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DIREITO ROMANO HISTÓRIA

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TNTRoDUçÃo À msrÓru¡. oo DIRErro
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4
DIREITO ROMANO
SUMÁRIO: 4.1 Breves considerações em torno da estrutura e fun-
ção da fórmula com cláusula arbitrária no Processo Romano Clás-
sico: 4.1.1 O direito pretoriano; 4.1.2 A fórmula; 4.1.3 Afórmula
com cláusirla arbitrária; 4.2 O edito perpétuo: 4.2.1 Introdução;
4.2.2 O Edito Perpétuo de Sálvio Juliano; 4.2'3 Conclusão; 4.3
Os jurisprudentes: 4.3.1 Introdução;4.3.2 Gaius - Gaio;4.3.3 Ae-
milius Papinianus 
- 
Papinianoi 4.3.4 Domitius Ulpianus 
- 
Ulpia-
no; 4.3.5 Julius Paulus 
- 
Paulo; 4.3.6 Herennius Modestinus -Mo-
destino; 4.3.7 Conclusão;4.4 Raízes históricas da exceção de pré-
executividade: princípio do contraditório, processo de execução e
exceção de pré-executividade: 4.4.1 O princípio do contraditório
no processo de execução; 4.4.2 A exceção de pré-executividade;
4.4.3 Raízes históricas; 4.4.4Direito Romano: o interdito;4.4.5
Direito intermédio; 4.4.6 Conclusão; 4.5 Bibliografia.
4.L Breves considerações em torno da estrutura efunção dat'ór-
mula com cláusula arbitrária no Processo Romano Clássico
4.1.1 O direito pretoriano
Em outra oportunidade, já havíamos rèssaltado o enonne signi-
ficado do direito pretoriano, cuja principal atribuição consistiu em
completar, suprir e interpretar as lacunas da lei, corrigindo, ainda, o
rigor de seus efeitos, os quais, por vezes, resultavam em flagrante ini-
qüidade ou prejuízo considerável para as partes.
Mas, conforme então lembrávamos, com a gradativa expansão
da República, os-pretores urbanos já não maiíse apresentavam sufi-
58 TNTRoDUçÃo À rusróruR oo DIREITo
cientes para atender aos inúmeros problemas que se sucediam ,razão
porque se instituíram outros, peregrinos, comjurisdição sobre os lití-
gios postos entre cidadãos romanos e esû:angeiro s (242 a.C.). A esta
altura, distinguiam-se, também, dois juízos: os legítimos, em que o
juiz romano decidia, em Roma, ou até a uma milha da cidade, confli-
tos de interesses entre cidadãos romanos; e os chamados judicium
ímperium continentia, atendidos pelo pretor peregrino, 
- 
por consti-
tuírem função e poder d e seu imperium- envolvendo questões em que
pelo menos uma das partes não era romana.
Em tais casos, como desconheciam as partes o direito, bem agia
o pretor por fornecer a estas, como também ao juiz, uma instrução
porescrito; aproveitando o sistema, com sucesso, nas províncias, com
o tempo veio ter à metrópole, dele resultando as chamadas "fórmu-
las", cuja importância foi de tal modo relevante, que acabou por dar
nome ao período.
4.1.2 Afórmula
Assim, assumiu característica fundamental do processo formu-
lar a instrução que o pretor.fornecia ao juiz, para que este julgasse a
causa que lhe fora submetida à decisão.
Más a palavra fórmula há de ser examinada em dois sentidos : no
primeiro, a fórrnula modelo, constante do edito do prgtor, disposição
_ 
colocada I n abstracto edirigida a todos; no segundo, de maneira mais
específica, a fórmulajndicium, aplicada ao paso concreto, isto é, a
processo determinado, ondejá se designavam os seus dados princi-
pais, tais como o nome dojuiz e das partes, aimportânciapretendida
ou o bsm reclamado: ao contrário do antigo sistema das ações da lei,
onde tudo transcorria oralmente, figurava, agora, uma recomendação
por escrito, rediþidapelo magistrado, após oitiva sumária das partes e
na qual vinham esclarecidos os pontos de direito, bem como os fatos
que o juiz devia levar em conta ao proferir seu julgamento.
Em tal conformidade, enquanto no edito, a fórmula não passa
de paradigma estabelecido em caráúer geral a respeito da eventual
questão ocorrente, desde o momãnto em que esta realmente surge, a
fórmula adquire vida, funcionando como instrução escrita para aque-
le caso concreto, agindo exclusivamente naquele processo que está
para serjulgado.
Gaio, na sua objetividade quase que lacônica, enuncia as quatro
partes essenciais da fórmula, demonstratio, int entio, adj udicatio, con-
demnatio (Inst. 4. 39), passando, a seguir, a defini-las e a fornecer al-
guns exemplos de cada qual.
