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L E G S I S L A Ç Ã O E N O R M A S T É C N I C A S E M S E G U R A N Ç A N O T R A B A L H O UNIDADE 3 A CLT E AS NORMAS REGULAMENTADORAS, A LEGISLAÇÃO INTERNACIONAL, E AS NORMAS TÉCNICAS SOBRE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO OBjETIvOS DE ApRENDIzAGEM A partir desta unidade você será capaz de: • conhecer os objetivos das Organizações Internacionais, em especial a ONU e a OIT; • saber como se produz uma norma internacional do trabalho; • assimilar quais as obrigações dos Estados associados, no que diz respeito às Convenções Internacionais do Trabalho; • compreender a CLT e seus objetivos, em especial sobre segurança do trabalho; • entender a estrutura das normas de segurança e saúde do trabalho na CLT; • ter consciência do que são e de como funcionam as Normas Regulamentadoras; • perceber a existência de um conjunto de normas técnicas – produzidas por organizações particulares - que visam à normalização dos processos produtivos; • conhecer os organismos que concedem as certificações e como funciona este processo. pLANO DE ESTUDOS Esta terceira unidade será dividida em três tópicos. No final de cada um deles, você encontrará atividades que contribuirão para sua reflexão e análise dos estudos já realizados. TÓPICO 1 – A ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO – OIT – E A SEGURANÇA DO TRABALHO TÓPICO 2 – A CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO - CLT TÓPICO 3 – NORMAS REGULAMENTADORAS, NORMAS TÉCNICAS E CERTIFICAÇÕES L E G S I S L A Ç Ã O E N O R M A S T É C N I C A S E M S E G U R A N Ç A N O T R A B A L H O Neste tópico estudaremos a Organização Internacional do Trabalho – OIT e a segurança do trabalho, onde conheceremos algumas das convenções da OIT. Como já o dissemos em outro momento, vivemos em uma época em que as relações entre as pessoas (naturais e jurídicas) tendem cada vez mais à globalização (ou à internacionalização, como preferem alguns). Na realidade, se analisarmos a história do mundo, veremos que a globalização é uma das mais antigas aspirações humanas. O nome globalização é da nossa época, mas aquilo que ela significa já foi tentado diversas vezes. Assim, o Império Macedônio, de Alexandre o Grande, foi uma tentativa de globalização. O Império Romano foi uma tentativa de globalização. Antes deles, o Império Babilônico, o Império Assírio, o Império Hitita, foram tentativas de globalização. Enfim, muitos outros impérios (tanto antes, como após destes), foram tentativas de globalização. Assim, durante toda a história da humanidade houve tentativas de criação de uma sociedade globalizada. A novidade dos mundos moderno e contemporâneo é o fato de que, ao menos aparentemente, estas tentativas de globalização, na maioria das vezes terem sido tentadas através de um viés democrático. Enfim, a literatura menciona que no período anterior à primeira grande guerra mundial A ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO – OIT – E A SEGURANÇA DO TRABALHO 1 INTRODUÇÃO 2 A SOCIEDADE GLOBALIZADA TÓPICO 1 UNIDADE 3 UNIDADE 3TÓPICO 1156 L E G S I S L A Ç Ã O E N O R M A S T É C N I C A S E M S E G U R A N Ç A N O T R A B A L H O a internacionalização, as relações comerciais, era muito mais intensa do que a atual. Se era mais intensa ou não, o fato é que realmente as relações internacionais eram intensas. Inobstante, alguns erros, tais como disparidades econômicas entre os países, divisões internas de classes, e muitos outros, levaram as Nações ao grande conflito histórico, que ficou conhecido como Primeira Guerra Mundial (ocorrido entre 28 de julho de 1914 e 11 de Novembro de 1918). Em 1919, as grandes potências europeias de então, assinaram o Tratado de Versalhes, pondo, de forma oficial, fim à Primeira grande Guerra Mundial. O referido tratado é composto de 15 partes: Parte I - Pacto da Sociedade das Nações (artigos 1 a 26 e anexo). Parte II - As Fronteiras da Alemanha (artigos 27 a 30). Parte III - Cláusulas para Europa (artigos 31 a 117 e anexos). Parte IV - Direitos e interesses alemães fora da Alemanha (artigos 118 a 158 e anexos). Parte V - Cláusulas militares, navais e aéreas (artigos 159 a 213). Parte VI - Prisioneiros de guerra e cemitérios (artigos 214 a 226). Parte VII - Sanciones (artigos 227 a 230). Parte VIII - Reparações (artigos 231 a 247 e anexos). Parte IX - Cláusulas financeiras (artigos 248 a 263). Parte X - Cláusulas econômicas (artigos 264 a 312). Parte XI - Navegação aérea (artigos 313 a 320 e anexos). Parte XII - Portos, vias marítimas e vias férreas (artigos 321 a 386). Parte XIII - Organização Internacional do Trabalho (artigos 387 a 399). Procedimentos (artigos 400 a 427 e anexo). Parte XIV - Garantias (artigos 428 a 433). Parte XV - Previsões e diversos (artigos 434 a 440 e anexo). FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Versalhes_(1919)>. Acesso em: 8 fev. 2011. Inúmeros motivos, que não serão tratados aqui (por não constituirem objeto do nosso curso) levaram ao fracasso deste tratado. No entanto, importa-nos tratar, rapidamente, das partes I e XIII: A parte I criava a Sociedade das Nações, também conhecida por Liga das nações, cuja Carta foi assinada, inicialmente, por 44 Estados, entre eles o Brasil, e que tinha por principal finalidade assegurar a paz entre as Nações. Tal intento, como se sabe, não deu certo e, em 1939 eclodiu a Segunda Guerra Mundial. UNIDADE 3 TÓPICO 1 157 L E G S I S L A Ç Ã O E N O R M A S T É C N I C A S E M S E G U R A N Ç A N O T R A B A L H O A liga foi extinta e, a partir de 1939 poucas notícias tratam dala. Na realidade, a sua dissolução oficial se deu em 1946, quando a Organização das nações Unidas já estava em atividade. Segundo o sítio eletrônico da ONU no Brasil. (ONUBRASIL, 2011). A Organização das Nações Unidas (ONU) nasceu oficialmente em 24 de outubro de 1945, data de promulgação da Carta das Nações Unidas, que é uma espécie de Constituição da entidade, assinada na época por 51 países, entre eles o Brasil. Criada logo após a 2ª Guerra Mundial, o foco da atuação da ONU é a manutenção da paz e do desenvolvimento em todos os países do mundo. FONTE: Disponível em: <http://www.onu-brasil.org.br/conheca_hist.php>. Acesso em: 29 jan.. 2011. Hoje a ONU conta com 192 países associados. Pelo que expusemos, você pôde perceber que o principal objetivo, tanto da Liga das nações, como da Organização das nações Unidas, era e ainda é, a paz mundial. Na realidade, a Organização das nações Unidas atua em diversos focos com este intuito: desde o envio de forças de paz, com a finalidade de mediar a solução de conflitos internacionais e, até mesmo de conflitos internos em determinados países; passando pelo incentivo e assessoria na criação de programas de desenvolvimento econômico e/ou de erradicação da pobreza, em países subdesenvolvidos e outros em desenvolvimento, inclusive buscando patrocínio para a implantação destes planos quando tenham reais expectativas de sucesso; até mesmo atuando na consolidação de princípios internacionais de Direito do Trabalho orientando os países associados para que busquem a sua adoção; inúmeros outros focos de ação. Sempre visando, em última análise, à busca de uma permanente e completa paz mundial. Na área trabalhista, especificamente, o órgão da ONU é a Organização Internacional do Trabalho – OIT. Como visto acima, a criação da OIT, na realidade, se deu com o Tratado de Versalhes, sendo a XIII das 15 partes daquele Tratado. Foi criada com o intuito de promover a Justiça Social e os direitos humanose trabalhistas. A Organização sempre funcionou com relativo grau de prestígio, e, desde sua fundação adotou inúmeras convenções, que têm sido ratificadas e adotadas – em maior ou menor medida - pelos inúmeros países membros. UNIDADE 3TÓPICO 1158 L E G S I S L A Ç Ã O E N O R M A S T É C N I C A S E M S E G U R A N Ç A N O T R A B A L H O NOTA ! � No próximo item trataremos de como funciona a ratificação e adoção das Convenções da OIT, pelos países membros. Segundo Maior e Correia (2007), com a criação da ONU, sua estrutura foi absorvida por esta associação de Nações que então nascia, tornando-se órgão permanente em 30/05/1946, momento em que é reforçada “a preocupação com a distribuição de renda e com a fixação de condições dignas e igualitárias de trabalho por todo o mundo”. Em 1969, a organização foi condecorada com o Prêmio Nobel da Paz: Em 1969, em seu 50º aniversário, a Organização foi agraciada com o Prêmio Nobel da Paz. Em seu discurso, o presidente do Comitê do Prêmio Nobel afirmou que a OIT era “uma das raras criações institucionais das quais a raça humana podia orgulhar-se”. (OITBRASIL, 2011). A estrutura da Organização é tripartite, ou seja, é formada por membros representantes dos governos, dos empregadores e dos trabalhadores, dos diversos países associados. Esta estrutura tripartite está presente em todos os órgãos da organização, o que garante a democracia e imparcialidade das suas decisões, das suas recomendações e das suas convenções. Entre os seus diversos órgãos, encontra-se: Conselho de Administração que se reúne três vezes ao ano em Genebra. Este conselho executivo é responsável pela elaboração e controle de execução das políticas e programas