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HEMATOLOGIA O ESTUDO SOBRE O SANGUE Profª Claudia Gouveia Funções do Sangue • Transporte de gases e nutrientes • Contém células imunológicas e anticorpos • Propicia a coagulação • Propicia a fibrinólise ou sistema fibrinolítico Estrutura do Sangue • É levemente espesso • Apresenta odor característico • Gosto ligeiramente salgado • Compõe-se de duas partes: a) Parte plasmática b) Parte elementar: Eritrócitos, Leucócitos e Plaquetas Proteínas especiais Albuminas, Globulinas, Fibrinogênio Outras substâncias orgânicas Hormônios, Vitaminas Lipídios Colesterol, Triglicérides Carboidratos Glicose Substâncias nitrogenadas Uréia, Ácido úrico, Creatinina Sais inorgânicos Sódio, Cloro, Potássio, Cálcio Composição do Plasma Morfologia dos Leucócitos 1. Neutrófilos: são conhecidos também como polimorfonucleares e correspondem cerca de 50 a 70% das células circulantes; possuem grânulos citoplasmáticos pequenos corados fracamente em púrpura- avermelhado. Os neutrófilos são capazes de deixar os vasos sanguíneos e entrar nos tecidos, onde protegem o corpo e fagocitando bactérias e substâncias estranhas ao organismo. Existe uma célula precursora do neutrófilo segmentado, é o bastão. São assim chamados porque seu núcleo não amadureceu completamente, embora seu citoplasma tenha características de célula madura. Em infecções bacterianas agudas pode-se encontrar um desvio a esquerda ,ou seja, uma elevação do número de bastões. 2. Eosinófilos: possuem grânulos corados em laranja-avermelhado. Seus núcleos geralmente têm dois lobos conectados por um filamento. O número de eosinófilos circulantes aumenta de forma muito acentuada no sangue circulante durante as reações alérgicas e durantes as infestações parasitárias. 3. Basófilo: possuem grânulos relativamente grandes corados em azul-púrpura, liberam histamina (contribui para as respostas alérgicas dilatando e permeabilizando os vasos sanguíneos) e heparina. Os basófilos funcionam similarmente aos mastócitos, que são encontrados nos tecido conjutivo 4. Monócitos: possuem um único núcleo; são células grandes. São capazes de entrarem no tecido conjuntivo frouxo, onde se desenvolvem em grandes células fagocíticas denominadas macrófago, que podem ingerir bactérias e outras substâncias estranhas ao organismo. 5. Linfócitos: são o segundo tipo mais abundante de leucócitos( após os neutrófilos), compreendendo cerca de 30% dos glóbulos brancos em circulação; a maioria se localiza no tecido linfóide. São leucócitos pequenos, sendo apenas um pouco maiores que os eritrócitos, e cada um deles tem um núcleo que é circular ou algo recortado num dos lados. São importantes nas respostas imunes específicas do corpo, incluindo a produção de anticorpos. # São bicôncavas. # Não possuem núcleos e organelas membranosas. # Possui enzimas e hemoglobina. # Não apresentam um metabolismo aeróbico. Estrutura Celular das Hemácias: # A glicólise é a fonte primária de ATP. # São incapazes de fazer novas enzimas ou renovar os componentes da membrana. # Sua forma bicôncava é mantida por pequenos filamentos de proteínas transmembrânicas (Espectrina, anquirina e outras proteínas periféricas da membrana auxiliam a determinar a forma e a flexibilidade) # Este formato favorece as trocas osmóticas no sangue Variações dos Eritrócitos Hemoglobina - 35% Água - 60% Concentração Eritrocitária Outros Componentes: Proteínas do estroma e membrana celular, lipídeos, fosfolipídeos (lecitina, cefalina e esfingomielina), colesterol livre, ésteres de colesterol, gordura neutra, Vitaminas funcionado como coenzima, glicose para energia, enzimas (colinesterase, fosfatase, anidrase carbônica, peptidadases e outras relacionadas com a glicólise), minerais) # ERITROPOETINA a) Hormônio de natureza glicoproteica e indutor da produção de eritrócitos, é fabricada pelos rins. b) A eritropoetina é uma citocina, que só é ativada em caso de hipoxia. Controle da Hematopoese # Trata-se de glicoproteínas. # Atuam sobre receptores da superfície celular. # Iniciam uma complexa regulação de segundos mensageiros