Continhamas fórmulas, entretanto, outros elementos, essenciais
ou acessórios: antes da demonstratio vinha a designação do juiz in-
cumbido de prolatar a sentença, nominatio judicis; além disso, erh
certos casos, inseriam-se apraescriptio pro actore oupro reo, substi-
tuída esta, depois, pela exceptio; e, ainda, a replicatio, resultante da
exceptio,' alegada pelo réu; a duplicatio, a treplic atio.
Enquanto nademonstratio se achava contida, em linguagem
moderna, a.causa do pedido, isto é, descreviam-se, embora sucin-
tamente, os fatos e fundame-ntos jurídicos do pedido 
- 
quod Aulus
A ge rius de N umerio N e gidio hominem v endidit 
-, 
a intentio úaduzia a
pretensão do demandante, onde o autor desiderium suum concludit:
"si paret N. NegidiumA. Agerio sestertium X milia dare oportere"
(Inst. 4, 40 e4l).
Existiam fórmulas.que se resumiamnaintentio: etao caso das
actione s praejudiciales 
, ações que se destinavam a obter o reconheci-
mento de um fato que serviria de fundamento a outra ação; diziam
respeito ao estado das pessoas, ao direito de famflia, aos bens patri-
moniais; nelas, encontraria a doutrina moderna o conceito da ação
meramente declaratória.
A vantagem da ação prejudicial residia na circunstância de tor-
nar o fato indiscutível quandojulgado por sentença; e não é outro o
proveito no direito atual, pois se a apreciação de questão prejudicial
não f.az coisa julgada quando levantada pelo réu, na contestação, ou
quando incluídapelojuiz, namotivação de sua sentença, forçosamente
o fará quando provocada e proferida em ação declaratória incidental
(art.47O do Código deProcesso Civil).
DIREITOROMANO 59
60
Nestas ações, não havia falar em condemnatio, pois o juiz se li-
initava a declarar, ou não, o direito pretendido; mas, de ordinário, nas
demais ações, completava-se a fórmula com a condenação ou absol-
vição do réu: 'Judex N. Negidium A. Agerio sestertium X milia con-
demna; si non paret, absolve"; (Inst., 4,43) finalmente, incluía-se, em
certas açóes, a adj udic atio, 
- 
ouesta substitu ía a c ondemnatio 
- 
quan-
do se mostrava necessário transferir a propriedade da coisa para uma
das partes (Inst. 4, 42).
4.I .3 Afórmula com clnusula arbitrária
Mas a condenação, no processo formulário, devia consistir, sem-
pre, no pagamento de uma determinada quantia em dinheiro; este prin-
cípio era fundamental, atestando-o a lição de Gaio e os textos do
Digesto: 'A condenação,
em todas as fórmulas que a contêm, é con-
cebida sob forma de avaliação em dinheiro. Assim, se pedirmos qual-
quer coisa corpórea, como um fundo, um escravo, uma roupa, ouro,
prata, ojuiz não condena o réu à prestação da própria coisa, objeto do
litígio, como era costume fazer-se antigamente, mas o condena ao
equivalente em dinheiro, depois de avaliada a coisa" (Inst. 4, 48). 'Ait
praetor, condemnatus utpecuniam solvat: ajudicato ergo hoc exigitur,
ut pecuniam solvat" (D. 42, l, 4, 3).
Esta exigência, se portava utilidade, pois conferia ao autor o di-
reito de obter o pagamento da condenação mesmo se a coisa litigiosa
houvesse desaparecido no curso da demanda, isto é, entre a litiscon-
testatio e asentença, trazia, poroutro lado, viários inconvenientes; com
efeito, às vezes, a pretensão do demandante se situava na restituição
de um bem especíhco e determinado, de sua propriedade, não lhe in-
teressando a substituição em pecúnia; porisso, tratando-se, porexem-
plo, de objeto de estimação do autor, é evidente que este não via satis-
feito seu anelo com o recebimento do equivalente em moeda corrente,
mesmo porque a quantia não lhe iria lrazer de volta o bem que se acha-
va fora da esfera de seu patrimônio e que, malgrado ganhasse aação,
não lhe seria devolvido. Da mesma forma, nas obrigações de fazer, o
que o demandante realmente desejava era a execução da tarefa contra-
DIREITOROMANO 6I
tada, não lhe parecendo suficiente o simples pagamento da quantia
fixada pelo juiz na sentença.
E não era só, pois ocorria, ainda, outro estorvo: com a listiscon-
lestatio, dera-se umanovatio necessária, pela qual a anterior obriga-
ção de direito material fora substituída por uma obrigação de direito
processual;de tal sorte, o credornãopossuíamais crédito ao bem, mas
crédito ao dinheiro que deveria ser pago pelo devedor; se, antes da
. condenação, este se tornava insolvente, ficava aquele na contingência
de arcar com os azares de um indesejado concurso de credores.
