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Teoria Geral dos Recursos - Quiz

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CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA: Direito Processual Penal II
PROFESSORA: Patrícia Raposo Moreira
PERÍODO: 7º Período (quarta-feira) 
ALUNO(A):
Questionário - TEORIA GERAL DOS RECURSOS
Conceitue recurso.
Recurso é o instrumento processual voluntário de impugnação de decisões judiciais, previsto em lei federal, utilizado antes da preclusão e na mesma relação jurídica processual, objetivando a reforma, a invalidação, a integração ou o esclarecimento da decisão judicial impugnada.
Quais são as quatro características dos recursos?
Voluntariedade, previsão legal, anterioridades à preclusão ou à coisa julgada, desenvolvimento dentro da mesma relação jurídica processual de que emana a decisão impugnada.
Qual é a natureza jurídica dos recursos?
Quanto à natureza jurídica dos recursos, são encontradas várias correntes doutrinárias:
O recurso funciona como desdobramento do direito de ação que vinha sendo exercido até o momento em que foi proferida a decisão;
O recurso funciona como nova ação dentro do mesmo processo;
O recurso funciona apenas como um meio destinado a obter a reforma da decisão, não importando se provocado pelas partes ou se determinado ex officio pelo juiz nas hipóteses em que a lei o obriga a adotar esta medida. 
Em que consiste o princípio do duplo grau de jurisdição?
O duplo grau de jurisdição deve ser entendido com a possibilidade de um reexame integral (matéria de fato e de direito) da decisão do juízo a quo, a ser confiado a órgão jurisdicional diverso do que a proferiu e, em regra, de hierarquia superior na ordem judiciária.
O princípio do duplo grau de jurisdição é assegurado expressamente na CF/88?
Não, apesar de não estar assegurado de modo expresso na Constituição Federal, parte da doutrina entende que o direito ao duplo grau de jurisdição encontra-se inserido de maneira implícita na garantia na garantia do devido processo legal e no direito à ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.
Em qual ordenamento há previsão expressa do princípio do duplo grau de jurisdição?
A Convenção Americana sobre Direitos Humanos assegura o duplo grau de jurisdição de maneira expressa em seu art. 8o, §2°, ‘h’, segundo o qual toda pessoa acusada de delito tem direito de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior. 
De acordo com entendimento rechaçado pelo Plenário do Supremo em Questão de Ordem suscitada na Ação Penal nº 470/MG (“Mensalão”), nas causas de competência originária há duplo grau obrigatório de jurisdição? 
Para a Suprema Corte, nas causas de competência originária, não há falar em duplo grau obrigatório de jurisdição, independentemente de se tratar de acusado com foro por prerrogativa de função ou mero coautor ou partícipe julgado pelo mesmo Tribunal em virtude da conexão ou da continência.
O que significa o princípio da taxatividade dos recursos?
Os recursos dependem de previsão legal, do que se conclui que o rol dos recursos e as hipóteses de cabimento configuram um elenco taxativo. Esse instrumento de impugnação de decisões judiciais deve estar expressamente previsto em lei federal. Isso porque, segundo o art. 22, inciso I, da Constituição Federal, compete privativamente à União legislar sobre direito processual. Por isso, os recursos estão previstos no ordenamento processual de forma exaustiva, em rol legal numerus clausus.
O que preconiza o princípio da unirrecorribilidade das decisões?
Por conta do princípio da unirrecorribilidade (unicidade ou singularidade), pode-se dizer que, pelo menos em regra, a cada decisão recorrível corresponde um único recurso.
É possível a interposição concomitante de mais de um recurso contra a mesma decisão? Explique.
Sim. Admite-se a interposição concomitante de mais de um recurso contra a mesma decisão, desde que tenham a mesma natureza jurídica, o que é bastante comum quando há sucumbência recíproca.
Cite dois exemplos de exceções ao princípio da unirrecorribilidade.
- Recurso extraordinário e recurso especial: desde que presentes fundamentos constitucionais e legais que autorizem as duas impugnações, incumbe à parte interpor, simultaneamente, ambos os recursos;
- Embargos infringentes e de nulidade contra a parte não unânime de decisão proferida pelos Tribunais de Justiça (ou TRF’s) no julgamento de apelações, recursos em sentido estrito e agravos em execução, e recurso extraordinário e/ou especial se houver fundamentos constitucionais e legais que autorizem tais impugnações.
O que retrata o princípio da fungibilidade?
De acordo com esse princípio, “salvo a hipótese de má-fé, a parte não será prejudicada pela interposição de um recurso por outro”. A aplicação deste princípio está condicionada à inexistência de má-fé.
Segundo a visão majoritária da doutrina, a aplicação do princípio da fungibilidade está condicionada à inexistência de má-fé. Assim, a má-fé do recorrente é tida como presumida basicamente em duas hipóteses. Quais são elas?
Quando não for observado o prazo previsto em lei para o recurso adequado: caso a parte venha a interpor o recurso errado, porém o fazendo no prazo legal do recurso adequado, presume-se que agiu de boa-fé;
Erro grosseiro: a aplicação do princípio da fungibilidade só é possível quando houver dúvida objetiva sobre o recurso adequado, situação em que o ordenamento jurídico tolera a interposição do recurso inadequado, desde que dentro do prazo legal do recurso correto.
Qual é o objetivo do princípio da convolação?
Evitar prejuízo ao recorrente. Por força desse princípio uma impugnação adequada pode ser recebida e conhecida como se fosse outra. 
O que representa o princípio da voluntariedade dos recursos?
A existência de um recurso está condicionada à manifestação da vontade da parte, que demonstra seu interesse de recorrer com a interposição do recurso. Prestigia-se, com esse princípio, o princípio dispositivo, vinculando-se a existência de um recurso à vontade da parte sucumbente.
O que é o reexame necessário?
A regra geral da voluntariedade dos recursos é excepcionada pelo reexame necessário, que são hipóteses em que ainda que não haja a interposição de recurso voluntário pelas partes, deverá o juízo prolator da decisão submeter sua decisão à revisão pelo Tribunal competente.
A decisão que gera o recurso de ofício produz efeitos automaticamente? 
Não, a decisão não produz efeitos enquanto não for confirmada pelo Tribunal.
Qual será a providência do juiz a quo quando estiver diante de um recurso de ofício?
Ordenar a remessa dos autos ao Tribunal haja ou não apelação; não o fazendo, deverá o Presidente do Tribunal avocá-los.
