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TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

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Rev. Jur., Brasília, v. 9, n. 85, p.92-107, jun./jul, 2007 92 
Teoria dos direitos fundamentais 
Michelli Pfaffenseller 
Graduada em Direito e especializanda em Direito Processual Civil pela Universidade de 
Santa Cruz do Sul – UNISC, Secretária Especializada de Juiz Substituto no Tribunal 
Regional do Trabalho da 4ª Região. 
michellip@trt4.gov.br 
Resumo: A presente digressão teórica tem por fim estudar o conceito e o mapa evolutivo 
dos Direitos Fundamentais, desde a sua origem como direitos naturais do homem até a sua 
positivação nas Constituições e sua abrangência internacional. Para tanto, analisaremos os 
documentos e suportes fáticos e culturais que formaram o marco das três gerações de 
Direitos Fundamentais, transformando-os em garantias do homem em face do Estado 
soberano. A partir desse estudo, poderemos constatar a real finalidade desses direitos, sua 
extensão e conseqüências históricas, auxiliando-nos na compreensão do contexto atual e na 
busca de soluções para a crise do Estado Contemporâneo. 
Palavras-chave: direitos fundamentais; constituição; internacionalização 
Sumário: 1 Introdução – 2 A definição dos direitos fundamentais – 3 Origem e evolução dos 
direitos fundamentais – 4 Transformação do conceito: as três gerações de Direitos 
Fundamentais – 5 A constitucionalização dos direitos fundamentais – 6 Internacionalização 
dos direitos fundamentais – 7 A experiência brasileira – 8 Conclusão – Referências 
1 Introdução 
Desde o início da evolução do racionalismo humano, a luta pelo Direito foi o objetivo maior 
de todas as sociedades. A variação do Direito Natural ao Direito positivado, somada a 
acontecimentos históricos que levaram o homem a modificar suas aspirações, fez eclodir um 
movimento de reconstrução do conceito de Estado, que renasceu com o propósito de 
atender aos anseios de seus cidadãos. 
Assim, a fim de cumprir com a função de defesa da sociedade na forma de limitação 
normativa ao poder estatal, sobreveio um conjunto de valores, direitos e liberdades, 
consubstanciados nos Direitos Fundamentais. Outrossim, considerando a necessidade de 
concretizar tais garantias, elas foram positivadas em um instrumento que limitou atuação do 
Estado e, ao mesmo tempo, traçou os parâmetros fundamentais de todo o ordenamento 
jurídico interno: a Constituição. Tal instrumento, porém, não foi suficiente para barrar a 
expansão dos Direitos Fundamentais, que passaram da esfera interna ao campo 
internacional. 
Neste tangente, o presente estudo será voltado ao delineamento da trajetória histórica dos 
Direitos Fundamentais, a fim de que se vislumbre seu correto conceito, ressaltando-se sua 
importância e seu alcance. Neste ínterim, serão demonstrados os processos de 
constitucionalização, que tem como cerne a institucionalização dos Direitos Fundamentais e 
traz consigo o formalismo definidor da rigidez constitucional, e de internacionalização, que 
levou à universalização dos Direitos Fundamentais, reforçando sua força normativa. 
Destarte, a presente digressão tem como objetivo o estudo da evolução histórica dos 
Direitos Fundamentais, que fazem da atual ordem constitucional um instrumento jurídico de 
garantia da sociedade frente ao Estado. 
 
Artigos
 
Rev. Jur., Brasília, v. 9, n. 85, p.92-107, jun./jul, 2007 93 
2 A definição dos direitos fundamentais 
Os Direitos Fundamentais, sob uma perspectiva clássica, consistem em instrumentos de 
proteção do indivíduo frente à atuação do Estado. Sistematizados na Constituição da 
República Federativa do Brasil de 1988, há quem se limite ao elenco de seu artigo 5º, no 
qual estão previstos os direitos e deveres individuais e coletivos. De certa forma, ali está 
descrito um vasto rol de Direitos Fundamentais, mas a isso não se restringem, e nem sequer 
à Constituição Federal ou à sua contemporaneidade. 
A definição do que sejam os Direitos Fundamentais mostra-se ainda mais complexa quando 
os mesmos são colocados sob uma perspectiva histórica e social. Uma das principais 
problemáticas dos Direitos Fundamentais é a busca de um fundamento absoluto sobre o 
qual respaldá-los, de modo a garantir seu correto cumprimento ou até mesmo como meio de 
coação para sua observância de maneira universal. 
Bobbio (1992) aponta quatro dificuldades para a busca do fundamento absoluto dos Direitos 
Fundamentais. A primeira delas seria o fato de que a expressão “direitos do homem” é mal-
definível, porque desprovida de conteúdo e, quando este aparece, introduz termos 
avaliativos1, os quais são interpretados de modo diverso de acordo com a ideologia 
assumida pelo intérprete. 
A segunda dificuldade consiste na constante mutabilidade histórica dos Direitos 
Fundamentais. O rol de direitos se modificou e ainda se modifica, pois as condições 
históricas determinam as necessidades e interesses da sociedade. São, portanto, direitos 
relativos, não lhes cabendo a atribuição de um fundamento absoluto. 
Outra dificuldade na definição de um fundamento absoluto para os Direitos Fundamentais é 
a heterogeneidade dos mesmos, ou seja, a existência de direitos diversos e muitas vezes 
até mesmo conflitantes entre si. As razões que valem para sustentar alguns não valem para 
sustentar outros. Alguns Direitos Fundamentais são até mesmo atribuídos a categorias 
diversas, enquanto outros valem para todos os membros do gênero humano. 
A última dificuldade apontada por Bobbio (1992) consiste na existência de Direitos 
Fundamentais que denotam liberdades, em antinomia a outros que consistem em poderes. 
Os primeiros exigem do Estado uma obrigação negativa, enquanto os segundos necessitam 
de uma atitude positiva para sua efetividade. Assim, é impossível verificar a existência de um 
fundamento absoluto idêntico para ambas as espécies, não havendo como construir um 
liame entre direitos antagônicos, pois, segundo Bobbio, “quanto mais aumentam os poderes 
dos indivíduos, tanto mais diminuem as liberdades dos mesmos indivíduos.” (1992, p. 21) 
Não obstante tais dificuldades, observamos que a busca do fundamento absoluto, em todo o 
transcorrer da história dos Direitos Fundamentais, é questão inerente à sua defesa, ou seja, 
serve como respaldo para garantir a sua efetividade. Isto demonstra porque os Direitos 
Fundamentais transformaram-se em uma preocupação filosófica, sociológica e política, e 
não apenas jurídica. 
Primordial ao estudo do tema, faz-se necessária a definição da terminologia adequada a ser 
utilizada. Bonavides (2002) faz severas críticas ao uso “indiferente” das expressões direitos 
humanos, direitos do homem e direitos fundamentais2. 
 
