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Microeconomia II - Gabarito Lista 6 - Informac¸a˜o Assime´trica Tiago Ferraz 27 de novembro de 2015 1. (a) Como a func¸a˜o lucro e´ linear e a seguradora observa os tipos, ela age como monopolista dis- criminador de prec¸os, oferecendo um contrato (tk, xk), k ∈ {c, i}, para cada tipo. Mas, note que este e´ um problema com restric¸a˜o, pois o contrato oferecido deve ser aceito por cada tipo, isto e´, deve obedecer a restric¸a˜o de participac¸a˜o. max xk,tk pk(tk − xk)︸ ︷︷ ︸ Lucro c/acidente + (1− pk)tk︸ ︷︷ ︸ Lucro s/acidente s.t. pku(xk − tk)︸ ︷︷ ︸ Utilidade c/acidente + (1− pk)u(L− tk)︸ ︷︷ ︸ Utilidade s/acidente ≥ 0 Como u′(.) > 0, sabemos que a restric¸a˜o deve valer com igualdade. Para resolver, basta montar o lagrangeano e tirar as condic¸o˜es de primeira ordem (duas varia´veis de escolha ⇒ duas CPO): L = pk(tk − xk) + (1− pk)tk + λ[pku(xk − tk) + (1− pk)u(L− tk)] CPO : { (xc) : −pk + λpku′(xk − tk) = 0 (tk) : pk + (1− pk)− λpku′(xk − tk)− λ(1− pk)u′(L− tk) = 0 Isolando λ na primeira condic¸a˜o: λ = 1 u′(xk − tk) Agora, basta substituir na segunda: ��pk +�� ��(1− pk)−��pk �� �� ��* 1 u′(xk − tk) u′(xk − tk) −� ���(1− pk) u ′(L− tk) u′(xk − tk) = 0 u′(L− tk) u′(xk − tk) = 1⇒ u ′(L− tk) = u′(xk − tk) Como u′(.) > 0 e u′′(.) < 0, para valer esta igualdade L− tk = xk − tk ⇒ L = xk 1 Note que esta condic¸a˜o vale para ambos os tipos, isto e´, os dois querem fazer seguro total. Ale´m disto, note que o contrato o´timo na˜o depende da probabilidade de ocorrer um acidente. Isto acontece porque ambos os tipos teˆm func¸a˜o utilidade coˆncava (portanto sa˜o avessos ao risco). (b) Sob informac¸a˜o assime´trica, como a seguradora na˜o observa os tipos, ela precisa oferecer um contrato para cada tipo que maximize sua utilidade esperada, sujeito a quatro restric¸o˜es: uma restric¸a˜o de participac¸a˜o e uma restric¸a˜o de compatibilidade de incentivos para cada tipo. Lembrando que a proporc¸a˜o do tipo c nesta economia e´ pi, o problema da seguradora e´ max xc,tc,xi,ti pi[pc(tc − xc) + (1− pc)tc] + (1− pi)[pi(ti − xi) + (1− pi)ti] s.t. pcu(xc − tc) + (1− pc)u(L− tc) ≥ 0 piu(xc − tc) + (1− pi)u(L− ti) ≥ 0 pcu(xc − tc) + (1− pc)u(L− tc) ≥ pcu(xi − ti) + (1− pc)u(L− ti) pcu(xi − ti) + (1− pc)u(L− ti) ≥ pcu(xc − tc) + (1− pc)u(L− tc) As duas primeiras restric¸o˜es (participac¸a˜o) determinam que o contrato oferecido deve ser tal que para ambos os tipos seja melhor comprar o seguro do que na˜o comprar. As duas u´ltimas (compatibilidade de incentivos) determinam que nenhum dos tipos prefere o contrato dese- nhado para o outro. (c) Como vimos no item (a), ambos os tipos preferem fazer o seguro total. Como os indiv´ıduos de tipo c teˆm menor probabilidade sofrer um acidente, se a seguradora cobrar o preˆmio me´dio este contrato sera´ muito caro para os indiv´ıduos cuidadosos. Apenas os indiv´ıduos mais ar- riscados, tipo i, aceitariam o contrato. Mas, neste caso o risco da carteira seria mais alto do que aquele que a seguradora esperava, o que