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K LS LEG ISLA Ç Ã O SO C IA L E TRA B A LH ISTA Legislação Social e Trabalhista KLS Evandro Luís Amaral Ribeiro Legislação social e trabalhista Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Ribeiro, Evandro Luís Amaral ISBN 978-85-8482-222-5 1. Direito do trabalho. 2 . Trabalho – Aspectos sociais. I. Título. CDD 342.6 Ribeiro. – Londrina : Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2015. 240 p. R484L Legislação social e trabalhista / Evandro Luís Amaral 2015 Editora e Distribuidora Educacional S. A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041 ‑100 — Londrina — PR e‑mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ © 2015 por Editora e Distribuidora Educacional S.A Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente: Rodrigo Galindo Vice‑Presidente Acadêmico de Graduação: Rui Fava Gerente Sênior de Editoração e Disponibilização de Material Didático: Emanuel Santana Gerente de Revisão: Cristiane Lisandra Danna Coordenação de Produção: André Augusto de Andrade Ramos Coordenação de Disponibilização: Daniel Roggeri Rosa Editoração e Diagramação: eGTB Editora Unidade 1 | O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania Seção 1.1 - Conhecendo os fundamentos do Direito do Trabalho Seção 1.2 - O que se deve saber sobre o Contrato Individual de Trabalho Seção 1.3 - A pessoa do empregado Seção 1.4 - A pessoa do empregador 7 11 23 35 51 Sumário Unidade 2 | O mundo do empregado: salário, equiparação salarial e remuneração Seção 2.1 - O salário e seus elementos constitutivos Seção 2.2 - Remuneração: tempo, local, forma e garantias Seção 2.3 - Proteção ao salário: a equiparação salarial Seção 2.4 - Da suspensão e interrupção de contrato de trabalho 67 71 83 97 111 Unidade 3 | Suspensão e interrupção de contrato de trabalho, jornada de trabalho e descanso semanal remunerado Seção 3.1 - Suspensão e interrupção de contrato de trabalho: auxílio doença e aposentadoria por invalidez Seção 3.2 - Aviso prévio, prontidão, sobreaviso e DSR Seção 3.3 - Jornada de trabalho Seção 3.4 - Repouso semanal remunerado 125 129 141 153 165 Unidade 4 | Férias, trabalho da mulher e Direito Coletivo do Trabalho Seção 4.1 - Férias: períodos aquisitivos Seção 4.2 - Férias: Comunicação, remuneração, cessação e prescrição Seção 4.3 - Trabalho da mulher Seção 4.4 - Direito Coletivo do Trabalho 179 183 197 209 221 Palavras do autor Caro aluno, cara aluna, Você iniciará um estudo sobre o Direito Social do Trabalho. É um ramo do Direito muito importante e fundamental para a cidadania e a dignidade da pessoa humana. Ele trata da vida das pessoas e dos direitos sociais decorrentes das relações de trabalho. Esses direitos estão muito próximos a você e fazem mais parte da sua vida e do seu quotidiano do que você pensa. Provavelmente você já deve ter assinado um contrato de trabalho na condição de empregado ou empregador, ou pelo menos conhece alguém que já o tenha feito. Talvez você seja um trabalhador autônomo ou tenha algum familiar nesta condição. Pois bem, então pense comigo: como seria importante saber mais sobre essas relações de trabalho, direitos e limites, como as leis funcionam e são aplicadas, e o que fazer para defender e garantir direitos ou mesmo ampliá-los. As respostas a essas indagações virão no decorrer desta unidade curricular, acompanhadas de competências e habilidades que serão agregadas à sua formação e que, com certeza, o ajudarão a se destacar no mercado de trabalho. Conhecer o mundo do trabalho, os fundamentos e conceitos jurídicos das relações trabalhistas e sua formalização através do contrato de trabalho será o objeto de estudo da nossa primeira etapa do curso. Em seguida, você verá todos os elementos relacionados ao salário e à remuneração do trabalhador, a razão de lhe dar proteção, como a equiparação salarial, e as regras para o seu correto pagamento. Operar tecnicamente a lei e conhecer os limites e os direitos de ambos os lados significa garantir segurança jurídica às relações de trabalho. Nas duas seções seguintes, estudaremos como devemos atuar diante das ocorrências que costumam surgir no decorrer da relação trabalhista. Por exemplo, o que acontece em caso de afastamento ou de interrupção do trabalho, como devem ser pagas as férias ou mesmo o descanso semanal remunerado, quais são os direitos coletivos do trabalho e qual deve ser o papel dos sindicatos. As respostas a essas questões comporão o conteúdo da nossa disciplina. Então vamos iniciar já a sua preparação; Não perca tempo. Estude com afinco, faça os exercícios e as leituras recomendadas, discuta com seus colegas de turma e, sobretudo, mantenha elevado seu interesse sobre esse assunto. Lembre-se: os direitos sociais do trabalho são essenciais para a cidadania e a qualificação do profissional que o mercado de trabalho exige. Tenha um bom curso e aproveite bem. Bom estudo. Unidade 1 O DIREITO SOCIAL DO TRABALHO A SERVIÇO DA CIDADANIA Caro aluno, como você sabe, a economia e geração de riqueza de um país está diretamente relacionada à produção e consumo de bens e serviços e às condições de emprego. O que você precisa saber é que na base dessa estrutura econômica encontra-se o trabalhador, nas mais variadas áreas de atuação, gerando os produtos e serviços, produzindo riqueza e recebendo em troca uma determinada quantia de dinheiro que lhe possibilita ter acesso aos bens de consumo. Toda remuneração deve, portanto, ser compatível ao esforço empreendido, mas sabemos que nem sempre foi assim. Conhecer profundamente essa relação, seus fundamentos jurídicos, conceitos e normas, é essencial para operarmos o direito em defesa do trabalho e dos direitos sociais, alicerces da cidadania. Competência de fundamentos de área Conhecer os fundamentos jurídicos relacionados às relações trabalhistas e previdenciárias. Objetivos específicos de aprendizagem Identificar os fundamentos jurídicos que estruturam o Direito Social do Trabalho, suas fontes, princípios, conceitos e instrumentos reguladores da relação de trabalho. Para auxiliar no desenvolvimento da competência anteriormente exposta e atender aos objetivos específicos do tema em questão, fundamentos jurídicos que estruturam o Direito do Trabalho, destacamos a seguir alguns trechos de uma entrevista que ilustram a trajetória do Direito do Trabalho no Brasil. Vejamos: Convite ao estudo O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 8 (Fonte: Disponível em: <http://economia.estadao.com.br/blogs/radar-do-emprego/2015/01/25/da-escravidao- aos-direitos-trabalhistas/>. Acesso em: 24 mar. 2015) De acordo com o professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), presidente e um dos fundadores da Associação Instituto Brasileiro de Relações de Emprego e Trabalho (Ibret), Helio Zylberstajn, três momentos marcaram as relações de trabalho no Brasil. A saber: a abolição da escravidão, a implantação da previdência social e o início da atuação do sindicalismo. Segundo o professor, os direitos trabalhistas só começaram a ser respeitados no mundo após a revolução industrial. Em maio de 1886, a industrializada cidade de Chicago, nos Estados Unidos, foi palco de intensas manifestações para reivindicarredução da jornada de trabalho, que chegava a 17 horas diárias, férias, descanso semanal e aposentadoria. Os protestos acabaram resultando em mortes de trabalhadores e policiais e, posteriormente, deu origem ao Dia do Trabalho, que passou a ser celebrado em 1º de Maio. No Brasil, esses direitos foram garantidos após a criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), sancionada pelo então presidente da República Getúlio Vargas. A CLT nada mais foi do que a compilação das medidas que ele foi criando conforme aumentavam as reivindicações sindicais. Ele começou a converter em leis medidas protetoras como salário-mínimo e jornada de trabalho influenciado por países europeus. [...] Com a industrialização do Brasil, começou-se a criar o mercado de trabalho. Foi quando Getúlio Vargas, de acordo com o sociólogo, passou a tomar uma série de medidas. Entre elas a criação da CLT e do Ministério do Trabalho. Ao longo dos anos houve uma transformação no mercado de trabalho e no vínculo empregatício, segundo o professor Hélio Zylberstajn. “Hoje, além do trabalho a distância, do autônomo e do terceirizado, também existe a horizontalização das empresas. Com isso, o trabalho em tempo integral foi diminuindo. Nós precisamos reconhecer que há uma transformação na forma de contratar trabalhadores. Assim como também é necessário promover uma reforma na legislação trabalhista, que precisa ser atualizada e reconhecer as novas relações do trabalho [...]”. O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 9 Agora busque no site do IBGE os dados da pesquisa mensal de emprego no Brasil e reflita sobre eles. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/ trabalhoerendimento/pme_nova/pme_201501tm_01.shtm>. Acesso em: 24 mar. 2015. O que podemos observar é que o Brasil, país cuja população beira os 200 milhões de habitantes, tem aproximadamente 1/8 de sua população na faixa das pessoas economicamente ativas (cerca de 24 milhões de pessoas), mas a riqueza gerada através do trabalho é praticamente compartilhada com a totalidade da população. Além dos direitos sociais básicos garantidos pelo Estado, como educação e saúde, como garantir que 100% da população tenha acesso aos demais direitos sociais, como habitação e moradia, alimentação e segurança, e ao próprio trabalho? Segundo dados do IBGE, cerca de 11,5 milhões de trabalhadores possuem carteira de trabalho assinada. Como ficam os direitos daqueles que não possuem carteira de trabalho assinada? A entrevista em destaque nos lembra de que todos os direitos sociais foram adquiridos como resultado de muita luta por parte dos trabalhadores e que as relações de trabalho têm mudado ao longo da história. Como ficam, portanto, esses direitos com todas essas mudanças? E quais são essas mudanças? As novas relações de trabalho não ensejariam um motivo para revermos essa estrutura legal do trabalho? Precisamos conhecer, portanto, os fundamentos jurídicos que estruturam as relações de trabalho, seus conceitos e princípios para então apontarmos algumas considerações sobre essas questões. O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 10 O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 11 Seção 1.1 Conhecendo os fundamentos do direito do trabalho Caro aluno, vimos no Convite ao Estudo que há uma relação muito próxima entre a produção de riqueza do país, a economia e o trabalho. A vida econômica do país e das pessoas está diretamente relacionada à condição social do indivíduo, seu acesso ao mundo do trabalho, aos bens de consumo e aos direitos. E como está o mundo do trabalho hoje? Como estão as relações de trabalho? Por que dizemos que o trabalho é um direito social? Imagine a seguinte situação: Bianca é uma excelente profissional. Já trabalhou em vendas, atendimento, serviços auxiliares em escritório e até mesmo como secretária. Passou por diversas empresas, mas em nenhuma delas teve um contrato de trabalho formalizado com o respectivo registro em carteira de trabalho. A alegação é a mesma de sempre: apesar de inteligente e esforçada, não possui diploma técnico nem universitário, ou seja, não possui qualificação profissional clara e definida, apenas experiências de trabalho. Como ela sempre teve “emprego” e salário, também nunca se preocupou. Apenas recentemente, quando decidiu comprar sua casa própria, descobriu que não possuía FGTS. Ao refletir sobre sua vida profissional, lembrou também que nunca recebeu 1/3 de férias ou mesmo o 13º salário no final do ano, ou qualquer outra gratificação ou parcela salarial a mais. Os direitos sociais do trabalho conquistados ao longo do tempo não chegaram até a vida de Bianca. Como você a ajudaria a resolver seu problema? Antes de tudo, você tem que se conscientizar da importância dos direitos sociais conquistados a partir do trabalho. São direitos de todos os que trabalham. Por isso, é imprescindível conhecer os direitos, seus fundamentos jurídicos, conceitos e princípios. Somente assim é que você poderá refletir sobre casos concretos e apontar direções e soluções. O Direito do Trabalho, tal qual o conhecemos hoje, nasceu para proteger e regular as relações de trabalho e emprego, sendo especialmente voltado à pessoa do Diálogo aberto Não pode faltar O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 12 empregado, que é a parte mais frágil da relação empregado-empregador. O empregado é a pessoa despossuída, ou seja, a não detentora dos meios de produção, portanto, é aquele sem propriedade, exceto a sua exclusiva força de trabalho. Outrora, nos regimes escravagistas, a força de trabalho era extraída do escravo mediante coação e emprego de força física. Com o surgimento da indústria (Revolução Industrial e pós-revolução industrial), a mesma força de trabalho passou a ser extraída do empregado mediante condições de trabalho impostas pelo empregador – o novo “senhor”. Segundo o professor da FEA/USP, Hélio Zylberstajn, foi justamente o surgimento da indústria e daquele modelo de trabalho que possibilitou o desenvolvimento dos direitos trabalhistas, conquistados com lutas entre empregados e empregadores, por melhores condições de trabalho. A discussão dos direitos dos trabalhadores e dos limites às imposições dos empregadores forçou o Estado a criar leis trabalhistas com o objetivo de proteger o direito social ao trabalho e os demais direitos dele decorrentes. Assim se instituiu a relação tripartite para a construção das leis sobre o trabalho, uma relação entre empregado-empregador-Estado. Pois bem, foi através destas lutas de classe, entre empregado e empregador, que o Estado veio a assumir o papel de regulador das relações de trabalho, fixando na lei os direitos conquistados para que eles não retroagissem mais e não houvesse desrespeito por parte do empregador. Para a consolidação desse modelo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), organismo internacional instituído em 1919, por meio do Tratado de Versalhes, foi de fundamental importância. Foi ela quem primeiro contribuiu para assegurar que os países signatários mantivessem em seus ordenamentos jurídicos internos a mínima proteção ao trabalho e ao trabalhador. O caso brasileiro não foi uma exceção. A nossa história de desenvolvimento dos direitos sociais do trabalho foi semelhante ao que ocorreu no mundo. A escravidão no Brasil foi extinta com a decretação da Lei Imperial nº 3.353, em 13 de maio de 1888, a conhecida Lei Áurea. A República, que veio logo em seguida, em 1891, instituiu um modelo de Estado cuja base econômica possibilitou o posterior desenvolvimento industrial. Foi na década de 1940, justamente, que grandes mudanças aconteceram Assimile Este é o primeiro conceito que você deve saber: os direitos do trabalho foram conquistados pelos trabalhadores atravésde lutas e negociações com seus empregadores, com a participação do Estado regulador. Essa relação tripartite é o elemento fundamental do Direito do Trabalho. O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 13 no estado brasileiro. Em meio ao processo de industrialização, o Presidente Vargas publicou o Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943 – a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), como forma de proteger os trabalhadores, que já se avolumavam. A CLT passou a ser o marco legal de defesa das relações de trabalho, consolidando os principais direitos do trabalho, como a caracterização do contrato de trabalho, o registro em carteira, a proteção ao salário, a forma de seu pagamento, parcelas que se agregam ao salário, direito ao salário mínimo, jornada de trabalho semanal máxima de 44 horas, descanso semanal remunerado, férias, 13º salário, limite para as horas extras, entre outros. Todos esses direitos são resultados das conquistas dos trabalhadores. São direitos sociais porque dizem respeito às condições sociais de trabalho e à qualidade de vida do trabalhador, decorrente do seu trabalho. Regular as condições de trabalho é garantir direitos sociais. Regular as relações de trabalho é impor limites ao empregador e dar proteção estatal ao empregado e ao vínculo trabalhista, por meio da Lei e de uma justiça especializada do trabalho. O objetivo é evitar qualquer resquício daquela história já conhecida, dos regimes escravagista e pós-revolução industrial. Essa proteção visa evitar que empregador ou qualquer outro tomador do serviço o faça semelhantemente àqueles regimes. O objetivo é afastar toda e qualquer apropriação indevida ou desproporcional da força de trabalho sem a justa remuneração, em respeito à dimensão social do trabalho e ao que ele representa na vida das pessoas trabalhadoras: condição humana e cidadania. Ora, se o Direito do Trabalho tutela direitos sociais que foram conquistados a partir das lutas sociais ao longo do tempo e transformados em lei por força do Estado, pode- Desde a origem do trabalho não escravo, no Brasil e no mundo, o trabalho sempre esteve relacionado à condição social do indivíduo, de modo que podemos afirmar que o trabalho possui um conceito sociológico. Ele carrega um conjunto de conceitos sociais, hoje protegidos por lei. A compreensão dessa dimensão jurídico-formal sobre o trabalho é fundamental. A imposição de limites e obrigações ao empregador nas relações de trabalho são a segunda acepção jurídico-formal sobre o trabalho. Reflita Reflita O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 14 se dizer que essa relação entre empregado-empregador-Estado é que verdadeiramente cria aquelas leis. Então, decorre dessa ideia que a relação tripartite é a verdadeira e legítima fonte de criação do Direito do Trabalho. Ou seja, cria materialmente os direitos e as leis do trabalho. As leis trabalhistas formam um conjunto de normas jurídico-sociais que protegem, portanto, esses direitos materialmente criados. O caminho é este: o direito material é criado (real e concreto) e depois é fixado em lei; ou seja, é dado-lhe forma. Esse caminho de construção e constituição das leis do trabalho é muito peculiar e próprio. Na lição do professor Amauri Mascaro Nascimento (2011, p. 242), o Direito do Trabalho: E quais seriam as fontes formais do Direito do Trabalho? Veja no Quadro 1.1 a seguir: [...] foi um avanço porque a teoria dos ordenamentos jurídicos dá maior amplitude à visão do direito na medida em que tem um conteúdo não só jurídico-normativo, mas sociojurídico ao tratar das instituições ou dos grupos existentes na sociedade e sua produção normativa quando cuida das fontes do direito. Fonte: Elaborado pelo autor (2015). Leis Decições Judiciais Decições Judiciais • Constituição Federal de 1988 • CLT • Leis esparsas • Sentenças de 1ª instância e de Câmaras Arbitrais • Acórdãos (sentenças de 2ª instância) • Jurisprudência • Instruções Normativas dos órgãos reguladores • Convenções e Acordos Coletivos de Trabalho • Contrato de Trabalho (usos e costumes) Quadro 1.1 | Fontes formais do Direito do Trabalho O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 15 E como esses direitos são formalizados na relação direta entre empregado e empregador? O instrumento responsável por isso é o contrato individual de trabalho. Vamos destacar os elementos essenciais ao contrato de trabalho e que estão previstos na CLT. O primeiro deles diz respeito à pessoa do empregado. Segundo a CLT, deve ser pessoa física. Segundo o Código Civil de 2002, sua terminologia atual é de pessoa natural. Pois bem, o contrato de trabalho é pessoal, ou seja, para cada empregado (pessoa natural) corresponde um contrato de trabalho com outra pessoa (natural ou jurídica). Esse é o princípio da pessoalidade. O segundo elemento essencial é relacionado à subordinação. É preciso que o empregado seja subordinado a quem lhe tome o serviço, o que significa dizer que Leia na Constituição Federal de 1988 o artigo 7º e todos os seus incisos para conhecer os principais direitos trabalhistas. Veja o direito de associação profissional ou sindical (art. 8º), o direito de greve (art. 9º), o direito de participação nos colegiados dos órgãos públicos (art. 10) e o direito de escolher um representante dos trabalhadores para tratar de seus interesses diretamente com os empregadores, nas empresas em que houver mais de 200 empregados (art. 11). Esses direitos estão também regulados na CLT e em leis esparsas. O artigo 6º aponta o trabalho como direito social. Pesquise mais Assimile O Contrato Individual de Trabalho é o instrumento pelo qual uma pessoa natural coloca sua força de trabalho à disposição de outra pessoa natural ou jurídica, com caráter de subordinação e não eventualidade, mediante uma contraprestação pecuniária. A pessoa natural titular de direitos é indivisível e deve preencher os requisitos legais estipulados no Código Civil quanto à sua capacidade jurídica. Veja o Título I, do art. 1º ao 21. E sobre a pessoa jurídica, do art. 40 ao 69. Pesquise mais O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 16 o empregador detém sobre o empregado poder de comando, de deliberação e passagem de ordens e tarefas a serem executadas. Para a CLT, o conceito clássico de empregado é o que possui relação de subordinação. Segundo Amauri Mascaro (2011, p. 210), “o trabalho profissional disciplinado pelo direito do trabalho clássico é o subordinado”. O que significa dizer que o empregado não trabalha em atividade ou negócio próprio, mas sim em empresa cujo risco do empreendimento é suportado pelo empregador. Por isso, existe a figura do profissional liberal, pois é ele próprio quem suporta os riscos da sua atividade, e não outro. Outro requisito determina que a atividade laborativa seja realizada pela própria pessoa, sem intermediação ou terceirização. O titular do contrato de trabalho é o único legitimado a cumpri-lo. Esse é o princípio do direito civil chamado de intuitu personae, o que significa dizer que o dever de prestar o serviço é intransferível, infungível e personalíssimo. A própria CLT atribui, na lei, a expressão “individual” ao contrato de trabalho. Quanto à atividade profissional desenvolvida, ela é de natureza não eventual porque existe uma obrigação de cumprimento de determinada jornada de trabalho, uma quantidade de horas a cumprir num determinado espaço de tempo e lugar. A execução destas horas com habitualidade imprime uma rotina ao empregado, dá continuidade à prestação do serviço e torna a atividade laboral ininterrupta. Por isso, a não eventualidade é a perduração no tempo do contrato de trabalho. Por fim, o contrato é regido pelo princípio da onerosidade. A todo trabalho correspondeuma remuneração. A essa contraprestação pelo emprego da força de trabalho dá-se o nome de salário. Estes são, portanto, os elementos fundamentais e requisitos do contrato de trabalho (Figura 1.1): intuitu personae: expressão latina. É o que se refere à própria pessoa. É infungível, ou seja, que não pode ser substituído por outro. Vocabulário O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 17 Por fim, cabe lembrar que os contratos de trabalho possuem natureza semelhante aos contratos do Direito Civil, de modo que lhes são aplicados igualmente dois importantes princípios: o da boa-fé e o da função social do contrato. A fim de que haja segurança jurídica nas relações de trabalho, a boa-fé é condição essencial para a efetividade do contrato de trabalho, da mesma forma que a sua finalidade deverá atender às finalidades sociais a que se destina. Fonte: Elaborada pelo autor (2015). Figura 1.1 | Contrato Individual de Trabalho Contrato Individual de Trabalho Pessoa natural Não eventualidade Onerosidade Subordinação Pessoalidade Agora convido você para juntos buscarmos a resposta para a situação-problema apresentada no início da seção. Vamos fazê-lo considerando os conhecimentos que foram construídos. Lembre-se do caso de Bianca. Para ajudá-la a resolver seu problema, antes de tudo, você deve se lembrar dos pontos mais importantes da matéria que revelam os fundamentos jurídicos, conceitos e princípios basilares do Direito do Trabalho. Sem medo de errar Atenção Pode ocorrer que um trabalhador tenha passado por diversas empresas sem ter com elas um contrato de trabalho formal e por escrito, com o respectivo registro em carteira de trabalho. Isso não significa que não houve relação de trabalho. O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 18 O Contrato Individual de Trabalho é obrigatório, pois é o instrumento garantidor dos direitos do trabalho. É ele que vincula uma pessoa natural ao tomador de seu serviço, com caráter de subordinação e não eventualidade, mediante uma contraprestação pecuniária. Os direitos das relações de trabalho foram conquistados pelos trabalhadores através de lutas e negociações com seus empregadores, com a participação do Estado regulador. Por isso, nada justifica a negligência de qualquer direito. Lembre-se Lembre-se Atenção! Muitos direitos, como FGTS, 1/3 de férias, 13º salário, ou qualquer outra gratificação ou parcela salarial, podem deixar de ser pagos por falta de conhecimento dos direitos do trabalho. Avançando na prática Pratique mais Instrução Desafiamos você a praticar o que aprendeu transferindo seus conhecimentos para novas situações que você pode encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois as compare com as de seus colegas. “A greve dos estivadores de 2013” 1. Competência de fundamentos de área Conhecer os fundamentos jurídicos relacionados às relações trabalhistas e previdenciárias. 2. Objetivos de aprendizagem Identificar os fundamentos jurídicos que estruturam o Direito Social do Trabalho, suas fontes, princípios, conceitos e instrumentos reguladores da relação de trabalho. 3. Conteúdos relacionados Conceitos, princípios jurídicos, fundamentos e fontes do Direito do Trabalho. Conceito do contrato de trabalho e relação de emprego. Requisitos do contrato de trabalho. O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 19 4. Descrição da SP Em maio de 2013, uma greve de estivadores paralisou as operações no porto de Santos (72 km de São Paulo), o maior do país. A paralização teve início às 13h do dia 14/05 e durou até a aprovação de Medida Provisória que estabeleceu o novo marco regulatório para o setor. O fato é que na manhã do dia seguinte à paralização, 14 dos 35 navios atracados estavam com as operações totalmente paralisadas por causa da greve. Outros 44 navios, carregados com grãos da safra agrícola, estavam aguardando para atracar. Segundo informou a Codesp, na época, caso a produção agrícola estivesse em seu pico, a fila de navios poderia chegar a 75 ou 80. A Medida Provisória foi aprovada na Câmara. Disponível em: <http:// economia.uol.com.br/noticias/redacao/2013/05/15/greve-de- estivadores-paralisa-operacoes-de-40-dos-navios-no-porto- de-santos-sp.htm>. Acesso em: 25 mar. 2015. O que o exemplo anterior nos revela? A forma de solução desse conflito de alguma maneira distorce o que acabamos de aprender na teoria? 5. Resolução da SP A greve é um instrumento de luta dos empregados. Portanto, a situação de greve dos portuários, ocorrida em 2013, é emblemática para nosso estudo, pois revela o conflito entre empregados, empregadores e o papel do Estado, semelhante ao modo processual de formação do Direito do Trabalho. Esse evento provocou prejuízos econômicos consideráveis, só não agravados porque não houve perecimento de grãos, o que indica que os prejuízos poderiam ter sido maiores, segundo a reportagem. A pressão exercida pela possibilidade de uma crise econômica acelerou os trabalhos legislativos, que duraram 41 horas, e a Câmara dos Deputados acabou aprovando a Medida Provisória para a solução da situação- problema, que foi o novo marco regulatório da categoria. É um exemplo claro da relação de forças tripartite. Pesquise na mídia outros exemplos que demonstram essa relação de forças entre empregados, empregadores e Estado. Você vai se surpreender ao perceber que essa prática é recorrente e totalmente pertinente na democracia. As leis trabalhistas formam um conjunto de normas jurídico-sociais que protegem os direitos materialmente criados Lembre-se Faça você mesmo Tente elencar todos os direitos citados nesta seção. Por que dizemos que eles são direitos materiais? O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 20 Faça valer a pena 1. É possível haver contrato de trabalho não oneroso? 