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Trabalho Responsabilidade Penal das Pessoas Jurídicas nos casos de danos Ambientais

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BONIFÁCIO FERREIRA COLATINO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESPONSABILIDADE PENAL DAS PESSOAS JURÍDICAS 
NOS CASOS DE DANOS AMBIENTAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MACEIÓ-AL 
2013 
 
 
RESUMO 
 
 
Crimes econômicos e ambientais na nossa sociedade, com a crescente participação 
das empresas para a sua eficácia, o crescimento econômico, a globalização, 
implicam uma desnacionalização real, e especialmente a despersonalização dos 
fenômenos relacionados levaram a uma discussão mundiall sobre a necessidade de 
sua responsabilidade penal. Este artigo mostra a responsabilidade penal ambiental 
da pessoa jurídica de direito privado, mostrando uma apreciação de sua 
aplicabilidade no nosso sistema jurídico. Avaliando a responsabilidade penal 
ambiental das pessoas jurídicas , tal como previsto pelo Legislador Constitucional 
como instrumento de controle da qualidade ambiental em casos de grave ameaça ao 
meio ambiente, a partir de uma análise da evolução do Direito Ambiental brasileiro 
desde o seu início até os tempos modernos, a análise da evolução constitucional e 
legislativa sobre a proteção ambiental e a preservação de um meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, com a demonstração do papel do Direito Penal 
ambiental como ferramenta para combater a degradação ambiental por meio de 
repressão e prevenção, apresentando as atuais questões doutrinárias sobre o 
assunto em questão. 
 
 
Palavras-chave: responsabilidade penal, crimes ambientais, pessoa jurídica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRAT 
 
 
 
Economic and environmental crimes in our society, the growing participation of 
companies for their effectiveness, economic growth, globalization, imply a real 
denationalization, and especially the depersonalization of the phenomena related 
worldwide led to a discussion about the need for criminal responsibility. This article 
shows the environmental criminal liability of the legal entity of private law, showing an 
appreciation of its applicability in our legal system. Evaluating the environmental 
criminal liability of legal persons , as provided for by Constitutional Legislator as an 
instrument of environmental quality control in cases of serious threat to the 
environment , from an analysis of the evolution of the Brazilian Environmental Law 
from its inception to modern times the analysis of the constitutional and legislative 
developments on environmental protection and preservation of an ecologically 
balanced environment , with the demonstration of the role of environmental criminal 
law as a tool to fight environmental degradation through suppression and prevention, 
presenting the current doctrinal issues about the subject matter. 
 
Keywords: criminal liability, environmental crimes, legal entity 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................10 
 
2. METODOLOGIA....................................................................................................12 
 
3. BEM JURÍDICO MEIO AMBIENTE E SUA PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL... 13 
 
3.1 CONCEITO DE MEIO AMBIENTE.......................................................................13 
 
3.2 PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE NO ORDENAMENTO BRASILEIRO...........14 
 
3.2.1 A Constituição de 1988 aborda o tema Meio Ambiente...............................15 
 
3.2.2 A Constituição de 1988 e a responsabilidade penal do ente coletivo........17 
 
3.2.3 Do Meio Ambiente, Artigo 225 da Constituição Federal..............................18 
 
3.2.4 Princípio da intervenção mínima do direito penal.......................................19 
 
4. PONTOS TEÓRICOS DA RESPONSABILIZAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA.....20 
 
4.1 A RESPONSABILIDADE DIRETA DA PESSOA JURÍDICA................................21 
 
4.2 A RESPONSABILIDADE INDIRETA DA PESSOA JURÍDICA.............................23 
 
4.3 A CONDUTA E A VONTADE DA PESSOA JURÍDICA........................................25 
 
4.4 A CULPABILIDADE DA PESSOA JURÍDICA......................................................28 
 
5. RESPONSABILIDADE DA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO...........30 
 
5.1 PONTOS CONTRÁRIOS À RESPONSABILIZAÇÃO DO ENTE PÚBLICO........31 
 
5.2 PONTOS FAVORÁVEIS À RESPONSABILIZAÇÃO DO ENTE PÚBLICO........3.2 
 
6. CONCLUSÃO........................................................................................................36 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................38 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
Ao longo dos últimos anos o estudo do meio ambiente, tem se intensificado e 
se convertido em alvo de profundas observações, não tão somente pelos 
operadores do direito, mas pelos operadores das mais diversas ciências. O 
ambiente mostra-se que cada vez mais é urgente compreendê-lo e preservá-lo, 
como um conjunto complexo de vida que é. A complexidade do aprendizado do meio 
ambiente é diretamente proporcional a complexidade de sua realidade, uma vez 
que, a união dos corpos que a compõem não está unida a um resultado previamente 
estabelecido. A cada ação pode ter uma reação totalmente diferente daquilo já 
conhecido. Neste ponto temos o claro entendimento que ao estudarmos o meio 
ambiente há uma contribuição para a existência de uma convivência pacífica, ainda 
que difícil, em nosso mundo. 
Aparece no momento da interação do homem com a natureza, o Direito 
Ambiental nas suas diversas modalidades. O direito penal, contudo, não pôde ficar 
fora da relação do meio ambiente com o ser humano, de modo que este mesmo 
direito penal necessariamente, através de sua evolução enquanto ciência teve que 
prover socorros jurídicos penais, para a agregação aquele bem, instituindo o Direito 
Penal Ambiental. 
Após a promulgação da Constituição Brasileira de 1988, a discussão quanto à 
probabilidade de responsabilidade da pessoa jurídica no campo de atuação penal 
recebeu novas adjacências provocando um alongado debate em esfera doutrinária. 
De um juízo, ambientalistas que reconheceram na norma insculpida no art. 225, § 3º, 
da Constituição Federal o adiantamento imperativo à consolidação da tutela 
essencial do meio ambiente. 
Nesse debate as questões apresentadas são muitas: pertinência da aplicação 
dos conceitos jurídico-penais de dolo, conduta e culpabilidade à responsabilização 
penal do ente coletivo, violação ou não ao princípio da individualização da pena, bis 
in idem, objetivação da responsabilidade penal, penas aplicáveis às pessoas 
jurídicas, ineficácia da dilatação da proibição estatal e debate com a ideia de direito 
penal mínimo, dentre outras tantas que regulam a discussão do assunto. 
 
6 
 
Tais modelos exibem a riqueza de detalhes abrangidos no debate quanto à 
probabilidade de se responsabilizar criminalmente o ente coletivo, o que confirma a 
dificuldade encontrada no andamento de sua implementação na prática judiciária 
brasileira e em todo o mundo. Em meio a essa variedade de aspectos que 
compreendem a responsabilização penal da pessoa jurídica, surge um ponto ainda 
mais instigante: é aceitável responsabilizar o ente público penalmente? Essa é uma 
das perguntas que o atual estudo se digna a, ao menos, aventurar-se responder, 
valendo-se, para tanto, de estudas e trabalhos realizados sobre o tema em esfera 
nacional e internacional, bem como de alguns experimentos propostos até agora. 
Assim sendo, o primeiro passo neste trabalho se volta ao exame do meio 
ambiente como bem jurídico resguardadopelo ordenamento pátrio e probo da tutela 
penal. Quanto a esse ponto é proeminente ponderar o caminho corrido pelo 
legislador brasileiro até a concretização do meio ambiente como bem jurídico 
independente, desvinculado, de certo modo, de outros objetos de tutela pela 
constituição, a exemplo da vida e saúde humana. Em seguida, expor o tratamento 
dado pela Constituição de 1988 ao meio ambiente, com destaque à expansão dos 
meios de salvaguarda desse bem jurídico. 
A ênfase dada a essa parte do trabalho procura primordialmente retratar a 
crescente apreensão com os temas ambientais e o imperativo de se aperfeiçoar as 
ferramentas de amparo e defesa do meio ambiente em face do reconhecimento da 
impotência atual dos dispositivos que se proporcionam a esse fim. E ainda, o 
enfoque do meio ambiente como bem jurídico tutelado constitucionalmente admite 
rebater aos questionamentos que abrangem a compatibilização da criminalização da 
pessoa jurídica aos princípios penais da obrigação e da fragmentaridade, 
embasamentos esses empregados por muitos para o não reconhecimento da 
responsabilidade penal do ente coletivo. 
Em um segundo andamento, almeja-se abordar os múltiplos exemplos de 
responsabilização da pessoa jurídica, exibindo como são estruturadas as 
informações de adequação da responsabilidade penal em cada um deles, de modo a 
considerar ao final qual se coaduna mais perfeito à nossa realidade normativa. 
Enfim, passa-se a investigar a probabilidade de responsabilização penal do ente 
público frente à atual conjuntura do ordenamento pátrio sobre o tema. 
 