Para obviar todos estes èmbaraços à pretensão do demandante,
costumava-se colocar na fórmula uma cláusula pela qual se determi-
nava que a condenação pecuniária não incidiria caso o_réu restituísse
ou exibisse a coisa pleiteada (Inst..4, 163). Em tais hipóteses, o juiz, .
após afirmar o direito do autor, mas antes de atingir a condenação, ou
melhor, como prejudicial desta, possibilitava ao réu a restituição da
coisa: será condenado, a não ser que restitua. Se o réu atendia à deter-
minação, o processo aí se encerrava; não acatada a ordem, aquele pros-
seguia, culminando com a sentença condenatória.
O exemplo clássico da fórmula com cláusula arbitrrária provém
de Cícero: "L. Octavius judex esto: si paret, fundum Capenatem, quo
de agitur ex jurÞ Quiritum P. Servilli esse, Neque is Fundus Q. Catulo
Restituetur" (II actio contraVerres, Lib. II, XII, 31).
Buscava-se, assim, com a altemativa da restituição em espécie, a
imediata e precisa satisfação da pretensão do autor. E, para compelir o
réu a devolver ou exibir* estabelecia-se, também, que o valor da coisa
devia serestimado, sobjuramento, pelopróprio autor; istoJ, ainda que
o valor da causa fosse assentado pelo juiz,permitia-se ao autor, sob
juramento estimatório, avaliar a quantia correspondente ao bem pre-
tendido. Ora, esta faculdade conferia ao demandante, emtora sob ju-
tamento, aprerrogativa de estimar à.coisa um alto valor, trazendo, por
conseqüência, condenação majorada no cas'o do seu não cumprimen-
to pelo demandado.
Por isto, às vezes, com vistas a coibir os naturais exageros da
estimativa, limitava o juiz o juramento até quanti a.certa, mais consen-
TNTRoDUÇAo À slsróRll po DIREITo
62 TNTRoDUçÃo À ursróRre oo DrRErro
tânea com o valor real do bem, mas, de qualquer forma, sempre mais
onerosa para o condenado (D. 12, 3, 5).
Interessante observar: séculos passados, quando darecepção do
Direito Romano na Europa continental, o juramento estimatório vai
aparecer, em Portugal, nas Ordenações Afonsinas, Liv. III,TíI.}L,2,
ali constando que se o vencedorquiserhaversomente averdadeiravalia
da coisa, poderájurar aos Santos Evangelhos, e segundo o que afir-
mar, assim seráo réucondenado;mas o seujuramentotemlimite, não
podendo ir além da avaliação, fixada de antemão, pelo julgador.
Atualmente, a doutrinaveio criarcondições bastantes paracoar-
tar o devedor da obrigação a satisfazê-la em espécie,'isto é, sem que
seja reduzida ao correspondente montante em pecúnia ou resolvida
ern'perdas e danos; as astrçintes do direito francês e, entre nós, as
medidas coercitivas, tais comò a multa estabelecida por.dia de atraso,
quando dcì descumprimento do contrato, são exemplos dignificativos
da solução adotada; (arts. 644 e 645 do Código de Processo Civil) tais
cláusulas, como se sabe, visam obter o "adi¡nplemento da obrigação
pela prestação do próprio executado, compelindo a cumpri-la para
evitar as pesadas sanções que o amqagam".
Pois isso acontecia, sob certa forma, também no processo ro-
mano, porforçado quedispunhaacláusula arbitrária; embora se dis-
sesse que "quia non facit quod promisit, in pecuniam úumeratam
condemnatur" (D. 42,I, L3,1), verdade é que a cláusula em exame
continha o propósito de fornecer ao demandante a satisfação plena,
específica, de suapretensão; isto é, diligenciava-se no sentido de que
este não recebesse tão-somente o valor em dinheiro, corresponden-
te ao valor do bem pretendido 
- 
ou, ainda, o.valor correspondente à
obrigação que o devedoravençararealizar-,mas, isto sim, aprópria
coisa, objeto do pedido formulado.
Emrazáo do préstimo alcançado, difundiu-se o emprego da
cláusula arbitrária tanto eirtre as ações reais quanto pessoais: na
reivindicatio, na hereditatís petitio, na vindicatio pignoris, na
vindicatio servitutis ou usufructus etc.i além destas, na actio ad
exhibendurn, na actio aquae pluviae arc endae,naquelas rgsultantes
DIREITOROMANO 63
dos interditos restitutórios quando o possuidor se negava aacatat a
ordem do pretor para a reintegração do bem; e, ainda, nas açóes quod
, rnet us c au s a, de do I o mal o, no xali s, d e i nj uri s, "fabi ana, calvisi ana,
pauliana", de eo quod certo loco etc.
'Hâ, na ordem jurídica, juízbs de direito e juízos de equidade.
Ademais, jz s est arEboni et aequi (D. 1, 1, 1, pr.). A cláusula arbitrá-
ria, colocada nas fórmulas, nada mais pretendia senão encontrar uma
solução de equidade, na qual ojuiz, antes de condenar, servia como
verdadeiro mediador entre as partes, propondo a restituição, a qual
traria, por conseqüência, a absolvição do réu.
