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ADM 06143 - II-2 - Revisão das Demonstrações Financeiras - v2

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ADM 06143 – Administração Financeira e Orçamentária I 
Professor: Claudio Cunha (claudio.m.p.cunha@oi.com.br) 
 
 
II-2. Revisão das Demonstrações Financeiras 
 
 
Decisões financeiras são decisões de alocações intertemporais de recursos. As 
demonstrações financeiras associam valores monetários aos recursos e descrevem as 
movimentações e posições de recursos da organização em termos monetários. A 
elaboração das demonstrações financeiras segue princípios e convenções que incluem 
diretrizes para a associação de valores monetários aos recursos. Isso as torna uma fonte 
objetiva de informação sobre as alocações e movimentações de recursos. 
As demonstrações financeiras são elaboradas com base nos registros contábeis, 
que seguem o Método das Partidas Dobradas, pelo qual toda alocação de recurso deve 
indicar a aplicação (débito) e a fonte (crédito). Por exemplo, ao contrair um 
financiamento (fonte) para adquirir um equipamento (aplicação), é feito um crédito no 
exigível no longo prazo (saldo das dívidas com vencimento superior a um ano) e um 
débito no ativo imobilizado (saldo de bens de capital, incluindo equipamentos e 
imóveis). Outro exemplo é a aquisição de matéria-prima, dando em troca recursos das 
disponibilidades (ou seja, pagando à vista), quando o estoque é debitado (no caso, 
aumenta a aplicação em estoque) e é feito um crédito nas disponibilidades (diminui a 
aplicação em disponibilidades, o que equivale a uma fonte de recursos). 
O Método das Partidas Dobradas permite uma verificação do acerto nos registros 
contábeis, uma vez que todo registro tem uma dupla entrada: um débito (aplicação) e 
um crédito (fonte). O total de créditos e de débitos deve ser igual após cada 
movimentação de recursos ser adequadamente registrada. Qualquer diferença indica um 
erro de registro. 
 
 
a) Balanço Patrimonial (BP) 
 
Nas decisões de alocações intertemporais de recursos, os recursos que não são 
consumidos de imediato, mas alocados para o futuro, em particular para serem 
empregados em atividades da organização, constituem o capital. Os saldos de capital 
são descritos através do Balanço Patrimonial (BP) da organização. Seguindo o Método 
das Partidas Dobradas, o capital deve ser descrito pelas fontes (Passivo) e pelas 
aplicações (Ativo), sendo que o total de fontes deve igualar o total de aplicações. Ou 
seja, o Ativo deve ser igual ao Passivo. 
 
Passivo 
 
O Passivo discrimina as fontes de capital. Pessoas que empregaram capital na 
organização esperam uma contrapartida (mesmo que não seja para elas, mas uma 
contribuição para a sociedade, como no caso de doadores a instituições beneficentes). 
Assim, essas fontes também podem ser vistas como obrigações da organização. 
Em particular, dentre as fontes, existem recursos providos por financiadores que 
esperam receber de volta o capital e mais uma remuneração. São credores de dívida, que 
emprestam recursos em troca de remuneração pré-definida, ou sócios, que alocam com 
expectativa de participação no lucro. A parte referente aos credores (empréstimos, 
financiamentos e debêntures) constitui a Dívida. A parte referente aos sócios constitui o 
Patrimônio Líquido. Os sócios concedem os recursos sem prazo definido. (Podem 
vender sua parte na sociedade, mas os recursos continuam na sociedade, apenas 
mudando quem irá receber participação nos lucros.) Credores podem conceder recursos 
com prazo superior a um ano para liquidação da dívida (podendo haver pagamentos 
intermediários de juros e amortizações). Essas dívidas com prazo superior a um ano 
fazem parte do Passivo Não Circulante. 
Há também recursos que são providos com prazo menor que um ano para serem 
quitados, como o trabalho provido por empregados e fornecedores de serviço, 
mercadorias providas por fornecedores de materiais, dívidas de curto prazo e 
adiantamento de clientes, por bens e serviços que ainda serão entregues. Também na 
atividade são geradas obrigações tributárias com os governos municipal, estadual e 
federal, que constituem o passivo tributário. O conjunto das obrigações a serem quitadas 
com menos de um ano constitui o Passivo Circulante. 
 
