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PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL E EMPRESARIAL – EAD MÓDULO PESSOAS Data: 19.03.2014OFESSOR Professor: Vinicius Gontijo 1. Material pré-aula a. Tema Desconsideração da Pessoa Jurídica. b. Noções Gerais Como visto, a constituição de uma pessoa jurídica tem o escopo de viabilizar a realização de determinadas atividades que seriam impossíveis sem ela. A autonomia patrimonial da pessoa jurídica, que justamente serve para distinguir o patrimônio da sociedade e de seus sócios, é quem norteia a atividade empresarial. Desse modo, tem-se que a sociedade responde com seus bens de forma ilimitada por suas obrigações sociais. Entretanto, tal responsabilidade pode ser repassada aos seus sócios, após o esgotamento do patrimônio da sociedade, e dependendo do tipo societário. Verificado o abuso da autonomia patrimonial da pessoa jurídica, com lesão a credores ou violação de lei, torna-se necessário e possível o afastamento de referida autonomia patrimonial mediante a desconsideração da personalidade jurídica, que deve ocorrer excepcionalmente para que alguns credores possam atingir os bens dos sócios. A teoria da desconsideração da personalidade jurídica também é conhecida como teoria da penetração, e, com base no direito norte americano, também como disregard of legal enity, disregard doctrine ou piercing the corporate veil. Tem-se que, a doutrina majoritária considera o surgimento da teoria da desconsideração da personalidade jurídica na Inglaterra, no ano de 1.897, no caso Salomon x Salomon Co. Ltd (REQUIÃO, 2011, p. 352). No Brasil, foi o doutrinador Rubens Requião o primeiro a tratar da desconsideração da personalidade jurídica. Nos ensinamentos da professora Elisabete Vido (2013, p. 146), a desconsideração da personalidade jurídica deve ser aplicada em caráter excepcional, quando a sociedade não possuir bens suficientes para saldar as suas obrigações. A desconsideração da personalidade jurídica implica no afastamento da personalidade jurídica da sociedade para atingir o patrimônio de seus sócios, e depende de requerimento do interessado e decisão judicial. (VIDO, 2013, p. 146/147). Importante esclarecer que o afastamento da personalidade jurídica não implica em anulação, encerramento e liquidação d pessoa jurídica. Desconsideração da Personalidade Jurídica no Código de Defesa do Consumidor (CDC) No CDC a desconsideração da personalidade jurídica se aplica quando em prejuízo ao consumidor, ocorrer abuso de direito, excesso de poder, infração legal, ocorrência de fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social, e, ainda, quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica decorrentes de má administração (VIDO, 2013, p. 147). No caso de falência é possível a desconsideração da personalidade jurídica, da mesma forma que é possível a responsabilidade dos sócios seja verificada no próprio processo falimentar. Também é possível a desconsideração da personalidade jurídica caso seja verificada que tal personalidade implica em obstáculo ao ressarcimento de prejuízo causado ao consumidor. Ainda que haja risco ao exercício da atividade empresarial, tal desconsideração é permitida diante da consideração de vulnerabilidade do consumidor, que pela Lei (CDC) merece proteção especial. Consoante ensinamento do professor Fábio Ulhoa Coelhoi a essa espécie de desconsideração se adota o nome de Teoria Menor. Desconsideração da Personalidade Jurídica no Direito Ambiental Da mesma forma como previsto pelo § 5º do art. 28 do Código de Defesa do consumidor, o direito ambiental adota a Teoria Menor para aplicar a desconsideração da personalidade jurídica. Acerca do tema, Gilberto Gomes Bruschi (2009, p. 82), assim discorre: Caso os administradores de uma empresa que causar dano ao meio ambiente tentarem se eximir de sua responsabilidade, constituindo uma nova empresa, de modo a dificultar o ressarcimento do dano ambiental, é autorizado por lei e totalmente possível que a execução do crédito ressarcitório ajuizada contra a empresa recaia sobre o patrimônio pessoal daquele que por ela responderem. Entretanto, tal dano não pode, em hipótese alguma, ter sido imputado aos agentes para que seja possível a desconsideração. Desconsideração da Personalidade Jurídica na Infração à Ordem Econômica De maneira semelhante à disposição do artigo 28 do CDC, o