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Teoria do Crime

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Prof.: Herberth Freitas – DIREITO PENAL	
Apostila 01 - Data: 07/07/2017
DIREITO PENAL
Conceito Formal de crime: Infração penal é aquilo que assim está rotulado em uma norma penal incriminadora, sob ameaça de pena.
Conceito Material de crime:	Infração penal é comportamento humano proposital ou descuidado causador de relevante e intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado, passível de sanção penal.
Propositadamente – significa a existência do dolo.
Descuidadamente – significa negligencia, imprudência, imperícia = CULPA
Lesão ou perigo – significa tentativa
Conceito Analítico: 
Crime é fato TÍPICO, ANTIJURÍDICO E CULPÁVEL.
Infração Penal
É gênero, podendo ser dividida em crime (ou delito) e contravenção penal.
Infração Penal é gênero e são espécies:
Crime ou delito;
Contravenção penal ou crime anão, delito liliputiano ou crime vagabundo.
Crime X Contravenção
	
	Crime
	Contravenção Penal
	Pena Privativa de liberdade
	Reclusão ou Detenção
	Prisão simples ou multa
	Ação Penal
	APP cond. à Repres. ou 
APP incond. 
	APP incondicionada 
A.P. Privada sub.
	Tentativa
	Sim
	Não
	Extraterritorialidade
	Sim
	Não
	Competência
	J. E. ou J. F.
	J. E
Exceção: detentor de foro privil.
	Limite das penas
	30 anos, art. 75, CP
	5 anos art. 10, LCP
Elementos do Crime
Crime é fato TÍPICO, ANTIJURÍDICO E CULPÁVEL.
Crime
 1º substrato	 	 2º substrato		 3º substrato
 Fato típico		 Ilicitude			culpabilidade
	
Consequência jurídica
 Punibilidade Não integra o conceito de crime
Fato típico
É um fato humano indesejado que norteado pelo princípio da intervenção mínima consiste em uma conduta causadora de resultado e com ajuste a um tipo penal.
Requisitos do Fato típico: CoReNTi
•	Conduta, 
•	Resultado
•	Nexo causal 
•	Tipicidade.
Classificação dos Crimes
Crime Material: São aqueles crimes em que deverá haver necessariamente o resultado naturalístico previsto expressamente no tipo. Ex.: Morte (art. 121, CP), Dano (art. 163, CP), furto
CRIME FORMAL (ou delito de resultado cortado, ou delito de consumação antecipada): Consubstancia-se naqueles delitos em que o tipo penal prevê a conduta e o resultado, porém, para se consumar, basta a prática da conduta. É o exemplo da Extorsão (art. 158, CP). É suficiente a privação da liberdade da pessoa, dispensando a obtenção da vantagem indevida; Consussão: exigir o funcionário público vantagem indevida; Corrupção Passiva: solicitar, aceitar promessa (é formal) receber (é material); Ameaça art. 147, CP
CRIME DE MERA CONDUTA: O tipo penal desse crime não prevê nenhum resultado naturalístico. É narrada apenas a conduta proibida pelo ordenamento. Ex.: violação de domicílio - art. 150 do CP; Porte ilegal de arma de fogo.
Obs. Todo o crime possui resultado formal ou normativo (é a ofensa a norma, é o dano efetivo ou concreto ao bem jurídico), por força do art. 13 do CP. Os crimes formais e os de mera conduta não exigem o resultado material.
Crime comum: é aquele que não exige qualquer qualidade especial seja do sujeito ativo ou passivo do crime. Ex: O crime de homicídio é comum: pode ser praticado por qualquer pessoa contra qualquer pessoa.
Crime próprio: por sua vez, é o crime que exige uma qualidade especial do sujeito; qualidade esta exigida no próprio tipo penal.
Ex: O crime de estupro, antes da reforma introduzida no Código Penal pela Lei nº 12.015/09 era um crime próprio, pois exigia a qualidade “mulher” do sujeito passivo. Os crimes funcionais; infanticídio art. 123, CP.
O crime de mão própria é o crime cuja qualidade exigida do sujeito é tão específica que não se admite co-autoria. Só pode ser autor quem esteja em situação de realizar pessoalmente e de forma direta o fato punível. Ex: falso testemunho, art. 342, CP.
Obs. O Superior Tribunal de Justiça firmou compreensão de que, apesar do crime de falso testemunho ser de mão própria, pode haver a participação do advogado no seu cometimento. (HC 30858 / RS, 12/06/2006, Sexta Turma, rel. Min. Paulo Gallotti).