4. Um dos princípios basilares do ordenamento jurídico brasileiro, é o princípio da dignidade humana. Nesse aspecto, dentro do que cabe ao direito do trabalho, essa área tem por fundamento a dignidade do trabalhador, isto é, a promoção de um trabalho digno e igualitário a todos os trabalhadores. Por isso, aclama-se a CLT como um avanço, pois além de ter regulado as condições de trabalho, ampliando direitos do trabalhador; impôs limites ao empregador, que se afasta da exploração excessiva, remunerando o trabalho adequadamente. Tendo o texto acima como base, é correto afirmar que: I - Serão anuláveis os atos praticados com o objetivo de impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na CLT. II - A todo trabalho de igual valor corresponderá salário igual, sem distinção 3. Podemos dizer que as normas que regem o direito do trabalho não são apenas produtos da atividade legislativa do Estado, mas resultados das lutas entre os diversos grupos e setores profissionais e econômicos da sociedade, motivo pelo qual afirmamos que essas normas possuem um conteúdo sociojurídico. Desse modo, é possível dizer que: a) A afirmação está correta porque as instituições e os grupos existentes na sociedade, como sindicatos dos trabalhadores, ao discutirem direitos, produzem conteúdos de verdadeiras normas jurídicas. b) A afirmação está correta porque tanto empregados quanto empregadores têm liberdade para contratar, de modo que o contrato de trabalho faz lei entre as partes, não necessitando de quaisquer outras normas jurídicas para regular a relação. c) A afirmação está incorreta porque a produção normativa de leis, em matéria de fontes do direito, é atribuição do Estado, pois vivemos no modelo republicano e democrático, com divisão dos poderes, e somente o legislativo pode criar leis. d) A afirmação está incorreta sob o ponto de vista das lutas sociais porque osdireitos defendidos foram transformados em lei, na CLT, que só foi reconhecida após a promulgação da Constituição Federal de 1988. e) A afirmação está correta porque a função social das instituições é promover o bem comum, entre eles a assistência social aos trabalhadores. 2. Por que dizemos que o contrato de trabalho é intuitu personae? O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 21 6. O contrato individual de trabalho é um instrumento que cria relação jurídica e deve ser celebrado entre empregado e empregador. Dentre suas principais características, podemos dizer que é requisito do contrato de trabalho: 5. A Constituição Federal de 1988 elencou alguns direitos aplicados à relação de trabalho. Quanto a esses direitos, podemos afirmar corretamente que: a) São direitos sociais dos trabalhadores apenas aqueles elencados no artigo 6º: educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância e assistência aos desamparados. b) Os trabalhadores poderão fazer uso do direito de associação profissional ou sindical e do direito de greve desde que autorizados pelo empregador e quando as condições de trabalho não atenderem às suas necessidades. c) O salário é um direito garantido no artigo 7º da Constituição, motivo pelo qual ele é devido, mesmo quando se trata de atividade laboral filantrópica ou benemérita, exercida por meio de entidade sem fins lucrativos, como também aos sacerdotes e religiosos. d) O direito de participação nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação será exercido por meio de representante eleito, podendo ser ele deputado estadual ou federal. e) Os trabalhadores poderão escolher um representante para tratar de seus interesses diretamente com os empregadores nas empresas em que houver mais de 200 empregados. de sexo. III – Os preceitos constantes na CLT, salvo quando for o caso, expressamente determinado em contrário, não se aplicam, dentre outros, aos empregados domésticos, assim considerados, de um modo geral, os que prestam serviços de natureza não-econômica à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, a) Todas as assertivas estão corretas. b) Apenas as assertivas I e III estão corretas c) Apenas as assertivas II e III estão corretas. d) Apenas as assertivas I e II estão corretas. e) Nenhuma das assertivas estão corretas. O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 22 7. Considerando os princípios aplicáveis ao Direito Civil e o Direito do Trabalho, especialmente quando nos referimos à teoria dos contratos, é correto afirmar que o contrato individual de trabalho: a) Assemelha-se aos contratos do direito civil, pois ambos gozam dos princípios da boa-fé e da função social do contrato. b) Assemelha-se aos contratos do direito civil, pois ambos gozam dos princípios da boa-fé e da função da efetividade quanto ao objeto. c) Assemelha-se aos contratos do direito civil, pois ambos regulam a relação de subordinação, pessoalidade, onerosidade e eventualidade. d) Assemelha-se aos contratos do direito civil, pois ambos gozam do princípio da função social, motivo pelo qual serão sempre cumpridos integralmente pelas partes. e) Não se assemelha aos contratos do direito civil, porque são instrumentos regidos por leis diferentes e guardam cada um sua autonomia e especificidade. a) A subordinação entre o empregador e a CLT. b) A pessoalidade do contrato. c) A capacidade jurídica do empregado acima de 14 anos. d) A onerosidade de forma facultativa. e) A execução terceirizada do serviço, desde que em nome do empregado. O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 23 Seção 1.2 O que se deve saber sobre o contrato individual de trabalho Vimos na aula anterior os princípios do Direito do Trabalho e o quanto eles são essenciais na relação de trabalho, tanto para o empregado quanto para o empregador. Lembre-se de que o Direito do Trabalho se estruturou através de reivindicações sociais dos trabalhadores (empregados) que fizeram com que os direitos se desenvolvessem e se fixassem em leis que hoje regulam as relações de trabalho. Outro aspecto que você deverá lembrar, e que destacamos no Convite ao Estudo, diz respeito aos atuais desafios do Direito do Trabalho. Na entrevista do professor Hélio Zylberstajn, ele aponta para uma transformação no mercado de trabalho e no vínculo empregatício ao longo dos anos, desde a publicação da CLT, na década de 1940. Há uma transformação na forma de contratar trabalhadores. Diante disso, como devem estar os contratos de trabalho e os direitos sociais tão arduamente conquistados? E no caso dos trabalhadores que estão em atividade sem Contrato de Trabalho ou Carteira de Trabalho assinada, na informalidade, como estão os seus direitos? Valem para esses, ainda assim, os requisitos do contrato de trabalho? Imagine uma diarista que realiza trabalho de faxina em lugares diferentes, seja em residência familiar ou em escritório comercial. Seus contratos de trabalho geralmente são verbais. Assim sendo, são todos válidos? Quais seriam as características ou os requisitos necessários para você identificar a existência de uma relação de trabalho de forma a lhe garantir os mesmos direitos que para aquele que possui contrato de trabalho escrito? E se a mesma faxineira trabalhasse em um ambiente cuja atividade-fim é ilegal, como uma clínica de aborto. O seu trabalho seria reconhecido pela lei como legal? Ela teria direitos em razão do seu trabalho? Então, colocamo-nos diante do desafio de, além de reconhecer se há vínculo empregatício, saber se esse vínculo é lícito e se é válido perante a lei. O fato é que as relações humanas estão se modificando rapidamente e as Diálogo aberto O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 24 relações de trabalho têm acompanhado essas mudanças, como apontou o professor Zylberstajn. E nós, como operadores do direito, na área jurídica ou administrativa, como empregados ou empregadores, precisamos dos conhecimentos jurídicos e técnicos necessários para enfrentar essas situações. Vamos a eles, então. Como vimos, o contrato individual de trabalho requer alguns requisitos para sua caracterização e validade, nos termos da CLT. Do ponto de vista da legislação civil, ele é um instrumento dotado de eficácia jurídica, motivo pelo qual deve seguir igualmente os comandos da lei civil. O direito opera como um conjunto sistêmico de normas, por isso, o Direito Civil se comunica com o Direito do Trabalho e vice-versa, tal como vimos na seção anterior, em que observamos várias normas da legislação civil que se aplicam ao direito trabalhista. No mundo do trabalho, os contratos assemelham-se aos negócios jurídicos. Negócios jurídicos são atos da vida humana que vinculam as pessoas por meio de um acordo entre as partes, objetivando atingir um determinado fim. Como regra geral, esse fim é equitativo e benéfico para ambas as partes. No negócio jurídico, os direitos e as obrigações são distribuídos entre as partes de forma recíproca e equitativa ou não, a depender da convenção entre as partes. O princípio fundamental do contrato é estabelecer equilíbrio entre as partes, conforme o direito que lhes cabe ou compete. Não pode faltar Fonte: Elaborada pelo autor (2015). Figura 1.2 | Contrato de trabalho → Contrato de Trabalho: condição mais benéfica ao empregado Justiça aristotélica Princípios gerais do contrato O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 25 É a justiça aristotélica: tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais. Como o empregado é sempre a parte hipossuficiente da relação de trabalho,o contrato ser- lhe-á sempre mais benéfico. É o princípio da condição mais benéfica ao empregado. Outro aspecto