1 Bobbio cita como exemplo de termos avaliativos: “Direitos do homem são aqueles cujo reconhecimento é 
condição necessária para o aperfeiçoamento da pessoa humana, ou para o desenvolvimento da 
civilização...(grifo nosso)” (1992, p. 16) 
2
 A própria Constituição Brasileira atual faz referência a diversas expressões: direitos humanos (art. 4º, II), direitos 
e garantias fundamentais (título II), direitos e liberdades fundamentais (art. 5º, XLI), Direitos Fundamentais da 
 
Rev. Jur., Brasília, v. 9, n. 85, p.92-107, jun./jul, 2007 94 
Pelo vocábulo “fundamental”, em seu significado lexical, compreende-se tudo aquilo “que 
serve de fundamento; necessário; essencial.” Tal conceito não se afasta do sentido real do 
termo na esfera jurídica. Assim, como entende Vladimir Brega Filho, direito fundamental “é o 
mínimo necessário para a existência da vida humana.” (2002, p. 66) Ressaltando-se que o 
mínimo essencial deve garantir a existência de uma vida digna, conforme os preceitos do 
princípio da dignidade da pessoa humana. 
No tocante à expressão “Direitos Humanos”, o significado atribuído é o mesmo, ou seja, são 
direitos essenciais à manutenção de uma vida humana sustentada pelo princípio da 
dignidadea ela inerente. Entretanto, Vladimir Brega Filho (2002) faz distinção entendendo 
serem os Direitos Fundamentais aqueles positivados em uma Constituição, enquanto os 
Direitos Humanos são os provenientes de normas de caráter internacional. 
Diante disso, Canotilho (1998) sugere um argumento para a distinção. Para ele, direitos do 
homem são aqueles derivados da própria natureza humana, enquanto os Direitos 
Fundamentais são os vigentes em uma ordem jurídica concreta. In literis: 
Direitos do homem são direitos válidos para todos os povos e em todos os tempos (dimensão 
jusnaturalista-universalista); Direitos Fundamentais são os direitos do homem, jurídico-
institucionalmente garantidos e limitados espacio-temporalmente. (CANOTILHO, 1998, p. 359) 
Ressalte-se que a ordem jurídica citada por Canotilho (1998) não se restringe à Constituição, 
pois ele separa os Direitos Fundamentais em “formalmente constitucionais”, que são os 
enunciados por normas com valor constitucional formal, e “materialmente fundamentais”, 
sendo estes os direitos constantes das leis aplicáveis de direito internacional não positivados 
constitucionalmente. Neste mesmo sentido versa Comparato, para o qual os Direitos 
Fundamentais 
são os direitos humanos reconhecidos como tal pelas autoridades, às quais se atribui o poder 
político de editar normas, tanto no interior dos Estados quanto no plano internacional; são os 
direitos humanos positivados nas Constituições, nas leis, nos Tratados Internacionais. 
(COMPARATO, 2001, p. 56) 
Não obstante o debate, no presente estudo adotaremos a expressão “Direitos 
Fundamentais”, pois trataremos de Direitos positivados, seja no direito interno ou no direito 
internacional, bem como por ser este o termo mais amplamente utilizado pela doutrina, bem 
como pela Constituição brasileira. 
 
 
3 Origem e evolução dos direitos fundamentais 
Partindo-se de uma observação restrita e atual, poderíamos chegar ao entendimento de que 
os Direitos Fundamentais são derivados da constitucionalização. Entretanto, através de uma 
análise histórica da evolução do pensamento humano, concluímos que a origem de tais 
direitos encontra-se muito antes, e que os Direitos Fundamentais positivados hodiernamente 
nas Constituições são produto de diversas transformações ocorridas no decorrer da História. 
Os primeiros mecanismos de proteção individual surgem ainda no antigo Egito e 
Mesopotâmia, consubstanciados no Código de Hamurabi (1690 a.C.), conforme lembra 
Moraes (1998). Foi a primeira codificação em que estavam presentes direitos comuns a 
todos os homens, como a vida, propriedade e dignidade, prevendo-se, também, a 
supremacia das leis em relação aos governantes. 
 
pessoa humana (art. 17). José Afonso da Silva (2002) cita ainda direitos naturais, direitos individuais, direitos 
públicos subjetivos, liberdades fundamentais e liberdades públicas, que não serão aqui aprofundados pois, como 
versa o referido autor, são conceitos limitados e insuficientes. 
 
Rev. Jur., Brasília, v. 9, n. 85, p.92-107, jun./jul, 2007 95 
Comparato (2001) elaborou obra com estudo aprofundado a respeito do tema. Segundo ele, 
no período axial3, compreendido pelos séculos VIII a II a.C., com o surgimento do 
monoteísmo, surgiram os primeiros resquícios que deram origem aos Direitos Fundamentais. 
No mesmo período nasce a filosofia, substituindo o saber mitológico da tradição pelo saber 
lógico da razão. Através da tragédia grega, o homem passa a ser objeto de reflexão, e 
estabelecem-se os primeiros princípios e diretrizes fundamentais de vida. Nas palavras de 
Comparato: 
É a partir do período axial que o ser humano passa a ser considerado, pela primeira vez na 
História, em sua igualdade essencial, como ser dotado de liberdade e razão, não obstante as 
múltiplas diferenças de sexo, raça, religião ou costumes sociais. Lançavam-se, assim, os 
fundamentos intelectuais para a compreensão da pessoa humana e para a afirmação da 
existência de direitos universais, porque a ela inerentes. (COMPARATO, 2001, p. 11) 
Surge na Grécia, através do pensamento dos sofistas e estóicos, a noção de lei não escrita 
que, em contraponto à lei escrita, é reconhecida pelo consenso universal, e não apenas 
como a lei própria de cada povo. Tais leis possuem um fundamento moral e, como 
justificativa para sua vigência, começa a ser ressaltado o pensamento religioso, bem como a 
idéia de direito natural. 
A concepção derivada do Cristianismo, segundo a qual todos os homens são irmãos 
enquanto filhos de Deus, foi um dos fundamentos para a construção de uma base de 
proteção aos direitos de igualdade entre os homens, apesar de todas as diferenças 
individuais e grupais. Para explicar tal fenômeno, foi adotada a teoria do estado natural, 
segundo a qual os homens são livres e iguais e têm direitos a eles inerentes, por natureza. O 
Direito Natural é anterior e superior à ordenação estatal e, por isso, nem o Estado, nem o 
próprio homem, pode subtraí-lo. 
Tal é o entendimento da doutrina jusnaturalista, que Bobbio (1992) coloca como a real 
precursora da teoria individualista, pois considera o homem como titular de direitos por si 
mesmo, e não apenas como um membro da sociedade, ao contrário da anterior concepção 
organicista, segundo a qual a sociedade é um todo, e o todo está acima das partes. No 
entender de Bobbio, “concepção individualista significa que primeiro vem o indivíduo [...], que 
tem valor em si mesmo, e depois vem o Estado, e não vice-versa, já que o Estado é feito 
pelo indivíduo e este não é feito pelo Estado.” (BOBBIO, 1992, p. 60) 
Ressalte-se que tais fundamentos acentuam a universalidade dos direitos, não diferenciando 
o homem segundo sua nacionalidade. Não obstante, a simples afirmação da existência de 
direitos não era suficiente para assegurar a sua efetividade. Nas palavras de Bobbio: 
Enquanto teorias filosóficas, as primeiras afirmações dos direitos do homem são pura e 
simplesmente a expressão de um pensamento individual: são universais em relação ao conteúdo, 
na medida em que se dirigem a um homem racional fora do espaço e do tempo, mas são 
extremamente limitadas em relação à sua eficácia, na medida em que são (na melhor das 
hipóteses) propostas para um futuro legislador. (BOBBIO, 1992, p. 29) 
Ainda segundo Bobbio (1992), a segunda fase dos Direitos Fundamentais começa, então, a 
partir do momento que os mesmos passam a ser positivados pelos Estados. Ainda que os 
ideais de democracia e controle dos órgãos políticos, iniciados em Atenas e na República 
Romana respectivamente, tenham desaparecido com o surgimento do feudalismo, a 
afirmação positivada dos Direitos Fundamentais inicia-se ainda na Idade Média. 
 
