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APOSTILA METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTIFICO

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METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
APOSTILA DE INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS À CONSTRUÇÃO DO TRABALHO CIENTÍFICO EM VISTA DAS FONTES E RECURSOS UTILIZADOS 
Prof. Alysson Rodrigo Fonseca
SUMÁRIO
	CAPÍTULO 1. CIÊNCIA E CONHECIMENTO CIENTÍFICO
	5
	1. Introdução
	5
	2. Conhecimento científico e outros tipos de conhecimentos
	7
	2.1 Correlação entre conhecimento popular e conhecimento Cientifico
	7
	2.2 Os Quatro Tipos de Conhecimento
	8
	2.2.1 Conhecimento Popular
	8
	2.2.2 Conhecimento Filosófico
	8
	2.2.3 Conhecimento Religioso
	9
	2.2.4 Conhecimento Científico
	9
	3 Ciências
	9
	3.1 Conceituação
	9
	4. Referências
	10
	CAPÍTULO 2. CLASSIFICAÇÃO E DIVISÃO DA CIÊNCIA
	12
	1. Classificação da ciência
	12
	1.1 Classificação de Carnap
	12
	1.2 Classificação baseada em Bunge
	12
	2. Ciências formais e ciências factuais
	13
	2.1 Aspectos relacionados à divisão em ciências formais e factuais
	13
	2.2 Características das ciências factuais
	14
	3 Ciências físicas e sociais
	14
	4 Ciências básicas e aplicadas
	16
	CAPÍTULO 3. ESTUDO PELA LEITURA TRABALHADA
	17
	1. Importância da leitura
	17
	2. Como selecionar o que ler
	18
	3. Velocidade e eficiência da leitura
	18
	4. Comodidade e higiene na leitura
	18
	5. Definição de propósitos
	19
	6. Ideia mestra em sua constelação
	20
	7. Sublinhar com inteligência
	20
	7.1 Normas para sublinhar
	21
	8. Vocabulário e leitura eficiente
	2
	8.1 Usar melhor a vista
	23
	8.2 Ler e levantar esquemas e resumos
	23
	9. Com o texto diante dos olhos
	25
	CAPÍTULO 4. PESQUISA
	28
	l. Caracterização
	28
	2. Tipos de pesquisa
	29
	2.1 Pesquisa experimental
	29
	2.2 Pesquisa descritiva
	29
2.2.1 Pesquisa bibliográfica ................................................................. 29
	2.2.2 Pesquisa documental
	30
	2.2.3 Pesquisa de campo
	30
	2.2.4 Pesquisa de opinião
	30
	2.2.5 Pesquisa de motivação
	30
	2.2.6 Pesquisa ou estudos exploratórios
	30
	2.2.7 Estudos descritivos
	31
	2.2.8 Estudo de caso
	31
	3. Referências
	31
	CAPÍTULO 5. O PROJETO DE PESQUISA
	32
	1. A concepção do Projeto de Pesquisa
	32
	1.1 Elaboração do Projeto de Pesquisa
	32
	1.2 Características Fundamentais do Projeto de Pesquisa
	3
	1.3 Tema
	3
	1.3.1 Delimitação do tema
	34
	1.4 A Estrutura e Conteúdo do Projeto de Pesquisa
	35
	1.5 Referências
	39
	CAPÍTULO 6. TRABALHOS CIENTÍFICOS NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO E PÓS-GRADUAÇÃO
	
	l. Trabalhos científicos ou acadêmicos nos cursos de graduação
	40
	1.1 Trabalhos de síntese
	41
	1.1.1 Sinopse
	41
	1.1.2 Resumo de um escrito
	41
	1.1.3 Resumo de assunto ou revisão de literatura
	42
	1.1.4 Esquema
	42
	1.2 Resenha crítica
	42
	1.3 Resumo crítico
	42
	1.4 Fichamento
	43
	1.5 Artigo cientifico
	43
	1.6 Relatório
	45
	2 Trabalhos científicos nos cursos de pós-graduação
	46
	2.1 Trabalhos monográficos
	46
	3. Referências
	48
	CAPÍTULO 7. INTERNET COMO INSTRUMENTO DE PESQUISA
	49
	1. O que é a internet
	49
	1.1 De onde surgiu a internet
	49
	2. Importância da internet
	49
	3. O que significa "estar conectado" à internet
	50
	4. Os endereços eletrônicos
	50
	5. Os botões de navegação
	51
	6. Como navegar pela web
	53
	6.1 Como pesquisar na internet
	53
	6.2 Download de arquivos na Internet
	
	CAPÍTULO 8. O SEMINÁRIO COMO TÉCNICA DE APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS
	
	1. Introdução
	57
	2. Características do seminário
	57
	2.1 Objetivos
	58
	2.2 Etapas
	58
	2.3 Avaliação
	58
	3. Referências
	59
	
	
	MATERIAIS ESPECIAIS E DOCUMENTOS ELETRÔNICOS
	
	
	
	CAPÍTULO 9. APRESENTAÇÃO DE REFERÊNCIAS: BIBLIOGRÁFICAS, 601. Introdução
	60
	1.1 Publicações avulsas consideradas no todo
	60
	1.2 Partes de publicações avulsas
	62
	1.3 Materiais especiais
	63
	1.4 Documentos eletrônicos
	64
Este trabalho tem por finalidade fornecer aos estudantes de Gradução e Pósgraduação um livro texto que sirva de base às aulas de Metodologia Científica. Não se trata de uma obra completa, nem tampouco original, mas sim uma compilação do que já é conhecido daqueles mais tarimbados nas áreas da Metodologia e Pesquisa, que nem sempre é de fácil acesso àqueles que nela estão iniciando. Por isso, toda a crítica que vise melhoras será bem aceita. Deixo meu expresso muito obrigado a todos que de um modo ou de outro contribuíram na elaboração dessa apostila.
CAPÍTULO 1
1. Introdução
A Metodologia e a Universidade
Aidil Barros e Neide Lehfeld
Porque não começarmos pela apresentação de um problema àquele que acaba de ingressar no curso superior: O que é Metodologia? Que relação há entre Ciência e Metodologia Cientifica? Qual a sua importância e utilidade para o universitário?
Partindo da definição etimológica do termo temos que a palavra Metodologia vem do grego "meta" = ao largo; "odos" = caminho; "logos" = discurso, estudo. A Metodologia é entendida como uma disciplina que consiste em estudar e avaliar os vários métodos disponíveis, identificando as limitações de suas utilizações. A Metodologia, num nível aplicado, examina e avalia as técnicas de pesquisa bem como a geração ou verificação de novos métodos que conduzem à captação e processamento de informações com vistas à resolução de problemas de investigação.
A Metodologia seria a aplicação do método através de técnicas. Constitui o procedimento que deve seguir todo conhecimento cientifico para comprovar sua verdade e ensiná-la.
O método é o caminho ordenado e sistemático, a orientação básica para se chegar a um fim e técnica é a forma de aplicação do método. Representa a maneira de atingir um propósito bem definido. Tem-se então o método como estratégia e as técnicas como táticas necessárias para se operacionalizar a estratégia.
Assim, o método estabelece de modo geral o que fazer e técnica nos dá o como fazer, isto é, a maneira mais hábil, mais perfeita de fazer uma atividade.
A Metodologia no quadro geral da ciência é uma "Metaciência", isto é, um estudo que tem por objeto a própria Ciência e as técnicas especificas de cada Ciência. A Metodologia não procura soluções mas escolhe as maneiras de encontrá-las, integrando os conhecimentos a respeito dos métodos em vigor nas diferentes disciplinas cientificas ou filosóficas.
Com relação a importância da disciplina Metodologia Cientifica, esta é baseada na apresentação e exame de diretrizes aptas a instrumentar o universitário no que tange a estudar e aprender. Para nós, mais vale o conhecimento e manejo desta instrumentação para o trabalho cientifico do que o conhecimento de uma série de problemas ou o aumento de informações acumuladas sistematicamente. Estamos pois, voltados para assessorar e colaborar com o crescimento intelectual do aluno para a formação de um compromisso científico frente à realidade empírica.
Com o objetivo precípuo da universidade é ensinar e divulgar o procedimento científico, formar cientistas e desenvolver o conhecimento cientifico, logo se leva em conta o estímulo do pensamento produtivo, o conhecimento sistemático, a criatividade e o espírito critico.
A Metodologia auxilia e, portanto, orienta o universitário no processo de investigação para tomar decisões oportunas na busca do saber e na formação do estado de espírito critico e hábitos correspondentes necessários ao processo de investigação científica. O uso de processos metodológicos permitirá ao estudante o desenvolvimento de seu raciocínio lógico e de sua criatividade.
Assim, um curso de Metodologia Cientifica deve-se propor a desenvolver a capacidade de observar, selecionar e organizar cientificamente os fatos da realidade.
Portanto devemos estar voltados para capacitar o estudante, através de reflexões, práticas e reflexões sobre estas mesmas práticas, a uma análise do conhecimento e do seu processo
de produção.
Através da Metodologia Cientifica deve-se criar ou estimular o desenvolvimento do espírito crítico e observador do aluno para que ele possa ver a realidade com toda sua nudez, analisando-a e refletindo-a à luz de concepções filosóficas e teóricas.
Assim, através do estudo da Metodologia Cientifica vão sendo apresentadas diretrizes para a formação paulatina de hábitos de estudos científicos já que a pesquisa e a reflexão devem constituir-se em objetivos principais da vida universitária.
Metodologia Cientifica não é um amontoado de técnicas, embora elas devam existir, mas sim uma disciplina que deve estar sempre em relacionamento e a serviço de uma proposta nova de Universidade e conhecimento.
A Metodologia Cientifica estrutura-se portanto, para contribuir para que a
Universidade desenvolva as funções que lhe são impostas frente às necessidades culturais e econômicas emergentes.
Assim, a Metodologia Cientifica vem para auxiliar na formação profissional do estudante. Pretende-se alcançar uma formação profissional competente bem como uma formação sócio-politica que conduzirão o aluno a ler critica e analiticamente o seu cotidiano.