da OIT, pela eleição do Diretor Geral e pela elaboração de uma proposta de programa e orçamento bienal. A Conferência Internacional do Trabalho é o fórum internacional que ocorre anualmente (em junho, em Genebra) para: discutir temas diversos do trabalho; adotar e revisar normas internacionais do trabalho; aprovar as políticas gerais e o programa de trabalho e orçamento da OIT, financiado por seus Estados-Membros. (OITBRASIL, 2011). Ou seja, a Conferência Internacional do Trabalho é algo como o Poder Legislativo da OIT. Como você pôde perceber, é toda uma estrutura voltada para debater e regulamentar as relações de trabalho, buscando a sua homogeneização no mundo globalizado, no sentido de melhoria das condições de vida dos trabalhadores. Busca homogeneizar, por que: [...] se alguma nação não adotar condições humanas de trabalho, esta omissão constitui um obstáculo aos esforços de outras nações que desejem melhorar as condições dos trabalhadores em seus próprios países. (OITBRASIL, 2011). UNIDADE 3 TÓPICO 1 159 L E G S I S L A Ç Ã O E N O R M A S T É C N I C A S E M S E G U R A N Ç A N O T R A B A L H O Estas são as linhas gerais sobre a Organização Internacional do Trabalho. No próximo item trataremos de como ocorre o processo de incorporação destas normas internacionais ao nosso Ordenamento Jurídico, e, nos dois últimos itens deste tópico, trataremos de algumas convenções e assuntos específicos que tenham pertinência com a segurança do trabalho. ESTU DOS FUTU ROS! � Para aprofundar seus estudos, visite os links no site da OITBRASIL <http://www.oitbrasil.org.br/info/download/declaracao_da_oit_ sobre_principio_direitos_fundamentais.pdf> e <http://www.oit. org.br/topic/oit/doc/declaracao_oit_globalizacao_65.pdf>. e leia a “Declaração da OIT sobre os princípios e direitos fundamentais no trabalho e seu seguimento” e a “Declaração da OIT sobre a Justiça social para uma Globalização Equitativa, 2008”. Como visto, a OIT procura uma homogeneização das legislações sobre Direito do Trabalho, no mundo todo. Dentre toda esta legislação trabalhista encontram-se as normas sobre segurança do trabalho. As convenções da OIT são tratados multilaterais (com muitos lados, muitas partes - realizados entre múltiplos países), que podem ser ratificados ou não pelos países membros. Ou seja, não é o fato de um país ser membro da OIT e participar da elaboração de uma Convenção Internacional, que garante que esta convenção será ratificada (confirmada) pelo mesmo. Em alguns casos, a convenção não pode ser ratificada pelo país porque o seu Ordenamento Jurídico não permite. É o caso, por exemplo, da Convenção nº 158, que não pode vigorar no país, porque é contrária a nossa Constituição. Ao menos, este é o entendimento do Supremo Tribunal Federal. A referida convenção trata da garantia de emprego contra dispensa imotivada. O supremo Tribunal Federal entendeu que, como o art. 7º, I, dispõe que Lei Complementar tratará do tema “relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa”, somente através desta lei é que poderá ser criada tal garantia. Nada impede, porém, que o Congresso nacional venha a adotá-la através desta Lei Complementar. 3 O BRASIL E A OIT UNIDADE 3TÓPICO 1160 L E G S I S L A Ç Ã O E N O R M A S T É C N I C A S E M S E G U R A N Ç A N O T R A B A L H O Esta questão, porém, escapa ao nosso tema. Trazemos a questão apenas para demonstrar que, em determinadas situações, um país pode deixar de adotar uma Convenção Internacional, porque esta convenção é contrária ao seu Ordenamento Jurídico. Por outro lado, o que diz respeito especificamente à questão da segurança do trabalho, vimos na Unidade 2, especialmente, no item 3 do tópico 1 e nos itens 3 e 4 do Tópico 2, que a Constituição Brasileira estabeleceu um verdadeiro sistema de proteção à segurança e à saúde do trabalhador. Ou seja, o constituinte brasileiro teve uma preocupação enorme com a saúde e segurança do trabalhador, de forma que qualquer Convenção Internacional que crie mecanismos de proteção virá reforçar este sistema, e certamente não será incompatível com ele. O art. 5º, §s 2º e 3º da CF (1988), dispõe o seguinte: § 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem ou- tros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. Observe que o §3º trata de emendas constitucionais. Emendas Constitucionais são leis que, uma vez aprovadas, passam a fazer parte da própria Constituição. Por isso devem ser aprovadas em dois turnos (duas votações) na Câmara dos Deputados e, em dois turnos no Senado Federal. Por outro lado, somente haverá aprovação, se mais de 3/5 dos membros de cada Casa do Congresso (Câmara e Senado) votarem a favor, em cada um destes turnos. É difícil assim, por que não pode ser permitido que qualquer coisa venha a fazer parte da nossa Constituição. Por isso, só pode fazer parte dela aquilo que a maioria (maioria qualificada) entender que deva sê-lo. Caso contrário, as maiorias de determinados momentos (os oportunistas de plantão), poderiam se aproveitar de uma maioria circunstancial, para fazerem valer o que bem entendessem. Já no caso da simples aprovação de Convenções Internacionais (que não irão fazer parte da Constituição), o procedimento é mais simples: De acordo com o art. 84, VIII, da CF (1988), compete, privativamente, ao Presidente da República, “celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional”. De Acordo com o artigo 19, 5, b, da Constituição da OIT, se a Conferência Internacionaldo Trabalho aprovar uma Convenção Internacional do Trabalho, cada Estado membro compromete- se a submetê-la à aprovação pela autoridade competente, no prazo de um ano. UNIDADE 3 TÓPICO 1 161 L E G S I S L A Ç Ã O E N O R M A S T É C N I C A S E M S E G U R A N Ç A N O T R A B A L H O UNI Conferência Internacional do trabalho é responsável pela adoção (aprovação) ou revisão de normas internacionais do trabalho - como vimos no item anterior. No caso do Brasil, esta autoridade é, conforme artigo 84, acima, o Congresso Nacional. Portanto, após aprovada a Convenção Internacional do Trabalho, o Presidente da República deverá submetê-la, no prazo de um ano, à aprovação pelo Congresso Nacional – para que este a transforme em Lei, ou tome as medidas que entender cabíveis. Segundo OITBRASIL (2011), qualquer que seja a decisão, ela deverá ser comunicada ao Diretor Geral da OIT: • se for aprovada, o país deverá tomar as medidas para que ela passe a valer. No caso do Brasil, como vimos na unidade anterior, se for aprovado, o Presidente da República a promulgará, através de Decreto. • se não for aprovada, considerando que todo Estado é soberano (independente), ele (no caso o Brasil) não terá nenhuma obrigação. No entanto, deverá informar o Diretor Geral da OIT sobre a forma como está sendo tratado aquele assunto no país: se o país aplica, ou pretende aplicar dispositivos da Convenção. Também informará os motivos pelos quais não ratificou a Convenção. Havendo a promulgação, conforme acima mencionado, o país deverá tomar as medidas necessárias para a execução das disposições da Convenção. No caso brasileiro, o art. 157, I, da CLT (2011), dispõe que cabe ao empregador “cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho”. Esta obrigação valerá inclusive para as normas que forem sendo aprovadas, inclusive Convenções Internacionais do Trabalho. Por outro lado, o art. 156 da CLT (2011), dispõe que compete às Superintendências Regionais de Trabalho e Emprego fiscalizar o cumprimento das normas de segurança e medicina do trabalho, determinar as medidas que forem necessárias ao cumprimento das mesmas (como obras, reparos e outras que se fizerem necessárias), e, impor as penalidades cabíveis. UNIDADE 3TÓPICO 1162 L E G S I S L A Ç Ã O E N O R M A S T É C N I C A S E M S E G U R A N Ç A N O T R A B A L H O UNI As Superintendências Regionais de Trabalho e Emprego são as Antigas Delegacias Regionais do Trabalho. Finalmente, os artigos 626 a 642 da CLT (2011), tratam do processo de multas administrativas (de que trataremos no próximo tópico), da fiscalização, da autuação e da imposição de multas administrativas, dos recursos, e, do depósito da inscrição e da cobrança das multas. Portanto, considerando que a lei brasileira já define o responsável pelo cumprimento das normas de segurança do trabalho (o empregador), bem como o responsável pela sua fiscalização (o Auditor-Fiscal do Trabalho), basta a Convenção Internacional do Trabalho ser promulgada, que ela já estará equipada de todos os meios necessários ao seu cumprimento. Finalmente, no que diz respeito especificamente à segurança do trabalho, o nosso Ordenamento Jurídico recepcionou, através dos atos que seguem, várias convenções da OIT: • O Decreto nº 1.361, de 1937 promulgou a Convenção nº 42, que trata das indenizações que serão devidas às vítimas de moléstias (doenças) profissionais, com base na legislação por acidentes de trabalho. • O Decreto nº 62.151, de 1968, promulga a Convenção nº 115, que trata da proteção do trabalhador contra radiações ionizantes. • O Decreto nº 66.498, de 1970, promulga a Convenção nº 120, que trata das medidas de higiene no ambiente de trabalho dos escritórios e do comércio. • O Decreto nº 67.339, também de 1970, promulga a Convenção