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INCERTEZA AMBIENTAL

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Incerteza Ambiental: o Estudo de Milliken
Mudanças no ambiente externo causam incerteza entre os administradores, mas os resultados obtidos pelos estudos sobre incerteza ambiental falham em estabelecer claras diferenças entre características objetivas do ambiente organizacional e percepções sobre incerteza ambiental. Como um estado organizacional, incerteza possui características objetivas, mas, como resultado da avaliação do indivíduo sobre o que é percebido como incerto, o conceito se torna subjetivo e de difícil mensuração. Milliken (1985 e 1987) conceitua incerteza como a incapacidade percebida pelo indivíduo de prever algo precisamente e, nesse sentido, o importante não é identificar a fonte particular ou os domínios de incerteza, mas compreender o tipo de incerteza ambiental experimentada pelos decisores face a dadas situações.
Três tipos de incerteza ambiental foram identificados e descritos por Milliken (1985 e 1987). O primeiro foi denominado incerteza sobre o estado ou incerteza ambiental percebida e atinge os administradores quando o ambiente externo ou um componente particular desse ambiente é visto como imprevisível. Ele se refere à incerteza sobre as ações mais relevantes a serem adotadas por organizações competidoras, à natureza de mudanças em geral no ambiente e à forma como as mudanças irão afetar o comportamento de importantes constituintes. À medida que a volatilidade, complexidade e heterogeneidade tornam o ambiente menos preditivo, maior a probabilidade de que administradores operando nesse tipo de ambiente aumentem sua sensação de incerteza. Incerteza sobre o efeito refere-se à incapacidade do indivíduo de prever como os impactos de eventos ambientais irão atingir sua própria organização. O fato de predizer a ocorrência de um evento não significa ser capaz de prever os impactos, a natureza ou a gravidade dele sobre a organização, ou de possibilitar o estabelecimento de prováveis relações causa e efeito. Incerteza sobre resposta relaciona-se à dificuldade de avaliar as alternativas de ação disponíveis e os efeitos de cada uma delas sobre a organização. Embora reconhecendo a necessidade de agir, o indivíduo desconhece todas as possíveis conseqüências de suas escolhas. Essa incerteza pode ser experimentada por administradores tanto nos momentos em que há necessidade de selecionar alternativas ou cursos de ação quanto nos casos em que são necessárias respostas rápidas a determinadas ameaças ambientais. 
Uma das hipóteses formuladas por Milliken (1987) é a de que “administradores incertos sobre o estado de seu ambiente irão despender mais tempo e recursos para escanear e planejar do que administradores mais confiantes na sua capacidade de compreender o ambiente” (p. 139). Como outros autores já mencionados no Referencial Teórico dessa pesquisa, Milliken (1985, 1987 e 1990) postula não apenas que o administrador age como interveniente entre o ambiente e a organização, mas que esta ação depende fundamentalmente de sua percepção acerca de como as mudanças ambientais irão afetar a organização em termos de ameaças ou oportunidades. Assim, gerentes não apenas têm que perceber mudanças no ambiente, mas também que decidir quando essas mudanças são importantes o suficiente para justificar mudanças em estratégias ou estabelecer diferentes cursos de ação. Embora ambígua, a tarefa de interpretar o ambiente é fundamental e falhas em ajustar as estratégias e as estruturas da organização de acordo com o ambiente podem significar queda na performance ou outros tipos de crise.
Um teste sobre a forma como administradores percebem os três tipos de incerteza ambiental foi realizado por Milliken (1990). O modelo interpretativo de Daft e Weick (1984) foi utilizado pela autora como a base descritiva do processo pelo qual gerentes percebem, interpretam e tentam responder a mudanças no ambiente externo. Em primeiro lugar, gerentes examinam o ambiente para identificar tendências, mudanças e eventos que podem afetar o funcionamento da organização, e é quando a incerteza sobre o estado geralmente ocorre (Milliken, 1987). A seguir, ocorre um processo de interpretação individual sobre as variáveis mais relevantes, ameaças e oportunidades. Como a avaliação da adequabilidade dos significados atribuídos somente pode ser realizada a posteriori, instala-se, geralmente nessa etapa, a incerteza sobre o efeito. Na terceira etapa, denominada aprendizado, ações especificamente delineadas para responder à realidade construída pelo gerente sobre o ambiente externo significam geralmente incerteza sobre a resposta mais adequada. 
Extraído de Bertucci, J.L.O. Efetividade Organizacional em Instituições de Ensino Superior: as PUC’s brasileiras em busca de efetividade. Minas Gerais: UFMG, CEPEAD, 2000. (Tese, Doutorado em Administração ). Cap. 4.

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