Buscar

LIVRO MANUAL DO CONFORTO TÉRMICO - PDF

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 244 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 244 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 244 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Manual de
Conforto Térmico
ANÉSIA BARROS FROTA
— Arquiteta pela Universidade de Brasília, 1969.
— Estágio Técnico no Laboratório Nacional de Engenharia Civil de Lisboa
(LNEC), Divisão de Conforto da Habitação, 1970/71.
— Mestre (1982) e Doutora (1989) em Arquitetura, pela Faculdade de Arquitetura
e Urbanismo da Universidade de São Paulo.
— Professora de Conforto Ambiental da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade de São Paulo, desde 1976.
— Consultora Técnica em Conforto Térmico a nível do projeto.
SUELI RAMOS SCHIFFER
— Arquiteta pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São
Paulo, 1975.
— Mestre (1983), Doutora (1989) e Livre-Docente (1992) em Arquitetura, pela
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.
— Professora de Conforto Ambiental da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade de São Paulo, desde 1977.
Índice para catálogo sistemático:
1. Arquiteura : Radiação solar 720.47
2. Radiação solar : Arquitetura 720.47
Frota, Anésia Barros.
Manual de conforto térmico : arquitetura, urbanismo / Anésia Barros Frota,
Sueli Ramos Schiffer. — 5. ed. — São Paulo : Studio Nobel, 2001.
Bibliografia.
ISBN 85-85445-39-4
1. Arquitetura e clima 2. Arquitetura e radiação solar 3. Planejamento
urbano — Fatores climáticos I. Schiffer, Sueli Ramos. II. Título.
Dados de Catalogação na Publicação (CIP) Internacional
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
01-1541 CDD-720.47
Manual de
Conforto Térmico
Anésia Barros Frota
Sueli Ramos Schiffer
Studio
Nobel
5ª edição
© da 1ª edição 1987 Livraria Nobel S.A.
Ilustração da capa
“Relógios de Sol”, Rudimenta Mathematica. Basel, 1531.
In Olgay, V. & Olgay, A. Solar Control and Shaving Devices.
New Jersey, Princeton University, 1957.
Livros Studio Nobel Ltda.
Al. Ministro Rocha Azevedo, 1077 — cj. 22
01410-003 — São Paulo — SP
Fone/Fax: (11)3061-0838
E-mail: studionobel@livrarianobel.com.br
Distribuição/Vendas
Livraria Nobel S.A.
Rua da Balsa, 559
02910-000 — São Paulo — SP
Fone: (11)3933-2822
Fax: (11)3931-3988
E-mail: ednobel@livrarianobel.com.br
É PROIBIDA A REPRODUÇÃO
Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida sem a permissão por escrito dos
editores por qualquer meio: xerox, fotocópia, fotográfico, fotomecânico. Tampouco
poderá ser copiada ou transcrita, nem mesmo transmitida por meios eletrônicos ou
gravações. Os infratores serão punidos pela lei 5.988, de 14 de dezembro de 1973,
artigos 122-130.
Impresso no Brasil / Printed in Brazil
�������
Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Capítulo 1
Exigências Humanas Quanto ao Conforto Térmico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.1 O organismo humano e a termorregulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.1.1 Organismo humano e metabolismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.1.2 A termorregulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.1.3 Reação ao frio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1.1.4 Reação ao calor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1.1.5 Catabolismo, anabolismo e fadiga higrotérmica . . . . . . . . . . . . 21
1.1.6 Mecanismos de trocas térmicas entre corpo e ambiente . . . . . . 21
1.1.7 Pele, principal órgão termorregulador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.1.8 O papel da vestimenta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.1.9 Variáveis do conforto térmico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.2 Índices de conforto térmico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.2.1 Aspectos históricos dos índices de conforto térmico . . . . . . . . 24
1.2.2 Classificação dos índices de conforto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.2.3 Escolha do índice de conforto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
1.2.4 A Carta Bioclimática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
1.2.5 Índice de Temperatura Efetiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1.2.6 Índice de Conforto Equatorial (I.C.E.) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
1.2.7 “Zona de conforto”. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
Capítulo 2
Trocas Térmicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.1 Mecanismos de trocas térmicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.1.1 Trocas térmicas secas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.1.2 Convecção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
5
2.1.3 Radiação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.1.4 Condução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.1.5 Trocas térmicas úmidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
2.1.6 Evaporação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
2.1.7 Condensação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
2.1.8 Condutância térmica superficial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2.1.9 Espaço de ar confinado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
2.1.10 Coeficiente Global de Transmissão Térmica (K) . . . . . . . . . . . 38
2.1.11 Determinação de K para paredes homogêneas . . . . . . . . . . . . . 39
2.1.12 Determinação de K para paredes heterogêneas . . . . . . . . . . . . . 39
2.1.13 Determinação de K para paredes heterogêneas
em superfície . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
2.2 Comportamento térmico da construção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
2.2.1 Trocas de calor através de paredes opacas. . . . . . . . . . . . . . . . . 41
2.2.2 Trocas de calor através de paredes transparentes
ou translúcidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
2.2.3 Elementos de proteção solar (“brise-soleil”) . . . . . . . . . . . . . . . 44
2.2.4 Proteção solar de paredes opacas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
2.2.5 Proteção solar de paredes transparentes ou translúcidas . . . . . . 46
2.2.6 Inércia térmica de um componente da envolvente. . . . . . . . . . . 48
2.2.7 Inércia térmica da construção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Capítulo 3
Noções de Clima e Adequação da Arquitetura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.1 Noções de Clima . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.1.1 Elementos climáticos e arquitetura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.1.2 Fatores climáticos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.1.3 Radiação solar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.1.4 Movimento aparente do Sol . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
3.1.5 Longitude . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
3.1.6 Latitude. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3.1.7 Posições aparentes do Sol . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3.1.8 Influência da latitude . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
3.1.9 Distribuição continentes e oceanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
3.1.10 Isotérmicas do globo . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
6
3.1.11 Brisas terra-mar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
3.1.12 Topografia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
3.1.13 Revestimento do solo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
3.1.14 Umidade atmosférica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
3.1.15 Ponto de orvalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
3.1.16 Precipitação atmosférica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
3.1.17 Nebulosidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
3.1.18 Ventos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
3.2 Adequação da arquitetura aos climas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
3.2.1 Mapa climático do Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
3.2.2 Clima urbano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
3.2.3 Arquitetura e clima. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
3.2.4 Influência da umidade relativa dor ar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
3.2.5 Clima quente seco: a Arquitetura e o Urbano . . . . . . . . . . . . . . 68
3.2.6 Clima quente úmido: a Arquitetura e o Urbano. . . . . . . . . . . . . 71
3.2.7 Climas quentes e circulação de pedestres . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
3.2.8 Climas quentes e revestimento do solo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
3.2.9 Climas quentes e cores externas da arquitetura . . . . . . . . . . . . . 74
3.2.10 Climas temperados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
Capítulo 4
Controle da Radiação Solar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
4.1 Geometria da insolação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
4.1.1 Insolação e arquitetura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
4.1.2 Movimento aparente do Sol . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
4.1.3 Esfera celeste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
4.1.4 Zênite e Nadir. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
4.1.5 Pólos celestes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
4.1.6 Pontos cardeais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
4.1.7 Altura e azimute . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
4.1.8 Altura e azimute solar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
4.1.9 Movimento aparente das estrelas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
4.1.10 Trajetória aparente do Sol . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
4.1.11 Latitude 0° (Equador). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
4.1.12 Latitude 231⁄2°S (Trópico de Capricórnio) . . . . . . . . . . . . . . . . 82
7
4.1.13 Latitudes entre o Equador e o Trópico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
4.1.14 Latitudes superiores a 231⁄2° . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
4.1.15 Latitude 90°S (Pólo Sul) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
4.1.16 Cartas solares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
4.1.17 Projeções das trajetórias aparentes do Sol . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
4.1.18 Determinação de Cartas Solares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
4.1.19 Horários de insolação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
4.2 Determinação gráfica dos dispositivos
de proteção solar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
4.2.1 Ângulo de sombra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
4.2.2 Transferidor auxiliar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
4.2.3 Máscara produzida por placa horizontal infinita . . . . . . . . . . . . 94
4.2.4 Placas infinitas com idênticos ângulos de sombra vertical . . . . 96
4.2.5 Máscara produzida por placa vertical infinita . . . . . . . . . . . . . . 96
4.2.6 Placas infinitas com idênticos ângulos de sombra horizontal . . 96
4.2.7 Placas horizontais finitas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
4.2.8 Placas verticais finitas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