3 Segundo Comparato (2001), o período axial corresponde aos séculos VIII a II a.C, e é assim denominado pois 
formaria o eixo histórico da humanidade. No início do período axial surgiram os primeiros profetas sírios, 
inspiradores dos profetas de Israel e, no cento do mesmo período, entre 600 e 480 a.C, coexistiram grandes 
doutrinadores, como Buda, Lao-Tsê e Pitágoras. 
 
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Neste período, conforme leciona Comparato (2001), foram extintos os poderes políticos e 
econômicos. Entretanto, na Baixa Idade Média, os reis passaram a reivindicar seus poderes, 
juntamente com o papa. Contra os abusos dessa reconcentração do poder surgiram as 
primeiras manifestações. Por conseguinte, no ano de 1215 o Rei João da Inglaterra, o João 
Sem-Terra, assinou a Magna Carta, como forma de fazer cessar os inúmeros conflitos que 
possuía frente aos barões feudais e ao papado. 
A Magna Carta não se constituiu essencialmente emuma declaração de direitos, pois se 
tratava de uma Carta que tão-somente concedia privilégios para os senhores feudais. 
Entretanto, sua importância para o estudo dos Direitos Fundamentais consiste no fato de 
que foi o primeiro vestígio de limitação do poder soberano do monarca. Pela primeira vez na 
história medieval, o rei se acha limitado pelas leis que ele próprio edita. 
Além disso, a Magna Carta possuía cláusulas prevendo as liberdades eclesiásticas, 
apontando para uma futura separação institucional entre Igreja e Estado. Previa também 
limitações ao poder de tributar, que se achava restrito ao consentimento dos contribuintes, 
além de lançar as bases do tribunal do júri e o princípio do paralelismo entre delitos e penas, 
dentre outros Direitos Fundamentais ainda hoje consagrados. 
Ainda segundo Comparato (2001), já em meados do século XVII, sob um novo contexto 
histórico, a Inglaterra passou a enfrentar constantes rebeliões, derivadas de querelas 
religiosas. Após um período de constantes revoltas contra a dinastia que lá reinava com 
inabalável apelo à religião católica, a nobreza conseguiu destronar o rei Jaime II, declarando 
o trono vago. A coroa foi então oferecida ao príncipe Guilherme de Orange, que a assumiu 
após aceitar uma declaração de direitos votada pelo Parlamento, a Bill of Rights (1689). 
Com ela extingue-se o regime de monarquia absoluta, retornando-se à idéia de governo 
representativo através dos poderes atribuídos ao Parlamento, o qual possuía garantias 
especiais de modo a preservar sua liberdade diante do chefe de Estado, gerando já uma 
noção de separação de poderes. Ainda que não fosse uma declaração de direitos humanos, 
no entender de Comparato: 
O Bill of Rights criava, com a divisão de poderes, aquilo que a doutrina constitucionalista alemã do 
século XX viria denominar, sugestivamente, uma garantia institucional, isto é, uma forma de 
organização do Estado cuja função [...] é proteger os Direitos Fundamentais da pessoa humana. 
(2001, p. 88-9) 
Quase um século após, em seu movimento de Independência, as colônias dos Estados 
Unidos da América do Norte elaboraram suas Declarações. A Declaração de Virgínia, 
segundo Comparato, foi o “registro de nascimento dos direitos humanos na História.” (2001, 
p. 48) Isto porque anteviu uma gama de Direitos reiterados posteriormente na Declaração da 
Independência, a qual é considerada por Comparato (2001) como “uma declaração à 
humanidade”, que deu início a uma nova legitimidade política: a soberania popular. Foi 
também o primeiro documento a reconhecer a existência de direitos inerentes a todo ser 
humano, independente de sexo, raça, religião, cultura ou posição social4. 
A Declaração dos Estados Unidos, entretanto, teve um caráter fechado ou, melhor dizendo, 
preocupou-se tão somente “em firmar a sua independência e estabelecer seu próprio regime 
político do que levar a idéia de liberdade a outros povos.” (COMPARATO, 2001, p. 127) 
 
4 No início da Declaração, faz-se a seguinte afirmativa: “Consideramos as seguintes verdades como auto-
evidentes, a saber, que todos os homens são criaturas iguais, dotadas pelo seu criado de certos direitos 
inalienáveis, entre os quais a vida, a liberdade e a busca da felicidade.” Tradução de Fábio Konder Comparato 
(2001). 
 