nº 127, que trata da proteção do trabalhador, no que diz respeito ao peso máximo das cargas que podem ser transportadas por um só trabalhador. • O Decreto nº 93.413, de 1986, promulga a convenção nº 148, que trata da proteção dos trabalhadores contra os riscos profissionais devidos à contaminação do ar, ao ruído e as vibrações no local de trabalho. • O Decreto nº 99.534, de 1990, promulga a Convenção nº 152, que trata da segurança e higiene dos trabalhadores portuários. UNIDADE 3 TÓPICO 1 163 L E G S I S L A Ç Ã O E N O R M A S T É C N I C A S E M S E G U R A N Ç A N O T R A B A L H O • O Decreto nº 127, de 1991, promulga a Convenção nº 161, que trata dos serviços de segurança e saúde do trabalho. • O Decreto nº 1.253, de 1994, promulga a Convenção nº 136, que trata da proteção contra os riscos de intoxicação provocados pelo benzeno. • O Decreto nº 1.254, também de 1994, promulga a Convenção nº 155, que trata da segurança e saúde dos trabalhadores e o meios ambiente d trabalho. • O Decreto nº 1.255, de 1994, promulga a Convenção nº 119, que trata sobre a proteção das máquinas, ou, mais precisamente, sobre os dispositivos de proteção que as máquinas devem conter. • O Decreto nº 2.657, de 1998, promulga a Convenção nº 170, que trata da Segurança na utilização de produtos químicos no trabalho. • O Decreto nº 3.251, de 1999, promulga a Convenção nº 134, que trata da prevenção de acidentes de trabalho dos marítimos. • O Decreto nº 4.085, de 2002, promulga a Convenção nº 174, que trata da prevenção de acidentes industriais maiores. • O Decreto nº 5.005, de 2004, promulga a Convenção nº 171, que trata do trabalho noturno. • O Decreto nº 6.270, de 2007, promulga a Convenção nº 176 e a Recomendação nº 183, ambas da OIT, que tratam da segurança e saúde nas minas. • O Decreto nº 5.6.271, de 2007, promulga a Convenção nº 167 e a Recomendação nº 175, ambas da OIT, que tratam da segurança e da saúde na construção. • O Decreto nº 6.766, de 2009, promulga a Convenção nº 178, que trata das condições de vida e de trabalho dos trabalhadores marítimos. As referidas convenções trazem, como não poderia deixar de ser, normas gerais. Portanto, caso ratificadas pelo país membro, este deverá tomar as medidas necessárias para torná-las operacionalizáveis. Por último, cabe apenas esclarecer que tais decretos promulgam as Convenções da OIT, após aprovadas pelo Congresso Nacional, por meio de Decretos Legislativos, os quais estão previstos no artigo 59, VI, da Constituição Federal e 108 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, e visam regular a matéria de exclusiva competência do Poder Legislativo - sem a sanção do Presidente da República (art. 109, II, do Regimento em questão). UNIDADE 3TÓPICO 1164 L E G S I S L A Ç Ã O E N O R M A S T É C N I C A S E M S E G U R A N Ç A N O T R A B A L H O Neste item, abordaremos algumas Convenções que tratam de regras que são, de uma maneira geral, aplicáveis a situações especiais em que os trabalhadores estejam executando o seu labor, seja em razão do perigo, seja em razão do produto que estejam utilizando. No próximo item, trataremos daquelas que se dirigem a algumas profissões especiais, bem como aquelas voltadas para o trabalho rural. Trataremos apenas de algumas informações mais básicas sobre as convenções em questão. Apenas para que você possa saber onde procurar no futuro, caso necessário. De uma maneira geral, as NRs (de que falaremos um pouco no primeiro item do último tópico desta unidade) têm tratado de todos estes assuntos, com minúcias. Finalmente, é importante que você saiba que elas existem, pois, como elas tratam de princípios gerais, caso haja dúvidas, vocêpoderá consultá-las para saber quais os fundamentos das normas de que você está tratando, e, assim, esclarecer suas dúvidas. Iniciemos pela Convenção nº 174 (Decreto nº 4.085/2002), trata da prevenção de acidentes industriais maiores. De acordo com o art. 1º, 1, ela se aplica a instalações sujeitas a riscos de acidentes maiores. O art. 1º, 2, exclui da sua aplicação: (a) a instalações nucleares e usinas que processem substâncias radioativas, à exceção dos setores dessas instalações nos quais se manipulam substâncias não radioativas; (b) as instalações militares; (c) a transporte fora da instalação distinto do transporte por tubulações. O Art. 3º, ao tratar de definições, deixa claro o que pode ser tratado como riscos maiores: (a) a expressão “substância perigosa” designa toda substância ou mistura de substâncias que, em razão de suas propriedades químicas, físicas ou toxico- lógicas, isoladas ou combinadas, constitui um perigo; (b) a expressão “quantidade limite” significa, com referência a uma substância ou a categoria de substâncias perigosas, a quantidade fixada por leis ou re- gulamentos nacionais para condições específicas que, se excedida, identifica uma instalação como sujeita a riscos de acidentes maiores; (c) a expressão “instalação sujeita a riscos de acidentes maiores” designa a instalação que produz, transforma, manipula, utiliza, descarta ou armazena, de uma maneira permanente ou transitória, uma ou várias substâncias ou categorias de substâncias perigosas, em quantidades que excedam a quan- tidade limite; (d) a expressão “acidente maior” designa todo evento subitâneo, como emis- 4 CONVENÇÕES DA OIT SOBRE A SEGURANÇA EM SITUAÇÕES ESPECIAIS UNIDADE 3 TÓPICO 1 165 L E G S I S L A Ç Ã O E N O R M A S T É C N I C A S E M S E G U R A N Ç A N O T R A B A L H O são, incêndio ou explosão de grande magnitude, no curso de uma atividade em instalação sujeita a riscos de acidentes maiores, envolvendo uma ou mais substâncias perigosas e que implica grave perigo, imediato ou retardado, para os trabalhadores, a população ou o meio ambiente; (e) a expressão “relatório de segurança” designa documento contendo infor- mações técnicas, administrativas e operacionais relativas a perigos e riscos de instalação sujeita a acidentes maiores e a seu controle, e que justifiquem medidas adotadas para a segurança da instalação; (f) o termo “quase-acidente” designa todo evento subitâneo envolvendo uma ou mais substâncias perigosas que, não fossem os efeitos, ações ou sistemas atenuantes, poderia ter resultado num acidente de maiores proporções. A Convenção nº 170 (Decreto nº 2657/1998) trata da segurança na utilização de produtos químicos. Aplica-se a todos os ramos da atividade econômica em que são utilizados produtos químicos. Tem o objetivo de prevenir ou reduzir doenças e acidente causados por produtos químicos. Para tanto, busca garantir que todos os produtos químicos sejam avaliados com o fim de determinar o perigo que apresentam. Devem os empregadores obter, dos fornecedores, informações precisas sobre os produtos químicos utilizados no trabalho, para que possam adotar programas eficazes de prevenção, os quais deverão ser devidamente esclarecidos aos trabalhadores. O art. 3º, alínea “c”, esclarece que: c) A expressão utilização de produtos químicos no trabalho implica toda atividade de trabalho que poderia expor o trabalhador a produto químico, e compreende: i) a produção de produtos químicos; ii) a manipulação de produtos químicos; iii) o armazenamento de produtos químicos; iv) o transporte de produtos químicos; v) a eliminação e o tratamento dos dejetos de produtos químicos; vi) a emissão de produtos químicos resultante do trabalho; vii) a manutenção, o reparo e a limpeza de equipamento e recipientes utilizados para os produtos químicos; A Convenção nº 162 (Decreto nº 126/1990), trata do trabalho com asbesto. De acordo com o artigo 1º, “o termo asbesto designa a forma fibrosa dos silicatos minerais pertencentes aos grupos de rochas metamórficas das serpentinas, isto é, o crisotilo (asbesto branco), e dos anfibolitos, isto é, a actinolita, a amosita (asbesto pardo, cummingtonita-grunerita), a antofilita, a crocidolita (asbesto azul), a tremolita ou qualquer mistura que contenha um ou vários destes minerais”. Segundo MTE (2011), dispõe serem responsabilidades do empregador: Notificar determinados tipos de trabalho que levem a exposição ao asbesto; Tomar medidas para prevenir ou controlar o desprendimento de poeira de asbesto no ar e para garantir a observação dos limites de exposição, assim como para reduzir a exposição ao limite mais baixo factível; UNIDADE 3TÓPICO 1166 L E G S I S L A Ç Ã O E N O R M A S T É C N I C A S E M S E G U R A N Ç A N O T R A B A L H O Estabelecer e aplicar medidas práticas de prevenção e controle da exposição de trabalhadores ao asbesto; Providenciar roupa de trabalho adequada, cuja manipulação e limpeza devem ser efetuadas em condições adequadas; Manter à disposição dos trabalhadores lavatórios e chuveiros nos locais de trabalho; Eliminar os resíduos que contenham asbesto de forma a não produzir risco à saúde dos trabalhadores ou à população vizinha à empresa; Medir, sempre que necessário, as concentrações de poeira de asbesto nos locais de trabalho, mantendo os registros pelo prazo legal à disposição dos trabalhadores e serviços de inspeção; Zelar para que todos os trabalhadores que possam estar expostos ao asbesto recebam informações sobre os riscos existentes, conheçam as medidas pre- ventivas e recebam formação contínua a respeito; Oferecer a