significa que ela ira´ acabar operando com preju´ızo. 2. (a) Como a func¸a˜o utilidade do empresa´rio e´ linear, sabemos que ele e´ neutro ao risco. No caso do gerente, como a func¸a˜o utilidade e´ coˆncava, sabemos que ele e´ avesso ao risco. (b) No caso de informac¸a˜o completa (soluc¸a˜o de first best), o agente neutro fica com todo o risco e oferece seguro completo - sala´rio fixo - para o agente avesso. A raza˜o para isto e´ que para atender a restric¸a˜o de participac¸a˜o do gerente - u(w∗, e∗) ≥ 114. Como ele e´ avesso ao risco, o principal deveria pagar um preˆmio para que o agente topasse trocar um sala´rio fixo por um varia´vel, ou seja, em me´dia o sala´rio varia´vel deveria ser mais alto que o sala´rio fixo, o que diminuiria a utilidade do principal. 2 Como a func¸a˜o utilidade do agente e´ crescente em w, sabemos que a restric¸a˜o de participac¸a˜o vale com igualdade. Assim, o menor sala´rio que deve ser pago para induzir a cada n´ıvel de esforc¸o sera´: e = 6 : u(w, 6) = √ w − 36 = 114⇒ √w = 150⇒ w∗ = 22500 e = 4 : u(w, 4) = √ w − 16 = 114⇒ √w = 130⇒ w∗ = 16900 Para saber qual o n´ıvel de esforc¸o sera´ implementado na soluc¸a˜o de first best comparamos a utilidade esperada do principal para cada n´ıvel de esforc¸o: E(B(x, 6)) = 1 3 (60000− 22500) + 1 3 (60000− 22500) + 1 3 (30000− 22500) = 27500 E(B(x, 4)) = 1 3 (60000− 16900) + 1 3 (60000− 16900) + 1 3 (30000− 16900) = 23100 Portanto, o principal ira´ preferir induzir ao n´ıvel de esforc¸o e = 6 pagando um sala´rio w = 22500. (c) Neste caso, o problema de informac¸a˜o surge porque o principal na˜o observa o n´ıvel de esforc¸o, apenas a receita . Portanto, ele precisa desenhar um mecanismo para incentivar o agente a de fato realizar o esforc¸o mais alto - e = 6. Note que como a utilidade do agente e´ decrescente em e, para um dado n´ıvel de sala´rio ele vai preferir realizar o esforc¸o baixo. Assim, o principal precisa oferecer um sala´rio contingente ao estado da natureza. Ou seja, ele deve oferecer um sala´rio w60 quando a receita atingir 60.000 e um outro sala´rio w30 quando a receita for de apenas 30.000. Assim, o problema do principal e´ maximizar sua utilidade esperada, contingente ao estado da natureza, sujeito a`s restric¸o˜es de participac¸a˜o e de compatibilidade de incentivos do agente. max w60,w30 2 3 (60000− w60) + 1 3 (30000− w30) s.t. 2 3 ( √ w60 − 62) + 1 3 ( √ w30 − 62) ≥ 114 2 3 ( √ w60 − 62) + 1 3 ( √ w30 − 62) ≥ 1 3 ( √ w60 − 42) + 2 3 ( √ w30 − 42) Note que a segunda restric¸a˜o (compatibilidade de incentivos) esta´ dizendo que a utilidade do agente quando realiza o esforc¸o alto (e = 6) na˜o pode ser inferior a` utilidade que ele obte´m quando realiza o esforc¸o baixo (e = 4). Ainda, note que neste problema temos duas varia´veis - w60, w30 - e duas equac¸o˜es nas restric¸o˜es (valem com igualdade pq as utilidades sa˜o localmente na˜o saciadas). Portanto, podemos resolver o sistema formado pelas restric¸o˜es e substituir na func¸a˜o objetivo. 