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METABOLISMO DE FÁRMACOS Metabolismo de Fármacos METABOLISMO DE FÁRMACOS METABOLISMO DE FÁRMACOS 1. Introdução 2. Local do Metabolismo 3. Fatores que Afetam o Metabolismo 4. Fases do Metabolismo 5. Metabolismo e Estereosseletividade 6. A Importância Clínica do Estudo do Metabolismo de Fármacos 7. Conclusões 1. INTRODUÇÃO Metabolismo x Biotransformação; Arsenal Terapêutico: → Substâncias orgânicas; Conhecimento dos fatores farmacocinéticos para o uso adequado e seguro dos fármacos; Estudo do metabolismo → técnicas analíticas e procedimentos de extração (extração; separação; identificação e quantificação); Alterações na estrutura química/Alterações na resposta biológica (OMS); Fármacos são considerados micromoléculas orgânicas, lipossolúveis e polifuncionalizadas (diferentes sítios reativos). METABOLISMO DE FÁRMACOS O Metabolismo de Fármacos compreende o conjunto de reações enzimáticas que biotransformam fármacos e outros compostos estranhos (xenobióticos) em metabólitos de polaridade crescente para que sejam excretados pela urina. Quase todas essas reações são catalisadas por enzimas e desse modo exibirão as características gerais dos processos controlados por enzimas. Xenobióticos (do grego, xenos = estranho) são compostos químicos estranhos a um organismo ou sistema biológico. Intoxicações por Medicamentos Barbitúricos Tratamento: Nos casos graves é complexo. Assistência respiratória, manter vias aéreas. Monitorização respiratória e cardiovascular. Corrigir hipovolemia. Ingesta/esvaziamento gástrico: êmese só em poucos minutos após ingestão. Lavagem gástrica com intubação (previne aspiração) até 24 horas ou mais, lavado pode ser feito com sonda mais larga ou por endoscopia para remover conteúdo. Carvão ativado seriado, catártico salino. Manter equilíbrio hidroeletrolítico, pode ser necessário uso de vasopressores. Alcalinização urinária. Avaliar função renal, eletrólitos, gasometria, pH urinário. Paciente com insuficiência renal necessário hemodiálise. O processo de reabsorção tubular está sujeito a alterações principalmente pela mudança do pH urinário. Os fármacos ácidos (como por exemplo os salicilatos e barbitúricos) têm sua reabsorção diminuída por alcalinizantes da urina como NaHCO3, acetazolamina, entre outros. Os fármacos de caráter básico (anfetaminas, metadona, quinidina e procainamida) podem ter sua reabsorção diminuída por acidificantes da urina como por exemplo, ácido ascórbico e NH4Cl. Esses processos decorrem de alterações na ionização dos fármacos, modificando conseqüentemente a sua lipossolubilidade e a sua capacidade de serem reabsorvidas para o sangue a partir dos túbulos renais aumentado ou diminuindo assim a depuração renal do fármaco. A coadministração de fármacos que aumentam o pH urinário, como o bicarbonato de sódio, aumentará a eliminação renal do fenobarbital, e esta associação é útil no tratamento da intoxicação por barbitúricos. Metabolismo de Fármacos O metabolismo desempenha, assim, um importante papel na eliminação de fármacos e impede que estes compostos permaneçam por tempo indefinido no nosso organismo. A eficácia clínica de fármacos depende essencialmente de dois processos: 1. Farmacocinética ('o que organismo faz ao fármaco') e 2. Farmacodinâmica ('o que o fármaco faz ao organismo'). METABOLISMO DE FÁRMACOS A ação de um fármaco pode ser dividida em três fases: Fase Farmacêutica – ocorre a desintegração da forma de dosagem, seguida da dissolução da substância ativa. Fase Farmacocinética – abrange os processos de absorção, distribuição, metabolismo e excreção (ou seja “o que o organismo faz com o fármaco”) Fase Farmacodinâmica – está relacionado com a interação do fármaco com o seu alvo (receptor, enzima, etc.) e a conseqüente produção do efeito terapêutico (ou seja “o que o fármaco faz com o organismo) A Fase Farmacocinética pode ter profundo impacto sobre o efeito farmacológico, uma vez que esses processos determinam a concentração e o tempo despendido das moléculas do fármaco no seu local de ação. • Prentis e col. relataram que entre 1964 e 1985, sete companhias farmacêuticas estabelecidas no Reino Unido introduziram 49 novas entidades químicas no mercado, enquanto 198 compostos foram abandonados no desenvolvimento. A principal razão foi farmacocinética inapropriada (39,4%). • A previsão dos processos de ADME logo nos estágios iniciais da pesquisa é de extrema importância. A otimização dessas propriedades, através de modificações moleculares de compostos promissores, é essencial na seleção de compostos candidatos com maiores probabilidades de não serem abandonados, mais adiante na fase clínica. O ESTUDO MOLECULAR DO METABOLISMO PERMITE: • Que se antecipe, á luz das diferenças de reatividade química dos distintos sítios metabolicamente lábeis, um nível de hierarquização na formação destes diferentes metabólitos, prevendo-se, antecipadamente, aqueles majoritários. • Que se introduzam, racionalmente, determinadas modificações estruturais de maneira a aprimorar sua biodisponibilidade ou eficácia (pró-fármacos). Importância do Metabolismo no Planejamento de Fármacos • A descoberta do Ritonavir (inibidor de protease de HIV com potência antiviral e propriedades farmacocinéticas ótimas); • Em 1994, os pesquisadores da Abbott, identificaram o composto A-80987, com boa potência inibidor de protease, moderada biodisponibilidade oral, apresentava tempo de meia-vida curto. • Era metabolizado e eliminado primariamente através de N- oxidação dos grupos piridinas; • Hipótese → a redução do metabolismo poderia não apenas melhorar a biodisponibilidade oral, mas também aumentar o tempo de meia-vida. • A substituição dos grupos piridinas presentes no composto A-80987 por heterociclos altamente deficientes em elétrons (oxazóis e tiazóis) reduziu a metabolização e excreção; • Mudança do grupo carbamato para N-metiluréia aumentou a solubilidade na água; • A unidade isopropiltiazolil contribuiu para aumentar a potência (interações hidrofóbicas); • O ritonavir foi o primeiro inibidor de protease do HIV a trazer benefício na sobrevida dos pacientes. Metabolismo de Fármacos Estas transformações químicas podem originar os seguintes tipos de compostos: • menos ativos; • mais ativos; • com atividade semelhante ou diferente. METABOLISMO DE FÁRMACOS • FÁRMACO INATIVO METABÓLITO ATIVO (BIOATIVAÇÃO) • FÁRMACO ATIVO METABÓLITO ATIVO (TOXICIDADE) • FÁRMACO ATIVO METABÓLITO INATIVO (BIOINATIVAÇÃO) • Podemos imaginar que durante o curso de um tratamento, uma variedade de metabólitos circulantes, ativos ou inativos, biotransformados em diferentes quantidades e velocidades relativas, estará presente em indivíduos que fazem uso de medicamento. Em relação ao fármaco de origem, os metabólitos ativos podem agir por mecanismo de ação similares ou diferentes, ou até mesmo por antagonismo. O conhecimento da cinética da formação dos metabólitos ativos é importante não apenas para previsão do resultado terapêutico, mas também para explicar a toxicidadede um dado fármaco. Metabólitos Inativos As vias que resultam em metabólitos inativos são classificadas em processos de desintoxicação. Por exemplo, a desintoxicação do fenol resulta na formação de sulfato ácido de fenila, que é farmacologicamente inativo. Este composto é muito hidrossolúvel e assim é prontamente excretado pelo rim. OH O S O O OH Fenol sulfoquinase Fenol Sulfato ácido de fenila Metabólitos com Atividade Semelhante ao Fármaco Nessa situação o metabólito pode exibir uma potência ou duração de ação diferente, ou ambas, em relação ao fármaco original. O metabólito do ansiolítico diazepam é metabolizado gerando os ansiolíticos temazepam e oxazepam que possuem curta duração. N N O CH3 P Cl h h N N O CH3 P Cl OH h N N O H P Cl OHHidroxilação N Desmetilação- Diazepam Temazepam Oxazepam Metabólitos com Atividade Diferente do Fármaco Nesses casos, a atividade de um metabólito não tem relação com aquela do fármaco precursor. Por exemplo, o antidepressivo iproniazida é metabolizado por dealquilação, gerando o fármaco antituberculose isoniazida. N CONHNHCH CH3 CH3 N CONHNH2 N Desalquilação- Iproniazida Isoniazida Metabólitos Tóxicos Geralmente, a ação tóxica surge porque os metabólitos ativam um receptor alternativo, ou atuam como um precursor para outros compostos tóxicos. Por exemplo, a deacilação da fenacetina gera a p-fenetidina, que se acredita agir como precursor de substâncias que causam a condição de metemoglobinemia (modificação da hemoglobina sangüínea, que causa dores de cabeça, falta de ar, cianose, mal-estar, fadiga). NHCOCH3 OC2H5 NCOCH3 OC2H5 HO NH2 OC2H5 FenacetinaDerivado N Hidroxi (hepatotóxico) Etanal excretado via pulmões CH3CHO NHCOCH3 OH Fenetidina Paracetamol Outras substâncias responsáveis pela hepatotoxicidade Substâncias responsáveis pela metemoglobina Metabolismo de Primeira Passagem Após a sua administração, o princípio ativo de um medicamento, na apresentação oral (comprimido, drágea, suspensão, cápsula, etc.) somente alcançará a circulação sistêmica e produzirá um efeito farmacológico se for absorvido no trato gastrintestinal. Através da circulação porta, vai inicialmente para o fígado onde, dependendo de sua estrutura química, poderá ser parcial ou completamente metabolizado não atingindo níveis na circulação sistêmica na sua forma ativa. Um fármaco administrado via sublingual ou endovenosa não apresenta este efeito de primeira passagem, podendo ser usado para contornar este efeito, quando indesejável. Dessa maneira, o fígado tem a oportunidade de metabolizar os fármacos antes de alcançarem a circulação sistêmica e, portanto, antes de atingirem seus órgãos-alvo. É preciso considerar o efeito de primeira passagem quando se planejam esquemas posológicos, visto que, se o metabolismo hepático for extenso, a quantidade de fármaco que irá alcançar o tecido-alvo será muito menor do que a quantidade (dose) administrada por via oral. Certos fármacos são inativados com tanta eficiência em sua primeira passagem pelo fígado que não podem ser administrados por via oral, devendo-se utilizar a via parenteral. Um desses fármacos é o agente antiarrítmico