É cabível o recurso de ofício contra decisões colegiadas? Explique.
Não, o cabimento do recurso de ofício justifica-se, tão somente, contra decisões proferidas por juiz singular, sendo inadmissível contra decisões colegiadas, mesmo que em processos de competência originária dos Tribunais.
Quais são as hipóteses de recurso de ofício?
Há previsão legal de reexame necessário (recurso de ofício, recurso obrigatório, recurso necessário, recurso anômalo) nas seguintes hipóteses: da sentença que conceder habeas corpus; da decisão que conceder a reabilitação; da absolvição de acusados em processos por crimes contra a economia popular ou contra a saúde pública, ou quando for determinado o arquivamento dos autos do respectivo inquérito policial; sentença que conceder o mandado de segurança.
É cabível recurso de ofício contra a decisão de absolvição sumária no procedimento do júri?
Com a reforma processual de 2008, a doutrina tem entendido que não é mais cabível recurso de ofício contra a absolvição sumária no procedimento do júri. Isso porque, ao tratar da absolvição sumária, o art. 415 do CPP nada diz acerca da necessidade de reexame necessário
Quando o princípio da disponibilidade dos recursos é aplicável?
O princípio da disponibilidade é aplicável após a interposição da impugnação, permitindo que o recorrente desista do recurso
anteriormente interposto.
O princípio da disponibilidade dos recursos possui natureza absoluta?
Não, o art. 576 do CPP estabelece que o Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto.
Em sede processual penal, qual sistema será aplicado em se tratando de recurso da defesa?
Em se tratando de recurso da defesa, aplica-se o sistema da proibição da reformatio in pejus.
Em sede processual penal, qual sistema será aplicado em se tratando de recurso da acusação?
Aplica-se o sistema do benefício comum, haja vista a possibilidade de reformatio in mellius.
O que representa o princípio da ne reformatio in pejus no âmbito do processo penal?
Por conta do princípio da ne reformatio in pejus, pode-se dizer que, em sede processual penal, no caso de recurso exclusivo da defesa - ou em virtude de habeas corpus impetrado em favor do acusado —, não se admite a reforma do julgado impugnado para piorar sua situação, quer do ponto de vista quantitativo, quer sob o ângulo qualitativo, nem mesmo para corrigir eventual erro material.
O princípio da ne reformatio in pejus é aplicado apenas no recurso de apelação?
Esse princípio não é aplicável apenas à apelação. Nesse sentido, basta notar que o art. 626, parágrafo único, ao tratar da revisão criminal, também estabelece que não poderá ser agravada a pena imposta pela decisão revista.
O Tribunal poderá agravar a situação do acusado em recurso exclusivo da defesa? Explique.
Não. Ao Tribunal não é permitido agravar a situação do acusado em recurso exclusivo da defesa. Essa reforma para pior só poderá ocorrer na hipótese de haver previsão legal de recurso de ofício, em que se devolve ao Tribunal todo o conhecimento da matéria, assim como nas hipóteses em que houver recurso da acusação. 
Na hipótese do juiz de 1ª instância não fizer qualquer referência aos efeitos específicos da condenação listados no art. 92, incisos I, II e III, do CP, havendo recurso exclusivo da defesa, é possível que o juízo ad quem conste tais efeitos posteriormente?
Se, por ocasião da sentença condenatória, o juiz não fizer qualquer referência aos efeitos específicos da condenação listados no art. 92, incisos I, II e III, do CP, havendo recurso exclusivo da defesa, não se admite que o juízo ad quem o faça sob pena de violação ao princípio da non reformatio in pejus.
É possível ao juízo ad quem converter em diligência o julgamento de apelação para fins de determinar a instauração de incidente de insanidade mental (CPP, art. 149)? Explique.
Não, por força do princípio da non reformatio in pejus, também é defeso ao juízo ad quem converter em diligência o julgamento de apelação para fins de determinar a instauração de incidente de insanidade mental (CPP, art. 149), sob pena de violação à Súmula n° 525 do STF: “A medida de segurança não será aplicada em segunda instância, quando só o réu tenha recorrido”.
É possível o reconhecimento de ofício pelo 2º grau de nulidade absoluta, por exemplo, em sede de recurso da defesa?
Sim, a nulidade absoluta pode ser reconhecida a qualquer tempo, em qualquer grau de jurisdição.
O que significa a expressão ne reformatio in pejus direta?
A expressão ne reformatio in pejus direta refere-se à proibição de o Tribunal proferir decisão mais desfavorável ao acusado, em cotejo com a decisão impugnada, no caso de recurso exclusivo da defesa.
O que preconiza o princípio da ne reformatio in pejus indireta?
Por força do princípio da “ne reformatio in pejus indireta”, se a sentença impugnada for anulada em recurso exclusivo da defesa (ou em habeas corpus), o juiz que vier a proferir nova decisão em substituição à anulada também ficará vinculado ao máximo da pena imposta na primeira decisão, não podendo agravar a situação do acusado.
Anulada decisão do júri por conta de recurso exclusivo da defesa, podem os jurados que venham a atuar no segundo julgamento agravar a situação do réu? Explique.
Sim, anulada decisão do júri por conta de recurso exclusivo da defesa, os jurados que venham a atuar no segundo julgamento são absolutamente soberanos, podendo inclusive reconhecer qualificadoras, causas de aumento ou de diminuição de pena que não foram reconhecidas no primeiro julgamento.
O juiz presidente no âmbito do Tribunal do Júri poderá impor ao acusado pena mais grave que aquela que foi anulada?
Se o resultado da quesitação no segundo julgamento for idêntico ao primeiro, o juiz presidente não poderá impor ao acusado pena mais grave que aquela que foi anulada, estando ele, juiz togado, vinculado à decisão anterior que foi invalidada, em fiel observância ao princípio da ne reformatio in pejus indireta.
É possível em recurso da acusação o juízo ad quem beneficiar o acusado? Explique.
Sim, no recurso exclusivo da acusação, é plenamente possível que o juízo ad quem melhore a situação da defesa, seja para aplicar causas de diminuição de pena ou circunstâncias atenuantes não reconhecidas pelo juízo a quo, seja para excluir qualificadoras constantes da decisão impugnada, podendo, inclusive, absolver o acusado.
O que significa o princípio da reformatio in mellius?