2 3 √ w60 + 1 3 √ w30 = 150 2 3 √ w60 + 1 3 √ w30 = 1 3 √ w60 + 2 3 √ w30 + 20 3 A segunda equac¸a˜o pode ser rearranjada 1 3 √ w60 − 1 3 √ w30 = 20⇒ √w60 = 60 +√w30 Substituindo na primeira equac¸a˜o 40 + 2 3 √ w30 + 1 3 √ w30 = 150⇒ √w30 = 110⇒ w∗30 = 12100 Portanto, √ w60 = 60 + √ 12100 = 60 + 110⇒ w∗60 = 28900 Com este contrato, a utilidade esperada do principal sera´ E(B(w, e)) = 2 3 (60000− 28900) + 1 3 (30000− 12100) = 26700 Para implementar o esforc¸o baixo (e = 4) o principal oferece o contrato no item (b). Ou seja, w∗ = 16900, o que lhe proporciona a utilidade u∗ = 23100. Logo, o principal prefere implementar o mecanismo que induz ao esforc¸o alto, mesmo tendo que pagar um sala´rio me´dio maior. 3. (a) Note que agora tanto o principal quanto o agente sa˜o neutros ao risco (as utilidades sa˜o li- neares). Isto significa que o principal na˜o precisa oferecer um sala´rio fixo. Ele pode deixar o risco todo para o agente. O principal ira´ oferecer um contrato em que o sala´rio depende da receita do restaurante, para cada n´ıvel de esforc¸o. Para implementar o esforc¸o baixo (e = 0): max wH ,wL 0, 4(H − wH) + 0, 6(L− wL) s.t. 0, 4wH + 0, 6wL − 0 ≥ 10 Para implementar o esforc¸o alto (e = 2): max wH ,wL 0, 8(H − wH) + 0, 2(L− wL) s.t. 0, 8wH + 0, 2wL − 2 ≥ 10 Em ambos os casos, como a func¸a˜o objetivo e a restric¸a˜o sa˜o lineares, existem infinitas soluc¸o˜es. Quaisquer wH e wL que satisfac¸a˜o as restric¸o˜es de participac¸a˜o com igualdade sa˜o soluc¸o˜espara o problema. 4 O principal ira´ adotar o esquema que lhe oferecer o maior lucro esperado. pi(e = 0) = 0, 4H + 0, 6L− 10 = 0, 4(L+ 10) + 0, 6L− 10 = L− 6 pi(e = 2) = 0, 8H + 0, 2L− 12 = 0, 8(L+ 10) + 0, 2L− 12 = L− 4 Portanto, o principal prefere oferecer o contrato com e = 2. (b) Com informac¸a˜o assime´trica o problema e´ garantir que o agente ira´ se esforc¸ar. No entanto, como este e´ neutro ao risco o principal pode se livrar do risco, transferindo-o completamente ao agente. Em outras palavras, o principal ira´ implementar um contrato do tipo aluguel, em que o agente ira´ pagar ao principal um valor fixo α e se tornar o residual claimant. Formalmente, o principal oferece um sala´rio w = R(e)− α Quando realizar o esforc¸o baixo (e = 0), o agente fica com a utilidade 0, 4H + 0, 6L︸ ︷︷ ︸ R(e=0) −α− 0 Quando realizar o esforc¸o alto (e = 2), o agente fica com a utilidade 0, 8H + 0, 2L︸ ︷︷ ︸ R(e=2) −α− 2 Como vimos no item anterior, com H > L+ 10 a utilidade e´ maior sob e = 2, portanto este e´ o n´ıvel de esforc¸o que o agente ira´ realizar. Resta saber qual o valor de α o principal ira´ cobrar como aluguel. Como seu objetivo e´ maximizar seu lucro, ele ira´ cobrar o maior valor poss´ıvel desde que o agente aceite participar, ou seja, o sala´rio de reserva - w¯ = 10. 