A formação profissional competente está diretamente relacionada ao crédito dado ao estudo e à elaboração de um projeto de estudo. Isto é, deve estar explícita a preocupação em aprender as funções advindas de sua carreia profissional.
Considerando-se a Universidade como centro do saber, como uma instituição preocupada com a qualificação do ensino, com o rigor da aprendizagem e com o progresso da ciência, ela terá na Metodologia um valioso ajudante quanto ao desenvolvimento de capacidades e habilidades do universitário. Vem portanto fornecer os pressupostos do trabalho cientifico, ou seja, normas técnicas e métodos reconhecidos pelo uso entre cientistas, referentes ao planejamento da investigação cientifica, à estrutura e à aplicação, apresentação e comunicação dos seus resultados.
Aprendendo a pensar, a pesquisar e tornando o seu espírito cientifico, o universitário estará obtendo conhecimentos novos e ao mesmo tempo construindo-se como ativo e participante da História.
2. Conhecimento Científico e outros tipos de conhecimentos
Desde a Antiguidade, até aos nossos dias, um camponês, mesmo iletrado e/ou desprovido de outros conhecimentos, sabe o momento certo da semeadura, a época da colheita, a necessidade da utilização de adubos, as providências a serem tomadas para a defesa das plantações de ervas daninhas e pragas e o tipo de solo adequado para as diferentes culturas. Tem também conhecimento de que o cultivo do mesmo tipo, todos os anos, no mesmo local, exaure o solo. Já no período feudal, o sistema de cultivo era em faixas: duas cultivadas e uma terceira "em repouso", alternando-as de ano para ano, nunca cultivando a mesma planta, dois anos seguidos, numa única faixa. O início da Revolução Agrícola não se prende ao aparecimento, no século XVIII, de melhores arados, enxadas e outros tipos de maquinaria, mas à introdução, na segunda metade do século XV, da cultura do nabo e do trevo, pois seu plantio evitava o desperdício de se deixar a terra em pousio: seu cultivo "revitalizava" o solo, permitindo utilização constante. Hoje, a agricultura utiliza-se de sementes selecionadas, de adubos químicos, de defensivos contra as pragas e tenta-se, até, o controle biológico dos insetos pragas.
Mesclam-se, neste exemplo, dois tipos de conhecimento: o vulgar ou popular, geralmente típico do camponês, transmitido de geração para geração por meio da educação informal e baseado em imitação e experiência pessoal; portanto, empírico e desprovido de conhecimento sobre a composição do solo, das causas do desenvolvimento das plantas, da natureza das pragas, do ciclo reprodutivo dos insetos etc.; o segundo, cientifico, é transmitido por intermédio de treinamento apropriado, sendo um conhecimento obtido de modo racional, conduzido por meio de procedimentos científicos. Visa explicar "por que" e "como" os fenômenos ocorrem, na tentativa de evidenciar os fatos que estão correlacionados, numa visão mais globalizante do que a relacionada com um simples fato - uma cultura específica, de trigo, por exemplo.
2.1 Correlação entre Conhecimento Popular e Conhecimento Científico
O conhecimento vulgar ou popular, às vezes denominado senso comum não se distingue do conhecimento cientifico nem pela veracidade nem pela natureza do objeto conhecido: o que os diferencia é a forma, o modo ou o método e os instrumentos do "conhecer". Saber que determinada planta necessita de uma quantidade "X" de água e que, se não a receber de forma "natural", deve ser irrigada pode ser um conhecimento verdadeiro e comprovável, mas, nem por isso, científico. Para que isso ocorra, é necessário ir mais além: conhecer a natureza dos vegetais, sua composição, seu ciclo de desenvolvimento e as particularidades que distinguem uma espécie de outra. Dessa forma, patenteiam-se dois aspectos:
a) A ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento e à verdade.
b) Um mesmo objeto ou fenômeno - uma planta, um mineral, uma comunidade ou as relações entre chefes e subordinados - pode ser matéria de observação tanto para o cientista quanto para o homem comum; o que leva um ao conhecimento científico e outro ao vulgar ou popular é a forma de observação.
2.2 Os Quatro Tipos de Conhecimento
Conhecimento Popular Conhecimento Científico Valorativo Real (factual) Reflexivo Contingente Assistemático Sistemático Verificável Verificável Falível Falível Inexato Aproximadamente exato
Conhecimento Filosófico Conhecimento Religioso (Teológico) Valorativo Valorativo Racional Inspiracional Sistemático Sistemático Não verificável Não verificável Infalível Infalível Exato Exato
2.2.1 Conhecimento Popular
O conhecimento popular é valorativo por excelência, pois se fundamenta numa seleção operada com base em estados de ânimo e emoções: como o conhecimento implica uma dualidade de realidades, isto é, de um lado o sujeito cognoscente e, de outro, o objeto conhecido, e este é possuído, de certa forma, pelo cognoscente, os valores do sujeito impregnam o objeto conhecido. É também reflexivo, mas, estando limitado pela familiaridade com o objeto, não pode ser reduzido a uma formulação geral. A característica de assistemático baseia-se na "organização" particular das experiências próprias do sujeito cognoscente, e não em uma sistematização das ideias, na procura de uma formulação geral que explique os fenômenos observados, aspecto que dificulta a transmissão, de pessoa a pessoa, desse modo de conhecer. É verificável, visto que está limitado ao âmbito da vida diária e diz respeito àquilo que se pode perceber no dia-a-dia. Finalmente é falível e inexato, pois se conforma com a aparência e com o que se ouviu dizer a respeito do objeto.
2.2.2 Conhecimento Filosófico
O conhecimento filosófico é valorativo, pois seu ponto de partida consiste em hipóteses, que não poderão ser submetidas à observação: "as hipóteses filosóficas baseiamse na experiência, portanto, este conhecimento emerge da experiência e não da experimentação"; por este motivo, o conhecimento filosófico é não verificável, já que os enunciados das hipóteses filosóficas, ao contrário do que ocorre no campo da ciência, não podem ser confirmados nem refutados. É racional, em virtude de consistir num conjunto de enunciados loucamente correlacionados. Tem a característica de sistemático, pois suas hipóteses e enunciados visam a uma representação coerente da realidade estudada, numa tentativa de apreendê-la em sua totalidade. Por último, é infalível e exato, já que, quer na busca da realidade capaz de abranger todas as outras, quer na definição do instrumento capaz de apreender a realidade, seus postulados, assim como suas hipóteses, não são submetidos ao decisivo teste da observação (experimentação).
2.2.3 Conhecimento Religioso
O conhecimento religioso, isto é, teológico, apoia-se em doutrinas que contêm proposições sagradas (valorativas), por terem sido reveladas pelo sobrenatural
(inspiracional) e, por esse motivo, tais verdades são consideradas infalíveis e indiscutíveis (exatas); é um conhecimento sistemático do mundo (origem, significado, finalidade e destino) como obra de um criador divino; suas evidências não são verificadas: está sempre implícita uma atitude de fé perante um conhecimento revelado.
2.2.4 Conhecimento Científico
Finalmente, o conhecimento científico é real (factual) porque lida com ocorrências ou fatos, isto é, com toda "forma de existência que se manifesta de algum modo". Constitui um conhecimento contingente, pois suas proposições ou hipóteses têm sua veracidade ou falsidade conhecida através da experiência e não apenas pela razão, como ocorre no conhecimento filosófico. É sistemático, já que se trata de um saber ordenado logicamente, formando um sistema de ideias (teoria) e não conhecimentos dispersos e desconexos. Possui a característica da verificabilidade, a tal ponto que as afirmações (hipóteses) que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência.
Constitui-se em conhecimento falível, em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final e, por este motivo, é aproximadamente exato: novas proposições e o desenvolvimento de técnicas podem reformular o acervo de teoria existente.
Apesar da separação "metodológica" entre os tipos de conhecimento popular, filosófico, religioso e científico, no processo de apreensão da realidade do objeto, o sujeito cognoscente pode penetrar nas diversas áreas: ao estudar o homem, por exemplo, pode-se tirar uma série de conclusões sobre sua atuação na sociedade, baseada no senso comum ou na experiência cotidiana; pode-se analisá-lo como um ser biológico, verificando, através de investiga-ções experimentais, as relações existentes entre determinados órgãos e sua funções; pode-se questioná-los quanto à origem e destino, assim como quanto à sua liberdade; finalmente, pode-se observá-lo como ser criado pela divindade, à sua imagem e semelhança, e meditar sobre o que dele dizem os textos sagrados. Por sua vez, estas formas de conhecimento podem coexistir na mesma pessoa: um cientista, voltado, por exemplo, ao estudo da física, pode ser crente praticante de determinada religião, estar filiado a um sistema filosófico e, em muitos aspectos de sua vida cotidiana, agir segundo conhecimentos provenientes do senso comum.
3 Ciências 
3.1 Conceituação
Diversos autores tentaram definir o que se entende por Ciência. Os conceitos mais comuns, mas, a nosso ver, incompletos, são os seguintes:
• "Acumulação de conhecimentos sistemáticos". • "Atividade que se propõe a demonstrar a verdade dos fatos experimentais e suas aplicações práticas".
• "Caracteriza-se pelo conhecimento racional, sistemático, exato, verificável e, por conseguinte, falível". • "Conhecimento certo do real pelas suas causas".
• "Conhecimento sistemático dos fenômenos da natureza e das leis que o regem, obtido através da investigação, pelo raciocínio e pela experimentação intensiva". • "Conjunto de enunciados lógicos e dedutivamente justificados por outros enunciados".
• "Conjunto orgânico de conclusões certas e gerais, metodicamente demonstradas e relacionadas com objeto determinado".
• "Corpo de conhecimentos consistindo em percepções, experiências, fatos certos e seguros." • "Estudo de problemas solúveis, mediante método científico".
