ocorrer; - no vencimento final, o detentor da debênture tem direito a optar pela conversão em ações, numa relação fixa 1 a 1 (1 debênture = 1 ação ordinária) Baseando-se EXCLUSIVAMENTE na Estrutura Conceitual do IASB, identifique quais elementos de balanço patrimonial estão presentes nesse contrato de debêntures pela ótica da emissora (entidade que emitiu o título e captou os recursos através dessa emissão). Ignore o caixa recebido quando a debênture é emitida e colocada no mercado, que obviamente é um ativo: a) passivo apenas b) patrimônio líquido apenas c) passivo e patrimônio líquido apenas d) ativo, passivo e patrimônio líquido e) ativo e passivo apenas 4) Um hotel praieiro na costa equatorial oeste da América do Sul decide fazer uma provisão (passivo) em anos de muito sol e pouca chuva para 'enfrentar' os anos em que o sistema "El Niño" opera e provoca alteração do clima em todo o Pacífico equatorial, situação em que as massas de ar quentes e úmidas acompanham a água mais quente do Pacífico, provocando chuvas excepcionais. Nesses anos de chuvas mais pronunciadas, a ocupação diminui substancialmente (e consequentemente as receitas) e os gastos do hotel, que são substancialmente fixos, quase não se alteram. O hotel faz uma provisão nos anos de 'vacas gordas' visando reconhecer o passivo relativo aos gastos que ocorrerão em períodos de 'vacas magras' e não haverá receitas para contrapor a esses gastos. Essa provisão: a) atende à definição de passivo da Estrutura Conceitual do IASB mas não seria contabilizada pois não é possível mensurar confiavelmente seu valor dada a imprevisibilidade do fenômeno El Niño b) seria uma reserva de contingência no patrimônio líquido como prevê a Estrutura Conceitual do IASB c) poderá ser um passivo se houver razoável certeza da ocorrência do fenômeno no futuro d) para qualquer probabilidade de ocorrência do fenômeno El Niño que seja maior que zero, é possível afirmar que existe um passivo relativo aos gastos que o hotel incorrerá no futuro e que não terão correspondência com receitas em função da baixa ocupação e) nenhuma das opções 5) O CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) julgou e aprovou com restrições dois casos emblemáticos de concentração no mercado brasileiro. Um foi a compra da Wyeth-Whitehall (WW), detentora da marca Kolynos de creme dental, pela Colgate, sua concorrente. Ao lado do sabão em pó Omo, do Bombril, do bombom Sonho de Valsa e dos sorvetes Kibon, a Kolynos - com suas cores verde e amarela e aquele tradicional "Aaah!" nas peças publicitárias - era uma espécie de símbolo do mercado de consumo brasileiro. A Colgate, que adquiriu a WW, ficou proibida de usar a marca Kolynos por 4 anos. O outro caso famoso de atuação do Cade foi na fusão das cervejarias Brahma e Antártica, que deu origem à AMBEV. O Cade também aprovou a fusão com a restrição de uso da marca Bavária. Só que neste caso exigiu que a marca fosse vendida a um concorrente. Analise as afirmações abaixo e escolha a opção mais adequada à luz da Estrutura Conceitual do IASB: I. nos dois casos, as marcas Kolynos e Bavária, deixaram de ter expectativas de benefício econômico futuro e portanto, deixaram de ser ativos para seus adquirentes. II. no caso da marca Kolynos, como não pode ser usada por quatro anos, não é possível dizer que há controle do recurso e portanto, não é mais um ativo para a Colgate. III. uma diferença importante entre os dois casos é que no caso da Kolynos, a Colgate continua controlando a marca (pois tem a capacidade de evitar que outros a utilizem) enquanto no caso da Bavária, a Ambev foi obrigada a vender o controle da marca para um concorrente. IV. a questão do controle é irrelevante para a determinação da existência do ativo representado pela marca; o que importa na visão econômica que o IASB possui é a expectativa de rentabilidade futura daquele recurso. a) todas as afirmações são incorretas b) somente as afirmações I e II são corretas c) somente a afirmação III é correta d) somente as afirmações I e III são corretase) somente as afirmações I e IV são corretas 6) Em relação à Estrutura Conceitual do IASB, é possível afirmar que: a) contempla a definição de 7 elementos que servirão para expressar tanto a posição patrimonial como o desempenho financeiro. São eles: ativo, passivo, patrimônio líquido, receitas, ganhos, despesas e perdas b) apesar de definir ativos e passivos, essas definições dependem da definição dos outros elementos