e de transcriptação e pós transcriptação. Caracteristicas gerais das citocinas envolvidas na produção dos elementos do sangue: # Podem atuar sobre células primordiais, células progenitoras e células diferenciadas da mesma linhagem. # Podem atuar sobre mútiplas linhagens diferentes (eritróide, granulocítica e linfóide). # Estimulam ou inibem a proliferação, a apoptose, a diferenciação ou a função. Nome: Células que produzem citocinas: Influência no crescimento ou na diferenciação de: Eritropoetina (EPO) Cél. dos rins Cél. vermelhas do sangue Fator estimulantes de colônias de granulócitos macrófagos (GM-CSF) Cél. endoteliais e fibroblastos da medula óssea ; outras células brancas Megacariócitos, eosinófilos, neutrófilos, monócitos, células vermelhas do sangue Fator estimulante de colônias de granulócitos (G-CSF) Cél. endoteliais e fibroblastos da medula óssea; monócitos Neutrófilos Fator estimulante de colônias de macrófagos (M-CSF) Cél. endoteliais e fibroblastos da medula óssea; monócitos Monócitos Citocinas Hematopoiéticas Patogenia das Anemias: # Anemias devido ao comprometimento da produção de eritrócitos pela medula óssea. # Deficiência de eritropoetina. Anormalidades da Eritropoese # Deficiência quantitativa de células primordiais hematopoiéticas e ou de células progenitoras eritróides comprometidas. # Comprometimento da capacidade dos progenitores eritróides de responder à eritropoetina. # Distúrbios caracterizados pelo comprometimento da síntese do DNA: Anemias Megaloblásticas. # Comprometimento da síntese da hemoglobina: Distúrbios caracterizados pela síntese diminuída do Heme ou pelo comprometimento na síntese das globinas (Talassemias). # Eritropoese inefetiva. # Anemias causadas por destruição acelerada, consumo ou perda de eritrócitos circulantes. # Anemias hemolíticas causadas por defeitos intrínsecos da membrana do eritrócito. # Anemias hemolíticas causadas por variantes da hemoglobina com menor solubilidade ou instabilidade protéica. # Anemias hemolíticas devido a anormalidades extrínsecas ao eritrócito. # Perda de sangue. Sistema Hemolítico-Poético: Equilíbrio entre os elementos do sangue (formação e destruição) Origem e Desenvolvimento Divisões do sistema: Órgãos hematopoiéticos específicos (Formação) – Medulaóssea originam os eritrócitos / leucócitos / plaquetas – Formações linfáticas originam linfócitos Sistema retículo endotelial (Destruição) – Fígado – Baço Evolução da Hematopoese Hematopoese intra-uterina 1. Hematopoese heterotípica # Ocorre até o 2 mês de vida embrionária # Origina-se no mesênquima primitivo e desenvolve-se no saco vitelino # Formam-se os megaloblastos (células grandes e ovais) 2.Hematopoese Normotípica Compreende 2 fases: I) Fase hepática: Com a regressão do saco vitelínico, o fígado assume a função (2 até o 7 mês de vida fetal): # Surge então os HEMOCITOBLASTOS, que darão origem aos seguintes elementos mielóides: a) Elementos da série eritroblática (elementos hemoglobínicos definitivos) b) Elementos das séries granulocíticas e megacariócíticas (até então inexistentes) II) Fase fetal: Ocorre a partir do 4 mês do feto até o nascimento. Neste período entram em função hematopoética : # Baço = último mês de vida uterina (função linfopoética) # Medula Óssea = 7 mês de vida uterina (função eritrogranilotrombocitipoiético) Hematopoese extra-uterina # Medula Óssea integralmente ativa. # Todos os ossos da 1ª infância (3 anos) contêm medula vermelha (hematopoiética). # Após 3 anos, a medula vermelha torna-se adiposa e chama-se medula amarela. # Adultos apresentam medula vermelha nos seguintes ossos: esterno; clavículas; costelas; ossos do crânio; ossos chatos da pelve; vértebras; extremidades superiores do fêmur e do úmero. # Após os 60 anos metade das costelas e do esterno contém medula adiposa # As células sangüíneas tem vida curta: os glóbulos vermelhos tem uma vida média de 120 dias, os glóbulos brancos vivem em média 1 semana, as plaquetas 9 dias. Há portanto permanentemente células morrendo, sendo destruídas ou eliminadas e substituídas por novas células normais. Medula Óssea