É uma decisão que melhora a situação do acusado, em virtude do julgamento do recurso da acusação, pela instância superior.
Por conta do princípio da reformatio in mellius é possível que a instância superior melhore a situação do acusado em duas situações. Quais são elas?
a) no recurso exclusivo da acusação; 
b) no recurso da defesa, ainda que tal matéria não tenha sido expressamente impugnada pela defesa.
O que diz o princípio da dialeticidade?
Por conta do princípio da dialeticidade, a petição de um recurso deve conter os fundamentos de fato e de direito que embasam o inconformismo do recorrente. O recurso deve, portanto, ser dialético, discursivo, ou seja, incumbe ao recorrente declinar os fundamentos do pedido de reexame da decisão impugnada, pois somente assim poderá a parte contrária apresentar suas contrarrazôes, respeitando-se o contraditório em matéria recursal.
Quais são os dois fundamentos do princípio da dialeticidade?
a) permitir que a parte contrária possa elaborar suas contrarrazões; 
b) fixar os limites de atuação do Tribunal na apreciação do recurso
É possível o julgamento de um recurso independentemente da juntada de razões e/ou contrarrazões?
Os Tribunais Superiores têm considerado válido o julgamento de um recurso independentemente da juntada de razões e/ou contrarrazões. Na dicção do Supremo, “a ausência de razões de apelação e de contrarrazões à apelação do Ministério Público não é causa de nulidade por cerceamento de defesa, se o defensor constituído pelo réu foi devidamente intimado para apresentá-las”.
Qual providência deverá ser adotada pelo juízo a quo ou o Tribunal diante de ausência de razões (ou contrarrazões) da defesa?
Em se tratando de ausência de razões (ou contrarrazões) da defesa, deve o juízo a quo ou o Tribunal baixar os autos em diligência, a fim de que o defensor apresente a respectiva peça da defesa. Se o defensor constituído quedar-se inerte, em verdadeiro abandono do processo, antes de proceder à nomeação de defensor dativo ou da Defensoria Pública, deve o magistrado determinar a intimação do acusado para que constitua novo advogado.
Qual providência deverá ser adotada pelo juízo a quo ou ad quem diante da ausência das razões recursais do Ministério Público?
Verificada a ausência das razões recursais do Ministério Público, considerando que o Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto, deve ser aplicado o denominado princípio da devolução, inserido no art. 28 do CPP, com a consequente remessa dos autos ao Procurador-Geral de Justiça, a quem caberá apresentar a referida peça ou designar outro órgão ministerial para tanto.
O que representa o princípio da complementariedade no processo penal?
A possibilidade de ampliar o conteúdo das razões já apresentadas, o que, no entanto, não implica em violação do princípio da preclusão consumativa,
na medida que a chamada “complementariedade” só se faz possível se eventuais embargos declaratórios opostos pela parte contrária forem providos, o que a toda evidência, gera modificação da decisão que fora objeto de recurso. Neste caso é uma exigência do contraditório e da ampla defesa, cláusulas pétreas da Constituição Federal.
É possível ao recorrente complementar seu recurso com novas razões além das razões recursais já apresentadas inicialmente?
Sim, por conta do princípio da complementariedade, admite-se que a parte recorrente possa complementar as razões de recurso já interposto sempre que, no julgamento de embargos de declaração interpostos pela parte contrária, for criada uma nova sucumbência em virtude da alteração ou integração da decisão. Essa complementação, todavia, estará limitada à nova sucumbência, de modo que, sendo parcial o recurso já interposto, não poderá o recorrente aproveitar-se do princípio para impugnar parcela da decisão que já devia ter sido impugnada anteriormente.
O que representa o princípio da colegialidade?
Por força do princípio da colegialidade, a parte tem o direito de, recorrendo a uma instância superior ao primeiro grau de jurisdição, obter um julgamento proferido por órgão colegiado. Seu escopo é promover a reavaliação da causa por um grupo de magistrados, não mais entregando a decisão da demanda a um juízo singular, como geralmente ocorre na 1ª instância. Pelo menos em tese, isso proporciona a discussão de teses, a contraposição de ideias, enfim, a troca de ideias e experiências entre os diversos magistrados que integram esse órgão jurisdicional colegiado.
Qual é o pressuposto lógico de todo e qualquer recurso?
A existência de uma decisão judicial. Para que alguém possa interpor um recurso, presume-se, logicamente, que haja uma decisão.
O que é juízo de admissibilidade, também chamado de prelibação?
O juízo de admissibilidade consiste na verificação da presença dos pressupostos de admissibilidade recursal.
O que é juízo a quo?
É o juízo contra o qual se recorre.
O que é juízo ad quem?
É o juízo para o qual se recorre.
O juízo de admissibilidade feito pelo juízo a quo é definitivo?
Não, Cuida-se, na verdade, de um juízo provisório, que não vincula o juízo ad quem, porquanto recai sobre ele a competência para a decisão definitiva acerca da presença (ou não) dos pressupostos de admissibilidade.
O que acontecerá com o recurso se verificada pelo juízo ad quem a presença dos pressupostos de admissibilidade?
Verificada pelo juízo ad quem a presença dos pressupostos de admissibilidade, o recurso será conhecido, passando o Tribunal à análise do mérito recursal.
Conhecimento de recurso é sinônimo de provimento de recurso? Explique.
Não, O conhecimento de um recurso não se confunde com seu provimento (ou não provimento). Deveras, as expressões recurso provido ou recurso improvido (ou não provido) significam que o pedido de reforma, invalidação, integração ou esclarecimento da decisão judicial impugnada foi integralmente acolhido pelo juízo ad quem, ou não, respectivamente.
Cite os pressupostos objetivos de admissibilidade recursal.
a) cabimento; b) adequação; c) tempestividade; d) inexistência de fato impeditivo; e) inexistência de fato extintivo; f) regularidade formal.
Dentre os pressupostos objetivos destaca-se a cabimento. Assim, o que é cabimento?
Compreende-se como cabimento, a previsão legal para existência do recurso. Portanto, se a lei não prevê recurso contra determinada decisão, tal decisão é irrecorrível, o que, no entanto, não impede que a parte volte a questionar a matéria em eventual preliminar de futura e eventual apelação ou por meio de habeas corpus ou mandado de segurança.
Dentre os pressupostos objetivos destaca-se a adequação. Assim, o que é adequação?