E, por assim agir, es[ava-se atingindo, de maneira mais rápida e
eficiente, aliada à melhor objetividade, apanágio dqs romanos, a solu-
ção do conflito de interesses colocado entre as partes.
4.2 O edito peryétuo
4.2.1 . Introdução
Dentro dp evolução histórica do Direito Romano, começa a se
formar, a certa altura, paralelamente ao ius civile,t um direito novo,
oripndo das idéias filosóficas do helenismo e emanado dos magistra-
dos, os quais procuram amenizar arigidezinflexível do antigo siste-
ma das legis actiones.
Esta atividade dos cônsulès, censores, tribunos, edis e, em es-
pecial, dos pretores, aos quais incumbia a administração da justiça,
só foi iniciada, no entanto, no período clássico; Gaio afirma que à
época da Lei das XII Tábuas e durante o largo tempo que se seguiu à
sua vigência, o pietor ainda não baixava editos;2 estes surgiram muito
(r) Digesto, I, I, 7, Papinianus, lib. 2, Definitionu*, "Jul uut"rn civile est,
' quod ex legibus, plebiscitis, senatusconsultis, decretis principum,
autoritatae pru dentium venit".
. 
(7) Gaio, Institufas, Comentário IV, ll: "Actiones quas in usu veteres
habuerunt, legis actiones appellabantur: vel ideo quod legibus proditae
64 TNTRoDUçÃo À snrózul po DrRErro
mais tarde, posteriormente inclusive à chamada Lei Hortênsia
(468
ab. U.C. 1286 A.C.), e somente após o abrandamento do primitivo
critério onde imperava a unidade legislativa;3 com efeito, a ação ino-
vadora dos pretores'aparece e ganha incremento unicamente apartir
da Lei Aebutia (630/605 ab. U.C./l511124 A.C.); ao que consta, o
mais antigo edito conhecido seria o do pretorRutilius, datando de
118 a.C.a
Ao assumiro cargo, opretorcomunicavaaos cidadãos os princí-
pios básicos que iriam regular suas funções, notadamente no que di-
zia respeito à administração judiciária; nessa oportunidade, especifi-
cava o magistrado quais as ações a que se propunha tutelar durante o
período normal de sua atividade, aqual se prolongavapolum ano, assi_m
o fazendo por meio de um proclama, denominado edito. Edito vem de
edico, edicis, edixi, edictum, edicere, e significa anunciar, dizer em
voz alta, publicar, determinar, estabelecer, ordenar; nahipótese aludi-
da, significavafazer aos cidadãos umacomunicação que apresentava
a característica de um ato regulamentar.s
Este era o significado do ius edicendi, o qual ganharia enorme
importância nessa fase da República, pois destinou-se, principalmen-
te, a completar e suprir as lacunas da lei, corrigindo, ainda, o rigor
dos seus eleitos.
Como a aplicação literal da lei resultava, por vezes, emflagrante
iniqüidade ou injustiçaparaa'parte, a ação do pretor, desenvolvidanas
novas fórmulas e fundada na equidade, conconeu, de maneira defini-
tiva, para aplacar a rigidez do direito posto.
erant, quippe tuncedicta praetoris quibus complures actiones introductae
sunt, nondum in usu habebantur".
(3) Digesto,I,II,2, Pomponius, lib. Sing., Enchiridii, $$ 9, l0 e 11 (De
origine juris); E. Glasson., Etude sur Gaius et sur quelques dfficultés
relatives aux sources du droit romain. Paris: A. Durand et Pedone
Lauriel, Éditeurs, G. Pedone Lauriel, Successeur, 1885. p.217.
(4) Silvio A. B. Meira. Curso de direito romano.História e fontes. São Pau-
lo: Saraiva, 1975. p. 124.
(5) E. Glasson. Op. cit., p.221-222.
DIREITOROMANO 65
O edito, estabeleçido oralmente, a princípio, passou' logo a se-
guir, a ser lançado por escrito no álbum branco, ficando exposto no
fórum, para conhecimento de todos;6 redigido em tábuas de madeira
branca 
- 
labulae dealbatae 
-, à guisa de cattaz,ttazia as nolmas es-
tampadas em letras negras, com rubricas vermelhas.T
Tais editos denominavam-se perpétuos, 
- 
no sentido de ânuos, isto
é; vigiam e obrigavam âurante o exercício do mandato do pretor que o
estabelecera;8 difereniiav¿lm-se, por isso, dos editos repentinos, utili-
zados nahipótese de surgir, no curso dapretura, algumacircuñstância
especial ou caso superveniente que determinasse sua expedição.e
Constituía-se o edito de váriasfórmulas e outras tantas promes-
sas do pretor, relativamente à concessão, quando necessária, de exce-
ções, interditos, estipulações, restituições por inteiro etc.