4.2.9 Associação de placas horizontais e verticais . . . . . . . . . . . . . . 102
4.2.10 Dimensionamento de um dispositivo de proteção
a partir da máscara . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
4.2.11 Máscaras produzidas por obstáculos externos às aberturas. . . 105
4.3 Traçado de sombras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
4.3.1 Sombras de uma haste vertical. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
4.3.2 Sombra de uma haste vertical em épura . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
4.3.3 Sombra de volumes sobre o plano horizontal . . . . . . . . . . . . . 111
4.3.4 Sombra de um volume sobre outro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
4.3.5 Sombra de um volume ao longo do dia . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
4.4 Penetração do Sol pelas aberturas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
4.4.1 Área ensolarada sobre o piso do recinto . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
4.4.2 Área ensolarada sobre superfície interna paralela à abertura . 118
4.4.3 Área ensolarada sobre superfície interna perpendicular
à abertura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
8
Capítulo 5
Climatização Natural das Edificações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
5.1 Fontes de calor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
5.1.1 Ganhos de calor devidos à presença humana. . . . . . . . . . . . . . 121
5.1.2 Ganhos de calor devidos ao sistema de iluminação artificial . 121
5.1.3 Ganhos de calor devidos a motores e equipamentos . . . . . . . . 122
5.1.4 Ganhos de calor advindos de processos industriais. . . . . . . . . 122
5.1.5 Ganhos de calor solar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123
5.2 Ventilação natural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
5.2.1 Carga térmica pela ventilação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
5.2.2 Critérios de ventilação dos ambientes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
5.2.3 Ventilação por “Ação dos Ventos” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
5.2.4 Fluxos de ar através dos recintos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
5.2.5 Ventilação por “efeito chaminé” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
5.2.6 Efeito simultâneo: chaminé e ação dos ventos . . . . . . . . . . . . 138
5.3 Método de avaliação do desempenho térmico
das edificações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
5.3.1 Método do C.S.T.B. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
5.3.2 Conforto térmico de inverno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140
5.3.3 Dados climáticos para conforto térmico de inverno . . . . . . . . 141
5.3.4 Conforto térmico de verão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142
5.3.5 Dados climáticos para conforto térmico de verão . . . . . . . . . . 145
5.3.6 Limites da climatização natural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146
5.3.7 Itens de verificação para adequaçãoentre arquitetura
e clima . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147
Capítulo 6
Exercícios Resolvidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
6.1 Máscaras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
6.2 Desempenho térmico das edificações
e as exigências humanas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156
9
Capítulo 7
Bibliografia Básica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 171
Anexos
1 Calor cedido ao ambiente (W), segundo a atividade
desenvolvida pelo indivíduo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 177
2 Carta Bioclimática para habitantes de regiões de clima quente,
em trabalho leve, vestindo 1 “clo” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 178
3 Nomograma de Temperatura Efetiva para pessoas normalmente
vestidas, em trabalho leve. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 179
4 Carta Psicrométrica para cidades ao nível do mar . . . . . . . . . . . . . . . 180
5 Carta Psicrométrica para a cidade de São Paulo . . . . . . . . . . . . . . . . 181
6 Índice de Conforto Equatorial
Figura 1 — Nomograma. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 182
Figura 2 — Gráfico de conforto para indivíduos residentes
em Cingapura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183
7 Características térmicas dos materiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 184
8 Valores de condutância (he, hi) e resistências térmicas
superficiais (1/he, 1/hi)
Tabela 1 — para paredes exteriores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 190
Tabela 2 — para paredes interiores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191
9 Tabela 1 — Variação da Condutância Térmica Superficial
Externa (he) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192
Tabela 2 — Valores de Resistência Térmica de Espaços de Ar
(Rar) confinado entre duas lâminas paralelas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192
10 Tabela 1 — Valores de Coeficientes de Absorção (α) e
Emissividade (ε) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193
Tabela 2 — Valores de Coeficiente de Absorção da Radiação (α),
específico de pintura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193
11 Tabela 1 — Fator Solar (Str) de vidros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 194
Tabela 2 — Fator Solar das proteções das vidraças (para vidros
simples com Str = 0,85). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 194
10
12 Mapa climatológico simplificado do Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195
13 Cartas Solares — Latitudes 0° — 4°S — 8°S — 12°S —
16°S — 20°S — 24°S — 28°S — 32°S. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 196
14 Transferidor Auxiliar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 206
15 Potências aproximadas de aparelhos eletrodomésticos . . . . . . . . . . . 207
16 Dados de Intensidade de Radiação Solar Direta sobre plano
normal e Difusa sobre plano horizontal, segundo a altura do sol,
para diversas condições de céu. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 208
17 Dados de Radiação Solar Incidente (Ig) sobre Planos Verticais
e Horizontais (W/m2) — Latitudes: 0° — 4°S — 8°S — 13°S —
17°S — 20°S — 23°30′S — 25°S — 30°S . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 209
18 Radiação solar global (Ig), direta (ID) e difusa (Id), para planos
expostos a diversas orientações.
São Paulo — latitude 23°19′ Sul
Tabela 1 — março. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 218
Tabela 2 — junho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 219
Tabela 3 — setembro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 220
Tabela 4 — dezembro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 221
19 Variação da intensidade de radiação solar segundo a variação
da altitude do local com relação ao nível do mar. . . . . . . . . . . . . . . . 222
20 Taxas de ventilação recomendadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 223
21 Gráfico de Irminger e Nokkentued para determinação dos
coeficientes de pressão para modelos de seção quadrada
Figura 1 — anteparo maciço com altura = h . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 224
Figura 2 — anteparo maciço com altura = 1/3h. . . . . . . . . . . . . . . . . 225
22 Dados climáticos de cidades brasileiras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 226
Tabela de Conversão de Unidades para o Sistema Internacional (S.I.) . . . . 239
Nomenclatura e Unidades dos Coeficientes e Variáveis. . . . . . . . . . . . . . . . 241
11
��������
Ao aceitar o convite para escrever este prefácio, pensei estar assumindo
uma tarefa muito fácil devido ao conhecimento do trabalho e, principalmente,
da seriedade das autoras. Começando a fazê-lo, estou me dando conta de que se
trata de algo mais difícil por uma série de particularidades.
O leitor distante da FAU-USP deve encarar este Manual como um instru-
mento de trabalho e estudo que contém uma certa quantidade de informações
úteis. Alguns poderão reclamar por não encontrarem mais material de algum
assunto específico. Outros poderão julgar que o tema tenha sido mais valorizado
do que o desejado. Enfim, isso é normal que aconteça, porém, justamente por
isso, me sinto na obrigação de prestar um pequeno depoimento.
Desde a fundação da FAU-USP tem havido um esforço da parte de alguns
professores em colocar à disposição dos alunos material de apoio didático.
Aqueles que se dedicam ao ensino e, principalmente, ao ensaio de
arquitetura sabem que tal atitude envolve outras questões ainda mais primordiais,
pois a produção de um material didático está comprometida com a própria tarefa
de participação do ensino e este tem sido muito discutido nas últimas décadas,
principalmente no âmbito do grupo de disciplinas de Conforto Ambiental da
FAU-USP.
A idéia central que tem guiado esse grupo de disciplinas é oferecer aos
alunos de arquitetura instrumentos de compreensão dos fenômenos que relacio-
nam os objetos arquitetônicos com o meio ambiente e com os usuários desses
objetos.
Dentre os fenômenos existentes, são selecionados principalmente aqueles
que envolvem a luz, o som e o calor.
Este livro foi escrito para ser o “livro-texto”da disciplina de Conforto
Térmico; assim sendo, serve também como documento-proposta para esta dis-
ciplina, endossado pelo noso “Grupo de Conforto Ambiental”.
As autoras reuniram as informações que compõem a disciplina, prove-
nientes da bibliografia adotada, de estudos de antigos professores e de estudos
inéditos, como é o caso da Geometria da Insolação, de autoria da profª Anésia
Barros Frota.
13
Nesta segunda edição estão sendo introduzidas correções, o que demons-
tra a atenção das autoras para com os leitores.
Considero este trabalho importante, pois a sua existência facilita a tarefa
de quem esteja ministrando um curso semelhante ao nosso e propicia aos alunos
uma ajuda valiosa no aprendizado.
Trata-se de uma das raras obras em língua portuguesa a abordar o assunto
e, principalmente, com a preocupação de destacar as questões da arquitetura que
deve ser implantada nas regiões de clima tropical.
Quero agradecer a gentileza do convite para escrever este prefácio e
agradecer as autoras por terem escrito e atualizado este Manual, visto ser eu
próprio um dos beneficiários desta tarefa nas minhas atividades didáticas.
Luiz Carlos Chichierchio
14
��������	�
A Arquitetura deve servir ao homem e ao seuconforto, o que abrange o
seu conforto térmico. O homem tem melhores condições de vida e de saúde
quando seu organismo pode funcionar sem ser submetido a fadiga ou estresse,
inclusive térmico. A Arquitetura, como uma de suas funções, deve oferecer
condições térmicas compatíveis ao conforto térmico humano no interior dos
edifícios, sejam quais forem as condições climáticas externas.
Por outro lado, a intervenção humana, expressa no ato de construir seus
espaços internos e externos, altera as condições climáticas locais, das quais, por
sua vez, também depende a resposta térmica da edificação.
As principais variáveis climáticas de conforto térmico são temperatura,
umidade e velocidade do ar e radiação solar incidente. Guardam estreitas
relações com regime de chuvas, vegetação, permeabilidade do solo, águas
superficiais e subterrâneas, topografia, entre outras características locais que
podem ser alteradas pela presença humana.