trabalhadores expostos ao asbesto que, por motivos de saúde, estejam impedidos de exercer suas atividades, outros meios para manutenção de seu emprego. Conforme MTE (2011), entre as responsabilidades da autoridade pública estão: Proibição da realização de demolição de instalações ou estruturas que conte- nham materiais à base de asbesto ou da eliminação do asbesto em prédios ou construções por empregadores ou contratados que não sejam reconhecidos pela autoridade competente como qualificados para tais trabalhos. A Convenção nº 136 (Decreto nº 1.253, 1994) trata do trabalho com benzeno. Aplica-se a todas as empresas que trabalham com benzeno (hidrocarbureto aromático, benzeno C6H6), ou com produtos cujo conteúdo em benzeno exceda de um por cento por unidade de volume. (MTE, 2011) Conforme MTE (2011), a Convenção estipula o: Dever de tomar providências que assegurem nos locais de trabalho: Adoção de medidas técnicas de prevenção e higiene para o controle da ex- posição ao benzeno; Tomada de medidas de prevenção da emanação de vapores e a manutenção da concentração de benzeno no ar em níveis inferiores a 25 partes por mi- lhão, para garantir a proteção eficaz de trabalhadores expostos a benzeno ou produtos que contenham benzeno; Previsão de meios de proteção pessoal adequada contra os riscos de absorção percutânea para trabalhadores que possam entrar em contato com benzeno líquido e contra os riscos de inalação de vapores de benzeno para trabalhadores que possam estar expostos a concentrações que excedam o limite máximo; Instrução adequada de todos os trabalhadores expostos a benzeno ou produtos contendo benzeno sobre as precauções necessárias para proteção de sua saúde e prevenção de acidentes, assim como sobre o tratamento apropriado dos sintomas de intoxicação. (MTE, 2011). Convenção nº 127 (Decreto nº 67.339/1970), relativas ao peso máximo da carga que pode ser transportada por um trabalhador. Dispõe, no artigo 3º, que “Não se deverá exigir nem permitir a um trabalhador o transporte manual de carga cujo peso possa comprometer sua saúde ou suasegurança”. UNIDADE 3 TÓPICO 1 167 L E G S I S L A Ç Ã O E N O R M A S T É C N I C A S E M S E G U R A N Ç A N O T R A B A L H O A Convenção nº 115 (Decreto nº 62.151/1968) trata da proteção contra radiações. De acordo com o art. 2º, 1 “se aplica a todas as atividades que envolvam a exposição de trabalhadores a radiações ionizantes no curso de seu Trabalho”. (MTE, 2011). De acordo com o art. 2º, 2, “não se aplica às substâncias radiativas, lacradas ou não, nem aos aparelhos geradores de radiações ionizantes, que, devido às fracas doses de radiações ionizantes que se podem receber por sua causa, ficar excetuados de sua aplicação segundo um dos meios que para dar efeito ao Convênio se preveem no artigo 1”. O art. 5º dispõe que “Não deverá se medir nenhum esforço para reduzir ao nível mais baixo possível a exposição dos trabalhadores a radiações ionizantes, e todas as partes interessadas deverão evitar toda exposição inútil”. (MTE, 2011). Proibe trabalhadores menores de dezeseis anos de trabalharem com radiações ionizantes. Segundo MTE (2011), impõe aos empregadores a obrigação de: Sinalizar a presença de radiações ionizantes; Proporcionar toda informação necessária aos trabalhadores, instruindo-os sobre as precauções a serem tomadas para sua proteção; Monitorar trabalhadores e locais de trabalho para verificação do respeito aos índices permitidos; Realizar exame médico admissional e periódico de trabalhadores expostos à radiação; Especificar condições em que devem ser tomadas medidas imediatas de reali- zação de exame médico do trabalhador, notificação da autoridade competente, avaliação das condições de trabalho por pessoal especializado e de tomada de ações corretivas. (MTE, 2011). A Convenção nº 176 da OIT (Decreto nº 6.270/2007) trata da Segurança e Saúde na mineração. Seu artigo primeiro define o que o termo mina engloba: as instalações, subterrâneas ou de superfície, nas que se realizam, em parti- cular, as seguintes atividades: (i) a exploração de minérios, excluídos o gás e o petróleo, que implique a alteração do solo por meios mecânicos; (ii) a exploração de minérios, excluídos gás e petróleo; ( i i i ) a p r e p a r a ç ã o , i n c l u í d a s a t r i t u r a ç ã o , a m o l d u r a - ção, a concent ração ou a lavagem no mater ia l ex t ra ído, e (b) todas as máquinas, equipamentos, acessórios, instalações, edifícios e estruturas de engenharia civil utilizados em relação com as atividades a que se refere a alínea (a) anterior. 5 CONVENÇÕES DA OIT SOBRE PROFISSÕES ESPECIAIS E TRABALHADORES RURAIS UNIDADE 3TÓPICO 1168 L E G S I S L A Ç Ã O E N O R M A S T É C N I C A S E M S E G U R A N Ç A N O T R A B A L H O Por outro lado, dispõe ser responsabilidade dos empregadores, eliminar os riscos; controlar os riscos em sua fonte; reduzir os riscos ao mínimo mediante medidas que incluam a elaboração de métodos de trabalho seguros; enquanto perdure a situação de riscos, prever a utilização de equipamentos de proteção pessoal, tomando em consideração o que seja razoável, praticável e factível e o que esteja em consonância com a prática e o exercício da devida diligência. A Convenção 167 (Decreto 6.271/2007) trata da segurança e saúde na construção. Seu artigo 1º dispõe que ela abrange “os trabalhos de edificação, as obras públicas e os trabalhos de montagem e desmonte, inclusive qualquer processo, operação e transporte nas obras, desde a sua preparação até a conclusão do projeto”. O Art. 2º traz as definições úteis à sua interpretação: (a) a expressão “construção” abrange: i) a edificação, incluídas as escavações e a construção, as transformações estruturais, a renovação, o reparo, a manutenção (incluindo os trabalhos de limpeza e pintura) e a demolição de todo tipo de edifícios e estruturas; ii) as obras públicas, inclusive os trabalhos de escavações e a construção, transformação estrutural, reparo, manutenção e demolição de, por exemplo, aeroportos, embarcadouros, portos, canais, reservatórios, obras de prevenção contra as águas fluviais e marítimas e avalanches, estradas e autoestradas e autoestradas, ferrovias, pontes, túneis, viadutos e obras relacionadas com a prestação de serviços, como comunicações, captação de águas pluviais, esgotos e fornecimentos de água e energia; iii) a montagem e o desmonte de edifícios e estruturas a base de elementos pré-fabricados, bem como a fabricação desses elementos nas obras ou nas suas imediações; (b) a expressão “obras” designa qualquer lugar onde sejam realizados quaisquer dos trabalhos ou operações descritos no item (a), anterior; (c) a expressão “local de trabalho” designa todos os sítios onde os trabalha- dores devem estar ou para onde devam estar ou para onde devam se dirigir devido ao seu trabalho e que se encontrem sob o controle de um empregador no sentido do item (e); A Convenção nº 152 (Decreto nº 99534/1990) trata da Segurança e Higiene no Trabalho portuário. O trabalho portuário é definido como compreendendo “a totalidade ou cada uma das partes dos trabalhos de carga ou descarga de todo navio, assim como quaisquer operações relacionadas com estes trabalhos”. Também designa como responsável “toda pessoa nomeada pelo empregador, pelo capitão do navio ou pelo proprietário de uma máquina, conforme o caso, para assegurar o cumprimento de uma ou várias funções específicas, e que possua suficientes conhecimentos e experiência e a necessária autoridade para o desempenho adequado de tais funções”. A Convenção nº 120 (Decreto nº 66498/1970), trata do higiene no comércio e escritórios. Estabelece a obrigatoriedade, nos locais de trabalho, de: UNIDADE 3 TÓPICO 1 169 L E G S I S L A Ç Ã O E N O R M A S T É C N I C A S E M S E G U R A N Ç A N O T R A B A L H O Higienização e manutenção adequadas de equipamentos e das instalações, que devem ser ventiladas, iluminadas e providas de conforto térmico, inclusive quando subterrâneas ou desprovidas de janelas; Disponibilização de assentos adequados e em número suficiente para uso dos trabalhadores; Fornecimento de água potável ou outra bebida em quantidade suficiente; Manutenção de lavatórios, instalações sanitárias e vestiários adequados e mantidos em condições satisfatórias; Implantação de medidas de redução de ruídos e vibrações que possam pro- vocar danos à saúde dos trabalhadores; Disponibilização de enfermaria ou posto de primeiros socorros ou ainda caixas de primeiros socorros. (MTE, 2011). A Convenção nº 184, na realidade ainda não foi ratificada pelo Brasil, o que é uma contradição, já que a Norma Regulamentadora nº 31, aprovada pela Portaria nº 86 de 03.03.2005, do Ministério do Trabalho e Emprego, foi elaborada com base nesta Convenção. De qualquer forma, a aprovação desta NR sinaliza que não há motivos para não haver tal ratificação. UNI A NR 31 tem o seu fundamento de validade na Lei nº 5.889 de 08.06.1973, que regulamenta o trabalho rural. O artigo 13 desta Lei dispõe que “nos locais de trabalho rural serão observadas as normas de segurança e higiene estabelecidas em portaria do ministro do Trabalho e Previdência Social”. Por outro lado, a referida convenção encontra-se publicada no sitio eletrônico do Ministério do Trabalho e