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Universidade paulista_ Disciplina_ Obrigações 1 profa. Dra. Vera lucia gebrin tema abordado_ 1. modalidades especiais de Pagamento 1.1. Pagamento por consignação O pagamento por consignação representa meio de extinguir a obrigação, quando o cumprimento voluntário não for possível, por fato do credor, como, por exemplo, quando há a sua recusa em receber. Esse meio indireto é chamado de “pagamento por consignação” Para Flávio Tartuce “o pagamento, em consignação, regra especial de pagamento, pode ser conceituado como o depósito feito pelo devedor, da coisa devida, para liberar-se de uma obrigação assumida, em face de um credor determinado, e pode ocorrer, conforme prevê o art. 334 do cód. civil, na esfera judicial ou extrajudicial” (art. 539 do cód. proc. civil ) (TARTUCE, 2018, p. 162) Tem por objeto... os bens móveis e imóveis, estando portanto, relacionada com a obrigação de dar. Se a consignação for em dinheiro, o devedor pode optar: A. Pelo depósito extrajudicial ou B. Pelo ajuizamento da competente ação de consignação em pagamento. A consignação extrajudicial também conhecida como consignação bancária, é o procedimento usado quando há discussão entre o o valor considerado devido ou quando há duvida de quem seja o credor. Para realizar o depósito em consignação extrajudicial, o devedor: A. Deve depositar a quantia que considera devida ( se estiver em atraso deverá haver acréscimo de multas e juros legais) em estabelecimento bancário oficial ( Caixa Econômica Federal, Estadual, ou Banco do Brasil), ou agencia bancária localizada no Prédio do Foro, em caso de ausência de estabelecimento oficial. Como o procedimento da consignação extrajudicial é pouco difundido no Brasil, sugere-se, em caso de dúvida, solicitar o auxilio do gerente; B. Em seguida, enviar uma carta para o credor, com um aviso de recebimento (AR), dando-lhe ciência do depósito efetuado. Da data do recebimento da carta, o credor terá 10 dias para recusar por escrito no estabelecimento bancário o pagamento (art. 539,§ 3º do cód. p. civil); Se houver recusa do pagamento no prazo legal de 10 dias, a contar do recebimento da carta, o devedor terá 30 dias para mover a ação consignando judicialmente o pagamento, através de um (a) advogado (a). A ação de consignação não pode ser ajuizada no Juizado Especial Civel. 2 Se a ação não for ajuizada em um mes, o depositante poderá retirar o dinheiro depositado. Caso a Empresa credora aceite o pagamento, as prestações que foram depositadas, consideram-se liquidadas. Se a Empresa credora recusar o pagamento efetuado, o devedor deverá ajuizar dentro de um mês, a ação de consignação através de seu advogado. Hipóteses que autorizam o pagamento por consignação _ O art. 335 do Cód. Civil estabelece as hipóteses em que pode o devedor consignar o pagamento em juízo: Art. 335. A consignação tem lugar: I. Se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma (hipótese de mora accipiendi) II. Se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidas (hipótese de mora accipiendi) III. Se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, for declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou de acesso perigoso ou difícil (outra causa subjetiva, relacionada com o credor) IV. Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento (outra causa subjetiva, em que o devedor não sabe a quem pagar) V. Se pender litígio sobre o objeto do pagamento (única causa objetiva para a consignação) Flavio Tartuce cita como exemplo, o caso de consignação para a revisão do conteúdo do contrato, hipótese não descrita nominalmente no art. 355 do cód. civil, conforme TJSP, em Agravo de Instrumento 7.281.754-2, Acórdão 3.300.739, São Paulo, 20ª Câmara de Direito Privado, Relator Desembargador Alvaro Torres Jr., J..13/10/2008, DJESP 03.11.2008 ( TARTUCE, 2018, p. 163) Quanto ao depósito em dinheiro, há que se observar algumas regras, ou seja: A. Quanto ao tempo e lugar do pagamento (vide arts. 336, 337 do cód. civil e art. 540 do atual cód. p. civil B. Poderá o devedor levantar o depósito enquanto o credor não informar que aceita a consignação ou não a impugnar; _ PROCEDIMENTO DA CONSIGNAÇÃO _ Estabelecida aplicação da ação consignatória, tem o devedor a sua disposição: a. Se a coisa devida for dinheiro, poderá realizar o depósito em estabelecimento bancário, observando o procedimento do art. 533, §§ 1º a 4º do Cód. Proc. Civil b. Se houver recusa do credor em receber a coisa depositada, ou se esta for outro bem que não dinheiro, poderá o devedor realizar o depósito em juízo na forma do procedimento especial de consignação em pagamento (arts. 539 a 549 do Cód. Proc. Civil) 3 Cabe ao autor da Ação Consignatória , na petição inicial, requerer o depósito da coisa devida, a ser efetivado no prazo de cinco (5) dias, contados do deferimento da inicial (art. 542, I, II, § único, art. 543 do Cód. Proc. Civil) No direito civil, esse fenômeno tem o nome de oferta real ou efetivo oferecimento da coisa devida Denomina-se oferta real ou oferecimento da coisa devida , porque além da Intenção de depositar, a coisa tem de ser disponibilizada para o credor; devem ser observados os princípios da identidade, integridade e indivisibilidade, sem o que a consignação não valerá como pagamento Art. 336: “O depósito deve