As exigências humanas de conforto térmico estão relacionadas com o
funcionamento de seu organismo, cujo mecanismo, complexo, pode ser, grosso
modo, comparado a uma máquina térmica que produz calor segundo sua ativi-
dade. O homem precisa liberar calor em quantidade suficiente para que sua
temperatura interna se mantenha da ordem de 37°C — homeotermia.
Quando as trocas de calor entre o corpo humano e o ambiente ocorrem
sem maior esforço, a sensação do indivíduo é de conforto térmico e sua capaci-
dade de trabalho, desse ponto de vista, é máxima. Se as condições térmicas
ambientais causam sensação de frio ou de calor, é porque nosso organismo está
perdendo mais calor ou menos calor que o necessário para a manutenção da
homeotermia, a qual passa a ser conseguida com um esforço adicional que
sempre representa sobrecarga, com queda do rendimento no trabalho, até o
limite, sob condições de rigor excepcionais, perda total de capacidade para
realização de trabalho e/ou problemas de saúde.
Considerando que as diferenças climáticas da Terra são basicamente
advindas da energia solar, torna-se indispensável a posse de elementos para
15
avaliar qual a carga térmica que determinada edificação ou espaço ao ar livre
receberá nas diversas horas do dia e nas várias épocas do ano.
A Geometria da Insolação fornece um instrumental, a partir de gráficos
simplificados, para mensurar os horários de insolação para distintas orientações
de paredes em cada latitude particular.
A determinação gráfica de sombras é importante, principalmente em áreas
urbanas, visto que em grande parte do dia os raios solares diretos podem ser
barrados pelas construções vizinhas, modificando, portanto, o horário real de
insolação.
Não menos importante é a orientação das aberturas e dos elementos
transparentes e translúcidos da construção, que permitem o contato com o
exterior e a iluminação dos recintos. A proteção solar das aberturas por meio de
“brise-soleil” ou quebra-sol é também um indispensável recurso para promover
os controles térmicos naturais.
Estabelecer os parâmetros relativos às condições de conforto térmico
requer incorporar, além das variáveis climáticas citadas, as temperaturas das
superfícies presentes no ambiente e a atividade desenvolvida pelas pessoas.
O conhecimento das exigências humanas de conforto térmico e do clima,
associado ao das características térmicas dos materiais e das premissas genéricas
para o partido arquitetônico adequado a climas particulares, proporciona condi-
ções de projetar edifícios e espaços urbanos cuja resposta térmica atenda às
exigências de conforto térmico.
Como no processo criativo está sempre implícita uma nova proposta, um
método para a previsão do desempenho térmico, em nível quantitativo, é um
instrumento indispensável para verificação e possíveis ajustes ainda na etapa de
projeto.
A racionalização do uso da energia apresenta estreitos laços com a
adequação da arquitetura ao clima, evitando ou reduzindo os sistemas de condi-
cionamento artificial de ar, quer com a finalidade de refrigerar, quer com a de
aquecer os ambientes. Os controles térmicos naturais propiciam a redução do
excesso de calor resultante no interior dos edifícios, minimizando, por vezes, os
efeitos de climas excessivamente quentes.
O conhecimento do clima, aliado ao dos mecanismos de trocas de calor
e do comportamento térmico dos materiais, permite uma consciente intervenção
da arquitetura, incorporando os dados relativos ao meioambiente externo de
modo a aproveitar o que o clima apresenta de agradável e amenizar seus aspectos
negativos.
16
Imprimir a um edifício características que proporcionem uma resposta
térmica ambiental conveniente não implica um acréscimo obrigatório de custo
de construção, mas, ao contrário, deve resultar em redução do custo de utilização
e de manutenção, além de propiciar condições ambientais internas agradáveis
aos ocupantes.
17
��������	
��
���������������������������������
�������
��� ����
��������������������������
����	�
����� ��
�������������������� ������
O homem é um animal homeotérmico. Seu organismo é mantido a uma
temperatura interna sensivelmente constante. Essa temperatura é da ordem de
37°C, com limites muito estreitos — entre 36,1 e 37,2°C —, sendo 32°C o limite
inferior e 42°C o limite superior para sobrevivência, em estado de enfermidade.
O organismo dos homeotérmicos pode ser comparado a uma máquina
térmica — sua energia é conseguida através de fenômenos térmicos. A energia
térmica produzida pelo organismo humano advém de reações químicas internas,
sendo a mais importante a combinação do carbono, introduzido no organismo
sob a forma de alimentos, com o oxigênio, extraído do ar pela respiração.
Esse processo de produção de energia interna a partir de elementos
combustíveis orgânicos é denominado metabolismo.
O organismo, através do metabolismo, adquire energia. Cerca de 20%
dessa energia é transformada em potencialidade de trabalho. Então, termodina-
micamente falando, a “máquina humana” tem um rendimento muito baixo. A
parcela restante, cerca de 80%, se transforma em calor, que deve ser dissipado
para que o organismo seja mantido em equilíbrio.
Tanto o calor produzido como o dissipado dependem da atividade que o
indivíduo desenvolve. Em repouso absoluto — metabolismo basal —, o calor
dissipado pelo corpo, cedido ao ambiente, é de cerca de 75 W.
����! "���������
����	�
A manutenção da temperatura interna do organismo humano relativamen-
te constante, em ambientes cujas condições termo-higrométricas são as mais
19
variadas e variáveis, se faz por intermédio de seu aparelho termorregulador, que
comanda a redução dos ganhos ou o aumento das perdas de calor através de
alguns mecanismos de controle.
A termorregulação, apesar de ser o meio natural de controle de perdas de
calor pelo organismo, representa um esforço extra e, por conseguinte, uma queda
de potencialidade de trabalho.
O organismo humano experimenta sensação de conforto térmico quando
perde para o ambiente, sem recorrer a nenhum mecanismo de termorregulação,
o calor produzido pelo metabolismo compatível com sua atividade.
����# $���	���������
Quando as condições ambientais proporcionam perdas de calor do corpo
além das necessárias para a manutenção de sua temperatura interna constante, o
organismo reage por meio de seus mecanismos automáticos — sistema nervoso
simpático —, buscando reduzir as perdas e aumentar as combustões internas.
A redução de trocas térmicas entre o indivíduo e o ambiente se faz através
do aumento da resistência térmica da pele por meio da vasoconstrição, do arrepio,
do tiritar.
O aumento das combustões internas — termogênese — se dá através do
sistema glandular endócrino.
����% $���	����������
Quando as perdas de calor são inferiores às necessárias para a manutenção
de sua temperatura interna constante, o organismo reage por meio de seus
mecanismos automáticos— sistema nervoso simpático —, proporcionando
condições de troca de calor mais intensa entre o organismo e o ambiente e
reduzindo as combustões internas.
O incremento das perdas de calor para o ambiente ocorre por meio da
vasodilatação e da exsudação.
A redução das combustões internas — termólise — se faz através do
sistema glandular endócrino.
20
����& ���� ������'���� �������������
����
���������
O organismo humano passa diariamente por uma fase de fadiga —
catabolismo — e por uma fase de repouso — anabolismo. O catabolismo, sob o
ponto de vista fisiológico, envolve três tipos de fadiga:
a) física, muscular, resultante do trabalho de força;
b) termo-higrométrica, relativa ao calor ou ao frio;
c) nervosa, particularmente visual e sonora.
A fadiga física faz parte do processo normal de metabolismo. A fadiga
termo-higrométrica é resultante do trabalho excessivo do aparelho termorregu-
lador, pela existência de condições ambientais desfavoráveis, no tocante à
temperatura do ar, tanto com relação ao frio quanto ao calor, e à umidade do ar.
����( )��������������������������������������*������ �����
Ao efetuar trabalho mecânico, os músculos se contraem. Tal contração
produz calor. A quantidade de calor liberado pelo corpo, por essa razão, será
função do trabalho desenvolvido, podendo chegar a um máximo da ordem de
1200 W, desde que por pouco tempo.
Esse calor é dissipado através dos mecanismos de trocas térmicas entre o
corpo e o ambiente, envolvendo as trocas secas — condução, convecção e
radiação — e as trocas úmidas — evaporação. O calor perdido para o ambiente
através das trocas secas é denominado calor sensível e é função das diferenças
de temperatura entre o corpo e o ambiente. Já o calor perdido para o ambiente
através das trocas úmidas é denominado calor latente e envolve mudança de
estado de agregação — o suor, líquido, passa para o estado gasoso, de vapor,
através da evaporação. Assim, o organismo perde calor para o ambiente sob duas
formas: calor sensível e calor latente.
O Anexo 1 apresenta dados relativos ao calor dissipado pelo corpo, cedido
ao ambiente, em função da atividade do indivíduo considerado médio e sadio.
Quando se considera que o indivíduo está vestido e calçado, o calor
dissipado por condução é pequeno. Se a superfície dos corpos presentes no
ambiente estiver a uma temperatura inferior à do sistema corpo-vestimente, há
dissipação de calor por radiação (cerca de 40%).
21
As trocas de calor por convecção dependem da diferença entre a tempe-
ratura do ar e a do sistema corpo-vestimenta e da velocidade do ar em contato
com o sistema (cerca de 40%).