lidocaína, cuja biodisponibilidade é de apenas 3% quando administrada por via oral. 2. Local do Metabolismo • Os fármacos em sua maioria, são metabolizados no fígado. Os sistemas enzimáticos relacionados com a biotransformação de numerosos medicamentos estão localizados no retículo endoplasmático hepático. Fragmentos dessas porções são isolados por centrifugação de homogenados hepáticos na fração geralmente chamada microssoma. • Outros tecidos, incluindo o plasma, pulmão, rim e trato gastrointestinal, também contribuem para a biotransformação dos medicamentos. • Se houver qualquer lesão no fígado a metabolização não se realizará normalmente e a ação do fármaco será maior em potência e ação. • O principal sistema enzimático envolvido compreende as enzimas microssômicas hepáticas, em que se destacam uma hemeproteína oxidativa: Citocromo P450 e flavoproteína, NADPH-Citocromo c redutase. SISTEMAS ENZIMÁTICOS As enzimas são as responsáveis pelas reações de biotransformação e encontram-se presentes em todo o organismo (sangue, rins, pulmões, pele, tecido nervoso, intestino delgado e fígado). Embora elas estejam distribuídas em todo o organismo, o fígado é, sem dúvida, o órgão que mais as concentra. Testes bioquímicos realizados com o tecido hepático por centrifugações sucessivas permitiram constatar a presença de enzimas nas diferentes frações denominadas solúvel (desidrogenases, esterases, amidases e transferases), mitocondrial (monoamino oxidases) e microssomal (citocromos P450). SISTEMA MICROSSOMAL • A fração hepática microssômica corresponde aos fragmentos dos retículos endoplasmáticos centrifugados por 60 minutos a 150 mil G. • As enzimas localizam-se predominantemente na superfície do retículo endoplasmático liso e constituem o sistema oxidase de função mista ou monoxigenases ou sistema citocromo P450. • Ele possui importantes funções metabólicas, além de ser o sistema de sentinela que primeiro apreende e inativa vários xenobióticos no organismo. • Para um fármaco ser metabolizado pelos microssomas, é necessário ser lipossolúvel, pois essa propriedade facilita a penetração dela no retículo endoplasmático e a sua ligação ao citocromo P450. • Apesar de o fígado ser o principal órgão biotransformador, importa ressaltar que as enzimas microssomais expressam-se em vários outros tecidos, como pulmão e rins, pele, cérebro e intestino. • citocromo P450: componente primordial do sistema enzimático oxidativo. Foi assim denominado por Omura & Sato (1964), porque o complexo formado com o monóxido de carbono apresentava um pico de aborção espectrofotométrica no comprimento de onda 450 nm. Essa enzima apresenta um núcleo pirrólico com o átomo de ferro à semelhança da hemoglobina, sendo considerada uma hemoproteína; • NADPH-citocromo P450 redutase ou NADPHcitocromo C redutase: enzima intermediária, flavoproteína, contendo quantidades equimolares de flavina monomucleotídio (FMN) e flavina adenina dinucleotídio (FAD). Essas enzimas necessitam de um agente redutor, a nicotinamida adenina dinucleotídio fosfato (NADPH), e do oxigênio molecular. Consome-se uma molécula de oxigênio por molécula de substrato, com um átomo de oxigênio aparecendo no produto e o outro, na forma de água. Os componentes do sistema P450 são: Essas enzimas estão envolvidas no metabolismo de cerca de 75% de todos os fármacos atualmente utilizados. O resultado final de uma reação de oxidação que depende do citocromo P450 é o seguinte: Fármaco + O2 + NADPH → Fármaco-OH + H2O + NADP As oxidases hepáticas do citocromo P450 exibem, em sua maioria, uma ampla especificidade de substrato. Isso se deve, em parte, ao oxigênio ativado do complexo, que é um poderoso agente oxidante capaz de reagir com uma variedade de substratos. Os nomes das enzimas do citocromo P450 são algumas vezes formados pelo “P450 (CYP)”, seguido do número da família de enzimas P450, letra maiúscula da subfamília e um número adicional para identificar a enzima específica (por exemplo, P450 3A4). Muitas das enzimas P450 exibem especificidades parcialmente superpostas que, em seu conjunto, permitem ao fígado reconhecer e metabolizar uma ampla série de xenobióticos. Em seu conjunto, as reações mediadas pelo P450 respondem pormais de 95% das biotransformações oxidativas. Outras vias também podem oxidar moléculas lipofílicas. 3. FATORES QUE AFETAM O METABOLISMO DE FÁRMACOS 1. Fatores ambientais internos: sexo, idade, peso, estado nutricional, atividades, temperatura corporal, flora e fauna no trato gastrintestinal, gestação, estado emocional, outros agentes químicos presentes, hidratação, composição genética, estados de atividades enzimáticas. 2. Fatores de administração do fármaco: via de administração, local de administração, velocidade de administração, volume administrado, veículo, número de doses, duração do tratamento, freqüência da medicação, estado físico-químico do fármaco. 