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EAE0205 Microeconomia II Lista - Informac¸a˜o Assime´trica Questa˜o 1. Existem na economia dois tipos de motoristas de carro, os cuidadosos (c) e os imprudentes (i). O primeiro tipo tem uma probabilidade baixa de sofrer acidente de carro; o segundo tem alta probabilidade. Cada tipo de motorista pode comprar seguro de automo´vel de uma seguradora monopolista. Suponha que o valor do carro para ambos seja igual a L. O consumidor cuidadoso sofre acidente com probabilidade pc ∈ [0, 1]; o imprudente, com probabilidade pi > pc. Se comprarem seguro, ambos devem pagar a` seguradora um preˆmio t, recebendo em troca um valor x no caso de acidente, em que 0 ≤ x ≤ L. Logo, a func¸a˜o de utilidade do consumidor tipo c e´: Uc = pc u(xc − tc) + (1− pc)u(L− tc) Ja´ a do consumidor tipo i e´: Ui = pi u(xi − ti) + (1− pi)u(L− ti) com u′(.) > 0, u′′(.) < 0. A utilidade de reserva de ambos e´ igual a zero. A seguradora tem uma func¸a˜o lucro linear e seu objetivo e´ maximiza´-lo. A proporc¸a˜o do tipo c na sociedade e´ igual a pi. a) Suponha que a seguradora observe corretamente os tipos de motoristas. Monte o problema dela para cada tipo e obtenha quanto cada um comprara´ de seguro, isto e´, obtenha xc e xi. b) Dado que existe informac¸a˜o assime´trica na economia, isto e´, a seguradora tem informac¸a˜o incompleta sobre os motoristas, ela vai desenhar contratos para fazer com que eles revelem seu tipo. Monte o problema da seguradora com todas as restric¸o˜es. c) Suponha que a companhia de seguros decida oferecer o seguro com base na taxa de acidente me´dia. O que voceˆ acha que acontecera´ com a firma? Justifique. Questa˜o 2. Considere um caso em que um empresa´rio contrata um gerente, cujo esforc¸o ele na˜o consegue determinar. Assuma que a incerteza seja representada por treˆs estados da natureza. O agente pode escolher entre dois n´ıveis de esforc¸os. A tabela abaixo mostra os resultados. Receita em cada estado da natureza estado 1 estado 2 estado 3 e = 6 60.000 60.000 30.000 e = 4 30.000 60.000 30.000 A probabilidade de cada estado e´ 1/3, conhecida tanto pelo gerente quanto pelo empresa´rio. As func¸o˜es utilidade do empresa´rio e do gerente sa˜o respectivamente: B(x,w) = x− w U(w, e) = √ w − e2 em que x e´ a receita obtida em cada estado da natureza e w(x) e´ o sala´rio pago ao agente em func¸a˜o da receita por ele gerada. Assuma que o agente somente aceita o contrato se tiver uma utilidade de 114. 1 a) O que podemos deduzir da forma funcional das func¸o˜es objetivo? b) Qual seria o esforc¸o e o sala´rio no caso de informac¸a˜o completa? c) O que ocorre se ha´ informac¸a˜o assime´trica? Qual esquema de incentivo (w) implementaria e = 4? E e = 6? Qual dos dois o empresa´rio prefere? Questa˜o 3. Seja um problema de agente-principal em que o principal e´ o dono de um restaurante e o agente e´ o garc¸om. O garc¸om escolhe o n´ıvel de esforc¸o e que vai implementar, o qual pode assumir os valores e = 2 (caso o garc¸om trabalhe muito) ou e = 0 (caso o garc¸om trabalhe pouco). Alternativamente, o garc¸om pode trabalhar em outro lugar e ganhar 10 com certeza. A receita do restaurante pode assumir dois valores, H e L (H > L+ 10), dependendo parcialmente do esforc¸o do garc¸om da seguinte maneira: R(e) = { Hcomprob.0, 8ouLcomprob.0, 2, casoe = 2 Hcomprob.0, 4ouLcomprob.0, 6, casoe = 0 } Logo, quanto maior o esforc¸o, maior