A transpiração à superfície da pele e nos pulmões, que constitui um
fenômeno normal, e a exsudação, que é um recurso termorregulador, absorvem
calor do corpo. A possibilidade de perder calor por evaporação está limitada por
duas condições:
• a quantidade máxima de suor que o organismo pode segregar na unidade de
tempo;
• a quantidade máxima de suor que, na unidade de tempo, pode ser evaporada.
A quantidade de suor que pode ser segregada, na unidade de tempo, varia de
indivíduo para indivíduo, inclusive com o grau de aclimatação e com o biotipo.
A quantidade de suor que pode evaporar na unidade de tempo depende da
umidade relativa e da velocidade do ar.
As perdas de energia representadas pelo calor latente correspondem à
dissipação através das perdas de vapor d’água pela respiração ou pela perspira-
ção, ou através da evaporação do suor, e equivalem ao calor que se libertaria
proporcionando a condensação dessa quantidade de vapor d’água que se mantém
no ar.
Segundo Gomes(30), através da respiração e da perspiração, para o adulto
médio, a uma temperatura de 20°C, são retiradas as seguintes quantidades de
vapor d’água, fornecidas ao ambiente:
em repouso 45 g/h
em trabalho leve 110 g/h
Mas, segundo Givoni(27), em casos extremos, e por um período de cerca
de meia hora, o corpo humano pode chegar a suar até 2,5 l/h.
����+ ,���'�*�����*���-�
	����������
������
Sendo a pele o principal órgão termorregulador do organismo humano —
a temperatura da pele —, é através dela que se realizam as trocas de calor. A
temperatura da pele é regulada pelo fluxo sangüíneo que a percorre — quanto
mais intenso o fluxo, mais elevada sua temperatura. Ao sentir desconforto
térmico, o primeiro mecanismo fisiológico a ser ativado é a regulagem vasomo-
22
tora do fluxo sangüíneo da camada periférica do corpo, a camada subcutânea,
através da vasodilatação ou vasoconstrição, reduzindo ou aumentando a resis-
tência térmica dessa camada subcutânea. Outro mecanismo de termorregulação
da pele é a transpiração ativa, que tem início quando as perdas por convecção e
radiação, somadas às perdas por perspiração insensível, são inferiores às perdas
necessárias à termorregulação. A transpiração ativa se faz por meio das glândulas
sudoríparas. Os limites da transpiração são as perdas de sais minerais e a fadiga
das glândulas sudoríparas.
����. ��*�*������/���������
A vestimenta representa uma barreira para as trocas de calor por convec-
ção. A vestimenta, que mantém uma camada, mínima que seja, de ar parado,
dificulta as trocas por convecção e radiação. Em clima seco, vestimentas ade-
quadas podem manter a umidade advinda do organismo pela transpiração. A
vestimenta funciona como isolante térmico — que mantém, junto ao corpo, uma
camada de ar mais aquecido ou menos aquecido, conforme seja mais ou menos
isolante, conforme seu ajuste ao corpo e conforme a porção de corpo que cobre.
A vestimenta adequada será função da temperatura média ambiente, do
movimento do ar, do calor produzido pelo organismo e, em alguns casos, da
umidade do ar e da atividade a ser desenvolvida pelo indivíduo.
A vestimenta reduz o ganho de calor relativo à radiação solar direta, as
perdas em condições de baixo teor de umidade e o efeito refrigerador do suor.
Reduz, ainda, a sensibilidade do corpo às variações de temperatura e de
velocidade do ar. Sua resistência térmica depende do tipo de tecido, da fibra e
do ajuste ao corpo, devendo ser medida através das trocas secas relativas de quem
a usa. Sua unidade, “clo”, equivale a 0,155 m2°C/W.
����0 1���2/�����������������������
As condições de conforto térmico são função, portanto, de uma série de
variáveis. Para avaliar tais condições, o indivíduo deve estar apropriadamente
vestido e sem problemas de saúde ou de aclimatação. É certo que as condições
ambientais capzes de proporcionar sensação de conforto térmico em habitantes
de clima quente e úmido não são as mesmas que proporcionam sensação de
conforto em habitantes de clima quente e seco e, muito menos, em habitantes de
regiões de clima temperado ou frio.
23
A partir das variáveis climáticas do conforto térmico, e de outras variáveis
como atividade desenvolvida pelo indivíduo considerado aclimatado e saudável
e sua vestimenta, vem sendo desenvolvida uma série de estudos que procuram
determinar as condições de conforto térmico e os vários graus de conforto ou
desconforto por frio ou por calor. As variáveis do conforto térmico são diversas
e, variando diferentemente algumas delas ou até todas, as condições finais podem
proporcionar sensações ou respostas semelhantes ou até iguais. Isso levou os
estudiosos a desenvolver índices que agrupam as condições que proporcionam
as mesmas respostas — os índices de conforto térmico.
O A.S.H.R.A.E.(5) considera, para os climas mais quentes da América do
Norte, 25°C como temperatura ótima, podendo variar entre 23 e 27°C, sendo
esses valores aplicáveis para:
• Velocidade do ar 0,5 m/s
• Umidade relativa entre 30 e 70%
• Inverno
• Vestimenta normal
• Pessoa sentada
• Ocupação sedentária
• Temperatura radiante média igual à temperatura do ar
Recomenda-se ainda:
• Acrescentar 2°C para velocidade do ar 0,25 m/s
• Deduzir 1°C para umidade 90%
• No verão, acrescentar1°C
• Para banheiro (ou similar) acrescentar 3 a 5°C
• Deduzir até 5°C para ocupação ativa
• Deduzir 3 a 5°C para áreas de trânsito
��! 3��������������������������
��!�� "�*����������-����������4��������������������������
Os primeiros estudos acerca da influência das condições termo-higromé-
tricas sobre o rendimento no trabalho foram desenvolvidas pela Comissão
24
Americana da Ventilação. Em 1916, presidida por Winslow, essa comissão
efetuou estudos e pesquisas com o objetivo de determinar a influência das
condições termo-higrométricas no rendimento do trabalho, visando, principal-
mente, ao trabalho físico do operário, aos interesses de produção surgidos com
a Revolução Industrial e às situações especiais de guerra, quando as tropas são
deslocadas para regiões de diferentes tipos de clima. Esses estudos vieram
confirmar os resultados encontrados anteriormente por Herrington:
• para o trabalho físico, o aumento da temperatura ambiente de 20°C para 24°C
diminui o rendimento em 15%;
• a 30°C de temperatura ambiente, com umidade relativa 80%, o rendimento
cai 28%.
Observações acerca do rendimento do trabalho em minas, na Inglaterra,
mostraram o seguinte: o mineiro rende 41% menos quando a Temperatura Efetiva
é 27°C, com relação ao rendimento à Temperatura Efetiva de 19°C.
Foram também observadas variações de produção em indústrias, segundo
a mudança das estações do ano, havendo, ainda, estudos que correlacionam
ambientes termicamente desconfortáveis com índices elevados de acidentes no
trabalho.
Como pode ser visto nos itens relativos às exigências humanas, as
condições de conforto térmico são função da atividade desenvolvida pelo indi-
víduo, da sua vestimenta e das variáveis do ambiente que proporcionam as trocas
de calor entre o corpo e o ambiente. Além disso, devem ser consideradas outras
variáveis como sexo, idade, biotipo, hábitos alimentares etc.
Os índices de conforto térmico procuram englobar, num parâmetro, o
efeito conjunto dessas variáveis. E, em geral, esses índices são desenvolvidos
fixando um tipo de atividade e a vestimenta utilizada pelo indivíduo para, a partir
daí, relacionar as variáveis do ambiente e reunir, sob a forma de cartas ou
nomogramas, as diversas condições ambientais que proporcionam respostas
iguais por parte dos indivíduos.
��!�! �����������	������4������������������
Os índices de conforto térmico foram desenvolvidos com base em dife-
rentes aspectos do conforto e podem ser classificados como a seguir:
25
• índices biofísicos — que se baseiam nas trocas de calor entre o corpo e o
ambiente, correlacionando os elementos do conforto com as trocas de calor
que dão origem a esses elementos;
• índices fisiológicos — que se baseiam nas reações fisiológicas originadas por
condições conhecidas de temperatura seca do ar, temperatura radiante média,
umidade do ar e velocidade do ar;
• índices subjetivos — que se baseiam nas sensações subjetivas de conforto
experimentadas em condições em que os elementos de conforto térmico
variam.
��!�# 
����������4�����������������
A escolha de um ou outro tipo de índice de conforto deve estar relacionada
com as condições ambientais com a atividade desenvolvida pelo indivíduo, pela
maior ou menor importância de um ou de outro aspecto do conforto. Há
condições termo-higrométricas que podem, mesmo que apenas por algum tempo,
ser consideradas como de conforto em termos de sensação e provocar distúrbios
fisiológicos ao fim desse tempo. É o caso, por exemplo, de indivíduos expostos
a condições de baixo teor de umidade e que, não percebendo que estão transpi-
rando porque o suor é evaporado rapidamente, não tomam líquido em quantidade
suficiente e se desidratam.