0, 8H + 0, 2L− α− 2 = 10⇒ α = 0, 8H + 0, 2L− 12 4. (a) Se o monopolista consegue discriminar, ele ira´ maximizar o lucro em cada mercado i = 1, 2. Assim, seu problema e´ max ti,qi ti − c(qi) s.t. θiqi − ti ≥ 0 Como a restric¸a˜o vale com igualdade, sabemos que ti = θiqi. Substituindo na func¸a˜o objetivo: 5 max qi θiqi − c(qi) Tirando a condic¸a˜o de primeira ordem deste problema, temos θi = c ′(q∗i ) Ou seja, o monopolista escolhe oferecer a quantidade q∗i tal que esta igualdade seja va´lida. (b) Para responder esta questa˜o basta mostrar que o consumidor de tipo 2 tem uma utilidade maior com o contrato do tipo 1 do que aquela que ele teria com o seu pro´prio contrato. Lembrando que vimos no item anterior que a restric¸a˜o de participac¸a˜o vale com igualdade e que, portanto, t2 = θ2q2. Quando o tipo 2 fica com o seu pro´prio contrato ele ira´ obter a utilidade U2(q ∗ 2 , t ∗ 2) = θ2q ∗ 2 − t∗2 = θ2q∗2 − θ2q∗2 = 0 Por outro lado, quando escolhe o contrato destinado ao tipo 1 ele obte´m a utilidade U2(q ∗ 1 , t ∗ 1) = θ2q ∗ 1 − t∗1 = θ2q∗1 − θ1q∗1 = q∗1 (θ2 − θ1)︸ ︷︷ ︸ >0 Esta utilidade e´ positiva porque pelo enunciado sabemos que θ1 < θ2. Portanto, o tipo 2 tera´ um incentivo para tentar se passar pelo tipo 1 e obter uma utilidade maior. (c) Sob informac¸a˜o assime´trica o monopolista na˜o sabe com qual tipo estara´ lidando. Assim, ele ira´ maximizar o seu lucro esperado sujeito a`s restric¸o˜es de participac¸a˜o e de compatibilidade de incentivos de ambos os tipos. max q1,t1,q2,t2 pi[t1 − c(q1)] + (1− pi)[t2 − c(q2)] s.t. θ1q1 − t1 ≥ 0 θ2q2 − t2 ≥ 0 θ1q1 − t1 ≥ θ1q2 − t2 θ2q2 − t2 ≥ θ2q1 − t1 As duas primeiras restric¸o˜es sa˜o as restric¸o˜es de participac¸a˜o e as duas u´ltimas sa˜o as res- tric¸o˜es de compatibilidade de incentivos. (d) Suponha que ambas as restric¸o˜es sa˜o va´lidas. Enta˜o, podemos soma´-las ainda respeitando as desigualdades. θ1q1 − t1 + θ2q2 − t2 ≥ θ1q2 − t2 + θ2q1 − t1 θ1q1 −��t1 + θ2q2 −��t2 ≥ θ1q2 −��t2 + θ2q1 −��t1 θ2(q2 − q1)− θ1(q2 − q1) ≥ 0 6 (θ2 − θ1)(q2 − q1) ≥ 0 Como θ2 > θ1, para manter a desigualdade e´ preciso q2 ≥ q1. E, portanto, t2 = θ2q2 > θ1q1 = t1 (e) Suponha que a restric¸a˜o de participac¸a˜o do tipo 1 seja va´lida e que a restric¸a˜o de compatibi- lidade de incentivos do tipo 2 tambe´m seja. Neste caso, θ2q2 − t2 ≥ θ2q1 − t1 > θ1q1 − t1︸ ︷︷ ︸ θ2>θ1 ≥ 0 Logo, θ2q2 − t2 ≥ 0 (f) Vamos fazer uma prova por absurdo, isto e´, iremos supor que nossa hipo´tese na˜o e´ va´lida e mostrar que isto implica numa contradic¸a˜o lo´gica. Sejam t∗1, q ∗ 1 , t ∗ 2, q ∗ 2 os contratos que maximizam o lucro do monopolista. Suponha que a res- tric¸a˜o de participac¸a˜o do tipo 1 e´ non-binding (inativa). Usando a restric¸a˜o do item anterior, ter´ıamos θ2q ∗ 2 − t∗2 ≥ θ2q∗1 − t∗1 > θ1q∗1 − t∗1 > 0 Neste caso, o monopolista poderia aumentar marginalmente os prec¸os t1 e t2 e ainda assim es- taria respeitando as restric¸o˜es de compatibilidade de incentivo de ambos os tipos. Mas, enta˜o, na˜o pode ser verdade que t∗1, q ∗ 1 , t ∗ 2, q ∗ 2 sa˜o os contratos que maximizam o lucro do monopolista. Portanto, a restric¸a˜o de participac¸a˜o do tipo 1 (baixo) deve ser binding (ativa). (g) Novamente, usamos a restric¸a˜o do item (e). θ2q2 − t2 ≥ θ2q1 − t1 > θ1q1 − t1 O u´ltimo termo da desigualdade e´ a restric¸a˜o de participac¸a˜o do tipo 1, que acabamos de ver e´ binding. Portanto, θ2q2 − t2 ≥ θ2q1 − t1 > 0 7 Neste caso, necessariamente deve valer que θ2q2 − t2 > 0 Assim, a restric¸a˜o de participac¸a˜o do tipo 2 e´ non-binding. (h) Vamos comec¸ar mostrando que a restric¸a˜o de compatibilidade de incentivos do tipo 2 deve ser binding no o´timo. Novamente, faremos uma prova por absurdo, como fizemos no item (f), supondo que t∗1, q ∗ 1 , t ∗ 2, q ∗ 2 sa˜o os contratos que resolvem o problema de maximizac¸a˜o de lucros do monopolista, sujeito a`s restric¸o˜es de participac¸a˜o e compatibilidade de incentivos de ambos os tipos. Agora, suponha que a restric¸a˜o de compatibilidade de incentivos do tipo 2 (alto) e´ non-binding. Neste caso, o monopolista pode aumentar infinitesimalmente o prec¸o t2 e aumentar o seu lucro sem violar nenhuma das restric¸o˜es. Mas, enta˜o, na˜o e´ poss´ıvel que t∗2, q ∗ 2 seja o contrato para o tipo 2 que maximiza o lucro do monopolista. Para mostrar que a restric¸a˜o de compatibilidade de incentivos do tipo 1 pode ser ignorada, note que se a do tipo 2 for va´lida, enta˜o θ2q2 − t2 ≥ θ2q1 − t1 θ2(q2 − q1) ≥ t2 − t1 θ2(q2 − q1) ≥ θ2q2︸︷︷︸ t2 − θ1q1︸︷︷︸ t1 Lembrando que θ2 > θ1: θ2(q2 − q1) ≥ θ2q2︸︷︷︸ t2 − θ1q1︸︷︷︸ t1 > θ1q2 − θ1q1 Podemos enta˜o rearranjar a u´ltima desigualdade de modo que θ1q1 − t1 > θ1q2 − t2 Portanto, sera´ sempre verdade que θ1q1 − t1 ≥ θ1q2 − t2 Ou seja, se a restric¸a˜o de compatibilidade de incentivos do tipo 2 (alto) e´ binding e a do tipo 1 pode ser ignorada. 8 (i) Podemos enta˜o reescrever o problema do monopolista como max q1,t1,q2,t2 pi[t1 − c(q1)] + (1− pi)[t2 − c(q2)] s.a. { θ1q1 − t1 ≥ 0 θ2q2 − t2 ≥ θ2q1 − t1 Nos itens (f) e (h) mostramos que ambas as restric¸o˜es valem com igualdade (binding). Por- tanto, t1 = θ1q1 t2 = θ2q2 − θ2q1 + θ1q1︸︷︷︸ t1 Podemos enta˜o substituir estas varia´veis na func¸a˜o objetivo e resolver um problema de maxi- mizac¸a˜o na˜o restrito, em func¸a˜o apenas de q1 e q2. max q1,q2 pi[θ1q1 − c(q1)] + (1− pi)[θ2q2 − θ2q1 + θ1q1 − c(q2)] CPO: { (q1) : piθ1 − pic′(q1)− (1− pi)(θ2 − θ1) = 0 (q2) : (1− pi)θ2 − (1− pi)c′(q2) = 0 Pela CPO de q1 temos c′(q1) = θ1 − (1− pi) pi (θ2 − θ1) E pela CPO de q2 temos c′(q2) = θ2 Note que no caso de informac¸a˜o assime´trica, o monopolista oferece um contrato para o tipo 2 (alto) que e´ igual ao de first best - veja item (a) - enquanto que o do tipo 1 (baixo) possui uma quantidade menor. A raza˜o para isto e´ evitar que o pacote oferecido ao tipo 2 (t2, q2) seja atraente para o tipo 1. Lembre-se que a restric¸a˜o de compatibilidade de incentivos relevante neste caso e´ a do tipo 2, o que significa que e´ este o tipo que tem um incentivo a tentar se passar pelo outro. 