artigo 18 da Lei 8.884/1994 (Lei Antitruste) prevê a possibilidade de desconsideração da personalidade jurídica no âmbito do Direito Econômico. O professor Gilberto Gomes Bruschi (2009, p. 81) aponta que a importância da aplicação da desconsideração da personalidade jurídica no Direito Econômico se pauta na coibição da abuso entre as empresas que se concentram para restringir a concorrência, afetando o direito coletivo. Desconsideração da Personalidade Jurídica no Direito do Trabalho No âmbito do direito do trabalho, apesar de não haver previsão legal expressa sobre a desconsideração da personalidade jurídica, aplica-se a Teoria Menor, isto é, “[...]basta o não pagamento por parte da sociedade reclamada, para a desconsideração seja determinada” (VIDO, 2013, p. 149). A professora Elisabete Vido, apontando estudo do professor Mauro Schiavi, afirma que se aplica ao direito do trabalho a teoria objetiva, podendo a desconsideração da personalidade jurídica ocorrer de ofício (Art. 878, CLT) mediante decisão interlocutória devidamente fundamentada (art. 93, IX, da Constituição Federal/1988). Dessa forma, a desconsideração da personalidade jurídica para o Direito do Trabalho termina por ser a derradeira forma para quitar ou diminuir o prejuízo causado ao trabalhador. Desconsideração da Personalidade Jurídica no Direito Civil De encontro com a aplicação da desconsideração da personalidade jurídica até o momento expostas, na seara do Direito Civil, a teoria adotada para a aplicação da desconsideração da personalidade jurídica é a Teoria Maior. Por este entendimento e para o Direito Civil, a desconsideração da personalidade jurídica é verificada no caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial. (VIDO, 2013, p. 150). Caracteriza-se o desvio de finalidade pela utilização da pessoa jurídica para a prática de atos distintos de seu objeto social. Por sua vez, a confusão patrimonial é verificada pela ausência de clareza sobre o que é patrimônio da sociedade e o que é patrimônio dos sócios. Como em algumas sociedades são utilizados bens dos sócios para a gestão da empresa, sem objetivo de lesar credores, a confusão patrimonial, apenas, não é apta a proceder a desconsideração da personalidade jurídica, devendo estar presente também o abuso de personalidade. Para o Superior Tribunal de Justiça, deve haver elementos objetivos e subjetivos para proceder a desconsideração da personalidade jurídica. Desta forma, tem-se que a desconsideração da personalidade jurídica no âmbito do Direito Civil e nas relações empresariais exige o abuso da Pessoa Jurídica aliada à insolvência, bem como o desvio de finalidade e a confusão patrimonial. Desconsideração inversa Não apenas a desconsideração é aplicada para atingir os bens dos sócios em responsabilidade originária da Pessoa Jurídica. Na desconsideração inversa, consoante ensinamento da professora Elisabete Vido (2013, p. 151), “[...] a obrigação é do sócio, que utiliza a pessoa jurídica para proteger bens que fariam parte de seu patrimônio [...]” (grifado no original) Procedimento da Desconsideração A desconsideração da personalidade jurídica pode serrequerida pelo interessado ou pelo Ministério Público, não podendo ser declarada de ofício (à exceção da sua aplicação pela Justiça do Trabalho). Pode ser requerida por simples pedido incidente na ação de execução, na fase de cumprimento de sentença ou no procedimento falimentar não havendo essencialidade de ser requerida por intermédio de ação autônoma. Essencial é que haja o devido processo legal com o contraditório e a produção de provas, necessários para que o juiz alcance sua convicção. c. Legislação O artigo 28 do Código de Defesa do Consumidor, no caput do seu artigo 28 e no § 5º prevê as duas hipóteses na qual se aplica a desconsideração da personalidade jurídica. O art. 82 da Lei 11.101/2005 prevê a responsabilidade dos sócios no caso de falência. O artigo 4º da Lei 9.605/1998 prevê a Teoria Menor, da mesma forma como aplicada pelo art. 28§5º, CDC. O artigo 18 da Lei Antitruste aponta entendimento semelhante àquele exposto pelo art. 28 do Código de Defesa do Consumidor. O artigo 50 do Código Civil também prevê a desconsideração da personalidade jurídica, mas adota a teoria maior. O projeto do Novo Código de Processo Civil (nº 8.046/10) dedica os artigos 133 à 135 a um incidente sobre a desconsideração da personalidade