7 
 
2. METODOLOGIA 
 
Para o desenvolvimento deste trabalho foram utilizadas pesquisas qualitativas 
com procedimentos e técnicas de revisão para o embasamento teórico do texto e 
pesquisas de artigos referentes ao tema estudado, realizadas em fontes usando o 
método histórico, como livros didáticos mais antigos e alguns mais atuais (sendo 
comparada a historiografia). 
A metodologia escolhida para trabalhar foi a da pesquisa bibliográfica, 
abordando a literatura sobre o tema. Elegemos o estudo qualitativo por 
considerarmos que esta abordagem permite uma aproximação do sujeito com o 
objeto, e ajuda a descrever e analisar a interação de variáveis envolvidas, 
compreendendo e classificando as experiências sociais vividas pelos sujeitos. 
A coleta das informações foi obtida por meio de pesquisas efetuadas dos 
teóricos mencionados nas referências bibliográficas e foi realizada e construídos em 
conformidade com as normas da ABNT. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
3. BEM JURÍDICO MEIO AMBIENTE E SUA PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL 
 
 
3.1 CONCEITO DE MEIO AMBIENTE 
 
 
A discussão sobre a probabilidade de responsabilização penal dos entes 
morais em delitos contra o meio ambiente compreende, em modo inicial, a 
concepção concisa do bem jurídico tutelado pela regra incriminadora, de maneira a 
explicar os embasamentos que autenticam a tipificação do ponto de vista da 
obrigação de amparo. Nesse sentido, faz-se imperiosa uma precedente apreciação 
do ajustamento jurídico dado pelo ordenamento pátrio a esse bem de caráter tão 
peculiar, oferecendo suas principais características e seu alargamento ao longo do 
tempo. 
Como ponto de partida, é válida a tradicional lição de José Afonso da Silva ao 
se referir à aparente redundância no emprego do termo ―meio ambiente‖ nos textos 
legislativos brasileiros, destacando a maior riqueza de sentido na utilização das duas 
palavras em conjunto, já que, segundo o renomado constitucionalista, esta 
composição exprime não só o conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais 
que integram a esfera de convivência social, mas também a interação entre esses 
elementos (SILVA, 2007, p. 20). 
Essa primeira concepção já indica o aspecto dinâmico e a complexidade 
envolvida na definição do bem jurídico ambiental. A Lei nº 6.938/81, que dispõe 
sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, define em seu art. 3º, inciso I, meio 
ambiente como ―o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem 
física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas 
formas‖, restringindo seu conteúdo somente aos recursos naturais, em contrapartida 
à concepção mais ampla defendida na atualidade, a qual engloba, além da natureza, 
outros dois aspectos: 
a) meio ambiente artificial, formado pelas transformações operadas pelo homem no 
espaço físico em que vive; 
b) meio ambiente cultural, constituído pelo patrimônio histórico, arqueológico, 
paisagístico e turístico, ao qual se agrega especial valor (FREITAS, 2006, p.18). 
 
 
9 
 
3.2 PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE NO ORDENAMENTO BRASILEIRO 
 
 
Segundo ARAÚJO (2007), o histórico de alargamento normativo da proteção 
ao ambiente é usualmente dividido pela doutrina em três fases, partindo-se do 
período abrangido desde o descobrimento do Brasil no ano de 1500 até quase 
metade do século XX. Essa primeira etapa é distinguida como fase da exploração 
ambiental desregrada. (ARAÚJO, 2007, p.61). 
Em que incida falar-se em carência de assistência normativa, acham-se nas 
ordenações portuguesas que regeram o país até a promulgação da carta civil de 
1916 tratamentos exatos e esparsos sobre assuntos pautados ao meio ambiente, 
mas sob uma abordagem completamente diferente do intento de amparo desse bem 
jurídico. 
Como exemplo, cite-se aqui a proibição esculpida nas Ordenações Filipinas 
em seu Livro V, Título LXXVIII, quanto ao abate de animais por mera sagacidade, 
cuja transgressão poderia proporcionar o cumprimento de pena em caráter perpétuo 
no Brasil. Contudo, a finalidade por trás da mencionada norma se dirige à 
preservação do patrimônio individual, dos interesses da Coroa Portuguesa e das 
classes dominadoras fixadas na colônia, e não à proteção do ambiente, como bem 
expõe Edis Milaré: 
 
―Toda essa legislação antiga, complexa, esparsa e inadequada, deixava 
imune (se é que não o incentivava) o esbulho do patrimônio natural, 
despojado do seu caráter de bem comum e tratado ignominiosamente como 
propriedade privada, gerido e explorado sem escrúpulos, com 
discricionariedade acima de qualquer legislação coerente, de qualquer 
interesse maior‖ (MILARÉ, 2007, p. 136). 
 
 
Moacir Martini de Araújo denomina essa segunda etapa de fase fragmentária, 
em que se nota no ordenamento pátrio um maior cuidado à preservação de certas 
categorias de recursos naturais. Entretanto, a preferência dos domínios de tutela do 
regulamento ainda se apresenta vinculada a áreas de interesse econômico, de 
maneira a resguardar somente de forma pontual alguns aspectos do ambiente 
(ARAÚJO, 2005, p.62). 
 
 
10 
 
3.2.1 A Constituição de 1988 aborda o tema Meio Ambiente 
 
A Constituição da República de 1988 representa a síntese da gradual e 
crescente relevância que veio ganhando o tema ambiental nos textos normativos 
pátrios. Nenhuma outra constituição brasileira abordou o meio ambiente como bem 
específico e autônomo digno de ser elevado ao patamar de direito fundamental. A 
extensão do tratamento constitucional deferido ao tema na Carta de 1988 se refletiu 
na alcunha a si posta de Constituição verde, considerada um dos textos 
constitucionais mais avançados do mundo em matéria ambiental. 
O art. 225, caput, da Constituição dispõe que ―Todos têm direito ao meio 
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à 
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de 
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações‖. 
A primeira consideração a ser feita sobre esta definiçãose refere à 
caracterização do meio ambiente como bem de uso comum do povo. Tal 
denominação se difere da utilizada no Direito Administrativo por não retratar um bem 
que seja de propriedade de um ente de direito público, mas de titularidade difusa, 
com atributos que rompem a dicotomia clássica entre o direito público e privado. 
Moacir Martini de Araújo ilustra essa peculiaridade do bem ambiental ao 
afirmar: 
 
―A natureza jurídica diferenciada do bem ambiental leva a um pequeno 
reparo: não é o meio ambiente um direito de que se possa dispor na 
acepção da palavra. Trata-se de bem jurídico que, por ser dirigido a todos, 
conforme reza o próprio caput do art. 225 da Constituição Federal de 1988, 
deve ser meramente gozado por todos, não podendo ninguém, individual ou 
coletivamente, impedir este gozo, dele apropriando-se indevidamente, quer 
diretamente, impedindo que outros venham dele se beneficiar, quer 
indiretamente, por meio de degradação que prejudique as suas funções 
essenciais‖ (ARAÚJO, 2007, P88). 
 
 
Essa afirmativa tem do mesmo modo um aproveitamento prático proeminente, 
pois garante a preservação do ambiente não só em relação aos bens públicos, como 
também em domínio privado, por meio de intervenções na propriedade particular, 
como bem recomenda Paulo de Bessa Antunes: 
 
11 
 
―Não se olvide, contudo, que o conceito de uso comum de todos rompe com 
o tradicional enfoque de que os bens de uso comum só podem ser bens 
públicos. Não, a Constituição Federal estabeleceu que, mesmo no domínio 
privado, podem ser fixadas obrigações para que os proprietários assegurem 
a fruição, por todos, dos aspectos ambientais de bens de sua propriedade. 
A fruição, contudo, é mediata, e não imediata. O proprietário de uma floresta 
permanece proprietário da mesma, pode estabelecer interdições quanto à 
penetração e permanência de estranhos no interior de sua propriedade. 
Entretanto, está obrigado a não degradar as características ecológicas que, 
estas sim, são de uso comum, tais como a beleza cênica, a produção de 
oxigênio, o equilíbrio térmico gerado pela floresta, o refúgio de animais 
silvestres, etc.‖ (ANTUNES, 2004, p. 68). 
 
