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degeneracao celular

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Arlindo Ugulino Netto – PATOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 
 
1 
 
FAMENE 
NETTO, Arlindo Ugulino. 
PATOLOGIA 
 
DEGENERAÇÕES CELULARES 
(Professor Ivan Rodrigues) 
 
 Degenerações são danos celulares não-letais caracterizados por um acúmulo intracelular de quantidades 
anormais de várias substâncias, devido a uma alteração metabólica na célula. As substâncias acumuladas pertencem a 
três categorias: (1) um componente celular normal, tal como água, lipídios, proteínas e carboidratos; (2) uma 
substância anormal, exógena, como um mineral ou produtos de agentes infecciosos, ou endógena, como um produto 
de uma síntese anormal ou do metabolismo; e (3) um pigmento. Essas substâncias podem se acumular 
transitoriamente ou permanentemente no citoplasma ou no núcleo, podendo ser inócuas para as células, mas 
ocasionalmente são altamente tóxicas. 
 Vários processos resultam em uma deposição 
intracelular anormal: 
1. Uma substância endógena normal é produzida a um 
índice normal ou aumentado, mas a velocidade de seu 
metabolismo é inadequada para removê-la. Um exemplo 
desse tipo de processo é a alteração gordurosa que 
ocorre no fígado devido ao acúmulo intracelular de 
triglicerídeos. 
2. Mutações genéticas em proteínas específicas geram um 
defeito no dobramento e excreção da mesma, 
resultando em seu acúmulo dentro do retículo 
endoplasmático rugoso, trazendo posterior prejuízo à 
célula. 
3. Uma substância endógena normal que se acumula 
devido à defeitos genéticos ou adquiridos do 
metabolismo, armazenamento, transporte ou secreção 
destas substâncias. Um exemplo é o grupo de 
condições causadas por defeitos genéticos de enzimas 
específicas envolvidas no metabolismo dos lipídios e 
dos carboidratos, resultando na deposição intracelular 
dessas substâncias, especialmente nos lisossomos. 
4. Uma substância exógena anormal é depositada e se 
acumula, pois a célula não possui as enzimas 
necessárias para degradá-la nem a habilidade para 
transportá-la para outros locais. A deposição de 
partículas de carbono (derivados do petróleo) e 
substâncias químicas não-metabolizáveis, como a sílica, 
são exemplos deste tipo de alteração. 
 
 Qualquer que seja a natureza e a origem da deposição 
intracelular, ela implica o armazenamento de alguns produtos 
pelas células individualmente. Se o excesso ocorrer devido a 
uma alteração sistêmica que pode ser controlada, o acúmulo é 
reversível. Nas doenças genéticas de deposição, o acúmulo é 
progressivo e as células podem se tornar tão sobrecarregadas 
que ocorre lesão secundária, levando, em alguns casos, à morte 
do tecido e do paciente. 
 As degenerações mais conhecidas e que serão aqui 
abordadas são: 
� Degeneração hidrópica 
� Degeneração hialina 
� Degeneração lipídica 
� Degeneração com acúmulo de carboidratos 
 
 
 
Arlindo Ugulino Netto – PATOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 
 