ser requerido no lugar do pagamento”, daí observar-se atentamente o pagamento em se tratando de dívidas quérables e portables. Tão logo o depósito seja efetivado, há a interrupção da incidência de juros e a transferência dos riscos da coisa para o credor- réu- situação que somente será revertida se o pedido inicial for julgado improcedente _ art. 337 Tratando-se de obrigação de dar coisa incerta, caso a escolha recaia ao credor, este será citado para escolhê-la, sob pena de o devedor depositar a que escolher_ art. 342 Efetivado o depósito, o credor-réu será citado e poderá contestar ou levantar o depósito. A matéria a ser alegada em contestação consta do art. 544, I, II, III, IV, § único do Cód. Proc. Civil Art. 544_ Na contestação, o réu poderá alegar que: I. Não houve recusa ou mora em receber a quantia ou coisa devida; II. Foi justa a recusa; III. O depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento; IV. O depósito não é integral Paragrafo único: No caso do inciso IV, a alegaçãosomente será admissível se o réu indicar o montante que entende devido. Julgado procedente o pedido, o juiz declarará extinta a obrigação e condenará o réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios (art. 546 do cod. proc. civil) No caso do depósito ser julgado procedente, o devedor não mais poderá levantar o depósito. Em tais casos, as despesas com os depósitos ( custas, honorários advocatícios e demais despesas processuais) correrão por conta do credor; Segundo o art. 339 do cód. civil, o levantamento da quantia consignada, nessas circunstancias, somente é possivel se os demais devedores e fiadores concordarem. 4 Conforme o art. 340 do cód. civil “ o credor que, depois de contestar a lide ou aceitar o depósito, aquiescer no levantamento, perderá a preferencia e a garantia que lhe competiam com respeito à coisa consignada, ficando para logo desobrigados os codevedores e fiadores que não tenham anuído” (= com o levantamento) Ou seja, trata-se da renuncia do credor ao depósito, que repercute também para os demais devedores solidários e fiadores. Se a coisa devida for um imóvel ou uma coisa com corpo certo que deva ser entregue no mesmo lugar onde está, poderá o devedor mandar citar o credor para vir ou mandar recebe-la, sob pena de ser depositada ( art. 341) Por outro lado, o art. 342: “havendo obrigação de dar coisa incerta, cabendo a escolha da coisa indeterminada ao credor, será ele citado para esse fim, sob pena de perder o direito e de ser depositada aquela que o devedor escolher” Feita a escolha pelo devedor, proceder-se-á conforme o art. 341, ou seja, será citado o devedor para receber a coisa consignada. As despesas com o depósito judicial (custas judiciais, honorários advocatícios e demais despesas processuais), quando julgado procedente, correrão à conta do credor, que será o réu da ação de consignação. Em caso contrário, sendo o pedido julgado improcedente, as despesas correrão por conta do devedor (autor da ação de consignação) _ tudo conforme art. 343 do cód. civil e art. 546 do cód. proc. civil) O devedor de obrigação litigiosa exonerar-se-á mediante consignação, mas, se pagar a qualquer dos pretendidos credores, tendo conhecimento do litigio, ssumirá o risco do pagamento (art. 344) Se a divida vencer, pendendo litigio entre os credores que pretendam mutuamente se excluir, poderá qualquer deles requerer a consignação (art. 345). Observação: Trata-se da única hipótese em que o credor, e não o devedor, pode tomar a iniciativa da consignação (TARTUCE, 2018, p. 165) Tratando-se de prestações sucessivas, consignada uma delas, poderá o devedor continuar a depositar, no mesmo processo e sem mais formalidades, as que se forem vencend desde que o faça em até 05 dias contados da data do respectivo vencimento. Art. 541 do cód. proc. civil> Tal existe para que não ocorra a chamada “MORA INTERCORRENTE” Pelo art. 548, I, do Cód. Proc. Civil, se houver duvida sobre quem deva legitimamente receber o pagamento e não tendo comparecido nenhum dos citados e possíveis titulares do crédito, o depósito deve ser convertido em arrecadação de coisas vagas ( porque o proprietário permanece indefinido), com a nomeação de um depositário. 5 Observações: Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário, poderá ser proposta dentro de um mês, a ação de consignação em pagamento, instruindo-se a inicial com a prova do depósito e da recusa (art. 39, § 3º do cófd. Proc. civil) OBRIGAÇÃO LITIGIOSA _Art. 344_ Estabelece que “o devedor de obrigação litigiosa exonerar-se-á mediante consignação, mas, se pagar a qualquer dos pretendidos credores, tendo conhecimento do litigio, assumirá o risco do pagamento” Por prudência, o devedor deve consignar o pagamento. Agora se a obrigação for objeto de discussão em litigio e se o devedor pagar ao credor que vier a perder a demanda, ficará obrigado a pagar novamente ao credor vencedor. Se o litigio for entre credores que se pretendem mutuamente excluir _ e não entre credor e o devedor_, admite-se que qualquer dos credores peça que o pagamento se dê por consignação, se ocorrer o vencimento da obrigação na pendencia da lide _ art. 345_ Nesse caso, julgada a demanda, o vencedor poderá levantar o depósito. O devedor, por sua vez, ter-se-á exonerado desde a consignação.
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