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AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO MARIA ROSANGELA X BANCO DO BRASIL

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE SÃO RAIMUNDO NONATO – ESTADO DO PIAUÍ.
ANTECIPAÇÃO DA TUTELA. 
JUSTIÇA GRATUITA.
MARIA ROSÂNGELA DE OLIVEIRA, brasileira, solteira, professora, inscrita no CPF sob o nº 396.541.683-91, RG sob o nº 4.581.823 SSP/PI, residente e domiciliada à Rua Canjarim, s/n, Centro, Dom Inocêncio-PI, CEP: 64.790-000, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência por seu advogado infra firmado e bastante procurador, com instrumento de mandato anexo, propor a presente
	AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C REPETIÇÃO DO INDÉBITO COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DA TUTELA E REPARAÇÃO DOS DANOS MORAIS
Em face do BANCO DO BRASIL S/A, sociedade de economia mista, inscrita no CNPJ sob o 00.000.000/0001-91, com sede à ST ST SAUN SETOR DE AUTARQUIAS NORTE SN QUADRA 05, CEP: 70.040-250, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir alinhavados:
	PRELIMINARMENTE
DA ASSISTENCIA JUDICIÁRIA GRATUITA:
Preliminarmente, pugnar-se-á de Vossa Excelência, pela concessão dos favores da JUSTIÇA GRATUITA, com fulcro nos preceitos elencados no art. 4º da Lei n° 1060/50, art. 5º, inciso LXXIV da CF/1988 e artigos 98 e 99 do NCPC, que asseveram que a parte gozará dos benefícios da Assistência Gratuita mediante simples afirmação, e a qualquer tempo do processo, porquanto não possua a Requerente condições financeiras de arcar com as custas e demais despesas do processo.
	DOS FATOS:
O Autor firmou com a Ré contrato para concessão de crédito mediante o cartão “Open Card Visa HSBC” em cliente desde julho de 2003, do qual usufrui e quita pontualmente as faturas.
Em 10/11/2012 o Autor se dirigiu ao Shopping e efetuou compras de vestuário em uma loja de departamento. No momento do pagamento, a atendente informou que a compra teria sido “não autorizada” pelo cartão, fato que causou estranheza ao Autor já que seu limite de crédito era muito superior ao valor da compra que estava sendo realizada, além de grande vergonha e transtorno pelos quais passou na ocasião perante os demais clientes e as pessoas que o acompanhavam.
Ao chegar em sua residência, o Autor imediatamente entrou em contato com a central de atendimento ao cliente, no que foi informado de uma compra realizada na loja denominada “Kabum Limeira”, no valor de R$ 695,76, parcelada em 8 vezes de R$ 86,97.
Ocorre que o Autor jamais efetuou compras na referida loja, que inclusive não existe na cidade de Salvador; fatos que foram devidamente esclarecidos na oportunidade do atendimento. Inclusive, por orientação da própria atendente, o Autor enviou email para o endereço “intercambio@hsbc.com.br” (Doc. 01) com carta explicando os fatos ocorridos e solicitando providências do Banco para resolução imediata do problema.
A instituição então cancelou o cartão e enviou outro ao Autor, estornando apenas parte das parcelas referidas.
O Autor então seguiu utilizando o novo cartão, de nº 4487333001876654, mas em 16/05/2013, após acessar sua fatura na internet, verificou que existia uma nova compra no valor de R$ 346,66, dividida em 10 parcelas, na mesma loja da compra anterior “Kabum Limeira”.
Novamente o Autor entrou em contato com a central de atendimento ao cliente, ligação que ficou registrada sob o protocolo de nº 5479432793, e enviou carta explicando os fatos ocorridos e solicitando providências do Banco para resolução imediata do problema (Doc. 02).
A instituição bancária estornou a compra indevida e enviou novo cartão para o Autor, de nº 4487333003788527.
No entanto, em 31/07/2013 foi realizada nova compra no valor de R$ 485,68, parcelada em 8 vezes de R$ 60,71, na mesma loja “Kabum Limeira”.
Como nas vezes anteriores, o Autor entrou em contato com a Ré e enviou a carta nos mesmos moldes. Entretanto, o problema não foi resolvido e a parcela indevida constou na sua fatura do mês de setembro e permaneceu sendo cobrada.
O Autor então entrou novamente em contato com a central telefônica, oportunidade em que a atendente informou que o banco não constatou qualquer fraude na operação e insinuou que o Autor estaria agindo de má-fé ao buscar o cancelamento da compra.
Toda conversa foi gravada e pelo protocolo de nº 5480325043.