3. Fatores ambientais externos: temperatura, umidade, pressão barométrica, composição atmosférica, luz, outras radiações, som, estação do ano, hora do dia, presença de animais, habitat, substâncias químicas, manuseio. Idade • Muitas reações de biotransformação têm a sua velocidade reduzida tanto em crianças de pouca idade quanto no indivíduo idoso. IDADE • Ao nascimento, os recém-nascidos são capazes de efetuar muitas das reações oxidativas, mas não todas elas; todavia, a maioria desses sistemas enzimáticos envolvidos no metabolismo de fármacos amadurece gradualmente no decorrer das primeiras 2 semanas de vida e durante toda a infância. • É interessante lembrar que a icterícia neonatal resulta de uma deficiência da enzima de conjugação da bilirrubina, a UDPGT (uridinadifosfato glicuroniltransferase). • Outro exemplo de deficiência de enzima de conjugação que está associada a um risco de toxicidade em lactentes é a denominada síndrome do bebê cinzento. As infecções por Hemophilus influenzae em lactentes eram antigamente tratadas com o antibiótico cloranfenicol; a excreção desse fármaco exige uma transformação oxidativa, seguida de reação de conjugação. O metabólito de oxidação do cloranfenicol é tóxico; se esse metabólito não sofrer conjugação, seus níveis podem aumentar no plasma, alcançando concentrações tóxicas. Em conseqüência da presença de níveis tóxicos do metabólito, os recém-nascidos podem sofrer choque e colapso circulatório, resultando na palidez e na cianose que deram o nome a essa síndrome. Idade • No indivíduo idoso, observa-se uma diminuição geral de sua capacidade metabólica. Em conseqüência, é preciso ter um cuidado especial na prescrição de fármacos ao idoso. Esse declínio de função tem sido atribuído a diminuições relacionadas com a idade na massa do fígado, na atividade das enzimas hepáticas e no fluxo sangüíneo hepático. • Há algumas evidências de diferenças no metabolismo de fármacos em ambos os sexos, embora os mecanismos envolvidos não estejam bem elucidados e os dados obtidos de animais de laboratório não sejam particularmente esclarecedores. • Foi relatada uma diminuição na oxidação de etanol, estrogênios, benzodiazepínicos e salicilatos nas mulheres em comparação com os homens, que pode estar relacionada aos níveis de hormônios androgênicos. • Tanto a dieta quanto o ambiente podem alterar o metabolismo dos fármacos ao induzir ou ao inibir as enzimas do sistema P450. Um exemplo interessante é o suco de toranja (grapefruit). • Os derivados do psoraleno e os flavonóides encontrados no suco de toranja inibem a 3A4 do P450. A inibição da 3A4 do P450 diminui significativamente o metabolismo de primeira passagem de fármacos coadministrados que também são metabolizados por essa enzima (inibidores da protease, antibióticos macrolídios, estatinas e bloqueadores dos canais de cálcio). • Como muitas substâncias endógenas utilizadas nas reações de conjugação derivam, em última análise, da dieta (e também necessitam de energia para a produção dos co-fatores propriados), a nutrição pode afetar o metabolismo dos fármacos ao alterar o reservatório dessas substâncias disponíveis para as enzimas de conjugação. • A exposição a poluentes pode, de modo semelhante, produzir efeitos radicais sobre o metabolismo dos fármacos Polimorfismo Genético • Numa determinada população, respostas anormais a medicamentos podem ocorrer devido às peculiaridades farmacocinéticas ou farmacodinâmicas, decorrentes de um polimorfismo genético. • A maior fonte de variabilidade farmacocinética se deve à polimorfismo genético de enzimas participando do metabolismo de fármacos. Polimorfismo Genético • A capacidade metabólica de cada indivíduo influencia grandemente esta complexa cinética e pode resultar em diferentes respostas terapêuticas. Polimorfismo Genético – Variabilidade Individual Amplitude de variação das respostas às drogas, comumente expressas por uma curva de distribuição normal. A variação individual é, em grande parte, determinada geneticamente. Entretanto, hábitos pessoais, ambiente e outros fatores também influem. Durante o curso de um tratamento, uma variedade de metabólitos circulantes, ativos ou inativos, bioformados em diferentes quantidades e velocidades relativas, estará presente indivíduos que fazem uso de medicamentos. Fica claro que a capacidade metabólica de cada indivíduo influencia grandemente esta complexa cinética e pode resultar em diferentes respostas terapêuticas. Metabolizadores lentos, rápidos, ultrarrápidos. Ex.: a isoniazida, fármaco utilizado no tratamento da tuberculose. A variabilidade genética, na forma de traço autossômico recessivo disseminado, que resulta em diminuição da síntese de uma enzima, leva a um retardo do metabolismo desse fármaco em certos subgrupos da população dos Estados Unidos. A enzima em questão é a N-acetiltransferase, que inativa a isoniazida por uma reação de acetilação (conjugação). O fenótipo de “acetilador lento ”é expresso em 45% dos indivíduos brancos e negros nos Estados Unidos e por alguns europeus que vivem em altas latitudes norte. O fenótipo de “acetilador rápido” é encontrado em mais de 90% dos asiáticos. Os níveis sangüíneos de isoniazida estão quatro a seis vezes mais elevados nos acetiladores lentos do