 
Segundo atendimento a respeito da avaliação constitucional trata do dever 
conjunto tanto do Poder Público como da sociedade de proteger e preservar o meio 
ambiente. Essa deliberação remove o indivíduo da atitude puramente indiferente em 
relação ao direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, impondo-se a ele 
a performance direta na advocacia do ambiente, não só frente aos demais cidadãos 
como ainda frente ao próprio Estado. 
Como se pode notar, o destaque dado ao meio ambiente na Constituição 
Federal de 1988 procede de um progressivo procedimento de conscientização da 
essencialidade desse bem jurídico a conservação da vida humana saudável e da 
rápida deterioração de suas características. 
Deste modo, como de outro formato não poderia ser a preocupação 
constitucional com a conservação de um meio ambiente ecologicamente equilibrado 
foi acompanhada da obrigação de desenvolvimento dos instrumentos de sua 
assistência, tanto do ponto de vista jurisdicional como administrativo. É nessa 
conjuntura de acréscimo da tutela ambiental que brota a prevenção de 
responsabilização da pessoa jurídica em domínio penal. 
Outros autores, a exemplo de Luiz Vicente Cernicchiaro, defendem que a 
interpretação conjunta do art. 225, § 3º, com os princípios fundamentais expressos 
no art. 5º da Constituição impede aceitar que o constituinte tenha rompido com a 
irresponsabilidade penal da pessoa jurídica, posicionamento que foi alvo de duras 
críticas por parte de Guilherme Guimarães Feliciano, negando que a referida norma 
constitucional tenha tratado, de modo exaustivo, de todos os princípios ligados à 
responsabilização criminal (CERNICCHIARO, 1990, p. 242). 
 
 
12 
 
3.2.2 A Constituição de 1988 e a responsabilidade penal do ente coletivo 
 
 
A questão da possibilidade ou não de se responsabilizar penalmente o ente 
coletivo é tema a muito debatido na doutrina brasileira desde a promulgação da 
Carta Constitucional de 1988. Antes da mudança constitucional, não se questionava 
a vigência no direito penal brasileiro do princípio societas delinquere non potest, 
havendo poucas vozes na doutrina pátria a ventilar a possibilidade de criminalização 
das pessoas jurídicas. 
Contudo, a Constituição Federal de 1988 trouxe em dois dispositivos os 
fundamentos para a quebra da irresponsabilidade penal dos entes morais, quais 
sejam, o art. 173, § 5º (―A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos 
dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às 
punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem 
econômica e financeira e contra a economia popular‖) e o art. 225, § 3º (―As 
condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os 
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, 
independentemente da obrigação de reparar os danos causados‖). 
Em que pese a clara dicção dos dispositivos acima referidos, importantes 
nomes da doutrina penal sustentaram a manutenção do princípio societas delinquere 
non potest se valendo de interpretações dos citados dispositivos das mais diversas. 
Juarez Cirino dos Santos afirma, ao interpretar a norma contida no art. 173, § 
5º da Constituição Federal, que o texto constitucional não especifica o tipo de 
responsabilidade a que se refere a norma, tampouco especifica a área de incidência 
dessa possível responsabilidade penal. 
 
Segundo o autor, 
 
―a Constituição fala em responsabilidade – e não em responsabilidade 
penal; a Constituição fala em atos – e não de crimes; finalmente, a 
Constituição delimita as áreas de incidência da responsabilidade pela 
prática desses atos, exclusivamente, à ordem econômica e financeira e à 
economia popular, sem incluir o meio ambiente‖ (SANTOS, 2007, p. 429). 
 
 
 
13 
 
3.2.3 Do Meio Ambiente, Artigo 225 da Constituição Federal 
 
 
Todos têm direito em meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso 
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público 
e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras 
gerações. 
Parágrafo 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público: 
I – Preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo 
ecológico das espécies e ecossistemas; 
II – Preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e 
fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; 
III – Definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus 
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão 
permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a 
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; 
IV – Exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente 
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto 
ambiental, a que se dará publicidade; 
V – Controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e 
substâncias que comportem riscos para a vida, a qualidade de vida e o meio 
ambiente; 
VI – Promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a 
conscientização pública para a preservação do meio ambiente; 
VII - Proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem 
em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os 
animais a crueldade. 
 
 
 
 
 
 
143.2.4 Princípio da intervenção mínima do direito penal 
 
 
Há ainda outras barreiras, sob o ponto de vista constitucional, impostas por 
doutrinadores mais conservadores no que toca à responsabilidade penal da pessoa 
jurídica. Seriam elas decorrentes do princípio da intervenção mínima do direito 
penal. Tal princípio vincula a atuação do direito criminal à noção de proteção de 
bens jurídicos relevantes como sua finalidade precípua, referindo-se tanto à questão 
da escolha desses bens pelo ordenamento jurídico como à exigência ou não da 
interferência penal para a tutela daquele bem específico, ou seja, a existência de 
meios eficientes no campo civil e administrativo para a proteção do bem que sejam 
menos gravosos ao destinatário da sanção. Em relação ao primeiro aspecto, o 
direito penal deve tutelar somente aqueles bens jurídicos essenciais à convivência 
em sociedade, como forma de controle de sua própria legitimidade. 
Na lição do ilustre penalista Luigi Ferrajoli: 
―Se o direito penal responde somente ao objetivo de tutelar os cidadãos e 
de minimizar a violência, as únicas proibições penais justificadas por sua 
―absoluta necessidade‖ são, por sua vez, as proibições mínimas 
necessárias, isto é, as estabelecidas para impedir condutas lesivas que, 
acrescentadas à reação informal que comportam, suporiam uma maior 
violência e uma mais grave lesão de direitos do que as geradas 
institucionalmente pelo direito penal‖ (FERRAJOLI, 2006, p. 427). 
 
A afirmação do nobre jurista italiano nos traz um critério muito razoável do 
controle que pode ser feito sobre as normas incriminadoras no tocante ao princípio 
da intervenção mínima, qual seja, o balanceio entre a gravidade da lesão ao bem 
protegido e a resposta estatal subsequente. No caso do meio ambiente, não restam 
dúvidas quanto à relevância desse bem frente a sua inclusão, pela Constituição 
Federal de 1988, no rol dos direitos fundamentais. A dificuldade encontrada na sua 
aceitação no plano penal reside no seu caráter difuso, que foge à fácil visualização 
da lesão como ocorre nas violações de bens individuais. 
Eladio Lecey ilustra bem a situação ao lembrar a fácil determinação dos 
tradicionais bens penais, ligados diretamente à pessoa humana e em caráter micro 
social, em contraposição ao panorama moderno onde se tem bens jurídicos voltados 
não diretamente à pessoa, mas ao funcionamento do sistema, em caráter macros 
social, cuja determinação se torna um tanto complexa (LECEY, 2002, p. 27). 
 
15 
 
4. PONTOS TEÓRICOS DA RESPONSABILIZAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA 
 
 
Iniciando-se do ajustamento constitucional dada à responsabilidade penal das 
pessoas morais no ordenamento jurídico brasileiro, abrem-se, sob o ponto de vista 
da estruturação dogmática dessa nova realidade, basicamente três alternativas: 
a) responsabilizar o ente coletivo com base nos elementos fornecidos pela teoria 
clássica do delito, com as adaptações necessárias a sua aplicação às pessoas 
jurídicas; 
b) criação de uma teoria do delito própria à responsabilização dos entes morais; 
c) manutenção da teoria tradicional do delito aplicada às pessoas físicas com a 
ampliação da responsabilidade às pessoas jurídicas beneficiadas com a infração 
penal. 
As duas primeiras alternativas cogitam com o conhecimento de 
responsabilização direta da pessoa coletiva por crimes ambientais cometidos por 
seus integrantes enquanto que a última opção ilustra um perfil de responsabilização 
secundária do ente moral. O diagnóstico que será feito em seguida acometerá a 
possibilidade de responsabilização direta ou indireta de modo individualizado. 
A edificação da composição dogmática de responsabilização penal do ente 
coletivo tem como conjetura inicial o estudo da natureza da pessoa jurídica, como 
forma de averiguar a compatibilidade entre suas características fundamentais e os 
dados que provocam a sua responsabilidade nesse campo. O significado quanto a 
esse ponto é acentuado especialmente na discussão quanto à aptidão de ação da 
pessoa jurídica para a comissão de um ilícito penal. 
Inicialmente, vale advertir aqui o conceito de pessoa jurídica. Esta pode ser 
definida como o agrupamento de pessoas naturais ou de bens conectados a 
consecução de certo desígnio benquisto pelo direito, formando uma unidade 
distinguida juridicamente como sujeito de direitos e obrigações. Nota-se, portanto, 
que a pessoa jurídica acumula como características fundamentais a personalidade 
distinta da de seus instituidores, donde transcorre sua existência jurídica autônoma, 
o fim lícito de suas atividades, bem como a composição de patrimônio próprio. 
 