Excelência, conforme se vê o caso em questão trata-se de cobrança indevida e má prestação do serviço, pois o Autor jamais realizou compras perante a referida loja. Em todas as oportunidades de fraude o Autor buscou informar a Ré da existência das referidas compras no seu cartão de crédito, sempre indicando a necessidade de que fossem investigadas, inclusive por tratar-se de operações realizadas perante a mesma loja, e de que fossem melhorados os mecanismos de proteção contra fraudes.
Importante registrar que todo mês é descontado na fatura R$ 3,00 referentes a “seguro de proteção contra perda/roubo”, valor que deveria ser revertido em maior proteção aos clientes contra fraudes.
Na mesma linha, esses fatos, já repetidos por três vezes, causaram e vêm causando danos de ordem material, moral e psicológica ao Autor, que é um trabalhador de conduta ilibada, que jamais teve seu nome incluído em serviço de proteção ao crédito ou vinculado a qualquer fraude de qualquer espécie.
Além disso o Autor, por seguidas vezes, já entrou em contato com a instituição para resolução do problema, não obtendo sucesso.
No presente caso, é inquestionável que a relação estabelecida entre as partes é consumerista, merecendo a proteção do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90), art. 6º, conforme estabelecido no entendimento jurisprudencial consolidado em casos análogos.
	DO DIREITO
Dispõe o Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078 de 1990, que são direitos básicos do consumidor o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais.
No presente caso, como já narrado, o Réu imputou por três vezes seguidas cobrança de compras que o Autor jamais efetuou. A situação em voga causou e vem causando diversos transtornos para o Acionante, que agora se vê taxado pelos propostos da Ré como fraudador, já que foi afirmado que inexiste qualquer problema no cartão e que o Réu não irá estornar a cobrança indevida.
É certo, Excelência, que se o Autor não efetuou a referida compra, o caso em voga só pode se tratar da existência de fraude que o Réu se recusa a assumir, ao tempo em que busca transferir o ônus da ineficiência de seus sistemas de segurança para o Cliente/Autor.
De fato, dispõe o art. 14 do CDC que:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
Na mesma linha caminha a jurisprudência pátria em situações semelhantes, de forma a proteger o consumidor hipossuficiente na relação. Vejamos:
"RESPONSABILIDADE CIVIL. RELAÇÃO DE CONSUMO. CARTÃO DE CRÉDITO. DESCONTOS NÃO RECONHECIDOS PELOS AUTORES. FRAUDE. FALHA NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. DANO MORAL. CONFIRMAÇÃO DA SENTENÇA. DESPROVIMENTO DOS RECURSOS. 1. Trata-se de relação de consumo, ex vi do disposto nos arts. 2º e 3º do Código de Defesa do Consumidor, impondo ao fornecedor de serviços a responsabilidade civil objetiva. 2. O fornecedor de serviços responde independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços. 3. (...)
(TJ-RJ - APL: 3679020098190038 RJ 0000367-90.2009.8.19.0038, Relator: DES. LETICIA SARDAS, Data de Julgamento: 27/03/2012, VIGESIMA CAMARA CIVEL)
No caso sub judice, chama atenção o fato das fraudes estarem ocorrendo de forma semelhante, sempre por meio de compras na mesma loja, sem que o Réu tenha tomado qualquer atitude perante as autoridades competentes, apesar de oportunamente, e por mais de uma vez, alertado pelo Autor, conforme correspondências
enviadas.
Ademais, além de não buscar por fim as compras fraudulentas em nome do Autor, o Réu agora se recusa a estornar a cobrança indevida, não havendo outra saída ao Autor senão se socorrer do Judiciário para ver assegurado o seu direito a não pagar por aquilo que não adquiriu em compra que jamais efetuou.
	DA ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA:
Excelência, os elementos anexos à presente peça servem ao propósito de demonstrar que a cobrança é indevida, sobretudo por ter havido reconhecimento da fraude pelo próprio Réu nas situações anteriores.
Ademais, apesar de ser impossível prova de fato negativo pelo Autor (provar que não comprou), restam devidamente configurados os requisitos do art. 273 do CPC, quais sejam:
Prova inequívoca: correspondências e e-mails trocados com o Réu demonstrando e noticiando a existência de fraude e solicitando providências para que o problema não se repetisse;
Verossimilhança da alegações: situações análogas reconhecidas como fraudulentas pelo próprio Réu;
Fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação: continuação das cobranças indevidas com juros e acréscimos moratórios, além da iminência de inclusão do nome do Autor nos cadastros de proteção ao crédito.
Assim, requer, em caráter de urgência, o deferimento da liminar para que seja determina a suspensão da cobrança de R$ R$ 485,68, parcelada em 8 vezes de R$ 60,71, até o desfecho final da lide, e, consequentemente se abstenha o Réu de incluir o nome do Autor nos cadastros de restrição ao crédito, ou proceda a imediata baixa caso já tenha incluído.