5. Esta questa˜o e´ uma aplicac¸a˜o do cla´ssico modelo de Akerlof(Market for lemons, 1970). A explicac¸a˜o do Nicholson me parece boa, vale a pena dar uma olhada. (a) Se na˜o houvesse assimetria de informac¸a˜o, a qualidadede cada carro seria conhecida, de modo que o valor pago por cada carro seria v + θ, em que v e´ a qualidade do carro. (b) Se os vendedores possuem informac¸a˜o privada, sera˜o vendidos apenas os de baixa qualidade, ou seja, todos os carros cuja qualidade v e´ tal que p ≥ v. Como v possui distribuic¸a˜o uniforme no intervalo [α, β], o valor me´dio dos carros, dado que v ≤ p sera´ 9 E [v|v ≤ p] = α+ p 2 Note que na pra´tica o prec¸o p funciona como um limite superior do suporte da distribuic¸a˜o de v. (c) Como os compradores na˜o possuem informac¸a˜o sobre a qualidade, eles esta˜o dispostos a pagar o valor esperado de v mais a constante θ. Portanto, o prec¸o pago sera´ p = E [v + θ|v ≤ θ] p = θ + α+ p 2 2p = 2θ + α+ p p = 2θ + α (d) Neste caso teremos o prec¸o p = 0 + 2.100 = 200 Sabemos que p e´ o limite superior da distribuic¸a˜o de v. Como no intervalo [α, β] = [0, 1000] por simples regra de treˆs a quantidade de carros vendidos no intervalo [α, p] = [0, 200] sera´ 400→ 1000 x→ 200 x = 200 ∗ 400 1000 = 80 Para calcular a perda de bem estar, precisamos lembrar que o vendedor atribui ao pro´prio ve´ıculo o valor v e que o consumidor esta´ disposto a pagar v + θ. Portanto, o excedente social neste caso sera´ simplesmente θ em cada carro vendido. Enta˜o, a perda de bem estar e´ simplesmente a diferenc¸a entre o excedente social com informac¸a˜o perfeita e o excedente com informac¸a˜o assime´trica. • Excedente com informac¸a˜o perfeita: 400θ = 400 ∗ 100 = 40000 • Excedente com informac¸a˜o assime´trica: 80θ = 80 ∗ 100 = 8000 Portanto, a perda de bem estar e´ DWL = 40000− 8000 = 32000 (e) Se nenhum dos dois teˆm informac¸a˜o sobre qualidade, o prec¸o de mercado e´ a me´dia dos valores de todos os carros. E todos eles sera˜o vendidos a este prec¸o: 10 p = E[v + θ] = θ + E[v]⇒ p = θ + α+ β 2 6. Se os vendedores tiverem informac¸a˜o privada sobre a qualidade do carro, os compradores estara˜o dispostos a pagar no ma´ximo o valor me´dio de um carro. Para encontrar o valor me´dio, precisamos apenas ponderar o valor que o comprador atribui a cada tipo de carro (bom e ruim), em cada estado da natureza (com problemas e sem problemas), pela probabilidade de ocorreˆncia do estado. Assim, temos o seguinte cena´rio do ponto de vista dos compradores • Valor esperado do carro bom: 1 5 150 + 4 5 550 = 470 • Valor esperado do carro ruim: 3 4 150 + 1 4 550 = 250 • Valor esperado do carro: 1 2 470 + 1 2 450 = 360 A mesma ideia se aplica aos vendedores, que atribuem um valor diferente ao seu carro em cada estado da natureza. Assim, do ponto de vista dos vendedores • Valor esperado do carro bom: 1 5 100 + 4 5 350 = 300 • Valor esperado do carro ruim: 3 4 100 + 1 4 350 = 162, 5 Seja p o prec¸o corrente do carro neste mercado. Os equil´ıbrios poss´ıveis sera˜o: (a) p < 162, 5: Nenhum vendedor gostaria de vender seu carro. O equil´ıbrio e´ na˜o haver mercado; (b) 162, 5 ≤ p < 300: So´ os carros ruins sa˜o vendidos (compradores atribuem valor esperado - 360 - maior do que os vendedores - 162,5); (c) 300 ≤ p ≤ 360: Os dois tipos ira˜o vender (compradores atribuem valor esperado maior do que os dois tipos de vendedores); (d) p > 360: Nenhum comprador estaria disposto a pagar mais do que o valor esperado do carro. Novamente, na˜o ha´ mercado. 