jurídica. d. Julgados/Informativos O Superior Tribunal de Justiça já teve a oportunidade de decidir que o encerramento irregular das atividades da sociedade não enseja, por si só, a desconsideração da personalidade jurídica, quando do julgamento REsp 876974/SP, da 3ª Turma, julgado em 09.08.2007, de relatoria da Ministra Nancy Andrighi, publicado no D.J. em 27.8.2007, cuja ementa segue abaixo: COMERCIAL, CIVIL E PROCESSO CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PARA FINS DE PREQUESTIONAMENTO. NECESSIDADE DE QUE O ACÓRDÃO RECORRIDO PADEÇA DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE. DECLARAÇÃO DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DE ABUSO. ENCERRAMENTO DE ATIVIDADE SEM BAIXA NA JUNTA COMERCIAL. CIRCUNSTÂNCIA INSUFICIENTE À PRESUNÇÃO DE FRAUDE OU MÁ-FÉ NA CONDUÇÃO DOS NEGÓCIOS. ARTS. 592, II E 596 DO CPC. NORMAS EM BRANCO, QUE NÃO DEVEM SER APLICADAS DE FORMA SOLITÁRIA. SOCIEDADE POR QUOTAS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA. AUSÊNCIA DE ADMINISTRAÇÃO IRREGULAR E DO CAPITAL SOCIAL INTEGRALIZADO. SÓCIOS NÃO RESPONDEM PELO PREJUÍZO SOCIAL. PRECEDENTES. - Mesmo se manejados com o intuito de prequestionamento, os embargos declaratórios devem cogitar de alguma hipótese de omissão, contradição ou obscuridade, sob pena de rejeição. - A excepcional penetração no âmago da pessoa jurídica, com o levantamento do manto que protege essa independência patrimonial, exige a presença do pressuposto específico do abuso da personalidade jurídica, com a finalidade de lesão a direito de terceiro, infração da lei ou descumprimento de contrato. - O simples fato da recorrida ter encerrado suas atividades operacionais e ainda estar inscrita na Junta Comercial não é, por si só, indicativo de que tenha havido fraude ou má- fé na condução dos seus negócios. - Os arts. 592, II e 596 do CPC, esta Turma já decidiu que tais dispositivos contêm norma em branco, vinculada a outro texto legal, de maneira que não podem - e não devem - ser aplicados de forma solitária. Por isso é que em ambos existe a expressão “nos termos da lei”. - Os sócios de empresa constituída sob a forma de sociedade por quotas de responsabilidade limitada não respondem pelos prejuízos sociais, desde que não tenha havido administração irregular e haja integralização do capital social. Recurso especial não conhecido. (Íntegra do acórdão disponível em: https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/Abre_Documento. asp?sSeq=709860&sReg=200601806718&sData=200708 27&formato=PDF). A nomenclatura Teoria Menor foi adotada pelo STJ quando do julgamento do REsp 279273/SP, 3ª Turma, publicado em 29.3.2004, de relatoria do Ministro Ari Pargendler e relatoria para acórdão da Ministra Nancy Andrighi, cuja ementa segue: Responsabilidade civil e Direito do consumidor. Recurso especial. Shopping Center de Osasco-SP. Explosão. Consumidores. Danos materiais e morais. Ministério Público. Legitimidade ativa. Pessoa jurídica. Desconsideração. Teoria maior e teoria menor. Limite de responsabilização dos sócios. Código de Defesa do Consumidor. Requisitos. Obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. Art. 28, § 5º. - Considerada a proteção do consumidor um dos pilares da ordem econômica, e incumbindo ao Ministério Público a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, possui o Órgão Ministerial legitimidade para atuar em defesa de interesses individuais homogêneos de consumidores, decorrentes de origem comum. - A teoria maior da desconsideração, regra geral no sistema jurídico brasileiro, não pode ser aplicada com a mera demonstração de estar a pessoa jurídica insolvente para o cumprimento de suas obrigações. Exige-se, aqui, para além da prova de insolvência, ou a demonstração de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideração), ou a demonstração de confusão patrimonial (teoria objetiva da desconsideração). - A teoria menor da desconsideração, acolhida em nosso ordenamento jurídico excepcionalmente no Direito do Consumidor e no Direito Ambiental, incide com a mera prova de insolvência da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações, independentemente da existência de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial. - Para a teoria menor, o risco empresarial normal às atividades econômicas não pode ser suportado pelo terceiro que contratou com a pessoa jurídica, mas