• "Forma sistematicamente organizada de pensamento objetivo".
a) Conceito de Ander-Egg
"A ciência é um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente, sistematizados e verificáveis, que fazem referência a objetos de uma mesma natureza.'
• Conhecimento racional isto é, que tem exigências de método e está constituído por uma série de elementos básicos, tais como sistema conceitual, hipóteses, definições; diferencia-se das sensações ou imagens que se refletem em um estado de ânimo, como o conhecimento poético, e da compreensão imediata, sem que se busquem os fundamentos, como é o caso do conhecimento intuitivo.
• Certo ou provável, já que não se pode atribuir à ciência a certeza indiscutível de todo saber que a compõe. Ao lado dos conhecimentos certos, é grande a quantidade dos prováveis. Antes de tudo, toda lei indutiva é meramente provável, por mais elevada que seja sua probabilidade.
• Obtidos metodicamente, pois não se os adquire ao acaso ou na vida cotidiana, mas mediante regras lógicas e procedimentos técnicos.
• Sistematizados, isto é, não se trata de conhecimento dispersos e desconexos, mas de um saber ordenado logicamente, constituindo um sistema de ideias (teoria).
• Verificáveis, pelo fato de que as afirmações, que não podem ser comprovadas ou que não passam pelo exame da experiência, não fazem parte do âmbito da ciência, que necessita, para incorporá-las, de afirmações comprovadas pela observação.
• Relativos a objetos de uma mesma natureza, ou seja, objetos pertencentes a determinada realidade, que guardam entre si certos caracteres de homogeneidade.
b) Conceito de Trujillo
Apesar de maior abrangência do conceito de Ander-Egg, consideramos mais precisa a definição de Trujillo, expressa em seu livro Metodologia da Ciência, que nos serve de ponto de partida.
Assim, entendemos por ciência uma sistematização de conhecimentos, um conjunto de proposições logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos que se deseja estudar: "A ciência é todo um conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento com objeto limitado, capaz de ser submetido à verificação".
4. Referências
AMARAL, E; ANTÓNIO, S.; PATROCÍNIO, M.F. Redação; gramática; interpretação de textos: testes e exercícios. São Paulo: Editora Nova Cultural, sem data. 432p.
ARANHA, M.L A.; MARTINS, M.H.P. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo, Editora Moderna, 1986. 443p.
BARROS, A.J.P.; LEHFELD, N.A.S. A metodologia e a universidade. In: Fundamentos de metodologia: um guia para a iniciação cientifica. São Paulo: Mc Graw-Hill, 1986. p. 1-14.
CERVO, A.L.; BERVIAN, P.A. Metodologia científica. 3o Ed. São Paulo, Editora McGraw-Hill do Brasil, 1983. 249p.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Manual do projeto de pesquisa e de apoio ou desenvolvimento. Brasília, 1989. 73p. (EMBRAPA-DTC. Documentos, 15)
FERREIRA, A.S. Metodologia de Pesquisa. Viçosa: Universidade federal de Viçosa, 2001, 56p.
LAKATOS, E.M. e MARCONI, M.A. Metodologia cientifica. São Paulo: Editora Atlas, 1983, 231p.
TRUJILLO FERRARI, A. Metodologia Cientifica. 2a Ed., Rio de Janeiro: Editora Kennedy, 1974. 318p.
CAPÍTULO 2
A complexidade do universo e a diversidade de fenômenos que nele se manifestam, aliadas à necessidade do homem de estudá-los para poder entendê-los e explicá-los, levaram ao surgimento de diversos ramos de estudo e ciências específicas. Estas necessitam de uma classificação, quer de acordo com sua ordem de complexidade, quer de acordo com seu conteúdo: objeto ou temas, diferença de enunciados e metodologia empregada.
1. Classificação da ciência
1.1 - Classificação de Carnap
Quanto à classificação em relação ao conteúdo, podemos citar inicialmente a de Rudolf Carnap. Para este autor as ciências se dividem em:
a) formais: que contêm apenas enunciados analíticos, isto é, cuja verdade depende unicamente do significado de seus termos ou de sua estrutura lógica; b) factuais: que, além dos enunciados analíticos, contêm sobretudo os sintéticos, aqueles cuja verdade depende não só do significado de seus termos, mas igualmente dos fatos a que se referem.
1.2 - Classificação baseada em Bunge
Lógica FORMAIS
Matemática Física
CIÊNCIAS NATURAIS Química Biologia e outras
FACTUAIS Antropologia
Direito Economia
SOCIAIS Política
Psicologia Social Sociologia História
Transcrito em parte do Capítulo I do livro Metodologia Científica de Cervo e Bervian (1983).
2. Ciências Formais e Ciências Factuais
A primeira e a mais fundamental diferença que se apresenta entre as ciências diz respeito às ciências, formais, estudo das ideias, e às ciências factuais, estudo dos
fatos. Entre as primeiras encontram-se a lógica e a matemática que, não tendo relação com algo encontrado na realidade, não podem valer-se dos contatos com essa realidade para convalidar suas fórmulas. Por outro lado, a física e a sociologia, sendo ciências factuais, referem-se a fatos que supostamente ocorrem no mundo e, em conseqüência, recorrem à observação e à experimentação para comprovar (ou refutar) suas fórmulas (hipóteses).
A lógica e a matemática tratam de entes ideais, tanto abstratos quanto interpretados, existentes apenas na mente humana e, mesmo nela, a nível conceitual e não fisiológico. Em outras palavras, constróem seus próprios objetivos reais (naturais e sociais).
Segundo Bunge, o conceito de número abstrato nasceu da coordenação de conjuntos de objetos materiais; todavia, os números não existem fora de nossos cérebros: podemos ver, encontrar, manusear, tocar três livros, três árvores, três carros, ou podemos imaginar três discos voadores, mas ninguém pode ver um simples três, em sua forma, composição, essência. Por exemplo, o sistema decimal, em matemática, é uma decorrência de os seres humanos possuírem dez dedos.
2.1 Aspectos Relacionados à Divisão em Ciências Formais e Factuais
A divisão em ciências formais e factuais leva em consideração:
a) O objeto ou tema das respectivas disciplinas. As formais preocupam-se com enunciados, ao passo que as factuais tratam de objetos empíricos, de coisas e de processos.
b) A diferença de espécie entre enunciados. Os enunciados formais consistem em relações entre símbolos e factuais referem-se a entes extracientíficos, isto é, fenômenos e processos.
c) O método através do qual se comprovam os enunciados. As ciências formais contentam-se com a lógica para demonstrar rigorosamente seus teoremas e as factuais necessitam da observação e/ou experimento. Dito de outra forma, as primeiras não empregam a experimentação para a demonstração de seus teoremas, pois ela decorre da dedução; na matemática, por exemplo, "o conhecimento depende da coerência de enunciado dado com um sistema de ideias que foram admitidas previamente"; ao contrário, as ciências factuais devem, sempre que possível, procurar alterar deliberadamente os objetos, fenômenos ou processos, para verificar até que ponto suas hipóteses se ajustam aos fatos.
d) O grau de suficiência em relação ao conteúdo e método de prova. As ciências formais são suficientes em relação aos seus conteúdos e métodos de prova, enquanto as ciências factuais dependem do "fato" no que diz respeito a seu conteúdo ou significação e do "fato experimental", para sua convalidação.
"Isto explica por que se pode conseguir verdade formal completa, enquanto a verdade factual se revela tão fugidia".
e) O papel da coerência para se alcançar a verdade. Para Bunge, se na matemática a verdade consiste "na coerência do enunciado dado com um sistema de ideias previamente admitido", esta verdade não é absoluta, mas relativa a este sistema, de tal forma que, se uma proposição é válida em uma teoria, pode deixar de ser logicamente verdadeira em outra: por exemplo, no sistema aritmético empregado para contar as horas de um dia, a proposição 24 + l = l é válida. Portanto, se os axiomas podem ser escolhidos à vontade, somente as conclusões (teoremas) terão que ser verdadeiras, e isto só se consegue respeitando a coerência lógica, ou seja, sem violar as leis do sistema de lógica que se determinou utilizar. Por sua vez, o que ocorre com as ciências factuais é totalmente diferente. Não empregando símbolos "vazios" (variáveis lógicas), mas apenas símbolos interpretados, a racionalidade, isto é, a "coerência com um sistema de ideias previamente admitido" é necessária, mas não suficiente, da mesma forma que a submissão a um sistema de lógica é também necessária, mas não garante, por si só, a obtenção da verdade. Além da racionalidade, exige-se que os enunciados sejam verificáveis pela experiência, quer indiretamente (hipóteses gerais) quer diretamente (conseqüências singulares das hipóteses). Somente depois que um enunciado (hipótese) passa pelas provas de verificação empírica é que poderá ser considerado adequado ao seu objetivo, isto é, verdadeiro e, mesmo assim, a experiência não pode garantir que seja o único verdadeiro: "somente nos dirá que é provavelmente adequado, sem excluir, por isso, a probabilidade de que um estudo posterior possa dar melhores aproximações na reconstrução conceituai da parte de realidade escolhida".
f) O resultado alcançado. As ciências formais demonstram ou provam; as factuais verificam (comprovam ou refutam) hipóteses que, em sua maioria, são provisórias. A demonstração é completa e final, ao passo que à verificação é incompleta e, por este motivo, temporária.
2.2 Características das Ciências Factuais
Assim, o conhecimento científico, no âmbito das ciências factuais, caracteriza-se por ser: racional, objetivo, factual, transcedente aos fatos, analítico, claro e preciso, comunicável, verificável, dependente de investigação metódica, sistemático, acumulativo, falível, geral, explicativo, preditivo, aberto e útil.
3. Ciências Físicas e Sociais
São também denominadas de naturais (físicas) e humanas (sociais). A divisão dessas ciências do ponto de vista didático ou pedagógico pode ser aceitável, porém do ponto de vista filosófico deve ser repensado. O questionamento que faço é: existe ciência que não seja feita pelo homem e que não seja feita para o homem ou para a humanidade visando produzir o bem ou o mal? Se a resposta for não, então a divisão do ponto de vista científico não procede.