7. (a) No modelo de sinalizac¸a˜o e´ a parte informada (trabalhadores) que fornecem uma informac¸a˜o(anos de educac¸a˜o) a` parte na˜o informada (firma) para sinalizar sua qualidade. Para que a produti- vidade seja bem sinalizada por anos de educac¸a˜o e´ preciso que a firma consiga de fato separar trabalhadores bons (tipo G) dos ruins (tipo B). O cutoff e0 e´ o nu´mero de anos de educac¸a˜o que de fato separa os tipos, ou seja, que garante a existeˆncia de um equil´ıbrio separador. Assim, as condic¸o˜es necessa´rias para que e0 de fato separe os tipos sa˜o: • Ambos os tipos devem obter uma utilidade na˜o inferior a`quela que obteriam fora do mercado (utilidade de reserva). Sa˜o as restric¸o˜es de participac¸a˜o dos trabalhadores; • Nenhum dos tipos pode preferir se passar pelo outro. Sa˜o as restric¸o˜es de compatibilidade de incentivos. Assumindo a existeˆncia do equil´ıbrio separador, como existe um custo de adquirir escolaridade, o tipo G ira´ obter no ma´ximo e = e0 anos de educac¸a˜o, enquanto o tipo B ira´ obter e = 0. Assim, as restric¸o˜es de participac¸a˜o sera˜o: 11 U(w(e0), e0,KG) ≥ 0 U(w(0), 0,KB) ≥ 0 Ao mesmo tempo, as restric¸o˜es de compatibilidade de incentivos sera˜o: U(w(e0), e0,KG) ≥ U(w(0), 0,KG) U(w(0), 0,KB) ≥ U(W (e0), e0,KB) Note que KG e KB sa˜o caracter´ısticas intr´ınsecas aos tipos. Os indiv´ıduos na˜o tem nenhum controle sobre este paraˆmetro. A u´nica coisa que eles escolhem diretamente e´ o nu´mero de anos de educac¸a˜o - que indiretamente determina o sala´rio w(.). (b) Vamos substituir as informac¸o˜es do enunciado nas restric¸o˜es acima: 2− e0 2 ≥ 0⇒ e0 ≤ 4 (1) 1− 0 1 ≥ 0⇒ 1 ≥ 0 (2) 2− e0 2 ≥ 1− 0 2 ⇒ 2− e0 2 ≥ 1⇒ e0 ≤ 2 (3) 1− 0 1 ≥ 2− e0 1 ⇒ 1 ≥ 2− e0 1 ⇒ e0 ≥ 1 (4) No equil´ıbrio separador todas estas condic¸o˜es devem ser va´lidas. Note que a condic¸a˜o (2) e´ va´lida sempre. Assim, pelas restric¸o˜es (1), (3) e (4), para que o sinal seja efetivo devemos ter 1 ≤ e0 ≤ 2 Uma vez que os tipos sa˜o diferenciados, o tipo G ira´ escolher o menor n´ıvel de e0 poss´ıvel - lembre-se que adquirir educac¸a˜o e´ custoso - o que significa que ele ira´ escolher e0 = 1, en- quanto o tipo B escolhe e = 0. 8. (a) O problema do planejador central e´ escolher a quantidade de trabalhadores de cada tipo que deve alocar para maximizar o lucro de uma firma t´ıpica. max LL,LH (θL − wL)LL + (θH − wH)LH CPO: { θL = wL θH = wH No resultado de first best, como a firma tem informac¸a˜o completa, ela oferece a cada tipo um sala´rio igual a` sua produtividade marginal. Pelo enunciado sabemos que θL = wL = 2 e θH = wH = 8. Como os sala´rios oferecidos sa˜o mais altos do que os sala´rios de reserva - µL = 1 e µH = 6 - todos os trabalhadores, de ambos os tipos, estara˜o dispostos a trabalhar. 