2 
 
DEGENERAÇÃO HIDRÓPICA 
 A degeneração hidrópica (inchação turva ou hidrópica, tumefação turva ou celular, degeneração vacuolar ou 
edema celular) é uma alteração que se caracteriza pelo acúmulo de água no citoplasma, que se torna volumoso e 
pálido com núcleo normalmente posicionado. É vista com mais frequência nas células parenquimatosas, principalmente 
do rim, fígado e coração. 
 Consiste na lesão não-letal celular mais comum, uma vez que pode ser causada por qualquer agente físico, 
químico (tetracloreto, toxinas, etc) ou biológico (deficiência de oxigênio, etc) que gera um desequilíbrio hidroeletrolítico 
na célula. 
 A degeneração hidrópica ocorre em função do comprometimento da regulação do volume celular, que é um 
processo basicamente centrado no controle de sódio (Na+) e potássio (K+) no citoplasma. A bomba Na+/K+-ATPase é 
responsável por retirar o Na+ de dentro da célula e colocar e manter o K+ intracelularmente. Para este feito, é 
necessário o gasto de energia (ATP). Qualquer fator que altere o funcionamento desta bomba, seja por destruição da 
bomba Na+/K+ ou por carência de ATP celular, ocorre uma retenção de Na+ no citoplasma, deixando escapar o K+ e 
com isto há um aumento de água citoplasmática no intuito de manter as condições isosmósticas e o consequente 
inchaço da célula. 
 A causa mais comum de degeneração 
hidrópica é a hipóxia (como ocorre no 
choque). A falta de oxigênio altera a 
respiração celular, reduzindo a respiração 
aeróbica, levando à queda de ATP. Todos os 
processo que requerer ATP, como a própria 
bomba Na+/K+-ATPase são afetados. Enfim, 
todos os processos que interfiram na 
fosforilação oxidativa que produzirá ATP, seja 
por hipóxia ou por falta de substratos como 
ocorre na desnutrição grave, seja pela lesão 
da membrana por enzimas de oxidação 
(toxinas bacterianas/químicas e radicais livres 
produzidos no processo inflamatório), podem 
produzir degeneração hidrópica. 
 Condições que agridem a membrana 
celular como, por exemplo, os vírus, o cálcio, 
substâncias químicas e toxinas bacterianas 
podem lesar diretamente a membrana 
plasmática e levar a um edema celular. 
 A hipóxia força, ainda, a célula a entrar em respiração anaeróbica, o que leva a um aumento na produção de 
ácido láctico. Esta condição leva a uma redução do pH, culminando no desacoplamento dos ribossmos e um 
decréscimo na síntese protéica, o que afeta, também, na síntese da Na+/K+-ATPase. 
 Nos estados de vômitos constantes e diarréia, há perda acentuada de vários eletrólitos, incluindo o potássio 
(hipocalemia). Acredita-se que este fator reflita em uma alteração da bomba Na+/K+ pela perda do potássio intracelular, 
O K+ tem ainda uma importante função nas reações enzimáticas e na manutenção da permeabilidade da membrana. 
 Todos estes fatores levam a uma retenção de Na+ e água dentro da célula seguidos de uma expansão 
isosmótica. 
 
ASPECTOS MORFOLÓGICOS 
 Os órgãos acometidos por este tipo de degeneração aumentam de volume e apresentam certa palidez por 
motivo da compressão da microcirculação. Entretanto, a função dos órgãos continuará preservada. 
 Microscopicamente, observa-se uma distensão das células, que passam a apresentar citoplasma 
completamente vacuolizado, mais alargado e mais claro. 
 
EVOLUÇÃO E CONSEQUÊNCIAS 
 A degeneração hidrópica é um fenômeno reversível que, se o agente lesivo for retirado, a célula pode voltar ao 
normal, sem levar a nenhum comprometimento da função do órgão. 
 
 
DEGENERAÇÃO HIALINA 
 O termo hialino refere-se simplesmente a qualquer material que, ao microscópio óptico, apresente-se 
homogeneamente corado em róseo pela HE, amorfo e acidofílico (coloração rósea). É importante conhecer tais 
constituições pois existe uma série de doenças de diferentes patogenias que cursam com o acúmulo deste material 
hialina. 
Arlindo Ugulino Netto – PATOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 
 
3 
 
 A degeneração hialina é classificada em extracelular (quando o material hialino se acumula no espaço 
intersticial ou ao longo da parede dos vasos) e intracelular (quando o material se acumula dentro das células). 
 
