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AULA 1.1 013

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Unidade 1.1
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS: ERROS CLÁSSICOS, ESTRATÉGIAS DE LEITURA
0BJETIVOS
	1. Reconhecer as estratégias de leitura, a fim de facilitar 	a interpretação.
		2. Reconhecer os erros clássicos – redução, 			 		contradição e extrapolação.
		3. Resolver questões objetivas e discursivas de 				interpretação de textos.
VÓ CAIU NA PISCINA
									 				Carlos Drummond de Andrade
Noite na casa da serra, a luz apagou. Entra o garoto:
– Pai, vó caiu na piscina.
– Tudo bem, filho.
O garoto insiste:
– Escutou o que eu falei, pai?
– Escutei, e daí? Tudo bem.
– Cê não vai lá?
	 
– Não estou com vontade de cair na piscina.
	– Mas ela tá lá...
	– Eu sei, você já me contou. Agora deixe seu
pai fumar um cigarrinho descansado.
	– Tá escuro, pai.
	– Assim até é melhor. Eu gosto de fumar no
escuro. Daqui a pouco a luz volta. Se não
voltar, dá no mesmo. Pede à sua mãe pra
acender a vela na sala. Eu fico aqui mesmo,
sossegado.
	
	– Pai...
	– Meu filho, vá dormir. É melhor você deitar
logo. Amanhã cedinho a gente volta pro Rio,
e você custa a acordar. Não quero atrasar a
descida por sua causa.
	– Vó tá com uma vela.
	– Pois então? Tudo bem. Depois ela acende.
	– Já tá acesa.
	– Se está acesa, não tem problema. Quando
ela sair da piscina, pega a vela e volta
	 direitinho pra casa. Não vai errar o caminho, a
distância é pequena, você sabe muito bem que sua
avó não precisa de guia.
	– Por quê cê não acredita no que eu digo?
	– Como não acredito? Acredito sim.
	– Cê não tá acreditando.
	– Você falou que a sua avó caiu na piscina, eu 
acreditei e disse: tudo bem. Que é que você queria que eu dissesse?
	
	– Não, pai, cê não acreditou ni mim.
	– Ah, você está me enchendo. Vamos acabar
com isso. Eu acreditei. Quantas vezes você
quer que eu diga isso? Ou você acha que
estou dizendo que acreditei mas estou
mentindo? Fique sabendo que seu pai não
gosta de mentir.
	– Não te chamei de mentiroso.
		– Não chamou, mas está duvidando de mim.
	Bem, não vamos discutir por causa de uma
	bobagem. Sua avó caiu na piscina, e daí? É
		um direito dela. Não tem nada de
		extraordinário cair na piscina. Eu só não caio
		porque estou meio resfriado.
	 – Ô, pai, cê é de morte!
	O garoto sai, desolado. Aquele velho não
compreende mesmo nada. Daí a pouco chega a 		mãe:
	 – Eduardo, você sabe que dona Marieta caiu
na piscina?
	 – Até você Fátima? Não chega o Nelsinho vir 
com essa ladainha?
	 – Eduardo, está escuro que nem breu, sua mãe
tropeçou, escorregou e foi parar dentro da piscina,
ouviu? Está com a vela acesa na mão, pedindo para
que tirem ela de lá, Eduardo!
	Não pode sair sozinha, está com a roupa 			encharcada, pesando muito, e se você não for 		depressa, ela vai tem uma coisa! Ela morre, 				Eduardo!
- Como? Por que aquele diabo não me disse isto? Ele falou apenas que ela tinha caído na piscina, não explicou que ela tinha tropeçado, escorregado e caído!
Saiu correndo, nem esperou a vela, tropeçou,quase que ia parar também dentro d’água.
– Mamãe, me desculpe! O menino não me disse nada direito. Falou que a senhora caiu na piscina. Eu pensei que a senhora estava se banhando.
– Está bem, Eduardo – disse dona Marieta,
safando-se da água pela mão do filho, e sempre empunhando a vela que conseguira manter acesa.
– Mas de outra vez você vai prestar mais atenção no sentido dos verbos, ouviu? Nelsinho falou direito, você é que teve um acesso de burrice, meu filho!
 