Rev. Jur., Brasília, v. 9, n. 85, p.92-107, jun./jul, 2007 97 
Diante disso, com a positivação dos direitos em Declarações dos Estados, Bobbio (1992) 
entende que os Direitos Humanos5 ganham em concretividade, mas perdem em 
universalidade, pois só têm validade no âmbito do Estado que os reconhece. 
Neste ínterim, Bobbio (1992) cita como exemplo, além das Declarações acima estudadas, a 
Declaração de Direitos da Revolução Francesa. Entretanto, neste estudo acompanhamos o 
entender de Comparato (2001) segundo o qual, ao contrário da Declaração de 
Independência dos Estados Unidos, a Revolução Francesa pretendeu anunciar-se para 
todos os povos e todos os tempos. Neste sentido, na Assembléia Nacional Francesa sobre a 
redação da Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, Duquesnoy, citado por 
Comparato, explicou: 
Uma declaração deve ser de todos os tempos e de todos os povos; as circunstâncias mudam, 
mas ela deve ser invariável em meio às revoluções. É preciso distinguir as leis e os direitos: as 
leis são análogas aos costumes, sofrem o influxo do caráter nacional; os direitos são sempre os 
mesmos. (COMPARATO, 2001, p. 128) 
Assim também pensa Bonavides, segundo o qual “a universalidade se manifestou pela vez 
primeira, qual descoberta do racionalismo francês da Revolução, por ensejo da célebre 
declaração dos Direitos do Homem de 1789.” (2002, p. 516) No entendimento de Bonavides, 
as declarações anteriores, de ingleses e americanos ganhavam em concretude, entretanto 
dirigiam-se ou a um povo específico, ou a uma camada social privilegiada, enquanto a 
Declaração francesa tinha por destinatário o gênero humano. Assim, 
enquanto os norte-americanos mostraram-se mais interessados em firmar sua independência em 
relação à coroa britânica do que em estimular igual movimento em outras colônias européias, os 
franceses consideraram-se investidos de uma missão universal de libertação dos povos. 
(COMPARATO, 2001, p. 50) 
Além disso, os Estados Unidos deram ênfase às garantias judiciais dos Direitos 
Fundamentais, ao oposto dos franceses, que se limitaram quase que tão somente a declarar 
direitos, sem mencionar os instrumentos judiciais que os garantissem. Comparato (2001), 
contudo, não entende tão necessárias as garantias, pois, segundo ele: 
O Direito vive, em última análise, na consciência humana. Não é porque certos direitos subjetivos 
estão desacompanhados de instrumentos assecuratórios próprios que eles deixam de ser 
sentidos no meio social como exigências impostergáveis. [...] a vigência dos direitos humanos 
independe do seu reconhecimento constitucional, ou seja, de sua consagração no direito positivo 
estatal como Direitos Fundamentais. (COMPARATO, 2001, p. 134) 
Não obstante, em princípio achava-se que a Declaração de 1789 não tinha caráter 
normativo, por não possuir a sanção do monarca, não passando de uma declaração de 
princípios. Posteriormente, entretanto, foi reconhecido que a competência decisória por ela 
exercida era proveniente da vontade da Nação, como Poder Constituinte, e que o rei não 
passava de poder constituído. 
José Afonso da Silva, inspirado em Jacques Robert, refere ainda que a Declaração Francesa 
partiu de três caracteres fundamentais: o intelectualismo, porque a declaração era “antes de 
tudo um documento filosófico e jurídico que devia anunciar a chegada de uma sociedade 
ideal” (2002, p. 158); o mundialismo, pois os valores ali declarados ultrapassavam a esfera 
do país para atingir toda a universalidade de seres humanos; e o individualismo, pois só 
consagrava as liberdades do indivíduo, preocupando-se tão somente em defendê-lo contra o 
Estado. 
 
5 Neste momento utilizamos a expressão “Direitos Humanos” por ser esta a utilizada pelo autor em questão. 
 
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Há que se referir, ainda, a Declaração do Povo Trabalhador e Explorado, aprovado em 1918 
na ex-União Soviética, que, nas palavras de José Afonso da Silva, 
não se limitara a reconhecer direitos econômicos e sociais, dentro do regime capitalista, mas a 
realizar uma nova concepção da sociedade e do Estado e, também, uma nova idéia de direito, 
que buscasse libertar o homem, de uma vez por todas, de qualquer forma de opressão. (SILVA, 
2002, p. 161) 
Não há dúvidas de que tal declaração, aliada aos ideais Marxistas, influenciou profundas 
transformações na Sociedade e, conseqüentemente, na forma de atuação dos Direitos 
Fundamentais, como será estudadoa seguir. 
Entretanto, não podemos deixar de seguir o entendimento de Bobbio (1992) quando afirma 
que a Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948, é quem dá início à terceira e 
mais importante fase dos Direitos Fundamentais pois, além de sua universalidade, ela: 
Põe em movimento um processo em cujo final os direitos do homem deverão ser não mais 
apenas proclamados ou apenas idealmente reconhecidos, porém efetivamente protegidos até 
mesmo contra o próprio Estado que os tenha violado. (BOBBIO, 1992, p. 30) 
Não obstante, Bobbio (1992) lembra também que a Declaração de 1948 é apenas o início de 
um longo processo, pois não tem forças de norma jurídica. Surgida com o fim da Segunda 
Guerra Mundial a fim de combater as atrocidades cometidas contra a dignidade humana, no 
entender de Bobbio, a Declaração é apenas um ideal a ser alcançado6. 
Diante dessa vasta evolução histórica, podemos verificar a impossibilidade de ser atribuído 
aos Direitos Fundamentais apenas um fundamento absoluto. Ainda que a teoria do Direito 
Natural seja consistente no que diz respeito ao surgimento do pensamento direcionado à 
proteção da dignidade humana, não é suficiente para explicar todos os Direitos 
Fundamentais hoje existentes. 
Para Bobbio (1992), os direitos humanos positivados não derivam do estado de natureza, o 
qual foi utilizado apenas como argumento para justificar racionalmente determinadas 
exigências do homem. Segundo ele, o real surgimento de alguns direitos deriva das lutas e 
movimentos travados pelos homens cujas razões devem ser buscadas na realidade social 
da época, e não no estado de natureza, pois este revela a hipótese abstrata de um estado 
simples, primitivo, onde o homem vive com poucos carecimentos essenciais, oposto ao 
mundo de onde derivou toda a gama de Direitos Fundamentais que hoje conhecemos. Nas 
palavras de Cademartori: 
O seu fundamento de validade não é um dado objetivo extraível da natureza humana, mas o 
consenso geral dos homens acerca da mesma, já que tais direitos são reconhecidos por todas as 
sociedades civilizadas e estampados em Declarações Universais. (CADEMARTORI, 1999, p. 
34) 
 
4 Transformação do conceito: as três gerações de direitos fundamentais 
O conceito de Direitos Fundamentais está intimamente ligado à evolução da sociedade, o 
que, como visto anteriormente, acarretou uma modificação nas tutelas pretendidas e, 
conseqüentemente, abriu espaço para o surgimento constante de novos Direitos. 
 
6 A Declaração Universal dos Direito Humanos de 1948, por sua efetiva importância como instrumento de 
profunda modificação no conceito e respeito dos Direitos Fundamentais, é mais profundamente estudada no 
Capítulo II. 
 