 
16 
 
4.1 A RESPONSABILIDADE DIRETA DA PESSOA JURÍDICA 
 
Da existência de inúmeras hipóteses para esclarecer a natureza jurídica do 
ente moral, três delas possuem particular relevo, quais sejam, a teoria da ficção 
jurídica, da realidade objetiva ou orgânica e, finalmente, a da realidade jurídica. 
Principiemos pela conjectura da ficção. Segundo esta teoria, que teve destaque na 
figura ilustre de Savigny, unicamente o ser humano seria capaz de conceituar as 
relações jurídicas, por ser o único dotado de real vontade e capacidade de ação. 
Nesse sentido, a personificação de grupos humanos ou patrimoniais não passaria de 
uma criação legal, sem qualquer aplicação prática, não havendo sentido em se 
estabelecer a possibilidade de cometimento de um ato ilícito por parte do ente 
coletivo que se destina à realização de um fim lícito. 
O primeiro julgamento voltado a esse entendimento da natureza jurídica do 
ente moral reside justamente na ausência de utilidade prática da pessoa jurídica, 
pois se só o ser humano pode ser responsabilizado pelos atos praticados em âmbito 
coletivo, não se justificaria a criação de outro sujeito de direito. Outro ponto de 
questionamento ainda mais robusto se refere à existência do próprio Estado. Ao 
considerar que toda pessoa jurídica é uma criação jurídica sem respaldo na 
realidade, a teoria da ficção acaba por negar também a existência do Estado, tendo 
por consequência o entendimento de que a lei, como expressão máxima de sua 
soberania, é fruto de uma mera ficção, ou seja, seria possível afirmar que uma 
criação sem existência real poderia atribuir a si mesmo efeitos jurídicos. Como bem 
se pode observar, a teoria da ficção jurídica além de não apresentar relevância 
prática nos moldes em que é proposta, não consegue explicar a existência do 
Estado como pessoa autônoma dos indivíduos que o integram. Roberto de Ruggiero 
subscreve a inconsistência dessa teoria: 
―Compreende-se facilmente como uma tal concepção seja inadequada para 
descrever a verdadeira essência da pessoa jurídica. A ficção é um mero 
artifício e não é com ela que se cria um ente, que seja distinto das simples 
pessoas dos componentes da corporação, ou dos administradores ou 
destinatários dos bens da fundação. Se o sujeito de direitos só pode ser o 
homem e aqui não existe tal sujeito, nada se obtém fingindo que ele existe. 
Nem vale de muito declarar que a ficção se deve reduzir a uma relação de 
analogia, em virtude da qual, devendo o direito referir-se a um sujeito 
diverso do homem, a entidade se concebe antromorficamente, sendo a ela 
que como sujeito se atribui o direito, anàlogamente ao que sucede com a 
pessoa física. Na verdade, também nada há de real no sujeito se a sua 
existência é e permanece apenas imaginária‖ (RUGGIERO, 1971, p.382-
383). 
17 
 
Mostrando que a hipótese da ficção não se presta à responsabilização da 
pessoa jurídica em âmbito civil, tampouco penalmente, passemos a análise da teoria 
da realidade objetiva. O assunto chave para a determinação da natureza da pessoa 
jurídica segundo a teoria da realidadeobjetiva estaria, num primeiro momento, na 
vontade. Para essa teoria, a vontade dos instituidores da pessoa jurídica seria o 
núcleo de surgimento do ente coletivo, capaz de criar um novo sujeito de direitos. 
Defende-se que essa vontade que cria a entidade estaria apartada das vontades 
individuais dos membros que a instituíram, não se traduzindo igualmente na reunião 
dessas vontades, formando assim uma vontade complexa.. 
Entretanto, essa teoria começou por sofrer igual crítica à anterior, sob o 
argumento de que ―desde que não se finja existir uma pessoa, se eleva à categoria 
de sujeito uma entidade abstrata: a vontade, personificando-se esta vontade com um 
procedimento que não corresponde à realidade das coisas‖. Tal dificuldade 
consentiu o alargamento da teoria da realidade objetiva sob fundamento diverso, 
qual seja o caráter orgânico do ente coletivo. Nessa acepção, tem-se uma 
comparação entre o organismo humano e a estrutura organizacional da pessoa 
jurídica no tocante à independência do todo em relação às partes que o compõe. 
Conforme essa teoria, a pessoa jurídica é um ente dotado de interesses próprios, 
realizando atividades no meio social para a consecução de seus fins. Bevilaqua, 
defensor da teoria orgânica da pessoa jurídica, explica de maneira magistral a lógica 
de personificação dos entes morais: 
 
―O direito é alguma coisa de vivo, que consiste em transformações 
constantes e que necessita de renovações ininterruptas, pois que a 
natureza se evolve, mudam as necessidades e, com estas, o direito. Daí 
resulta que o sujeito do direito deve ser formado de modo que possa 
acompanhar as mutações do movimento, de modo que possa entrar nesse 
movimento de uma maneira correspondentemente racional, isto é, conforme 
às [sic] determinações do direito. Por isso a ordem jurídica exige que os 
sujeitos de direito sejam, ao menos em sua generalidade, capazes de agir 
racionalmente. Na primeira linha, aparece o homem, que é um ser dotado 
de razão, e, depois, os seres aos quais se pode fornecer a razão humana 
pela anexação de órgãos. Assim, naturalmente, se constituem dois gêneros 
de pessoas: as corpóreas ou físicas e as morais ou jurídicas. Umas e outras 
são igualmente reais; a distinção está em que uma são dotadas, 
naturalmente, de razão, ao passo que, às outras, a racionalidade é 
parcialmente adquirida, mediante um arranjo especial do homem; umas 
receberam o seu organismo da própria natureza, ao passo que as outras 
somente conseguem a forma orgânica, porque as penetra a natureza 
humana‖ (BEVILAQUA, 1972, p. 127-128). 
 
18 
 
4.2 A RESPONSABILIDADE INDIRETA DA PESSOA JURÍDICA 
 
Existe ainda outro modo de se descobrir a estrutura de responsabilização 
penal da pessoa jurídica. Por vezes, considera-se inapropriada a aplicação da teoria 
do delito à responsabilização do ente coletivo, ainda que se interpretem seus 
elementos à luz das peculiaridades da natureza da pessoa jurídica, adaptando-os a 
essa nova realidade. Tal entendimento decorre principalmente do fato de ter a teoria 
do delito sido construída e aprimorada no decorrer da história sob o enfoque da 
conduta humana, valendo-se, portanto, de referenciais do ponto de vista psicológico, 
principalmente no que concerne ao dolo e à culpabilidade. 
Nessa acepção, procura-se a conservação da doutrina clássica do delito 
aplicada às pessoas físicas, ao mesmo tempo em que se estende a 
responsabilidade penal à pessoa jurídica com base em outros parâmetros. 
Considerando que toda a ação desempenhada pela pessoa jurídica no seio social se 
dá, inexoravelmente, por meio de uma ou mais pessoas físicas que a compõe, 
realizando a vontade produzida no âmbito interno do ente coletivo, fala-se na 
presença necessária de um substrato humano sobre o qual deva recair a análise 
subjetiva da conduta penal imputada à pessoa jurídica. 
Conforme esse entendimento, a pessoa jurídica seria inabilitada por si só de 
praticar a conduta prevista no tipo penal, havendo sempre a necessidade de que um 
representante seu o faça. Assim, a responsabilidade do ente coletivo se daria 
somente de forma reflexa, denominada também ―por ricochete‖, já que dependeria 
necessariamente da realização de um fato criminoso por indivíduo a ele vinculado. 
Nessa acepção, ter-se-iam duas vias de imputação distintas frente a um 
mesmo feito delitivo, uma voltada à pessoa jurídica e outra à pessoa física, esta 
última nos moldes da teoria do delito clássica. A esse sistema, deu-se o nome de 
dupla imputação. 
Conforme o sistema de dupla imputação, o embasamento principal para a 
extensão da responsabilidade penal ao ente coletivo convive na reprovação da 
vontade apregoada pelos órgãos de deliberação da pessoa jurídica e alcançada pelo 
autor material do delito, pautando-se, assim, em critérios genuinamente objetivos. 
 
 
19 
 
Na visão de Fernando Galvão da Rocha: 
―Para a responsabilização da pessoa jurídica utiliza-se a teoria do delito 
apenas para identificar a autoria de crime naquele que atua em nome ou 
benefício do ente moral. Sempre dependente da intervenção de pessoa 
física, que responde criminalmente de maneira subjetiva, a pessoa jurídica 
não apresenta elemento subjetivo ou consciência da ilicitude que viabilize 
comparação com as construções da teoria do delito. A responsabilidade da 
pessoa física é subjetiva, pois deve-se aplicar a teoria do delito com as suas 
exigências de natureza subjetiva. A responsabilidade da pessoa jurídica, no 
entanto, decorre da relação objetiva que a relaciona ao autor do crime‖ 
(ROCHA, 2003, p. 513-514). 
 