Existem cerca de três dezenas de índices de conforto térmico, porém, para
fins de aplicação às condições ambientais correntes nos edifícios como habita-
ções, escolas, escritórios etc., e para as condições climáticas brasileiras, serão
apresentados apenas três:
• Carta Bioclimática, de Olgyay(44);
• Temperatura Efetiva, de Yaglou e Houghthen; ou Temperatura Efetiva Corri-
gida, de Vernon e Warner;
• Índice de Conforto Equatorial ou Índice de Cingapura, de Webb(59).
��!�% "�������5������2����
A Carta Bioclimática de Olgyay(44) — índice biofísico — foi desenvol-
vida a partir de estudos acerca de efeitos do clima sobre o homem, quer ele esteja
abrigado quer não, de zonas de conforto e de relações entre elementos de clima
e conforto.
26
Foi construída tendo como ordenada a temperatura de bulbo seco e como
abscissa a umidade relativa do ar.
O Anexo 2 apresenta a Carta Bioclimática para habitantes de regiões de
clima quente, em trabalho leve, vestindo 1 “clo”, que corresponde a uma
vestimenta leve, cuja resistência térmica equivale a 0,15°C m2/W.
Na região central da Carta está delimitada a zona de conforto. As condi-
ções de temperatura seca e de umidade relativa do ar podem ser determinadas
sobre a Carta.
Evidentemente, se os pontos determinados por essas variáveis se locali-
zarem na zona de conforto, as condições apresentadas serão consideradas como
de conforto. Se caírem fora da zona de conforto, há necessidade de serem
tomadas medidas corretivas.
Se o ponto determinado pelas condições de temperatura de bulbo seco e
de umidade relativa do ar cair acima da zona de conforto, será necessário
recorrer-se ao efeito do movimento do ar.
Se a temperatura seca do ar é elevada mas a umidade é baixa, o movimento
do ar pouco favorece.
Quanto à região abaixo do limite inferior da zona de conforto, as linhas
representam a radiação necessária para atingir a zona de conforto, quer em
termos de radiação solar quer em termos de aquecimento do ambiente.
��!�& 3������������*��������
����/�
A Temperatura Efetiva, de Yaglow e Houghten, de 1923, foi definida pela
correlação entre as sensações de conforto e as condições de temperatura, umi-
dade e velocidade do ar, procurando concluir quais são as condições de conforto
térmico. É um índice subjetivo. Essas correlações são apresentadas sob a forma
de nomograma.
Em 1932, Vernon e Warner apresentaram uma proposta de correção para
o índice de Temperatura Efetiva, utilizando a temperatura do termômetro de
globo em vez de temperatura seca do ar, para base dos cálculos, posto que a
temperatura de radiação, sendo superior ou inferior à temperatura seca do ar,
proporciona alterações na sensação de conforto. Observam-se indicações das
duas escalas no nomograma do Anexo 3. A zona de conforto térmico delimitada
sobre o nomograma de Temperatura Efetiva para pessoas normalmente vestidas,
em trabalho leve e se referindo a habitantes de regiões de climas quentes, foi
adaptada por Koenigsberger et alii (34).
27
Esse nomograma, quando os dados disponíveis são de temperatura seca,
ou do termômetro de globo, umidade e velocidade do ar, é normalmente utilizado
em conjunto com a Carta Psicrométrica, a qual fornecerá as correspondências
entre a temperatura do termômetro de bulbo seco e a temperatura do termômetro
de bulbo úmido, a partir dos dados de umidade relativa.
Os Anexos 4 e 5 apresentam as Cartas Psicrométricas para pressão
atmosférica normal (760 mm Hg), ao nível do mar, e para São Paulo (pressão
atmosférica 695,1 mm Hg).
��!�( 3������������������
6���������7����
�8
Webb(59) desenvolveu este índice para ser aplicado a habitantes de climas
tropicais, de preferência quente e úmido. Baseou-se em observações feitas em
Cingapura, em habitações correntes e em uma escala climática desenvolvida
especialmente para condições tropicais, procurando correlacionar os valores
dessa escala com a sensação de calor, tendo incorporado dados referentes ao
P4SR (Previsão da Produção de Suor em 4 horas, que é um índice fisiológico
desenvolvido por McArdle, do Royal Naval Research Establishment) e chegou
a um nomograma semelhante ao da Temperatura Efetiva. Esse nomograma estáapresentado na figura 1 do Anexo 6.
O gráfico de conforto de Cingapura — figura 2, Anexo 6 — foi elaborado
com base em dados obtidos a partir da psicologia experimental e análise de testes
aplicados em indivíduos completamente aclimatados na região. Esse gráfico
indica a existência de um optimum em conforto na faixa de 25,5°C na escala
I.C.E.
Webb estende a aplicabilidade de seu índice e de seu gráfico de conforto
a habitantes de regiões climáticas semelhantes a Cingapura, como, por exemplo,
a Amazônia.
��!�+ 9:���������������;
Como pode ser observado, tanto a Carta Bioclimática como o nomograma
de Temperatura Efetiva para pessoas em trabalho leve e o nomograma do Índice
de Conforto Equatorial estão apresentados como uma “zona de conforto” deli-
mitada sobre cada gráfico. Essas “zonas de conforto” devem ser encaradas como
uma indicação e analisadas acerca de sua aplicabilidade às condições específicas
de projeto e de realidade ambiental.
28
Assim, é conveniente, para a aplicação dos índices, uma análise prévia
das condições climáticas locais e as relações entre as variáveis consideradas na
obtenção do índice e a respectiva “zona de conforto” determinada sobre os
gráficos.
29
��������	�
������� ��������
!�� )����������������������������
Para a compreensão do comportamento térmico das edificações, é neces-
sária uma base conceitual de fenômenos de trocas térmicas. Esse conhecimento
permite também melhor entendimento acerca do clima e do relacionamento do
organismo humano com o meio ambiente térmico.
As trocas térmicas entre os corpos advêm de uma das duas condições
básicas:
• existência de corpos que estejam a temperaturas diferentes;
• mudança de estado de agregação.
Corpos que estejam a temperaturas diferentes trocam calor, os mais
“quentes” perdendo e os mais “frios” ganhando, sendo que o calor envolvido é
denominado calor sensível.
No âmbito do conforto termo-higrométrico, o elemento que proporciona
as trocas térmicas por mudança de estado de agregação — sem mudança de
temperatura — é a água, e apenas nos casos de passar do estado líquido para o
estado de vapor e do estado de vapor para o estado líquido. O calor envolvido
nestes mecanismos de troca é denominado calor latente.
!���� ���������������������
As trocas de calor que envolvem variações de temperatura são denomina-
das trocas secas, em contraposição à denominação de trocas úmidas, relativa às
trocas térmicas que envolvem a água. Os mecanismos de trocas secas são
convecção, radiação e condução.
31
!���! ���/���	�
Convecção: troca de calor entre dois corpos, sendo um deles sólido e o
outro um fluido (líquido ou gás).
A intensidade do fluxo térmico envolvido no mecanismo de troca por
convecção é:
qc = hc(t − θ) (W/m2)
onde:
qc — intensidade do fluxo térmico por convecção (W/m2);
hc — coeficiente de trocas térmicas por convecção (W/m2°C);
t — temperatura do ar (°C);
θ — temperatura da superfície do sólido (parede) (°C),
sendo que t > θ ou θ > t.
As trocas de calor por convecção são ativadas pela velocidade do ar,
quando se trata de superfícies verticais. Nesse caso, mesmo que o movimento
do ar advenha de causas naturais, como o vento, o mecanismo de troca entre a
superfície e o ar passa a ser considerado convecção forçada.
No caso de superfície horizontal, o sentido do fluxo desempenha impor-
tante papel. Quando o fluxo é ascendente, há coincidência do sentido do fluxo
com o natural deslocamento ascendente das massas de ar aquecidas, enquanto
no caso de fluxo descendente, o ar, aquecido pelo contato com a superfície,
encontra nela mesma uma barreira para sua ascensão, dificultando a convecção
— seu deslocamento e sua substituição por nova camada de ar à temperatura
inferior à sua.
Para o coeficiente de trocas térmicas por convecção — hc —, no caso de
convecção natural, são adotados, segundo Croiset(15), os seguintes valores:
• para superfície horizontal, fluxo descendente
hc = 1,2 (W/m2°C);
• para superfície vertical
hc = 4,7 (W/m2°C);
• para superfície horizontal, fluxo ascendente
hc = 7 (W/m2°C).
32
Para superfície vertical, hc varia de acordo com a velocidade do ar,
segundo o gráfico apresentado na figura 1.
!���# $�����	�
Radiação: mecanismo de troca de calor entre dois corpos — que guardam
entre si uma distância qualquer — atrevés de sua capacidade de emitir e de
absorver energia térmica. Esse mecanismo de troca é conseqüência da natureza
eletromagnética da energia, que, ao ser absorvida, provoca efeitos térmicos, o
que permite sua transmissão sem necessidade de meio para propagação, ocor-
rendo mesmo no vácuo.