que nos acetiladores rápidos. Além disso, como o fármaco livre atua como inibidor das enzimas P450, os acetiladores lentos estão mais sujeitos a interações medicamentosas adversas. Caso o paciente expresse o fenótipo de acetilador lento, e a sua dose e isoniazida não for diminuída com base nesse fato, a adição de isoniazida a seu esquema posológico pode potencialmente ter um efeito tóxico. • A Farmacogenética pode ser considerada como a ciência que examina as bases genéticas das variabilidades individuais, observadas nas respostas terapêuticas a tratamentos farmacológicos. Em uma recente revisão sobre o tema, a farmacogenética foi definida como o estudo do papel da na variação individual no efeito de um fármaco. METABOLISMO DE FÁRMACOS 1. Introdução 2. Local do Metabolismo 3. Fatores que Afetam o Metabolismo 4. Fases do Metabolismo 5. Metabolismo e Estereosseletividade 6. A Importância Clínica do Estudo do Metabolismo de Fármacos 7. Conclusões Fases do Metabolismo Classificação (Williams, 1959) • Os fármacos estranhos ao organismo são geralmente transformados em metabólitos de polaridade crescente, até que possam ser excretados pelos rins. O processo é normalmente bifásico. Classificação (Williams, 1959) • As reações metabólicas são divididas em fase 1 (oxidação, redução e hidrólise) e fase 2 (conjugação). • Normalmente, ambos os tipos de reações produzem metabólitos que são mais hidrossolúveis e dessemodo mais facilmente excretados que o fármaco original. • Os produtos de degradação (metabólitos), por sua vez, podem ser inativos ou ativos. FASE 1 DO METABOLISMO • Novo grupo funcional é introduzido na molécula do substrato; • Um grupo funcional presente é modificado; • Um grupo polar é evidenciado. Fase 1 • Em geral, citocromo P-450 catalisa a hidroxilação ou epoxidação de muitos substratos; • Acredita-se que ocorre via um intermediário radical; Possível mecanismo de hidroxilação de hidrcarbonetos “não ativados” e de alcenos: Fase 1 • O esquema seguinte mostra o mecanismo hipotético da hidroxilação do anti-histamínico difenidramina: OXIDAÇÃO (Citocromo P-450) da amina terciária; formação do íon imônio; a carbinolamina decompoe-se na amina secundária Hidroxilação da difenidramina N-DEALQUILAÇÃO IMIPRAMINA DESIMIPRAMINA N N CH3 CH3 N N H CH3 O-DEALQUILAÇÃO FENACETINA ACETAMINOFEN HN CH3 OCH2CH3 O HN CH3 OH O S-DEALQUILAÇÃO 6-METILMERCAPTOPURINA 6-MERCAPTOPURINA N N N N HSCH3 N N N N HSH SULFOXIDAÇÃO CLORPROMAZINA SULFÓXIDO DE CLORPROMAZINA S N N CH3 CH3 S N N CH3 CH3 O Reações de Fase 1 Oxidação - é a reação metabólica mais importante da fase 1 Geralmente, as ligações alifáticas saturadas C-H são metabolizadas por hidroxilação. Normalmente a hidroxilação ocorre na ligação C-H na metila terminal, ou na ligação C-H a metila terminal de uma cadeia de hidrocarboneto saturado ou preferencialmente na ligação -C-H próxima a um grupo retirador de elétrons (anel benzênico, cloro, grupamento amino alifático, ceto ou éster). H3C SO2NHCONHCH2CH2CH2CH3 HOH2C SO2NHCONHCH2CH2CH2CH3 CYP -450 Tolbutamida (Antidiabético) Reações de Fase 1 A principal oxidação metabólica das ligações C-H aromáticas é a hidroxilação, freqüentemente na posição para. Acredita-se que a reação ocorra através de um intermediário epóxido conhecido como óxido de areno. Os metabólitos fenólicos dessa hidroxilação freqüentemente são adicionalmente metabolizados aos sulfatos e glucuronatos hidrossolúveis correspondentes que são excretados na urina. Reação Geral: R R O R OH OH Exemplo: CH2 CH NH2 CH3 CH3CH2 CH NH2 HO Anfetamina (estimulante do SNC) H O H R R R OHOH OH OH R R X SH OH Epóxido hidrolase H2O Glutationa S-transferaseGSH Macromoléculas Nucleófilo X Hidroxilação Aromática • O óxido de areno pode submeter-se a rearranjos levando a: • Produção de Arenóis ; • Hidratação catalisada por epóxido hidrolase produzindo trans diol; • Reação com a glutationa • Reação com varios nucleófilos de macromoléculas D R CIT O2 NADPH R R O H D O - D H D HO R O D H R B Reações de Fase 1 A principal via de metabolismo dos alcenos é a oxidação metabólica ao epóxido correspondente (oxiranos), que são relativamente estáveis, mas acredita-se que podem sofrer reações subseqüentes com nucleófilos. -450 C C C O C CYT N CONH2 N CONH2 O N CONH2 HO OH Carbamazepina Processos oxidativos não-microssômicos • Oxidação de álcoois a aldeidos por ação de desidrogenases hepáticas também presentes nos rins e pulmões; • Oxidação de aldeídos por ação de aldeído desidrogenases hepáticas também presentes nos rins e pulmões; • Cisão oxidativa das ligações C-Csp 3 das cadeias alifáticas de ácidos graxos produzindo homólogos inferiores por ação de β-oxidases, no plasma; • Cisão oxidativa de ligações C-N de aminas primárias por monoaminooxidases (MAO), encontrado nas mitocôndrias de diversas células de mamíferos (figado, rins, pulmão, vasos sanguíneos, músculo cardíaco, mucosa intestinal e plasma). Reações de Fase 1 Normalmente os álcoois primários são metabolizados por oxidação ao aldeído correspondente, que são subseqüentemente metabolizados ao ácido carboxílico