DEGENERAÇÃO HIALINA EXTRACELULAR (CONJUNTIVO-VASCULARES) 
 Pode se apresentar na forma de degeneração hialina (DH) propriamente dita ou na forma da amiloidose. 
• DH propriamente dita: é o tipo mais comum de DH, atingindo o tecido conjuntivo fibroso colágeno e a parede 
dos vasos. A hialinização do tecido conjuntivo fibroso é encontrada em cicatrizes antigas decorrentes de 
organização de processos inflamatórios. Ao microscópio, vê-se que nesta área cicatricial branca corada pela 
HE existem poucos fibroblastos, além de alargamento, fusão e compactação das fibras colágenas, dando a 
este tecido o aspecto eosinofílico, portanto, hialinizada. 
o Cicatrizes antigas: quando ocorre um acúmulo de fibrina para o local de uma lesão prévia, acontece um 
recrutamento de fibroblastos que passam a sintetizar fibras colágenas e, posteriormente,desaparecem. Na microscopia, aparecem apenas feixes espessados de colágenos (praticamente 
acelular) corados em e róseo pela HE, caracterizando uma DH propriamente dita. Quando ocorre uma 
hiperprodução de colágeno para o reparo da lesão, ocorre o fenômeno denominado por quelóide. 
o Trombos: do mesmo modo que a fibrina dos exsudatos inflamatórios, a fibrina dos trombos também se 
organiza, conferindo aos trombos, depois de um certo tempo, o aspecto hialino. Isso acontece depois 
que o trombo, aderido à parede do vaso, sofre uma infiltração por células da resposta inflamatória, em 
que ocorre a proliferação de fibroblastos e de colágeno, o qual substitui gradativamente o trombo. 
o Lúpus eritematoso cutâneo: na junção da epiderme com a derme, ocorre um espessamento hialino 
causado por um depósito de complexos antígenos-anticorpos e fibrina justamente nessa região. Sabe-
se que a patogenia do lúpus eritematoso, doença auto-imune, está relacionada à formação de auto-
anticorpos contra fatores nucleares. As lesões do lúpus são caracterizadas pelo tipo de 
hipersensibilidade do complexo auto-imune, em que complexos Ag/Ac se depositam em regiões 
específicas e induzem a proliferação de fibroblastos. 
o Diabetes millitus: pode aparecer hialinização das arteríolas sistêmicas, nas arteríolas renais e nas 
ilhotas de Langerhans. Na chamada microangiopatia diabética, que afeta as arteríolas sistêmicas, há 
hialinização da parede que corresponde ao espessamento da membrana basal e hiperplasia do 
músculo liso. 
o Hipertensão arterial: ocorre espessamento hialino das arteríolas (arteriolosclerose) e também da 
arteríola aferente renais. Como consequência, os glomérulos tornam-se isquêmicos, atrofiam-se e 
hialinizam-se, transformando-se em bola hialina, homogênea e acidófila. Em cortes histológicos, o vaso 
apresenta-se espessado com a luz bastante diminuída. Isso ocorre porque a hipertensão estimula as 
células endoteliais a produzirem componentes da membrana basal sob a forma de colágeno e 
fibronectina. Neste processo, o glomérulo também aprisiona algumas proteínas plasmáticas e matriz 
mesangial, que fazem parte da composição do glomérulo hilaino. O rim atrofia, deixando a superfície 
capsular finamente granular (nefrosclerose arteriolar). 
o Nefrosclerose vascular: é causada pelo mesmo processo que ocorre na hipertensão arterial 
(arteriosclerose hiperplásica), sendo a nefrosclerose arteriolar conseqüência da hipertensão. Os 
glomérulos que se tornam isquêmicos passam a atrofiar, fazendo com que a superfície renal torne-se 
irregular e descontínua, deixando a superfície com um aspecto granular e áspero. Esta condição pode 
ocorrer nas glomerulonefrites, devido ao espessamento hialino dos glomérulos que é dado geralmente 
por depósitos de imunoglobulinas (IgG) e complemento, bem como pode ocorrer no lúpus eritematoso 
devido ao próprio depósito de imunocomplexos nas paredes vasculares renais. 
o Síndrome da Angústia Respiratória das crianças e dos adultos: nesta patologia, a membrana hialina 
que atapeta os alvéolos é composta de fibrina condensada extravasada do processo inflamatório, 
proteínas plasmáticas, lipídeos e restos de células epiteliais necróticas. Este revestimento hialínico na 
superfície alveolar dificulta as trocas gasosas, gerando a síndrome da angústia respiratória. 
 