Crimes unissubjetivos (ou monossubjetivos, ou de concurso eventual) são aqueles que podem ser praticados por apenas um sujeito, entretanto, admite-se a co-autoria e a participação. Ex: Homicídio art. 121, CP.
Crimes plurissubjetivos (ou de concurso necessário) são aqueles que exigem dois ou mais agentes para a prática do delito em virtude de sua conceituação típica. Eles subdividem-se em três espécies de acordo com o modus operandi:
- crimes de condutas paralelas: quando há colaboração nas ações dos sujeitos. Ex: Associação Criminosa art. 288, CP.
- crimes de condutas convergentes: onde as condutas encontram-se somente após o início da execução do delito pois partem de pontos opostos. Ex: bigamia art. 235, CP.
- crimes de condutas contrapostas: onde as condutas desenvolvem-se umas contra as outras. Rixa, art. 137, CP
Crime comissivo exige uma atividade concreta do agente, uma ação, isto é, o agente faz o que a norma proíbe (ex: matar alguém mediante disparos). O crime omissivo distingue-se em próprio e impróprio (ou impuro). 
Crime omissivo próprio é o que descreve a simples omissão de quem tinha o dever de agir (o agente não faz o que a norma manda. Exemplo: omissão de socorro – CP, art. 135). 
Crime omissivo impróprio (ou comissivo por omissão) é o que exige do sujeito uma concreta atuação para impedir o resultado que ele devia (e podia) evitar. Exemplo: guia de cego que no exercício de sua profissão se descuida e não evita a morte da vítima que está diante de uma situação de perigo. O agente responde pelo crime omissivo impróprio porque não evitou o resultado que devia e podia ter evitado. Ex: a babá, o agente penitenciário.
Relevância da omissão Art. 13, §2º, CP
 § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
 a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
 b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 
 c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
CRIMES DE PERIGO CONCRETO o perigo figura como elemento do tipo, de tal modo que sua comprovação se torna necessária para a existência do crime.
Crimes de perigo concreto: consumam-se com a efetiva comprovação, no caso concreto, da ocorrência da situação de perigo. O perigo figura como elemento do tipo, sua comprovação se torna necessária para a existência do crime. É o caso do crime de perigo para a vida ou saúde de outrem (CP, art. 132).
Quando o crime for de perigo concreto a norma penal traz expressões:
•	Gerando perigo
•	Expondo a perigo
•	Expondo a dano potencial
•	Causar perigo de lesão
CRIME PERIGO ABSTRATO pois, para a consumação do crime, não é necessário que se comprove a lesão ao bem jurídico tutelado.
CRIMES PERMANENTES: a consumação se Protrai no Tempo enquanto desejar o agente.
CRIMES CONTINUADOS: Dica: CONTIMMUADO (ou continuidade delitiva) se caracteriza quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma ESPÉCIE e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras SEMELHANTES, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro - art. 71, CP.  Macete: Identificar se o crime é da mesma espécie.... 
CRIME UNISSUBSISTENTE: é aquele que se consuma com a prática de um único ato, como, por exemplo, a injúria verbal, art. 140, CP; 
CRIME PLURISSUBSISTENTE: é aquele que se consuma com a prática de mais de um ato, como, por exemplo, o estelionato, art. 171, CP; 
CRIME PLURILOCAL: conduta e resultado se desenvolvem em duas ou mais comarcas, no mesmo país.
Obs. No caso de crimes plurilocais, há um conflito interno de competência para julgamento, nesse caso aplica-se o art. 70, CPP - teoria do resultado (local da consumação do crime).
Exceção: Segundo o STJ e STF no caso de crimes contra a vida aplica-se a teoria da atividade (local da ação ou omissão).
CRIME à DISTÂNCIA OU DE ESPAÇO MÁXIMO: a execução se dá em um país e o resultado em outro.
Obs: nesse caso aplica-se a lei brasileira utilizando-se a teoria da ubiqüidade, art. 6, CP.
CRIME DE TRÂNSITO: envolvem 2 ou mais países, mas um deles serve apenas como passagem, sem que qualquer bem jurídico de pessoa que nele viva seja lesionado ou exposto à perigo.
CRIME CONSUNTO. É a denominação que recebe o delito quando aplicável o princípio da consunção. Crime consunto é o absorvido e crime consuntivo é o que absorve.
CRIME FALHO ou TENTATIVA PERFEITA ou ACABADA- Em sendo a tentativa perfeita, o resultado não se verifica por circunstâncias alheias à vontade do agente. Vale salientar que em tal crime o agente esgota todo o seu potencial lesivo sem contudo alcançar o resultado esperado.