importante diz respeito a sua validade jurídica, ao que se vincula a sua efetividade. Para serem juridicamente válidos, os negócios jurídicos e os contratos devem atender a determinados requisitos legais, sob pena de nulidade. Sem validade. o contrato não produzirá qualquer efeito no mundo real, ou seja, não gerará obrigações, não imporá limites às partes nem permitirá às partes que o cumpram. O contrato de trabalho deve estar de acordo com o seguinte comando legal: A condição de agente capaz está relacionada à menoridade, que cessa aos 18 anos completos, ocasião em que a pessoa se habilita à prática de todos os atos da vida civil; ou aos 16 anos completos, para aquele que se estabeleceu civil ou comercialmente, ou tenha relação de emprego, desde que em função disso tenha economia própria. Como vimos, o empregado deve ser a pessoa natural e o empregador a pessoa natural ou jurídica, desde que seja a pessoa que assume os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. Esses são os requisitos básicos quanto à capacidade dos agentes para que o contrato de trabalho seja juridicamente válido. Quanto ao objeto, a prestação do serviço em si deve ser atividade laboral lícita. Nenhum contrato de trabalho terá validade jurídica caso o serviço a ser prestado seja contrário à lei. É como se você contratasse alguém para cultivar plantas psicotrópicas ilegais ou para praticar aborto, por exemplo. Já a forma prescrita ou não defesa (proibida) em lei diz respeito à forma como se deu a contratação. A CLT caracteriza como havido o contrato de trabalho mediante qualquer estipulação ou acordo realizado entre as partes. Por isso, admite a CLT que ele possa ser explícito ou tácito, por escrito ou verbal. O princípio vigente é o da boa- fé, esteja presente o ânimo ou a vontade de se ver realizado determinado serviço mediante uma contraprestação. Art. 104, Código Civil Agente capaz Objeto lícito Forma prescrita em lei Assimile O contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, escrito ou verbal, correspondente à relação de trabalho e emprego. O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 26 Informe-se mais sobre a teoria dos contratos. Agora podemos nos perguntar o que aconteceria se o contrato individual de trabalho deixasse de atender aos requisitos legais anteriormente apontados. Vejamos: A nulidade do objeto contratual torna nulo o próprio contrato, bem como todos os efeitos dele decorrentes. A nulidade opera eficácia ex tunc, ou seja, a nulidade retroagirá até a data de origem do contrato a fim de alcançar todos os atos praticados em função daquele contrato nulo. No entanto, pode acontecer que determinado ato ou contrato não seja nulo, mas Sobre este assunto, leia os artigos correspondentes na CLT: artigos 442 e 443. E sobre as hipóteses de ilicitude dos contratos, veja o artigo 166 do Código Civil. Pesquise mais Exemplificando Tícia, uma diarista profissional, faz faxina uma vez por semana numa determinada clínica médica. Sabe-se que esta clínica atua na clandestinidade na prática de aborto, que é uma atividade ilícita perante a legislação brasileira. Pois bem, o art. 166 do Código Civil determina que todo ato ilícito é nulo de pleno direito. Ora, o trabalho de Tícia nesta clínica será considerado igualmente ilícito e, portanto, nulo? Isso significa que ela não terá acesso a seus direitos trabalhistas? A atividade de faxina não se comunica diretamente com a atividade-fim e ilícita da clínica, portanto, seu trabalho é válido e seu contrato de trabalho surtirá todos os efeitos na esfera trabalhista. No entanto, caso Tícia atue de qualquer forma, ainda que meramente em auxílio, na prática de aborto, esta atividade será ilícita e nulo será seu contrato de trabalho, porque nulo será o objeto. Ex tunc: do latim, significa “desde o início”; aplicado no direito, significa dizer que uma coisa valerá ou não valerá desde sua origem. Ex nunc: do latim, significa “a partir de agora”; aplicado no direito, significa dizer que uma coisa valerá ou não valerá daquele momento em diante. Vocabulário O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 27 apenas anulável. Isso ocorre quando o contrato versar não sobre matéria ilícita, mas sobre matéria apenas proibida por lei. Neste caso, o contrato será anulável e os efeitos operarão eficácia ex nunc. O que significa dizer que todos os atos praticados até a declaração da sua anulação deverão ser considerados como se válidos fossem. Em havendo a prática de ato com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na CLT, esses atos serão nulos de pleno direito. É o que dispõe o art. 9º da CLT. A CLT, em seu art. 443, prevê também outro importante elemento essencial no contrato de trabalho, que é a temporalidade. Os contratos deverão ser celebrados por prazo determinado ou por prazo indeterminado. A regra geral é a contratação por prazo indeterminado. No dizer de Amauri Mascaro (2011, p. 867), “por duração indeterminada o que se deve entender é que o empregado foi admitido sem previsão do termo final do contrato, que vigerá até que se desconstitua por meio de uma das suas formas normais de extinção”. Em relação ao contrato de trabalho por prazo determinado, sua duração dependerá de prazo estipulado no próprio contrato ou de termo assinalado para seu fim. Segundo a CLT, esse prazo será de no máximo 2 (dois) anos, e no caso do contrato de experiência, de 90 (noventa) dias. Caso o contrato venha a ser prorrogado, tácita ou expressamente, por mais de uma vez, dentro desses prazos, passará a vigorar por prazo indeterminado. Faça você mesmo Hermínia, com 16 anos completos, foi admitida como caixa num determinado supermercado. Trabalha oito horas diárias, das 15 às 24h, com intervalo de uma hora para o jantar. Segundo disposição do inciso XXXIII do art. 7º da Constituição Federal de 1988, e o art. 404 da CLT, o trabalho noturno, compreendido entre 22 e 5h, é proibido para menores. O que acontecerá com o contrato de trabalho de Hermínia? Assimile São três as hipóteses de contrato de trabalho por prazo determinado (art. 443, § 2º, da CLT): a) De serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo; O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 28 b) De atividades empresariais de caráter transitório; c) De contrato de experiência. Essas hipóteses possuem eficácia jurídica de dar validade à condição ou termo que estipula o prazo determinado no contrato de trabalho. Por isso, a sua não observância implicará apenas a nulidade da sua cláusula contratual, e não do contrato como um todo. Merece destaque o contrato de trabalho temporário, regido pela Lei nº 6.019/1974. Nessa modalidade o prazo é previamente sabido como determinado, mas seu termo final é incerto, o que é diferente das outras modalidades de contrato por prazo determinado. Essa modalidade de contratação ocorre mediante a intermediação de empresa prestadora de mão de obra que aloca trabalhadores em postos de trabalho específicos do tomador de serviços, para executarem atividade de forma temporária, para cobrir férias de algum empregado ou para atender ao repentino aumento de uma demanda sazonal. Ela não gera vínculo algum entre o empregado temporário e o tomador do serviço. Seu prazo de vigência é de três meses, e quando autorizado pelo Ministério do Trabalho, poderá ser de seis meses. Nosso último tópico desta seção de estudo diz respeito à concorrência desleal. Recorrendo ao artigo 454 da CLT, vemos que no caso das invenções desenvolvidas pelo empregado, resultantes de seu esforço pessoal, mesmo tendopara tanto se utilizado dos equipamentos do empregador, o invento será de propriedade comum, em partes iguais, exceto se o contrato de trabalho previr outra destinação, como ocorre geralmente em contratos que envolvem pesquisa científica. Pode o empregador explorar o invento pelo prazo de um ano, a partir da data da concessão da patente, sob pena de reverter em favor do empregado a plena propriedade do invento. Fonte: Elaborada pelo autor (2015). Figura 1.3 | Modalidades de contratos de trabalho Modalidades de contratos por prazo determinado: Lei de estímulo aos novos empregos (Lei nº 9.601/1998) Obra certa (Lei nº 2.959/1956) e Safra (art. 14, Lei nº 5.889/1973) Artista (Lei nº 6.533/1978) e Atleta profissional (Lei nº 9.615/1998) Contratado ou transferido para trabalho no exterior (Lei nº 7.064/1982) Contrato de experiência O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 29 O contrato de trabalho poderá resguardar essa situação impondo ao empregado uma cláusula de barreira, de não concorrência. Referida cláusula, quando infringida, enseja rescisão contratual por justa causa. Sua infração se caracteriza quando o empregado pratica habitualmente e sem permissão do empregador negociação sobre o produto, ou quando, já tendo deixado os quadros da empresa, estabelece-se em concorrência desleal usando dos mesmos procedimentos protegidos por lei, ou revelando-os a terceiros, a cujo respeito devia guardar sigilo. É o que dispõe a alínea “c” do artigo 482 da CLT. O direito nada mais faz do que resguardar o acréscimo trazido pelo empregado à empresa, da mesma forma que, inversamente, resguarda o empregador quanto ao seu uso. É sabido que o invento é facilitado pelo acesso do empregado às tecnologias e equipamentos de propriedade do empregador. O princípio do direito é de proteger a propriedade e equilibrar as forças entre as partes, donde se depreende que é natural também que o empregador tenha garantias de que seu negócio possa