O pressuposto objetivo da adequação deve ser compreendido como a utilização da via impugnativa correta para se insurgir contra a decisão, ou seja, a verificação de qual o recurso adequado para a decisão impugnada. 
Dentre os pressupostos objetivos destaca-se a tempestividade. Assim, o que é tempestividade?
O recurso deve ser interposto no prazo previsto em lei, sob pena de preclusão temporal. Considera-se o recurso tempestivo quando oferecido dentro do prazo estabelecido em lei, sendo o prazo processual uma distância temporal entre os atos do processo, cujos marcos são o início do prazo e seu término.
Quando um recurso será julgado intempestivo?
Intempestivo será o recurso ofertado após o prazo para interposição do recurso, bem como aquele apresentado antes da publicação da decisão.
O que deve ser levado em consideração para fins de verificação da tempestividade do recurso?
A data em que a petição é protocolada ou em que é entregue ao escrivão ou diretor de secretaria, independentemente do momento do despacho do juízo a quo.
Para fins de aferição da tempestividade, o que realmente interessa?
A data de interposição do recurso.
Qual é o marco inicial do prazo e sua respectiva contagem?
O marco inicial do prazo é, em regra, aquele em que ocorre a intimação; a contagem, que é coisa distinta, obedece a regras diversas. Com efeito, quanto à contagem do prazo, há de se lembrar que o dia do começo não é computado, incluindo-se, porém, o do vencimento. Ademais, o prazo que terminar em domingo ou feriado considerar-se-á prorrogado até o dia útil imediato.
A partir de qual data o prazo recursal começa a fluir? 
A partir da data: a) da intimação acerca da decisão; b) da audiência ou sessão em que for proferida a decisão, se a ela estiver presente a parte; c) do dia em que a parte manifestar nos autos ciência inequívoca da sentença ou despacho.
Quando ocorrerá o início da contagem do prazo nas intimações realizadas por meio de diário eletrônico? 
O início da contagem do prazo nas intimações realizadas por meio de diário eletrônico acontece no primeiro dia útil subsequente à data da publicação, e não a partir do momento em que o acórdão impugnado tornou-se público.
Quando o prazo recursal poderá começar a fluir? 
O prazo recursal só pode começar a fluir a partir do momento em que a parte é intimada acerca da decisão.
O que ocorrerá no processo se não houver intimação do acusado e de seu defensor quanto ao prazo recursal? 
Caso não haja a intimação do acusado e de seu defensor, a consequência será a nulidade absoluta do feito.
Como deverá ser intimado o acusado quanto ao prazo recursal?
O acusado deve ser intimado pessoalmente. Caso não seja encontrado, sua intimação deverá ser feita por edital.
Quando iniciará o prazo para interpor recurso de apelação na hipótese de intimação do acusado por edital? 
Havendo a necessidade de intimação do acusado por edital, o prazo para apelação correrá apenas após o término do fixado no edital, salvo se, no curso deste, for feita a intimação pessoal (CPP, art. 392, §2°). O prazo desse edital, segundo o art. 392, §1°, do CPP, será de 90 (noventa) dias, se tiver sido imposta pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a 1 (um) ano, e de 60 (sessenta) dias, nos outros casos.
É necessária a intimação pessoal do acusado em se tratando de decisões proferidas pelos Tribunais? Explique.
Em se tratando de decisões proferidas pelos Tribunais, a intimação do acusado se aperfeiçoa com a mera publicação do respectivo decisório no órgão oficial de imprensa.
Como será a intimação do Ministério Público quanto ao prazo recursal?
Por força do art. 370, §4°, a intimação do Ministério Público é pessoal. Aliás, de acordo com a Lei Orgânica Nacional do Ministério Público, constitui prerrogativa do membro do MP, no exercício de sua função, além de outras, a de receber intimação pessoal em qualquer processo e grau de jurisdição, através da entrega dos autos com vista.
Quando começará a fluir o prazo recursal para o Ministério Público?
Prevalece o entendimento de que a entrega de processo em setor administrativo do Ministério Público, formalizada
a carga pelo servidor, configura intimação direta, pessoal, cabendo tomar a data em que ocorrida como a da ciência da decisão judicial.
Quem terá prazo em dobro para recorrer?
Os membros da Defensoria Pública da União, da Defensoria Pública do Distrito Federal e dos Territórios, e da Defensoria Pública dos Estados têm prazo em dobro para recorer, nos exatos termos dos arts. 44, inciso I, 89, inciso I, e 128, inciso I, todos da Lei Complementar n° 80/94, respectivamente.
A prerrogativa de prazo em dobro concedida ao defensor público estende ao defensor dativo? Explique.
A prerrogativa de prazo em dobro concedida ao defensor público não se estende ao defensor dativo, que não integra o serviço estatal de assistência judiciária.
No âmbito processual penal, o Ministério Público faz jus ao prazo em dobro para recorrer?
Quanto ao prazo em dobro para o Ministério Público, há de se ficar atento à diferença entre o processo civil e o penal: se, naquele, o Ministério Público tem prazo em dobro para recorrer quando atua como parte (CPC, art. 188, in fine), no âmbito processual penal, o Ministério Publico não faz jus ao prazo em dobro para recorrer.
É possível a interposição de recurso por meio de fax? Há alguma condição? Explique.
É plenamente possível a interposição de recurso por meio de fax. A utilização de sistema de transmissão de dados e imagens não prejudica o cumprimento dos prazos, devendo os originais ser entregues em juízo, necessariamente, até cinco dias da data de seu término, conforme determina o art. 2º da Lei 9.800/99. Ainda segundo a referida lei, nos atos não sujeitos a prazo, os originais deverão ser entregues, necessariamente, até cinco dias da data da recepção do material (art. 2o, parágrafo único).
Se a petição encaminhada via fax não for legível, ou se o original não for entregue dentro do prazo legal, o ato processual praticado será considerado existente ou inexistente? Produzirá efeitos?
O ônus de verificar a qualidade do material transmitido recai sobre a parte que se utilizou os referidos meios de transmissão, tornando-se responsável pela qualidade e fidelidade do material transmitido, assim como por sua entrega ao órgão judiciário (Lei n° 9.800/99, art. 4o). Portanto, se a petição encaminhada via fax não for legível, ou se o original não for entregue dentro do prazo legal, o ato processual praticado será considerado inexistente, sem aptidão para produzir quaisquer efeitos.
É possível a citação por meio eletrônico em processos criminais?