A Loira E O Pinguim
	A loira exibia na praia suas formas exuberantes, adquiridas nas cinco horas diárias de malhação e duas de bronzeamento, quando um pinguim - daqueles que de vez em quando se perdem na Patagônia - vem do mar em sua direção.
 A moça se espanta, chega perto pra ver e continua a desfilar suas formas. O problema é que o pinguim, por alguma razão (muito fácil de entender se fosse homem) começou a segui-la pela praia toda.
 Sem graça, já que a dupla chamava muito a atenção, a loira vestiu suas roupas e seguiu pelo calçadão a caminho de casa. E o pinguim firme, atrás.
	
Lá pelas tantas, ela passa por um posto policial. O guarda estranha e fala pra ela:
	- Moça, não é por nada não... Mas tem um pinguim aí te seguindo!
	- Eu sei, seu guarda! - responde a loira, aflita - e eu não tenho a menor ideia do que fazer com ele!
	O policial então sugere: 
	- Ora, moça, leve a um zoológico!
	- Boa ideia! - disse a loira - vou fazer isso agora mesmo!
	A moça vai embora e, no dia seguinte, o mesmo guarda está no posto policial quando a vê passar de novo... com o mesmo pinguim andando atrás!
	
- Ué, moça... - espantou-se o guarda - Você não disse que o levaria ontem mesmo ao zoológico?
	- Eu levei! - responde a loira - E ele adorou! Hoje vou levá-lo ao cinema!
	
	
ERROS CLÁSSICOS DE INTERPRETAÇÃO
	 	 Ler muito não significa saber ler. Umas vezes, lemos compulsivamente, mas somos incapazes de explicar o conteúdo dos textos. 
		Outras vezes, acreditamos ter entendido um texto, mas depois descobrimos que isso não aconteceu. Os estudiosos no assunto apontam erros de maior incidência entre os estudantes. São os chamados erros clássicos de interpretação. Segundo esses estudiosos, são três:
Extrapolação (acréscimo) , Redução(carência) e
Contradição (inversão).
ACRÉSCIMO ( EXTRAPOLAÇÃO)
		O erro de acréscimo, como o próprio nome indica, acontece quando saímos do contexto, quando 
acrescentamos ideias que não estão presentes no texto. 	Ao acrescentar, vamos além dos limites do texto, viajamos além de suas margens, fazemos outras associações, evocamos outros elementos, criamos a partir do que foi lido, deflagramos nossa imaginação e nossa memória, abandonando o texto que era o nosso objeto de interpretação.
	
	O acréscimo (extrapolação) é, muitas vezes, um
exercício de criatividade inadequada - porque nos
leva a perder o contexto que está em questão. 
Outro erro clássico em exercícios de entendimento de texto, erro oposto ao acréscimo, é o que chamamos de carência ou particularização indevida. 	Nesse caso, ao invés de sairmos do contexto, de acrescentarmos outros elementos, fazemos o inverso: abordamos apenas uma parte, um detalhe, um aspecto do texto, dissociando-o do contexto. A redução consiste em privilegiarmos um elemento (ou uma relação) que é verdadeiro, mas não é suficiente diante do conjunto, ou então que se torna falso porque passa a ser descontextualizado.
CARÊNCIA (REDUÇÃO)
	Prendemo-nos, assim, a um aspecto menos relevante do conjunto, perdendo de vista os elementos e as relações principais, ou antes, quebramos esse conjunto, fracionando inadvertidamente esse aspecto, isolando-o do contexto.
INVERSÃO (CONTRADIÇÃO)
	O último erro clássico nas interpretações de texto, o mais grave de todos, é o da inversão. Por algum motivo - uma leitura desatenta, a não percepção de algumas relações, a incompreensão de um raciocínio, o esquecimento de uma ideia, a perda de uma passagem no desenvolvimento do texto - chegamos a uma conclusão contrária ao texto. Como esse erro tende a ser mais facilmente reconhecido - por apresentar ideias opostas às expressas pelos textos - os testes de interpretação, muitas vezes, são organizados com uma espécie de armadilha:
uma alternativa apresenta muitas palavras do texto, apresenta até expressões inteiras desse texto, mas com um sentido contrário. Um leitor desatento e/ou ansioso provavelmente escolherá essa alternativa, por ser a mais “parecida” com o texto.
COMO EVITAR A CONTRADIÇÃO
É comum as alternativas apresentarem ideias contrárias às do texto, fazendo o candidato chegar a conclusões equivocadas, de modo a errar a questão.
 Por isso, internalize as ideias do autor e ponha-se no lugar dele. Só o contradiga se isso for solicitado no comando da questão. Exemplo: “Indique a alternativa
que apresenta ideia contrária à do texto”.
	