Rev. Jur., Brasília, v. 9, n. 85, p.92-107, jun./jul, 2007 99 
Os Direitos Fundamentais clássicos eram satisfeitos por meio de uma mera omissão do 
Estado. Com o desenvolvimento da sociedade, entretanto, tal conceito não mais bastou para 
o cumprimento das exigências supervenientes. Surgiram direitos que passaram a exigir uma 
atitude positiva por parte do Estado, o que atribui aos titulares de Direitos Fundamentais dois 
tipos de prerrogativas: liberdade e poder. Celso Ribeiro Bastos não compartilha, porém, do 
entendimento de Bobbio no sentido de que liberdade e poder são direitos antagônicos, pois 
entende que: 
Há muitas liberdades que nenhum prejuízo sofrem com o surgimento das novas modalidades 
protetoras do homem, demonstrando que numa grande área há plena complementaridade entre 
as duas sortes de garantias. (BASTOS, 2001, p. 181) 
O lema da Revolução Francesa, conforme afirma Bonavides (2002), profetizou a seqüência 
histórica da gradativa institucionalização dos Direitos Fundamentais, do que decorre sua 
divisão em três gerações7, sucessivamente: direitos da liberdade, da igualdade e da 
fraternidade. 
Os direitos de primeira geração correspondem aos direitos da liberdade, e foram os 
primeiros previstos constitucionalmente. Referem-se aos direitos civis e políticos, têm como 
titular o indivíduo e são direitos de resistência ou oposição contra o Poder Público. 
Pressupõem uma separação entre Estado e Sociedade, em que esta exige daquele apenas 
uma abstenção, ou seja, uma obrigação negativa visando a não interferência na liberdade 
dos indivíduos. Segundo Bobbio (1992), são direitos que reservam ao indivíduo uma esfera 
de liberdade “em relação ao” Estado. Nesta mesma dimensão, porém no que concerne aos 
direitos políticos, Bobbio afirma serem direitos que concedem uma liberdade “no” Estado, 
pois permitiram uma participação mais ampla, generalizada e freqüente dos membros da 
comunidade no poder político. 
Podem ser citados como exemplos de Direitos Fundamentais de primeira geração os direitos 
à vida, à liberdade e à igualdade, previstos no caput do artigo 5º da Constituição Federal de 
1988. Derivados de tais direitos, também podem ser destacados como direitos de primeira 
geração na Constituição brasileira as liberdades de manifestação (art. 5º, IV), de associação 
(art. 5º, XVII) e o direito de voto (art. 14, caput). 
Os direitos da segunda geração são os sociais, culturais e econômicos. Derivados do 
princípio da igualdade, surgiram com o Estado social e são vistos como direitos da 
coletividade. São direitos que exigem determinadas prestações por parte do Estado, o que 
ocasionalmente gerou dúvidas acerca de sua aplicabilidade imediata, pois nem sempre o 
organismo estatal possui meios suficientes para cumpri-los. Tal questionamento, entretanto, 
foi sanado nas mais recentes Constituições, tal como a brasileira, que prevê no art. 5º, § 1º a 
auto-aplicabilidade das normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais. Tratam-se 
dos direitos sociais. Partindo-se do raciocínio de Bobbio, são direitos de liberdade “através” 
ou “por meio” do Estado. 
Na Constituição brasileira de 1988, tais direitos estão elencados em capítulo próprio, 
denominado “dos diretos sociais”, onde estão descritos diversos Direitos Fundamentais, 
dentre os quais os direito a educação, saúde, trabalho, moradia, lazer, segurança e 
previdência social (art. 6º, caput). 
 
7 Alguns autores criticam a utilização da expressão “gerações”, preferindo o uso do termo “dimensões” pois, 
conforme Sarlet, “o reconhecimento progressivo de novos Direitos Fundamentais tem o caráter de um processo 
cumulativo, de complementaridade, e não de alternância, de tal sorte que o uso da expressão ‘gerações’ pode 
ensejar a falsa impressão de substituição gradativa de uma geração por outra.” (1998, p. 47) Trata-se, entretanto, 
de uma discussão apenas terminológica, pois o conteúdo do conceito das “dimensões” ou “gerações” é pacífico 
na doutrina. 
 
Rev. Jur., Brasília, v. 9, n. 85, p.92-107, jun./jul, 2007 100 
Nesta tangente, nasceu um novo conceito de Direitos Fundamentais, os quais passaram a 
ser objetivados. Segundo Bonavides (2002), o Estado passou a ter a obrigação de criar 
pressupostos fáticos para a realização dos direitos, indispensáveis ao pleno exercício da 
liberdade, sobre os quais o indivíduo já não tem propriamente o poder. Tais pressupostos 
começam a inspirar também a legislação de Direitos Fundamentais constante de Tratados, 
pactos e convenções internacionais. Conforme Bonavides, “passaram a ser vistos numa 
perspectiva também de globalidade, enquanto chave de libertação material do homem.” 
(2002, p. 521) A ação começa a partir não de um Estado em particular, mas de uma 
comunidade de Estados. 
Assentados sobre a fraternidade, surgem os Direitos Fundamentais de terceira geração, os 
direitos difusos, os quais visam à proteção do ser humano, e não apenas do indivíduo ou do 
Estado em nome da coletividade. Nas palavras de Sarlet, “trazem como nota distintiva o fato 
de se desprenderem, em princípio,da figura do homem-indivíduo como seu titular, 
destinando-se à proteção de grupos humanos.” (1998, p. 50) 
A atribuição da denominação de “direitos de solidariedade” ou “fraternidade” aos direitos da 
terceira geração, no entender de Sarlet, é conseqüência da sua implicação universal, “por 
exigirem esforços e responsabilidades em escala até mesmo mundial para sua efetivação.” 
(1998, p. 51) 
A princípio, são identificados cinco direitos como sendo da terceira geração: o direito ao 
desenvolvimento, à paz, ao meio ambiente, o direito de propriedade sobre o patrimônio 
comum da humanidade e o direito de comunicação. Podem, entretanto, surgir outros direitos 
de terceira geração, à medida que o processo universalista for se desenvolvendo. Segundo 
Sarlet (1998), tais direitos ainda não estão completamente positivados nas Constituições, 
sendo em sua maior parte encontrados em Tratados e outros documentos transnacionais. 
Alguns autores têm admitido a existência de uma quarta geração de Direitos Fundamentais. 
Segundo Bonavides (2002), em meio a uma sociedade que caminha rumo a uma 
globalização econômica neoliberal, cuja filosofia de poder é negativa e intenta a dissolução 
do Estado Nacional debilitando os laços de soberania, os direitos de quarta geração surgem 
junto à globalização política na esfera da normatividade jurídica. São eles os direitos à 
democracia, à informação e ao pluralismo. Tais direitos formam o ápice da pirâmide dos 
Direitos Fundamentais. Para Bonavides, “os direitos de quarta geração compendiam o futuro 
da cidadania e o porvir da liberdade de todos os povos. Tão somente com eles será legítima 
e possível a globalização política.” (2002, p. 525) 
No tocante à aplicabilidade dos Direitos Fundamentais, Comparato atribui-lhes alguns 
princípios, os quais, segundo ele, “dão coesão ao todo e permitem sempre a correção de 
rumos, em caso de conflitos internos ou transformações externas.” (2001, p. 60) Dividem-se 
em princípios axiológicos e estruturais. Os princípios axiológicos supremos são os que 
formam a tríade da Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade. 
Os princípios estruturais são de duas espécies. O primeiro deles é o princípio da 
irrevogabilidade dos Direitos Fundamentais. A evolução histórica só faz ampliar a 
necessidade de formulação de novos Direitos e, por isso, aqueles já declarados e 
reconhecidos oficialmente não podem ser revogados, 
dado que eles se impõem, pela sua própria natureza, não só aos Poderes Públicos constituídos 
em cada Estado, como a todos os Estados no plano internacional, e até mesmo ao próprio Poder 
Constituinte. (COMPARATO, 2001, p. 64) 
O outro princípio consiste na complementaridade solidária. Seu conceito é bem declarado na 
Conferência Mundial dos Direitos Humanos, realizada em Viena em 1993, segundo a qual: 
 