c) define juntamente com os elementos de receitas e despesas o conceito de 'confronto' pelo qual uma receita deve ser reconhecida em conexão com as despesas que foram necessárias para obter a receita d) estabelece como principais usuários dos relatórios financeiros uma ampla gama de usuários, incluindo o governo, trabalhadores e a sociedade como um todo e) nenhuma das opções 7) A firma de auditoria KPMG comenta em seus site: "Publicada em 24 de julho pelo IASB (Comitê de Normas Internacionais de Contabilidade), a mais recente versão da nova norma contábil sobre instrumentos financeiros – IFRS 9 terá impacto massivo sobre a forma como instituições financeiras classificam e mensuram as perdas esperadas em suas carteiras de empréstimos e recebíveis. A nova regra contém orientações alteradas sobre a classificação e mensuração de ativos financeiros, incluindo um novo modelo de provisão para créditos de liquidação duvidosa baseada nas perdas esperadas, além de complementar os novos requisitos gerais de contabilidade de hedge publicados em 2013. A nova norma é obrigatória a partir de 1º de janeiro de 2018, mas pode ser adotada antecipadamente em IFRS.(...)" Imagine que o banco XYZ decide adotar antecipadamente a IFRS 9, inclusive os princípios de reconhecimento de perdas com créditos de liquidação duvidosa (PCLD), substituindo o que atualmente é denominado de modelo de 'perdas incorridas' pelo novo modelo de 'perdas esperadas'. Ao fazê-lo, o banco teve um aumento significativo nas PCLD, o que teve um impacto negativo proporcional no valor das ações desse banco no mercado de ações. Nos termos da Estrutura Conceitual do IASB e utilizando exclusivamente as informações oferecidas no enunciado desta questão, é possível dizer que o modelo de reconhecimento de perdas esperadas da IFRS 9 teve impacto nas demonstrações financeiras XYZ, principalmente, sobre qual característica qualitativa da informação financeira: a) comparabilidade b) conservadorismo (ou prudência) c) pertinência (termo usado pelo IASB) ou relevância (termo usado pelo CPC) d) verificabilidade e) nenhuma das opções 8) Em 2014. o IASB emitiu um novo pronunciamento que trata do reconhecimento de receitas em contratos com clientes, a norma IFRS 15. Dentre outros, a norma requer que a empresa ajuste o montante prometido de contrapartida pelo cliente pelo efeito do valor do dinheiro no tempo sempre que os prazos concedidos ao cliente representarem à entidade vendedora um benefício do financiamento da transferência dos bens ou serviços ao cliente. O objetivo é reconhecer como receita de vendas o montante que teria sido pago se a condição fosse à vista e que as diferenças do montante efetivamente recebido (ou a receber) sejam reconhecidas como resultado financeiro. Como exceção a esse princípio geral da segregação de componente financeiro do valor total recebido por uma venda a prazo, quando existir, estão liberados de realizar esse ajuste os valores de contrapartida prometidos cujo prazo entre a transferência do bem ou serviço e o pagamento seja de um ano ou menos. Se tomarmos a Estrutura Conceitual e analisarmos a exceção feita pelo IASB ao princípio da IFRS 15 de que receitas devem ser reconhecidas pelo seu valor presente ao permitir que receitas que serão recebidas em 12 meses ou menos não tenham segregado seu componente financeiro (i.e. juros implícito), pode-se afirmar que: a) Trata-se de uma exceção que visa fundamentalmente aumentar a representação fidedigna de operações comerciais cujos prazos são mais curtos e portanto, os juros são irrelevantes. b) É uma exceção que fere a Estrutura Conceitual pois o reconhecimento da receita financeira numa venda a prazo separadamente da receita de vendas em si mesma é informação pertinente e relevante sob qualquer hipótese. c) O IASB buscou substancialmente aumentar a verificabilidade das informações financeiras, já que é muito difícil para um usuário externo avaliar a razoabilidade de um ajuste a valor presente quando se está analisando vendas com prazos curtos. d) A exceção é compatível com a Estrutura Conceitual. A simplificação de não ter que ajustar receitas a receber em prazos inferiores a 12 meses reduz o custo de aplicação da Norma. Fosse aplicado o princípio geral, o benefício em termos de informação seria limitado dado que se permite a exceção para receitas com prazo de recebimento em 12 meses ou menos, sendo que 12 meses é o período em que geralmente os resultados são medidos na