• Amiloidose: engloba um grupo de várias doenças que cursa com o depósito de uma substância amorfa de 
origem protéica em nível do interstício e da parede vascular dos órgãos. Estas substâncias protéicas, 
geralmente, têm origem de imunoglobulinas. Conceitualmente, a amiloidose é uma síndrome que agrupa 
processos patológicos diversos, cuja característica comum é o depósito intercelular (intersticial) e na parede 
dos vasos de uma substância hialina, amorfa, proteinácea, patológica, que com o acúmulo progressivo induz 
atrofia por compressão isquêmica das células adjacentes. Podem ser sistêmicas ou localizadas. 
o Classificação: 
� Primária (atípica): amiloidoses sem causa aparente; 
� Secundária: seguem a doenças crônicas como tuberculose, hanseníase, processos supurativos 
crônicos, etc; 
� Forma tumoral: associada a algum processo neoplásico (geralmente, plasmocitomas) 
Arlindo Ugulino Netto – PATOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 
 
4 
 
o Conseqüências do depósito: são muito variáveis. Os sintomas variam com a quantidade e o local dos 
depósitos, bem como a doença básica subjacente. As manifestações clínicas mais frequentes se 
relacionam com o envolvimento renal, cardíaco e gastrointestinal. 
o Principais repercussões clínicas: os órgãos mais acometidos são rim (mais grave), fígado, coração e 
tubo digestivo. 
� Nos rins, a proteinúria que se estabelece com a amioloidose renal consequente à síndrome 
nefrótica pode levar à grave hipoalbuminemia; como avanço dos depósitos e obliteração 
glomerular, há insuficiência renal, uremia forte e morte. 
� O envolvimento cardíaco pode levar a arritmias fatais 
� O envolvimento gastrointestinal pode levar a síndromes de má absorção, constipação ou 
diarréia ou mesmo dificuldade de deglutição ou da fala nos casos de tumor da língua. 
o Diagnóstico: o diagnóstico clínico da amiloidose não é fácil e é feito apenas por meio da biópsia 
mostrando depósitos hialinos por coloração especial, mostrando-se estes depósitos róseos ao HE, 
vermelho-congo (coloração alaranjada) positivos e birrefringentes à luz polarizada firma o diagnóstico. 
A gengiva, o reto e o rim são os locais preferidos para biopsiar. 
 
DEGENERAÇÃO HIALINA INTRACELULAR 
 Nas DH intracelulares, encontramos a substância hialina no interior das células, sob a forma de pequeninos 
grânulos acidófilos, homogêneos ou na forma de aglomerados irregulares, resultando da coagulação de parte de 
proteínas citoplasmáticas e por isso representando grave alteração da célula. 
• Degeneração hialina goticular: caracterizada pelo aumento de numerosas gotículas hialinias refrateis 
(geralmente menores do que o núcleo ou uma hemácia) no citoplasma de células dos túbulos contornados do 
rim. Isso acontece porque as proteínas que passam pelos glomérulos em processo patológios (como nas 
síndromes nefróticas) são pinocitadas pela célula tubular e se unem aos lisossomos formando um 
fagolisossomo, que é visto sob a forma de uma gotícula hialina ao microscópio. 
• Corpúsculo de Russell: são corpúsculos hialinos esféricos em células localizadas na proximidade de certos 
cânceres. Sabe-se que as células que contém estes corpúsculos são os plasmócitos que podem fazer parte 
da reação inflamatória aparecendo sobretudo nos processos inflamatórios crônicos em que há prolongada 
estimulação antigênica. A substância hialina corresponde a imunoglobulinas (principalmente IgG) 
hiperproduzidas e não-excretadas por estas células, que se cristaliza no citoplasma 
dos plasmócitos no interior do retículo endoplasmático. 
• Corpúsculos de Councilman-Rocha-Lima: nas doenças hepáticas virais (como 
as hepatites por vírus A ou B e na febre amarela), os hepatócitos podem entrar em 
apoptose e aparecerem diminuídos com citoplasma hialino (com organelas 
diminuídas por destruição apoptótica), soltos da trabécula e com núcleos, 
picnóticos, fragmentados ou ausentes. Estas verdadeiras “múmias” celulares, 
refringentes e vermelhas, são os corpúsculos de Councilman-Rocha-Lima. 
• Degeneração hialina de Mallory: os hepatócitos acometidos apresentam no citoplasma massas hialinas 
grumosas de tamanho e formas diferentes com bordas irregulares floconosas ou filamentosas. É mais comum 
na cirrose hepática alcoólica. A DH de Mallory corresponde basicamente a filamentos paralelos de disposição 
irregular e tamanhos diferentes. Isso ocorre porque os produtos metabólicos do álcool atingem estruturas da 
mitocôndria, dos microtúbulos e microfilamentos (que formam os filamentos irregulares citoplasmáticos). 
• Degeneração hialinacom deficiência de alfa-1 antitripsina: a deficiência congênita de alfa-1 antitripsina 
promove o acúmulo de material hialino protéico nas células do fígado. Esta 
deposição ocorre porque a enzima não está sendo excretada, se 
acumulando nos hepatócitos sob a forma de inclusões globulares de hialina 
(quando coradas pelo ácido periódico de Shift, demonstrando-se PAS+) de 
diferentes tamanhos dentro das cisternas do retículo endoplasmático. A alfa-
1 antitripsina é uma antiprotease produzida pelos fagócitos mononucleares 
do fígado e lançada no plasma que mantém um equilíbrio nos processos 
inflamatórios, destruindo as proteases produzidas pelas células 
inflamatórias. Deficiências nesta enzima propicia o sujeito à enfisema 
pulmonar, pancreatite, cirrose hepática, hepatite neonatal com evolução pra 
cirrose. 
• Degeneração hialina de Crooke: esta DH é uma alteração observada nas células basofílicas hipofisárias 
produtoras de ACTH na Síndrome de Cushing. São caracterizados por agregados de filamentos intermediários. 
• Degeneração cerea de Zenker: é secundária a processos degenerativos e necróticos celulares associados à 
coagulação focal de proteínas citoplasmáticas que levam ao aparecimento de massas homogêneas acidofílicas 
(hialinas). Ocorre principalmente na musculatura esquelética dos retroabdominais, gastrocnêmio e diafragma 
nos casos de doenças febris graves como a febre tifóide, difteria e no choque anafilático. O sarcoplasma dos 
Arlindo Ugulino Netto – PATOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 
 