a probabilidade de ocorreˆncia do estado ”bom”(isto e´, receita mais alta). Isso significa que se esforc¸ar muito (e = 2) na˜o garante ao garc¸om o sala´rio alto (pago pelo restaurante caso ocorra H), assim como se esforc¸aar pouco na˜o o condena a receber o sala´rio baixo (pago caso ocorra L). A func¸a˜o utilidade esperada do garc¸om e´: U = E(w − e) O lucro esperado do restaurante depende da receita e do sala´rio pago (suponha que na˜o existam outros custos): Π = R(e)− E(w) a) Supondo que o principal consiga observar o esforc¸o do agente, obtenha o esforc¸o, sala´rio e utilidades do garc¸om e principal. b) Assuma agora que exista informac¸a˜o assime´trica. A que n´ıvel de esforc¸o o principal tentara´ induzir o garc¸om? Qual sera´ o contrato oferecido? Questa˜o 4. Suponha um consumidor que pretenda comprar uma garrafa de vinho. Sua utilidade e´ U = θ q − t, em que q e´ a qualidade que ele compra e θ e´ um paraˆmetro positivo que indexa seu gosto por qualidade. Se ele decide na˜o comprar o vinho, sua utilidade e´ zero. Existem dois valores poss´ıveis para θ : θ1 < θ2. A probabilidade de que um agente seja do tipo 1 e´ pi. A produc¸a˜o de vinho esta´ a cargo de um monopolista: ele pode produzir vinho de qualidade q, cujo custo e´ C(q). A utilidade do monopolista e´ a diferenc¸a entre sua receita e seus custos, ou seja, t− C(q). a) Resolva o problema supondo que o monopolista consegue discriminar entre os consumi- dores. b) Suponha que o monopolista na˜o consiga discrminar entre os consumidores. Mostre que se o monopolista colocar no mercado os contratos desenhados na letra (a), o consumidor do tipo 2 prefere se passar por um tipo 1. 2 c) Monte o problema do monopolista com informac¸a˜o assime´trica. d) Prove que, se as restric¸o˜es de compatibilidade de incentivo forem va´lidas, enta˜o as alocac¸o˜es sera˜o mono´tonas nos tipos (ou seja, o tipo mais alto fica com uma quantidade maior e paga um prec¸o maior). e) Mostre que, se a restric¸a˜o de participac¸a˜o do tipo baixa for va´lida, enta˜o a restric¸a˜o de participac¸a˜o do tipo alto tambe´m sera´. f) Mostre que, no o´timo, a restric¸a˜o de participac¸a˜o do tipo baixo e´ ativa (com igualdade). g) Mostre que, no o´timo, a restric¸a˜o de participac¸a˜o do tipo alto e´ inativa. h) Mostre que, no o´timo, a restric¸a˜o de incentivo do tipo alto e´ va´lida com igualdade e a restric¸a˜o de incentivo do tipo baixo pode ser ignorada. i) Usando os itens anteriores, reescreva o problema do monopolista sem restric¸o˜es, apenas em func¸a˜o de q1, q2. Resolva esse problema. Questa˜o 5. Suponha que um carro dure por dois per´ıodos. Carros teˆm diferentes qualida- des, de modo que o valor que um carro v para seus proprieta´rios e´ uniformemente distribu´ıdo no intervalo [α, β]. Estes descobrem a qualidade durante o primeiro per´ıodo. Suponha que no mercado de carros usados haja mais compradores do que vendedores, de forma que os u´ltimos teˆm todo o poder de barganha na negociac¸a˜o. Um comprador de carro usado esta´ disposto a pagar v + θ, θ > 0, por um carro de ”qualidade”v. a) Qual seria o equil´ıbrio de mercado se a qualidade dos carros fosse uma informac¸a˜o pu´blica? b) Suponha que a qualidade do carro seja informac¸a˜o privada do vendedor. Se o prec¸o de mercado for p, que vendedores oferecera˜o seus carros no mercado? Mostre que nestas circunstaˆncias o valor me´dio dos carros sera´ p+α 2 c) Mostre que o prec¸o