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com a anestesia. Não es- quecer de contar alguma má experiência ou resultado da anestesia em familiares próximos. Isso servirá de alerta ao anestesiologista sobre problemas que podem eventual- mente ocorrer durante a anestesia. É necessário informar ao anestesiologista os nomes de todos os remédios que usa regularmente, ou usou; e, sobretudo, seguir as orientações dos médicos, esclarecen- 6 Como colaborar para o sucesso da anestesia? O paciente deve informar a verdade sobre todas as perguntas realizadas pelo anestesiologista. 36 ANESTESIA do as dúvidas e discutindo o controle da dor no pós- operatório. Finalmente, após sentir-se tranqüilo, deve ser dado o consentimento para a técnica de anestesia que está sendo proposta. Para aprofundar o entendimento deste tema, reco- mendamos a leitura do Capítulo 9 (pág. 61). ANESTESIA 37 ANTES A literatura mais moderna considera a anestesia a parte da Medicina dedicada ao alívio da dor e ao total cuidado do paciente cirúrgico, antes, durante e após a cirurgia. Para poder oferecer esses cuidados com a mais alta qualidade, é muito importante que o anestesiologista possa, inicialmente, realizar uma boa avaliação de cada paciente antes da cirurgia proposta. À exceção das situações de emergência, quando o risco iminente de morte ou dano profundo dominam suas preocupações, ele sempre tem presente a importân- cia desse contato prévio. É fundamental que o paciente também a tenha. Só assim o anestesiologista toma co- nhecimento das condições de saúde e das doenças que o acometeram no passado ou ainda o acometem, os medi- camentos em uso no presente ou no passado recente, bem como os resultados obtidos com eles. Com a análise cuidadosa de todos os exames labo- ratoriais, integrando-os, o anestesiologista tenta formar a idéia mais aproximada da real situação funcional dos seus órgãos e sistemas. Além disso, esse primeiro contato tem importância fundamental para o desenvolvimento da relação ótima que todos desejamos, médicos e pacien- tes, estes podendo expressar seus medos, fantasias, dese- jos e esperanças. 7 Como é feita a anestesia 38 ANESTESIA De posse dessas informações, o anestesiologista pode então escolher as melhores drogas e as mais inócuas, bem como qual a técnica mais indicada a ser aplicada. É sempre importante lembrar que essa entrevista também permite prever possíveis acontecimentos tran- soperatórios que podem comprometer o resultado final, possibilitando a tomada antecipada de atitudes que evi- tem sua instalação. Ao final, com o perfil fisiológico e psíquico do pacien- te, o anestesiologista decide pela necessidade de utilização, ou não, de drogas tranqüilizantes, sedativas, hipnóticas ou analgésicas, que, complementando todas as explicações for- necidas, permitam-lhe chegar à sala de operações suficien- temente sedado, evitando desgastes e estresse, com uma eco- nomia de energias metabólicas que de outra forma seriam consumidas quando confrontado com a aproximação da cirurgia. Essa possibilidade de planejar cada ato anestésico é uma das bases da segu- rança. As outras são a existência de dro- gas e equipamentos confiáveis, dispo- nibilizados pelos hospitais e o amplo conhecimento de clínica, de fisiologia e de farmacologia exigíveis dos anestesiologistas. AS TÉCNICAS E AS DROGAS DE ANESTESIA Para o seu estabelecimento, a anestesia depende de drogas que produzam hipnose ou perda da consciência, analgesia ou abolição da dor, relaxamento muscular que possibilite a cirurgia se desenvolver com mínima lesão tecidual e bloqueio das reações mais refinadas do orga- Essa possibilidade de planejar cada ato anestésico é uma das bases da segurança. ANESTESIA 39 nismo ao trauma (respostas cardiovasculares, endócrinas, metabólicas e imunológicas). Para que todos esses bene- fícios da anestesia se estabeleçam, inúmeras drogas de- vem estar à