correspondente. Os álcoois secundários são metabolizados mais lentamente, produzindo uma cetona. Os álcoois terciários geralmente não são metabolizados por oxidação. RCH2OH RCHO RCOOH Álcool desidrogenase CHOH R R' Álcool desidrogenase C O R R' Álcool primário Álcool secundário Efeito Dissulfiram • O álcool etílico sofre uma biotransformação, através da enzima álcool desidrogense, formando acetaldeído, este por sua vez através de outra enzima, a acetaldeído desidrogenase, transforma-se no ácido acético. • O dissulfiram inibe a enzima acetaldeído desidrogenase. Desta forma ocorre um acúmulo de acetaldeído quando o paciente consome álcool causando vasodilatação e conseqüente queda de pressão arterial, taquicardia, náusea, vômito, confusão mental, fraqueza, rubor, sudoração e cefaléia. • Quanto maior o consumo de álcool e dissulfiram piores os efeitos colaterais. Estes efeitos denominam-se efeito antabuse ou efeito dissulfiram. Fármacos Indutores de Reações do Tipo Dissulfiram na Presença de Álcool Grupo farmacológico Medicamentos Analgésicos Fenacetina, fenilbutazona Antimicrobianos cefamandol, cefoperazona, cefotetano cloranfenicol, griseofulvina, isoniazida, metronidazol, nitrofurantoína, sulfametoxazol, sulfisoxazol, sulfametoxazol/ Trimetoprima Antianginosos dinitrato de isossorbida, nitroglicerina Sulfoniluréias clorpropamida, glibenclamida, tolazamida, tolbutamida • Os fármacos inibidores da MAO inibem a enzima monoaminooxidase (MAO), responsável por metabolizar monoaminas como a noradrenalina, dopamina e serotonina. • A redução na atividade da MAO resulta em aumento na concentração desses neurotransmissores nos locais de armazenamento no sistema nervoso central (SNC) e no sistema nervoso simpático. O incremento na disponibilidade de um ou mais neurotransmissores tem sido relacionado à ação antidepressiva dos IMAOs • A serotonina é substrato da MAO, Produzindo o ácido 3-indolilacético correspondente, que é diagnóstico, quando dosado na urina, para antecipar a fase psicótica de pacientes com psicose maníaca-depressiva. NH 2 OH N H Reações de Fase 1 – Hidrólise • Reações hidrolíticas que podem ocorrer tanto no fígado como no plasma. São catalisadas por hidrolases (esterases e amidases) e transformam ésteres e amidas e outros derivados de ácidos carboxílicos em metabólitos mais polares. • Esterases (TGI, plasma, flora microbiana intestinal, e algumas específicas em determinados tecidos, ex. acetilcolinetserase no SNC). • Amidases (plasma, TGI) • São sensíveis a efeitos estéricos e eletrônicos, permitindo a previsão de hidrólises cineticamente favorecidas em função, por exemplo, de menores restrições estéricas (ex: cocaína). Reações de fase 1 O estudo da hidrólise dos ésteres da cocaína indicou que se pode prever a seletividade da reação enzimática em função do menor impedimento estérico existente entre dois ésteres de um mesmo substrato → estes estudos contribuíram significativamente para o desenvolvimento de novos agentes anestésicos.(Duração da ação) N H O O OCH3O N H O O OHO Cocaína Reações de fase 1 Hidrólise - é uma importante reação metabólica para fármacos cuja estrutura contêm grupamentos éster e amida. Todos os tipos de éster e amida podem ser metabolizados por essa via. Os produtos formados devem ser subseqüentemente convertidos pelas reações de fase 2 em conjugados inativos e/ou mais hidrossolúveis que são excretados mais facilmente. Etapa de Conjugação: Fase 2 do Metabolismo De maneira geral, os metabólitos de fase 1 apresentam coeficiente de partição (P) inferior ao do fármaco original (ou seja, são mais hidrossolúveis), dependendo do nível de variação estrutural do fármaco, inclusive quanto ao peso molecular. Entretanto, a maior polaridade desses metabólitos de fase 1, não é suficiente para assegurar sua eliminação pela principal via de excreção dos fármacos, a renal. Portanto, estes metabólitos sofrem reações subseqüentes de conjugação com pequenas moléculas endógenas de alta polaridade, formando conjugados altamente hidrossolúveis, que são excretados pela urina, preferencialmente, ou pela bile. REAÇÕES DE FASE 2 • As reações de conjugação de fase 2 podem ocorrer em qualquer ponto do metabolismo de um fármaco. Entretanto, freqüentemente elas representam a etapa final da via metabólica antes da excreção. • A reação é geralmente catalisada por uma transferase específica. Os conjugados formados geralmente não têm atividade farmacológica. • Eles são excretados na urina e/ou na bile. 1. Conjugação com ácido glicurônico; 2. Formação de sulfato; 3. Conjugação com aminoácidos; 4. Conjugação com a glutationa; 5. Acilação; 6. Metilação. REAÇÕES DE FASE 2 - REAÇÕES DE CONJUGAÇÃO • Enzimas conjugativas ou de Fase 2, em geral, catalisam a anexação de pequena moléculas endógenas polares como ácido glicurônico, sulfatos e aminoácidos à fármacos ou, muitas vezes, a metabólitos da Fase 1 levando a desativação do fármaco e produzindo metabólitos solúveis em água que são facilmente secretados através da urina ou da bile. • Reações de fase 2 como acetilação e metilação não produzem