O fluxo de calor envolvido nesse mecanismo de troca será:
qr = hr(θ − θr) (W/m2)
onde:
qr — intensidade do fluxo térmico por radiação (W/m2);
hr — coeficiente de trocas térmicas por radiação (W/m2°C);
θ — temperatura da superfície da parede considerada (°C);
θr — temperatura radiante relativa às demais superfícies (°C).
Figura 1 — Variação do coeficiente de convecção hc com a velocidade do ar
(parede vertical).
Fonte: Croiset(15)
33
O coeficiente hr é um parâmetro simplificado, que resume todos os fatores
que interferem nas trocas de radiação, a saber: as temperaturas das superfícies,
os aspectos geométricos e físicos das superfícies envolvidas e, principalmente,
a emissividade térmica ε da superfície. A emissividade expressa a capacidade de
uma superfície de emitir calor.
Para os materiais de construção correntes, sem brilho metálico, ε ≅ 0,9,
pode-se adotar hr = 5 (W/m2°C).
!���% ������	�
Condução: troca de calor entre dois corpos que se tocam ou mesmo partes
do corpo que estejam a temperaturas diferentes, como apresentado na figura 2,
onde θe ≠ θi.
A intensidade do fluxo térmico por condução envolvido nesse mecanismo
de troca é:
qcd =
λ
e
(θe − θi) (W/m2)
onde:
e — espessura da parede (m);
θe — temperatura da superfície externa da envolvente (°C);
θi — temperatura da superfície interna da envolvente (°C);
λ — coeficiente e condutibilidade térmica do material (W/m°C).
Figura 2 — Trocas de calor por condução.
θiθe λ
INT.EXT.
e
34
Como eλ = r, sendo r a resistência térmica específica da parede
(m2°C/W), tem-se:
qcd =
(θe − θi)
r
 (W/m2)
O coeficiente de condutibilidade térmica do material — λ — é definido
como sendo “o fluxo de calor que passa, na unidade de tempo, através da unidade
de área de uma parede com espessura unitária e dimensões suficientemente
grandes para que fique eliminada a influência de contorno, quando se estabelece,
entre os parâmetros dessa parede, uma diferença de temperatura unitária” —
Gomes(29). Este coeficiente depende de:
• densidade do material — a matéria é sempre muito mais condutora que o ar
contido em seus poros;
• natureza química do material — os materiais amorfos são geralmente menos
condutores que os cristalinos;
• a umidade do material — a água é mais condutora que o ar.
O coeficiente λ varia com a temperatura, porém, para as faixas de
temperatura correntes na construção, pode ser considerado como uma caracte-
rística de cada material. A tabela do Anexo 7 apresenta, entre outros, os dados
relativos ao coeficiente de condutibilidade térmica de diversos materiais de
construção, representados por valores médios.
!���& ����������������<�����
As trocas térmicas que advêm de mudança de estado de agregação da
água, do estado líquido para o estado de vapor e do estado de vapor para o estado
líquido, são denominadas trocas úmidas, cujos mecanismos são evaporação e
condensação.
!���( 
/�*����	�
Evaporação: troca térmica úmida proveniente da mudança do estado
líquido para o estado gasoso. Para ser evaporada, passando para o estado de vapor,
35
a água necessita de um certo dispêndio de energia. Para evaporar um litro de água
são necessários cerca de 700 J.
A velocidade de evaporaçãoé função do estado higrométrico do ar e de
sua velocidade. A uma determinada temperatura, o ar tem capacidade de conter
apenas uma certa quantidade de vapor d’água, inferior ou igual a um máximo
denominado peso do vapor saturante. Portanto, o grau higrométrico é a relação
entre o peso de vapor d’água contido no ar, a uma certa temperatura, e o peso de
vapor saturante do ar à mesma temperatura.
As cartas psicrométricas, apresentadas nos Anexos 4 e 5, fornecem dados
acerca do peso de vapor d’água contido no ar segundo sua temperatura. O peso
de vapor saturante relativo a cada temperatura pode ser obtido na carta psicro-
métrica por meio da linha da umidade relativa (U.R.) 100%, enquanto o peso de
vapor contido no ar, para cada condição de umidade relativa (U.R.) e para cada
condição de temperatura, pode ser obtido na mesma carta.
!���+ ���������	�
Condensação: troca térmica úmida decorrente da mudança do estado
gasoso do vapor d’água contido no ar para o estado líquido. Quando o grau
higrométrico do ar se eleva a 100%, a temperatura em que ele se encontra é
denominada ponto de orvalho (conforme item 3.1.15) e, a partir daí, o excesso
de vapor d’água contido no ar se condensa — passa para o estado líquido.
A condensação é acompanhada de um dispêndio de energia. A condensa-
ção de um litro d’água dissipa cerca de 700 J.
Se o ar, saturado de vapor d’água, entra em contato com uma superfície
cuja temperatura está abaixo da do seu ponto de orvalho, o excesso de vapor se
condensa sobre a superfície, no caso de esta ser impermeável — condensação
superficial —, ou pode condensar-se no interior da parede, caso haja porosidade.
A condensação superficial passageira em cozinhas e banheiros, nos
horários de uso mais intenso, é considerada normal. Torna-se problemática
quando se dá em paredes e principalmente em coberturas de baixa resistência
térmica.
Um meio para evitar a condensação superficial consiste na eliminação do
vapor d’água pela ventilação. Outro consiste em imprimir ao elemento da
construção uma resistência térmica R adequada, que pode ser calculada através
da expressão:
36
R =

te − ti
ti − to
 ⋅
1
hi
 (m2°C/W)
onde:
ti — temperatura do ar interno (°C);
te — temperatura do ar externo (°C);
to — temperatura do ponto de orvalho relativa a ti (°C);
hi — coeficiente de condutância térmica superficial interna,
conforme item 2.1.8 (W/m2°C).
!���. ������=���������������*��������
A condutância térmica superficial engloba as trocas térmicas que se dão
à superfície da parede.
O coeficiente de condutância térmica superficial expressa as trocas de
calor por convecção (item 2.1.2) e por radiação (item 2.1.3).
Assim, considerando-se a figura 3, onde se toma uma lâmina que separa
dois ambientes, um externo e outro interno, havendo diferenças de temperatura,
as trocas térmicas superficiais poderão ser expressas através dos coeficientes de
condutância térmica superficiais:
hc + hr =
he — coeficiente de condutância térmica superficial externa (W/m2°C)
hi — coeficiente de condutância térmica superficial interna (W/m2°C)
Figura 3 — Esquema explicativo dos coeficientes de condutância térmica superficial.
θiθe
INT.EXT.
te ti
he hi
37
Também os coeficientes he e hi são parâmetros simplificados, válidos para
condições convencionalmente simplificadas admitidas para hr.
Se he e hi são coeficientes de condutância térmica superficiais, as resis-
tências témicas superficiais serão 1he
 e
1
hi
 , externa e interna, respectivamente.
As tabelas do Anexo 8 apresentam valores de condutâncias e resistências
térmicas superficiais para paredes externas e internas, consideradas de materiais
correntes e sujeitas a velocidades do ar de 2 m/s para superfícies externas e 0,5
m/s para superfícies internas.
A tabela 1, Anexo 9, apresenta a variação da condutância térmica super-
ficial externa he, segundo a velocidade do vento, para casos especiais e conheci-
dos, posto que há um consenso em se adotar 2 m/s, ou, no máximo, 3 m/s, para
a velocidade do ar externo, em se considerando o meio urbano.
!���0 
�*�������������������
Os espaços de ar confinados, portanto não ventilados, entre duas lâminas
paralelas, apresentam resistência térmica que será função dos seguintes fatores:
espessura da lâmina de ar, sentido do fluxo térmico e emissividade das superfícies
em confronto.
A tabela 2, Anexo 9, apresenta valores de resistência térmica de espaços
de ar (Rar) confinados entre duas lâminas paralelas.
!����> ������������?�� ���������������	����������7@8
O coeficiente Global de Transmissão Térmica — K — engloba as trocas
térmicas superficiais (por convecção e radiação) e as trocas térmicas através do
material (por condução). Portanto, engloba as trocas de calor referentes a um
determinado material segundo a espessura da lâmina, o coeficiente de conduti-
bilidade térmica, a posição horizontal ou vertical da lâmina e, ainda, o sentido
do fluxo.
O coeficiente K quantifica a capacidade do material de ser atravessado
por um fluxo de calor induzido por uma diferença de temperatura entre dois
ambientes que o elemento constituído por tal material separa (W/m2°C). Defi-
ne-se como sendo “o fluxo de calor que atravessa, na unidade de tempo, a unidade
de área do elemento constituído do material, quando se estabelece uma diferença
unitária de temperatura entre o ar confinante com suas faces opostas”(30).
38
!����� A���������	�����@�*����*�����������
�����
Para uma parede de material homogêneo e com espessura constante, o
coeficiente global de transmissão K é obtido em função de:
a) Trocas térmicas na superfície interna
q = hi (ti − θi) = (ti − θi)1/hi (W/m
2)
b) Trocas térmicas através do material
q = λ (θi − θe)
e
=
(θi − θe)
e/λ (W/m
2)
c) Trocas térmicas na superfície externa
q = he (θe − te) = (θe − te)1/he (W/m
2)
Igualando-se estas frações e admitindo-se que:
q = K(∆t) = ∆t1/K
então 1K =
1
hi
+
1
he
+
e
λ (m
2
°C/W)
sendo: 1K = R — resistência térmica global da lâmina.