CRIME VAGO é aquele em que figura como sujeito passivo uma entidade destituída de personalidade jurídica. Ex: tráfico de drogas ... crime q lesa a sociedade em geral.
CRIME DE EMPREENDIMENTO OU DE ATENTADO é aquele em que se pune tanto a consumação, quanto a tentativa de forma uniforme por existir em seu núcleo o verbo tentar. Por exemplo, temos o crime de evasão mediante violência contra a pessoa: Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa;
CRIMES A PRAZO exige-se 15 dias para a sua consumação. 
Crimes a prazo: são aqueles cuja consumação exige a fluência de determinado período. É o caso da lesão corporal de natureza grave em decorrência da incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias (CP, art. 129, § 1.º, I), e do sequestro em que a privação da liberdade dura mais de 15 dias (CP, art. 148, § 1.º, III).
ITER CRIMINIS: caminho do crime percorrido pelo agente 
DICA: COPREXCO :Co-cogitação Pr-preparação Ex-execução Co-consumação
-Fases Internas: 
1ª fase - COGITAÇÃO: pensamento
2ª fase -PREPARAÇÃO: preparação antes da execução do crime. REGRA: não punível. EXCEÇÂO: punível, associação para o tráfico: tipo autônomo.
-Fases Externas: 
3ª fase -EXECUÇÃO: sempre punível. Teoria objetivo formal: conduta pratica núcleo do verbo do tipo penal.
4ª fase -CONSUMAÇÃO: sempre punível. Agente consegue resultado pretendido. Pratica conduta definida no tipo penal.
OBS: EXAURIMENTO: circunstâncias após o crime consumado, agravando as consequências.
EX: concussão: obter vantagem indevida. Conseguir a vantagem é exaurimento, aumentando dosagem da pena.	
CONCAUSAS	
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
§1º A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou;
	CONCAUSAS
	Nexo de Causalidade
	Responde pelo Crime
	CAI Preexistente
	Exclui 
	Tentado
	CAI Concomitante
	Exclui 
	Tentado
	CAI Superveniente
	Exclui 
	Tentado
	CRI Preexistente
	Não Exclui
	Consumado (se souber)
	CRI Concomitante
	Não Exclui
	Consumado
	CRI Superveniente Não por si só
	Não Exclui
	Consumado
	CRI Superveniente Por si só
	Exclui
	Fatos anteriores
Portanto:
- Absolutamente Independente: (pré, con ou sup) Exclui o nexo de causalidade = CRIME TENTADO
- Relativamente Independente: (pré, con ou sup) NÃO exclui o nexo de causalidade;
Preexistentes = CRIME CONSUMADO (se souber da condição preexistente) se não souber responde pela tentativa.
Concomitantes = CRIME CONSUMADO
Supervenientes
1. NÃO POR SÍ SÓ = CRIME CONSUMADO 
2. POR SI SÓ = responde pelo seu dolo = fatos anteriores	
Exemplos de Concausas
a) causa preexistente absolutamente independente da conduta do sujeito: A desfere um tiro de revólver em B, que vem a falecer pouco depois, não em consequência dos ferimentos recebidos, mas porque antes ingerira veneno. Exclui a imputação responde por tentativa.
b) causa concomitante absolutamente independente: A fere B no mesmo momento em que este vem a falecer exclusivamente por força de um colapso cardíaco. Exclui a imputação responde por tentativa.
c) causa superveniente absolutamente independente: A ministra veneno na alimentação de B que, quando está tomando a refeição, vem a falecer em consequência de um desabamento. Exclui a imputação responde por tentativa.
* a causa preexistente, concomitante ou superveniente, que por si só, produz o resultado, sendo absolutamente independente, NÃO pode ser imputada ao sujeito (art. 13, caput).
d) causa preexistente relativamente independente em relação à conduta do agente: A golpeia B, hemofílico, que vem a falecer em consequência dos ferimentos. Não exclui a imputação responde por crime consumado.
e) causa concomitante relativamente independente: A desfere um tiro em B, no exato instante em que está sofrendo um colapso cardíaco, provando-se que a lesão contribuiu para a eclosão do êxito letal. Exclui a imputação responde por crime consumado.
* nas letras d e e o resultado é imputável.
f) causa superveniente relativamente independente: em um trecho da rua, um ônibus que o sujeito dirige, colide com um poste que sustenta fios elétricos, um dos quais, caindo ao chão, atinge um passageiro ileso e já fora do veículo, provocando a sua morte.
* na letra f o resultado não é imputável.
Ocorre a ruptura do nexo causal e o agente responde apenas pelos atos praticados anteriormente:

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