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26/02/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2254136&classId=895127&topicId=2120781&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&enableFor… 1/11 Direito Penal Aplicado I Aula 2 - Teoria da Norma Penal. Lei Penal no Tempo e no espaço INTRODUÇÃO Nesta aula, você irá dar continuidade aos aspectos principais para uma boa compreensão das regras gerais do Direito penal. Irá analisar qual é o exato conceito de tempo do crime, e estabelecer o seu raio de incidência analisando o Direito penal no espaço. É de suma importância saber exatamente até onde vai o alcance do Direito penal, em relação ao nosso conceito de território, bem como compreender os casos excepcionais em que, mesmo sendo praticado fora do nosso território, ainda assim o crime poderá estar sujeito a nossa lei. Por derradeiro, você irá estabelecer como acontece a contagem do prazo penal e processual penal, o que é muito importante para outros aspectos que você irá identi�car mais à frente. 26/02/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2254136&classId=895127&topicId=2120781&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&enableFor… 2/11 OBJETIVOS Reconhecer os con�itos aparentes das normas penais Aplicar os princípios para solucionar os con�itos aparentes; Reconhecer os aspectos essenciais da lei penal no tempo e distinguir as forma de revogação; Analisar os aspectos da sucessão de leis no tempo e resolver as questões intertemporais; Reconhecer os conceitos de território; Distinguir o caso em que poderá ser classi�cado o território por extensão; Reconhecer os casos de extraterritorialidade e aplicar os princípios que o regulamenta; Compreender a forma de contagem de prazo penal e distinguir da contagem do prazo processual penal. 26/02/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2254136&classId=895127&topicId=2120781&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&enableFor… 3/11 ANALOGIA EM DIREITO PENAL. NATUREZA JURÍDICA E INCIDÊNCIA Trata-se de complementar uma lacuna da lei, que não regula determinada situação jurídica, se utilizando de outra lei que compreenda a mesma razão, ou seja, o Direito penal não regula determinado fato, então o intérprete se utiliza de outra regra, ainda que de outro ramo do Direito, para solucionar o caso. Consiste em aplicar-se uma hipótese não regulada em lei, disposição relativa a um caso semelhante. Na analogia, o fato não é regido por qualquer norma e, por essa razão, aplica-se uma de caso análogo. É uma forma de autointegração da lei. Espécies de analogia: Fonte da Imagem: Con�ito aparente de normas Ocorre quando duas ou mais normas aparentemente parecem aplicáveis ao mesmo fato. Elementos con�gurativos do con�ito: Uma só infração penal — unidade de fatos; Duas ou mais normas pretende regulá-lo — pluralidade de normas; Aparente aplicação de todas as normas à espécie; Efetiva aplicação de apenas uma delas. A solução se dá pela aplicação de alguns princípios, que são: 26/02/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2254136&classId=895127&topicId=2120781&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&enableFor… 4/11 LEX SPECIALIS DEROGAT GENERALIS Especial é a norma que possui todos os elementos gerais e mais alguns denominados de especializantes que trazem um minus ou um plus de severidade. A lei especial prevalece sobre a geral a qual deixa de incidir sobre aquela hipótese. Ex.: o art. 123, do CP, trata de infanticídio que prevalece sobre o artigo 121 homicídio, pois além de ter os elementos genéricos deste possui elementos especializantes (próprio �lho, durante o parto ou logo após etc.). LEX PRIMARIA DEROGAT SUBSIDIARIAE Subsidiária é aquela norma que descreve, em grau menor de violação de um mesmo bem jurídico, isto é, um fato menos amplo e menos grave, o qual embora de�nido como delito autônomo, encontra-se também compreendido, em outro tipo, como fase normal de execução de crime mais grave. A norma primária prevalece sobre a subsidiária. Exemplo: o agente efetua disparos com arma de fogo sem atingir a vítima , aparentemente, três normas são aplicáveis. O artigo 132, do CP, o artigo 10 § 1°, III, da Lei 9437/97, e o art. 121, c/c o art. 14, II do CP. O tipo