metabólitos mais polares, mas levam a diminuição ou encerramento da atividade biológica. • Reações metabólicas com o potente nucleófilo glutationa servem para prender metabólitos altamente eletrofílicos antes que eles danifiquem importantes macromoléculas como proteínas, RNA e DNA. REAÇÕES DE FASE 2 - REAÇÕES DE CONJUGAÇÃO As reações de conjugação têm lugar principalmente em grupos hidroxila, carboxila, amino, nitrogênio heterocíclico e grupos tiólicos. Se estes grupos não estiverem presentes na molécula do fármaco, eles serão introduzidos ou evidenciados através das reações de fase 1. O grupo envolvido na conjugação é uma molécula endógena que é primeiramente ativada na forma de coenzima antes de ser transferida ao grupo aceptor. As enzimas que catalisam estas reações são denominadas transferases. I – Conjugação com o Ácido Glicurônico • A glicuronidação é a reação de conjugação mais comum, provavelmente porque existe um bom suprimento de ácido glicurônico no corpo. • Vários álcoois, fenóis, aminas, tióis e alguns ácidos carboxílicos são metabolizados por essa via. • A forma de coenzima do ácido glicurônico, denominada uridina 5'-difosfo-α-D- glicurônico (UDP - ácido glicurônico) é biossintetizado a partir da -D-glicose-1- fosfato. • Em decorrência da presença de grupos carboxilatos e hidroxílicos da fração glucuronil, os glucuronídeos são muito solúveis em água e, assim, aptos a serem excretados. CO2H O OH O + UDP Glicuronisil transferase OHO HO OH O P O OH O P O OH O O OH OH N NH O O CO2H OHO HO OH O O O Fenoprofeno UDPGA - - I – Conjugação com o Ácido Glicurônico II - Formação de Sulfato • A conjugação com sulfatos ocorre menos freqüentemente do que a conjugação com ácido glicurônico, presumivelmente por causa da limitada disponibilidade de sulfato inorgânico nos mamíferos e pelo pequeno número de grupos funcionais (fenol, álcool, arilaminas e N-hidroxicompostos) que se submetem a conjugação com sulfato. • O sulfato inorgânico é ativado pela ATP-sulfurilase, reação com ATP para produzir adenosina 5'-fosfosulfato, que é fosforilada em uma reação catalisada por APS fosfoquinase formando 3'-fosfoadenosina 5'-fosfosulfato (PAPS), a forma de coenzima para sulfatação. • A molécula aceptora (RXH) sofre sulfatação catalisada por sulfotransferase com a liberação de 3'-fosfoadenosina 5'-fosfato (PAP). II - Formação de Sulfato O HO N N N N NH2 O OHO P O O O O P O S O O O O O + __ _ _ O O S OO OH Estrona PAPS III - Conjugação com Aminoácidos • Sofrem conjugação com amonoácidos uma variedade de ácidos carboxílicos, particularmente aromáticos, arilacéticos e heterocíclicos levando a formação de uma ligação amida. • O aminoácido específico envolvido na conjugação dentro de uma classe de animais depende da biodisponibilidade do aminoácido de fontes endógenas ou da dieta. • A conjugação com a glicina é a mais comum em animais. • Conjugados com taurina, arginina, asparagina, histidina, lisina, glutamato, aspartato, alanina e serina também têm sido encontrados em mamíferos. III - Conjugação com Aminoácidos N N Br N CO2H Br N Br O N CO2H H Glicina N acetiltransferase- Bromofeniramina IV - Conjugação com a Glutationa • O tripeptídeo sulfidrílico glutationa – GSH (glutamato, cisteína, glicina) é encontrado em todos os tecidos dos mamíferos. • Ele contém um potente grupo tiólico nucleofílico, e sua função parece ser retirar perigosos compostos eletrofilicos ingeridos ou produzidos pelo organismo. • Xenobióticos que são conjugados com a glutationa são eletrofílicos ou se tornam através de metabolização antes de serem conjugados. • Compostos eletrofílicos incluem grupos como: haletos de alquila, epóxidos, haletos de arila, anidridos, duplas ou triplas ligações conjugadas com carbonilas. • Todas estas reações catalisadas por glutationa S-transferase ocorrem não- enzimaticamente, mas em baixa velocidade. H O H R R R OHOH OH OH R R X SH OH Epóxido hidrolase H2O Glutationa S-transferaseGSH Macromoléculas Nucleófilo X IV - Conjugação com a Glutationa • Conjugados com a glutationa são raramente excretados pela urina, devido ao seu alto peso molecular e característica anfifílica, quando ele é eliminado se dá pela bile. Mais tipicamente, entretanto, os conjugados com a glutationa não são excretados; são novamente metabolizados e excretados como conjugado com N-acetil-L-cisteína (ácido mercaptúrico). IV - Conjugação com a Glutationa O N OH O O O N OH S N O N H O NH2 CO2H H CO2H Glutationa S transferase H2N N N SH CO2H CO2H O H O H V – Acetilação N NHNH2O N NO N H H O Isoniazida AcetilCoA N Acetiltransferase- VI – Metilação N HO HO OH H + N N N N O OHOH SH2N CO2H + COMT Isoproterenol SAM N OH H H3CO HO • Cabe aqui destacar as reações de metilação e acetilação, que embora não aumentem a polaridade do metabólito, contribuem para a sua inativação, uma vez que grupos funcionais importantes para as interações fármaco-receptorse encontrarão protegidos. Metabolismo e Estereosseletividade Seletividade do produto N NO O H H homem cão N NO O H H OH N NO O H H OH S R Fenitoína Metabolismo e Estereosseletividade Estereosseletividade