Rev. Jur., Brasília, v. 9, n. 85, p.92-107, jun./jul, 2007 101 
Todos os direitos humanos são universais, indivisíveis, interdependentes e inter-relacionados. A 
comunidade internacional deve tratar os direitos humanos globalmente, de modo justo e 
eqüitativo, com o mesmo fundamento e mesma ênfase.8 
Daí extrai-se que “todos os seres humanos merecem igual respeito e proteção, a todo tempo 
e em todas as partes do mundo em que se encontrem.” (COMPARATO, 2001, p. 65) 
 
5 A constitucionalização dos direitos fundamentais 
Como conseguimos verificar, os Direitos Fundamentais são anteriores à idéia de 
constitucionalismo que, segundo Moraes, “tão somente consagrou a necessidade de 
insculpir um rol mínimo de direitos humanos em um documento escrito, derivado diretamente 
da soberana vontade popular.” (1998, p. 19) Assim, a Constituição reflete nada mais do que 
a positivação dos Direitos Fundamentais no âmbito interno dos Estados. 
Para Ricardo Fiuza, a finalidade primeira de uma Constituição é a garantia dos direitos 
individuais, “pois são os indivíduos que, unidos em soberania nacional, formam um Estado, 
cujos órgãos de poder, então, são estruturados.” (1991, p. 48) 
A constitucionalização surgiu justamente com os movimentos que formaram o ápice da 
institucionalização dos Direitos Fundamentais referidos anteriormente. Segundo Comparato 
(2001), os Estados Unidos foram os pioneiros no reconhecimento dos Direitos Fundamentais 
pelo Estado, elevando-os a nível constitucional. Não menos importante foi a Revolução 
Francesa, que trouxe no art. 16 de sua Declaração que “qualquer sociedade em que não 
esteja a garantia dos direitos nem estabelecida a separação dos poderes, não tem 
Constituição.” 
Pela acepção antiga de Constituição, esta não refletia um ato de vontade, nem do povo, nem 
dos governantes: exprimia simplesmente a estrutura social. Para Jorge Miranda, neste 
período a Constituição possuía um sentido institucional, que apenas legitimava a atuação do 
Estado, pois “sem princípios e preceitos normativos a regê-lo, o Estado não poderia 
subsistir; [...] é através desses princípios e preceitos que se opera a institucionalização do 
poder político.” (MIRANDA, 2002, p. 323) 
Assim, a Constituição moderna, que a doutrina denomina de “Constituição material”, passa a 
ser um ato de vontade, “o supremo ato de vontade política de um povo.” (COMPARATO, 
2001, p. 107) O novo Estado constitucional reflete uma profunda alteração nos ideais 
políticos, nas palavras de Jorge Miranda: 
Em vez da tradição, o contrato social; em vez da soberania do príncipe, a soberania nacional e a 
lei como expressão da vontade geral; em vez do exercício do poder por um só ou seus delegados, 
o exercício por muitos, eleitos pela colectividade; em vez da razão do Estado, o Estado como 
executor de normas jurídicas; em vez de súditos, cidadãos e atribuição a todos os homens, 
apenas por serem homens, de direitos consagrados nas leis. (MIRANDA, 2002, p. 45) 
A partir de então, o constitucionalismo passa a regular as atividades dos governantes e suas 
relações com os governados: “Em vez de os indivíduos estarem à mercê do soberano, eles 
agora possuem direitos contra ele, imprescritíveis e invioláveis.” (MIRANDA, 2002, p. 326) 
Ainda conforme Jorge Miranda, a Constituição não passa de um meio para atingir uma 
finalidade, que consiste na proteção que se conquista em favor dos indivíduos. Segundo 
suas palavras: 
 
8 Tradução extraída de Comparato, 2001, p. 65. 
 
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O Estado constitucional é o que entrega à Constituição o prosseguir a salvaguarda da liberdade e 
dos direitos dos cidadãos, depositando as virtualidades de melhoramento na observância dos 
seus preceitos, por ela ser a primeira garantia desses direitos (grifamos). (MIRANDA, 2002, 
p. 326) 
Em razão da importância da Constituição material, surge então a necessidade de redigi-la 
em um documento solene, segundo Kelsen, “um conjunto de normas jurídicas que pode ser 
modificado apenas com a observância de prescrições especiais cujo propósito é tornar mais 
difícil a modificação dessas normas” (1998, p. 182), pelo que é denominada de Constituição 
formal. 
Destarte, as Cartas Constitucionais, na forma como hoje são conhecidas, são um reflexo da 
positivação dos Direitos Fundamentais, do que derivou a rigidez e supremacia constitucional 
que predominam no Estado de Direito. 
 