VERBOS DE COMANDO
	ANALISAR
	decompor por partes para examinar criticamente. 
	CITAR
	exemplificar, mencionar autoridade, fazer referência a algo.
	COMENTAR
	fazer uma série de observações esclarecedoras ou críticas para facilitar a compreensão de um texto, opinar sobre o assunto. 
	COMPARAR
	confrontar para identificar as semelhanças , igualdades ou diferenças. 
	CORRELACIONAR
	estabelecer uma relação preexistente mútua. 
	DIFERENÇAR
	distinguir, indicar as diferenças. 
	DISCORRER
	falar o que se sabe sobre um tema. 
	EXPLICAR
EXPLICITAR
	apresentar justificativas, tornar claras as razões.
	IDENTIFICAR
	reconhecer, apontar elementos dentro do assunto. 
	INTERPRETAR
	esclarecer o sentido, compreender o sentido.
	JUSTIFICAR
	apresentar justificativas, tornar claras as razões.
	RELACIONAR
	estabelecer a relação por ventura existente (uma causa, consequência, analogia). Fazer referência a, referir-se a, fazer uma relação de.
	RESUMIR
	fazer exposição condensada e global do assunto, recapitular em poucas palavras. 
Mãos Dadas
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro. 
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças. 
Entre eles, considero a enorme realidade. 	
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida, não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins. 
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente. 
Extrapolação: "O texto afirma a desilusão do autor com os amores românticos, que não são correspondidos, e que levam à autodestruição.”
Redução: "O texto afirma que o autor não pretende viver a vida em uma ilha.”
Contradição: "O texto afirma que o autor sente-se preso à vida presente, à passada e à futura.”
	
Como se tornar bom leitor
10 mandamentos do bom leitor
I – Nunca leia por hábito ou por obrigação, mas por prazer.
II- Comece a ler desde cedo, se puder.
III - Nunca leia sem dicionário.
IV- Perca menos tempo diante do computador, da televisão, dos jornais e crie um sistema de leitura, estabeleça metas.
V – Faça do livro um objeto pessoal, um objeto íntimo.
VI- Valorize os autores de língua portuguesa.
	
VII – Na natureza, são as espécies muito adaptadas ao próprio hábitat que tendem mais rapidamente à extinção.
VIII- Tente evitar a repetição dos mesmos gêneros, dos mesmos temas, dos mesmos estilos, dos mesmos autores.
IX- Não tenha pena de abandonar um livro ruim para começar outro.
X- Forme sua própria lista de bons livros.
	