Emprego. No seu art. 1º, ela define a sua abrangência: Para os fins desta Convenção, o temo “agricultura” compreende as atividades agrícolas e florestais conduzidas em explorações agrícolas, incluindo produção vegetal, atividades florestais, pecuária e criação de insetos, processamento primário de produtos agrícolas e animais pelo empreendedor ou em seu nome, assim como a utilização e manutenção da maquinaria,de equipamentos, aparelhos, instrumentos e instalações agrícolas, inclusive todo processamen- to, armazenamento, operação ou transporte realizados no empreendimento agrícola. Por sua vez, o art. 2º dispõe que não estão abrangidos: (a) Agricultura de subsistência; (b) processamentos industriais que utilizam produtos agrícolas como matéria- prima, e serviços correlatos; e, (c) exploração industrial de florestas. A convenção orienta que os empregadores realizem avaliações de risco adequadas e adotem medidas preventivas e protetivas de segurança nas atividades agrícolas, instalações, UNIDADE 3TÓPICO 1170 L E G S I S L A Ç Ã O E N O R M A S T É C N I C A S E M S E G U R A N Ç A N O T R A B A L H O máquinas, equipamentos, produtos químicos, ferramentas e processos, que providenciem treinamento, instruções e supervisão adequada aos trabalhadores agrícolas, que tomem medidas imediatas de evacuação e interrupção de qualquer operação em que haja risco grave e iminente à segurança e saúde, e, finalmente, fornecer transporte seguro aos trabalhadores rurais. Deverão, ainda, garantir que somente pessoas qualificadas, e devidamente treinadas, operem os equipamentos e máquinas, e que estes estejam com padrões reconhecidos de segurança e saúde, que estejam adequadamente instalados, e que sejam utilizados apenas para os fins a que se destinam. Os trabalhadores deverão ser devidamente instruídos sobre a forma segura de operação. Os produtos químicos deverão ser utilizados e descartados de forma segura. Deve haver um sistema seguro de coleta, descarte e reciclagem de lixo químico, dos produtos químicos e recipientes vazios de produtos químicos. Deverá haver, ainda, medidas de proteção e de prevenção quanto à utilização (manuseio) destes produtos, inclusive transporte, limpeza e descarte, descarte dos recipientes vazios etc. No que diz respeito ao manuseio de animais, deverão ser prevenidos riscos com infecções, envenenamentos, alergias, de acordo com padrões reconhecidos de segurança. As instalações deverão ser construídas e reparadas de acordo com as normas de segurança e saúde. Deverão ser adequadas ao bem-estar do trabalhador A idade mínima para o trabalho na agricultura deverá ser de 18 anos, quando este puder causar, por qualquer forma, dano à segurança e/ou à saúde do menor. Os trabalhadores temporários e sazonais, se houverem, deverão receber as mesmas medidas de segurança e de saúde que os demais. Deverá haver medidas especiais, para as necessidades especiais das mulheres grávidas, inclusive quanto à amamentação. Era isso o que tínhamos de mais importante a lhe dizer sobre as normas internacionais produzidas no âmbito da OIT. UNIDADE 3 TÓPICO 1 171 L E G S I S L A Ç Ã O E N O R M A S T É C N I C A S E M S E G U R A N Ç A N O T R A B A L H O Caro (a) acadêmico (a)! Neste primeiro tópico você estudou os seguintes aspectos: • Vivemos em uma época em que as relações entre as pessoas (naturais e jurídicas) tendem cada vez mais à globalização (ou à internacionalização, como preferem alguns). • Em 1919 era criada, artravés do Tratado de Versalhes, a Sociedade das Nações, também conhecida por Liga das Nações, cuja carta foi assinada, inicialmente, por 44 Estados, entre eles o Brasil, e que tinha por principal finalidade assegurar a paz entre as Nações. • Através do mesmo Tratado foi criada a Organização Internacional do Trabalho – OIT. • A Organização das Nações Unidas (ONU) nasceu oficialmente em 24 de outubro de 1945, data de promulgação da Carta das Nações Unidas, que é a sua Constituição, assinada na época por 51 países. Hoje conta com 192 países associados. • A finalidade última destas organizações de nações é a paz mundial. • A estrutura da Organização Internacional do Trabalho – OIT -, e de todos os seus órgãos, é tripartite. • Toda uma estrutura da OIT está voltada para o debate e regulamentação das relações de trabalho, buscando a sua homogeneização no mundo globalizado, no sentido de melhoria das condições de vida dos trabalhadores. • Não é o fato de um país ser membro da OIT e participar da elaboração de uma Convenção Internacional, que garante que esta Convenção será ratificada (confirmada) pelo mesmo. • O constituinte brasileiro teve uma preocupação enorme com a saúde e segurança do trabalhador. • De acordo com o art. 84, VIII, da Constituição Federal Brasileira, compete, privativamente, ao Presidente da República, “celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional”. • Sempre que uma Convenção da OIT for aprovada, cada Estado membro compromete-se a sujeitá-la à autoridade nacional competente (no nosso caso o Congresso Nacional), para RESUMO DO TÓPICO 1 UNIDADE 3TÓPICO 1172 L E G S I S L A Ç Ã O E N O R M A S T É C N I C A S E M S E G U R A N Ç A N O T R A B A L H O aprovação (se for o caso), dentro do prazo de um ano. • Havendo a promulgação, o país deverá tomar as medidas necessárias para a execução das disposições da Convenção aprovada. • A lei brasileira já define o responsável pelo cumprimento das normas de segurança do trabalho (o empregador), bem como o responsável pela sua fiscalização (o Auditor-Fiscal do Trabalho). Portanto, no que diz respeito ao tema “segurança e saúde do trabalho”, basta a Convenção Internacional do Trabalho ser promulgada, pois o nosso Ordenamento Jurídico está equipado de todos os meios necessários ao seu cumprimento e execução. UNIDADE 3 TÓPICO 1 173 L E G S I S L A Ç Ã O E N O R M A S T É C N I C A S E M S E G U R A N Ç A N O T R A B A L H O Olá! Chegamos ao final deste primeiro tópico. Para reforçar seus conhecimentos, reflita e responda às seguintes questões: 1 Existe a obrigação de um Estado soberano (como o Brasil, por exemplo) obedecer, de forma incondicional, às determinações de uma Convenção Internacional do Trabalho? 2 Qual a finalidade fundamental da Organização das Nações Unidas e dos seus respectivos órgãos? 3 Como a ONU atua para cumprir a sua finalidade fundamental? 4 O Brasil tem meios de fazer com que as Convenções Internacionais do Trabalho, adotadas e sancionadas, sejam cumpridas imediatamente? Quais? AUTO ATIVI DADE � UNIDADE 3TÓPICO 1174 L E G S I S L A Ç Ã O E N O R M A S T É C N I C A S E M S E G U R A N Ç A N O T R A B A L H O L E G S I S L A Ç Ã O E N O R M A S T É C N I C A S E M S E G U R A N Ç A N O T R A B A L H O A CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO - CLT 1 INTRODUÇÃO TÓPICO 2 UNIDADE 3 Na primeira unidade, tratamos do contrato de trabalho, conceituando-o e tratando de algumas características que lhe são peculiares. Definimos as partes deste contrato, o empregador e o empregado, tratando das suas principais características. Naquele estudo, tratamos das principais obrigações que surgem para empregado e empregador, tão somente pelo fato de firmarem (realizarem) o contrato. Tratamos, finalmente, da posição do empregador, no âmbito deste contrato, especialmente no que diz respeito à segurança do trabalho e dos riscos do empreendimento. A partir deste momento, pudemos tratar do poder/dever disciplinar do empregador. Na segunda unidade, tratamos do Direito do Trabalho de uma maneira geral: do que é, como se interpreta e aplica, e quais são seus princípios fundamentais. Toda esta discussão se trava, basicamente, dentro de uma lei específica: a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT. A CLTfoi aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Seu objetivo era, como o próprio nome está a dizer, consolidar todas as leis trabalhistas de então. Ou seja, juntar toda a Legislação Trabalhista em um só código, com a finalidade de lhe dar sistematicidade e coerência. Para que esta sistematicidade e coerência fossem possíveis, a CLT não somente consolidou o que já existia em matéria de legislação trabalhista, mas criou diversas outras normas com finalidade de possibilitar esta visão sistemática. A referida lei regulamenta todo o universo da relação de emprego: UNIDADE 3TÓPICO 2176 L E G S I S L A Ç Ã O E N O R M A S T É C N I C A S E M S E G U R A N Ç A N O T R A B A L H O • iniciando pela conceituação de empregado e de empregador, bem como de jornada de trabalho; • das normas gerais e especiais de tutela (defesa) do trabalho, dentre elas: as diversas normas referentes à anotação da carteira de trabalho e previdência social (CTPS); as normas referentes à regulamentação da duração do trabalho; da regulamentação das férias; da regulamentação do salário mínimo e da remuneração e do salário; das regulamentações especiais de determinadas profissões (como os bancários, os ferroviários, os professores, os jornalistas etc.); • trata de todos os direitos trabalhistas, para após definir de forma mais consistente o que é um contrato de trabalho: sua formulação, os direitos e obrigações que surgem do mesmo, as possibilidades de sua alteração, etc., enfim, como pode ser rompido e os direitos