 Ativo 
 
O capital também pode ser representado pelas suas aplicações, discriminadas no 
Ativo. Para o exercício de sua atividade fim, e de algumas atividades necessária para 
execução da atividade fim, a organização adquire bens de produção, também chamados 
de bens de capital, tais como imóveis e máquinas. Também adquire bens que podem ser 
transformados, no caso de um processo industrial. No exercício de sua atividade, a 
organização pode transferir recursos para outros agentes econômicos, sem uma 
contrapartida imediata na forma de outros recursos, mas gerando um direito ao 
recebimento futuro de contrapartida. Assim, essas aplicações também podem ser vistas 
como bens e direitos da organização. 
Em particular, dentre as aplicações, existem recursos perenes na organização. 
Podem ser imóveis e máquinas, que constituem o Ativo Imobilizado. Podem também 
ser patentes, projetos, programas de computador e outras aplicações incorpóreas, que 
constituem o Ativo Intangível. O conjunto das aplicações perenes na organização 
constitui o Ativo Não Circulante. 
Há, por outro lado, aplicações de caráter provisório. Estoques de matérias-
primas, por exemplo, apenas aguardam seu emprego na produção. Recebíveis de 
clientes aguardam sua conversão em disponibilidades. E as Disponibilidades têm ampla 
possibilidade de conversão imediata, em qualquer tipo de produto (bem ou serviço) 
necessário à organização, ou, até mesmo, para a liquidação de obrigações. O conjunto 
de aplicações de caráter provisório constitui o Ativo Circulante. 
Abaixo está uma representação simplificada do Balanço Patrimonial (BP), 
destacando as principais contas e as subdivisões do Ativo e do Passivo. 
 
 ATIVO PASSIVO 
Ativo Disponibilidades Contas a Pagar Passivo 
Circulante Recebíveis (Clientes) Exigível (Dívida) CP Circulante 
 Estoques Tributos a Pagar 
Ativo Não Recebíveis LP (>1 ano) 
Exigível LP 
Passivo Não 
Circulante 
Circulante Imobilizado Capital Social Patrimônio 
 Intangível Lucro Acumulado Líquido 
 
b) Demonstração de Resultados do Exercício (DRE) 
 
 Na atividade da organização, recursos são consumidos e recursos são gerados 
(produtos) e transferidos para clientes. O resultado da atividade da empresa é a 
diferença entre recursos consumidos e gerados, avaliado, em termos monetários (o que é 
uma visão apenas parcial), pela Demonstração dos Resultados do Exercício (DRE). 
 Enquanto o BP descreve saldos de recursos, a DRE descreve seus fluxos. Numa 
analogia com um carro, o indicador de nível de combustível no tanque corresponde ao 
BP, enquanto o indicador de consumo de combustível corresponde à DRE. 
 Ao transferir produtos (bens ou serviços) a clientes, a contrapartida concedida 
(pagamento ou assunção de obrigação de pagar) é registrada como receita na DRE. O 
valor monetário do produto é associado ao preço que o cliente aceita pagar. 
 Dentre os recursos consumidos há aqueles que são usados diretamente na 
produção dos bens e serviços a serem entregues: são os custos. A diferença entre o valor 
dos produtos entregues (receita) e dos recursos consumidos em sua produção (custo) é o 
resultado bruto. Ou seja, o resultado apenas da atividade produtiva. 
Para a operação da organização, porém, recursos são utilizados em outras 
atividades que não estão diretamente ligados à produção: são as despesas com vendas, 
gerais e administrativas (VG&A). A diferença entre o resultado bruto e as despesas 
VG&A é o resultado operacional (ou lucro antes de juros e imposto de renda – 
LAJIR). Ou seja, o resultadodas operações da organização. Aquilo que os ativos 
(aplicações) conseguem gerar de riqueza, sem considerar as fontes de recursos. 
Mas as fontes de recursos recebem como contrapartida (por terem aberto mão do 
consumo imediato) uma parcela da riqueza gerada: são as despesas financeiras, que 
correspondem aos gastos com a dívida da empresa, envolvendo principalmente os juros. 
A diferença entre o lucro operacional e as despesas financeiras é o resultado antes de 
tributos (ou lucro antes do imposto de renda – LAIR). A riqueza residual é um direito 
dos sócios, que também são fonte de capital (através do patrimônio líquido). No caso de 
organizações sem fins lucrativos, esse é o resultado final. 
Essa riqueza residual é tributada pelo Governo Federal, incidindo o imposto de 
renda (IR) e a contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL). A diferença entre o 
lucro antes do imposto de renda e os tributos é o lucro líquido (LL), que é a linha final 
da DRE nas empresas com fins lucrativos. É desse valor que podem sair os dividendos1 
para remunerar os acionistas como fonte de capital2. 
Abaixo está uma representação simplificada da Demonstração de Resultados do 
Exercício (DRE). (Versões mais elaboradas detalham mais receitas, custos e despesas.) 
 