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músculos citados se coagula, perda e estriação, assumindo um aspecto róseo, homogêneo (hialino) nos cortes 
rotineiramente corados pela HE. 
 
 
DEGENERAÇÃO MUCÓIDE 
 Degeneração mucóide celular acontece nas células epiteliais que produzem muco. Nas inflamações das 
mucosas (inflamação catarral), há acumulo excessivo de muco no interior das células. Em alguns cânceres, como do 
estômago, intestino e ovário, o aspecto gelatinoso observado na macroscopia é dado por células malignas que 
produzem muco em excesso. 
 Acúmulo de muco intesticial (mucopolissacarídeos) pode acontecer no tecido conjuntivo cartilaginoso dos 
discos intervertebrais e meniscos do joelho, promovendo as hérnias de disco e ruptura dos meniscos; no conjuntivo das 
valvas cardíacas ou subendocárdio nos casos de doença reumática, artrite reumatóide e lúpus eritematoso. 
 
 
DEGENERAÇÃO GORDUROSA (ESTEATOSE) 
 Degeneração gordurosa ou esteatose se refere ao acúmulo anormal de lipídeos no interior das células 
parenquimatosas. Como o fígado é o órgão diretamente relacionado com o metabolismo lipídico, é nele que vamos 
encontrar mais comumente a esteatose. Mas esta pode desenvolver-se em órgãos como coração (miocardite diftérica 
que leva a esteatose), musculatura estriada e rins. 
 Para entender a esteatose, devemos relembrar um pouco do metabolismo lipídico que ocorre em nível 
hepático. Diariamente ingerimos cerca de 25g-105g de lipídeos, que são geralmente ingeridos sob a forma de 
triglicérides (TG). No intestino delgado, sob ação da bile (constituída de saís biliares+fosfolipídeos+colesterol), os 
lipídeos da dieta são emulsionados. Juntam-se a eles então o colesterol e vitaminas lipossolúveis através de uma 
micela de bile, formando desta maneira uma micela mista que vai progressivamente incorporando mais colesterol e 
vitaminas. 
 O TG+fosfolipíeos+colesterol e seus 
ésteres+ácidos graxos livres+vitaminas lipossolúveis 
reagem no RE Liso com proteínas lá sintetizadas, 
formando partículas estáveis denominadas quilomicrons. 
 Uma vez na circulação, os quilomicrons passam 
através dos sinusóides hepáticos, que possuem uma 
parede descontínua, caem no especo de Disse e são 
ofertados às vilosidades dos hepatócitos. Dos 
quilomicrons, os hepatócitos removem os TG, 
hidrolizando-os em ácidos graxos livres e glicerol. Os AG 
livres são usados para o metabolismo energético ou são 
esterificados no RER, onde são conjugados com proteínas 
(apoproteínas), formando lipoproteínas que são 
exportadas pelo hepatócito para serem utilizadas por 
outros órgãos. 
Não só da dieta, mas os lipídeos que chegam aos 
hepatócitos têm origem do próprio tecido gorduroso 
corporal ou da própria célula hepática. Os TG no RER 
podem ainda servir como fonte de energia, ao serem 
convertidos em colesterol e ésteres que, incorporando 
fosfolipídeos, são oxidados em corpos cetônicos. 
 De acordo com as necessidades, os TG dos adipóctios são transformados em ácidos graxos livres e colesterol. 
Os ácidos graxos circulam ligados à albumina, que é então fundamental na utilização da gordura dos depósitos. 
 