que surgem do seu rompimento (seja ele de iniciativa do empregado, ou do empregador, ou de ambos, com ou sem culpa). Também trata a CLT (2011), das relações coletivas de trabalho, onde se situa o denominado “Direito Coletivo do Trabalho”, aí tratando da definição de sindicato da categoria profissional e de sindicato da categoria econômica, bem como da definição de categoria. Trata, também, dos direitos e deveres dos sindicatos e dos sindicalizados, das negociações coletivas de trabalho e dos acordos e convenções coletivas de trabalho. Enfim, trata de toda a organização sindical brasileira, e da organização das entidades sindicais que a compõe. A CLT (2011) trata, também, da Justiça do Trabalho e do processo do trabalho: No que diz respeito à Justiça do Trabalho, a CLT (2011) define os seus órgãos, juízes e auxiliares: Tribunais Superior e Regionais do Trabalho, Varas do Trabalho, Serviços de Distribuição dos Feitos (processos), juízes, distribuidores, Diretores de Secretaria, Oficiais de Justiça etc. UNI Serviços de Distribuição dos Feitos é utilizado nas localidades onde existe mais de uma Vara do Trabalho em que é criado um serviço especializado, com a finalidade de dividir e distribuir os processos, de forma equitativa, entre as diferentes Unidades Judiciárias (Varas) que fazem parte daquela Jurisdição (espaço territorial). Importante salientar que, atualmente, no que diz respeito aos órgãos, quem define a matéria é a própria Constituição Federal (1988), que trata de toda a estrutura e composição do Poder Judiciário; das suas atribuições e prerrogativas; dos direitos, garantias e prerrogativas UNIDADE 3 TÓPICO 2 177 L E G S I S L A Ç Ã O E N O R M A S T É C N I C A S E M S E G U R A N Ç A N O T R A B A L H O dos cidadãos diante do Judiciário; dos deveres, direitos e prerrogativas dos juízes; entre outras questões referentes ao Poder Judiciário, nos artigos 92 a 126, bem como trata das funções essenciais à Justiça (Ministério Público, Advocacia Pública e Advocacia e Defensoria Pública), nos artigos 127 a 135. A CF (1988) dispõe, nos arts. 111 e 111 – A: Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho: I - o Tribunal Superior do Trabalho; II - os Tribunais Regionais do Trabalho; III - as Varas do Trabalho. III - Juízes do Trabalho. Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Mi- nistros, escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo Presidente da República após apro- vação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo: I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade pro- fissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94; II os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior. § 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal Superior do Trabalho. § 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho: I a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Tra- balho, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira; II o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como órgão central do sis- tema, cujas decisões terão efeito vinculante. Quanto ao processo do trabalho, a CLT define como se passa este processo: • quem pode mover a ação que o instaura (inicia), que são tanto empregados, como empregadores, por um lado, bem como sindicatos (tanto das categorias econômicas como profissionais), por outro lado, e, ainda o Ministério Público do Trabalho, dependendo da circunstância; • define como deve ser citada, a parte contra quem é movido o processo, para vir se defender; • define as provas que podem ser trazidas ao processo; • define como acontecem as sessões conciliação, bem como as sessões de instrução e julgamento. • define, também, como o juiz deve decidir, e quais são os recursos que as partes (via de regra, empregados e empregadores) podem apresentar contra as sentenças do juiz. UNIDADE 3TÓPICO 2178 L E G S I S L A Ç Ã O E N O R M A S T É C N I C A S E M S E G U R A N Ç A N O T R A B A L H O Enfim, a CLT (2011), define tudo o que pode e o que não se pode fazer no processo, assim como aquilo que deve ser feito nele. A CLT (2011) define, também, o processo de inspeção do trabalho, tratando das linhas gerais das atividades do Ministério do Trabalho e Emprego, das Superintendências Regionais de Trabalho e Emprego, e dos Auditores-Fiscais do Trabalho, incluindo os seus poderes e deveres, bem como as prerrogativas do inspecionado, tal como tratamos na primeira unidade desta disciplina. Por outro lado, as Sentenças do Poder Judiciário somente declaram o direito, o que de nada adianta para o cidadão trabalhador, se a empresa não pagar espontaneamente este direito. Soma-se a isso, o fato de que a inspeção do trabalho pode resultar em aplicação de multas, as quais, também, nem sempre são pagas espontaneamente pelas empresas. Pode, ainda, o Ministério Público do Trabalho acordar, com as empresas, Termos de Ajuste de Condutas – TACs, que incluem a previsão de multas para o caso de seu descumprimento. A empresa que descumpre um TAC, via de regra, também não paga, espontaneamente, as multas que constam do mesmo. Parta todos estes casos, e outros, a CLT (2011), prevê a possibilidade de um Processo de Execução, ou seja, um processo no qual o juiz determina a empresa que cumpra aquilo que é seu dever, sob pena de ser obrigada a isso. Neste título a CLT (2011) prevê: multas caso o empresário descumpra as suas ordens, a penhora de bens do empresário caso ele não pague os valores executados e as multas aplicadas; a forma como serão alienados (vendidos em Leilão) os bens penhorados; a forma como será liberado aos credores, os valores executados;os recursos que podem ser interpostos das decisões do juiz etc. Finalmente, e o que é mais importante para a nossa disciplina, quando a CLT estipula as normas gerais de tutela do trabalho, de que mencionamos acima, ela inclui entre estas as normas de segurança e medicina do trabalho. Trata-se do capítulo V, do Título II, intitulado “DA SEGURANÇA E DA MEDICINA DO TRABALHO”, onde o Legislador discorre, por 48 artigos (154 a 201), organizados da seguinte forma: • Seção I – Das Disposições Gerais (artigos 154 a 159); • Seção II - Da Inspeção Prévia e do Embargo ou Interdição (artigos 160 e 161); UNIDADE 3 TÓPICO 2 179 L E G S I S L A Ç Ã O E N O R M A S T É C N I C A S E M S E G U R A N Ç A N O T R A B A L H O • Seção III - Dos Órgãos de Segurança e de Medicina do Trabalho nas Empresas (artigos 162 a 165); • Seção IV - Do Equipamento de Proteção Individual (artigos 166 e 167); • Seção V - Das Medidas Preventivas de Medicina do Trabalho (artigos 168 e 169); • Seção VI - Das Edificações (artigos 170 a 174); • Seção VII – Da Iluminação (artigo 175); • Seção VIII - Do Conforto Térmico (artigos 176 a 178); • Seção IX - Das Instalações Elétricas (artigos 179 a 181); • Seção X - Da Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais (artigos 182 e 183); • Seção XI - Das Máquinas e Equipamentos (artigos 184 a 186); • Seção XII - Das Caldeiras, Fornos e Recipientes sob Pressão (artigos 187 e 188); • Seção XIII - Das Atividades Insalubres ou Perigosas (artigos 189 a 197); • Seção XIV - Da Prevenção da Fadiga (artigos 198 e199); • Seção XV - Das Outras Medidas Especiais de Proteção (artigo 200); e, • Seção XVI – Das Penalidades (art. 201). 2 AS NORMAS DE SEGURANÇA DO TRABALHO NA CLT – MEDIDAS GERAIS DE SEGURANÇA Passamos, neste momento, a estudar as normas de segurança do trabalho da CLT (2011), de acordo com o esquema que mencionamos no final do item anterior. Importante iniciar pelo alerta do art. 154: A observância, em todos os locais de trabalho, do disposto neste Capítulo, não desobriga as empresas do cumprimento de outras disposições que, com relação à matéria, sejam incluídas em códigos de obras ou regulamentos sanitários dos Estados ou Municípios em que se situem os respectivos es- tabelecimentos, bem como daquelas oriundas de convenções coletivas de trabalho. (CLT, 2011). UNIDADE 3TÓPICO 2180 L E G S I S L A Ç Ã O E N O R M A S T É C N I C A S E M S E G U R A N Ç A N O T R A B A L H O Isso nada mais é do que a confirmação do que já mencionávamos, na Unidade anterior, quando tratávamos da legislação sobre segurança do trabalho. Ou seja, esta legislação não se encontra apenas nas leis trabalhistas e, muitas vezes, sequer é direcionada para o Direito do Trabalho. Ocorre que muitas legislações, mesmo não direcionadas à proteção do trabalhador, acabam por atingir esta proteção, de maneira indireta. Por isso, devem ser igualmente obedecidas. O art. 154 apenas acrescenta que aquelas oriundas dos regulamentos sanitários dos Estados e dos Municípios, assim como das Convenções Coletivas de Trabalho, também devem ser cumpridas. Do artigo 155, 160 e 161, trataremos no último item deste tópico, e dos artigos 156-158, que tratam das responsabilidades das Superintendências Regionais de Trabalho e Emprego, dos empregadores, e dos empregados, já havíamos tratado na 1ª unidade. De acordo com o art. 162, da CLT (2011), as empresas deverão manter serviços especializados em segurança e medicina do trabalho, de acordo com normas a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, as quais estabelecerão: a) classificação das empresas segundo o número de empregados e a