Não é possível a citação por meio eletrônico em processos criminais, assim como nos feitos envolvendo a prática de atos infracionais por adolescentes, conforme está disposto no art.6º da Lei 11.419/06.
Quais são os únicos fatos que impedem o conhecimento do recurso (fatos impeditivos)?
A renúncia e a preclusão subsistem como únicos fatos que impedem o conhecimento do recurso.
Quando ocorrerá a renúncia enquanto fato impeditivo do recurso?
A renúncia ocorre quando o legitimado a interpor o recurso abre mão do seu direito de recorrer. Diversamente da desistência, que ocorre durante a tramitação do recurso, a renúncia se dá antes da interposição da impugnação.
Se o acusado renunciar à faculdade de recorrer, está impedido o conhecimento da apelação interposta por seu defensor. A presente assertiva está correta? Explique.
Não, defensor e acusado são partes legítimas para interpor o recurso, portanto ainda que o acusado tenha renunciado à faculdade de recorrer, isso não impede o conhecimento da apeleção interposta por seu defensor, ou vice-versa. A propósito, confira-se o enunciado da súmula n° 705 do Supremo Tribunal Federal: “A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência do defensor, não impede o conhecimento da apelação por este interposta”.
O que deverá ocorrer nos autos na hipótese de renúncia de defensor constituído durante a tramitação do recurso?
Havendo a renúncia de defensor constituído durante a tramitação do recurso, afigura-se indispensável a intimação do acusado para que constitua novo advogado. A nomeação de defensor dativo pelo magistrado só poderá ocorrer diante da inércia do acusado. Nesse sentido, o Supremo editou a súmula n° 708, in verbis: “É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos da renúncia do único defensor, o réu não foi previamente intimado para constituir outro”.
O que é preclusão?
Do ponto de vista objetivo, a preclusão pode ser compreendida como um fato impeditivo destinado a garantir o avanço progressivo da relação processual e a obstar o seu recuo para fases anteriores do procedimento. Do ponto de vista subjetivo, a preclusão representa a perda de uma faculdade ou direito processual, sendo que as causas dessa perda correspondem às diversas espécies de preclusão.
O que é preclusão temporal?
A preclusão temporal decorre do não exercício da faculdade, poder ou direito processual no prazo determinado. Em sede de recursos, a preclusão temporal ocorre quando transcorre in albis o prazo para recorrer, ou quando a impugnação apresentada pela parte é intempestiva.
O que é preclusão lógica?
Esta decorre da incompatibilidade da prática de um ato processual com relação a outro já praticado. Com relação aos recursos, a preclusão lógica ocorre, por exemplo, com a renúncia, que se apresenta incompatível com a interposição do recurso do qual a parte abriu mão.
O que é preclusão consumativa?
Ocorre quando a faculdade já foi validamente exercida. Em relação aos recursos, a preclusão consumativa está relacionada aos princípios da unirrecorribilidade e da variabilidade dos recursos, anteriormente estudados.
Pode ser exigido o recolhimento do condenado à prisão, como requisito, para conhecimento do recurso de apelação? Explique.
Independentemente do recolhimento à prisão, ou até mesmo de eventual fuga durante a tramitação do recurso, o acusado terá assegurado o direito ao duplo grau de jurisdição. O recolhimento do condenado à prisão não pode ser exigido como requisito para o conhecimento do recurso de apelação, sob pena de violação ao duplo grau de jurisdição e aos direitos de ampla defesa e à igualdade entre as partes no processo.
Quais são os fatos supervenientes capazes de provocar a extinção da impugnação?
São eles a desistência e a deserção, os fatos extintivos recaem sobre recursos que já foram interpostos, mas cujo julgamento ainda não foi realizado.
Quando ocorrerá a desistência de um recurso?
A desistência ocorre quando, após a interposição do recurso, o recorrente pronuncia-se no sentido de não mais possuir interesse com o seguimento da impugnação.
O Ministério Público poderá desistir do recurso interposto?
Por força do art. 576 do CPP, ao Ministério Público não se defere a possibilidade de desistir de recurso que haja interposto. Como visto antes, o Ministério Público não é obrigado a recorrer, por conta do princípio da voluntariedade dos recursos, podendo inclusive renunciar a esta faculdade. Porém, uma vez interposta a via impugnativa, não pode dela desistir.
A desistência pode ser retratada ou revogada? Explique.
A desistência é irrevogável e irretratável. Pronunciando-se no sentido da desistência, o recorrente não poderá dela se retratar, ainda que o faça dentro do prazo recursal, porquanto teria havido preclusão lógica, consubstanciada na incompatibilidade da prática de um ato processual com relação a outro já praticado.
Qual é a única hipótese de deserção no CPP?
A deserção é outra hipótese que acarreta a extinção anômala do recurso. Subsiste uma única hipótese de deserção no CPP, a deserção por falta de preparo do recurso do querelante em crimes de ação penal exclusivamente privada, já que a outra hipótese — fuga do acusado nas hipóteses em que a lei impõe seu recolhimento à prisão para apelar - foi expressamente revogada pela Lei n° 12.403/11.
O que é preparo?
O preparo é o pagamento das despesas relacionadas ao recurso. Estas despesas incluem as custas, o porte
de remessa e retorno dos autos e as despesas postais.
É possível exigir o preparo no âmbito da ação penal privada subsidiária da pública? Explique.
Não, essa necessidade de preparo do recurso do querelante, sob pena de deserção, aplica-se tão somente nas hipóteses de ação penal exclusivamente privada ou personalíssima. Afinal, em se tratando de ação penal privada subsidiária da pública, na medida em que o querelante atua no lugar do Ministério Público, não se pode dele exigir o recolhimento das custas, porquanto o interesse em discussão é de natureza pública.
O Ministério Público está sujeito ao pagamento de custas?
Não, o Ministério Público não está sujeito ao pagamento de custas em nenhuma das esferas perante as quais atua.
O que é a regularidade formal?
Para que determinado recurso possa ser conhecido, a impugnação deve obedecer a determinadas formalidades legais, como, por exemplo, a forma de interposição e a motivação. Esse pressuposto, todavia, é mitigado pelo princípio da instrumentalidade das formas, segundo o qual a existência do ato processual não é um fim em si mesmo, cumprindo apenas a função de proteger algum interesse ou atingir algum fim.
Quais são as formas possíveis de interposição dos recursos no processo penal?