de�nidor da tentativa de homicídio descreve um fato mais amplo e mais grave do qual cabemos dois primeiros. LEX CONSUMENS DEROGAT CONSUMPTAE Ocorre quando um fato mais grave absorve outros fatos menos amplos e graves, que funcionam como fase normal de preparação ou execução ou como mero exaurimento. LEI PENAL NO TEMPO Neste tópico, você irá reconhecer o aspecto da lei penal que muito se aproxima da manifestação da vida humana em geral, pois assim como os seres humanos a lei pode nascer, viver e morrer, com as devidas peculiaridades dos aspectos essenciais que uma norma pode possuir, é claro. A lei está submetida à corrosão do tempo, e encontra a limitação na sua criação ou na sua morte. PRINCÍPIO DA LEI PENAL NO TEMPO 26/02/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2254136&classId=895127&topicId=2120781&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&enableFor… 5/11 A lei penal é regulada pelo princípio do tempus regit actum, ou seja, a lei do tempo irá reger o ato. Traduzindo, signi�ca que a lei penal aplica-se aos fatos da sua época, ou seja, a lei aplicável à repressão da prática do crime é a lei vigente ao tempo de sua execução Esta norma está expressa no artigo 1º do Código Penal. Con�ito de Leis Penais no Tempo Fonte da Imagem: Como as leis podem ser revogadas, então podem ocorrer problemas em decorrência dessa sucessão de leis, pois leis podem ser mais brandas ou mais rígidas e isso re�etirá na análise do fato em relação a sua regulação pelo direito. A nova lei sempre traz conteúdo diverso da anterior, pois se assim não fosse não seria necessário criar uma nova lei. As regras e os princípios que buscam solucionar o con�ito de leis penais no tempo constituem o Direito penal intertemporal. Os casos de con�ito estão disciplinados no art. 5º, XL, da Constituição Federal, e nos art. 2º e 3º do código penal. Nestes dispositivos, estão estabelecidas as regras e as exceções. A regra é a aplicação da lei em vigor na época em que o fato (crime) foi praticado em decorrência da aplicação do princípio do tempus regit actum. Entretanto, algumas exceções e situações podem surgir nessa relação entre a data do fato e a sucessão de leis, merecendo uma análise mais profunda do tema e das formas de solução, como: A – NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA A lei cria uma nova �gura penal, ou seja, incrimina uma conduta que até então era permitida (novatio legis incriminadora). Trata-se da circunstância em que a nova lei cria o crime, ou seja, torna uma determinada conduta que, até então, era permitida (tolerada pela sociedade), em conduta criminosa. A nova lei só pode ser utilizada para fatos que forem praticados após a sua vigência, como preceitua o art. 1º do Código Penal. B – LEX GRAVIOR A lei posterior é mais rígida do que a lei anterior (lex gravior) Neste caso, já existe uma lei penal regulando a situação (diferente do caso anterior da novatio legis), entretanto surge uma nova lei que, de qualquer forma, torna mais rígida a reprimenda em face do réu. Essa lei mais grave jamais poderá retroagir para alcançar atos anteriores a sua vigência, conforme descreve o art. 5, XL, da FCRB/88 — princípio da irretroatividade da lei mais gravosa. C – ABOLITIO CRIMINIS A lei posterior extingue o crime (abolitio criminis) 26/02/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2254136&classId=895127&topicId=2120781&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&enableFor… 6/11 A lei nova deixa de considerar crime a conduta até então prevista como tal. A conduta que antes era crime, com a nova lei, passa a ser permitida. Anova lei pratica a abolição do crime do ordenamento jurídico-penal, transformando em uma conduta irrelevante para o Direito penal. Lei penal no tempo Art. 2º- Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. (Código Penal) Para ler mais sobre a Abolitio criminis, clique aqui. (galeria/aula2/docs/a03.pdf) D – LEX MITIOR A lei posterior extingue o crime (abolitio criminis) Ocorre quando a nova lei trata de tema (crime), que já existe e está regulado pela lei, de forma mais branda, ou seja, mais bené�ca ao réu. Esta situação se aproxima muito com a abolitio criminis, com a diferença que, naquele, o réu é bene�ciado com a revogação total