CAUSA DA ESTEATOSE E PATOGÊNESE 
 Se interferimos em vários passos desse metabolismo, podemos determinar o acúmulo de lipídeos no interior 
dos hepatócitos. Por vezes, uma única agressão pode determinar alterações em mais de um passo metabólico. 
Portanto, o aumento de TG no fígado pode ter as seguintes causas e gêneses: 
 
1. Entrada excessiva de ácidos graxos livres: 
• A fome e o jejum produzem o aumento da mobilização de lipídeos dos depósitos corporais ofertados ao 
fígado e transformados em TG. No entanto, na falta de proteínas, carboidratos ou lipídeos na dieta 
(desnutrição), não há como formar depósitos de gordura ou mobilizar tais lipídeos. A criança que come 
apenas carboidratos, isto é, tem um desbalanço protéico, mas não calórico (doença de Kwashiokor), 
desenvolve fígado gorduroso. 
Arlindo Ugulino Netto – PATOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 
 
6 
 
• Dieta hipercalórica estimula o fígado a produzir mais TG e, quando sobrecarregado, estocar 
patologicamente, 
• O aumento de ingestão de alimentos, observado nas dietas hipercalóricas, produz entrada excessiva 
de ácidos graxos livres no fígado. 
• A adrenalina, o hormônio de crescimento e os corticóides também aumentam a mobilização de gordura 
dos depósitos, produzindo fígado gorduroso. 
• O diabetes mellitus ou a falta de insulina favorece uma lipólise, promovendo uma maior mobilização de 
ácidos graxos livres do tecido adiposo para o fígado, acumulando-se neste tecido. 
 
2. Decréscimo na síntese protéica: 
• Um decréscimo na síntese protéica resulta em uma formação deficiente de lipoproteínas, o que diminui 
a excreção de TG do fígado, os quais passam a se acumular no fígado. Intoxicação por tetraciclina 
pode resultar neste processo. 
• Através da formação de compostos tóxicos no seu metabolismo, o Tetracloreto de carbono (CCl4) lesa 
o RE impedindo a síntese de apoproteínas, o que compromete a formação de lipoproteínas. 
• O álcool produz esteatose por vários mecanismos que agem conjuntamente. No seu metabolismo 
hepático, há formação de acetoaldeídos que são tóxicos mitocondriais, diminuindo assim a função 
mitocondrial de oxidação de ácidos graxos e de produção de proteínas. 
• Falta de colina e seu precursor, a metionina, que são aminoácidos essenciais para a formação de 
fosfolipídeos e a ausência deles na dieta leva à formação de moléculas lipoprotéicas instáveis sem o 
essencial revestimento fosfolipídico. 
• Drogas como o bismuto, a tetraciclina e a dietilnitrosamina são drogas capazes de interferir com a 
síntese protéica e, portanto, na produção de lipoproteínas. 
 
3. Diminuição na oxidação de ácidos graxos: 
• Déficit de O2 (anemias prolongadas, insuficiência cardíaca e choque): a diminuição na oxidação dos 
ácidos graxos resulta, por outro lado, na melhor esterificação para TG, fazendo com que haja assim 
maior acúmulo deles dentro da célula. Outros agentes hepatotóxicos que inferem na mitocôndria 
também levam a esteatose. Neste caso está o álcool e seus metabólitos (principalmente, o 
acetoaldeído, que é tóxico à membrana do retículo endoplasmático rugoso e mitocondrias). 
 