pelos sócios e/ou administradores desta, ainda que estes demonstrem conduta administrativa proba, isto é, mesmo que não exista qualquer prova capaz de identificar conduta culposa ou dolosa por parte dos sócios e/ou administradores da pessoa jurídica. - A aplicação da teoria menor da desconsideração às relações de consumo está calcada na exegese autônoma do § 5º do art. 28, do CDC, porquanto a incidência desse dispositivo não se subordina à demonstração dos requisitos previstos no caput do artigo indicado, mas apenas à prova de causar, a mera existência da pessoa jurídica, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. - Recursos especiais não conhecidos. (Íntegra do acórdão disponível em: https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/Abre_Documento. asp?sSeq=112916&sReg=200000971847&sData=200403 29&formato=PDF). Para o Direito do Trabalho, aplica-se a Teoria Menor na desconsideração da personalidade jurídica pelo entendimento de que seria dificultosa a prova de abuso da personalidade pelo trabalhador, conforme entendimento exposto no Agravo de Petição 02502-1991- 005-02-00 julgado pelo Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, e pelo Agravo de Petição 00541/2001 do TRT da 10ª Região. O STJ, reafirmou sua jurisprudência acerca da desconsideração da personalidade jurídica pela insuficiência de bens do devedor aliada ao desvio de finalidade e a confusão patrimonial. DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA. ART. 50 DO CÓDIGO CIVIL DE 2002. 1) DISTINÇÃO DE RESPONSABILIDADE DE NATUREZA SOCIETÁRIA. 2) REQUISITO OBJETIVO E REQUISITO SUBJETIVO. 3) ALEGAÇÃO DE DESPREZO DO ELEMENTO SUBJETIVO AFASTADA. I - Conceitua-se a desconsideração da pessoa jurídica como instituto pelo qual se ignora a existência da pessoa jurídica para responsabilizar seus integrantes pelas conseqüências de relações jurídicas que a envolvam, distinguindo-se a sua natureza da responsabilidade contratual societária do sócio da empresa. II - O artigo 50 do Código Civil de 2002 exige dois requisitos, com ênfasepara o primeiro, objetivo, consistente na inexistência de bens no ativo patrimonial da empresa suficientes à satisfação do débito e o segundo, subjetivo, evidenciado na colocação dos bens suscetíveis à execução no patrimônio particular do sócio - no caso, sócio-gerente controlador das atividades da empresa devedora. III - Acórdão cuja fundamentação satisfez aos dois requisitos exigidos, resistindo aos argumentos do Recurso Especial que alega violação ao artigo 50 do Código Civil de 2002. IV - Recurso Especial improvido. (Íntegra do acórdão disponível em: https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/Abre_Documento. asp?sSeq=995971&sReg=200901770395&sData=201104 05&formato=PDF). Ainda acerca da desconsideração da personalidade jurídica no âmbito do direito civil, o STJ, através do julgamento do Resp 948117/MS, publicado em 3.8.10, de relatoria da Ministra Nancy Andrighi, assim se posiciona: PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO DE TÍTULO JUDICIAL. ART. 50 DO CC/02. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA INVERSA. POSSIBILIDADE. I ? A ausência de decisão acerca dos dispositivos legais indicados como violados impede o conhecimento do recurso especial. Súmula 211/STJ. II ? Os embargos declaratórios têm como objetivo sanear eventual obscuridade, contradição ou omissão existentes na decisão recorrida. Inexiste ofensa ao art. 535 do CPC, quando o Tribunal a quo pronuncia-se de forma clara e precisa sobre a questão posta nos autos, assentando-se em fundamentos suficientes para embasar a decisão, como ocorrido na espécie. III ? A desconsideração inversa da personalidade jurídica caracteriza-se pelo afastamento da autonomia patrimonial da sociedade, para, contrariamente do que ocorre na desconsideração da personalidade propriamente dita, atingir o ente coletivo e seu patrimônio social, de modo a responsabilizar a pessoa jurídica por obrigações do sócio controlador. IV ? Considerando-se que a finalidade da disregard doctrine é combater a utilização indevida do ente societário por seus sócios, o que pode ocorrer também nos casos em que o sócio controlador esvazia o seu patrimônio pessoal e o integraliza na pessoa jurídica, conclui-se, de uma interpretação teleológica do art. 50 do CC/02, ser possível a desconsideração inversa da personalidade jurídica, de