Como separação didática em áreas da ciência podemos considerar a classificação baseada em Bunge, qual seja toda área da ciência que envolve elementos da natureza pode ser classificada como natural ou física (física, química, biologia, zootecnia, fitotecnia, etc) e toda área da ciência que envolve diretamente o homem pode ser classificadas como social ou humano (Antropologia, Direito, Economia, Política, Psicologia, Sociologia, Pedagogia, história etc).
O que as diferencia na verdade são os processos de pesquisa e investigação usadas em cada uma delas. De uma maneira global as áreas das ciências naturais usam processos objetivos e as sociais usam processos subjetivos.
Nas ciências, entende-se por método o conjunto de processos que o espírito humano deve empregar na investigação e demonstração da verdade e toda investigação nasce de algum problema observado ou sentido. Assim deve-se considerar que toda ciência é naturalmente humana.
As leis científicas que o processo indutivo alcança são; nas palavras de
Montesquieu, as relações constantes e necessárias que derivam da natureza das coisas. As leis exprimem quer relações de existência ou de coexistência (a água é um corpo incolor, inodoro, tendo tal densidade, suscetível de assumir o estado líquido, sólido e gasoso etc.), quer relações de causalidade ou de sucessão (a água ferve a 100 graus, o calor dilata os metais etc.), quer enfim relações de finalidade (o fígado tem por função regular a quantidade de açúcar no sangue).
Nas ciências experimentais, as leis possuem mais rigor e exatidão do que nas ciências humanas pois, enquanto estas estão condicionadas, mais ou menos, à liberdade humana, aquelas seguem o curso fatal do determinismo da natureza. Deste fato, entretanto, não se pode concluir que as ciências humanas se constituem em simples opiniões mais ou menos viáveis. As ciências humanas realizam todas as condições para se constituírem em ciência:
1) Os fenômenos que estudam são reais e distintos dos tratados nas ciências experimentais.
2) As causas e leis descobertas nesta área exprimem relações necessárias entre os fatos e entre os atos.
3) Suas conclusões têm um caráter incontestável de certeza, embora de ordem diferente da certeza das ciências experimentais.
As ciências humanas ocupam, sem dúvida, o último lugar na hierarquia das ciências quanto à precisão e ao rigor de seus resultados. Isto porque:
a) Muitos fatos considerados nas ciências humanas
não são atingidos diretamente, como, por exemplo, os fenômenos psíquicos que apenas se manifestam no comportamento. Isto acarreta dificuldades para a generalização.
b) Os fatos humanos implicam maior complexidade do que os quantitativos ou físicos. Com a complexidade, crescem as dificuldades e, por conseguinte, as ocasiões de erros e confusão. Aqui reside a origem da diversidade de opiniões, por vezes desconcertante, sobre diversos assuntos das ciências humanas.
c) Os fenômenos físicos, por serem regidos por leis fatais, podem ser previstos e alguns provocados para serem melhor observados; enquanto isso, a liberdade, que interfere mais ou menos nos atos humanos, impede qualquer previsão exata tomando apenas aproximativos os cálculos nas ciências humanas.
d) Finalmente, as ciências da natureza tratam de fatos e objetos materiais que se podem pesar e medir, ao menos indiretamente. Assim, esta intervenção de medida comunica aos resultados um pouco de rigor matemático. As fatos humanos, por serem qualitativos, não é aplicável qualquer avaliação quantitativa.
Por todos estes motivos, as ciências humanas são de resultados menos precisos e de mais difícil estudo. Suas leis são mais flexíveis e menos rigorosas; entretanto, expressam suficiente estabilidade e constância, a ponto de poderem fundamentar verdadeiras ciências.
4. Ciências Básicas e Aplicadas
A divisão das ciências, conforme visto anteriormente, só procede por questões de compartimentação, ou seja, divisão em áreas, porém considerar a existência de ciência básica e aplicada é um equívoco, pois como já vimos "a ciência é todo um conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento com objetivo limitado, capaz de ser submetido à verificação".
Vocês já leram em algum livro ou já viram em alguma escola o seguinte: agora vamos estudar as ciências básicas e depois vamos estudar as ciências aplicadas ou neste capítulo vamos tratar das ciências básicas e no capítulo seguinte das ciências aplicadas.
Toda ciência é básica, pois os conhecimentos científicos gerados através de seus métodos devem servir de base para uso pela humanidade e toda ciência é aplicada, pois servir de base para a humanidade significa poder ser aplicado em seu benefício.
Esta divisão surgiu mais em função do acúmulo de conhecimentos científicos e da necessidade, e ao mesmo tempo dificuldade, do homem em compartimentalizar a ciência. Foi a partir da busca da divisão das ciências em formais e factuais que surgiu essa dicotomia entre básico e aplicado (reveja item 3.1 desse capítulo). Até meados do século passado (1950) era comum considerar as ciências formais como básicas e as factuais como aplicadas isso porque nas ciências formais contenta-se com a lógica para demonstrar rigorosamente os teoremas enquanto que nas factuais é necessário observação e/ou experimento.
A dicotomia ciência básica e aplicada se fortaleceu no sistema capitalista também pela lógica mercantilista, de modo que compete aos países ricos (que podem dispor de equipamentos sofisticados) fazer a pesquisa mais caro, enquanto que, aos países pobres (que não devem dispor de equipamentos sofisticados) compete repetir o que já foi descoberto para adaptar as suas condições, ou seja, realizar as pesquisas adaptativas, de menor demanda de capital.
Fonte: FERREIRA, A.S. Metodologia de Pesquisa. Viçosa: Universidade federal de Viçosa, 56p., 2001.
CAPÍTULO 3 ESTUDO PELA LEITURA TRABALHADA
João Álvaro Ruiz 1. Importância da leitura
Não basta ir às aulas para garantir pleno êxito nos estudos. É preciso ler e, principalmente, ler bem. Quem não sabe ler não saberá resumir, não saberá tomar apontamentos e, finalmente, não saberá estudar. Ler bem é o ponto fundamental para os que quiserem ampliar e desenvolver as orientações e aberturas das aulas. É muito importante participar das aulas; elas não circunscrevem, não limitam: ao contrário, abrem horizontes para as grandes caminhadas do aluno que leva a sério seus estudos e quer atingir resultados plenos de seus cursos. Aliás, quase todas as cadeiras desenvolvem programas de pesquisa bibliográfica para que o aluno desenvolva temas e reconstrua ativamente o que outros já construíram. Para elaborar trabalhos de pesquisa, é necessário ir às fontes, aos autores, aos livros; é preciso ler, ler muito e, principalmente, ler bem.
Durante as primeiras aulas de qualquer disciplina, os mestres apresentam criteriosa bibliografia; alguns livros são básicos, ou de leitura obrigatória, para quem quer colher todo fruto das aulas; outros são mais especializados ou se concentram em algum item do programa, e pode, entre os tratados gerais de consulta obrigatória, ser indicado uma, como livro de texto. A indicação do livro de texto tem vantagens e inconvenientes cuja análise ultrapassaria os limites que este compêndio impõe. Diremos, apenas, que o livro de texto é muito bom para a preparação da aula, mas que o aluno não pode ater-se exclusivamente a ele. "Timeo hominem unius libri", diziam os antigos. Devemos temer o homem de um livro só. É necessário abeberar-se de outras fontes mais amplas, mais especializadas sobre cada tema ou sobre cada pormenor dos programas.
Se não é possível pensar em fazer um bom curso sem descobrir ou fazer aparecer espaços de tempo para o estudo extra-aula e se é necessário programar criteriosamente a utilização desse tempo, não seria igualmente impossível pensar em fazer um bom curso sem ter à mão boas fontes de leitura? É possível que se pretenda fazer um curso universitário sem freqüentar bibliotecas ou sem adquirir, ao menos, os livros básicos para cada programa?
A leitura amplia e integra os conhecimentos, desonerando a memória, abrindo cada vez mais os horizontes do saber, enriquecendo o vocabulário e a facilidade de comunicação, disciplinando a mente e alargando a consciência pelo contato com formas e ângulos diferentes sob os quais o mesmo problema pode ser considerado. Quem lê constrói sua própria ciência; quem não lê memoriza elementos de um todo que não se atingiu. E, ao terminar um curso superior, deveríamos não só estar capacitados a repetir o que foi aprendido na faculdade, como também estar habilitados a desenvolver, através de pesquisas, temas nunca abordados em aula. Deveríamos ser uma pequena fonte, não um pequeno depósito de conhecimentos, ou mero encanamento por onde as coisas apenas passam.
É preciso ler, ler muito, ler bem. É preciso sentir atração pelo saber, e encontrar onde buscá-lo. É necessário iniciar este trabalho com determinação e perseverar nele; o crescimento cultural tem crises como o crescimento físico; quem não sente apetite não deve deixar de alimentar-se; comprometeria sua saúde. Também na leitura trabalhada devemos ser perseverantes; só esta perseverança garantirá aquela espécie de saltos de integração de dados, que se vão acumulando e associando como frutos da leitura continuada.
2. Como selecionar o que ler
O título do livro é a primeira informação que temos sobre seu conteúdo, mas não deve figurar como critério de escolha para a leitura. Devemos examinar sumariamente o livro cujo título nos interessa à primeira vista; devemos ver o nome do autor, seu curriculum; devemos ler sua "orelha", o índice da matéria, a documentação ou as citações ao pé das páginas, a bibliografia, assim como verificar a editora, a data, a edição e ler rapidamente o prefácio. A convergência destes vários elementos ajuda a selecionar o que ler. Ademais, podemos consultar professores da respectiva área.
Todo estudante deveria interessar-se pela formação de uma pequena biblioteca de obras selecionadas; os livros são suas ferramentas de trabalho. O primeiro passo é adquirir os livros citados pelos professores como indispensáveis ou fundamentais; em seguida as obras mais amplas e mais especializadas dentro da área profissional ou do interesse particular de cada um.