Os valores dos coeficientes de condutância térmica superficial he e hi, e
as resistências térmicas superficiais 1he
 e 
1
hi
 e inclusive de 1he
+
1
hi
 podem ser
encontrados na tabela do Anexo 8, e os valores dos coeficientes de condutibili-
dade térmica λ dos materiais, na tabela do Anexo 7.
!����! A���������	�����@�*����*�������������
�����
Nos casos de paredes heterogêneas, em que os elementos da construção
se constituem de várias camadas de materiais diferentes, a expressão de cálculo
39
considera essa heterogeneidade incluindo a somatória das relações espessura
(e) / condutibilidade térmica (λ), ou do inverso das condutâncias, ou das resis-
tências térmicas específicas das sucessivas camadas constituintes do elemento.
Então:
1
K =
1
he
+
e1
λ1
+
e2
λ2
+
e3
λ3
+ … +
1
hi
 (m2°C/W)
Observe-se que uma das camadas pode ser um espaço de ar confinado
entre lâminas paralelas, e a parcela correspondente estará representada pelos
valores relativos às suas resistências térmicas em função da posição da parede e
do sentido do fluxo, de acordo com a tabela 2, Anexo 9.
!����# A���������	�����@�*����*�������������
�����
�����*���4���
Quando o elemento da construção não é heterogêneo em espessura mas
em superfície, o coeficiente global de transmissão térmica pode, em cálculo
simplificado, ser determinado considerando-se a decomposição do elemento em
áreas parciais — A1, A2 ... — correspondentes às zonas diferenciadas, determi-
nando-se os coeficientes — K1, K2 ... — correspondentes a essas áreas parciais
e estabelecendo-se a média ponderada:
Figura 4 — Esquema explicativo para determinação de K para paredes
heterogêneas em espessura.
θiθe
INT.EXT.
te tihe hi
λ1 λ3λ2
e2 e3e1
40
K =
K1A1 + K2A2 + …A1 + A2 + …
 (W/m2°C)
Essa hipótese não é válida quando os materiais têm K com diferenças
acentuadas.
Num vedo composto por painéis com alguma isolação, porém interligados
por elementos de alta condutância, ocorrem fluxos térmicos no plano do vedo,
provocando as chamadas pontes térmicas, que são responsáveis por grandes
fluxos de calor, quando comparados aos fluxos através dos elementos isolantes,
e representam uma incoerência de projeto.
!�! ���*�����������������������������	�
O Sol, importante fonte de calor, incide sobre o edifício representando
sempre um certo ganho de calor, que será função da intensidade da radiação
incidente e das características térmicas dos paramentos do edifício.
Os elementos da edificação, quando expostos aos raios solares, diretos ou
difusos, ambos radiação de alta temperatura, podem ser classificados como: a)
opacos; b) transparentes ou translúcidos.
!�!�� ��������������������/������*��������*����
No caso de uma parede opaca exposta à radiação solar e sujeita a uma
determinada diferença de temperatura entre os ambientes que separa, os meca-
nismos de trocas podem ser esquematizados como na figura 5.
A intensidade do fluxo térmico (q) que atravessa essa parede, por efeito
da radiação solar incidente e da diferença de temperatura do ar:
q = K (te + αIghe − ti) (W/m
2)
onde:
K — coeficiente global de transmissão térmica (W/m2°C);
te — temperatura do ar externo (°C);
α — coeficiente de absorção da radiação solar;
Ig — intensidade de radiação solar incidente global (W/m2);
41
he — coeficiente de condutância térmica superficial externa (W/m2°C);
ti — temperatura do ar interno (°C).
A expressão anterior pode ser disposta da seguinte forma:
q = KαIghe
+ K(te − ti) (W/m2)
A parcela KαIghe
 se refere ao ganho de calor solar, sendo αkhe
= Sop, fator
de ganho solar de material opaco, enquanto a parcela K(∆t) corresponde às trocas
de calor por diferença de temperatura, podendo representar ganho, quando te > ti,
ou perda, quando ti > te.
A tabela 1, Anexo 10, apresenta valores de ε (emissividade térmica), para
radiação solar, e de α e ε para temperaturas entre 10 e 40°C, para diversos
materiais de construção. Para uma mesma gama de comprimento de onda, da
radiação incidente e da radiação emitida, α = ε.
Figura 5 — Trocas de calor através de paredes opacas.
Radiação Solar
Fluxo da radiação solar
absorvida e dissipada
para o exterior
Radiação solar
refletida EXT. INT.
Fluxo da radiação solar
absorvida e dissipada para
o interior
θi
θe
te
ti
he
hi
e⁄λ
ρIg
Ig
42
A tabela 2, Anexo 10, apresenta valores de α, para radiação solar, em
função da cor da pintura externa.
!�!�! ��������������������/������*������������*�������
���������<�����
No caso de uma parede transparente ou translúcida exposta à incidência
da radiação solar e sujeita a uma determinada diferença de temperatura entre os
ambientes que separa, os mecanismos de troca podem ser esquematizados como
na figura 6.
A intensidade do fluxo térmico (q) que atravessa uma parede transparente
ou translúcida, deve incorporar, em comparação com a parede opaca, a parcela
que penetra por transparência (τ Ig). Assim sendo, tem-se:
q = 
αK
he
+ τ
 Ig + K(∆t) (W/m
2)
Figura 6 — Trocas de calor através de superfícies transparentes ou translúcidas.
ρIg
Parcela que penetra
por transparência
Radiação solar refletida
Parcela de αIg
dissipada para o interiorParcela de αIg
dissipada para o exterior
Radiação solar
EXT. INT.
te
ti
he
τIg
Ig
43
sendo αKhe
+ τ = Str (fator solar).
O fator solar se refere à radiação solar global.
A parcela K(∆t) se refere às trocas de calor por diferença de temperatura
e representa ganho quando te > ti e perda quando ti > te.
Para o vidro comum:
α = 0,07, K = 5,7 (W/m2°C)
ρ = 0,08, 1/he = 0,05 (m2/°CW)
τ = 0,85, Str = 0,86
A tabela 1, Anexo 11, apresenta valores de fator solar de diversos vidros.
O fator solar é utilizado também para expressar a proteção solar conse-
guida através de elementos quebra-sol, persianas, cortinas etc.
!�!�# 
������������*�����	��������79 ����B������;8
O controle da insolação através de elementos de proteção solar —
quebra-sol (“brise-soleil”) — representa um importante dispositivo para o pro-
jeto do ambiente térmico.
O quebra-sol pode ser utilizado tanto para a proteção de paredes transpa-
rentes ou translúcidas como para o caso de paredes opacas leves.
!�!�% ,�����	�����������*��������*����
A presença de uma placa quebra-sol (“brise-soleil”) diante de uma parede
opaca vai ocasionar uma série de mecanismos de trocas, conforme esquematiza-
ção na figura 7.
A intensidade do fluxo térmico que atravessa a parede opaca protegida
por um quebra-sol será:
q = K (te + α
∗Ig
he
− ti) (W/m2)
ou q = K α
∗Ig
he
+ K(∆t) (W/m2)
44
sendo α* denominado fator fictício de absorção da radiação solar de uma parede
opaca protegida por quebra-sol.
O valor de α* será função das características da proteção solar e varia
inclusive com a orientação da parede a ser protegida, com a latitude do local onde
está situado o edifício e com a época do ano.
Segundo Croiset(15), α* pode, a partir de alguns casos estudados, assumir
os seguintes valores:
a) quebra-sol contínuo, vertical, diante de parede vertical, a 30 cm,
sem características especiais do material e acabamentos: 0,20 a 0,25
b) quebra-sol contínuo, vertical, diante de parede vertical, a 30 cm,
com R ≅ 0,6 m2°C/W, face externa branca e face interna pouco
emissiva: 0,15 a 0,10
c) quebra-sol de lâminas verticais colocado diante de parede
vertical: variável
d) beirais e quebra-sol de lâminas horizontais: variável
Figura 7 — Proteção solar de paredes opacas.
αIg
Parcela de αIg
dissipada através
da parede
Parcela de αIg
dissipada para o exterior
Radiação solar
Ig
Parcela de αIg dissipada, por
ventilação da lâmina de ar
Radiação solar
refletida
ρIg
quebra-sol
parede
opaca
45
e) cobertura com sombreamento de um quebra-sol contínuo, a 30
cm: 0,15 a 0,20
f) cobertura com sombreamento de quebra-sol contínuo, a 30 cm,
face externa clara, face interna pouco emissiva, material
isolante: 0,05
O quebra-sol de lâminas verticais colocado diante de uma parede vertical
proporcionará α* com valores sempre mais elevados que os contínuos, devido
às diversas reflexões dos raios solares incidentes sobre as placas.
O beiral deve ser analisado sob o ponto de vista de sua eficiência
geométrica. Fatores como absorção, isolação e emissividade têm menor impor-
tância. A continuidade da proteção horizontal impede a ventilação da camada de
ar próxima à parede, tornando a proteção menos eficiente.