continuar em atividade, sem perigo de ver seu segredo profissional devassado ou revelado. Reflita Agora convido você para juntos buscarmos a resposta para a situação-problema apresentada no início da seção. Vamos fazê-lo considerando os conhecimentos que foram construídos. Lembre-se do caso de Tícia, nossa diarista que realiza trabalho de faxina em lugares diferentes: em residências familiares e em escritórios comerciais. Em todos eles, seus contratos de trabalho são verbais. Já sabemos que todos são válidos. Mas como isso se opera juridicamente? Se você tivesse que provar, ou justificar, como você faria? Sem medo de errar Atenção! Um dos princípios que rege o contrato de trabalho é o da boa-fé. As manifestações de vontade das pessoas, inclusive ao contratar verbalmente, têm a presunção da boa-fé. O contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, escrito ou Lembre-se O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 30 verbal, correspondente à relação de trabalho e emprego. É o que afirmam os artigos 442 e 443 da CLT. Atenção! É essencial que a relação trabalhista estabelecida e contida no contrato de trabalho seja empenhada por pessoas com capacidade jurídica, tenha objeto lícito e forma contratual prescrita ou não defesa em lei. Os requisitos de validade do contrato estão previstos no art. 104 do Código Civil, que deve ser entendido juntamente com outros dispositivos da CLT, a fim de se identificar, na relação trabalhista, a figura do empregador, do empregado, quais as atividades laborais contratadas, a forma desse contrato e suas cláusulas, bem como o prazo de duração do contrato. Lembre-se Avançando na prática Pratique mais Instrução Desafiamos você a praticar o que aprendeu transferindo seus conhecimentos para novas situações que você pode encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois as compare com as de seus colegas. “Trabalho sazonal” 1. Competência de fundamentos de área Conhecer os fundamentos jurídicos relacionados às relações trabalhistas e previdenciárias. 2. Objetivos de aprendizagem Identificar os fundamentos jurídicos que estruturam o Contrato Individual de Trabalho. 3. Conteúdos relacionados Conceito de Contrato Individual de Trabalho. Requisitos de validade. Modalidades de contrato quanto ao prazo. O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 31 4. Descrição da SP A rede de lojas Pra Você atua no varejo comercializando produtos inovadores. Seu gerente comercial, em face à proximidade das festas de final de ano, autorizou cada loja da rede a contratar até 5 (cinco) vendedoras, entre 16 e 18 anos, para atuarem na venda de aparelhos de celulares. Determinada loja da rede, de número “71”, realizou as contratações autorizadas através de intermediação de empresa especializada. As vendedoras trabalharam entre os dias 20 de novembro e 05 de janeiro do ano seguinte, data em que foram dispensadas. No entanto, uma das vendedoras foi convidada pelo gerente de loja a permanecer no emprego, dado o seu bom desempenho e postura, o que acabou acontecendo. Realizou-se novo contrato de trabalho, sem a intervenção da empresa intermediadora. A vendedora permaneceu no trabalho por quase 3 meses e depois foi dispensada. Com base nos fatos anteriormente narrados, as contratações foram realizadas juridicamente da forma correta? 5. Resolução da SP A loja de nº “71” realizou o procedimento correto. As cinco contratações autorizadas pelo gerente comercial da rede foram realizadas mediante intermediação de empresa prestadora de mão de obra, o que se justifica pela necessidade sazonal do serviço. Quanto à segunda contratação, a loja procedeu de forma correta, podendo esse contrato posterior ser celebrado na modalidade de prazo determinado ou indeterminado. Se for por prazo determinado, é condição obrigatória a presença de cláusula contratual indicando o termo fim do contrato. Se for celebrado na modalidade convencional, de prazo indeterminado, tanto a contratação quanto a dispensa estão corretas, porque esta última tem o prazo de 90 dias para experiência (trabalhou por quase 3 meses). Ressalta-se que 3 meses não são a mesma coisa que 90 dias para efeitos legais. Por fim, há que se verificar que, como se trata de menor (trabalhadora entre 16 e 18 anos), em ambos os contratos é preciso ter a anuência dos pais ou responsáveis para se atender à necessidade legal da capacidade jurídica. A forma privilegiada do contrato de trabalho na CLT é por prazo indeterminado, mas é admitida a possibilidade de contratação por prazo determinado quando se conhece o prazo fim. Lembre-se Faça você mesmo A Faculdade Rumo Certo precisa contratar urgentemente um professor de Literatura para cobrir viagem de seu professor titular, que fará pós- graduação na Grécia e ficará afastado por dois semestres letivos. A Diretoria poderá realizar esta contratação da seguinte forma: O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 32 a) Contrato por prazo indeterminado, pois a Faculdade não sabe ao certo se o professor ficará fora apenas durante os dois semestres ou por mais tempo; b) Contrato por prazo determinado, pois que se conhece o prazo final e justifica-se a temporalidade por aplicação do § 2º do art. 443 da CLT; c) Contrato por prazo determinado, pois que o conhecimento do prazo final é irrelevante, importando apenas que seja realizado por intermediação de empresa prestadora de serviço; d) Contrato por prazo indeterminado, porque os dois semestres letivos corresponderão exatamente ao período de experiência; e) Contrato temporário, porque a necessidade de intermediação de empresa prestadora de mão de obra é imprescindível nessa modalidade. Faça valer a pena 1. A Constituição Federal de 1988, em seu artigo37, inciso II, prevê que toda contratação de pessoal na Administração Pública se dará mediante prévia aprovação em concurso público de provas ou de provas e títulos, salvo para os cargos em comissão de livre nomeação e exoneração. Confrontando essa norma constitucional com o elenco do artigo 104 do Código Civil, que princípio comum poderíamos destacar? 2. Determinada faxineira desenvolvia sua atividade profissional de limpeza em casa de prostituição. Depois de certo tempo foi despedida. Como seu contrato de trabalho era verbal, não recebeu sua justa indenização e verbas rescisórias trabalhistas. Em razão disso, ajuizou ação contra a dona do estabelecimento. Em sua defesa, a empregadora alegou que nada lhe devia, por se tratar de ambiente voltado à prostituição, atividade ilícita, e que por força do artigo 104 do Código Civil, todos os atos decorrentes do contrato são nulos. Você, como julgador do caso, decidiria esta lide de que maneira? 3. Os requisitos de validade do negócio jurídico estão previstos no Código Civil e dizem respeito ao agente capaz, ao objeto lícito e à forma prescrita ou não defesa em lei. Diante disso, é correto afirmar que: I – Basta que ou o empregado ou o empregador satisfaça a condição da capacidade, prevista na lei civil, para que o contrato seja válido. II – É permitido pela CLT que o contrato de trabalho seja tácito ou verbal, O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 33 4. No mundo do trabalho, os contratos assemelham-se aos negócios jurídicos. Esses, por sua vez, são atos da vida humana, que vinculam as pessoas por meio de um acordo entre as partes, objetivando um determinado fim. Sobre o contrato de trabalho, analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa correta: I – Os contratos tem como objetivo estabelecer equilíbrio entre as partes. Quando se trata do contrato de trabalho, o empregado é sempre a parte hipossuficiente da relação de trabalho, e o contrato serlhe-á sempre mais benéfico. Isso se denomina princípio da condição menos benéfica ao empregador. II – Os contratos, para serem juridicamente válidos, devem atender a determinados requisitos legais, sob pena de nulidade. Esses requisitos estão listados no artigo 104 do Código Civil, e compreendem agente capaz, objeto lícito e forma não prescrita em lei. III – A CLT admite que o contrato de trabalho pode ser explícito ou tácito, por escrito ou verbal, o que se relaciona ao requisito de validade dos negócios jurídicos sob a necessidade de forma não prescrita em lei. a) I e II. b) I e III. c) II e III. d) I, II e III. e) Apenas I. sem que isso contrarie o disposto no Código Civil quanto à necessidade da forma prescrita ou não defesa em lei. III – O empregador poderá se estabelecer a partir dos 16 anos, desde que tenha economia própria. IV – O maior de 18 anos está habilitado para todos os atos da vida civil, inclusive contratar empregados. a) As alternativas I e III estão corretas, apenas. b) As alternativas II e IV estão corretas, apenas. c) As alternativas I, II e III estão corretas. d) As alternativas II, III e IV estão corretas. e) Todas as alternativas estão corretas. O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 34 6. O Contrato de Trabalho vige sob o princípio da boa-fé e da função social. Assim, o empregador terá garantida a inviolabilidade da sua propriedade e de seu segredo profissional, fazendo constar no contrato este princípio. Nesse sentido, a colocação da cláusula de não concorrência no contrato serviria para: a) Impedir que outros empregadores contratem os mesmos empregados. b) Proibir o empregado de se demitir para trabalhar em outra empresa. c) Impedir que o empregado revele segredo industrial. d) Forçar o empregador a manter sigilo sobre o segredo de seus produtos. e) Proteger a propriedade do empregado. 