disposição para uso isolado ou em infindá- veis combinações. Sobre todas elas o anestesiologista deve ter profundo conhecimento, aliado a um seguro domínio sobre as técnicas de sua administração. Para que um determinado estímu- lo, como a incisão da pele, não seja en- tendido como algo doloroso, agressivo, traumático, perigoso para o paciente e sua sobrevivência, a percepção do estímulo deve ser im- pedida, o que se consegue de várias maneiras. A aneste- sia local produz isso, através da insensibilização das ter- minações nervosas que percebem e transmitem a dor nas mais diferentes partes do corpo. Depois de incidido um estímulo, ele pode ser blo- queado em diferentes níveis durante sua transmissão até o sistema nervoso central. Assim atuam os anestésicos locais quando são administrados sobre os trajetos nervo- sos, nos nervos dos braços, pernas ou tronco. A essas téc- nicas denominamos bloqueios de nervos periféricos. Outra maneira de atingir o mesmo resultado, ou seja, impedir que um determinado estímulo doloroso atinja o cérebro, é impedir sua transmissão na medula espinhal. Situada dentro do canal vertebral, constituído pelas vértebras da coluna, esta porção do sistema nervo- so central é forrada por várias membranas para a sua pro- teção (as meninges). Os anestésicos locais e determina- dos analgésicos podem ser administrados em diversos pontos em torno da medula espinhal, através da punção com agulhas especiais e muito finas, impossibilitando Inúmeras drogas devem estar à disposição para uso isolado ou em infindáveis combinações. 40 ANESTESIA então que os estímulos dolorosos subam pelos vários tra- jetos intramedulares e alcancem os centros superiores de percepção. A essas técnicas de anestesia denominamos bloqueio subaracnóideo ou raquianestesia e bloqueio peridural, dependendo do exato local onde as drogas são depositadas. Todas as cirurgias superficiais sobre as extremida- des, se não houver contra-indicações, podem ser execu- tadas sob esses tipos de anestesia descritos. Nessas situa- ções, além de administrar o anestésico local no ponto escolhido, o anestesiologista fornece adequada sedação por via venosa, impedindo que o paciente sofra por estí- mulos de outras naturezas, como o frio, o calor ou o medo, ou não tolere a imobilidade prolongada e deter- minados posicionamentos na mesa de cirurgia. Sempre que agentes externos, como os gerados pela cirurgia, interrompem a integridade das estruturas e fun- ções das diferentes partes do corpo humano, ameaçan- do-o, uma série de reações são postas em funcionamen- to, visando a sua autopreservação. Dentre todas as se- qüências dessas reações, destacam-se as que constituem a reação inflamatória. Para o tratamento anestésico ade- quado e completo da dor que acompanha a agressão da cirurgia é importante que essa reação inflamatória seja impedida ou pelo menos atenuada, de preferência até mesmo antes que os estímulos da cirurgia se estabele- çam. Com essa finalidade são utilizadas as drogas antiin- flamatórias potentes que hoje existem. A outra maneira de se impedir que os estímulos dolorosos gerados pela cirurgia atinjam os centros supe- riores localizados no cérebro é atuar diretamente sobre eles, deprimindo suas funções. Os analgésicos, princi- palmente os que derivam natural ou sinteticamente do ANESTESIA 41 ópio, fazem isso. Administrados na corrente sangüínea, de maneira intermitente ou contínua (por meio de bom- bas de infusão controladas por computadores), atingem concentrações pré-definidas pelo anestesiologista, ao ní- vel dos receptores centrais da dor. Essas drogas analgésicas potentes, pertencentes ao grupo químico dos opióides (morfina, por exemplo), pos- suem potência (capacidade específica de bloquear a dor), início de ação, duração de efeito, grau de metabolização e velocidade de eliminação próprias. Além disso, seus efei- tos colaterais sempre devem ser levados