12 (b) Sob informac¸a˜o assime´trica, como a firma na˜o consegue distinguir os tipos, ela oferece o sala´rio equivalente a` produtividade me´dia dos tipos. Como existe a mesma quantidade de cada tipo, o sala´rio oferecido e´ w˜ = 1 2 θL + 1 2 θH = 4 + 1 = 5 Por este sala´rio, somente os trabalhadores do tipo L aceitam trabalhar, pois o sala´rio de re- serva do tipo H e´ mais alto - µH = 6. O equil´ıbrio na˜o e´ eficiente, pois expulsa do mercado os trabalhadores do tipo H. Note que a firma ira´ operar com preju´ızo, pois ela obte´m apenas a produc¸a˜o dos tipos menos produtivos: pia = θL − w˜ = 2− 5 = −3 (c) O que esta´ sendo explorado neste item e´ a possibilidade de os trabalhadores adquirirem educac¸a˜o para sinalizar o seu tipo, de modo que a firma possa pagar sala´rios diferencia- dos. Se o sinal for eficaz, o resultado esperado e´ um equil´ıbrio separador, em que somente os trabalhadores produtivos - tipo H - ira˜o adquirir educac¸a˜o. Sejam we o sala´rio de um trabalhador educado e wn o sala´rio de um trabalhador na˜o educado. As restric¸o˜es de participac¸a˜o dos tipos H e L, respectivamente, sa˜o: we − cH ≥ µH ⇒ we − 1 ≥ 6⇒ we ≥ 7 wn ≥ µL ⇒ wn ≥ 1 Ja´ suas restric¸o˜es de incentivo sera˜o: we − cH ≥ wn ⇒ we − wn ≥ 1 wn ≥ we − cL ⇒ we − wn ≤ 7 O equil´ıbrio separador que queremos e´ tal que todos os trabalhadores aceitem trabalhar, recebendo como sala´rio a sua produtividade marginal. E´ fa´cil ver que os menores valores de we e wn que satisfazem as quatro restric¸o˜es simultaneamente sa˜o we = 7 e wn = 1. Neste caso, sabemos queLL = LH = 250 Agora, o lucro da firma sera´ pis = θH − wn + θL − wn = 8− 7 + 2− 1 = 2 Para calcular o excedente, basta calcular a diferenc¸a entre os sala´rios obtidos e os de reserva e multiplicar pelo nu´mero de trabalhadores de cada tipo e somar o lucro das firmas. 13 • Informac¸a˜o assime´trica (item b): (w˜ − µL).LL + pia = (5− 1)250 + 1000(−3) = −2000 • Sinalizac¸a˜o: (we − µH)LH + (wn − µL)LL + pis = (7− 6)250 + (1− 1)250 + 1000(2) = 2250 Portanto, ha´ um ganho de bem estar com a sinalizac¸a˜o, que vem do fato de que os trabalha- dores mais produtivos entram no mercado. (d) Precisamos apenas ajustar as restric¸o˜es do item anterior para encontrar o valor do sala´rio we oferecido aos trabalhadores educados. Note que a u´nica restric¸a˜o que envolve o paraˆmetro µH e´ a restric¸a˜o de participac¸a˜o do tipo H, que agora sera´ we − cH ≥ µH ⇒ we − 1 ≥ 4⇒ we ≥ 5 Como as outras restric¸o˜es na˜o mudaram, os menores valores de we e wn que satisfazem simul- taneamente as quatro restric¸o˜es sera˜o we = 5 e wn = 1. O lucro da firma neste modelo de sinalizac¸a˜o sera´ pis = 8− 5 + 2− 1 = 4 Repare que agora, como o sala´rio de reserva do tipo H e´ menor do que o sala´rio me´dio w˜ estes trabalhadores aceitam entrar no mercado, mesmo no caso de informac¸a˜o assime´trica. O sala´rio me´dio continua sendo w˜ = 5. Assim, o lucro da firma sera´ pia = θH − w˜ + θL − w˜ = 10− 10 = 0 Novamente, calculando os excedentes: • Informac¸a˜o assime´trica (item b): (w˜ − µL).LL + (w˜ − µH)LH + pia = (5− 1)250 + (5− 4)250 + 0 = 1250 • Sinalizac¸a˜o: (we − µH)LH + (wn − µL)LL + pis = (5− 4)250 + (1− 1)250 + 4(1000) = 4250 14
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