Tanto oþretorurbano (367 a.C.) quanto o peregrino (242a.C.),
ao dual cabia conduzir aS causas entre estrangeiros ou entre cidadãos
romanos e não-romanos, foram desenvolvendo suas atividades cada
Íez em màior escala durante o período que coincide com a expansão e
desenvolvimento da República e é contemporâneo às primeiras con-
(6) Segundo o mesmo Glasson (op. cit., p'295),os textos dê todos os editos
costumavam ser depositados na biblioteca do templo de Trajano'
(7) E. Glasson. Op. cit., p.222; Silvio A. B' Meira. Op. cit,, p.124;Y.
'Arzingio-Ruiz. Historiq del derecho romano' Trad' Francisco de
Pelsmaeker e Ivañez. Madrid: Instituto Editorial Reus-Centro de
Enseñanza y Publicaciones, 1943. p. 187; Pietro Bonfante' Hístoria
del derecho romano. Trad. José Santa Cru4Teijeiro. Madrid: Revis-
ta de Derecho Privado, 1944. vol. l, p. 334; Michel Villey. O direito
romano.Trad, Maria Helena Nogueira. Lisboa: Arcádia, 1973.p.53.
(s) DIGESTO, II, I, 7, Ulpianus, lib. 3, ad Edictum, pr. (de jurisdictione); se
alguém alterasse dolosamènte o que anunciava o edito, estava sujeito aos
efeitos de uma ação popular.
(e) E. Glasson. Op. cit., p.240; Paulo Kruger ' Historia, fuentes y literatura
de I de r e c ho r omano. Madrid: La España Moderna, [s'd.]. p. 3 3 ; Giuseppe
Grosso. Lezioni cli storia det diritto rofnano. Torino: G. Giappichelli,
1965. p. 285.
i
i{
!'
A obra de Alexandre
Pacificada a Grécia, voltou-se a atenção de Alexandre para a pérsia,
lerene ameaça para as ilhas gregas do Mar Egeu. À façanha que seu pai
não pudera realizar, ia empreendê-la ele próprio.
Atravessou o Helesponto e, à margem do Rio Grânico, os generais
persas de Dario III ofereceram-lhe batalha, Às falanges macedônicas lu-
tavamtorpo a corpo contra os persas, meùos organizados. Alexandre es-
tava crivado de flechas que não lhe penetravam a couraça e animava
seus comandados.
Apôs vencer em Grânico, Alexandre era senhor da capadócia. No
campo de batalha, continuava a levar a vida frugal de sempre, rejeitando
os presentes dos governadores vencidos que das diversas cidades lhe en-
viavam iguarias.
À batalha de Issus representou o crepúsculo do império persa. Dario
III morreu assassinado antes de poder revidar a Alexandre (333 a.c.).
Magnânimo com os vencidos, Alexandre sentiu profundamente o
assassinato de Dario III, e não descansou enquanto não puniu com a
morte o traidor homicida. Ttatou com generosidade a imperatriz da pérsia
e desposou sua filha Roxana, para unir, pelos laços familiares, duas di-
nastias antes inimigas.
No governo da Pérsia, Alexandre empregou príncipes e magistrados
peisas, mantendo o uso e.os costumes pêrsas, apenas exigindo a subordi-
nação alseu trono imperial. Essa atitude de Alexandre, inédita na Antigui-
dade, repetiu-se quando o Egito e a Mesopotâmia foram anexados a seu
império.
Fundou no Egito a cidade de,\lexandria, em que reuniu numa bibli-
oteca todos os documentos que coligira através da,Á.sia Menor, relativos à
história e à cultura da Antiguidade oriental.
concepção da dignidade humana, dele decorrente12.
I2. Benoist-Méchin, Alexandre Magno, Lisboa, Lello e Irmãò Ed., t980, p. t90.
a: a u.n "nqldo s.oþ a .
as riqu ais das diver-
Mas a morte o ceifou aos trinta e dois anos (323 a.c.), na cidade de
Babilônia, de uma febre que o acometeu repentinamente. sua morte foi
pranteada por todos os seús súditos, gfegos, africanos e asiâticos. A his-
tória lhe concedeu o título de "Magno", Grande'
ROMA
No tempo dôs reis
Enquanto Esparta e Atenas disputavam a prlmazla no Bálcãs, a ci-
dade de Roma se impunha como líder inconteste da Itâlia'
Antiga cidade livre de bandoleiros etruscos, â cidade das margens
do Tibre foi fundada em 754 a.C., segundo Varrão'
os romanos se vangloriavam de serem descendentes dos troianos,
pois Enéias, fugitivo de Ttôia, arribou ao Lâcio, onde fundou Alba. Albanos
eram Rômulo e Remo, fundadores da Urbe'
como todas as cidades antigas, Roma era uma confederação de fa-
mîlias patriarcais em torno de um rei, que figurava como pater famllias
maior. Sua estrutura era baseada no culto dos ântepassados, próprio de
cada família, e, como na Grécia, as gens, ou gruPos de família' tinham
como laço de união um antePass4do comum'
As famílias, ao formarem a cidade, não abdicavam de seu direito
próprio (ius privatum), emanação do tç.q" 9ot:" .