do crime, enquanto que, aqui, a lei não deixa de existir e sim, trás algum benefício ao réu. Nesta hipótese, a lei mais bené�ca, por uma questão de opção de política criminal que nosso país adota, retroagirá e alcançará até mesmo fatos anteriores a sua vigência. Código penal Art. 2º (…) - Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. Constituição Federal de 1988 Art. 5 (…) - XL - a lei penal não retroagirá, salvo para bene�ciar o réu. E A lei posterior possui parte mais bené�ca ao réu e outra parte mais malé�ca. Algumas normas penais acabam por favorecer o réu, em determinados aspectos, e prejudicá-lo em outros. Neste caso, surge uma controvérsia sobre qual norma aplicar, a lei nova e seu caráter misto (bené�co e malé�co) ou a norma anterior. E ainda, seria possível aplicar apenas a parte que bene�cia o réu da lei nova e ignorar a parte ruim (malé�ca)?! Neste caso, aplica-se a lei mais nova, na sua integralidade, ainda que ela não seja totalmente vantajosa ao réu. A doutrina (grandes autores renomados sobre o tema) e a jurisprudência (decisões dos juízes) seguem forte no sentido de que não pode o réu fazer combinações de lei, assim pegando parte da lei nova que lhe interessa e utilizando de parte da lei antiga. O réu tem que suportar os aspectos ruins da nova lei para poder se bene�ciar das vantagens que a nova lei pode lhe proporcionar. TEMPO DO CRIME Necessário se faz estabelecer o momento em que o crime é praticado, até mesmo para que possamos determinar quando incidirá a lei penal sobre o fato criminoso. Nesse contexto, devemos decidir quando o crime é praticado. Para solucionar esta questão surgem três teorias: 26/02/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2254136&classId=895127&topicId=2120781&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&enableFor… 7/11 Fonte da Imagem: Lei penal no espaço No que se refere ao Direito penal no espaço, devemos ter em mente que precisamos estabelecer qual o limite espacial (territorial) que será possível aplicar o Direito penal. Não podemos deixar de assinalar que a possibilidade de aplicar o Direito, seja ele de qual ramo for, é um exercício de soberania do Estado, então só será possível aplicá-lo no local em que o Estado exerce essa soberania, ou seja, no seu território. TERRITORIALIDADE O código penal limita a sua incidência ao território nacional, por conta disso a�rma-se que aplicamos como regra o princípio da territorialidade na forma do art. 5º do CP. Contudo, a lei também prevê exceções a esta regra, que são os casos de extraterritorialidade previstos no art. 7 do CP. Inicialmente, se faz necessário estabelecer qual o conceito de território, que compreende: A regra é a aplicação da lei penal no território nacional, ainda que seja um território por extensão (ou também chamado de território por equiparação), contudo é possível a aplicação da lei penal brasileira aos casos praticados fora do território nacional. São os ditos casos de extraterritorialidade. EXTRATERRITORIALIDADE O artigo 7º, do Código Penal, cuida do denominado princípio da extraterritorialidade da lei penal brasileira. As hipóteses são expressamente previstas na lei penal, ante seu caráter excepcional, já que a regra é a territorialidade da lei, prevista no artigo 5º, do mesmo Código. Entendemos que as espécies de extraterritorialidade são três: 26/02/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2254136&classId=895127&topicId=2120781&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&enableFor… 8/11 Para melhor compreender o item anteriormente proposto e estabelecer que, para caso de extraterritorialidade, o ordenamento jurídico determina um princípio, vamos analisar os princípios aplicados. PRINCÍPIO DA PERSONALIDADE OU NACIONALIDADE Aplica-se a lei penal brasileira, independentemente onde o crime for praticado no estrangeiro ou independentemente do bem jurídico afetado, quando o autor for brasileiro (Art. 7º , I , alínea a) ou quando a vítima do crime for brasileira (Art. 7º, II alínea b). Devem-se observar as condições impostas pelo § 2º e § 3º para a incidência dessas hipóteses. PRINCÍPIO DO DOMICÍLIO Aplica-se a lei penal brasileira quando o agente for residente no país. Conforme art. 7º, I, alínea d do CP. PRINCÍPIO DA