Embora a mencionada teoria deslíngüe as personalidades da pessoa física e 
da pessoa jurídica, não ficou ela isenta de críticas, principalmente sob o ponto de 
vista ontológico, devido à permanência de sérias restrições à concepção do ente 
coletivo como um ente natural. É justamente com base nesse ponto que se constrói 
a teoria da realidade jurídica. 
Conforme esta conjectura, a pessoa jurídica é dotada de existência real, 
porém, sua realidade não é igual a das pessoas naturais. Não se pode negar a 
atuação dos entes coletivos no seio social, com direitos e interesses próprios, 
todavia isso não os torna seres integrantes do mundo naturalístico, estando sua 
existência condicionada ao plano abstrato criado ordem jurídica. 
Embora, mesmo que pese a referida hipótese guardar mais semelhanças do 
que diferenças em relação à teoria da realidade objetiva, a questão referente à 
distinção de realidades entre a pessoa física e jurídica será importante na 
determinação do modelo teórico de responsabilização criminal do ente coletivo, 
como se verá mais a frente. 
Ressalta-se, deste modo, que no modelo teórico de responsabilização reflexa 
é indispensável a indicação da pessoa física que realiza o ato delituoso, apesar de 
haver experiências jurisprudenciais, em países que adotam esse modelo, que 
relativizam esse aspecto. 
Do mesmo modo, faz-se imperioso a prova da relação de vínculo entre a 
pessoa física e a jurídica para que se estabeleça a responsabilidade desta última, 
bem como a realização de uma aspiração produzida no seio da corporação, tida 
como própria do ente coletivo. 
 
 
20 
 
 
4.3 A CONDUTA E A VONTADE DA PESSOA JURÍDICA 
 
 
Ao se aplicar a doutrina clássica do delito, na qual se cogita o julgamento 
analítico de crime como fato característico, antijurídico e culpável, às pessoas 
jurídicas, há que se analisar necessariamente os pontos relativos à capacidade de 
ação e de vontade do ente coletivo. Muitos dos argumentos contrários à 
responsabilização da pessoa jurídica partem desses dois elementos para negar a 
sua possibilidade sob a alegação de que o ser humano é o único capazde realizar o 
núcleo do tipo penal com consciência e vontade, dirigindo-se à realização de certa 
finalidade. 
René Ariel Dotti, (2001) é um dos defensores da exclusividade humana na 
concretização de uma conduta proeminente no âmbito jurídico-penal, apontando 
uma série de conceituações de conduta, retiradas de obras de ilustres penalistas do 
direito nacional, para ratificar seu ponto de vista, destacando em todas elas a 
menção ao termo humano. Ainda segundo o referido autor, o entendimento de que 
somente o ser humano é capaz de realizar conduta se justifica pelo fato de que a 
atuação de modo voluntário lhe é particular. 
Cezar Roberto Bittecourt compartilha esse entendimento ao afirmar: 
―Enfim, sem estes dois elementos – consciência e vontade - exclusivos da 
pessoa natural, é impossível se falar, tecnicamente, em ação, que é o 
primeiro elemento estrutural do crime. A menos que se pretenda destruir o 
Direito Penal e partir, assumidamente, para a responsabilidade objetiva. 
Mas para isso – adoção da responsabilidade objetiva - não é preciso 
suprimir essa conquista histórica da civilização contemporânea, o Direito 
Penal como meio de controle social formalizado, na medida em que existem 
tantos outros ramos do direito, com menores exigências e garantias que 
podem ser muito mais eficazes e funcionais que o Direito Penal, dispondo 
de um arsenal de sanções avassaladoras da pessoa jurídica, algumas até 
extremistas, como, por exemplo, a decretação da extinção da corporação 
que, em outros termos, equivaleria à pena de morte da empresa, algo 
inadmissível no âmbito do Direito Penal da culpabilidade‖ (BITTENCOURT, 
2009, p, 123) 
 
Nota-se, pois, que os atendimentos feitos pelos doutrinadores acima citados 
procuram proteger o caráter psicológico da noção de vontade de modo a 
obstaculizar sua expansão às pessoas jurídicas. Em contrapeso, parte da doutrina, 
apoiada na teoria da realidade orgânica da pessoa jurídica, não visualiza qualquer 
obstáculo ao atendimento da capacidade de ação e vontade do ente coletivo. 
 
21 
 
Conforme ela, como a aspiração da pessoa jurídica não se manifesta na 
expressão da vontade individual de seus integrantes, nem representa a reunião 
dessas vontades, a ação de seus agentes, no papel de membros da corporação, 
que caracterize a prática de um ilícito penal não corresponderá a um ato da pessoa 
física individualmente considerada, mas sim da própria pessoa jurídica, por 
intermédio de um dos seus representantes, já que sua atuação se pauta na vontade 
autônoma do ente coletivo. 
Sobre esse assunto, Rothenburg observa, com base na psicanálise freudiana, 
a mudança comportamental do indivíduo quando atua de forma associada, em 
função do que cognomina funções inconscientes homogêneas, para ao final concluir: 
―Admitindo-se que o princípio da personalidade não diz respeito somente às 
penas, mas principalmente à imputação, pretender sujeitar o indivíduo ao 
invés de o grupo em função do qual aquele agiu (ou vice-versa) seria 
desrespeitar a própria personalidade. Vai daí que não apenas seria um 
equívoco desconhecer que a pessoa jurídica atua através de órgãos onde 
estão, nessa condição, antes ‗presentantes‘ da entidade do que indivíduos 
em si considerados, mas igualmente um contra-senso: enquanto indivíduos 
particulares, não se teriam comportado como se comportaram enquanto 
‗presentantes‘ da pessoa jurídica‖ (ROTHENBURG, 2005, p. 54-55). 
 
Nota-se, contudo, que a ação praticada pela pessoa jurídica, denominada 
pela doutrina de ação institucional, possui natureza diversa daquela realizada pela 
pessoa natural, decorrendo da inter-relação entre a instituição e os seus integrantes, 
resultando na confluência de fatores independente da vontade de seus membros ou 
dirigentes. Sobre esse ponto, David Baigún (1997, p. 37), defende que a ação 
institucional se forma a partir da reunião de três aspectos: normativo, organizacional 
e interesse econômico. 
O primeiro fala da consideração ao estatuto social, na qual são demarcadas 
as funções de administração (âmbito interno) e representação (âmbito externo) da 
pessoa jurídica, prevendo assim um conjunto de disposições estabelecendo os 
requisitos necessários à tomada de decisões na coletividade. Isso significa que a 
decisão institucional deve se pautar nas normas de organização interna do ente 
coletivo para que expresse a vontade própria da pessoa jurídica. 
Já o aspecto organizacional focaliza as relações humanas que se ampliam no 
interior da corporação, com destaque na análise do sistema de comunicação 
institucionalizado, da hierarquia dentro da empresa e dos instrumentos de decisão 
de conflitos internos. 
22 
 
E por fim, o interesse econômico concebe ao mesmo tempo a origem e a 
finalidade da pessoa jurídica, presente na conduta de todos os integrantes da 
corporação, estabelecendo a adequada força motriz da ação da coletividade. A 
interação destes três elementos (normatização, organização e interesse econômico) 
configurara uma vontade apartada daquela emanada dos indivíduos que a compõe. 
Outro argumento que diminui a tese da incapacidade de ação da pessoa 
jurídica está relacionado ao fato de que se distingue o ente moral em outros ramos 
do direito (a exemplo do civil e do administrativo) vontade própria, sendo sujeito das 
relações a que venha participar e, assim sendo, responsável pela sua atuação tanto 
lícita quanto ilícita em sociedade. A incoerência em se aplicar concepções diversas a 
um mesmo instituto jurídico impede que se despenda tratamento diferenciado em 
cada uma das esferas do conhecimento jurídico. 
Assegura Luiz Régis Prado (2001, p. 105), o ilustre penalista que a conclusão 
de contratos não é feita propriamente pela pessoa jurídica por si mesma, mas pelas 
pessoas naturais que atuam em seu nome, vinculando dessa forma o ente coletivo. 
Afirma ainda que o acontecimento da representação não seja aplicável à 
determinação da sujeição ativa do delito, sendo imperativa a realização pessoal da 
ação típica para que se considere autor do fato. Tal afirmativa, com a devida vênia, 
não se mostra totalmente correta quando se leva em conta a aceitação hoje, tanto 
na esfera doutrinária quanto jurisprudencial, da cognominada teoria do domínio do 
fato. 
Para este, autor do crime é tanto a pessoa que executa materialmente as 
elementares do tipo penal como aquele que detém o domínio final da ação 
praticada, tendo o controle sobre a realização ou não da conduta delitiva e o modo 
de sua execução. A aplicação dessa teoria é importantíssima na configuração da 
autoria nos chamados crimes de mando, estabelecendo uma co-autoria entre o 
mandante e o mandatário da infração penal. Assim sendo, o desempenho do 
indivíduo na qualidade de integrante da pessoa jurídica que desempenhe a vontade 
desta dirigida a um fim penalmente ilícito implica a responsabilização conjunta do 
ente coletivo e da pessoa física. 
 