O pater era a suprema autoridade n ser esse
.uiio; o Ëstado romano respeitava sua autoridade de juiz dos membros
da família. Respeitava, ainda, o direito de propriedade de cada família
sobre o terreno em que construía casa, residência dos vivos, altar dos
antep.assados da familia. Não interferia quando o primogênito assumia o
.rrgÀ d"i*udo vacante pela morte do pai, e não lhe impugnava a função
de ârbitro nas questões familiares.
Por outro lado, a associação de familias para constituir a cidade ti-
nha dado origem a relações novas, extradomiciliares, reguladas pelo direi-
to da cidade
Çus publicum). Mas isso não significava um conflito de leis: o
direito privado e o público tinham sua esfera determinada de iurisdição.
. 2V ,i.:..
I
I
/n
Para impedir atitudes do rei que viessem a resultar em menoscabo
dolus privatum é que existia o Senado, assembléia composta pelos gran-
des chefes de famílias romanas ou patrícios (de pater).
Vemos, pois, que Roma tinha um governo monárquico, temperado
pela influência do Senado, que elegia o novo rei quando o ocupante vi-
nha a falecer.
' Numa Pompílio foi um rei que acatou a autoridade do Senado, gran-
de observador das tradições religiosas romanas.
Na mesma linha de conduta, Túlio Hostílio levou as legiões roma-
nas a conquistar Alba. o apoio que recebeu da a¡istocracia estâ celebra-
do na lenda dos Horácios 
- 
três irmãos que derrotaram os curiáceos, de
Alba, num combate singular, imortalizado por corneille ao escrever Horcce
no século de Luís XIV.
Outros reis, como Tarquínio Prisco, embelezaram a cidade de Roma.
sêrvio Túlio levou Roma à hegemonia da ltália, fazendo-a ingressar na
Liga das Sete Colinas, de que participavam quase todas as cidades da
Itália central. Roma, sob seu reinado, tornou-se líder da ltália, no século
VI a.C. Entretanto, foi deposto pelo genro, o ambicioso Tarquínio,
.cognominado "O Soberbo", que se tornou um déspota.
Quando seu filho, Sexto, violentou a matrona Lucrecia, Tarquínio
não atendeu ao clamor dos nobres romanos.
No ano 509 a.C., achando-se Tarquinio fora da cidade, o marido da
matrona ofendida, Lúcio Colatino, chefe da ordem Eqüestre dos cavalei-
ros Romanos, e o Prefeito Lucrécio aliaram-se a Lúcio Júnio Bruto, de
grande prestígio no Senado, e declararam deposto o rei ausente, procla-
mando a República.
Fustel de Coulanges nos diz que a.verdadeira razão da deposição
de Tarquínio foi sua pretensão de se tornar rei absoluto, com apoio da
plebe'3.
A Lei dasDoze Tábuas
A plebe era formada por todos os que, ou por serem estrangeiros, ou
por serem de famílias sem culto doméstico, ficavam à margem de um
ordenamento jurídico baseado na religião dos lares ou antepassados.
13. Fustel de Coulanges, op. cit., v 2, p. JO.
Para fazê-los partícipes da vida da cidade, os patrícios lhes oferece-
ram a clientela: seriam dependentes como servos dos patrícios (cluere =
obedecer),'e entrariam, assim, na ordem jurídica romana'
Muitos plebeus se tornaram clientes, mas também muitos preferiram
unir-se ao Rei Tarquínio, o que levou os nobres a proclamar a República'
o rei foi substituído por dois cônsules anuais, comandantes do exér-
cito, cujos poderes eram limitados pelo senado e pela assemblêia das
. cúrias ou famílias patrícias, Iideradas por curiões ou magistrados: os
censores ou recenseadores, que velavam sobre os costumes; os pretores
vam as finanças; os Pretores' que
as sentenças no Fôrum.
trícias, quando Roma estabeleceu
a cultura, as doutrinas igualitárias
do domicilio dos antepassados, in- '
tegrando-se à Plebe'
Por,outro lado, tornaram-se freqüentes as uniões entre patrícios e
plebeus, embora o casamento misto fosse vedado'
. Em 493 a.C., a plebe amotinada abandonou Roma, indo estabele-
cer-se no Monte Sagrado, tencionando vencer os nobres pela omissão. o
cônsul Menênio Agripa convenceu a plebe a legressar; e o Senado conce-
deu-lhe um tribunoou juiz especial: o tribuno da plebe- Este era inviolâvel
em sua pessoa e domicilio. sua autoridade não era sancionada pela reli-
gião, mas era de fato eficiente; alêm disso, a Plebe tomava suas decisões
através de plebiscitos.