Receita 
(–) Custos______________________ 
(=) Lucro Bruto 
(–) Despesas VG&A______________ 
(=) Lucro Operacional (LAJIR) 
(–) Despesas financeiras___________ 
(=) Lucro antes de Tributos (LAIR) 
(–) IR + CSLL__________________ 
(=) Lucro Líquido (LL) 
 
1 Há certas restrições legais sobre a parte do lucro líquido que pode ser paga na forma de dividendos. 
2 Os dividendos são a remuneração do acionista como fonte de capital. Eventualmente os acionistas 
podem trabalhar na organização, em particular na sua administração. Nesse caso recebem uma 
remuneração pelo seu trabalho, em geral na forma de pro labore. 
c) Demonstração o Fluxo de Caixa (DFC) 
 
Um aspecto importante na alocação de recursos é a disponibilidade monetária, 
que se refere aos valores monetários (em dinheiro) disponíveis para pagamento pelos 
recursos, ou para quitar obrigações assumidas em contrapartida dos recursos, ou para 
quitar obrigações tributárias. As Disponibilidades podem ser na forma de moeda em 
espécie, na forma de depósitos bancários, ou na forma de aplicações com liquidez 
imediata (em que a retirada do valor aplicado não impacta em nenhuma despesa 
adicional para a organização). É comum se referir ao conjunto de disponibilidades 
monetárias como Caixa. Devido à importância das disponibilidades na administração 
financeira, em particular para assegurar a liquidez da empresa, suas variações são 
descritas através da Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC). 
É importante destacar que a geração de disponibilidades financeiras, ainda que 
também seja um fluxo de recursos, é diferente do resultado indicado pela DRE. Pelo 
princípio da realização, as receitas são consideradas no resultado do exercício em que 
houve a entrega do bem ou serviço. Porém, o recebimento da contrapartida em termos 
monetários pode ocorrer antes (adiantamento a cliente), ou depois (recebível de cliente). 
Correspondentemente, pelo princípio da confrontação, os custos devem ser 
reconhecidos no momento em que são reconhecidas as receitas do respectivo produto. O 
pagamento aos fornecedores dos recursos empregados na produção pode ter ocorrido 
em outro exercício. Por exemplo, uma matéria-prima pode ter sido adquirida em um 
mês e paga à vista. Esse pagamento não constitui um custo, uma vez que a matéria-
prima ainda não saiu da organização na forma de um produto. No mês seguinte a 
matéria-prima é processada, ficando por um mês no estoque de produtos acabados, antes 
de ser finalmente entregue ao cliente. Nesse caso o pagamento pela matéria-prima 
ocorreu dois meses antes de seu valor ser lançado como custo do mês. Depreciação e 
amortização, que procuram quantificar o consumo do ativo não circulante 
(respectivamente imobilizado e intangível), são custos e despesas sem contrapartida em 
transferência monetária. (Essa transferência se deu em relação ao investimento.) Assim, 
depreciação e amortização correspondem a consumos de recursos que reduzem o 
resultado, mas não reduzem a geração de caixa. 
O fluxo de caixa pode ser representado de forma direta, como a diferença entre 
recebimentos (entradas ou fontes) e pagamentos (saídas ou aplicações). O relatório 
gerencial deve consolidar entradas e saídas de uma maneira informativa. Basicamente 
são separadas em atividades operacionais, atividades de financiamento (pagamentos de 
despesas financeiras, amortizações e captações de financiamentos) e atividades de 
investimento. Uma representação simplificada da DFC pelo método direto é apresentada 
abaixo. (Onde se considera que não há novos ingressos de recursos dos sócios.) 
 