6 Internacionalização dos direitos fundamentais 
Conforme já estudado, os Direitos Fundamentais foram desde sempre direitos universais, ou 
seja, direitos inerentes ao homem pelo simples fato de fazer parte da raça humana. 
Entretanto, a proteção dos Direitos Fundamentais era exercida, até o século XIX, apenas 
nos limites do Estado do qual o cidadão fazia parte. Neste período, como refere Piovesan 
(2000), o Direito Internacional limitava-se a regular as relações entre Estados, em âmbito 
estritamente governamental. 
A internacionalizaçãodos Direitos Fundamentais teve seu início na segunda metade do 
século XIX, conforme leciona Comparato (2001), o qual divide-a em duas fases. A primeira 
delas manifesta-se em três setores, dos quais faz parte o Direito Humanitário, que 
compreende o conjunto de leis e costumes de guerra, visando à proteção dos soldados 
feridos, prisioneiros e sociedade civil9. Segundo Piovesan, o Direito Humanitário “se aplica 
na hipótese de guerra, no intuito de fixar limites à atuação do Estado e assegurar a 
observância de Direitos Fundamentais.” (2000, p. 123) Em decorrência, segundo a mesma 
doutrinadora, caracterizou a primeira expressão de limitação à liberdade e autonomia dos 
Estados no plano internacional. 
Junto ao Direito Humanitário, o outro setor indicado por Comparato (2001) consistiu na luta 
contra a escravidão, movimento marcado pelo Ato Geral da Conferência de Bruxelas, de 
1890, que estabeleceu regras de repressão ao tráfico de escravos africanos. 
Ao lado desses setores assume grande importância para a primeira fase da 
internacionalização dos Direitos Fundamentais a regulação dos direitos do trabalhador 
assalariado, que se deu com a criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 
1919. Instituída com o intuito de regular a condição dos trabalhadores no âmbito mundial, já 
possuía 183 Convenções aprovadas até junho de 200110. 
Piovesan (2000) cita ainda o surgimento da Liga das Nações, criada após a Primeira Guerra 
Mundial com o intuito de promover a cooperação, paz e segurança internacional. A 
Convenção da Liga das Nações, de 1920, continha previsões genéricas relativas aos direitos 
humanos, alcançando limites à soberania estatal através de sanções impostas aos Estados 
que violassem suas obrigações. 
 
9 Os documentos que marcaram essa fase foram: Convenção de Genebra (1864), que fundou a Comissão 
Internacional da Cruz Vermelha, e Convenção de Haia, que estendeu os princípios aos conflitos marítimos. 
10 Dado extraído do site da Organização Internacional do Trabalho, escritório Brasília: Disponível em 
http://www.ilo.org/public/portugue/region/ampro/brasilia/rules/organiza.htm. Acesso em: 25 set. 2004. 
 
Rev. Jur., Brasília, v. 9, n. 85, p.92-107, jun./jul, 2007 103 
Os referidos institutos, segundo Piovesan (2000), assemelham-se à medida que inserem o 
tema dos direitos humanos na ordem internacional. A partir daí, o homem passa a ser sujeito 
de Direito Internacional, e não somente o Estado do qual ele faz parte. Passaram a existir 
interesses transnacionais, que não mais representavam a vontade do Estado, mas sim 
interesses mundiais. Nas palavras da referida autora: 
Através destes institutos, não mais se visava proteger arranjos e concessões recíprocas entre os 
Estados. Visava-se sim ao alcance de obrigações internacionais a serem garantidas ou 
implementadas coletivamente que, por sua natureza, transcendiam os interesses exclusivos dos 
Estados contratantes. Estas obrigações internacionais voltavam-se à salvaguarda dos direitos do 
ser humano e não das prerrogativas dos Estados. (PIOVESAN, 2000, p. 126) 
Ainda conforme Piovesan, 
Prenuncia-se o fim da era em que a forma pela qual o Estado tratava seus nacionais era 
concebida como um problema de jurisdição doméstica, restrito ao domínio reservado do Estado, 
decorrência de sua soberania, autonomia e vontade. (PIOVESAN, 2000, p. 128) 
Como sujeitos de Direito Internacional, consolida-se a idéia de que os indivíduos possuem 
capacidade internacional, e que o problema dos Direitos Fundamentais não se encontra 
restrito à jurisdição doméstica, mas “constituem matéria de legítimo interesse internacional.” 
(PIOVESAN, 2000, p. 128) 
A segunda fase da internacionalização dos Direitos Fundamentais, segundo Comparato 
(2001), situa-se no pós Segunda Guerra Mundial. Após os massacres e atrocidades 
praticados em decorrência do fortalecimento do totalitarismo estatal, a humanidade viu a 
necessidade de reconstrução dos Direitos Fundamentais, percebendo o valor supremo da 
dignidade humana. 
A partir de então, reforça-se a idéia de que a proteção dos Direitos Fundamentais não deve 
ser restrita à esfera do Estado, mas sim uma preocupação de âmbito internacional. 
Conforme Cançado Trindade (2000), já não se tratava de proteger indivíduos sob certas 
condições ou em determinadas situações, como na primeira fase, mas de proteger o ser 
humano como tal. 
Como afirma Piovesan (2000), passou-se então a buscar uma ação internacional mais eficaz 
para a proteção desses direitos, que culminou em uma sistemática normativa de proteção 
internacional, fazendo possível a responsabilização do Estado quando este mostrar falhas 
ou omissões na tarefa de proteção dos Direitos Fundamentais. Ainda segundo Cançado 
Trindade (2000), a proteção dos Direitos Fundamentais não se esgota na ação do Estado, e 
quando as vias internas ou nacionais se mostram incapazes para resguardar tais direitos é 
que são acionados os instrumentos internacionais de proteção. 
Para atingir tal fim, em 1945 criaram-se as Nações Unidas, com diversos objetivos de 
prossecução internacional, dentre os quais destaca-se a proteção internacional dos direitos 
humanos. Neste sentido versa o art. 1º da Carta da Organização das Nações Unidas, de 
1945: 
Art. 1º Os propósitos das Nações Unidas são: 
[...] 
3. conseguir uma cooperação internacional para resolver os problemas internacionais de caráter 
econômico, social, cultural ou humanitário, e para promover e estimular o respeito aos direitos 
humanos e às liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou 
religião. (grifo nosso) 
 