. 
Havia, então, como que duas cidades: a dos patrícios, com os côn-
sules e o Senado; e a dos plebeus, com o tribuno da plebe e o plebiscito'
Depois disso, a plebe passou a exigir maior participação na cidade
patrícia, pela igualdade civil, política e religiosa.
A igualdade civil foiconseguida pela Lei dasDoze Tábuas. Em 4st
a-c., os pa.trícios entregaram a dez homens (decênviros) o encargo de
fazer leis de equiparação entre os patrícios e os plebeus. Viajaram pela
Magna Grécia (colônia grega do sul da lrália) e pela própria Grécia, e
voltaram com dados a fim de elaborar um novo ordenamento jurídico
para Roma.
Gravadas em lâminas de bronze e expostas no-Fórum de Roma, para
tôdos conhecerem a nova situação, as deteiminações capituladas nas Doze
Tábuas repièsentavam uma profunda ruptura com o passado, sobretudo
no que se refere ao conceito de direito.
A questão social em Roma
O advenro da democracia nos campos civil (IV século a.C.) e políti_
co levou ao poder os plebeus ricos, que compravam os votos nas assem-
bléias populares ou de centúrias. Do iv ao II sécuro a.c., os ricos, ariados
a-os aristocratas, govérnaram a cidade.
Modificações trazidas pelas Doze Tábuas
#Ð direito tornou-se púbrico e conhecido. Não mais se concebia a reide.caráter privado, proveniente ¿o .urio ¿. uma família. o direiro dosindivíduos passou a ser considerado "concessão do Estado,,, como diz
Fustel de coulanges- o direito costumeiro ced.eu lugar à lei escrita.
É inegâvel a influência das reis de Sóron, ranto que se chegou a pen-
sar em simples transcrição. Mastal não se deu: as rudunç", nã conceito
de direito e de lei são reiultantes de rma revolução nas idéias no seio dasfamílias aristocrâticas romanas.,
O culto doméstico foi posto à margem, por isso a lei perdeu seu
carâter sagrado. Expressão de vontade popula¡ tornou-se arteráver egeral.
A igualdade civir abriu campo para outras reformas estruturais: em367 a.C., Licínio Stolon propôs que um cônsul fosse plebeu , e, em 337
a.C., abriu-se para a plebe a porta de bronze do Senado.
Ora, desde 444 a.C., pela leide Canuleio os
casamentos mistos, portanto nada mais distin le_beu. Era a Rêpública democrárica, que se
estruturando durante um século, de 400 a.C. a 3OO a.C.
30 3T
A "nova classe" ocupava os altos cargos e as patentes do exército,
formando a òrdem eqúestre, enqLranto aí pessoas que não tinham co,ndi-
ções para equipar um cavalo combatiam a pê e constituíam os véI¡tes.
Com a conquista da Grécia, a ordem eqüestre rompeu com as tradições
que ainda restavam e aceitou 4 cultura grega'(250 a.C.).
Porém, a riqueza, segundo Fustel de Coulanges, não se impunha
como a nobreza de sangue. O respeito cedeu lugar à inveja, e esta dava
margem ao ódio. Nesta situação, os tiranos ou ditadores fazem-se eleger
pelos "prol número.
Valen rio Graco propôs
a divisão de terras dos ricos a partir de quinhentas
controle dos lotes pelo Estado (133 a.C.).,
O Senado reagiu violentamente: Tibério Graco foi assassinado em
pleno Fórum.
Mais prudente, seu irmão Caio Graco sugeriu a distribuição de tri-
go pelo Estado (Iex frumentaria). Isso arruinaria paulatinamente os lati-
fúndios.
O Senado, þorém, previu aonde conduzia a lei de Caio Graco e, após
perder este sua imunidade de tribuno, com a derrota eleitoral do ano 123
a.C., foi exilado de Roma. Porêm, o que os senadores nãó percebiam era
que, gradualmente, os- jovens romanos abandonavam as tradições béli-
cas, entusiasmados pela literatura grega, apesar dos esforços de Catão,
censor em 184 a.C.,para proibiJa.
Tristes dias ainda estavam por vir, embora fosse erigida uma coluna
no Fôrum em honra da concórdia.
As conquistas romanas no Mediterrâneo e no norte da África trariam
para Roma muitas riquezas no I século antes de Cristo. Entretanto, surgi-
riam generais, como Mário e Sila, que, liderando as facções em luta, mer-
gulhariam a outrora aristocrática Urbe na guerra civil, que só cessaria
com o advento dos Césares, ou ditadores perpétuos.
;úlro cÉsrn
O Primeiro Triunvirato em Roma
A queda da aristocracia fundada na religião domésticà não-foi segui-
da por uma igualdade política completa. Os plebeus mais ricos assumi-
ram os postos de mando e passaram a governar a cidade de Roma.
os plebeus pobres, como nos relata Fustel de
coulanges, revolta-
ram-se, ápoiando as ditaduras dos tiranos populares, os quais,-tomando
o poder, massacravam os ricos. um deles foi Mário, cônsul em 107 a.c.