3. Velocidade e eficiência da leitura
Alguns lêem tão devagar que, ao final de um parágrafo, já tiveram tempo para esquecer seu início, e voltam para
revê-lo. Estes retornos representam nova forma de perda de tempo que se soma à lentidão da leitura, com enorme prejuízo. Quem assim procede não encontra tempo para ler, pois não há tempo que chegue e, desta, forma, instala-se um verdadeiro círculo vicioso.
Normalmente, a leitura veloz não prejudica a eficiência ou a compreensão. Quem lê bem e depressa encontra tempo para ler e faz seu tempo render. Não existe uma velocidadepadrão de leitura; a maior ou a menor velocidade depende do gênero do próprio texto, bem como das peculiaridades do leitor. Não se lêem com a mesma velocidade textos de gênero diferente, como, por exemplo, um romance e um manual de biologia. Por outro lado, cada um deve atingir sua velocidade ideal, mas é certo que sempre é possível aumentar a velocidade sem prejuízo da compreensão.
Não pretendemos apresentar um curso de leitura veloz, mas oferecer uma seqüência de normas e de considerações que levarão normalmente a um aumento de velocidade e de eficiência na leitura cultural, isto é, um curso que aumentará o rendimento do esforço pessoal no estudo, através da leitura. Em nosso caso, da leitura eficiente decorrem a captação, a retenção e a integração de conhecimentos contidos no manancial dos textos lidos.
4. Comodidade e higiene na leitura
O ambiente material de leitura deve reunir umas tantas condições que a favoreçam. E preferível ler em ambiente amplo, arejado, bem iluminado e silencioso: se a luz for artificial, deve ser difusa, e seu foco deve estar à esquerda de quem lê. E preferível ler sentado a ler em pé ou deitado. Além do texto a ser lido, é importante ter à mão um bom dicionário, lápis e um bloco de papel. É de suma importância, também, o clima de silêncio interior, de concentração naquilo que se vai fazer.
Tudo o que resumimos acima está amplamente desenvolvido provado e justificado nos tratados de pedagogia e de didática. Não duvidamos de sua importância, mas quem não dispuser do ambiente ideal de leitura deve aprender a ler com boa velocidade e eficiência num banco de jardim, numa sala de espera ou numa fila de ônibus. Cada um constrói sua casa com as pedras que tem. Não se julgue impossibilitado de ler aquele que não puder fazê-lo em ambiente de condições ideais, mas é importante conhecer estas condições e procurar criá-las eu desfrutar delas tanto quanto possível.
5. Definição de propósitos
Alguém pode ler só para passar o tempo, para não manter conversação com o cidadão estranho que se sentou a seu lado no mesmo vagão, ou para dar ares de intelectual; estas são maneiras de dar alguma finalidade à leitura. Mas não é dessa finalidade ou propósito que estamos falando.
A finalidade básica da leitura cultural é a procura, a captação, a crítica, a retenção e a integração de conhecimentos, e isto se faz, em primeiro lugar, pela procura das ideias mestras, das ideias principais, também chamadas ideias diretrizes. Cada texto, cada seção, cada capítulo e, mesmo, cada parágrafo tem uma ideia principal, uma palavra-chave, um conceito fundamental. "...é essencial que o estudante se preocupe em descobrir qual é essa ideia diretriz, fio condutor do pensamento do mestre ou expositor", escreve Emílio Mira y López, em seu Como estudar e como aprender, e continua: "Assim, pois, como cada fábula tem sua “moral”, isto é, a sua essência significativa, cada série de pensamentos possui uma ideia diretriz ou conceito fundamental. Descobri-lo, quando não esta em negrito, é conquistar um dos fatores essenciais de toda aprendizagem cultural".
Em cada parágrafo, pois, o leitor deve captar a ideia principal; deve concentrar-se em sua procura. O mau leitor, ou seja, o leitor lento e ineficiente, lê palavras, ou melhor dizendo, lê palavra por palavra, como se todas tivessem igual valor; o bom leitor lê unidades de pensamento, lê ideias e as hierarquiza enquanto lê, de maneira a encontrar a ideia mestra ou a palavra-chave. Quem lê ideias é mais veloz na leitura e capta melhor o que lê. Mas isto é fruto de treinamento, de exercícios. “Se vocês, amigos leitores, dedicassem uma hora por dia à tarefa de descobrir, concretizar e formular as ideias diretrizes de alguns parágrafos de diversos textos, exercitar-se-iam em uma técnica de abstração e de síntese que lhes permitiria tirar o máximo proveito de qualquer tipo de leitura ou estudo ulterior”.
Nossa experiência de mais de vinte anos de magistério, bem como de mais de trinta anos de continuados estudos confirmam as palavras de Mira y López e da generalidade dos autores que versaram sobre o assunto. Por ocasião da última abordagem do presente assumo em classe, uma aluna tomou a palavra para prestar interessante depoimento:
	Percebo que fui muito prejudicada. Mas
	antes tarde do que nunca!"
"Estou cursando esta cadeira de Metodologia com calouros, mas já estou no último semestre do curso de Estudos Sociais. Sou transferida de outra faculdade, onde não existe a cadeira de Metodologia. Confesso que estava chegando ao fim do curso sem saber ler.
Esse depoimento teve mais força persuasiva do que toda nossa aula. E aquela classe passou a valorizar nossa cadeira, a estar mais atenta às aulas e a aplicar-se com maior dedicação à leitura cultural para trabalhos de pesquisa bibliográfica.
Quem não puder dedicar uma hora por dia ao trabalho de encontrar as ideias principais de alguns parágrafos não se julgue dispensado deste exercido; leia com este propósito seu livro de textos, suas apostilas e toda a bibliografia consultada na elaboração de seus trabalhos de pesquisa. Procure, após a leitura de algumas páginas, reformular as ideias mestras; leia novamente a passagem para verificar se atingiu o propósito de toda leitura cultural, que é captar, reter, "integrar e evocar conhecimentos reformulados". Crie o hábito de encontrar a ideia principal em cada parágrafo que ler. Quando julgar tê-lo feito, confira sua conclusão e mantenha a ideia em mente enquanto continua a ler, e compare-a, especialmente, com a sentença-sumário. Se tiver dúvidas a respeito de sua seleção, releia o parágrafo, desta vez olhando-o bem para se certificar de que captou a ideia correta. Lembre-se, porém, de que nem sempre pode encontrá-la numas poucas palavras dadas; talvez, tenha de refraseá-la com palavras suas (uma boa prática, afinal de contas) para captá-la com exatidão.
6. Ideia mestra em sua constelação
Não existem capítulos, seções ou livros só com ideias mestras; estas seriam encontradas nos índices, nos prefácios e nos sumários. Nem é possível captar, hierarquizar, criticar, reter ou evocar ideias mestras totalmente despojadas de pormenores importantes. A ideia principal aparece sempre numa constelação de ideias que gravitam à sua volta; um argumento que a justifique, um exemplo que a elucide, uma analogia que a torne verossímil e um fato ao qual ela se aplique são elementos de sustentação da ideia principal.
O bom leitor não lê só o essencial; não lê apenas resumos com o propósito insano de memorizá-los. O bom leitor produz seus resumos, é verdade; e procura acompanhar a montagem, o encadeamento, a articulação das ideias em amplos e profundos textos nos quais as ideias principais são fundamentadas em bases sólidas, em demonstrações de validade ponderável, em fatos de evidência comprovada, em documentos insofismáveis, ou são aplicadas na solução de problemas ou na definição ou normalização da conduta. Quem alega, por ocasião de exames ou em conversações rotineiras, que tem facilidade para responder á perguntas essenciais, mas não se interessa por pormenores e "coisinhas" está confessando, embora não seja esta a sua intenção, que não lê ou não sabe ler, que não estuda ou não sabe estudar.
É importantíssimo discernir o principal e o secundário, a ideia mestra e os pormenores mais importantes ou menos importantes. Memorizar índices, enunciados, teses, ou postulados não exime ninguém da pecha de mau leitor, de mau estudante ou de pseudoselecionador de preciosidades. Quem procede assim não tem razão para escusar-se; deve mudar de conduta e começar a ler e a
estudar com inteligência e sabedoria, isto é, com amor pelo saber.
7. Sublinhar com inteligência
Sublinhar é uma arte que ajuda a colocar em destaque as ideias mestras, as palavraschave e os pormenores importantes. Quem sublinha com inteligência está constantemente atento à leitura; descobre o principal em cada parágrafo e o diferencia do acessório; este propósito o mantém concentrado e em atitude de crítica durante todo o tempo dedicado à leitura. Além desse efeito benéfico, já durante a leitura, o hábito de sublinhar com inteligência favorece o trabalho das revisões imediatas, bem como as revisões globalizadoras posteriores.
Há leitores que ouviram falar na vantagem de sublinhar, ou que tiveram colegas excelentes nos estudos, cujos livros estavam sempre sublinhados inteligentemente; por isso resolveram sublinhar também. Mas esses imitadores de coisas vão sublinhando logo na primeira leitura todas as palavras que parecem mais importantes em determinado parágrafo, e seguem em frente como se tudo estivesse perfeitamente localizado, hierarquizado, captado, entendido.
Sublinhar é uma técnica que tem suas normas. Se essas normas não forem observadas, o sublinhamento indiscriminado atrapalhará mais do que ajudará, quer durante a leitura, quer por ocasião das revisões.