7. As nulidades do contrato de trabalho alcançam os atos praticados em função dele. Diante deste corolário, é correto afirmar que: a) Os atos anulados operarão efeitos ex tunc e ex nunc, o que significa que a nulidade retroagirá à origem do contrato para anulá-lo e a todos os demais atos praticados em sua vigência. b) As nulidades aplicam-se no caso em que o contrato de trabalho versou sobre objeto proibido pela lei, sendo considerados nulos todos os seus atos e, portanto, não gerando qualquer indenização ao empregado. c) Os atos anulados de determinado empregado implicam a anulação também dos atos do empregador somente se ele tiver menos de 18 anos. d) Caso o empregador tenha se beneficiado do trabalho de empregado cujo contrato fora anulado, não precisará indenizar o empregado, pois o serviço fora executado normalmente, como se o contrato vigesse. e) O trabalho de empregado maior de 16 anos e menor de 18 anos não poderá ser realizado no período noturno, sob pena dele ser anulado. 5. O contrato de trabalho para execução de atividades empresariais de caráter transitório e os chamados contratos de experiência são requisitos do contrato: a) Temporário. b) Por prazo determinado. c) Por prazo indeterminado. d) Avulso. e) Verbal. O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 35 Seção 1.3 A pessoa do empregado Já estudamos a formação do Direito do Trabalho, suas fontes de criação de normas e os fundamentos jurídicos da relação de trabalho, as modalidades de contratação, os limites impostos ao empregador e os principais direitos dos trabalhadores empregados. Vimos que o contrato individual de trabalho é o instrumento essencial para a caracterização da relação trabalhista, sendo ele escrito ou verbal, expresso ou tácito. Sobre a validade dos contratos, estabelecemos uma relação com o direito civil, do qual emprestamos alguns princípios e conceitos sobre a teoria geral dos contratos, especialmente quanto à sua validade jurídica e causas de nulidade ou anulabilidade, que juntamente com os requisitos essenciais do contrato individual de trabalho, previstos na CLT, além de formalizar a relação jurídica entre empregado e empregador, caracterizam o modelo de relação de trabalho, imprescindível para a identificação e defesa dos seus direitos e deveres. Vale lembrar que o empregado é a parte hipossuficiente da relação, motivo pelo qual ele recebe proteção especial da lei. Pois bem, assim como vimos as modalidades de contrato de trabalho, precisamos estudar agora a figura do empregado e conhecer suas características. Você vai descobrir que há formas diferentes da pessoa se constituir como empregado e de prestar seus serviços. Por exemplo, pense na seguinte situação hipotética: Marco Túlio é engenheiro de materiais e trabalha para uma empresa elaborando laudos técnicos sobre estruturas de ligas metálicas. Ele tem a obrigação de visitar as obras de construção civil da empresa e a linha de produção dos materiais que utiliza, que é própria, além de fazer medições e testes com materiais, mas todo o resto do trabalho – a elaboração dos laudos propriamente dita – Marco Túlio faz de sua casa. Ao final da semana, envia os referidos laudos por e-mail ao seu chefe. Ele possui contrato de trabalho expresso e recebe sua remuneração regularmente. Como isso é juridicamente possível? Ele é um “empregado” comum? Há algo de especial em seu vínculo? Vamos agora verificar quais são as modalidades de empregado permitidas em lei e Diálogo aberto O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 36 as respectivas formas de prestação do serviço. Lembre-se: o mundo está mudando, e rápido. Você precisa saber cada vez mais. Primeiramente, destaca-se que o novo Código Civil de 2002 alterou a nomenclatura de pessoa física para pessoa natural. Essa alteração não foi feita na CLT. O empregado é, portanto, pessoa natural. A segunda observação a serfeita diz respeito à expressão “serviços de natureza não eventual”. Mas, a própria lei criou a figura do trabalho eventual, portanto, a modalidade de trabalho e de empregado “eventual” existe. Vamos entendê-la como excepcionalidade. A expressão “dependência” é genérica, pois pode se aplicar a vários aspectos da vida das pessoas, seja na dependência econômica ou financeira, emotiva ou psicológica, material ou intelectual, moral ou social etc. Para a relação de trabalho, devemos fixar o seu conteúdo com a ideia de subordinação econômica, ou seja, a existência de salário é condição essencial para a definição de empregado. No próprio artigo encontramos a expressão “mediante salário”. Agora, pensando num conceito mais amplo à figura do empregado, recorremos aos conceitos dos professores Amauri Mascaro (2011, p. 645) e Sérgio Pinto Martins (2009, p. 134), respectivamente. O conceito de empregado é dado pelo artigo 3º da CLT. Vamos analisá-lo. Não pode faltar Art. 3º Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Parágrafo único. Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual. Reflita Assimile Empregado é a pessoa física que com pessoalidade e ânimo de emprego trabalha subordinadamente e de modo não eventual para outrem, de quem recebe salário. O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 37 O empregado em domicílio e o teletrabalho O trabalho em domicílio é aquele realizado por uma pessoa em sua própria casa ou em local da sua escolha, conforme conceito expresso na Convenção 177 da OIT. Este tipo de trabalho parece manter características remanescentes do trabalho artesanal e caseiro, daquele em razão de arte ou ofício. Para sua caracterização é necessário que o trabalho produza alguma remuneração e o esforço resulte em produto ou serviço, conforme solicitado pelo empregador, independentemente E quais seriam as suas modalidades? Vejamos. O empregado eleito diretor Essa modalidade encontra vasta discussão sobre sua natureza e condição definitiva – trata-se de empregado ou de profissional prestador de serviço sem vínculo empregatício. O Tribunal Superior do Trabalho (TST), por meio da Súmula 269, diz que o empregado eleito para ocupar cargo de diretor tem o respectivo contrato de trabalho suspenso, não se computando o tempo de serviço deste período, salvo se permanecer a subordinação jurídica inerente à relação de emprego. Isso significa que o empregado diretor está sujeito às ordens do Conselho da Administração, Presidência ou qualquer outra instância superior. Permanece o vínculo de subordinação e é juridicamente um empregado, pois seu cargo de diretor não possui autonomia. No mesmo sentido, se for submetido a cumprimento de horário ou se sua remuneração for através de salário, e não por honorários, com reajuste por dissídio coletivo da categoria, será caracterizado o vínculo de contrato de trabalho de empregado. A outra orientação refere-se ao fato do empregado ser elevado à condição de diretor, por eleição da assembleia geral da sociedade empregadora, sem que isso determine a perda daquela qualidade, exceto se for comprovado que ele é proprietário de ações que configurem vultoso capital. A qualidade de proprietário de ações deve ser o motivo determinante de sua investidura (TST, Pleno, Ac. 2.294/78 – Proc. E-RR 66276, j. 23-10-78, rel. Min. Raymundo de Souza Moura, DJ, 16-3-79, p. 1.846). Pessoa física que presta serviços de natureza contínua a empregador, sob subordinação deste, mediante pagamento de salário e pessoalmente. Assimile O nome dado ao cargo pouco importa, o que importa mesmo é a condição a que ele [o trabalhador] está submetido e qual é a sua autonomia em relação à empresa (MARTINS, 2009, p. 147). O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 38 de quem lhe forneça os equipamentos, materiais ou outros insumos. No entanto, caso esse trabalhador desenvolva atividade de forma que lhe possibilite certo grau de autonomia e independência econômica, ele será considerado trabalhador independente, autônomo, na conformidade da legislação vigente. Do contrário, o trabalhador em domicílio estará subordinado ao empregador, de quem receberá salário, por tarefa ou mensalmente, e executará atividade conforme estabelecido no contrato de trabalho. Ou seja, presentes os elementos do contrato de trabalho, temos a figura do trabalhador em domicílio, e não do autônomo. Hoje em dia, o uso de tecnologias e da internet tem facilitado o surgimento da figura do empregado que desenvolve sua atividade laboral em sua própria residência: é a modalidade do teletrabalho. Fique atento para o parágrafo único do art. 6º da CLT, pois os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão também se equiparam aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do trabalho alheio, ou seja, mantém-se a subordinação. Assimile Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do empregado e o realizado a distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos da relação de emprego (CLT, art. 6º). É devido o salário mínimo ao trabalhador em domicílio, considerado este trabalho como o executado na habitação do empregado ou em oficina de família, por conta de empregador que o remunere (CLT, art. 83). No teletrabalho, a prestação de serviço a distância faz com que se evitem deslocamentos do empregado até a empresa, poupando tempo e aumentando a flexibilidade na execução das atividades. Para o empregador, representa redução de custos com infraestrutura e diminuição dos riscos de deslocamento do seu empregado, além de ampliar, pelo uso da internet, o alcance a novos mercados e clientes. O teletrabalho