 
 
23 
 
4.4 A CULPABILIDADE DA PESSOA JURÍDICA 
 
Outro fator polêmico é a culpabilidade quando se fala na responsabilidade 
penal do ente coletivo. A significação do que seja culpabilidade passou por várias 
alterações no decorrer da história do direito penal, passando por diversas teorias 
explicativas de seu conteúdo, entre as quais se enfatizam a teoria psicológica, a 
psicológico-normativa e a normativa pura. A teoria psicológica da culpabilidade 
procura defini-la como a relação psíquica do agente com o fato praticado. 
Alude-se ao estado psíquico do autor frente ao resultado típico, sendo 
desenvolvida assim pelos julgamentos de dolo e culpa. No entender do Jurista 
Juarez Cirino dos Santos, a culpabilidade na teoria psicológica é desenvolvida por 
dois elementos:a capacidade de culpabilidade (imputabilidade), definida como 
―capacidade geral ou abstrata de compreender o valor do fato e de querer conforme 
a compreensão do valor do fato, excluída ou reduzida em situações de imperfeição 
(imaturidade) ou de defecção (doença mental) do aparelho psíquico‖ (SANTOS, 
2007, p. 277-278). 
A crítica apontada a esta teoria convive na deficiência de explicação da culpa 
em sentido estrito, já que nesse caso não há relação psíquica entre autor e 
resultado, bem como na impossibilidade de valoração de situações anômalas de 
motivação da vontade. Diante de tais atendimentos, passou-se a procurar um liame 
normativo entre as noções de dolo, culpa e a culpabilidade. Observou-se, então, a 
existência de fatos de ações dolosas em que não era exigida uma conduta diversa 
da praticada, levando deste modo à vinculação da culpabilidade à noção de 
reprovabilidade social. 
Desse modo a culpabilidade deixa de ser mera dependência psíquica entre 
autor e fato, englobando igualmente um juízo de valor sobre o fato doloso ou 
culposo. A essa inclusão de um elemento normativo (reprovabilidade) à 
culpabilidade deu-se o nome de teoria psicológico-normativa. Acontece que, apesar 
do avanço proporcionado pela teoria psicológico normativa da culpabilidade, esta 
trouxe uma nova fonte de discussões no tocante à permanência dolo como elemento 
da culpabilidade. Demonstrada em um juízo de censura, defendeu-se que o dolo 
deveria essencialmente estar fora da valoração para que esta incidisse naquele. 
24 
 
Para os que defendem a inclinação de culpabilidade da pessoa jurídica, tal 
evolução comprova o descabimento do indeferimento de culpabilidade ao ente 
coletivo por ausência de substrato psicológico a ligar sua conduta ao resultado. 
Porém, as críticas à culpabilidade da pessoa jurídica ainda continuam no tocante à 
impossibilidade de compreensão do caráter ilícito de sua ação, o que impediria 
também o arrependimento e a reeducação através da penalização. Contra esse 
entendimento, rebate Schecaira: 
―Já se verificou que um dos principais objetivos atribuídos modernamente à 
pena é exatamente o de reprovar a conduta em conflito, a fim de validar o 
conceito de bem jurídico para a maioria do grupo social. Disso decorre que 
a imposição da pena deve ter como objetivo precípuo sua relevância pública 
e não objetivos morais. Dessa forma, pensar em impor objetivos morais a 
uma empresa, mais do que um contra-senso, é tentar reavivar algo que 
mesmo relativamente às pessoas físicas já não deve ser aplicado‖ 
(SCHECAIRA, 2002, p. 107). 
 
A informação segundo a qual a definição de culpabilidade é edificada 
historicamente, tratando-se, deste modo, de um conceito normativo, não ontológico, 
fundamenta a flexibilização de determinadas categorias do direito penal clássico, 
adaptando-o à realidade que se pretende regular. Segundo Muñoz Conde: 
―A culpabilidade não é um fenômeno individual, mas social. Não é uma 
qualidade da ação, mas uma característica que se lhe atribui para poder 
imputá-la a alguém como seu autor e fazê-lo responder por ela. É, pois, a 
sociedade, ou melhor, seu Estado representante, produto da correlação de 
forças sociais existentes em um determinado momento histórico, quem 
define os limites do culpável e do inculpável, da liberdade e da não 
liberdade‖ (MUÑOZ CONDE, 1988, p. 128). 
 
Ney de Barros Bello Filho do mesmo modo aponta para a necessidade de 
adaptação do conceito de culpabilidade à realidade dos entes coletivos: 
―A base do pensamento segundo o qual a culpabilidade pode ser conceito 
presente na atitude da pessoa jurídica surge da certeza de que culpa não é 
algo que possa fluir de uma realidade natural e que possa ser provada com 
base em uma atitude científica. Culpa é, na verdade, um conceito de 
natureza filosófica que pode ser flexibilizado ou revisto a partir de uma 
tomada de postura diferenciada frente ao fenômeno que se quer estudar. 
Quando um comportamento está agredindo bens jurídicos tidos por 
relevantes, há um rompimento de regras de natureza social; é o próprio 
direito que conceitua o que vem a ser culpa, tratando-se, pois, de um 
conceito normativo e não de um conceito natural‖ (FILHO, 2004, p. 157). 
Neste panorama, pode-se falar hoje na reestruturação do conceito de 
culpabilidade nos crimes praticados pelas pessoas jurídicas, entendida como 
culpabilidade social, refletida no descumprimento do papel social que se espera de 
todo e qualquer ente coletivo que atuam nas mesmas condições. 
25 
 
5. RESPONSABILIDADE DA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO 
 
 
Sobre a responsabilidade da Pessoa Jurídica de Direito Público e o padrão 
teórico que melhor se adéqua à realidade normativa brasileira é a discussão quanto 
à possibilidade de sua responsabilização penal por crimes contra o meio ambiente. 
O desenvolvimento das intervenções do Poder Público na sociedade com a 
superação dos pontos de vista liberais e sua substituição pelo modelo de Bem-Estar 
Social, alterou o papel do Estado de mero controlador dos atores sociais para o de 
principal responsável pelas mudanças e progressos no seio social. 
Entretanto, tal alteração veio acompanhada de uma série de questões que 
estabelecem a reformulação da abordagem tida em diversos campos do 
conhecimento, dentre os quais se abarca o direito penal: 
 
―Nesse quadro criminológico, as pessoas jurídicas d direito público ocupam 
espaço importante. O Estado de nossos dias, fruto da concepção de estado 
do bem estar social, intervém direta ou indiretamente em uma infinidade de 
atividades de natureza econômica e social, produzindo quantidades 
expressivas de condutas potencialmente lesivas ao ambiente. As pessoas 
jurídicas de direito público movimentam orçamentos gigantescos e 
empregam milhões de pessoas para satisfazer necessidades coletivas das 
mais variadas espécies em áreas como as de transporte, comunicações, 
habitação, saneamento básico, biotecnologia, mineração, recursos hídricos, 
energia, defesa, além de inúmeras outras. Tais atividades, assim como as 
que são exercidas pelas pessoas jurídicas privadas, oferecem riscos 
ambientais, que devem ser controlados pelo ordenamento jurídico por meio 
de tutela penal‖ (ARAÚJO, 2007, p.1). 
 
 
Se da questão e do ponto de vista da responsabilidade penal do ente privado 
a concordância doutrinária e jurisprudencial aumenta crescentemente, o mesmo não 
se pode dizer quanto à responsabilização penal do Estado. Diversos autores que 
aceitam sem maiores dificuldades a responsabilidade penal das pessoas jurídicas de 
direito privado não o fazem em relação aos entes públicos. 
A autopunição do Estado geraria igualmente um problema de legitimidade na 
perspectiva de Figueiredo. De acordo com o autor, um juiz que eventualmente 
chegasse a condenar criminalmente a União passaria a ser um órgão de um ―Estado 
Criminoso‖, criando-se deste modo uma dificuldade sob o ponto de vista ético 
(FIGUEIREDO, 1998, p. 13). 
 