Se os beirais são constituídos por várias lâminas horizontais, a ventilação
e o desvio dos raios refletidos proporcionam maior eficiência e o fator α* pode
variar entre 0,20 e 0,50, segundo a parede seja clara ou escura e, no caso de
construção térrea, o solo seja pouco ou muito refletor.
No caso de sombreamento de cobertura, a transmissão térmica se dá à
semelhança da proteção de paredes verticais, sendo que a ventilação entre a
cobertura e a placa de proteção pode produzir melhores efeitos.
!�!�& ,�����	�����������*������������*�����������������<�����
A proteção solar de paredes transparentes ou translúcidas pode ser feita
através de dispositivos externos e internos, sendo que, em caso de vidro duplo,
por exemplo, pode até se localizar entre os dois vidros. Por outro lado, a proteção
externa normalmente tende a ser mais eficiente, posto que barra a radiação solar
antes de sua penetração por transmissividade através do material. Porém, como
a proteção solar é projetada segundo a especificidade de cada edifício, de acordo
com sua localização, função e orientação, há casos em que a proteção interna
podeser mais adequada.
A proteção solar de paredes transparentes ou translúcidas, para os dois
casos mais correntes, de proteção externa ou interna, pode ser esquematizada
segundo as figuras 8 e 9.
Observe-se que, no caso da figura 8 — quebra-sol externo —, a parcela
do calor que penetra no ambiente é menor que no caso do quebra-sol interno, já
46
Figura 8 — Ganhos de calor através de parede transparente (supondo transparência
100% e proteção opaca 100%), com proteção externa.
Figura 9 — Ganhos de calor através de parede transparente (supondo transparência
100% e proteção opaca 100%), com proteção interna.
Parcela de αIg
dissipada através
da parede (e, λ)
quebra-sol
Parcela de αIg
dissipada para o exterior
Radiação solar
Ig Parcela de αIg dissipada por ventilação
Radiação refletida
ρIg
PROTEÇÃO EXTERNA
Parcela de αIg
dissipada para o exterior
Radiação solar
Ig
Parcela de αIg
dissipada através
da proteção
Radiação refletida
ρIg
PROTEÇÃO INTERNA
Parcela de αIg
dissipada para o
interior
EFEITO ESTUFA
47
que o vidro, não sendo transparente para radiação de baixa temperatura (onda
longa), funciona como barreira — efeito estufa — resultando, assim, maior
radiação no interior do recinto.
Quanto aos mecanismos de trocas térmicas, ocorrem da mesma maneira
que no caso da proteção de paredes opacas, e o fluxo de calor envolvido no
processo pode ser assim formulado:
q = K (te + αIghe − ti) (W/m
2)
ou q = Str ⋅ Ig + K(∆t) (W/m2)
A tabela 2, Anexo 11, representa valores de fator solar para proteções de
vidraças com dispositivos tipo persianas, venezianas e cortinas.
!�!�( �������������������������*������������/��/����
À inércia térmica estão associados dois fenômenos de grande significado
para o comportamento térmico do edifício: o amortecimento e o atraso da onda
de calor, devido ao aquecimento ou ao resfriamento dos materiais. A inércia
térmica depende das características térmicas da envolvente e dos componentes
construtivos internos.
Quando, por exemplo, a temperatura exterior, suposta inicialmente igual
à temperatura interior, se eleva, um certo fluxo de calor penetra na parede. Esse
fluxo não atravessa a parede imediatamente, antes aquecendo-a internamente.
Tal fluxo, se comparado com uma parede fictícia de peso nulo, atravessa
a parede com um certo atraso e amortecido, conforme a figura 10. O atraso e o
amortecimento, juntos, compõem a inércia térmica, a qual é função da densidade,
da condutibilidade e da capacidade calorífica da parede. A capacidade calorífica
da parede é expressa através do fator denominado calor específico, que se mede
pela quantidade de calor necessária para fazer elevar de uma unidade de tempe-
ratura, a sua unidade de massa (J/kg°C).
A tabela do Anexo 7 apresenta, entre outros dados, valores de calor
específico de diversos materiais de construção.
48
!�!�+ ���������������������������	�
Para a avaliação da inércia térmica da construção, recorre-se ao conceito
de superfície equivalente pesada — que é igual à somatória das áreas das
superfícies de cada uma das paredes interiores, inclusive piso e teto, multiplica-
das por um coeficiente que será função do peso da parede e da resistência térmica
de seus revestimentos — em relação à área do piso do local.
Uma parede apresenta maior ou menor inércia segundo seu peso e sua
espessura. Mas os revestimentos desempenham importante papel, pois revesti-
mentos isolantes reduzem as trocas de calor com a parede e reduzem sua inércia.
Croiset(15) apresenta um método simplificado para apreciação da inércia
de uma parede interior (inclusive piso e teto), que consiste em aplicar um
coeficiente igual a 1, 2⁄3, 1⁄3 ou 0, segundo o seu peso e a resistência térmica do
seu revestimento, conforme a tabela na página seguinte:
Figura 10 — Esquema explicativo do fenômeno da inércia térmica de uma
parede real (q2) e de uma parede fictícia de peso nulo (q1).
49
Resistência térmica do revestimento (m°C/W)
inferior
a 0,15
entre
0,15 e 0,50
superior
a 0,50
Parede pesando + de 200 kg/m2 1 2⁄3 0
Parede pesando entre 200 e
100 kg/m2
2⁄3 1⁄3 0
Parede pesando entre 100 e
500 kg/m2
1⁄3 0 0
Parede pesando mais de
50 kg/m2
0 0 0
Como uma parede (inclusive piso e teto) divide dois ambientes, conside-
ra-se apenas a metade de sua espessura, posto que a outra metade será conside-
rada como do recinto vizinho.
A inércia do recinto considerado pode ser então classificada, segundo o
valor da relação base superfície equivalente pesada / área do piso do local:
— inferior a 0,5 inércia muito fraca
— entre 0,5 e 1,5 inércia fraca
— superior a 1,5 e sem cumprir a condição
definida para inércia forte inércia média
— superior a 1,5 e se a metade das paredes
pesar mais de 300 Kg/m2 inércia forte
O amortecimento e o atraso serão tanto maiores quanto maior for a inércia
da construção. Considera-se que a construção está assentada diretamente sobre
o solo ou erguida sobre laje de grande espessura.
Podem ser adotados os seguintes valores para o amortecimento:
— para construção de inércia muito fraca m = 0,4;
— para construção de inércia fraca m = 0,6;
— para construção de inércia média m = 0,8;
— para construção de inércia forte m = 1,0.
50
A figura 11 apresenta um exemplo de curvas de variação de temperaturas
externas e interna de um recinto, sem considerar os ganhos de calor solar, mas
apenas as trocas relativas às diferenças de temperatura, que representam ganhos
durante as horas em que a temperatura externa é maior que a temperatura interna
(te > ti) e perdas de calor, durante as horas em que a temperatura interna é maior
que a temperatura externa (ti > te).
Figura 11 — Exemplo de curvas de variação de temperaturas
externa e interna de um recinto.
51
��������	�
C��D��������������"��6���	����
"�6��������
#�� C��D�����������
#���� 
�������������2����������6��������
Adequar a arquitetura ao clima de um determinado local significa cons-
truir espaços que possibilitem ao homem condições de conforto, conforme
indicadas no capítulo 1. À arquitetura cabe, tanto amenizar as sensações de
desconforto impostas por climas muito rígidos, tais como os de excessivos calor,
frio ou ventos, como também propiciar ambientes que sejam, no mínimo, tão
confortáveis como os espaços ao ar livre em climas amenos.
Dentre as variáveis climáticas que caracterizam uma região, podem-se
distinguir as que mais interferem no desempenho térmico dos espaços construí-
dos: a oscilação diária e anual da temperatura e umidade relativa, a quantidade
de radiação solar incidente, o grau de nebulosidade do céu, a predominância de
época e o sentido dos ventos e índices pluviométricos.
#���! E�����������2�����
Os valores dessas variáveis se alteram para os dintintos locais da Terra
em função da influência de alguns fatores como circulação atmosférica, distri-
buição de terras e mares, relevo do solo, revestimento do solo, latitude e altitude.
#���# $�����	�������
A radiação solar é uma energia eletromagnética, de onda curta, que atinge
a Terra após ser parcialmente absorvida pela atmosfera.
A maior influência da radiação solar é na distribuição da temperatura do
globo. As quantidades de radiação variam em função da época do ano e da
53
latitude. Este fenômeno pode ser melhor elucidado se examinarmos o movimento
aparente do Sol em relação à Terra.
#���% )�/��������*����������F��
Para um observador situado na Terra, o Sol, aparentemente, se movimenta
ao longo dos dias ao redor da Terra, variando a inclinação dos raios em função
da hora e da época do ano.
A Terra, para efeitos práticos, é considerada como sendo uma esfera. A
Figura 12 representa esta esfera de centro C, pelo qual passa um eixo imaginário
denominado eixo polar, ao redor do qual a Terra gina. O ponto PN é definido
como sendo o

Outros materiais