Ao tomar o poder, organizou listas de proscrição contra os ricos e os
aristocratas. Estes responderam com a violência, Iiderados por Sila. E,
então, Roma mergulhou na guerra civil (86 a.C-).
O povo, que sofria enormemente, ansiava por dias melhores, e esta-
'va disposto a sacrificar sua liberdade para não perder a tranqüilidade.
Por isso, aceitou a ditadura perpétua, que lhe prometeu a paz interna há
tanto tempo almejada.
Três homens se apresentaram como mantenedores da paz pública:
Pompeu, Júlio César e Crasso.
Pompeu gozava de grande prestígio junto aos senadores, enquanto
Caio Júlio César ( 100- a4 a.C.) era visto pelos membros da magna Assem-
bléia como um homem Perigoso.
o Senador catão, descendente do antigo censor, sabia das rela-
ções mantidas outrora por Júlio César com Mârio, líder do proletaria-
,do, e foi com decepção que ouviu os discursos do Senador Marco
Túlio Cícero contra Catilina, quando este último conspirava contra o
Senado. Com efeito, nos quatro discursos contla Catilina (Catilinôri-
as), cícero não apon.tou |ûlio cêsar como cúm'plice, conforme catão
esPerava.
Por outro lado,,c^esa¡ ,gozava de grande prestigio junto^ ès classes
milit+Ies,por suas notáveis onde vencer-a*Väiã-tò,
célebre lider dos habitantes Portugal). Suas cam-
panhas na Península Ibérica foram financiadas peio rico Crasso, adver-
sário político de Pompeu. Crasso ganharaa confiança dos senaäores ao
derrOtar Espártaco, chefe dos escravos revoltados, que crucificou.ao lon-
go da Via Àppia.
Quando césar voltou para Roma, serviu de intermediário no apazi-
guamento entre PomPeu e Crasso.
Catão viu isso com inquietude: sabia que os três homens tinham em
comum o ódio à aristocracia do Senado. De fato, César conseguiu eleger-
se cônsul anual, apoiado por Pompeu, que trouxe consigo vários senado-
res, e, com o auxílio financeiro de Crasso, iniciou prontamente várias
reformas, dividindo'terras entre o povo, o que agradou à multidão, mas g
indispôs com o Senado.
Foi então que César pediu a Pompeu e a Crasso que o apoiassem'
Formou-se um governo de três ditadores: o Triunvirato (60 a.C.).
Como pretendiam intimidar os senadores, César e Pompeu concor-
daram em agir com violência: Catão foi preso PoI atacar os triúnviros, e
Cícero, que poderia se tornar perigoso, foi exilado.
Nesse momento, chegaram a Roma notícias alarmantes das Gálias
(França), onde o líder dos gauleses, Vercingetorix, procìamara-se em re-
beldia. Nomeado governador das Gálias pelos senadores, César Partiu a
fim de pacificar a região.
Após uma árdua campanha, em que mostrou seu admirável senso
militar, César subjugou os revoltosos e escreveu De BeIIo GaIIico, comen-
tário das guerras que manteve contra os gauleses.
Pompeu não via com bons olhos os triunfos sucessivos de seu com-
panheiro. ,\ estrela de césar brilhava a ponto de fazer empalidecer os
outros membros do Triunvirato.
assim, de voltar a Roma, onde temia que o Povo desse a César a coroa
real. César dèsobedeceu as ordens de Pompeu e atravessou o Rio Rubicão,
dizendo: " Alga jacta est!" (",A, sorte está lançada!")
Os soldados se recusaram a deter César na sua marcha triunfal em
direção
res. Na
a Roma, e então,Pompe-g fgglu para a-Grecia com Yg4ppÅel31þ-_-
de Farsália, César destroçou as exíguas troPas de que
dispunha seu rival (48 a.
Os idos de março e o Segundo Triunvirato
Pompeu fugiu para o Egito e lá foi assassinado por ordem do Rei
Ptolomeu, que pretendia o apoio de Cêsar. Porém, César apoiava Cleópatra
(irmã de Ptolomeu), a quem restabeieceu no trono que de direito the per-
tencia. Àntes de voltar para Roma, César venceu o Rei Mitídrates, revol-
tado contra Roma, e enviou ao Senado romano a famosa mensagem: "veni,
vidi, vici." ("Vim, vi e venci.")
O pôvo recebeu com delirio as notícias das vitórias e falou em aclamâ-
Io rei. Assustaram-se os senadores, e o rigoroso Catão, estoicamente, sui-
cidou-se para escapar à côlera de César e não sobreviver à República,
pois todos sabiam que César almejava tornar-se ditador vitalicio, supri-
mindo o Senado.

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