 
26 
 
5.1 PONTOS CONTRÁRIOS À RESPONSABILIZAÇÃO DO ENTE PÚBLICO 
 
 
O primeiro argumento alçado contra a probabilidade de responsabilização 
penal de ente público se alude à imprescindível distinção de natureza entre as 
pessoas jurídicas de direito público e privado. Sem embargo da Constituição Federal 
de 1988 e tampouco da Lei nº 9.605/98 fazerem restrição expressa à 
responsabilização penal do Estado, defende-se que as particularidades inerentes ao 
ente público não comportam que haja tratamento equânime entre estes e as 
pessoas de direito privado. Pedro Krebs é um dos primeiros a distinguir a existência 
de diversas diferenças de natureza e finalidade entre as pessoas de direito público e 
privado, defendendo de forma enérgica a impossibilidade de seresponsabilizar o 
ente público: 
 
―Assim, sendo, ousamos discordar daqueles que afirmam ser possível a 
punição das pessoas jurídicas de direito público interno pelo simples fato de 
serem também pessoas jurídicas, atestando carecer de importância a 
natureza jurídica que lhes é imposta. É uma conclusão apressada cujo 
raciocínio já se encontra viciado em sua própria origem. (...) Neste sentido, 
não podemos acatar o entendimento de que a irresponsabilidade penal do 
ente público acarretaria uma violação do princípio da igualdade. Isto porque 
as pessoas jurídicas de direito público interno são distintas – senão em tudo 
– em vários aspectos das de direito privado. Ora, em não se confundindo, é 
possível (ou, no mínimo, necessário) efetivar um tratamento desigual entre 
elas." (KREBS, 2000; p. 487). 
 
Uma das características fundamentais do Estado que serve de óbice a sua 
responsabilização penal consiste em, no entendimento de Figueiredo, a sua sujeição 
ao princípio da legalidade: 
 
―Na administração, afirma-se: o Estado não tem o dever de seguir e de 
realizar a norma jurídica, mas sim algo profundamente diverso, o Estado 
tem o dever de satisfazer o desejo e o interesse coletivo. O Direito 
Administrativo, por isso, difere da Jurisdição — a norma a aplicar ao caso 
concreto. No confronto de qualquer sujeito (pessoa física ou jurídica), que 
não seja o Estado, a lei representa sempre uma vontade superior, externa a 
eles: uma vontade transcendente; ao contrário, para o Estado que age na 
consecução de seus fins, a lei é sua vontade interna, uma vontade 
imanente: a sua própria vontade. A administração pública não é um sujeito 
distinto do Estado, mas é o próprio Estado em ação para alcançar seus fins. 
Nem por isto se contrasta a opinião comum, segundo a qual a atividade 
administrativa é função fundamental de vontade. No Estado atual, onde os 
fins da Administração vêm estabelecidos pelo Direito, as atividades para a 
sua consecução são aquelas que o Direito descreve ou consente‖ 
(FIGUEIREDO, 1998, p. 11). 
27 
 
5.2 PONTOS FAVORÁVEIS À RESPONSABILIZAÇÃO DO ENTE PÚBLICO 
 
 
Na argumentação de que as diferenças de natureza e finalidade entre as 
pessoas jurídicas de direito público e de direito privado afastariam a 
responsabilização das primeiras com base no princípio da isonomia, faz-se 
necessário esclarecer se as peculiaridades pertinentes aos entes públicos de fato 
inviabilizam sua responsabilização do ponto de vista penal. Não é suficiente a 
simples alegação de que os entes públicos se revestem de características especiais 
para afastar sua criminalização, mas se impõe a demonstração de que tais 
características representem de fato um óbice a esse fim. Isso porque, 
diferentemente do modelo francês que afasta de modo expresso a responsabilidade 
da pessoa de direito público, a legislação pátria é silente em relação a esse ponto, 
impondo a responsabilização das pessoas jurídicas de modo geral. 
Não se pode afirmar que a legislação francesa apenas demonstra algo que é 
inerente ao instituto da responsabilização penal dos entes coletivos, tendo em vista 
que ela própria traz uma exceção a essa regra: ―No obstante, los entes territoriales y 
sus entidades de derecho público son responsables penalmente de las infracciones 
cometidas en el ejercicio de actividades públicas susceptibles de gestión por parte 
de los particulares‖ (PRADEL, 2003, p. 663). 
Existem autores ainda que afirmam ter o legislador brasileiro adotado o 
modelo francês de responsabilização penal das pessoas jurídicas, o que 
automaticamente excluiria a responsabilidade do Estado. Tal argumentação não nos 
parece correta na medida em que, apesar da grande influência desse modelo sobre 
a legislação pátria, esta não reproduz a vedação à responsabilização do ente 
coletivo expressamente, formando assim uma estrutura de responsabilização distinta 
e com maior amplitude comparada àquela. 
Assim sendo, robustecendo a preocupação em se verificar ponto a ponto a 
existência de reais óbices à responsabilização penal do Estado, comecemos pela 
questão da submissão do Poder Público ao princípio da legalidade. É certo que a 
atuação estatal deva sempre estar pautada na realização de um interesse público 
para que seja concebida como legítima, buscando-se esse interesse na lei. Ocorre 
que nem sempre a conduta de um ente estatal retratará na prática um interesse 
público. 
28 
 
Celso Antônio Bandeira de Mello conceituado o interesse público como sendo 
―o interesse resultante do conjunto dos interesses que os indivíduos pessoalmente 
têm quando considerados em sua qualidade de membros da Sociedade e pelo 
simples fato de o serem‖ (MELLO, 2007, p. 63). Nesse sentido, afirma-se que nem 
todo interesse do ente coletivo que representa o todo refletirá um interesse público. 
Ensina Bandeira de Mello: 
―É que, além de subjetivar estes interesses o Estado, tal como os demais 
particulares, é também ele, uma pessoa jurídica, que, pois, existe e convive 
no universo jurídico em concorrência com todos os demais sujeitos de 
direito. Assim, independentemente do fato de ser, por definição, 
encarregado dos interesses públicos, o Estado pode ter, tanto quanto as 
demais pessoas, interesses que lhe são particulares, individuais, e que, tal 
como os interesses delas, concebidas em suas meras individualidades, se 
encarnam no Estado enquanto pessoa. Estes últimos não são interesses 
públicos, mas interesses individuais do Estado, similares, pois (sob o prisma 
extrajurídico), aos interesses de qualquer outro sujeito. Similares, mas não 
iguais. Isto porque a generalidade de tais sujeitos pode defender estes 
interesses individuais, ao passo que o Estado, concebido que é para a 
realização de interesses públicos (situação pois inteiramente diversa da dos 
particulares), só poderá defender seus próprios interesses privados quando, 
sobre não se chocarem com os interesses públicos propriamente ditos, 
coincidam com a realização deles‖ (MELLO, 2007, p. 58). 
Essa conceituação é a base para a distinção entre interesses públicos 
primários e secundários e com caráter meramente instrumental e legítimos desde 
que estejam em consonância com um interesse primário. A distinção é relevante 
para que se visualize a maneira como o Estado possa de fato realizar um ilícito 
penal. 
Observando mais uma vez à lição de Bandeira de Mello, são citados pelo 
renomado mestre os exemplos trazidos por Renato Alessi para ilustrar situações de 
descompasso entre o interesse público primário e secundário: 
 
―O autor exemplifica anotando que, enquanto mera subjetivação de 
interesses, à moda de qualquer sujeito, o Estado poderia ter interesse em 
tributar desmensuradamente os administrados, que assim enriqueceria o 
Erário, conquanto empobrecesse a Sociedade; que sob igual ótica, poderia 
ter interesse em pagar valores ínfimos aos seus servidores, reduzindo-os ao 
nível de mera subsistência, com o quê refrearia ao extremo seus dispêndios 
na matéria; sem embargos, tais interesses não são interesses públicos, pois 
estes, que lhe assiste prover, são os de favorecer o bem estar da 
Sociedade e de retribuir condignamente os que lhe prestam serviços‖ 
(MELLO, 2007, p. 58). 
29 
 