4. Aumento na esterificação de ácidos graxos: 
• Álcool: a esterificação de ácidos graxos para TG tem participação ativado alfa-glicerolfosfato, que está 
aumentado no alcoolismo devido ao aumento do glicerol plasmático, promovendo assim acúmulo de 
maior quantidade de TG na célula. 
• Outro fator que envolve o álcool seria uma concorrência do etanol com os ácidos graxos: o etanol, por 
ser mais facilmente metabolizado, impede o catabolismo dos TG, os quais passam a se acumular no 
fígado. 
 
5. Aumento de TG plasmáticos 
• Álcool: promove elevação dos TG plasmáticos, determinando maior chegada de gordura ao fígado. 
• Diabetes: no diabetes descompensado também existe uma maior elevação dos ácidos graxos livres, 
colesterol e TG plasmáticos, aumentando a síntese de TG no fígado e tecido gorduroso. Este aumento 
na lipólise é consequência da influência inibitória que a insulina exerce na liberação de gordura do 
tecido adiposo. 
 
6. Obstáculo na liberação de lipoproteínas: 
• Álcool: o álcool impede a união adequada dos lipídeos (TG) às proteínas para a formação de 
complexos lipoprotéicos, levando assim ao acúmulo intracelular dos TG. 
• Ácido orótico: apresenta-se como agente de fígado esteatótico pelo mesmo mecanismo: impedindo a 
conjugação de TG a proteínas. 
 
ASPECTOS MORFOLÓGICOS 
 O fígado gorduroso, esteatótico, apresenta-se aumentado de volume e peso (pode chegar a mais de 3kg). Tem 
a cor amarelada e a consistência amolecida de um pacote de manteiga. 
Microscopicamente, quando a esteatose é discreta, as gotículas são adjacentes ao RE e são vistas ao 
microscópio óptico como pequenos vacúolos no citoplasma, próximo ao núcleo. Com a progressão do processo os 
pequenos vacúolos se fundem para criar um espaço claro maior que preenche todo o citoplasma (cistos gordurosos), 
deslocando o núcleo perifericamente. 
Arlindo Ugulino Netto – PATOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 
 
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As conseqüências da esteatose hepática são variáveis, dependendo da intensidade e da associação com 
outros fatores. Na maioria dos casos, a lesão é rapidamente reversível e, cessada a causa, a célula volta ao normal. 
Quando a esteatose é grave e duradoura, pode ocasionar morte do hepatócito com alterações funcionais do órgão e a 
progressão para a cirrose hepática. 
Acredita-se que a fibrose que acompanha a esteatose esteja relacionada com o consumo de álcool, uma vez 
que este tem a capacidade de estimular a fibrinogênese hepática. 
 
OUTRAS CONDIÇÕES EM QUE HÁ AUMENTO DE LIPÍDEOS INTRACITOPLASMÁTICOS 
1. Doenças do acúmulo (ou armazenamento): existem doenças por erro genético do metabolismo, cujo 
resultado é o acúmulo da substância não-metabolizada no organismo. Das doenças por acúmulo de 
substâncias de origem lipídica (lipidoses), as mais freqüentes são: 
� Doença de Niemann-Pick: deficiência de esfingomielinase, acumulando esfingomielina. 
� Doença de Gaucher: acumulação de glicocerebrosideo 
� Doença de Tay-Sachs: acumulação de gangliosídeo. 
 
2. Aterosclerose: nesta condição, de enorme importância na patologia humana, 
existem acúmulos de colesterol e seus ésteres no interior de células musculares 
lisas e macrófagos da íntima da aorta, grandes vasos arteriais, coronárias e 
polígono de Willis. Com o tempo, estes agregados podem sofrer fibrose e 
outras complicações (calcificações, ulcerações, hemorragias, etc), levando à 
obstrução do vaso e consequente infarto. 
 
3. Hiperlipidemias: nas hiperlipidemias, que podem ter origem genética (primárias) ou adquiridas (secundárias), 
existe um aumento dos níveis de colesterol plasmático. São exemplos de hiperlipidemias secundárias aquelas 
que acompanham o diabetes mellitus, a síndrome nefrótica e o hipotireodismo.

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