7.1 Normas para sublinhar
Cada um pode adotar uma simbologia arbitrária e pessoal para sublinhar e fazer anotações à margem dos textos. Basta que a simbologia adotada mantenha uma significação bem definida e constante. Entretanto, poderíamos sugerir algumas normas colhidas em fontes credenciadas e em larga experiência pessoal:
a) Sublinhar apenas as ideias principais e os detalhes importantes. Não se deve sublinhar em demasia. Não sublinhar longos períodos; basta sublinhar palavras-chave.
b) Não sublinhar por ocasião da primeira leitura. As pessoas mais experimentadas, que examinam textos pertinentes à sua área de especialização, sublinham inteligentemente por ocasião da primeira leitura; mas recomenda-se aos principiantes que não o façam; leiam primeiro um ou mais parágrafos, e retomem para sublinhar aquelas palavras ou frases essenciais que, desde a primeira leitora, foram identificadas como principais, e que a releitura mais rápida confirma como tais.
c) Reconstituir o parágrafo a partir das palavras sublinhadas. É supérfluo esclarecer esta norma que traduz a natureza e a finalidade do ato de sublinhar.
d) Ler o texto sublinhado com a continuidade e plenitude de sentido de um Telegrama. Por ocasião das revisões imediatas ou posteriores, os textos sublinhados de acordo com esta norma permitirão uma leitura rapidíssima, apoiada nos pilares das palavras sublinhadas; por outro lado, a leitura das palavras sublinhadas, embora pertencentes a frases diferentes e até distanciadas, terá um sentido fluente e concatenado.
e) Sublinhar com dois traços as palavras-chave da ideia principal, e com um único traço os pormenores importantes. Devemos sublinhar tanto as ideias principais como os detalhes importantes, mas é bom agir de tal maneira que as ideias principais se mantenham destacadas. Assinalar com linha vertical, à margem do texto, as passagens mais significativas. Não raro, a ideia principal retorna em diversos parágrafos e em diversos contextos. E há passagens em que o autor atinge uma espécie de clímax; essas passagens, que poderíamos transcrever em nossas fichas de documentação pessoal, devem ser identificadas para futuras buscas. Nada melhor que um traço vertical à margem do texto para tal identificação.
f) Assinalar com um sinal de interrogação, à margem, os pontos de discordância. Podemos não concordar com as posições assumidas pelo autor, como também perceber incoerências, paralogismos, interpretações tendenciosas de fontes e uma série de falhas ou de colocações que julgamos insustentáveis, dignas de reparos ou passíveis de críticas. Devemos registrar o fato mediante uma interrogação à margem do texto em apreço.
Há quem fale do uso de cores diferentes para assinalar ideias principais e pormenores importantes, em lugar de usar um ou dois traços, conforme preferirmos, bem como do uso de uma terceira cor para assinalar pontos mais difíceis ou que não tenham ficado claros. Para assinalar pontos mais obscuros, quer durante a leitura de preparação para as a aulas, quer durante as leituras ulteriores, em textos de maior desenvolvimento, preferimos a utilização de lápis e não de canetas a tinta. Que cada um adote a simbologia que melhor lhe pareça.
8. Vocabulário e leitura eficiente
Muita gente lê mal porque não tem bom vocabulário e não tem bom vocabulário porque lê mal, o que se torna um círculo vicioso que deve converter-se em círculo virtuoso, para todo aquele que aspira atingir nível de crescimento cultural.
O domínio cada vez mais amplo do vocabulário enriquece nossa possibilidade de compreensão e concorre para aumentar a velocidade na leitura.
Mas como aumentar nosso vocabulário? Decorando algum dicionário? Quem o fez em seu tempo de estudante, em eras que não voltam mais, confessa que o trabalho era penoso; entretanto, acaba agradecendo aos professores exigentes de seu tempo. Mas o melhor recurso para aumentar o próprio vocabulário é, sem dúvida, a leitura.
Como proceder ante uma palavra de sentido desconhecido, ou que assume sentido novo em determinado contexto? Morgan e muitos outros recomendam a imediata consulta aos dicionários: "A primeira coisa a fazer é procurá-la num dicionário". Por nossa parte, sugerimos que se experimente não interromper a leitura ante um termo de sentido desconhecido; não raro, a seqüência do texto deixará bem claro o sentido da palavra desconhecida; anote, pois, a palavra desconhecida em um papel avulso, e continue a ler. Ao final de um capítulo, apanhe o dicionário para esclarecer todas as palavras anotadas como desconhecidas e verifique o sentido que melhor se coaduna com o respectivo contexto. Assim, durante a segunda leitura, em que se sublinham as ideias principais e os pormenores importantes, todos os termos estarão claros e incorporados a nosso vocabulário. Adote a sugestão da consulta imediata ou a sugestão de não interromper a leitura cada vez que encontrar uma palavra desconhecida. O fundamental e que não se deve perder a oportunidade de enriquecer o próprio vocabulário pela preguiça da busca de palavras novas em algum dicionário. Por certo, estaríamos prejudicando a compreensão do texto e impedindo o próprio crescimento cultural.
Que dicionários consultar? Não se entende um estudante de nível superior que não tenha um bom dicionário comum da língua materna. Mas há certas palavras que, embora incorporadas à linguagem vulgar, conservam ou assumem sentido especifico, definido pelas diversas ciências, como a botânica, a biologia, a medicina, a filosofia, e assim por diante. Outras palavras não constam nos dicionários comuns, mas tão somente nos dicionários de maior porte ou em dicionários técnicos das diversas áreas. O estudante deve adquirir um bom dicionário dentro de sua área de especialização. Entretanto, as faculdades mantêm bibliotecas ricas em fontes de consulta, com grande variedade de dicionários e enciclopédias, a disposição de seus alunos. Não e preciso que cada um compre enciclopédias caríssimas para usar uma vez ou outra; com o dinheiro de uma enciclopédia de generalidades monta-se uma preciosa estante com obras da própria especialidade, inclusive com dicionários técnicos; e isto parece ser mais útil.
8.1 Usar melhor a vista
Durante a leitura, nossos olhos percorrem as linhas não em movimento contínuo, mas aos pulos, não lemos durante o movimento dos olhos, mas nas suas rápidas paradas, que podem ser observadas com aparelhos adequados. Nossos olhos podem fixar-se em uma sílaba, em uma palavra, ou em um grupo de palavras, nessas paradas de reconhecimento dos estímulos gráficos. Quanto mais amplo for este campo de parada ou de reconhecimento, mais veloz será a leitura; e como essas paradas incidem em palavras principais, mais compreensível toma-se o texto.
O bom leitor
não lê palavra por palavra, muito menos sílaba por sílaba; sua vista incide sobre grupos de palavras; a pausa de reconhecimento deste grupo de palavras é curta. Mas, esta habilidade é fruto de exercícios e da prática da leitura.
Sugerimos que se façam exercícios de leitura, procurando fixar em cada grupo de palavras as sílabas iniciais, como se o texto estivesse escrito com abreviaturas.
8.2 Ler e levantar esquemas e resumos
Para acentuar os propósitos da leitura, para melhor captar, discernir, assimilar, gravar e facilitar a evocação futura dos conteúdos da leitura, nada melhor do que procurar reproduzir ou refrasear aquilo que lemos: "Se você resolver anotar brevemente o que o autor diz, não pode evitar que o que ele diz se torne parte do seu próprio processo mental".
Quem lê bem, de lápis na mão, à procura das ideias diretrizes e dos pormenores importantes, já preparou caminho para o levantamento do esquema seguido pelo autor, bem como para a elaboração do resumo daquilo que leu. Quem faz leitura trabalhada exercita-se na habilidade de discernir o principal e o acessório, e deixa assinalado, durante a leitura, tudo o que poderia fornecer elementos para o levantamento do esquema, para a elaboração do resumo ou para transcrições em fichas de documentação pessoal. Ao contrário, quem não lê com discernimento, ou quem não sublinha com inteligência, fará resumos falhos, sínteses mutiladas que mais atrapalharão nos estudos e confundirão nas revisões do que ajudarão.
Natureza, função e regras do esquema. Esquema é o plano, a linha diretriz seguida pelo autor no desenvolvimento de seu escrito; esse plano delimita um tema e estabelece a trajetória básica de sua apresentação, subordinando ideias, selecionando fatos e argumentos.
A função do esquema, pois, é definir o tema e hierarquizar as partes de um todo numa linha diretriz, para tomá-lo possível a uma visão global. Pelo esquema, pode-se atingir o todo numa única mirada. A elaboração ou levantamento do esquema obedece a algumas regras:
a) Seja fiel ao texto. Não se pode trabalhar com esquemas fixos ou preconcebidos e forçar o texto lido a entrar neles. b) Apanhe o tema do autor. Destaque títulos, subtítulos que guiaram a introdução, o desenvolvimento e as conclusões do texto. c) Seja simples, claro e distribuído organicamente, de maneira a apresentar límpida imagem concentrada do todo. d) Subordine ideias e fatos, não os reúna apenas. e) Mantenha sistema uniforme de observações, gráficos e símbolos para as divisões e subordinações que caracterizam a estrutura do texto.
Natureza, função e regras do resumo
O resumo pedagógico, não necessariamente científico, consiste no trabalho de condensação de um texto capaz de reduzi-lo a seus elementos de maior importância. Não estamos considerando, no contexto da presente análise, os resumos elaborados com o intuito de divulgação científica nas seções especializadas de jornais ou revistas, mas o resumo como recurso de aprendizagem e como material adaptado ao trabalho de revisão.
O resumo difere do esquema e do sumário porque é formado por parágrafos de sentido completo; sua leitura dispensa a do texto original, no que diz respeito ao levantamento dos conteúdos; não indica tópicos apenas, mas condensa sua apresentação. Ademais, os resumos comportam apreciação crítica a partir de uma posição assumida.
"Numerosas pesquisas, a propósito, provaram que recordamos muito melhor as coisas que fazemos...". O trabalho de resumir ajuda a captação, a análise, o relacionamento, a fixação e a integração daquilo que estamos estudando, assim como facilita sua evocação e reduz o tempo destinado à preparação de provas, aumentando o aproveitamento geral.