Trazendo o modelo para o domínio penal-ambiental, poderíamos ter a 
realização de uma obra pública, diretamente pelo ente estatal, para a construção de 
uma rodovia que transpassasse determinada área de relevante interesse ambiental. 
Pensamos que não houvesse a concretização de estudo de impacto 
ambiental e tampouco expedição de licença pelo órgão responsável para a 
realização da obra por tratar de procedimentos que envolvem certo tempo e 
consideráveis custos. Sob o ponto de vista puramenteinstrumental, observa-se que 
a economia de tempo e dinheiro com a não realização dos procedimentos devidos 
atende a um interesse secundário do Estado, porém, encontra-se em desacordo 
com a necessidade de preservação do meio ambiente que é um interesse primário. 
Lembra-se que no exemplo dado é possível até se apontar na base da 
atuação do ente público um interesse público primário, retratado na promoção pelo 
poder público de obras de infra-estrutura que ampliem a liberdade de locomoção, 
todavia, os meios utilizados nesse intuito ferem, na prática, o interesse público em 
outro ponto, sendo assim passíveis de repressão. 
Desse modo, percebemos restar clara a possibilidade de uma pessoa jurídica 
de direito público vir a cometer um ilícito penal na realização de um interesse 
secundário. Não há incompatibilidade entre a responsabilidade penal do ente público 
e o requisito do art. 3º da Lei nº 9.605/98, o qual exige que a infração seja cometida 
em benefício ou no interesse da pessoa jurídica, tendo em vista a possibilidade de 
visualização de um interesse privado do Estado. Suplantado esse ponto, passemos 
a discutir a questão da soberania estatal. Fala-se do absurdo em se pensar que o 
Estado, ente soberano e detentor exclusivo do poder de punir, pudessem ser 
submetidos à jurisdição penal. O argumento não ultrapassa o aspecto retórico, não 
agregando fundamentos consistentes, aptos a sua sustentação. 
Como o Estado pode ser submetido à jurisdição civil para recomposição civil 
dos danos causados a particulares, igualmente o pode em relação à Justiça criminal. 
Não há distinção de natureza entre o ilícito civil e penal, apenas uma diferença de 
grau. Ney de Barros Bello Filho corrobora esse entendimento ao afirmar que ―se não 
há diferenças em essência entre a responsabilidade penal e a responsabilidade civil, 
se o Estado pode infringir uma regra sua de direito não penal, obviamente pode 
infringir regra criminal e ser responsabilizado por tal fato contra o direito‖ (FILHO, 
2004, p. 172). 
30 
 
Shecaira, afavor da irresponsabilidade penal do Estado, acaba por distinguir a 
fragilidade da tese da soberania estatal para afastar o ente público do pólo passivo 
da ação criminal ao afirmar: 
―Outro argumento é aquele que pretende ver excluída a responsabilidade do 
Estado em face deste exercer uma função soberana. Mas se assim fosse, 
não dever-se-ia, também, excluir a responsabilidade civil do Estado? Se 
isso ocorresse poder-se-ia chegar – até mesmo – na irresponsabilidade 
civil/administrativa do Estado, tão cara aos ingleses, mas totalmente 
estranha ao nosso direito! Ademais, em um Estado hiperdimensionado que, 
por meio de inúmeras estatais, acaba por executar funções que não lhe são 
próprias, seria razoável invocar tal razão para sua não punição?‖ 
(SHECAIRA, 2002., p. 190) 
 
Tampouco a argumentação de que a exclusividade do jus puniendi afastaria a 
responsabilidade penal do ente público é verídica. A estrutura organizacional do 
Estado brasileiro, calcada na forma federativa e na separação de poderes, enseja a 
manutenção de uma série de controles aplicáveis pelos entes públicos 
reciprocamente, de modo a coordenar suas ações no sentido da realização dos fins 
sociais e prevenção de desvios de poder. 
Do mesmo modo os mecanismos administrativos de controle são aplicáveis 
aos entes públicos, a exemplo do que ocorre quando IBAMA embarga uma obra 
pública e aplica sanções administrativas à outra pessoa jurídica de direito público, é 
igualmente possível a utilização da sanção criminal como forma de corrigir e prevenir 
as ofensas que estes entes venham a causar ao meio ambiente. 
A tutela penal concebe apenas mais um instrumento de controle social com 
vistas à preservação dos bens jurídicos caros à sociedade. Nada impede que um 
órgão do Estado fiscalize e repreenda outro com o fim de resguardar o interesse 
público. Nesse sentido, ensina Ivan Firmino Santiago da Silva: 
 
―Muito se assemelha o fundamento esboçado por Shecaira, àquele 
expendido pelos autores Guilherme Purvin e Solange Teles, quando se 
referiam à irresponsabilidade do Estado em virtude do caráter 
estigmatizante da sanção penal, sendo certo que o argumento de que o 
Estado não se pode auto sancionar será rebatido pela demonstração das 
formas de sanção existentes em outros ramos do direito, como o direito civil 
e o direito administrativo, passíveis de serem aplicadas ao Estado, pelo 
próprio Estado. Ademais, não configura nada de extraordinário no cotidiano 
do direito a sua criação pelo Estado-legislador, que também define as 
sanções inerentes à sua violação, as quais podem ser aplicadas pelo 
Estado-juiz, em face do Estado-administrador, quando este cometer alguma 
infração‖ (SILVA, 2003, p. 2434). 
 
 
31 
 
6. CONCLUSÃO 
 
 
Decorremos no início do presente trabalho uma resumida análise da evolução 
da tutela ambiental nas vastas normatizações nacionais que conduziram o assunto 
meio ambiente até a promulgação da Constituição Federal de 1988. Podemos 
observar a crescente apreensão, ajuizada na legislação, com a preservação dos 
recursos naturais, bem como a manutenção de um ambiente de convivência 
benéfica no seio social, permitindo a implementação de mecanismos nos campos 
civil, administrativo e mais recentemente, no campo penal com o fim de resguardar 
esse bem jurídico de caráter difuso. 
A carência dos aparelhos de tutela civil e administrativa no abarcamento da 
degradação ambiental relevou a adoção de meios mais drásticos no intuito de 
contratar a proteção do ambiente, recorrendo-se assim ao direito penal, no seu 
papel de ultima ratio. Entretanto, verificou-se que a maior parte dos grandes abusos 
ao meio deriva da atividade empresarial, na qual a responsabilidade pelos danos 
gerados pela empresa é dissolvida pela forma como é estruturada, resultando na 
ineficácia penal de um ou alguns membros do ente coletivo, o que determinou a 
implementação dos meios adequados ao ajustamento da postura abrangida pela 
coletividade. 
Essa obrigação foi lembrada pelo constituinte de 1988 o qual, afeto à 
proeminência que o tema contraiu, abarcou nos artigos 173, § 5º, e 225, § 3º, da 
Carta Constitucional os embasamentos imprescindíveis à ptática da 
responsabilização penal da pessoa jurídica, abrindo caminho ao incremento de 
novas configurações de lidar com o problema da criminalidade empresarial. 
As censuras à responsabilização penal dos entes coletivos foram passo a 
passo sendo suplantadas com a reestruturação de conceitos clássicos do direito 
penal tradicional e a concepção de novas formas jurídicas, adequadas à realidade 
das pessoas morais. Os conhecimentos vividos por outros países no que diz 
respeito à criminalização das coletividades, reunida às discussões doutrinárias tanto 
em âmbito nacional quanto internacional, produziram motivo a construção de mais 
de um sistema de responsabilização, adaptáveis às particularidades adequadas de 
cada região do planeta. 
 
32 
 
Assim sendo, houve a possibilidade de separação do sistema de 
responsabilização penal da pessoa jurídica em dois: responsabilização direta ou 
indireta. No primeiro caso existiria a obrigação de adaptação dos conceitos clássicos 
da conjectura do delito de modo a consentir sua aplicação à pessoa jurídica. No 
segundo, é proposta a manutenção da teoria do delito somente às pessoas físicas, 
estendendo-se apenas a responsabilidade pelo fato às pessoas jurídicas, pugnando-
se pela obrigatoriedade de se apontar o elemento humano realizador da conduta 
típica. Adiante, restou evidenciado que o modelo de responsabilização mais 
apropriado à realidade normativa brasileira seria o da responsabilidade indireta da 
pessoa jurídica,o que foi aprovado pela jurisprudência do Superior Tribunal de 
Justiça sobre o tema. 
Por fim, abordamos ao ponto da possibilidade de responsabilização penal do 
Estado, trazendo os argumentos contrários e favoráveis a essa idéia. Vimos que os 
óbices abalizados em sede doutrinária não representam reais impedimentos à 
penalização do ente público que cometa um ilícito ambiental. O afastamento do 
princípio da isonomia em afinidade às pessoas de direito público e privado, no 
tocante à responsabilização penal, necessita anteceder a constatação de que as 
divergências entre uma e outra concebam a exigência sólida de um tratamento 
diferenciado. Assim sendo, em analogia à submissão do Estado ao princípio da 
legalidade, ficou claro que há de fato a probabilidade da pessoa de direito público 
cometer um ato ilícito sob a ótica penal por não haver distinção ontológica entre as 
ilegalidades. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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