Quanto à forma de interposição dos recursos no processo penal, é sabido que, pelo menos no primeiro grau de jurisdição, alguns recursos podem ser interpostos tanto por petição quanto por termo nos autos (CPP, art. 578, caput). Os recursos que admitem a interposição por termo e por petição são apenas aqueles que, no ato da interposição na 1ª instância, não precisam estar acompanhados das respectivas razões, a saber: a) recurso em sentido estrito; b) apelação, salvo nos Juizados Especiais Criminais; c) agravo em execução, que segue o mesmo procedimento do RESE; d) carta testemunhável. Além desses recursos, é bom lembrar que, segundo o art. 83, §1°, da Lei n° 9.099/95, os embargos de declaração nos Juizados podem ser opostos por escrito ou oralmente.
O que significa a expressão “por termo” nos autos?
A expressão “por termo” nos autos deve ser compreendida como a manifestação inequívoca da parte quanto à intenção de recorrer, como ocorre, por exemplo, quando o recorrente se dirige ao Diretor de Secretaria (ou escrivão) e diz que pretende recorrer, no que o servidor lavra um termo nos autos para documentar a interposição oral do recurso.
Como deverão ser interpostas as impugnações para os Tribunais Superiores?
As impugnações para os Tribunais Superiores devem ser interpostas por petição escrita, acompanhadas das respectivas razões, sob pena de não conhecimento. A título de exemplo, ao tratar do recurso extraordinário, a súmula n° 284 do STF confirma a necessidade de apresentação de razões recursais: “E inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na sua fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia”.
Cite os pressupostos subjetivos de admissibilidade recursal.
Os pressupostos subjetivos de admissibilidade recursal subdividem-se em dois: a) legitimidade para recorrer; b) interesse recursal.
Quem são os legitimados gerais?
São os elencados no art. 577, caput, do CPP, o recurso poderá ser interposto pelo Ministério Público, ou pelo querelante, ou pelo réu, seu procurador ou seu defensor. Esse dispositivo faz menção apenas aos sujeitos processuais que podem ingressar com qualquer recurso entre os previstos em lei, compreendidos como legitimados gerais.
Quem poderá intervir, como assistente do Ministério Público, em todos os termos da ação penal?
Em todos os termos da ação pública, poderá intervir, como assistente do Ministério Público, o ofendido ou seu representante legal, ou, na falta, qualquer das pessoas mencionadas no art. 31, quais sejam, cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
O que significa legitimação subsidiária ou supletiva?
O assistente da acusação não consta do rol do art. 577, onde o legislador elenca no dispositivo aos sujeitos processuais que podem ingressar com qualquer recurso entre os previstos em lei, compreendidos como legitimados gerais, nos quais não se enquadra o assistente do Ministério Público, cuja legitimidade é restrita e subsidiária (supletiva).
O interesse recursal deriva da sucumbência. Nesse sentido, o que é sucumbência?
É uma situação de desvantagem jurídica oriunda da emergente decisão recorrida.
O que é sucumbência única?
Ocorre quando o gravame atinge apenas uma das partes. Se o juiz profere sentença condenatória nos exatos termos pleiteados pelo Ministério Público, o acusado será o único sucumbente.
O que é sucumbência múltipla?
Ocorre quando o gravame atinge interesses vários. A sucumbência múltipla pode ser paralela ou recíproca:
sucumbência múltipla paralela: a lesividade atinge interesses idênticos. A título de exemplo, se o Ministério Público oferecer denúncia contra “A” e “B”, e o Juiz os condena, temos que ambos os acusados sofreram o mesmo gravame (sucumbência paralela);
sucumbência múltipla recíproca: a lesividade atinge interesses opostos. Se o Promotor oferece denúncia em face de “A”, e o juiz o condena, mas lhe concede a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, a despeito da resistência do Ministério Público, que entende que o acusado não preenche os requisitos do art. 44 do CP, tanto o acusado poderá interpor apelação contra a sentença como também poderá fazê-lo o órgão ministerial. Afinal, houve sucumbência recíproca;
O que é sucumbência direta?
Ocorre quando atinge uma das partes da relação processual. Se o Ministério Público (ou o querelante) ou o acusado sucumbem, trata-se de sucumbência direta.
O que é sucumbência reflexa?
Ocorre quando a sucumbência alcança pessoas que estão fora da relação processual. Assim, se o juiz absolve o acusado, a vítima ou qualquer das pessoas enumeradas no art. 31 do CPP poderá apelar, ainda que nenhuma delas tenha se habilitado como assistente.
O que é sucumbência total?
Ocorre quando o pedido não é atendido em sua integralidade. A título de exemplo, o Ministério Público requer a condenação do acusado pela prática de crime consumado qualificado, mas o juiz o absolve com fundamento no in dubio pro reo.
O que é sucumbência parcial?
Ocorre quando apenas parte do pedido não é atendida. Utilizando o exemplo acima citado, o juiz condena o acusado pela prática do crime consumado, mas deixa de reconhecer a qualificadora.
O acusado possui interesse recursal de sentença absolutória imprópria? Explique.
Quanto à sentença absolutória imprópria, aplicável ao inimputável do art. 26, caput, do CP, não há dúvidas quanto ao interesse recursal da defesa. Afinal, se referida sentença impõe ao acusado o cumprimento de medida de segurança, fica evidente o interesse recursal da defesa para interpor eventual apelação, pois a impugnação se mostra necessária para se obter a reforma da decisão.
No tocante à sentença absolutória própria, a defesa possui interesse recursal?
No tocante à sentença absolutória própria, pode soar estranho, à primeira vista, a assertiva de que o defensor e o acusado têm interesse recursal para impugná-la. No entanto, não se pode perder de vista que, a depender do fundamento adotado pelo juiz, a sentença absolutória pode (ou não) fazer coisa julgada na seara cível.
Há interesse recursal da defesa em decisão de extinção de punibilidade pela prescrição?
Prevalece o entendimento de que, havendo prescrição ou qualquer outra causa extintiva da punibilidade, o recurso não será apreciado no mérito, porquanto ausente interesse de agir. Esse argumento é reforçado pela própria natureza jurídica da decisão que julga extinta a punibilidade segundo entendimento majoritário, declaratória da qual não derivam quaisquer efeitos civis. De fato, segundo a súmula n° 18 do STJ, “a sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório”.
É possível que o Ministério
Público recorra em favor do acusado?