Não concordamos com a sugestão de elaborar por escrito resumos de tudo o que estudamos. Isso pode ser muito bom, ou mesmo necessário, quando o texto em apreço é muito amplo ou de acesso difícil, pois não temos condição ou interesse de possuí-lo; isso acontece quando estamos pesquisando obra rara em uma biblioteca pública, por exemplo. O resumo torna-se aconselhável quando ouvimos uma aula ou conferência profunda e amplamente desenvolvida, ou quando estamos coletando material para um trabalho de maior fôlego. De resto, o resumo será útil para testar nosso entendimento de textos mais difíceis, para nos exercitar na arte de redigir com clareza e concisão. Mas, um texto lido, trabalhado, analisado, sublinhado, com anotações à margem, é um resumo em potencial; não concordamos com a posição daqueles que prescrevem a prática do resumo escrito de tudo o que se lê como condição necessária ao estudo eficiente. Voltemos à ideia fundamental: quem lê bem será capaz de elaborar bom resumo, e obedecerá quase espontaneamente às seguinte regras:
a) Não pretender resumir antes de ler, de esclarecer todo o texto, de sublinhar, de fazer breves anotações à margem do texto - Quem pretende fazer resumo enquanto lê acaba sendo tão prolixo como o original e muito menos perfeito. Podem-se, entretanto, anotar em papel avulso dados que, possivelmente, serão depois incorporados ou mesmo salientados no resumo. Por outro lado, resumo é trabalho de "extração" e não de "criação". É possível fazer um resumo daquilo que se sabe, independente de qualquer texto, mas resumo de "texto" supõe, necessariamente, fidelidade ao texto e, conseqüentemente, leitura e exame prévios.
b) Ser breve e compreensível. Se é resumo, que não se estenda em demasia; mas como deve ser suficiente, isto é, como deve dispensar a leitura do texto original, o resumo não pode permanecer nas indicações sumárias de tópicos, como acontece com o esquema.
c) Percorrer especialmente as palavras sublinhadas e as anotações à margem do texto - Depois de uma primeira leitura geral e corrida, depois de todos os esclarecimentos de termos e conceitos, depois de uma segunda leitura com anotações, está preparado o caminho para um resumo perfeito; nem é preciso reler todo o texto; basta seguir as anotações e sublinhas.
d) Nos casos de transcrição textual, usar aspas e fazer referência completa à fonte - Às vezes, o próprio autor condensa admiravelmente seu pensamento em passagens lapidares; podemos transcrever tais passagens, enriquecendo e valorizando nosso resumo, mas é importante destacar tais textos e transcrevê-los entre aspas, indicando a fonte.
e) Juntar, especialmente ao final, ideias integradoras, referências bibliográficas e críticas de caráter pessoal – Os resumos, embora marcados pelo caráter de objetividade e de fidelidade às fontes, comporiam inclusões de crítica pessoal e cenas anotações de caráter integrador; diríamos que os resumos podem e devem ser "personalizados".
9. Com o texto diante dos olhos
Se entendermos, ao término de nossas considerações sobre o estudo através da leitura trabalhada, a importância desse recurso, no processo de crescimento cultural, a que devem necessariamente aspirar todos os que ultrapassaram o vestíbulo de uma faculdade, para devotar-se à conquista da formação superior; se nos convencermos da necessidade de partir, como propósito básico, em qualquer leitura cultural, à procura da ideia mestra e dos pormenores importantes que serão sublinhados, discutidos, analisados, assimilados, reduzidos a esquemas e resumos, numa atividade de excelentes resultados práticos; se compreendermos que é assim que nos preparamos para os exames e para as responsabilidades profissionais de amanhã; se isso acontecer aos nossos leitores como acontece a nossos alunos em classe, no primeiro mês de aula, estamos atingindo nosso objetivo.
Entretanto, é necessário pôr em prática aquilo que se aceitou como importante e eficaz na vida de estudos. Pode haver dificuldades numa primeira tentativa de leitura trabalhada, mas é necessário iniciar e perseverar nesta prática. Em breve, sentiremos concretamente seus efeitos benéficos. E todo nosso curso e todas as nossas leituras beneficiar-se-ão dessa maneira correta de trabalhar sobre um texto.
Tome seu texto, seja ele qual for; sente-se, acomode-se à mesa, com um dicionário e um bloco
para apontamentos ao lado. Concentre-se, suavemente, no trabalho que vai iniciar, certo de que não é hora de se distrair com problemas alheios ao propósito de ler com aplicação e inteligência. Numa espécie de fase inicial de aquecimento e concentração, comece lendo o título do assunto, os subtítulos, o sumário, se houver; só então inicie a primeira leitura geral com a atenção sempre voltada para as ideias mestras e para os pormenores importantes; caminhe decididamente; se encontrar termos desconhecidos, anote-os em papel avulso; não perca de vista os títulos e os subtítulos; descubra e acompanhe a trajetória percorrida pelo autor; assinale a lápis, à margem do texto, o que lhe parecer digno de ulteriores considerações; mas não se detenha, caminhe até o fim com velocidade compatível com a compreensão do texto. Ao chegar ao fim, procure esclarecer o sentido das palavras desconhecidas que anotou durante a leitura. Essa sessão de estudos não deve ultrapassar vinte minutos ou meia hora; programe, pois, previamente, o ponto a que deve chegar, que pode ser um subtítulo do texto; neste caso, continue sua leitura até ao final do capítulo ou do texto em apreço.
Recomece a segunda leitura procurando no texto respostas às questões que o autor se propôs analisar ou que você mesmo formulou após a primeira leitura; atenda, agora, aos sinais que foi fazendo à margem do texto durante a primeira leitura. Detenha-se em cada parágrafo; sublinhe as ideias principais e os pormenores importantes; examine a coerência, a estrutura lógica do texto; pondere a natureza e a força dos argumentos, a validade dos exemplos e a perfeição das divisões; questione, compare, critique; faça breves anotações à margem do texto; assinale pontos obscuros para debater com colegas ou professores. Vá associando novas conquistas a seus conhecimentos anteriores, integrando-as, enriquecendoas com algo de seu, ao mesmo tempo que se enriquece com elas, pois o crescimento cultural não se realiza por agregação ou superposição de camadas de conhecimentos, mas por gestação de concepções, como diria Sócrates. Crescimento cultural é processo vital de captação, análise, reconstituição ou síntese, assimilação ou integração unificada e unificante das partes ou elementos em um todo maior.
Não alegue que este trabalho supõe um cabedal de conhecimentos; isto é ou pode ser verdade; "entretanto, é preciso começar para ir adquirindo cabedal sempre maior de conhecimentos; é ele que, em grande parte, é fruto da leitura trabalhada.
A segunda leitura é mais trabalhosa, mas oferece em troca excelentes gratificações.
Ela disciplina nossa razão, desenvolve o senso crítico, alimenta o espírito científico, promove o nosso real desenvolvimento à semelhança da digestão sempre mais lenta e mais proveitosa que a ingestão. Ao término dessa segunda leitura, está aplainado o caminho para qualquer espécie de esquematização, resumo ou fichamento, que se queiram fazer. Dizemos "que se queiram fazer", porque, como já dissemos, não precisamos elaborar esquemas, resumos e fichamentos escritos de tudo o que lemos. Parece-nos um exagero de teóricos as prescrições insistentes em sentido contrário. Mas, quando o texto é muito longo ou difícil, ou mesmo elaborado sob forma de exercício, é bom refraseá-lo através de resumos, conforme as normas acima citadas. Quem não é capaz de resumir mentalmente ou oralmente um filme a que assistiu; uma peça de teatro, um romance ou um texto, sem precisar tê-lo feito antes por escrito?
Não basta ler uma, duas, ou até três vezes o mesmo texto. É preciso parar para analisá-lo, criticá-lo, discuti-lo, questioná-lo, anotá-lo, sublinhá-lo, retê-lo, refraseá-lo mentalmente e, quando necessário, em resumos escritos; é preciso captar com discernimento, analisar, associar, assimilar e reter com tenacidade, crescer através do desenvolvimento interno e não por agregação ou amontoamento desordenado de informações superficiais e assistemáticas. A leitura cultural é um trabalho de garimpeiro; é um trabalho, não um passatempo ocioso.
Muitos alunos confessaram francamente que não pensavam ser a leitura tão importante. E declararam também que não sabiam ler.
Nosso objetivo neste item é simples e direto: mostrar como se lê e mostrar que é fácil ler bem. Quem não sabe ler jamais amará a leitura eu tirará dela o esperado benefício. Quem aprendeu a ler confessa que passou a gostar de ler e a tirar grandes vantagens do estudo através da leitura; passou a encontrar tempo para ler e fazê-lo mais depressa e com melhor compreensão.
Fonte: RUIZ, J.A. Metodologia científica: guia para a eficiência nos estudos. São Paulo: Atlas, 1996. 177p.
CAPÍTULO 4 PESQUISA
Ana Florência de C. Martins Pinto l Caracterização
Nos cursos, em todos os níveis, exige-se, da parte do estudante, alguma atividade de pesquisa. Esta, efetivamente tem sido mal compreendida quanto à sua natureza e finalidade por parte de alunos e professores. Muito do que se chama de pesquisa não passa de mera compilação ou cópia de algumas informações desordenadas ou opiniões várias sobre determinado assunto e, o que é pior, não referenciadas devidamente.
Assim, pesquisar, num sentido amplo, é procurar uma informação que não se sabe e que se precisa saber. Consultar livros e revistas, verificar documentos, conversar com pessoas, fazendo perguntas para obter respostas, são formas de pesquisa, considerada como sinônimo de busca, de investigação e indagação. Este sentido amplo de pesquisa, opõe-se ao conceito de pesquisa como tratamento de investigação cientifica que tem por objetivo comprovar uma hipótese levantada através do emprego de processos científicos (ALMEIDA JÚNIOR, 1988).
Mas, o que é realmente uma pesquisa? Pode-se dizer que a pesquisa é uma atividade voltada para a solução de problemas, através do emprego de processos científicos. Assim, parte-se de uma dúvida ou problema que se quer resolver e, com o uso do método cientifico, busca uma resposta ou solução (CERVO e BERVIAN, 1983).
No contexto acadêmico a palavra é utilizada para denotar o exame cuidadoso e metódico, para descobrir novas informações e relações bem como para ampliar, generalizar, corrigir e verificar o conhecimento e teorias existentes.