Mielobiopsia HEMOGLOBINA # Possui estruturas quaternárias. # Contém 4 cadeias de proteínas globulares ( 2 e 2 ). # Cada cadeia polipeptídica contém 4 grupamentos heme (com um anel de porfirina com um átomo de ferro no centro). Diagrama da Hb Molécula da Hb Anel Porfirínico O2 e CO2 são transportados entre os pulmões e os tecidos pelo sangue. Há uma relação recíproca entre a afinidade da hemoglobina por O2 e CO2. Transporte de Gases Níveis altos de O2 nos pulmões ajuda a liberar o CO2 que deve ser expirado Niveis altos de CO2 em outros tecidos ajuda a liberar o O2 para seu uso. Importância de um transportador de O2 # O O2 não é suficientemente solúvel no plasma para atender as necessidades do corpo. # Normalmente para cada litro de plasma temos dissolvidos apenas 2,3 ml de O2. # Já com a Hb, para cada litro de sangue é possível transportar 200 ml de O2. Caso não existisse a hemoglobina, o sangue teria que circular muito mais rápido para fornecer a mesma quantidade de O2 e causaria assim alguns transtornos tais como: a) o fluxo seria muito turbulento existiria mais atrito b) haveria sangramento descontrolado após ferimentos c) o sangue nos pulmões não teria tempo suficiente para captar O2. Talassemia • É uma deficiência caracterizada pela redução da hemoglobina que o corpo produz. • Sintomas: Palidez, crescimento retardado e baço aumentado. • Existem dois tipos de talassemias: Talassemia minor: O indivíduo produz 2 cadeias alfa e uma beta, não ocorrem grandes problemas, pois a cadeia beta que falta é superada por uma maior atividade da cadeia beta já existente. Talassemia major: O indivíduo não produz as cadeias betas desestruturando assim a hemoglobina e deformando o eritrócito, o qual será destruído ao passar pelo baço. Recém-nascidos não se prejudicam com essa talassemia da mãe, pois eles possuem a HbF, mas depois dos 6 meses de vida começam a ficar doentes. Essas crianças geralmente se tornam muito anêmicas (Hb=8g/dl). Tratamento da talassemia major: 1°) Transfusão de glóbulos vermelhos: Com o objetivo de: a) Corrigir a anemia e garantir que os tecidos recebam uma quantidade normal de O2. b) Para deixar a medula óssea descansar, de maneira que seus ossos possam se desenvolver normalmente. c) Para diminuir ou impedir o aumento do tamanho do baço e evitar a esplenomegalia. 2°) Esplenectomia: Quando o baço se torna muito ativo e começa a destruir os glóbulos vermelhos, as transfusões se tornam cada vez menos eficazes. 3°) Tratamento com desferal: Cada mL de glóbulos vermelhos transfundidos transporta 1 mg de ferro para o corpo. Com transfusões constantes o pct tem que retirar o excesso de ferro em seu organismo para que isso ocorra ele precisa tomar uma droga denominada Deferoxamina(desferal). 4°) Transplante de medula: A medula óssea de um talassêmico não é capaz de produzir uma quantidade de glóbulos vermelhos normais. Anemia Falciforme: É uma doença genética e hereditária, causada pela anormalidade de hemoglobinas, os glóbulos vermelhos se tornam deformados obstruindo a passagem da circulação sanguínea em pequenas áreas. Manifestações: - Vasos oclusivos(dolorosos) - Infecções e febre - Incapacidade de concentrar urina (as pequenas oclusões impedem os rins de funcionarem perfeitamente) - AVE - Sequestração esplênica(grande quantidade de sangue é retida no baço) - Atraso na maturação físíca - Icterícia: é causada pelo aumento dos níveis sanguíneos de bilirrubina (produto resultante da quebra da hemoglobina) - Problemas nos ossos e articulações Metabolismo da Bilirrubina # Quando o heme é degradado, ocorre a liberação de monóxido de carbono e ferro # Estes dois compostos resultam num pigmento denominado: BILIVERDINA # Esta sofre uma redução passando a se chamar: BILIRRUBINA. # Esta bilirrubina é dita insolúvel. # A albumina carrea esta BI até ao hepatócito. # A BI é ligada a ptns denominadas: ligandinas Y e Z # As ligandinas levam a BI até o retículo endoplasmático onde a mesma é solubilizada pela enzima UDP- glicuronil transferase. # O ácido glicurônico se liga na BI finalizando a solubilização # A BI agora é denominada: BD. # O ácido glicurônico se liga na BI finalizando a solubilização # A BI agora é denominada: BD. # A BD chega ao intestino delgado e parte destas BD se desconjugam. # As enzimas responsáveis por estas desconjugações são: glicuronidases bacterianas. # A BD que não se desconjugou segue para o intestino grosso e são eliminadas pelas fezes: estercobilina ou urobilinogênio fecal. # A BD que foi que foi desconjugada, volta para o fígado e se reconjuga. # Esta segue pelos rins e são eliminadas na forma de urobilinogêniourinário. Comentários Clínicos PRODUÇÃO EXCESSIVA : Anemias hemolíticas (hereditárias e adquiridas), reabsorção extravascular, eritropoiese ineficaz. ALTERAÇÕES DA CAPTAÇÃO : Síndrome de Gilbert, drogas, acidose metabólica e estados carenciais com hipoalbuminemia. ALTERAÇÃO DA CONJUGAÇÃO: Síndrome de Crigler-Najjar (tipos 1 e 2: deficiência da atividade da glicuronil transferase total e parcial, respectivamente). Inibição da glicuronil transferase por fármacos, especialmente em recém nascidos. ALTERAÇÕES DA EXCREÇÃO: Síndrome de Dubin-Johnson, síndrome de Rotor, colestase intra-hepática recorrente benigna, icterícia recorrente da gravidez, colestase por fármacos, icterícia pós-operatória, quadros de comprometimento da função hepática, como hepatites e cirrose. OBSTRUÇÕES DAS VIAS BILIARES: Lesões parciais ou completas dos ductos biliares por estenose, cálculos ou tumores. Coagulação Sanguínea A coagulação sanguínea, em condições normais, acontece sempre que um vaso se rompe e ocorre o sangramento, formando-se assim um coágulo dentro de poucos minutos no local da ruptura, fazendo-se cessar esse sangramento. Visão Geral Essa coagulação é responsável por diversas reações químicas, envolvendo principalmente um grupo específico de proteínas plasmáticas, chamadas de fatores de coagulação. Sempre que ocorre o rompimento de um vaso, ocorre hemostasia pela atuação de várias sequências que irão conter esse sangramento. Estas atuações são: - espasmo vascular - tampão plaquetário - coagulação do sangue - crescimento de tecido fibroso na região do coágulo com o intuito de fechar o vaso de modo permanente. Hemostasia Primária Fatores da Coagulação - I (fibrinogênio) - II (protrombina) - III (tromboplastina ou fator tissular) - IV (cálcio) - V (proacelerina) - VII (fator estável ou pró-convertina) - VIII (fator anti-hemofílico) - IX (fator de Christmas) - X (fator de Stuart) - XI (fator antecedente tromboplastina plasmática) - XII (fator de Hageman) - XIII (fator estabilizante da fibrina) Substâncias Plaquetárias Com um processo bastante complexo, a coagulação sanguínea pode acontecer por via intrínseca, que ocorre no interior dos vasos sanguíneos, ou por via extrínseca, quando o sangue extravasa dos vasos para os tecidos conjuntivos. O processo por via intrínseca inicia-se quando o sangue entra em contato com regiões da parede do vaso com alguma lesão. Suas reações ativam o fator X que, na presença dos fosfolípides liberados pelas plaquetas e de cálcio, catalisa a transformação de protombina em trombina, que catalisará a conversão do fibriogênio em fibrina. Por via extrínseca a tromboplastina é lançada pelos tecidos lesados e, junto com o fator VII e o cálcio, ativa o fator X que, catalisando a transformação da protombina em trombina. A última etapa do processo é idêntica ao que ocorre por via intrínseca. Hemostasia Secundária Fibrinólise A fibrinólise é o processo através do qual um coágulo de fibrina (produto da coagulação do sangue) é destruído. A fibrina é degradada pela plasmina levando à produção de fragmentos circulantes que são depois destruídas por outras proteinases ou pelo fígado. Existe uma proteína inativa de origem hepática (plasminogênio) que quando ativado em plasmina é capaz de quebrar a fibrina em produtos da sua degradação (PDF). Os ativadores do plasminogênio constituem fator XII ativo, uroquinases e fator tecidual do plasminogênio (TPA) presente no endotélio vascular. A plasmina é uma enzima proteolítica que quebra a fibrina e o fibrinogênio.
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