É plenamente possível que o Ministério Público recorra em favor do acusado, seja para, a título de exemplo, buscar uma eventual absolvição, diminuição de pena, seja para conseguir um regime de execução da pena que lhe seja mais favorável. Afinal, nenhum interesse teria o Ministério Público em manter uma decisão injusta e iníqua. Nesse sentido, basta ver que o próprio art. 654, caput, do CPP, confere legitimidade ao Ministério Público para impetrar habeas corpus em favor do acusado.
O Ministério Público poderá recorrer da sentença absolutória quando ele mesmo pugnou pela absolvição?
Se o órgão ministerial pugnar pela absolvição do acusado, sendo proferido decreto absolutório nos exatos termos em que pleiteado pelo órgão ministerial, significa dizer que não houve sucumbência, pois o pedido ministerial foi acolhido pelo juízo. Logo, não haverá interesse de agir por parte do Ministério Público.
Há interesse recursal do Ministério Público contra sentença condenatória nas ações penais exclusivamente privadas? Explique.
Nas ações penais exclusivamente privadas, o órgão do Ministério Público também poderá recorrer contra uma sentença condenatória, podendo fazê-lo em favor ou em desfavor do acusado, inclusive visando ao aumento da pena fixada. Todavia, não se admite que o Ministério Público recorra contra uma sentença absolutória, se o querelante não o fizer, em razão do princípio da disponibilidade da ação penal exclusivamente privada ou personalíssima.
O que significa o efeito devolutivo nos recursos?
O efeito devolutivo consiste na transferência do conhecimento da matéria impugnada ao órgão jurisdicional, objetivando a reforma, a invalidação, a integração ou o esclarecimento da decisão impugnada.
O que retrata a regra do tantum devolutum quantum appelatum?
Na medida em que o recurso é voluntário, condicionado, pois, à manifestação do inconformismo do sucumbente, cabe ao recorrente delimitar a matéria a ser objeto de reapreciação e de nova decisão pelo órgão jurisdicional competente. De tato, é possível que a parte esteja satisfeita com parte do julgado e não concorde com o restante. Daí a regra do tantum devolutum quantum appelatum, ou seja, a matéria a ser conhecida (devolutum) pelo juízo ad quem dependerá da impugnação (appelatum).
Como se percebe, a regra do tantum devolutum quantum appelatum acaba por criar, no juízo ad quem, verdadeiro obstáculo à sua pretensa liberdade de reexaminar a causa como se fosse o órgão de primeiro grau.
Como é fixada a extensão ou dimensão horizontal da devolução de um recurso?
A extensão (ou dimensão horizontal) da devolução é fixada a partir da matéria impugnada pelo recorrente, podendo o recurso ser total ou parcial. O conhecimento do Tribunal encontra-se condicionado, portanto, à matéria impugnada pelo recorrente. Se o recurso for total, todas as questões poderão ser objeto de reexame. Lado outro, se o recurso for parcial, a análise do Tribunal só terá por objeto a matéria impugnada pelo recorrente.
O que se entende por dimensão vertical ou profundidade do recurso?
Quanto à profundidade (ou dimensão vertical) do recurso, entende-se que, uma vez delimitada a extensão da devolução, estabelece-se a devolução automática ao Tribunal, dentro dos limites fixados pela extensão, de todas as alegações, fundamentos e questões referentes à matéria devolvida. Portanto, fixada a extensão do recurso, a profundidade do conhecimento do Tribunal é a maior possível: pode levar em consideração tudo que for relevante para a nova decisão.
O que ocorre se o recorrente não delimitar a matéria impugnada em sua petição de interposição?
Se o recorrente não delimitar a matéria impugnada em sua petição de interposição, prevalece o entendimento no sentido de que se devolve ao juízo adquem o conhecimento integral da matéria que gerou a sucumbência, sendo vedado à parte querer reduzi-la por ocasião da apresentação de suas razões recursais.
Há exceção quanto à devolução integral do recurso ao juízo ad quem?
A exceção fica por conta dos denominados recursos de fundamentação vinculada, em que a parte é obrigada a declinar um dos fundamentos previstos na lei (v.g., apelação contra decisões do Júri). Nessa hipótese, o conhecimento do Tribunal fica adstrito aos motivos invocados pelo recorrente quando da interposição ou, ao menos, da apresentação das razões, que complementam o recurso.
O que se entende por recurso de instância iterada?
Dão-se quando se devolve ao Tribunal apenas o conhecimento de decisão de cunho processual, obrigando o Tribunal a conhecer apenas do teor daquela decisão. E o que ocorre, por exemplo, com a decisão que revoga a prisão preventiva, que pronuncia o acusado, etc. Nesses casos, eventual recurso em sentido estrito devolve ao Tribunal apenas o reexame da decisão impugnada, sendo inviável que o juízo ad quem aprecie o conteúdo de direito material. Como observa Paulo Rangel, as decisões que iteram a instância são as interlocutórias mistas ou com força de definitiva, sendo o recurso em sentido estrito exemplo típico de recurso de instância iterada
O que se entende por recurso de instância reiterada?
Ocorre quando a matéria devolvida ao órgão superior é reexaminada por inteiro, já que o Tribunal tem ampla liberdade para decidir, como se a causa estivesse sendo objeto de apreciação no segundo grau de jurisdição. Novamente, como observa Rangel, as decisões que reiteram a instância através do recurso são decisões de mérito, funcionando a apelação como exemplo típico dessa espécie de recurso.
Em que consiste o efeito suspensivo?
Consiste na impossibilidade de a decisão impugnada produzir seus efeitos regulares enquanto não houver a apreciação do recurso interposto. Interessante perceber que, na verdade, não é o recurso interposto que possui efeito suspensivo.
Em que consiste o efeito regressivo, iterativo ou diferido?
Consiste na devolução da matéria impugnada para fins de reexame ao mesmo órgão jurisdicional que prolatou a decisão recorrida, isto é, ao próprio juízo a quo. Permite-se, assim, que o órgão jurisdicional prolator da decisão impugnada possa se retratar antes de determinar a remessa do recurso ao juízo ad quem.
O que se entende por efeito extensivo?
Consectário lógico do princípio da isonomia, do qual deriva a óbvia conclusão de que acusados da prática de um mesmo crime devem ser tratados de maneira semelhante, caso se encontrem em idêntica situação jurídica, o efeito extensivo consiste na possibilidade de se estender o resultado favorável do recurso interposto por um dos acusados aos outros que não tenham recorrido.