DEFESA, REAL OU PROTEÇÃO Qualquer uma das três denominações serve para estabelecer que a lei penal será aplicada nos casos previstos no art. 7º, I, alíneas a, b e c. PRINCÍPIO DA JUSTIÇA UNIVERSAL Também conhecido como justiça cosmopolita. A aplicação da lei penal brasileira, neste caso, se fundamenta pelo dever solidário de repressão de certo delitos, cuja punição interessa a todos. Está prevista no art. 7º, II, alínea a do CP. PRINCÍPIO DO PAVILHÃO, BANDEIRA, REPRESENTAÇÃO Trata-se da hipótese do que nos referimos aos casos de território por extensão. Está previsto expressamente no art. 7º, II, alínea c do CP. LUGAR DO CRIME A aplicação da lei penal brasileira, para ser aplicada, precisa estabelecer o local do crime. Para tanto, surgem três teorias para estabelecer qual o local do crime. 26/02/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2254136&classId=895127&topicId=2120781&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&enableFor… 9/11 Fonte da Imagem: Disposições �nal acerca da aplicação da lei penal Contagem de prazo Importante estabelecer qual forma irá se dar a contagem dos prazos no Direito penal. Esta circunstância afeta de diretamente vários outros institutos que iremos estudar mais à frente, como por exemplo, a prescrição. Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. O art. 10, do CP, nos trás a solução, pois estabelece que para calcular o prazo penal devemos incluir o dia do começo. A contagem do prazo penal inclui feriados e �nais de semana sem qualquer interrupção. Desprezam-se as frações de dia. Vamos ver um exemplo para �xar o entendimento. Observações: 26/02/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2254136&classId=895127&topicId=2120781&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&enableFo… 10/11 O calendário comum a que se refere o artigo é o calendário gregoriano, aquele em que se entende por dia o hiato de tempo entre a meia-noite de um dia até a meia-noite do outro dia. Diferente do prazo penal (que inclui o dia do começo e despreza o dia do �nal) o prazo do processo (prazo processual penal) é o oposto, pois exclui o dia do começo e inclui o dia do �nal. Art. 798, § 1º, do Código de Processo Penal. Frações não computáveis da pena O art. 11, do CP, trás a determinação de que as frações de horas serão desprezadas, o que signi�ca que, se uma pessoa, por exemplo, for condenada a 10 dias de prisão e tiver um acréscimo de 1/3 (por qualquer motivo de causa de aumento previsto na lei), e essa conta resultar em dias + algumas horas (10 dias + 1/3 = 13 dias e 6 horas, aproximadamente) as horas são desprezadas e o indivíduosó precisará cumprir os 13 dias. O referido dispositivo ainda a�rma que as frações de cruzeiro serão desprezadas, por motivos óbvios a expressão cruzeiro deve ser substituída por reais. Nesta regra, o que a lei penal despreza são os centavos, como, por exemplo, imaginemos um pessoa que foi condenada a pagar um multa de R$ 30,25 (trinta reais e vinte e cinco centavos). Nesse caso, desprezam-se os centavos e o condenado só precisará pagar os R$ 30 reais. Legislação Especial O código faz menção ao fato de que as regras gerais do CP (do art. 1º até 120º) se aplicam à parte especial do código que trata dos crimes (art. 121 até 359-h) bem como até mesmo às legislações especiais que não estão disciplinadas no código (Estatuto do Desarmamento, Estatuto da Criança e do Adolescente, Código de Trânsito etc.) desde que essas legislações especiais não dispunham de forma diversa do CP. O ordenamento jurídico penal, apesar de estar, em boa parte, codi�cado, no que conhecemos como Código penal, também possui legislação que disciplina e trata da matéria penal como as já citadas leis. Dessa forma, o art. 12, do CP, expressamente estabelece essa aplicação subsidiária às demais legislações. ATIVIDADE Com base nos ensinamentos, leia a seguinte reportagem e re�ita se seria possível ou não aplicação da lei. Dez anos do assassinato de Jean Charles de Menezes na Inglaterra (glossário) Resposta Correta 26/02/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2254136&classId=895127&topicId=2120781&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&enableFo… 11/11 Glossário
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