pode ser um fator decisivo para o aumento da produtividade. Reflita O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 39 O trabalhador avulso É considerado trabalhador avulso aquele que, sindicalizado ou não, presta serviços de natureza urbana ou rural a diversas empresas, sem vínculo empregatício e com a intermediação obrigatória de um gestor de mão de obra (Decreto nº 3.048/1999, art. 9º, inciso VI). Ele se diferencia do trabalhador eventual e, segundo Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil – IN RFB nº 971/2009, pode ser portuário ou não portuário. O empregado aprendiz A principal característica do empregado aprendiz é a sua vinculação com a escola e sua inscrição em programa de aprendizagem técnico-profissional na indústria, comércio ou trabalho rural. Suas atividades laborais devem respeitar o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico. O aprendiz deve executar com zelo e diligência as tarefas necessárias à sua formação. Outra característica é que o contrato de trabalho deve ser realizado por escrito e por prazo máximo de dois anos. A validade do contrato de empregado aprendiz depende de anotação na CTPS, de matrícula em instituição de ensino e de frequência na escola. O empregador deverá cuidar para que o aprendiz tenha acesso à escola, não podendo sobrepesar seu horário de trabalho nem lhe atribuir atividade diversa à do seu aprendizado ou condição física. O empregado aprendiz faz jus ao salário mínimo. O empregado aprendiz A principal característica do empregado aprendiz é a sua vinculação com a escola e sua inscrição em programa de aprendizagem técnico-profissional na indústria, comércio ou trabalho rural. Suas atividades laborais devem respeitar o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico. O aprendiz deve executar com zelo e diligência as tarefas necessárias à sua formação. Fonte: Elaborado pelo autor (2015).Quadro 1.2 | Critério de idade Idade máxima: 24 anos (art. 428, CLT) Idade mínima: 14 anos (art. 7º, inciso XXXIII, CF/88) Critério de idade O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 40 Fonte: Elaborada pelo autor (2015). Figura 1.4 | O trabalhador avulso Ausência de vínculo Sindicato ou OGMO Empresa Avulso Contrato Mão de obra Na intermediação com o tomador de serviços está o sindicato ou entidade ou Órgão Gestor de Mão de Obra (OGMO), formando uma relação triangular, como mostra a Figura 1.4. Essa relação triangular não significa subordinação do trabalhador avulso ao tomador de serviços ou ao OGMO, mas é este último o responsável pela remuneração do empregado, ou seja, o tomador de serviços paga à entidade terceira o valor correspondente à prestação de serviços e esta faz o rateio entre os trabalhadores avulsos que realizaram o serviço, na medida da participação de cada um. Por essa razão, reveste-se os trabalhadores avulsos da característica de não personificação do contrato e da atividade desenvolvida. A partir do momento que o OGMO tem a obrigação de realizar o serviço, deverá escalar o trabalhador avulso para realizá-lo. O pagamento do trabalhador avulso deve ser feito no prazo de 48 horas após o término do serviço. É garantido a ele o direito a férias, descanso semanal remunerado e salário-família. Ao trabalhador portuário é garantido o direito ao recebimento do 13º salário e FGTS. Conheça mais sobre o trabalhador avulso: CF/1988, art. 7º, inciso XXXIV; Lei nº 12.815/2013; Lei nº 9.719/1998 (pagamento e intervalo de 11 horas entre jornadas); Lei nº 7.002/1982 (jornada noturna de 6 horas com adicional de 50%); Lei nº 8.036/1990 (FGTS); Decreto nº 53.153/1963 (salário-família); Decreto nº 80.271/1977 (férias) e Decreto nº 63.912/1968 (13º salário). Pesquise mais O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 41 Fonte: Elaborado pelo autor (2015). Curso Superior Curso de Educação Profissional Curso de Ensino Médio Curso de Educação Especial Ensino Fundamental (anos finais), na modalidade profissional da educação de jovens e adultos Quadro 1.3 | Estágio A exigência legal para se caracterizar o estágio é de que o educando esteja frequentando qualquer um dos ensinos regulares de educação. Ele pode ser realizado na modalidade obrigatória ou não obrigatória. O estágio obrigatório ocorre por exigência curricular do próprio curso de formação, que dele depende para a sua conclusão e respectiva expedição do diploma de formação técnica (ensino médio) ou tecnológica, licenciatura ou bacharelado (nível superior). Já o estágio não obrigatório é aquele que o aluno poderá executar livremente, desde que em área da sua formação escolar. É uma faculdade e seu cumprimento agregará conhecimento pessoal e experiência. Em ambas as modalidades não há contrato de trabalho entre o educando e a empresa. Há, na verdade, o termo de convênio de concessão de estágio celebrado entre a instituição de ensino e a empresa e o termo de compromisso celebrado entre a empresa e o estagiário. Veja no Quadro 1.4 as responsabilidades de cada parte. A lei impõe algumas obrigações às Instituições de Ensino e às Empresas, bem O estagiário O estagiário é a pessoa em processo de formação que é integrada ao ambiente de trabalho para complementar sua formação escolar. Ele não é empregado nem se confunde com o aprendiz. Assimile Estágio é o ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos (art. 1º da Lei nº 11.788/2008). O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 42 como limite ao número de estagiários que ela poderá contratar, de acordo com o número de empregados. O objetivo é evitar que a empresa deixe de contratar trabalhadores celetistas e em seu lugar contrate apenas estagiários, o que apresentaria flagrante desvirtuamento do estágio, pois colocaria o estagiário no lugar do empregado como mão de obra. Por fim, o empregador deve reservar 10% das vagas de estágio para estagiários portadores de necessidades especiais. Outras características importantes do estágio: o encerramento do curso de formação impede a realização do estágio; o prazo máximo de validade do termo de compromisso é de dois anos, exceto quando se tratar de portador de deficiência; o pagamento de uma bolsa é compulsório apenas para o estágio não obrigatório e o empregador deverá recolher tributação social sobre o valor que exceder o limite de isenção; a empresa deverá pagar o auxílio transporte e facultativamente o auxílio alimentação e saúde; qualquer pagamento de benefício não gera vínculo empregatício entre o estagiário e a empresa; a jornada de trabalho não pode exceder a trinta horas semanais e o termo de compromisso dispensa qualquer anotação na CTPS. Fonte: Elaborada pelo autor (2015). Fonte: Elaborada pelo autor (2015). Quadro 1.4 | Obrigações da IE e da empresa Quadro 1.5 | Número de empregados/estagiários Da instituição de ensino Elaborar plano de atividades. Indicar professor orientador. Verificar se a empresa possui instalações adequadas. Elaborar normas de avaliação do estágio e cobrar relatórios do estagiário. Da empresa Indicar profissional para acompanhar o estagiário. Enviar à instituiçao de ensino relatório semestral sobre o estágio. Garantir o transporte e seguro de acidentes pessoais do estagiário. Pagar a bolsa estágio, quando for o caso. Número de empregados Número de estagiários 1 a 5 1 6 a 10 2 11 a 25 5 26 ou mais 20% O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 43 No entanto, como prevê a Lei nº 4.886/1965, o autônomo está analogamente sujeito ao artigo 482 da CLT, que trata da rescisão contratual por justa causa, sendo seu contrato por prazo determinado ou indeterminado. Por fim, vale ressaltar que a contribuição social é de sua exclusiva responsabilidade, nos termos do inciso V do art. 12 da Lei nº 8.212/1991, e sua atividade independe de prévio registro no órgão público fiscalizador competente. O trabalhador autônomo É a pessoa natural que exerce por conta própria atividade econômica com ou sem fins lucrativos. A lei não exige que o trabalhador autônomo tenha diploma de curso técnico ou superior, diferentemente do profissional liberal. Ele pode atuar no interesse de um tomador de serviços sem, contudo, a ele se subordinar. A atividade deve ser habitual, caso contrário, poder-se-á dizer que se trata de trabalhador avulso. Exemplificando Veja o caso do vendedor (ou do representante comercial autônomo). O primeiro requisito caracterizador do autônomo é a ausência de subordinação, prestando ele o serviço a um único empregador ou a vários ao mesmo tempo. Ele deve ser independente e assumir os riscos da sua atividade, ou seja, comprometer-se diretamente com o próprio resultado da atividade. Como ele faz a intermediação entre o produtor e o consumidor final, sua remuneração é proveniente de honorários ou comissão de venda. E como assume os riscos da atividade, faculta-lhe fixar o preço final do produto, embutir comissão, dar desconto e negociar prazo para pagamento – esse é o exercício da sua autonomia. Faça você mesmo Os advogados, médicos, engenheiros, contadores, economistas, artistas etc., são considerados como profissionais liberais. Quando eles são autônomos e quando são empregados? Quais seriam os requisitos a serem verificados? Resposta: a existência de subordinação e o grau de autonomia sobre o risco da atividade. O Direito Social do Trabalho a Serviço da Cidadania U1 44 O trabalhador eventual É a pessoa natural que presta serviços de natureza urbana ou rural, de caráter esporádico, ocasional ou fortuito,
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