Quando será possível a incidência do efeito extensivo?
Para a incidência do efeito extensivo, não há necessidade de que todos os coautores e partícipes do fato delituoso tenham figurado como acusados no mesmo processo. Na verdade, para a incidência do efeito extensivo, basta que os agentes sejam acusados pela prática do mesmo crime em concurso de agentes, pouco importando se houve a reunião dos processos ou a separação dos feitos.
O que se entende por efeito substitutivo?
Em virtude do efeito substitutivo, entende-se que o julgamento proferido pelo juízo ad quemsubstituirá a decisão impugnada no que tiver sido objeto de recurso, ainda que seja negado provimento à impugnação. Em dispositivo aplicável subsidiariamente ao processo penal, por força do art. 3o do CPP, o art. 512 do CPC prevê: “O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a sentença ou a decisão recorrida no que tiver sido objeto de recurso”.
Em que consiste o efeito translativo?
Consiste na devolução ao juízo adquem de toda a matéria não atingida pela preclusão. Diz-se dotado de efeito translativo o recurso que, uma vez interposto, tem o condão de devolver ao Tribunal o poder de apreciar qualquer matéria, em favor ou contra qualquer das partes.
Qual é o único recurso dotado de efeito translativo existente no processo penal?
Em sede processual penal, o único recurso
que é dotado de efeito translativo é o impropriamente denominado recurso de ofício, o qual devolve à instância superior o conhecimento integral da causa, impedindo a preclusão do que foi decidido pelo juízo a quo. Nessa linha, segundo a súmula n° 160 do Supremo, “é nula a decisão do Tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não argüida no recurso da acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício". Como se percebe, a interpretação a contrario sensu da súmula n° 160 do STF autoriza a conclusão no sentido de que, nos casos de recurso de ofício, é possível que o Tribunal profira decisão em qualquer sentido, inclusive em desfavor da defesa, sem que se possa falar em reformado in pejus.
O que significa o efeito dilatório-procedimental?
Cuida-se de efeito natural de todo recurso, que consiste na sucessão de atos que decorrem da sua interposição. Em outras palavras, com a instauração da instância recursal, haverá uma ampliação do rito procedimental.
Qual é a regra quanto aos recursos no âmbito do Direito intertemporal?
A regra de Direito intertemporal é que a lei vigente no momento em que a decisão recorrível foi proferida deverá continuar a disciplinar o cabimento, os pressupostos de admissibilidade recursal, o procedimento e os efeitos do recurso, mesmo depois do início da vigência da lei nova.
O que é recurso voluntário?
É aquele no qual a interposição do recurso está condicionada à manifestação da vontade do sucumbente, que deve provocar o reexame da causa, sob pena de, operando-se a preclusão, sujeitar-se aos gravames oriundos da emergente decisão. Como visto anteriormente, ao tratarmos do princípio da voluntariedade, todo recurso tem em si essa característica. A propósito, o art. 574, caput, primeira parte, do CPP, preceitua que os recursos serão voluntários.
O que é recurso de ofício?
Trata-se do denominado reexame necessário, isto é, situações em que a própria lei condiciona a validade da decisão à revisão de seu conteúdo pela instância superior. Daí dispor a súmula n° 423 do Supremo que “não transita em julgado a sentença por haver omitido o recurso ex officio, que se considera interposto ex lege”.
O que é recurso de fundamentação livre?
A regra é que todos os recursos sejam de fundamentação livre, ou seja, o recorrente tem ampla liberdade no tocante às matérias a serem alegadas em sua fundamentação. Podem ser abordados aspectos relativos à matéria de lato e de direito, sendo que, no tocante às teses jurídicas, a lei não impõe qualquer tipo de restrição.
O que é recurso de fundamentação vinculada?
É o recurso onde o recorrente não pode alegar qualquer matéria que desejar, estando sua fundamentação vinculada às matérias expressamente previstas em rol exaustivo constante da lei ou da Constituição Federal. Assim, para além do preenchimento dos pressupostos inerentes a todo e qualquer recurso (cabimento, adequação, tempestividade, etc.), o conhecimento desses recursos está condicionado à fundamentação delimitada pela lei ou pela Constituição Federal.
O que significa o princípio da asserção ou afirmação?
Significa que o recorrente é obrigado a apontar um dos fundamentos constitucionais ou legais de admissibilidade do recurso, sob pena de não conhecimento da via impugnativa.
Cite três exemplos de recurso de fundamentação vinculada.
A apelação contra decisões do Tribunal do Júri, o recurso extraordinário (RE) e o recurso especial (REsp), afinal, a fundamentação destes últimos,recursos encontra-se delimitada pela própria Constituição Federal: art. 102, III, no caso do, RE, e art. 105, III, na hipótese do REsp.
O que se entende por recurso total?
É o recurso que engloba intencionalmente todo o conteúdo passível de impugnação, ou seja, o recurso tem por objeto a integralidade da parcela da decisão que tenha gerado sucumbência à parte recorrente. Exemplo: apelação da defesa quanto à sentença condenatória proferida por juiz singular;
O que se entende por recurso parcial?
É o recurso que abrange intencionalmente apenas parte do conteúdo impugnável da decisão recorrida, ou seja, somente uma parcela da decisão que gerou sucumbência da parte recorrente é objeto do recurso.
O que se entende por recurso genérico?
Baseia-se na simples irresignação da parte, sem que haja a necessidade de preenchimento de requisitos específicos para sua admissão.
O que se entende por recurso específico?
É aquele que possui requisitos próprios para sua interposição, além daqueles normalmente exigidos para os demais recursos.
O que é um recurso extraordinário?
São aqueles que têm como objeto imediato a proteção e a preservação da boa aplicação do direito. Tais recursos estão previstos no ordenamento pátrio apenas para viabilizar no caso concreto uma melhor aplicação da lei federal e constitucional, permitindo que por meio deles se preservem tais normas.
O que é um recurso ordinário?
O objetivo desse recurso é proteger o interesse particular da parte sucumbente. E bem verdade que, por meio dos recursos ordinários, também se obterá uma preservação do direito objetivo por meio de uma melhor aplicação da lei, porém essa é uma mera conseqüência do provimento do recurso, cuja existência se justifica na proteção do direito objetivo da parte (v.g., apelação, recurso em sentido estrito, etc.).
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