tissular N N O H O O fígado cérebro N N O H OH N N O H OH rac O acetiloxazepam- - (R) oxazepam (S) oxazepam - - Warfarina (R) (R,S) álcool (majoritário) (S) 7-hidroxiwarfarina (majoritário) CYP2C9 O O O OH HO Ph OH O OH OH Ph O OH OH OH Ph Varfarina – Biotransformação e eliminação • A varfarina é uma mistura racêmica de enantiômeros anticoagulantes R e S, sendo este cinco vezes mais potente que aquele. (inibe a Vitamina K epóxido redutase) • A S-varfarina é transformada em metabólitos inativos pela isoenzima CYP2C9, enquanto a R- varfarina é transformada pelas CYP1A2, CYP2C19 e CYP3A4. • Seus metabólitos inativos são excretados na urina e nas fezes. A meia-vida varia de 25 a 60 horas, com média de cerca de 40 horas. A duração de ação da varfarina é de 2 a 5 dias. • É importante destacar que a varfarina apresenta janela terapêutica estreita, enorme variabilidade em termos de dose resposta e elevada complexidade de regime posológico • Dessa forma, o grande dilema na prática clínica tem sido balançar o benefício da prevenção de eventos tromboembólicos e o risco de complicações hemorrágicas . • Essas limitações geram uma maior probabilidade de interações com outros fármacos, sendo necessária uma atenção especial a pacientes em tratamentos com múltiplos fármacos, uma vez que esses pacientes se tornam passíveis de sofrerem exacerbação ou inibição do efeito anticoagulante , decorrente de associações inapropriadas com outros medicamentos BARBITÚRICOS N N O O O H H R1 R2 2 34 5 6 1 Oxidação e completa remoção dos substituintes em C5 N-desalquilação em N1 e N3 Quebra do anel na ligação 1: 6 Dessulfuração em C2 FENITOÍNA • Hidroxilaçao do anel aromático • Conjugação dos grupos fenólicos com ácido glicurônico • Quebra hidrolítica do anel em C3-C4 N N OO H H 1 2 3 4 5 DIAZEPAM • N-desalquilação em N1 • Hidroxilação de C3 • Conjugação dos grupos fenólicos com ácido glicurônico N N O CH3 1 2 3 A Importância Clínica do Estudo dos Metabolismo de Fármacos • O uso crônico de medicamentos pode induzir alterações da função hepática de determinado paciente, resultando em indução enzimática, em que a atividade enzimática se torna exacerbada, ou, contrariamente, de inibição da função enzimática hepática. A Importância Clínica do Estudo dos Metabolismo de Fármacos Entende-se por interação medicamentosa quando o efeito de um medicamento é alterado pela presença de outros medicamentos, de alimentos, de bebidas alcoólicas ou de substâncias químicas do ambiente. Interações farmacocinéticas – são aquelas que afetam a cinética do fármaco através do organismo e podem acontecer nos sítios de absorção, distribuição, metabolismo e excreção. Interações farmacodinâmicas – são aquelas em que o efeito de um fármaco é afetado pela presença de outro no seu sítio de ação. Cilostazol Metabolism: Metabolized by CYP3A4, and to a lesser extent, CYP2C19. Drugs Affecting Hepatic Microsomal Enzymes: Inhibitors of CYP3A4 and CYP2C19: potential pharmacokinetic interaction (increased plasma cilostazol concentrations, decreased clearance) Dynamed: ferramenta de referência clínica com respostas rápidas Indicado para tratar problemas de circulação em que ocorre diminuição do fluxo de sangue para as artérias periféricas do corpo, condição denominada doença vascular periférica, cujo sintoma principal é a claudicação intermitente e para a prevenção da recorrência de acidente vascular cerebral (AVC) INDUÇÃO • FENOBARBITAL E OUTROS BARBITÚRICOS INDUZEM O METABOLISMO DE MUITAS DROGAS, TAIS COMO: ▫ ANTICOAGULANTES CUMARÍNICOS ▫ ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS ▫ DIGITOXINA ▫ DIPIRONA ▫ DOXICICLINA ▫ FENITOÍNA • FENITOÍNA INDUZ O METABOLISMO DE: ▫ DEXAMETASONA ▫ DIGITOXINA ▫ DOXICICLINA ▫ HIDROCORTISONA INIBIÇÃO • Dicumarol inibe o metabolismo de: Alguns hipoglicemiantes orais (tolbutamida e clorpropamida) • Fenilbutazona inibe o metabolismo de: Warfarina • Cloranfenicol, isoniazida e dissulfiram inibem o metabolismo da: Fenitoína MECANISMO DA INDUÇÃO E INIBIÇÃO ENZIMÁTICA Indução Aumento da síntese da enzima Inibição Interferência na síntese de proteínas Competição com o substrato Hepatotoxicidade, levando a um impedimento da ação enzimática CONCLUSÕES O estudo do metabolismo contribui de forma significativa para assegurar o emprego seguro e correto de medicamentos (inclusive de enantiômeros); Estudo da atividade dos metabólitos principais de alguns fármacos. • Metabólito - É qualquer intermediário ou produto resultante do metabolismo. • Xenobiótico - É um composto estranho ao organismo. • Indução enzimática - Processo pelo qual uma enzima (induzível) é sintetizada em resposta a uma molécula indutora específica. • Inibição enzimática - Diminuição ou supressão da atividade de uma enzima por uma determinada substância. • Metabolismo de primeira-passagem (ou eliminação pré-sistêmica) - Este efeito se refere à possibilidade do fármaco, antes de cair na circulação sistêmica, sofrer, pelo menos parcialmente, ações metabólicas pelo epitélio intestinal e pelo fígado.
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