Rev. Jur., Brasília, v. 9, n. 85, p.92-107, jun./jul, 2007 104 
Nos dizeres de Piovesan: 
A Carta das Nações Unidas de 1945 consolida, assim, o movimento de internacionalização dos 
direitos humanos, a partir do consenso de Estados que elevam a promoção desses direitos a 
propósito e finalidade das Nações Unidas. Definitivamente, a relação de um Estado com seus 
nacionais passa a ser uma problemática internacional, objeto de instituições internacionais e do 
Direito Internacional. (PIOVESAN, 2000, p. 139) 
Também responsável pela internacionalização dos Direitos Fundamentais foi a Declaração 
Universal dos Direitos do Homem. Assinada em Paris em 10 de dezembro de 1948, foi o 
ápice do humanismo político da liberdade. Nascida com o intuito de cumprir com o disposto 
no art. 55 da Carta das Nações Unidas11, foi elaborada com o fim maior de fazer cessar a 
guerra e destruição entre países, cujo ponto crucial foi a Segunda Guerra Mundial. Em seu 
preâmbulo, coloca que “o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da 
família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da 
justiça e da paz no mundo.” 
Nos dizeres de Piovesan, “para a Declaração Universal a condição de pessoa é o requisito 
único e exclusivo para a titularidade de direitos.” (2000, p. 143) Tal documento foi, no 
entender de Bonavides, um misto de convergência e síntese: 
Convergência de anseios e esperanças [...]. Síntese, também, porque no bronze daquele 
monumento se estamparam de forma lapidar direitos e garantias que nenhuma Constituição 
lograra ainda congregar, ao redor do consenso universal. (BONAVIDES, 2002, p. 527) 
Segundo Piovesan, o fato de ter sido aprovada por 48 Estados, com oito abstenções, 
inexistindo qualquer questionamento ou voto contrário, torna a Declaração um documento de 
afirmação de uma ética universal “ao consagrar um consenso sobre valores de cunho 
universal a serem seguidos pelos Estados.” (PIOVESAN, 2000, p. 142) 
 
7 A experiência brasileira 
Desde a sua primeira Constituição, o Brasil já se preocupava com a defesa dos Direitos 
Fundamentais. A Carta de 1924 previa, em seu artigo 179, um rol de 35 (trinta e cinco)direitos destinados aos cidadãos brasileiros. Entretanto, a verdadeira garantia dos Direitos 
Fundamentais foi instituída com a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, 
na qual estão previstos, além do vasto rol de direitos e garantias individuais contidos em seu 
artigo 5º, uma enorme gama de Direitos Fundamentais espalhados pelo texto constitucional. 
É em decorrência dessa imensidão de direitos que a Carta de 1988 é hoje denominada 
“Constituição Cidadã”. 
No que concerne ao contexto internacional, o Brasil acompanhou a evolução da 
universalização dos Direitos Fundamentais desde o seu início, tendo demonstrado histórica 
preocupação com a garantia desses mesmos direitos. Como afirma Cançado Trindade: 
[...] já nos primórdios da fase legislativa de elaboração dos instrumentos internacionais de 
proteção dos direitos humanos, e mesmo antes deles, se formara no Brasil uma corrente de 
pensamento entre jusinternacionalistas aos quais corresponderam, em diferentes graus, 
contribuições para iniciativas de outrora do governo brasileiro, no sentido de que a noção de 
 
11 O artigo 55 da Carta das Nações Unidas versa o seguinte: “Com o fim de criar condições de estabilidade e 
bem-estar necessárias às relações pacíficas e amistosas entre as Nações, baseadas no respeito ao princípio da 
igualdade de direitos e da autodetermiNação dos povos, as Nações Unidas favorecerão: [...] c) o respeito 
universal e efetivo dos direitos humanos e das liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, 
sexo, língua ou religião. (grifo nosso)” 
 
Rev. Jur., Brasília, v. 9, n. 85, p.92-107, jun./jul, 2007 105 
soberania, em sua acepção absoluta, mostrava-se inadequada ao plano das relações 
internacionais, devendo ceder terreno à noção de solidariedade. (TRINDADE, 2000, p. 35) 
Segundo Cançado Trindade (2000), ocorreram, entretanto, oscilações na prática do Direito 
Internacional no Brasil, ocorridas no período da ditadura militar, em que o país abarcou um 
longo período de autoritarismo, passando a adotar uma posição defensiva no plano 
internacional. 
Conforme afirma Piovesan (2000), foi ao longo do processo de democratização que a 
internacionalização dos Direitos Fundamentais fortaleceu-se no Brasil, “aceitando 
expressamente a legitimidade das preocupações internacionais e dispondo-se a um diálogo 
com as instâncias internacionais sobre o cumprimento conferido pelo país às obrigações 
internacionalmente assumidas.” (PIOVESAN, 2000, p. 232) 
Destarte, o rol de Tratados Internacionais de Direitos Fundamentais ratificados pelo Brasil é 
hoje substancial. Dentre eles destacam-se: Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos 
(1992), Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1992), Convenção 
para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio (1951), Convenção contra a Tortura 
e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes (1989), Convenção 
sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a Mulher (1984), Convenção 
sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial (1968), Convenção sobre os 
Direitos da Criança (1990), Convenção Americana de Direitos Humanos – Pacto de San 
José da Costa Rica (1992) e seu Protocolo Adicional (1996), Convenção Interamericana 
para Prevenir e Punir a Tortura (1989) e Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e 
Erradicar a Violência contra a Mulher (1995). 
Dentre os Tratados dos quais o Brasil é signatário, destaca-se a Convenção Americana 
sobre Direitos Humanos - Pacto de São José da Costa Rica - de 1969, que, além de prever 
normas de direito material, estabelece órgãos competentes para verificar o cumprimento dos 
compromissos assumidos pelos Estados-partes, quais sejam a Comissão Interamericana de 
Direitos Humanos e a Corte Interamericana de Direitos Humanos. O Brasil aderiu à 
convenção em 1992, porém reconheceu a competência jurisdicional da Corte apenas em 
1998. 
 
8 Considerações Finais 
A conjugação de idéias basilares a respeito dos Direitos Fundamentais permitiu-nos verificar 
que a busca pelo correto conceito desses direitos envolve a delimitação de sua trajetória 
histórica, que se iniciou logo que o homem passou a se relacionar em sociedade. 
Seguindo esta análise, percebemos que os Direitos Fundamentais não estão limitados à 
Constituição, e estão nela dispostos apenas para eivarem-se de uma maior intangibilidade. 
Nesta tangente, verificamos que os Direitos Fundamentais não se restringem à esfera 
interna, mas são um misto de conquistas derivadas da luta pelo direito e da tentativa de 
regulação da vida em uma sociedade cada vez mais internacional. 
Abstract: The present theoretical digression has the purpose to study the concept and the 
evolution map of the Basic Rights, since its origin as natural laws of the man until it has been 
written in the Constitutions and its international extension. To do this, we will analyze the 
documents and the factual and cultural supports that had formed the landmark of the three 
generations of Basic Rights, transforming them into guarantees of the man against to the 
sovereign State. Through this study, we will be able to identify the real meaning of these 
rights, its historical extension and consequences, helping the understanding of the current 
context and the solutions to the crisis of the Contemporary State. 
 
Rev. Jur., Brasília, v. 9, n. 85, p.92-107, jun./jul, 2007 106 
Keywords: basic rights; constitution; internationalization 
 
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Revista Jurídica 
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