EXERCÍCIOS DE INTERPRETAÇÃO
1) Leia o texto abaixo e responda ao que se pede.
Para entender a tira a seguir, é necessário dar-se conta de que a pergunta de Helga pode ter duas interpretações.
a) No contexto, como deve ser interpretada a fala de Helga?
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b) Como Hagar interpretou a fala de Helga?
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
	
c) Explique por que o comportamento linguístico de Hagar não corresponde ao de um falante comum.
_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
2) Leia a tira a seguir e responda às perguntas:
	
a) Da leitura dos dois primeiros quadros, depreende-se uma opinião geral do garoto Calvin sobre proibições. Que opinião é essa?
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
b) Observe o que faz Calvin no último quadro da tira e explique o que essa ação significa no contexto da história.
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
c) Suponha a seguinte situação: numa autoestrada de alta velocidade, uma placa de sinalização diz "Não pare na pista". Bem à vista da placa, um motorista trafega em marcha ré, no acostamento. Pela lógica de Calvin este motorista está errado?
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3)Leia o texto e responda ao que se pede.
	
É INCORRETO afirmar que:
a) A fala "Tudo bem, Hagar?" expressa, no contexto, uma preocupação do falante, que deseja mais do que meramente estabelecer contato com Hagar.
b) O emprego da primeira pessoa do plural nos quadros 4 e 5 confirma a inquietação de Hagar com o comportamento humano em geral.
c) As indagações nos quadros 4, 5 e 6 apontam para sentimentos humanos distintos, o que justifica Hagar dizer que está pensando na "espécie humana", não somente em si mesmo.
d) O uso do presente do indicativo nos quadros 4, 5 e 6 reforça a ideia de que a personagem está pensando em questões tomadas em sentido geral, válidas para todos.
e) O silêncio representado pela ausência de linguagem verbal, no quadro 7, expressa o tempo exigido para a personagem elaborar a resposta ao questionamento de Hagar.
	
4) Leia e responda à questão.
	
NÃO atende adequadamente ao sentido do texto da figura a seguir e às exigências da língua padrão:
a) Para quem ama mergulhar na cachoeira, comer pão de queijo, cochilar de tarde na praia, comer pipoca no cinema, participar de happy-hour, admirar noites estreladas, comprar lingerie preta, assistir a comédia italiana, tomar champagne, vestir jeans, brincar carnaval e banhar-se em banheira de hidromassagem, nada mais natural do que também ter um Peugeot 106.
b) Se eu amo pão de queijo, happy-hour, noites estreladas, lingerie preta, comédia italiana, champagne, banhos de cachoeira, cochilo de tarde na praia, jeans, carnaval e banheira de hidromassagem, é lógico que eu também tenha um Peugeot 106.
c) Embora eu tenha um Peugeot 106, eu amo mergulhar na cachoeira, pão de queijo, cochilar de tarde na praia, comer pipoca no cinema, happy-hour, noites estreladas, lingerie preta, comédia italiana, champagne, jeans, carnaval e banheira de hidromassagem.
	
d) Além de ter um Peugeot 106, eu também amo praticar ações tais quais
mergulhar na cachoeira, comer pão de queijo, cochilar de tarde na praia, comer pipoca no cinema, participar de happy-hour, admirar noites estreladas, acariciar lingerie preta, assistir a comédia italiana, tomar champagne, usar jeans, dançar no carnaval e banhar-me em banheira de hidromassagem.
e) Se eu tenho um Peugeot 106, é óbvio que eu também ame mergulhar na cachoeira, comer pão de queijo, cochilar de tarde na praia, comer pipoca no cinema, participar de happy-hour, observar noites estreladas, admirar lingerie preta, assistir a comédia italiana, tomar champagne, vestir jeans, dançar durante o carnaval e banhar-me em banheira de hidromassagem.
	
GABARITO
1)
a) Você quer café?
b) Você acha que isso é café?
c) A tira procura fazer humor baseado justamente num comportamento linguístico incomum.
2) 
a) proibições têm de ser explícitas.
b) Calvin tira as calças e cronicamente pretende ir comer fora para afrontar a falha no texto da proibição
c) Não. A placa só diz para não parar; não faz referência a outros procedimentos.
3) C.
4) C.
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