modo a atingir bens da sociedade em razão de dívidas contraídas pelo sócio controlador, conquanto preenchidos os requisitos previstos na norma. V ? A desconsideração da personalidade jurídica configura- se como medida excepcional. Sua adoção somente é recomendada quando forem atendidos os pressupostos específicos relacionados com a fraude ou abuso de direito estabelecidos no art. 50 do CC/02. Somente se forem verificados os requisitos de sua incidência, poderá o juiz, no próprio processo de execução, ?levantar o véu? da personalidade jurídica para que o ato de expropriação atinja os bens da empresa. VI ? À luz das provas produzidas, a decisão proferida no primeiro grau de jurisdição, entendeu, mediante minuciosa fundamentação, pela ocorrência de confusão patrimonial e abuso de direito por parte do recorrente, ao se utilizar indevidamente de sua empresa para adquirir bens de uso particular. VII ? Em conclusão, a r. decisão atacada, ao manter a decisão proferida no primeiro grau de jurisdição, afigurou- se escorreita, merecendo assim ser mantida por seus próprios fundamentos. Recurso especial não provido. (Íntegra do acórdão disponível em: https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/Abre_Documento. asp?sSeq=985791&sReg=200700452625&sData=201008 03&formato=PDF). O STJ entende ser cabível embargos do devedor nos casos de desconsideração da personalidade jurídica, conforme julgamento do RMS 16274/SP, de relatoria da Ministra Nancy Andrighi, da 3ª turma, publicado em 2.8.2004: Processo civil. Recurso ordinário em mandado de segurança. Desconsideração da personalidade jurídica de sociedade empresária. Sócios alcançados pelos efeitos da falência. Legitimidade recursal. - A aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica dispensa a propositura de ação autônoma para tal. Verificados os pressupostos de sua incidência, poderá o Juiz, incidentemente no próprio processo de execução (singular ou coletiva), levantar o véu da personalidade jurídica para que o ato de expropriação atinja os bens particulares de seus sócios, de forma a impedir a concretização de fraude à lei ou contra terceiros. - O sócio alcançado pela desconsideração da personalidade jurídica da sociedade empresária torna-se parte no processo e assim está legitimado a interpor, perante o Juízo de origem, os recursos tidos por cabíveis, visando a defesa de seus direitos. Recurso ordinário em mandado de segurança a que se nega provimento. (Íntegra disponível em: https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/Abre_Documento. asp?sSeq=421585&sReg=200300609270&sData=200408 02&formato=PDF). e. Leitura obrigatória - ROSENVALD, Nelson; CHAVES, Cristiano. Curso de Direito Civil – 1º Vol – Parte Geral e LINDB. 11ª ed. rev., ampl. e atual., Salvador/BA: Juspodivm, 2013; - SANTOS, Elisabete Teixeira Vido dos. Curso de Direito Empresarial. 3ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013; - SANTOS, Maxwel Gomes dos. A Teoria da Desconsideração da Personalidade Jurídica no Código Civil de 2002. Revista Eletrônica do Curso de Direito da UFSM, Santa Maria, v. 5, n. 1, mar. 2010 Disponível em: http://bdjur.stj.jus.br/xmlui/bitstream/handle/2011/41146/teoria_de sconsideracao_personalidade_santos.pdf?sequence=1 f. Leitura complementar - BRUSCHI, Gilberto Gomes. Aspectos Processuais da Desconsideração da Personalidade Jurídica. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009; - COELHO, Fábio Ulhôa. Curso de Direito Civil. 5ª Ed. V.1. São Paulo: Saraiva, 2013; - MAMEDE, Gladston. Direito Empresarial Brasileiro. São Paulo: Atlas, 2008; - MANGONARO, Julio César. A Desconsideração da Personalidade Jurídica. Disponível em: http://bdjur.stj.jus.br/xmlui/bitstream/handle/2011/35096/desconsid eravao_personalidade_jur%C3%ADdica_pereira.pdf?sequence=1 - REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. 30ª ed. São Paulo: Saraiva, 2011; - SOARES, Paula Pretti. A Desconsideração da Personalidade Jurídica nas Ações Oriundas da Relação de Emprego no Direito Processual Trabalhista Brasileiro. Disponível em: http://bdjur.stj.jus.br/xmlui/bitstream/handle/2011/16597/A_Descon sidera%C3%A7%C3%A3o_da_Personalidade_Jur%C3%ADdica_nas_ A%C3%A7%C3%B5es.pdf?sequence=1 i COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Empreasarial. 15ª ed. São Paulo: Saraiva, 2011, vol. 2, p. 47)
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