de equil´ıbrio deve ser igual a p = α + 2 θ d) Qual o equil´ıbrio de mercado com informac¸a˜o assime´trica quando α = 0, β = 1000 e θ = 100? Calcule a perda de bem-estar causada pela presenc¸a de informac¸a˜o privada, assumindo que o nu´mero de vendedores seja igual a 400. e) Suponha agora que nenhuma das partes - vendedores e compradores - conhec¸a a qualidade dos carros. Qual sera´ o equil´ıbrio de mercado? Questa˜o 6. No mesmo mercado de carros usados, suponha que haja somente dois tipos de carro. Os carros ”bons”apresentara˜o problemas com probabilidade p = 1/5, enquanto os carros ”ruins”tera˜o problemas com probabilidade q = 3/4. O valor de um carro com problemas para o vendedor e´ igual a $100, enquanto os compradores esta˜o dispostos a pagar $150 por eles. Para um carro que na˜o apresentar problemas, estes valores sa˜o de $350 e $550, respectivamente. Ambas as partes sao neutras ao risco. Observe que adquirir um carro ”bom”na˜o significa necessariamente que este carro na˜o tera´ problemas e vice-versa. A frac¸a˜o de carros”bons”no mercado e´ de 1/2. Qual o equil´ıbrio que prevalecera´ no mercado se o tipo do carro for informac¸a˜o privada do vendedor? Questa˜o 7. Assuma que em um mercado so´ existam dois tipos de trabalhadores, de acordo com suas produtividades. Trabalhadores do tipo G possuem produtividade kG = 2 enquanto 3 trabalhadores do tipo B possuem produtividade kB = 1. O custo de se adquirir educac¸a˜o para o trabalhador do tipo j, j = G,B, e´ dado por cj(e, k) = e/kj. A utilidade de um indiv´ıduo do tipo j e´ dada por U(w, e, kj) = w − cj(e, kj). Suponha que as firmas so´ consigam observar o n´ıvel de educac¸a˜o, mas na˜o a produtividade. Suponha que elas acreditem que se o n´ıvel de educac¸a˜o for maior que e0, o trabalhador e´ de alta produtividade (tipo G), enquanto n´ıveis de educac¸a˜o menores que e0 sinalizariam um trabalhador de baixa produtividade (tipo B). Assim, w(e) = 2 se e ≥ e0 e w(e) = 1 se e < e0. A utilidade de reserva dos trabalhadores e´ zero. a) Qual(is) condic¸a˜o(o˜es) deve ser satisfeita por e0 para que a educac¸a˜o seja um sinalizador efetivo da produtividade? b) Calcule o n´ıvel de educac¸a˜o que cada tipo vai escolher no equil´ıbrio separador. Questa˜o 8. Em um determinado mercado ha´ 1000 empresas e 500 trabalhadores, o que da´ para estes o poder de barganha. Os trabalhadores sa˜o de dois tipos. Os mais produtivos produzem θH unidades do produto quando esta˜o empregados por uma firma ou µH quando trabalham por conta pro´pria. Por outro lado, os de menor produtividade produzem θL nas firmas e µL por conta pro´pria. Ha´ 250 trabalhadores de cada tipo. O tipo do trabalhador e´ informac¸a˜o privada dos mesmos. Assuma que θH = 8, θL = 2, µH = 6 e µL = 1. a) Qual a alocac¸a˜o eficiente de trabalhadores nesta economia? Isto e´, resolva o problema do planjeador central que tem informac¸a˜o completa. b) Qual o equil´ıbrio com informac¸a˜o assime´trica? Este equil´ıbrio e´ eficiente? Suponha agora que os trabalhadores possam adquirir educac¸a˜o. O custo para o trabalhador mais produtivo e´ cH = 1, enquanto os menos produtivos devem gastar cL = 7. c) Qual o equil´ıbrio neste caso? Qual o excedente? Compare com a situac¸a˜o do item (b) e responda se a possibilidade de sinalizac¸a˜o aumenta o bem-estar social. d) Refac¸a os itens (b) e (c) sob a hipo´tese que µH = 4. 4
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