Deferida a medida de urgência, requer seja cominada, em tutela inibitória, multa diária de R$ 500,00 (quinhentos reais) em caso de descumprimento.
	DOS DANOS MORAIS:
A moral é reconhecida como bem jurídico, recebendo dos mais diversos diplomas legais a devida proteção, amparada pelo art. 5º, inc. V, da Carta Magna/1988 e artigos 186 e 927 do Código Civil de 2002. Também, o Código de Proteção e Defesa do Consumidor, no seu art. 6º, protege a integridade moral dos consumidores.
Ora, é de conhecimento notório os danos causados por uma cobrança indevida contra o consumidor hipossuficiente. No presente caso, os danos decorreram da vergonha passada pelo Autor ao tentar efetuar compras com seus familiares e ter seu cartão recusado; da obrigação a que tem que se submeter por horas aguardando para ser atendido por call center, dos temor ou mesmo da inclusão de seu nome no SPC/SERASA; além dos transtornos psicológicos na esfera moral do Autor, trabalhador que nunca ficou inadimplente com suas obrigações.
Excelência, a cobrança indevida e a tentativa de responsabilização do Autor por compra fraudulenta em seu cartão deve ser punida com base na legislação vigente, pois comprovado está o dano ocasionado com os constrangimentos sofridos pelo Demandante.
Nesse sentido é válido transcrever o seguinte julgado:
RESPONSABILIDADE CIVIL - RELAÇÃO DE CONSUMO CARTÃO DE CRÉDITO - FALHA NO DEVER DE INFORMAÇÃO COBRANÇA INDEVIDA – DEVOLUÇÃO EM DOBRO (Art. 42, § único, do Código de Defesa do Consumidor)- DANOS MORAIS CONFIGURADOS. A inadequação da informação sobre os valores lançados na fatura do usuário de cartão de crédito, com a cobrança indevida do respectivo valor, impõem à obrigação da devolução em dobro da quantia cobrada, na forma do parágrafo único, do artigo 42, do Código de Defesa do Consumidor, além de ensejar danos morais pela insegurança e constrangimentos causados ao consumidor. Improvimento do recurso. (TJ-RJ - APL: 977386820098190001 RJ 0097738-68.2009.8.19.0001, Relator: DES. JOSE GERALDO ANTONIO, Data de Julgamento: 27/01/2010, SETIMA CAMARA CIVEL, Data de Publicação: 12/03/2010)
Assim, conforme explicitado na jurisprudência, o dano moral é presumido e deve ser devidamente punido o Réu pela sua desídia e má prestação do serviço, inclusive como forma de evitar que o caso ocorra novamente.
Portanto, requer a condenação do Réu em R$ 12.000,00 (doze mil reais) em indenização pelos danos morais sofridos pelo Autor.
	DOS PEDIDOS
Face a tudo o quanto exposto, requer o Autor:
a citação do Réu, através de seus representantes legais, para comparecer à audiência designada, a fim de conciliar, ou, não o fazendo, contestar a presente, sob pena de revelia e confissão;
o deferimento da assistência judiciária gratuita;
a CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR, inaudita altera pars, para que que seja determinada a imediata suspensão da cobrança de R$ 485,68, parcelada em 8 vezes de R$ 60,71, até o desfecho final da lide, e, consequentemente se abstenha o Réu de incluir o nome do Autor nos cadastros de restrição ao crédito, ou proceda a imediata baixa caso
já tiver incluído, sob pena de multa diária de R$ 500,00 (quinhentos reais);
ao final, requer seja confirmada a liminar e julgada totalmente procedente a presente ação, para declarar indevida a cobrança de R$ 485,68, parcelada em 8 vezes de R$ 60,71, no cartão de crédito nº 4487333003788527;
seja condenada o Réu ao pagamento de INDENIZAÇÃO, de cunho compensatório e punitivo, pelos DANOS MORAIS causados ao Autor, no valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais);
a inversão do ônus da prova em favor do Autor, com fulcro no artigo 6º, inciso VIII do CDC;
a produção de todos os meios de prova em direito admitidos, em especial, o depoimento pessoal do Réu.
Requer também, desde já, a execução do acordo ou sentença, caso não haja cumprimento voluntário por parte do(a) Ré(u).
Dá-se à causa o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais).
Nestes termos, Pede deferimento.
Salvador, 30 de Outubro de 2013.
Rafael Platini N. de Farias OAB/BA nº 32.930
José Genival dos Santos Júnior OAB/BA nº 35.

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