natureza do risco de suas atividades; b) o numero mínimo de profissionais especializados exigido de cada empresa, segundo o grupo em que se classifique na forma da alínea anterior; c) a qualificação exigida para os profissionais em questão e o seu regime de trabalho; e, d) as demais características e atribuições dos serviços especializados em segurança e em medicina do trabalho, nas empresas. Estabelece o art. 163, que será obrigatória a constituição de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), de conformidade com as instruções expedidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, as quais preverão a composição por representantes dos empregados e empregadores, inclusive suplentes (art. 1647), com mandado de um ano, permitida uma reeleição (art. 164). Os empregados elegerão os seus representantes, sendo um deles o vice- presidente, ao passo que o empregador indicará o presidente. O art. 165 dispõe que: Art. 165 - Os titulares da representação dos empregados nas CIPA (s) não poderão sofrer despedida arbitrária, entendendo-se como tal a que não se fundar em motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro. O art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias dispõe que esta garantia de emprego se estenderá desde a inscrição na chapa que concorrerá à eleição, até um ano após o término do mandato. As Normas Regulamentares nº 4 e 5 dispõem, respectivamente, sobre os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SEESMT) e as Comissões Internas de Prevenção de Acidentes, respectivamente. UNIDADE 3 TÓPICO 2 181 L E G S I S L A Ç Ã O E N O R M A S T É C N I C A S E M S E G U R A N Ç A N O T R A B A L H O Não trataremos mais do assunto, pois ele será tratado, especificamente, na disciplina Segurança no Trabalho I. Os artigos 166 e 167 da CLT dispõem que as empresas são obrigadas a fornecer aos empregados, gratuitamente, equipamento de proteção individual adequado ao risco, com o devido certificado de aprovação pelo Ministério do Trabalho e Emprego e em perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados. Os EPIs são regulamentados pela NR 6. Não voltaremos, também, a este assunto, pois o curso oferece uma disciplina específica sobre a matéria, denominada Equipamentos de Proteção Individual e Coletiva. O art. 168 exige exame médico, por conta do empregador, na admissão, na demissão e periódicos, conforme instruções expedidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego. E o art. 169, dispõe: Será obrigatória a notificação das doenças profissionais e das produzidas em virtude de condições especiais de trabalho, comprovadas ou objeto de suspeita, de conformidade com as instruções expedidas pelo Ministério do Trabalho. Os referidos dispositivos estão regulamentados na NR7 e respectiva nota técnica. O art. 189 dispõe que: Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos. Já o art. 190 dispõe que o Ministério do Trabalho e Emprego – MTE aprovará quadro de atividades e operações insalubres, incluindo, entre outros, os meios de proteção, o tempo máximo de exposição do trabalhador aos agentes insalubres. Para tanto, o Ministério do Trabalho e Emprego expediu a NR 15. O art. 191 dispõe que a eliminação da insalubridade ocorrerá através da adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância, ou, na impossibilidade, através da utilização de equipamentos de proteção individual adequados à redução da intensidade dos agentes agressivos a limites de tolerância. Enquanto a insalubridade não for eliminada, o empregador deverápagar, aos trabalhadores expostos, os adicionais previstos no art. 192. A jurisprudência dos tribunais já está pacificada, no sentido de que a partir do momento que for eliminada a insalubridade a UNIDADE 3TÓPICO 2182 L E G S I S L A Ç Ã O E N O R M A S T É C N I C A S E M S E G U R A N Ç A N O T R A B A L H O empresa deixa de ter a obrigação de pagar os adicionais em questão. O artigo 193 dispõe que são “consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem o contato permanente com inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado”. A Norma Regulamentar – NR 16 trata das atividades ou operações perigosas. O §1º do artigo 193 da CLT (2011) dispõe que o trabalhador exposto a condições de periculosidade tem direito a um adicional de 30% sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa. Verificamos na Unidade anterior, que as atividades de eletricitários, e de outros trabalhadores, junto a sistemas elétricos de potência também geram o direito ao adicional de periculosidade. O mesmo acontece com os trabalhadores em atividades ou operações com radiações ionizantes. No que diz respeito aos inflamáveis ou explosivos, também é devido o adicional, em questão, aos trabalhadores em postos de abastecimento de combustíveis, bem como aqueles que laboram em edificações verticais, onde estejam armazenados líquidos combustíveis, independente do pavimento onde laboram e do pavimento onde esteja armazenado o líquido em questão. Já o artigo 194 dispõe que cessará o direito do empregado ao adicional de insalubridade ou de periculosidade, quando houver a eliminação do risco à sua saúde ou integridade física. Tanto a empresa, como o sindicato dos trabalhadores da respectiva categoria profissional, poderá requerer ao Ministério do Trabalho e Emprego a realização de perícia, no estabelecimento ou setor deste, com a finalidade de apurar a existência e consequente classificação das atividades insalubres ou perigosas (art. 195, §1º). O art. 196 dispõe que os adicionais de insalubridade e de periculosidade serão devidos, quando for o caso, a partir da sua inclusão da respectiva atividade nas NRs 15 e 16. Importante esclarecer, ainda, quanto a este tema, que o art. 197 da CLT (2011), dispõe: Os materiais e substâncias empregados, manipulados ou transportados nos locais de trabalho, quando perigosos ou nocivos à saúde, devem conter, no rótulo, sua composição, recomendações de socorro imediato e o símbolo de perigo correspondente, segundo a padronização internacional. UNIDADE 3 TÓPICO 2 183 L E G S I S L A Ç Ã O E N O R M A S T É C N I C A S E M S E G U R A N Ç A N O T R A B A L H O Parágrafo único - Os estabelecimentos que mantenham as atividades previstas neste artigo afixarão, nos setores de trabalho atingidas, avisos ou cartazes, com advertência quanto aos materiais e substâncias perigosos ou nocivos à saúde. O artigo 198 dispõe que é de 60 kg (sessenta quilogramas) o peso máximo que um empregado pode remover individualmente. Como vimos no item específico que tratava da proteção da mulher e do menor, para estes o peso máximo é de 20 quilogramas, para atividades contínuas, e de 25 quilogramas para atividades eventuais. De acordo com o parágrafo único do art. 198, não está compreendida nesta proibição a remoção de material feita por impulsão ou tração de vagonetes sobre trilhos, carros de mão ou quaisquer outros aparelhos mecânicos, podendo o Ministério do Trabalho, em tais casos, fixar limites diversos, que evitem sejam exigidos do empregado serviços superiores às suas forças. A NR 11 regulamenta o transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais. Segundo a CLT (2011), ainda é de ressaltar o disposto no art. 199: Art. 199 - Será obrigatória a colocação de assentos que assegurem postura correta ao trabalhador, capazes de evitar posições incômodas ou forçadas, sempre que a execução da tarefa exija que trabalhe sentado. Parágrafo único - Quando o trabalho deva ser executado de pé, os emprega- dos terão à sua disposição assentos para serem utilizados nas pausas que o serviço permitir. No que diz respeito às medidas gerais de segurança, de grande importância é, também, o artigo 200 da CLT (2011): Art. 200 - Cabe ao Ministério do Trabalho estabelecer disposições complemen- tares às normas de que trata este Capítulo, tendo em vista as peculiaridades de cada atividade ou setor de trabalho, especialmente sobre: I - medidas de prevenção de acidentes e os equipamentos de proteção indi- vidual em obras de construção, demolição ou reparos; II - depósitos, armazenagem e manuseio de combustíveis, inflamáveis e ex- plosivos, bem como trânsito e permanência nas áreas respectivas; III - trabalho em escavações, túneis, galerias, minas e pedreiras, sobretudo quanto à prevenção de explosões, incêndios, desmoronamentos e soterra- mentos, eliminação de poeiras, gases, etc. e facilidades de rápida saída dos empregados; IV - proteção contra incêndio em geral e as medidas preventivas adequadas, com exigências ao especial revestimento de portas e paredes, construção de paredes contrafogo, diques e outros anteparos, assim como garantia geral de fácil circulação, corredores de acesso e saídas amplas e protegidas, com suficiente sinalização; V - proteção contra insolação, calor, frio, umidade e ventos, sobretudo no tra- balho a céu aberto, com provisão, quanto a este, de água potável, alojamento profilaxia de endemias; VI - proteção do trabalhador exposto a substâncias químicas nocivas, radia- UNIDADE 3TÓPICO 2184 L E G S I S L A Ç Ã O E N O R M A S T É C N I C A S E M S E G U R A N Ç A N O T R A B A L H O ções ionizantes e não ionizantes, ruídos, vibrações e trepidações ou pressões anormais ao ambiente de