demonstração do resultado abrangente. e) nenhuma das opções 9) Analise as afirmações abaixo e Assinale a alternativa correta tendo em conta a definição de ativo na Estrutura Conceitual do IASB I. Existe diferença para o IASB entre o benefício econômico futuro e o recurso que lhe dá origem. Ativos são os recursos e não os benefícios econômicos deles oriundos. II. Apesar de não definido explicitamente, o conceito de controle não traz implicitamente a ideia de que o controle se deriva necessariamente de direitos de propriedade. Coerente com essa percepção é a decisão do IASB de requerer o reconhecimento dos ativos arrendados que se classifiquem como financeiros. III. ao dizer que se esperam benefícios econômicos futuros de um ativo, o IASB pretendeu impor um patamar mínimo de probabilidade de ocorrência desses fluxos de benefícios futuros semelhante ao conceito de 'provável' utilizado na norma IAS 37 (i.e. provável significa ser mais provável do que não). a) Somente a afirmação I é correta b) Somente a afirmação II é correta c) As afirmações I e III são corretas d) As afirmações I e II são corretas e) Todas as afirmações são corretas 10) A norma "IFRS para PMEs" (Norma Internacional de Relatório Financeiro para Pequenas e Médias Empresas) determina que uma subvenção governamental que não impõe condições específicas de desempenho futuro ao recebedor é reconhecida no resultado quando os proventos da subvenção se tornam recebíveis. Já a norma IFRS (também denominada de 'full IFRS' ou 'IFRS completa', cuja Estrutura Conceitual foi objeto de estudo no nosso curso) diz em seu Pronunciamento IAS 20 que " as subvenções relacionadas a ativos depreciáveis são geralmente reconhecidas em lucros e perdas ao longo dos períodos e nas proporções em que a despesa de depreciação desses ativos é reconhecida". Imagine que a prefeitura de uma determinada pequena cidade do interior, pretendendo atrair negócios para a cidade e evitar o êxodo de jovens para as grandes cidades, decide doar galpões para a empresa X instalar suas operações de distribuição atacadista nessa cidade. Além de começar a operar através desses galpões, a empresa X não tem nenhuma outra obrigação perante a prefeitura para ter direito à doação dos galpões. No início das operações, a empresa X, que deve elaborar suas demonstrações financeiras de acordo com as 'IFRS completas', é orientada por seu contador a reconhecer os galpões no ativo imobilizado por seu valor justo e também reconhecer um passivo pela receita diferida que será sistematicamente reconhecida na medida em que o galpão for depreciado. Essa política contábil foi aceita pelos auditores independentes por considerarem estar em consonância com o quediz a IAS 20. Comparando o requerimento da IAS 20 para subvenções governamentais incondicionais com o que determina a IFRS para PMEs nesse mesmo particular, é possível afirmar: I. As duas normas (IFRS completa e IFRS para PMEs) têm conceitos semelhantes no que diz respeito ao reconhecimento dos efeitos patrimoniais e de desempenho decorrentes da subvenção dada pela prefeitura da cidade onde a empresa X se instalou e começou a operar. II. A IFRS para PMEs está em desacordo com a Estrutura Conceitual da IFRS completa pois determina o reconhecimento de uma receita quando a subvenção é incondicional mesmo quando essa subvenção se dá na forma de doação de um prédio, que claramente gerará uma depreciação e portanto, é muito mais razoável reconhecer a receita de subvenção na medida em que a despesa de depreciação vai se realizando. É o chamado princípio do 'confronto de receitas e despesas' da Estrutura Conceitual que a IFRS para PMEs claramente viola. III. A IFRS para PMEs apresenta uma visão mais alinhada com a ideia da Estrutura Conceitual das IFRS completas no tocante à definição de ativos e passivos. Sendo o imóvel um recurso controlado do qual se espera benefício futuro, esse recurso atende à definição de ativo. E não existindo qualquer obrigação remanescente após o início das operações, não há que se falar em passivo (a receita diferida). Portanto, é compatível com a Estrutura Conceitual estudada que o efeito da doação, no início das operações da empresa X seja integralmente reconhecido como receita. a) Somente a afirmação I é correta b) Somente a afirmação II é correta c) Somente a afirmação III é correta d) As afirmações I e III são corretas e) Todas as afirmações são incorretas
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