(+) Recebimentos Operacionais 
(–) Pagamentos Operacionais (incluindo tributos)__________________ 
(=) Fluxo de Caixa Operacional 
(–) Pagamento de Despesas Financeiras Líquidas (deduzidas receitas) 
(–) Captações Financeiras Líquidas (deduzidas amortizações)_________ 
(=) Fluxo de Caixa após Atividades Financeiras 
(–) Pagamento Líquido de Investimentos (deduzidas vendas de ativos)_ 
(=) Variação de Caixa do Exercício 
 
O fluxo de caixa também pode ser representado de forma indireta. A forma 
indireta se baseia no método das partidas dobradas: consideradas as variações de todas 
as demais contas do BP, a variação nas disponibilidades deve ser tal que Ativo Total e 
Passivo Total (incluindo Patrimônio Líquido) se igualem. Como as disponibilidades 
fazem parte do Ativo, ela aumenta com aumentos em contas do Passivo e diminui com 
aumentos em outras contas do Ativo. Uma representação simplificada da DFC pelo 
método indireto é apresentada abaixo. (Onde se considera que não há novos ingressos 
de recursos dos sócios.) 
 
(+) Lucro Operacional (LAJIR) 
(+) Depreciação e Amortização 
(–) Aumento do Ativo Circulante 
(+) Aumento do Passivo Circulante (exceto dívidas)____________________ 
(=) Fluxo de Caixa Operacional 
(+) Aumento do Exigível CP (dívidas do passivo circulante) 
(+) Variação do Passivo Não Circulante______________________________ 
(=) Fluxo de Caixa após Atividades Financeiras 
(–) Aumento do Ativo Não Circulante (desconta depreciação e amortização)_ 
(=) Variação de Caixa do Exercício 
 
Um ponto de destaque é que o fluxo de caixa pelo método indireto relaciona o 
fluxo de caixa operacional com o resultado operacional. Como pode ser visto, a relação 
entre os dois é intermediada pelas variações nas contas de ativo e passivo circulante. A 
gestão de liquidez no curto prazo está ligada ao fluxo de caixa operacional, uma vez que 
as decisões de financiamento e investimento são decisões e longo prazo. Assim, para 
gerir a liquidez, é preciso gerir as variações de ativo e passivo circulantes, o que é 
chamado de Gestão do Capital de Giro. 
Desconsiderando as variações de ativo e passivo circulante, o fluxo de caixa 
operacional pode ser relacionado com o resultado operacional somando a esse os 
valores de depreciação e amortização do exercício. Isso dá origem ao Lucro antes de 
Juros, Impostos, Depreciação e Amortização (LAJIDA3), que é usualmente indicado nas 
demonstrações financeiras com finalidade gerencial, justamente por ser uma indicação 
da geração operacional de caixa quando o negócio está estabilizado (não necessitando 
de variações significativas no capital de giro). 
 
3 Essa sigla é mais conhecida em sua versão em inglês: EBITDA (Earns Before Interest, Taxes, 
Depreciation and Amortization)

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