trabalho, com especificação das medidas cabíveis para eliminação ou atenuação desses efeitos limites máximos quanto ao tempo de exposição, à intensidade da ação ou de seus efeitos sobre o organismo do trabalhador, exames médicos obrigatórios, limites de idade controle permanente dos locais de trabalho e das demais exigências que se façam necessárias; VII - higiene nos locais de trabalho, com discriminação das exigências, insta- lações sanitárias, com separação de sexos, chuveiros, lavatórios, vestiários e armários individuais, refeitórios ou condições de conforto por ocasião das refeições, fornecimento de água potável, condições de limpeza dos locais de trabalho e modo de sua execução, tratamento de resíduos industriais; VIII - emprego das cores nos locais de trabalho, inclusive nas sinalizações de perigo. Parágrafo único - Tratando-se de radiações ionizantes e explosivos, as normas a que se refere este artigo serão expedidas de acordo com as resoluções a respeito adotadas pelo órgão técnico. Em cumprimento às determinações deste artigo, bem como de todos os demais artigos deste capítulo V, do Título II, da CLT, o Ministério do Trabalho e Emprego expediu a Portaria n° 3.214, 08 de junho de 1978, e diversas portarias posteriores, que lhe trouxeram acréscimos, supressões e modificações, aprovando as Normas Regulamentadoras – NRs, hoje em número de 34, que são: NR - 1 - Disposições Gerais NR - 2 - Inspeção Prévia NR - 3 - Embargo e Interdição NR - 4 - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho. - SESMT NR - 5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA NR - 6 - Equipamento de Proteção Individual - EPI NR - 7 - Programa de Controle Médico de SaúdeOcupacional NR - 8 - Edificações NR - 9 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais NR - 10 - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade. NR - 11 - Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Mate- riais NR - 12 - Máquinas e Equipamentos NR - 13 - Caldeiras e Vasos de Pressão NR - 14 - Fornos NR - 15 - Atividades e Operações Insalubres NR - 16 - Atividades e Operações Perigosas NR - 17 - Ergonomia NR - 18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção NR - 19 - Explosivos NR - 20 - Líquidos Combustíveis e Inflamáveis NR - 21 - Trabalhos a Céu Aberto NR - 22 - Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração NR - 23 - Proteção Contra Incêndios NR - 24 - Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho NR - 25 - Resíduos Industriais NR - 26 - Sinalização de Segurança NR - 27 - Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho no Mi- nistério do Trabalho NR - 28 - Fiscalização e Penalidades NR - 29 - Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho Por- tuário. NR - 30 - Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho Aqua- UNIDADE 3 TÓPICO 2 185 L E G S I S L A Ç Ã O E N O R M A S T É C N I C A S E M S E G U R A N Ç A N O T R A B A L H O viário NR - 31 - Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura. NR - 32 - Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde NR - 33 - Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados NR - 34 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção e Reparação Naval. Na realidade, esta NR 34 ainda não foi aprovada. Trata-se de uma proposta que foi posta em consulta pública, pela Secretaria de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego, através a Portaria SIT nº 182, de 30/04/2010. Já se encerrou o prazo para recolhimento de sugestões, concedido pela Portaria nº 182, de 30 de abril de 2010, que colocou a referida proposta em consulta pública, de forma que é questão de tempo a elaboração do texto definitivo desta NR 34. Por fim, importante acrescentar que estas NRs tiveram sua validade contestada inúmeras vezes, sob o argumento de que somente o Legislador poderia baixar normas que inovassem no Ordenamento Jurídico. No entanto, em que pese efetivamente inovarem (criarem regras que não existiam antes), elas somente se movam por determinação da própria lei. Como você deve ter percebido, praticamente todos os artigos, deste capítulo sobre segurança e saúde do trabalho, contêm uma determinação para que o Ministério do Trabalho e Emprego expeça normas para esclarecer e regular as normas ali previstas. Ora, se é a própria lei que está determinando que o Ministério do Trabalho e emprego expeça normas, estas não podem ser consideradas ilegais (nem inconstitucionais), sendo que é justamente neste sentido que o Poder Judiciário está decidindo. Aliás, são normas extremamente democráticas, pois, como você viu da discussão da NR 34, elas são postas em consulta pública, onde empregados, empregadores, e, de uma maneira geral, toda a população pode apresentar suas sugestões. Algumas delas, como a NR 31, por exemplo, foi fruto de um consenso quase completo, entre empregados e empregadores. 3 AS NORMAS DE SEGURANÇA NA CLT – MEDIDAS ESPECIAIS DE SEGURANÇA Continuaremos tratando das normas de segurança do trabalho, na CLT, mas agora, tratando de situações mais específicas. Na realidade todo o assunto converge para situações específicas. É da natureza destas normas regular situações especiais, de forma que, de uma maneira ou outra, todas elas sãos específicas. UNIDADE 3TÓPICO 2186 L E G S I S L A Ç Ã O E N O R M A S T É C N I C A S E M S E G U R A N Ç A N O T R A B A L H O No entanto, no item anterior procurei tratar das normas que, embora regulando situações específicas, tratava-se de situações específicas que podem ocorrer em qualquer ambiente de trabalho, ao passo que as deste item se aplicam a ambientes mais seletos. Comecemos pelas edificações: as referidas edificações deverão obedecer aos requisitos técnicos que garantam perfeita segurança aos que ali trabalham. (art. 170, CLT, 2011). De acordo com o art. 171 da CLT (2011), será no mínimo, três metros o pé-direito (altura livre entre o piso e o teto), nos locais de trabalho. O parágrafo único do mesmo artigo dispõe: Parágrafo único - Poderá ser reduzido esse mínimo desde que atendidas às condições de iluminação e conforto térmico compatíveis com a natureza do trabalho, sujeitando-se tal redução ao controle do órgão competente em matéria de segurança e medicina do trabalho. De acordo com os artigos 172 a 174, os pisos não deverão apresentar saliências nem depressões que prejudiquem a circulação de pessoas ou a movimentação de materiais. As aberturas nos pisos e paredes serão protegidas de forma que impeçam a queda de pessoas ou de objetos; e, as paredes, escadas, rampas de acesso, passarelas, pisos, corredores, coberturas e passagens dos locais de trabalho deverão obedecer às condições de segurança e de higiene do trabalho estabelecidas pelo Ministério do Trabalho e manter-se em perfeito estado de conservação e limpeza. Conforme visto acima, a regulamentação reclamada por estes dispositivos se deu com a NR 8. Já o artigo 175 estabelece que deva haver iluminação adequada, natural ou artificial, apropriada à natureza da atividade, em todos os locais de trabalho. Dispõe que o Ministério do Trabalho e Emprego estabelecerá os níveis mínimos de iluminamento a serem observados, e que a iluminação deverá se uniforme distribuída, geral e difusa, a fim de evitar ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos. O art. 176 estabelece que os locais de trabalho devam ter ventilação natural, compatível com o serviço realizado, e que a ventilação artificial será obrigatória sempre que a natural não preencha as condições de conforto térmico. (CLT, 2011). De acordo com o art. 177 da CLT (2011): Art . 177 - Se as condições de ambiente se tornarem desconfortáveis, em virtude de instalações geradoras de frio ou de calor, será obrigatório o uso de vestimenta adequada para o trabalho em tais condições ou de capelas, anteparos, paredes duplas, isolamento térmico e recursos similares, de forma que os empregados fiquem protegidos contra as radiações térmicas. UNIDADE 3 TÓPICO 2 187 L E G S I S L A Ç Ã O E N O R M A S T É C N I C A S E M S E G U R A N Ç A N O T R A B A L H O O Ministério do Trabalho e Emprego deverá fixar os limites e as condições de conforto térmico dos locais de trabalho (art. 178). Já os artigos 179 a 181 da CLT (2011) tratam da segurança em trabalhos junto a instalações elétricas: Art. 179 - O Ministério do Trabalho disporá sobre as condições de seguran- ça e as medidas especiais a serem observadas relativamente a instalações elétricas, em qualquer das fases de produção, transmissão, distribuição ou consumo de energia. Art. 180 - Somente profissional qualificado poderá instalar, operar, inspecionar ou reparar instalações elétricas. Art. 181 - Os que trabalharem em serviços de eletricidade ou instalações elé- tricas devem estar familiarizados com os métodos de socorro a acidentados por choque elétrico. Os artigos 182 e 183 tratam da movimentação, armazenagem e manuseio de materiais: Art. 182 - O Ministério do Trabalho estabelecerá normas sobre: I - as precauções de segurança na movimentação de materiais nos locais de trabalho, os equipamentos a serem obrigatoriamente utilizados e as condições especiais a que estão sujeitas a operação e a manutenção desses equipa- mentos, inclusive
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