Para os iniciantes em pesquisa o mais importante deve ser a ênfase, a preocupação na aplicação do método científico do que propriamente a ênfase nos resultados obtidos. O objetivo dos principiantes deve ser a aprendizagem quanto à forma de percorrer as fases do método cientifico e à operacionalização de técnicas de investigação. A medida que o pesquisador amplia o seu amadurecimento na utilização de procedimentos científicos, torna-se mais hábil e capaz de realizar pesquisas (BARROS e LEHFELD, 1986).
As pesquisas devem contribuir para a formação de uma consciência critica ou um espírito cientifico do pesquisador. O estudante, apoiando-se em observações, análise e deduções interpretadas, através de uma reflexão crítica, vai, paulatinamente, formando o seu espírito cientifico, o qual não é inato. Sua edificação e seu aprimoramento são conquistas que o universitário vai obtendo ao longo de seus estudos, da realização de pesquisas e elaboração de trabalhos acadêmicos. Todo trabalho de pesquisa requer; imaginação criadora, iniciativa, persistência, originalidade e dedicação do pesquisador.
2 Tipos de pesquisa
O planejamento de urna pesquisa depende tanto do problema a ser estudado, da sua natureza e situação espaço-temporal em que se encontra, quanto da natureza e nível de conhecimento do pesquisador. Isso significa que pode haver vários tipos de pesquisa. Cada tipo possui, além do núcleo comum de procedimentos, suas peculiaridades próprias. Não cabe, neste texto, enumerar todos os aspectos que a pesquisa possa abordar ou transcrever todas as classificações já apresentadas. A seguir será caracterizado a pesquisa experimental e descritiva, sendo esta subdividida em vários outros tipos.
2.1 Pesquisa experimental
É aquela em que o pesquisador procura refazer as condições
de um fato a ser estudado, para observá-lo sob controle e exigindo local apropriado e instrumental especial (KELLER e BASTOS, 1991).
Caracteriza-se por manipular diretamente as variáveis relacionadas com o objeto de estudo, proporcionando o estudo de suas causas e efeitos. Através da criação de situações de controle procura-se evitar a interferência de variáveis intervenientes.
2.2 Pesquisa descritiva
Tal pesquisa observa, registra, analisa e correlaciona fatos, sem manipulá-los, isto é, sem interferência do pesquisador. Procura descobrir a freqüência com que um fato ocorre, sua natureza, características, causas, relações com outros fatos.
A pesquisa descritiva pode assumir diversas formas, entre as quais se destacam: bibliográfica, documental, de campo, de opinião, de motivação, estudos exploratórios, estudos descritivos e estudo de caso (CERVO e BERVIAM, 1983).
2.2.1 Pesquisa bibliográfica
"É a pesquisa exploratória que os alunos realizam para obter conhecimentos, procurando encontrar informações publicadas em livros, revistas, jornais, enciclopédias, isto é, em documentos escritos" (BARROS e LEHFELD, 1986).
A pesquisa bibliográfica propicia a elaboração de trabalhos recapitulativos, teóricos e sintetizados, a partir da coleta, análise e interpretação das contribuições teóricas sobre determinado assunto, da reflexão e critica pessoal e da documentação escrita.
Para Cervo e Bervian (1983) qualquer tipo de pesquisa em qualquer área, supõe e exige pesquisa bibliográfica prévia, quer para o levantamento da situação em questão, quer para a fundamentação teórica ou ainda para justificar os limites e contribuições da própria pesquisa.
Assim, eles afirmam que a pesquisa bibliográfica é um excelente meio de formação e como resumo de assunto ou revisão de literatura, constitui geralmente o primeiro passo de qualquer pesquisa cientifica. Por isso, os universitário devem ser incentivados a usarem métodos e técnicas cientificas para realizá-la.
2.2.2 Pesquisa documental
É a que efetua tentando resolver um problema ou adquirir conhecimentos a partir do emprego de informações retiradas de material gráfico e sonoro.
"O objetivo da pesquisa documental é recolher, analisar e interpretar as contribuições teóricas já existentes sobre determinado fato, assunto ou ideia.
Tais informações são provenientes dos próprios órgãos que as realizaram e englobam todos os materiais escritos ou não, que podem servir como fonte de informações. Podem ser encontrados em arquivos, fontes estatísticas e fontes não escritas tais como: fotografias, gravações, rádio e televisão, desenhos, pinturas, canções, objetos de arte, folclore, etc.
2.2.3 Pesquisa de campo
É a pesquisa em que sr observa e coleta os dados diretamente no próprio local em que se deu o fato em estudo, caracterizando-se pelo contato direto com o mesmo, sem interferência do pesquisador.
2.2.4 Pesquisa de opinião
Consiste em procurar saber atitudes, pontos de vista e preferências que as pessoas têm a respeito de algum assunto, com o objetivo de tomar decisões. Esta pesquisa visa identificar as falhas ou erros, descrever interesses e outros comportamentos (CERVO e BERVIAN, 1983).
2.2.5 Pesquisa de motivação
Segundo Cervo e Bervian (1983) esta pesquisa busca saber as razões inconscientes e ocultas que levam, por exemplo, o consumidor a usar um certo produto ou que determinam certos comportamentos ou atitudes.
2.2.6 Pesquisa ou estudos exploratórios
A pesquisa ou estudo exploratório consiste no passo inicial de qualquer pesquisa pela experiência e auxilio que traz na formulação de hipóteses significativas para posteriores pesquisas, contribuindo assim com a aquisição de embasamento para realizá-las.
Os estudos exploratórios não formulam hipóteses a serem testadas no trabalho, limitando-se a definir objetivos e buscar maiores informações sobre o tema em questão, familiarizando-se com ele, obtendo percepções do mesmo e descobrindo novas ideias.
Assim, a pesquisa exploratória realiza descrições precisas da situação objetivando descobrir as relações existentes entre os seus elementos.
O uso de tal pesquisa aconselhado quando existe poucos conhecimentos sobre o problema a ser estudado para adquiri-los em função de execução de posteriores pesquisas, tais como, as descritivas ou experimental.
2.2.7 Estudos descritivos
Segundo Cervo e Bervian (1983) trata-se do estudo e descrição das características, propriedades ou relações existentes na comunidade, grupo ou realidade pesquisada.
2.2.8 Estudo de caso
É a pesquisa sobre um determinado indivíduo, família grupo ou comunidade para estudar aspectos variados de sua vida.
Em síntese, a pesquisa descritiva, em suas diversas formas, trabalha sobre dados ou fatos colhidos da própria realidade. A coleta de dados é uma das atividades da pesquisa descritiva e se utiliza de diversos instrumentos tais como: a observação, a entrevista, o questionário e o formulário.
No entanto, deve-se salientar que a coleta e o registro de dados não constituem, por si só, uma pesquisa. São apenas uma etapa. A pesquisa, seja qual for o tipo, resulta da execução de várias tarefas, desde a escolha e delimitação do assunto até o relatório final.
3. Referências
ALMEIDA JÚNIOR, J.B. de. O estudo como forma de pesquisa. In: CARVALHO, Maria Cecília M de (Org.). Construindo o saber: técnicas de Metodologia Cientifica. Campinas: Papirus, 1988. p. 107-129.
BARBOS, A.J.de; LEHFELD, N.A.S. A pesquisa cientifica. In: Fundamentos de metodologia: um guia para a iniciação cientifica. São Paulo: Mc Graw-Hill do Brasil, 1986. p. 87-121.
CERVO, A.L.; BERVIAN, P.A. A pesquisa. In: Metodologia Cientifica: para uso dos estudantes universitários. 3. ed. São Paulo: Mc Graw-Hill do Brasil, 1983. p. 50-67.
KELLER, V.; BASTOS, C. Pesquisa cientifica. In: Aprendendo a aprender: introdução à Metodologia Cientifica. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1991. p. 54-58.
KOCHE, J.C. O fluxograma da pesquisa cientifica. In: Fundamentos de Metodologia Cientifica: teoria da ciência e prática da pesquisa. 14. ed. rev. e amp. Petrópolis: Vozes, 1997. p. 121-136: O fluxograma da pesquisa cientifica.
CAPÍTULO 5 O PROJETO DE PESQUISA
1. A concepção do Projeto de Pesquisa . 1.1 Elaboração do Projeto de Pesquisa
A elaboração do Projeto de Pesquisa é um passo importante na vida do/a pesquisador/a, pois se esforça por eleger um problema da realidade para estudá-lo. Este momento é desafiante, porque a produção acadêmica é algo que exige tempo, curiosidade epistemológica, organização pessoal e método. O trabalho científico exige tanto uma concepção de mundo e de ciência como um recorte da realidade concreta e particular. Por isso é necessário ter uma previsão de como será realizada a pesquisa, indicando o que pesquisar, a sua relevância, as formas de execução e os custos materiais, financeiros e as exigências temporais.
Elaborar o projeto de pesquisa é planejar as ideias a serem desenvolvidas, prevendo as etapas do trabalho. Se o/a pesquisador/a não definir claramente onde pretende chegar, não conseguirá ter precisão de como chegar. A construção do Projeto de Pesquisa exige conhecimentos, tanto sobre o tema escolhido quanto sobre o estágio atual dos estudos referentes a ele. Por isso, no Projeto de Pesquisa devem aparecer três pólos intrínsecos do processo de construção do conhecimento: o epistemológico, o teórico e o metodológico. O epistemológico se caracteriza pela atitude problematizadora, ou seja, realiza a crítica e discute o caminho percorrido pela ciência no que tange aquilo que o/a pesquisador/a deseja aprofundar em termos de conhecimentos e que fundamenta a pesquisa para que possa avançar na explicitação do objeto de estudo e da relação deste com os sujeitos de investigação. O teórico se refere aos estudos já desenvolvidos por diferentes autores sobre aquele tema, bem como o estágio atual das pesquisas. O metodológico se refere aos caminhos e às técnicas que o/a pesquisador/a deve percorrer

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